#319 Revista Forum Estudante - Novembro 2019

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Profissões Conhece 6 opções para quem quer fazer a diferença

Revista Forum Estudante | Nov 2019 | Edição n.º 319 | Mensal l Diretor: Gonçalo Gil l Disponível apenas por assinatura com o custo mensal de 1€

Eles estão a mudar o Mundo

Fama Entrevista a Afonso Reis Cabral, Prémio Saramago 2019

Entra no Fórum dos Campeões

As oportunidades do Ensino Profissional



3 | Forum Estudante | set+out’19

/Sumário

PASSATEMPOS www.forum.pt Telefone 218 854 730 FAX 218 877 666 Email geral@forum.pt

CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO: Estes passatempos decorrem até 30 de novembro de 2019, salvo indicação em contrário no próprio passatempo. Apenas serão atribuídos prémios a residentes em Portugal e somente um prémio por pessoa e morada em cada passatempo. Só será aceite, de cada concorrente, uma participação por dia. O não preenchimento correto do formulário de participação em www.forum.pt/passatempos, leva à desclassificação do participante. Os vencedores residentes na área da Grande Lisboa terão de levantar o prémio na nossa sede em Lisboa. Aos restantes, os prémios serão enviados via CTT. Após notificação, os vencedores têm um prazo de 15 dias para reclamar o prémio. Os prémios devolvidos não serão reenviados. A idade máxima de participação é de 25 anos, inclusive, a confirmar por documento de identificação. OS PREMIADOS SÃO ANUNCIADOS EM FORUM.PT. NOTA: as cores e modelos apresentados podem não corresponder às imagens apresentadas.

Direção Gonçalo Gil goncalo.gil@forum.pt

Ganha um conjunto de ginásio

Fotografia Fábio Rodrigues, Dreamtime, Pexels, Unsplash

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Design Miguel Rocha miguel.rocha@forum.pt Redação Fábio Rodrigues fabio.rodrigues@forum.pt Vera Valadas Ferreira vera.ferreira@forum.pt Assinaturas Paula Ribeiro Tel.: (218 854 730) pribeiro@forum.pt Anuidade: 10€ Publicidade Félix Edgar (Tel.: 218 854 103) felix.edgar@forum.pt Comunicação&Distribuição Vítor Silva (Tel.: 218 854 755) vitor.silva@forum.pt Projetos Especiais José Maria Archer josemaria.archer@forum.pt Diana Domingues diana.domingues@forum.pt Sede do Impressor Monterreina Área empresarial Andalucía Cabo de Gata 1-3, sector 2 28320 Pinto Madrid Tiragem: 40 mil exemplares FORUM ESTUDANTE Revista de Cursos, Escolas e Profissões Propriedade e Edição de: PRESS FORUM, Comunicação Social, S.A. Capital Social: 275.000,00¤ NIF: 502 981 512 Composição do Capital da Entidade Proprietária: Forum - Sociedade Gestora de Participações Sociais S.A: 100%

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Periodicidade Mensal Depósito Legal n.º 510787/91 Nº ERC: 114179 Sede da Redação e do Editor Tv. das Pedras Negras, nº 1 - 4.º 1100-404 Lisboa Tel.: 218 854 730 | Fax: 218 877 666 Estatuto Editorial Disponível em www.forum.pt

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#07 TEMA DE CAPA

SUMÁRIO 04 12 14 16 20 24 30 32 34

Escolas Notícias daqui e dali Profissões Caminhos para mudar o mundo Estreias Série documental mostra Outra Escola Tech Conhece o primeiro festival de podcasts Fama À boleia da escrita de Afonso Reis Cabral Livros Bestseller Jeffrey Archer na 1.ª pessoa Música Festivais de casaco vestido IEFP Apresentamos-te os Campeões… Das Profissões! Redescobrir a Terra Ideias para cultivar o futuro

Guardiões do Futuro Greta Thunberg tem demonstrado como os jovens podem fazer ouvir a sua voz. Da mesma forma, um pouco por todo o globo, outros e outras jovens têm procurado a mudança, em áreas como Clima, Paz, Saúde ou Educação. Eles são adolescentes e estão a mudar o Mundo. Conhece as histórias de alguns destes líderes sub-20.

Revista Forum Estudante #319 // Nov 2019 // e-mail: geral@forum.pt // www.forum.pt


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ALUNOS

Em 10 anos, as escolas portuguesas perderam 187.176 alunos do ensino básico, do 1.º ao 3.º ciclo de escolaridade, dita o mais recente relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).

/Escolas

Sabias que…?

“10 minutos para ler” na escola O programa “10 minutos a ler”, do Plano Nacional de Leitura (PNL), tem como objetivo incentivar a leitura por prazer junto de alunos dos 2º e 3º ciclos de escolaridade. Com um orçamento de 70 mil euros, este projeto ajudará à renovação dos títulos disponíveis nas bibliotecas escolares. Das 200 instituições de ensino candidatas, foram selecionadas 70. Cada escola decide em que condições serão garantidos aos alunos os referidos 10 minutos de leitura: se na primeira aula da manhã ou da tarde, no intervalo, no refeitório, no ginásio, individualmente ou em grupo. Tudo em nome da leitura por prazer.

No ano letivo 2018/19 participaram no programa ‘+ Contigo’ 7.301 adolescentes,

29,5%

ESTGV recebe Bandeira Verde Eco-Escolas A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu (ESTGV) do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) foi recentemente distinguida pela primeira vez com a Bandeira Verde do programa Eco-Escolas. A distinção serve como reconhecimento de boas práticas ambientais. Desta forma, a ESTGV junta-se a

outras Eco-Escolas de Viseu – um dos concelhos do País com maior número de Bandeiras Verdes atribuídas. A escola destaca o trabalho realizado pela comunidade escolar, no âmbito deste projeto, envolvendo estudantes e docentes do curso de Engenharia do Ambiente e de outros cursos.

Movimento contra o amianto nas escolas O Movimento Escolas Sem Amianto (MESA) vai entregar, até ao final do ano, uma queixa contra Portugal na Comissão Europeia por “inação na remoção de amianto nas escolas”. O MESA está também a aguardar pelo resultado da queixa entregue em maio à Provedoria de Justiça contra o Ministério da Educação por inação na retirada do fibrocimento degradado,

contendo amianto, nos vários estabelecimentos escolares. Vários dias de greve, marchas e cordões humanos tem tido lugar em diversos pontos do País na sequência deste movimento. Loures, Camarate, São João da Talha, Sacavém, Vila Franca de Xira, Odivelas, Mira-Sintra e Seixal albergam algumas das 42 escolas que ainda aguardam intervenção, num total de 192 sinalizadas.

Grândola assegura passes escolares O Município de Grândola vai assegurar, no ano letivo 2019/20, a comparticipação a 100% dos passes escolares dos alunos do Ensino Secundário. A medida visa garantir “o direito ao ensino e igualdade de oportunidades” no concelho. A comparticipação a 100% beneficia, este ano, mais de 50 alunos com idade até aos 18 anos, num investimento de 31 mil euros. Com esta medida, o município assegura transporte gratuito a todos os alunos que frequentam os ensinos básico e secundário regular, abrangidos pela escolaridade obrigatória.

dos quais apresentam sintomatologia depressiva. Portimão vai conceder

30 bolsas a estudantes do Ensino Superior residentes no concelho. Este ano o número de bolsas de estudo é duplicado. O valor unitário é de

1500 euros. No 1º ciclo do Ensino Básico, Portugal é o 11.º país da União Europeia com o rácio de aluno por professor mais baixo – em média

13 alunos

por professor, dita o Eurostat. Relatório da Comissão Europeia sobre o impacto da tecnologia no trabalho estima que as profissões ligadas a ensino ficam abaixo dos

30% de probabilidade média de serem afetadas pela automação.

564 alunos entraram no Ensino Superior sem passar no liceu graças aos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), uma via cuja capacidade de colocação triplicou em 5 anos.


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/Escolas

Transporte escolar grátis na Amadora A Câmara Municipal da Amadora alargou a gratuitidade do transporte escolar para os alunos de todos os níveis de ensino quando residam a mais de 3 quilómetros do estabelecimento de ensino que frequentam. Os estudantes receberão uma comparticipação financeira de 100%. Até agora, a medida abrangia apenas os menores de 12 anos, sendo que este alargamento implica um investimento na ordem dos 50 mil euros.

Concurso “Separa e Ganha” Concurso Oceanos + Limpos nho ou maquete) realizados a partir A Feira da Saúde, Bem-Estar e Turisaceita inscrições mo 2020 desafia escolas e estudantes de lixo marinho. O programa pretende A empresa ALGAR está a aceitar inscrições para a 2ª edição do concurso escolar “Separa e Ganha”, cujo objetivo é promover boas práticas ambientais em estabelecimentos de ensino, premiando aqueles que apresentarem melhor desempenho na separação de recicláveis. Esta iniciativa, realizada no âmbito do movimento “Ecovalor”, consiste numa competição entre instituições de qualquer nível de ensino e dimensão do Algarve. Por cada tonelada de embalagens de plástico, metal e pacotes de bebida recolhidos na escola, o estabelecimento recebe 77 euros. Já por cada tonelada de papel/ cartão recebe 30 euros e por cada tonelada de vidro recebe 15 euros. As escolas que também separarem resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, no final recebem uma bonificação extra pelo seu desempenho ambiental. Na 1.ª edição participaram 70 escolas, envolvendo 26 mil alunos. No total, foram recolhidas 390 toneladas de resíduos recicláveis e distribuídos mais de 21 mil euros em prémios.

de todos os ciclos da escolaridade obrigatória a produzir o melhor vídeo e a melhor criação (fotografia, dese-

passar uma mensagem: “Todos contribuímos para este problema e todos podemos ajudar a eliminá-lo, mudando comportamentos e optando por soluções mais responsáveis e sustentáveis”. Os alunos poderão concorrer tanto individualmente como em nome da turma. Os trabalhos deverão ser entregues até 31 de dezembro. Todos os níveis de ensino podem apresentar trabalhos na categoria Clube Criativo (fotografia, desenho e maquete). Já a categoria vídeo está direcionada ao 3.º Ciclo, aos ensinos Secundário e Profissional.

Percebes de literacia financeira? “Orienta-te: Prepara o Teu Futuro”, o desafio de literacia financeira promovido pela Fundação Ageas em parceria com as Mentes Empreendedoras, já está em marcha. Com o objetivo de sensibilizar os alunos do 7.º ao 9.º ano para a necessidade da poupança e de uma gestão financeira informada, a 2.ª edição deste projeto foi alargada a 16 concelhos: Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras, Sintra, Vila Franca de Xira, Espinho, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Covilhã e Fundão. Queres aprender a gerir um orçamento? Formas de poupar para conseguires aquilo que queres alcançar? Ou então queres saber

como podes ajudar uma instituição da tua comunidade? Tudo isto é literacia financeira… conceitos complicados que esta iniciativa descomplica. A primeira edição contou com a participação de cerca de 20 escolas

de 7 municípios do distrito de Lisboa. Foram envolvidos 1395 alunos, em 174 workshops, e submetidos a concurso trabalhos de 311 alunos.


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/Internet Segura

Publirreportagem

Qual a importância da literacia dos

media e da informação?

As sociedades contemporâneas requerem cidadãos literados ao nível dos media e da informação. Ou seja, detentores de competências que permitam utilizar e compreender de forma crítica a (muita) informação que lhes chega. Sentes-te preparado para os desafios do mundo digital? A literacia dos media e informação pode assumir várias formas: pode manifestar-se na análise de notícias, de conteúdos online ou no consumo de filmes, videojogos, etc… Quando os cidadãos estão conscientes sobre os tipos de informação que recebem e partilham, destaca o especialista da UNESCO em Comunicação e Informação, Alton Grizzle, estão informados (refletem criticamente sobre a autenticidade, a fonte e a possível intenção da informação), estão envolvidos (tomam decisões intencionais e informadas) e estão capacitados (com caminho aberto para desenvolverem as suas competências). Tendo em conta a importância desta temática, o Centro Internet Segura associou-se à Global Media and Information Literacy Week 2019 (https://en.unesco. org/events/global-media-and-information-literacy-week-2019) – uma iniciativa mundial anual sobre os media globais, informação e literacia, promovida pela UNESCO. Em setembro, de 24 a 26, a UNESCO organizou a conferência principal, este ano sobre o tema MIL (Media and Information Literacy): Citizens, Informed, Engaged.

Sabes o que é a literacia dos media? O artigo 59 da Diretiva “Serviços de Comunicação Social Audiovisual” define literacia para os media como as “competências, conhecimentos e compreensão que permitem aos cidadãos usar os media de forma eficaz e segura”. Desta forma, este conhecimento é fundamental para “capacitar os cidadãos a aceder à informação de forma crítica e a saber utilizá-la, a criar conteúdos media seguros e responsáveis”. A capacidade de pensar de forma crítica, exercer julgamento, analisar realidades complexas e reconhecer as diferenças entre opiniões e factos são alguns dos exemplos.

A conferência contou com a participação estratégica dos jovens, que não são apenas um grupo-alvo da iniciativa – são também atores e parte da solução. Como tal, os trabalhos incluíram o Youth Agenda Forum, um evento concebido e liderado por jovens e aberto a todo o público: escolas locais, universidades e organizações juvenis, bem como a jovens participantes de todo o mundo, que são convidados a discutir assuntos que consideram relevantes em formato de painel, palestras, workshops, jogos, hackathons, etc. A edição deste ano centrou-se nas cidades e nos cidadãos na era digital. Os media fazem parte do quotidiano da maior parte de nós. No entanto, ser um utilizador insaciável não significa que se tem, necessariamente, conhecimentos e experiência suficiente para saber lidar com todos os aspetos da vida digital. O Centro Internet Segura associa-se a esta iniciativa, partilhando um conjunto de materiais e de recursos da UNESCO produzidos sobre este tema (em internetsegura.pt/recursos).


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/Saberes

Eles estão a mudar o Mundo

Muhammad

Jazz

Xiuhtezcatl

Muzoon

Payal

Emma

Karolína Amika

Greta Thunberg tem captado atenção mediática, com os seus esforços de sensibilização para as alterações climáticas. Há outros jovens, um pouco por todo o Mundo, vão procurando a mudança, nessa e noutras áreas. Conhece as histórias de alguns destes líderes sub-20, ao longo das próximas páginas.


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/Saberes

Clima

Xiuhtezcatl Martinez 19 anos, EUA

A greve estudantil pelo clima começou com Greta Thunberg e um cartaz, em agosto de 2018. Durante os meses que se seguiram, milhões de estudantes e simpatizantes da causa saíram à rua, solidarizando-se com a mensagem do movimento. Anos antes, em junho de 2015, o adolescente americano Xiuhtezcatl Martinez, então com 15 anos, discursava perante as Nações Unidas, alertando para a necessidade de “ação imediata” relativamente às alterações climáticas: “O que está em causa, agora mesmo”, realçou o jovem, “é a existência da minha geração”. Desde 2014, Xiuhtezcatl é o diretor do projeto “Earth Guardians” (Guardiões da Terra) – uma plataforma internacional que se define como um conjunto de “ativistas, artistas e músicos de todo o Mundo” com o objetivo comum de “colaborar para defender o nosso planeta”. De acordo com o site do projeto, existem equipas locais em 54 países, num total de 450 campanhas de ação direta que chegaram a um total de 53 milhões de pessoas. A organização ganhou notoriedade em 2015, quando 21 dos seus membros processaram o governo federal dos Estados Unidos da América, “exigindo mais esforços no que diz respeito à mudança climática”. A música é uma parte importante da ação deste adolescente: juntamente com o seu irmão (Itzcuauhtli Martinez) forma a dupla de hip-hop “Earth Guardians”. O seu primeiro álbum – Generation Ryse – assume como objetivo “emancipar a juventude para uma Terra sustentável”.

@xiuhtezcatl @xiuhtezcatl

Saúde

Amika George 19 anos, Reino Unido

@amikageorge @amikageorge

Em abril de 2017, a adolescente Amika George leu um estudo que revelava que, no Reino Unido, 1 em cada 10 jovens mulheres não tinha acesso a produtos de higiene íntima feminina – um fenómeno conhecido como period poverty (pobreza menstrual, numa tradução à letra). “Ainda há raparigas a faltar à escola devido este fenómeno”, escreveu Amika George, no início deste ano, numa coluna de opinião que assina no Guardian. Foi por essa razão que Amika decidiu começar o projeto #FreePeriods. Inicialmente, o objetivo passava por angariar 10 assinaturas numa petição para entregar à então primeira-ministra britânica Theresa May. Passadas algumas semanas, havia 2000 signatários da petição. Depois de um ano, o número de assinaturas aproximava-se dos 200 mil. Recentemente distinguida pela revista Time como uma das 25 adolescentes mais influentes do Mundo, Amika George continua a dinamizar a #FreePeriods, pressionando o governo britânico a implementar uma solução permanente (distribuindo tampões e pensos gratuitamente nas escolas). Em 2018, o governo britânico aplicou cerca de 1.700.000 para este objetivo. Um número que Amika diz “não ser suficiente”. Em entrevista ao jornal britânico Evening Standart, sublinha: “Precisamos de normalizar as conversas sobre menstruação, temos de aceitar os nossos períodos e de perceber que os nossos corpos devem ser celebrados por todas as coisas maravilhosas que fazem”.


Educação

Muzoon Al-Mellehan 20 anos, Síria

@muzoonalmellehan @muzoonrakan1

Em 2014, Malala Yousafzai tornou-se a pessoa mais jovem de sempre a receber um prémio Nobel. A paquistanesa, então com 17 anos, foi distinguida pela sua defesa do direito universal de todas as crianças à Educação. A jovem síria Muzoon Almellehan tem sido apelidada de “Malala da Síria”, pelo seu esforço de garantir que as raparigas do seu país continuam os seus estudos. Depois do início da Guerra Civil Síria, em 2011, Muzoon e a sua família viveram em campos de refugiados até integrar um plano de acolhimento britânico de refugiados, em 2015. A partir do Reino Unido, Muzoon continuou a campanha pela garantia do acesso das raparigas à Educação. Em 2017, tornou-se a mais jovem Embaixadora do Fundo para Crianças das Nações Unidas. Num dos campos de refugiados em que viveu, conta Muzoon ao The Guardian, a jovem conheceu mesmo Malala que, entretanto, já a visitou. “Foi o momento mais feliz da minha vida saber que a Muzoon estava cá [no Reino-Unido]”, contou Malala à BBC, deixando uma garantia. “Agora, podemos trabalhar juntas”. Para Muzoon, a Educação é “a melhor forma de proteção”. E também de garantir um futuro melhor: “Precisamos da Educação porque a Síria precisa de nós. Precisa de engenheiros, de professores, de médicos e de jornalistas. Sem nós, quem trará a paz? Partilho a mensagem com a minha amiga Malala: Educação é poder. Educação é o futuro. Educação torna-nos naquilo que desejamos ser”.

Anticorrupção

Karolína Farská 19 anos, Eslováquia

@farskakarolina @karolina_farska

Em abril de 2018, os estudantes eslovacos Karolína Farská e David Straka decidiram criar um movimento anticorrupção. A primeira ação consistiu numa marcha que cruzou as ruas da capital Bratislava até ao palácio presidencial. Os organizadores esperavam 200 pessoas, conta o New York Times. Mais de 10 mil juntaram-se à manifestação. O número não é surpreendente, tendo em conta o relatório mais recente da TI (Transparency International). A nível europeu, num conjunto de 44 países, a Eslováquia alcançou o 9º pior resultado nas avaliações dos seus cidadãos (desempenho do governo e risco de corrupção). Acontecimentos recentes têm contribuido para este clima. Em fevereiro de 2018, os homicídios do jornalista de investigação Ján Kuciak e da sua noiva, Martina Kusnirova, ambos de 27 anos, chocaram o país, levando mesmo à demissão do primeiro-ministro, Robert Fico. No início, conta Karolína ao portal Huck, “as pessoas diziam-nos que erámos muito inocentes, diziam-nos, ‘não vais conseguir mudar nada, vai estudar´”. Contudo, à medida as seguintes marchas aumentavam em número de participantes, o contexto mudou – 65 mil pessoas chegaram a marchar em conjunto pelas ruas de Bratislava. Hoje, Karolína Farská realiza encontros e viagens, com o objetivo de inspirar outros estudantes: “As pessoas perceberam que têm poder, não se resume a votar de quatro em quatro anos”.


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/Saberes

Paz

Muhammad Najem 17 anos, Síria

@muhammadnajem20 @muhammadnajem20

Num vídeo publicado no início do ano passado, Muhammad Najem limita-se a olhar para a câmara durante quase dois minutos. Atrás de si, uma coluna de fumo resultante de um bombardeamento aéreo ergue-se sobre a cidade de Ghouta, na Síria. Durante os meses que se seguiram, o jovem sírio de 16 anos partilhou vários vídeos e selfies que mostram a destruição resultante da Guerra Civil Síria. Os vídeos têm valido a Muhammad Najem o nome de “Pequeno Jornalista”, sendo que o próprio já revelou o seu desejo de o ser, no futuro. Contudo, destaca o especialista Jonathan Alpeyrie (que cobriu o conflito e chegou a ser capturado durante 81 dias), há uma diferença importante entre o trabalho jornalístico e este tipo de partilha, “mais próxima do ativismo” – as posições políticas assumidas pelo jovem durante os vídeos, bem como a dificuldade de confirmar a origem exata dos mesmos são alguns dos problemas. Independentemente do seu valor jornalístico, as partilhas têm evidenciado o impacto da guerra no terreno e nas populações locais, sendo que o trabalho de Muhammad foi apontando como “legítimo” por ativistas no terreno. As imagens e vídeos impressionam, recorda a France 24, não só pelo facto de Najem ser um jovem, mas também pelo contraste entre o tema da guerra e o formato selfie. Em 2019, Najem saiu da Síria, obtendo o estatuto de refugiado na Turquia. Estuda Inglês e gosta de jogar PUBG. À Columbia Journalism Review, diz querer voltar à Síria onde sente que “tinha um propósito”: “Tudo o que quero é que o meu país volte a ter paz. E tudo o que queria era mostrar ao Mundo o que estava a acontecer”.

Controlo de Armas

Emma González 19 anos, EUA

A 14 de fevereiro de 2018, um atirador atacou os estudantes de uma escola secundária em Parkland, na Florida, assassinando 17 pessoas e ferindo outras 17. Emma Gonzalez foi uma das estudantes que sobreviveu. Depois desse momento, cofundou um grupo pela defesa do controlo de armas nos Estados Unidos da América – o Never Again [Nunca Mais]. “Esta é a minha forma de lidar com a perda”, contou ao New York Times. Meros dias depois do massacre, Emma Gonzalez fez um discurso emocionado, pedindo a implementação de legislação de segurança para armas de fogo e criticando a defesa do sistema existente. “Dizem que um homem mau com uma arma só pode ser parado com um homem bom com uma arma? Nós dizemos que isso é treta”, realçou Gonzalez, acrescentando: “Podem fazer caricaturas dos adolescentes de hoje, como se fossemos meramente obcecados com nós mesmos ou pelas tendências. Nós estamos preparados para dizer o que é uma treta”. Desde então, Emma Gonzalez tem realizado intervenções públicas espalhando esta mensagem, à semelhança de outros adolescentes ativistas como Zion Kelly. Em março de 2018, teve uma das suas intervenções mais poderosas. Depois de algumas palavras, chorou em silêncio durante vários minutos. O objetivo era mostrar a rapidez com que o atirador, munido de uma arma semiautomática, cumpriu o ataque: 6 minutos e 20 segundos.

@emmawise18 @emma4Change


Direitos das crianças

Payal Jangid 17 anos, Índia

@payal____18 @payaljangid

Numa pequena aldeia do Rajastão – um dos estados do norte da Índia – existe um Parlamento Infantil, que procura trabalhar para garantir os direitos das crianças locais. Payal Jangid, de 17 anos, é a líder desse parlamento, trabalhando juntamente com adultos, na tentativa de acabar com fenómenos como o trabalho infantil e o casamento infantil. Em outubro, Payal recebeu o Prémio Changemaker, atribuído pela Fundação Gates. À revista People, contou que tinha 11 anos quando descobriu que os seus pais tinham casamentos arranjados para ela e para a sua irmã. “Com a ajuda de ativistas locais”, conta, “levantei a voz contra essa decisão”, fazendo com que esses acordos fossem anulados. Desde então, a adolescente tem trabalhado para garantir que outras crianças da sua aldeia têm a mesma oportunidade. Em locais como esse, realça, a população segue tradições muito antigas, pelo que “muito do trabalho está na educação e em fazer as pessoas conhecer os seus direitos”. Um trabalho que também é realizado pela rapper afegã Sonita Alizadeh. Em 2015, Barack e Michelle Obama encontraram-se com Payal, durante uma visita de estado à Índia. Durante a cerimónia, então com 14 anos, Payal descreveu a base do seu trabalho: “Visitamos crianças, nas suas casas, e explicamos aos pais porque é que a escola é importante. Também lhes dizemos para não baterem nas mulheres e crianças. Caso se comportem de uma forma carinhosa, a vida será melhor para todos”.

Afirmação LGBTQ+

Jazz Jennings 19 anos, USA

Aos cinco anos, Jazz Jennings foi diagnosticada como sofrendo de Disforia de Género – uma condição que, segundo a Direção-Geral de Saúde portuguesa, se caracteriza pelo “desconforto e angústia persistentes causados pela discrepância existente entre a identidade de género de uma pessoa e o sexo que lhe foi atribuído à nascença”. Identificada como rapaz à nascença, rapidamente se assumiu como mulher. Numa reportagem de 2007, a ABC conta a forma como os pais de Jazz (então com 6 anos) salientavam, com alguma surpresa, que não se tratava “de uma fase”. “Uma fase é uma fase porque acaba. Mas isto não está a acabar, apenas está a ficar mais forte”, explicava Renee Jennigns. Aos 11 anos, Jazz contaria a sua história numa entrevista televisiva e, pouco tempo depois, partilhava o seu dia a dia no seu canal do YouTube I Am Jazz. Criou também, juntamente com os pais, a Fundação Transkids Purple Rainbow Foundation de forma a apoiar e orientar outras crianças transexuais e as suas famílias. O seu impacto foi resumido pelo Hufftington Post da seguinte forma: “Jazz Jennings, a adolescente transexual que está a mudar o Mundo”. Em 2019, aos 18 anos, Jennings fez uma cirurgia de mudança de sexo. “Não há nada mais depois disto. Apenas posso ser eu mesma”, revelou.

@jazzjennings @JazzJennings__


12 | Forum Estudante | nov’19

/Profissões

profissões para quem quer…

Mudar o Mundo Contribuir ativamente para a criação de um mundo melhor pode ser alcançado em qualquer profissão. Contudo, há futuros profissionais que lidam diretamente com os grandes desafios globais. Conhece seis desses caminhos.

Cientista Político/a Economista O cientista político é aquele que estuda o funcionamento das instituições e dos movimentos políticos, nomeadamente a sua origem e desenvolvimento. Desta forma, analisa também o comportamento individual, de grupos e de massas, estudando a formação e evolução dos regimes políticos. Por essa razão, as suas tarefas são de pesquisa sobre forças sociais, leis ou instituições, podendo também planear e executar atividades políticas. Ter apetência por trabalhos de investigação e análise é, como tal, essencial, bem como interesse em temas de atualidade política e o acompanhamento diário da realidade política nacional e internacional. Capacidade de comunicação, conhecimentos de História, boa cultura geral e um bom domínio da língua podem também fazer a diferença.

Pesquisar e analisar o modo como a sociedade utiliza recursos (que são, por vezes, escassos). Este é o principal objetivo de um economista, sendo que, para tal, desenvolve teorias sobre a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços. Nesta missão, as suas tarefas passam também pela compreensão e definição do funcionamento do mercado nacional e internacional, apresentando soluções para problemas atuais ou futuros. Pode trabalhar em várias áreas – indústria, finanças públicas, setor agrícola ou setor privado, por exemplo. Capacidade de análise e de trabalho em equipa será um importante requisito, bem como de compreensão das variações da realidade social e humana. Destaque ainda para os conhecimentos de Matemática, Estatística e Ciência Económica, o domínio de línguas estrangeiras e de diversos recursos informáticos.

Engenheiro/a do Ambiente Esta é a profissão ideal para quem procura mudar o mundo combatendo a poluição. O engenheiro ou engenheira do ambiente elabora planos de impacto ambiental, ou seja, estuda e avalia as consequências de certas atividades para o meio ambiente. Esta atividade é realizada em vários contextos profissionais: indústria, investigação científica ou políticas públicas, por exemplo. Identificadas as consequências da ação humana, este profissional desenvolve planos de intervenção, com vista a melhoria das condições dos ecossistemas e das populações locais. Como tal, o gosto pela natureza é obrigatório, tal como é a capacidade de análise e de comunicação oral e escrita. Ter resiliência e tenacidade para implementar soluções multidisciplinares (que envolvem diferentes fatores) poderá também ser uma característica determinante.


Conhece mais profissões em forum.pt

Juiz/Juíza

Sociólogo/a

Diplomata

Ao juiz ou juíza, cabe analisar e decidir o resultado de conflitos de interesse entre os cidadãos ou entre estes e o Estado. Uma vez que a sua decisão é soberana, estes profissionais têm o dever de ser justos e imparciais nos julgamentos, com a preocupação de salvaguardar os direitos de todos os envolvidos. Na sua atividade, um juiz ou juíza preside julgamentos/audiências, analisa e avalia provas e identifica testemunhas (decidindo se são válidas), aplicando as leis e garantindo os cumprimentos de todas as regras e procedimentos. Para seres juiz ou juíza, necessitas de ter uma licenciatura em Direito e ser admitido no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), para fazer uma formação específica. Capacidade de estudo e de trabalho, de decisão, rigor, objetividade, controlo emocional, trabalho em equipa e atenção à realidade social são as competências pessoais mais requisitadas.

Algumas das áreas de atividade de um sociólogo ou socióloga dizem diretamente respeito à pobreza ou a exclusão social. Para tal, estes profissionais estudam o comportamento de comunidades e segmentos da população, procurando os principais fenómenos que afetam diretamente as suas vidas. De forma geral, trabalhar nesta área é apresentar um retrato da sociedade, com o objetivo de encontrar problemas e aplicar soluções. Gerir recursos humanos, participar em formação profissional, desenvolver projetos de intervenção social ou contribuir para a criação de políticas culturais/sociais são apenas alguns exemplos de atividades através das quais esta missão é cumprida. Ser objetivo, ter gosto pela investigação e evitar respostas fáceis para problemas sociais será importante, bem como ter conhecimentos nas áreas de História, Economia ou Psicologia, aptidão para números e estatística, competências orais e escritas e domínio de ferramentas informáticas.

Um ou uma diplomata executa a política externa do Estado português, defendendo internacionalmente os seus interesses políticos, económicos e culturais. Proteger os direitos dos cidadãos portugueses no estrangeiro, comunicar informações sobre determinado país ou produzir acordos de cooperação são alguns exemplos de tarefas envolvidas no trabalho dos e das diplomatas. Para te tornares diplomata, necessitas de ter uma licenciatura e candidatares-te ao Concurso de Acesso à Carreira Diplomática, da responsabilidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O acesso a esta carreira é feito por concurso público e realiza-se sempre pela categoria de adido de embaixada. Nesta profissão, necessitarás de estar informado/a sobre a realidade internacional, ser versátil, sensível às diferenças culturais, ter conhecimentos de línguas e capacidade de comunicação, bem como ser metódico/a e organizado/a.


14 | Forum Estudante | nov’19

/Estreias

Imaginar uma O Série documental Outra Escola estreou no dia 27 de outubro, na RTP 2. Durante 13 episódios, serão abordadas várias dimensões da educação. Criadores, professores e estudantes que participam destacam a oportunidade de reflexão sobre o sistema de Ensino, oferecendo uma voz aos seus intervenientes. No final do vídeo de promoção da série Outra Escola, um grupo de estudantes do Liceu Camões olha diretamente a câmara e declara, a uma só voz: “Precisamos de mudança”. No primeiro episódio da série, estes mesmos estudantes partilham as suas preocupações sobre o sistema de Ensino, procurando soluções concretas. A dimensão do programa educativo, a duração das aulas, o número de alunos por turma, as formas de avaliação e de acesso ao Ensino Superior são algumas das questões debatidas. “É uma inquietação que partilhávamos naquela altura e até mesmo antes de entrar no Ensino Secundário”, conta um dos estudantes que participa no episódio, Vicente Magalhães. Para o estudante, um dos principais méritos da série Outra Escola está, precisamente, em “colocar o enfoque no que os estudantes pensam ou dizem”. “Não somos uma caixa que recebe conhecimento dos professores – a Escola deve ser um diálogo e não um monólogo”, reforça. Para uma das criadoras da série, Filipa Reis, essa é também uma das razões

pela qual Outra Escola tem especial interesse para os estudantes: “É a oportunidade de saber o que os colegas pensam e, a partir daí, concordar, discordar ou ter outras ideias”. “O que mais nos interessa é que os estudantes percebam que têm uma voz e que essa

escola, realça, não deixa tempo para “pensar no que se pretende mudar” ou para “dar corpo a uma iniciativa de mudança”. A ação, contudo, garante resultados, destaca, recordando o movimento dos estudantes para a realização de obras no Liceu Camões – “é um exemplo em que a intervenção dos alunos trouxe mudança”.

Nós [os estudantes] não somos uma caixa que recebe conhecimento dos professores – a Escola deve ser um diálogo e não um monólogo.

Uma viagem pela Educação

Vicente Magalhães, Estudante

voz é útil”, reforça. A mesma ideia é realçada por Vicente Magalhães: “Os estudantes também têm voz e espero que este programa a faça ouvir – essa é a sua principal e muito digna aspiração”. Por vezes, o ritmo da

A série documental Outra Escola – criada por Filipa Reis, João Miller Guerra e Maria Gil – estreou, no dia 27 de outubro, na RTP2. Ao longo de um total de 13 episódios de 25 minutos, o programa propõe apresentar “diferentes formas de aprender e pensar a educação”. As formas de avaliação e aprendizagem, o processo de decisão, a motivação dos estudantes ou as características de métodos alternativos de ensino são alguns dos temas que guiam esta viagem. Antes da produção desta série, o trio de criadores trabalhou, ao longo dos últimos anos, com estudantes e turmas de várias escolas do País. “Falávamos bastante sobre o interesse a necessidade de


a Outra Escola pensar a Educação”, conta Filipa Reis. A partir daí, centrados na questão “como é que se aprende?”, decidiram fazer um conjunto de entrevistas a especialistas sobre Educação que são incluídas na série – no primeiro episódio participam, por exemplo, Álvaro Laborinho Lúcio, Guilherme d’Oliveira Martins ou Miguel Tamen.

“O que mais nos interessa é que os estudantes percebam que têm uma voz e que essa voz é útil. Filipa Reis, co-criadora da série Outra Escola

A partir deste contributo, conta a criadora, criou-se “o mosaico de temas” a abordar durante os 13 episódios da série. Em cada um deles, são ouvidos vários intervenientes do sistema educativo, depois da realização de exercícios, jogos ou outras dinâmicas “com o objetivo de estimular uma conversa profunda e espontânea”. As conclusões “no terreno” são depois cruzadas com as entrevistas a especialistas. O

resultado, conta a criadora da série, é um diálogo entre o pensamento sobre Educação e o que sentem ou pensam os estudantes, professores, encarregados de educação, entre outros agentes educativos.

Uma oportunidade num “ponto de viragem” Para uma das professoras ouvidas durante programa, Paula Gonçalves, do Colégio Valsassina, o interesse em participar surgiu “logo após conhecer o título” da série. A reflexão sobre “o que poderá ser diferente na Escola”, acredita, é muito relevante: “Já não é possível continuar a responder aos problemas [atuais] com sistemas antigos – os tempos mudaram e os alunos têm outras necessidades, outras formas de atenção”. No seu dia a dia, Paula Gonçalves sente que há espaço para tentar perceber os problemas dos alunos e refletir sobre estratégias para os resolver, destacando o papel de instrumentos como o Conselho de Turma, onde encarregados de educação, professores e estudantes pensam em conjunto estas questões. Contudo, ressalva, condicionantes como a necessidade do cumprimento de programa ou a pressão dos exames nacionais, faz com que nem sempre seja possível implementar soluções.

Neste contexto, considera Paula Gonçalves, a série Outra Escola é “mais uma oportunidade para refletirmos sobre os problemas que persistem”. Uma oportunidade que surge, sublinha a professora, “num ponto de viragem”, destacando o recente programa de flexibilização curricular do Ministério da

Já não é possível continuar a responder aos problemas [atuais] com sistemas antigos – os tempos mudaram e os alunos têm outras necessidades, outras formas de atenção. Paula Gonçalves, Professora

Educação como uma forma de tornar a relação ensino-aprendizagem “mais flexível e autónoma, adaptada às necessidades de cada estudante”. Neste contexto, a reflexão sobre o sistema educativo é especialmente relevante, acredita, concluindo: “Não há outro caminho que não a mudança”.


16 | Forum Estudante | nov’19

/Tech

Tu já Podes? A 9 de novembro realiza-se o “Podes”: o primeiro festival de podcasts em Portugal. O evento terá lugar no Chiado, em Lisboa, e incluirá workshops para podcasters e ouvintes, painéis temáticos, gravação de podcasts ao vivo e entrega de prémios. Tudo gratuito. “Este evento surge no contexto de um considerável crescimento do meio dos podcasts em Portugal”, explicam os mentores do Podes, o primeiro festival de podcasts em Portugal. No último ano, sublinham, este formato “passou de um interesse de nicho sem grande visibilidade a um formato reconhecido e com propostas diversas”. Ainda que longe da realidade de mercados como o americano ou o inglês, tem-se observado “uma evolução estável e prometedora”, concluem. O Podes é uma iniciativa da plataforma de divulgação de podcasts portugueses Portcasts, em colaboração com diversos parceiros. Neste festival, há podcasts de política, humor, sociedade, entrevistas e três painéis de discussão temáticos, num total de 10 sessões que terão lugar na Fnac Chiado, na Fabrica Features Lisboa e na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, tudo na zona nobre do Chiado. O dia 9 de novembro será estruturado em três blocos, começando com workshops de manhã, episódios ao vivo

e painéis durante a tarde e uma entrega de prémios ao final do dia, nos Paços de Concelhos. Os galardões abrangem 12 categorias: Podcast do Ano, Prémio do Público, Storytelling, Entrevista, Humor, Lifestyle, Sociedade, Cultura e Entretenimento, Desporto, Ciência e Tecnologia, Universidades e Rádio. Os bilhetes para o festival são gratuitos e podem ser adquiridos no site do próprio festival.

Experiência central A oportunidade de assistir à gravação de podcasts ao vivo é “uma experiência central num festival de podcasts”, consideram os organizadores. Trazer diversidade ao programa foi o objetivo, tentando apelar a diferentes públicos. Cada Um Sabe de Si (produção da Rádio Comercial), O Fred e a Inês Falam de Coisas (conversas íntimas e informais de dois amigos do Porto), Poder Público (secção de Política do jornal Público), Fumaça (informação nacional), Sozinho em Casa (humorista Guilherme Geirinhas), A Beleza das Pequenas Coisas (entrevista do jornal Expresso) e Perguntar Não Ofende

(Daniel Oliveira) são os títulos em destaque. E porque “a discussão e o debate só beneficiam um meio em desenvolvimento como são os podcasts em Portugal”, conforme explica a organização, no Festival Podes há também lugar para conversas temáticas subordinadas a “três temas de relevância especial”. Portcasts — sobre o estado dos podcasts em Portugal —, Deixa Ouvir Bola — sobre podcasts de futebol — e Mais Vozes são as conversas a ter.

Sabias que…?

Podcasting é uma forma de publicação de ficheiros multimédia na Internet, cujo conteúdo o utilizador pode acompanhar ou até mesmo descarregar. A palavra “podcasting” é uma junção de iPod — nome do aparelho multimédia da Apple que é a sigla de “Personal On Demand”com broadcasting (radiodifusão). O conjunto de ficheiros ou arquivos publicados por podcasting chama-se podcast. O autor de um podcast é chamado podcaster.


17 | Forum Estudante | nov’19

/Deco Jovem

Publirreportagem

Coloca a tua criatividade online

A sétima edição da iniciativa Sitestar.pt oferece-te a possibilidade de construir um site em .pt. Esta é ainda uma oportunidade de divulgar os teus projetos, atividades ou trabalhos. O Sitestar.pt é a iniciativa que desafia todos os estudantes do 8ª ao 12ª ano (científico-humanístico, profissional ou aprendizagem), que tenham entre os 13 e os 18 anos, a serem “exploradores e criadores de conteúdos na Internet”. Esta parceria da DECOJovem e do .PT oferece aos estudantes dos Ensinos Secundário, Profissional ou Aprendizagem várias possibilidades de participação. A criação de um site sobre os diferentes saberes, experiências e trabalhos realizados em contexto escolar (Categoria 1), focado na divulgação de iniciativas escolares de voluntariado ou de inclusão social em que te participes (Categoria 2) ou sobre diferentes expressões artísticas como música, teatro ou pintura (Categoria 3) A principal novidade, nesta sétima edição da iniciativa, é a criação de dois escalões, abrindo a participação aos estudantes do 8º e 9º ano de escolaridade. Estas equipas poderão desenvolver e criar sites sobre um tema à sua escolha, deixando a organização alguns exemplos: “Alimentação saudável para todos; Gerir bem o

meu dinheiro; Consumo sustentável; A segurança na Internet; Os direitos de autor a respeitar; Os direitos dos consumidores nas compras”. O Sitestar.pt está aberto a os estudantes (entre os 13 e os 18 anos) de todos os estabelecimentos de ensino públicos e privados portugueses (desde que aderentes à rede DECOJovem), bem como a outras entidades que trabalhem com jovens.

Prazos e prémios

Iniciativa da DECOJovem desafia-te a mostrares a tua criatividade em equipa, construindo um site sobre um tema do teu interesse. Inscreve a tua equipa até dia 17 de dezembro de 2019.

Numa primeira fase, a inscrição e submissão da ficha de proposta de site pode ser feita até dia 17 de dezembro de 2019. A lista de selecionados, a quem serão oferecidas as ferramentas (voucher 3 em 1) para construção do site, será divulgada a 14 de janeiro de 2020. As equipas têm até 30 de março para construir e apresentar os sites nomeados nas diferentes categorias. Os primeiros lugares em cada categoria receberão um computador, o segundo lugar uma action camera e o terceiro colunas de som. Para saberes mais e fazeres a tua inscrição, visita: decojovem.pt/iniciativas/sitestar-pt-7/


18 | Forum Estudante | nov’19

/Tech

Razer Viper

Velocidade e controlo Um rato que atinge velocidades extremas, mas que garante um controlo absoluto. Esta é a promessa do Razer Viper. Graças às suas características técnicas, este compromisso não fica por cumprir. Por João Duarte Silva

O periferal que a Razer aqui nos apresenta é, já por si, um dos modelos mais leves do mercado. Contudo, o Razer Viper apresenta um toque diferente, com o design bastante reconhecível da marca. O resultado final é um produto que combina uma estrutura complexa e muita leveza, com um peso total de 69 gramas. Esta é uma condição essencial para cumprir aquele que a Razer define como o principal objetivo deste periférico: oferecer ao utilizador a máxima velocidade de atuação e de movimento com o mínimo de esforço possível. Equipado com switches opto-mecânicos da marca, muito semelhantes aos apresentados nos seus novos teclados Huntsman, o Razer Viper garante um tempo de resposta de 0.2 milissegundos. O rato conta ainda com um discreto cabo speedflex que oferece ao utilizador o mínimo de esforço possível para o mexer. Devido à sua leveza, existe a necessidade de adaptação para que o movimento

se torne natural. O primeiro contacto poderá ser agridoce: apesar de me sentir confortável a controlar o rato, notei muitas vezes que acabava por me movimentar demais, por não estar habituado a este peso. Contudo, depois de um mês de utilização, posso dizer que o Razer Viper se tornou uma ferramenta implacável para a minha rapidez e precisão no campo de combate. Com menor esforço, consigo chegar a locais mais depressa dentro do jogo e agir instantaneamente.

veis ao todo (contando com os dois principais). Isto permite a adaptação do periférico para cada título que o utilizador decida jogar.

Oito botões, um objetivo

Num contexto em que o gaming, cada vez mais, se move pela precisão e pela velocidade, as vantagens do Razer Viper valem ouro.

Este é um rato focado para jogos que impliquem a necessidade de velocidade de execução – algo que tem vindo a acontecer cada vez mais no mundo do gaming. Experimentei o periferal em jogos como Apex Legends e Counter Strike e, pelo que pude observar, torna-se uma boa ferramenta para se melhorar a performance. Esta melhoria deve-se também, para além da sua leveza e rapidez, ao facto de ter 8 botões totalmente mapeá-

À primeira vista, poderá parecer que as diferenças entre este produto ou outro rato qualquer são pequenas. Contudo, num contexto em que o gaming, cada vez mais, se move pela precisão e pela velocidade, as vantagens do Razer Viper valem ouro, permitindo ao utilizador atingir um controlo e performance superiores.



20 | Forum Estudante | nov’19

/Fama

Afonso Reis Cabral

“Na leitura encontramos armas para a vida”

s para a s e c o fran batou mio sões e a r v r n a i , re as anos ber o Pré o sob a. Aos 24 r ce v i l de re aixão: as um esi a o u b p o a r c p o m tura a b e 2, ela ensação, s 29 anos, vela outra numa aven 1 s o o nd r. A , re na 2, creve blicou Co u Irmão. A ce. Agora Nacional s marcos s e a an pu Me ou ste da omeç ria. Aos 15 estreia, O undo rom pela Estra or todos e te. c s o g an se de pé stó ren ap Aos 9 lina de Hi romance car, o seu ortugal a utos pass inda é pa a P ip o in çú a disc Leya com Pão de A ostra-nos a de 24 m e Queiroz s r m r o ad o i Prém ramago p e Contigo sta conve quem Eç de Sa -m s. E José . Em Leva ou 24 dia o escritor r u l, ns viage kms que d eis Cabra R 8 o de 73 de Afons a r i carre


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/Fama

Por Vera Valadas Ferreira

Acabas de receber o Prémio José Saramago. Que significado tem? A minha primeira reação foi de enorme alegria, não por mim, mas pelo Pão de Açúcar. Hoje em dia, o tempo de sobrevivência dos livros nas livrarias é mínimo. Um prémio como este ajuda imenso a que o livro continue vivo. Quem escreve tem sempre um instinto de proteção em relação aos livros. A alegria também se prende com a lista de anteriores vencedores que eu cresci a ler. Por último, o facto de ser um prémio com o nome de Saramago.

Logo na estreia nos romances venceste o Prémio Leya. Isso beneficiou a tua carreira? Um dos grandes problemas de um autor desconhecido é conseguir a publicação de um livro com boas condições. O Prémio Leya, contemplando livros inéditos, garantia à partida a publicação do livro. Foi esse sempre o meu objetivo com a candidatura. Para além de me forçar a acabar o livro que estava a escrever há 3 anos. Estava a acabar o mestrado, tinha uma bolsa de investigação, um part-time: A última coisa que fazia era sempre o livro. Ao candidatar-me ao Prémio Leya tinha um prazo que me forçou acabar. Tinha a esperança que chegasse a finalista e aí já seria publicado.

Pão de Açúcar, só porque estava a ler uma reportagem online sobre os 10 anos do Caso Gisberta [travesti assassinato no Porto por um grupo de adolescentes].

Quando é que os livros entraram na tua vida? Foi na infância: a minha mãe lia diariamente na cama. Isso tinha alguma coisa de encantatório, de muito fascinante. Ainda tenho esses livros e quando tiver filhos quero ler-lhos porque foram iniciáticos. A escrita foi aos 9 anos. Foi por ocasião da morte da Amália que despertei muito para a poesia. Escrevi poesia até aos 15 anos e depois passei para a prosa. É um percurso muito normal para quem escreve: verificar se somos poemas ou não. Não sou de maneira nenhuma, não tenho vocação. Gosto é de contar histórias.

Os jovens leem o suficiente? Não. Há cada vez menos leitores, em particular de literatura. Também há o problema de muitas vezes escreverem ser ler. É preciso ler muito para sequer pensar em começar a escrever. A leitura está cada vez mais desvalorizada e fingida. Ao estarmos constantemente online e nas redes sociais, a ver só as parangonas, achamos que estamos a ler. Mas estamos é a ser dispersos. Isso também me acontece. É preciso investir na leitura. O nosso cérebro está cada vez mais deficitário na leitura, pois assume vícios. Um livro não é assim: requer silêncio, investimento, tempo.

Porque é que, nos teus romances, tentas dar voz a quem não a tem? Acredito que se escreve um livro para escrever um livro, e não para mudar

Mas após venceres não sentiste pressão? Inicialmente não. Tinha 24 anos e achava que ia ser completamente indiferente, que ia apreciar o momento da publicação do livro e dos leitores, mas que depois começava logo a escrever outro. Acontece que as coisas não são exatamente assim. Passados uns meses, já com a acalmia de tudo, impõe-se a responsabilidade de um segundo livro. Estive algum tempo a debater-me com isso e também com outra coisa em particular: a descoberta do leitor. Escrevi O Meu Irmão completamente sozinho e não com a ideia de que poderia ser lido. Foi preciso voltar a escrever sem ninguém. E isso demorou algum tempo a reconquistar. Além do mais, inicialmente, não tinha um tema para um livro. Depois fui à Alemanha de camião TIR, para relembrar uma viagem que fiz aos 13 anos e porque queria investigar para um possível livro. Acontece que esse é o livro que tento sempre escrever quando aparecem outros. Voltou a acontecer agora, pois já estou com um projeto para o terceiro romance. Em 2016, surgiu a ideia do

Ao estarmos constantemente online e nas redes sociais, a ver só as parangonas, achamos que estamos a ler. Mas estamos é a ser dispersos.

mentalidades ou influenciar a sociedade. Isso pode até acontecer, mas escreve-se um livro pela literatura, porque é preciso escrever aquilo. Em ambos os romances isso, de certa maneira, acontece, mas foi mais ou menos por acaso. Em O Meu Irmão, embora seja totalmente ficção, há uma realidade que conhecia do dia a dia porque tenho um irmão com Síndrome de Down. Aquele livro, ou um parecido, iria aparecer mais cedo ou mais tarde. No Pão do Açúcar, não conhecia nem dominava essa realidade,


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/Fama

o que me obrigou a pôr-me na pele do outro. Esse descobrir do outro é muito importante para mim.

A literatura pode mudar o mundo? Não. Raras vezes isso aconteceu. Por exemplo, na Alemanha nazi, altamente culta, literária, musical, o que é isso mudou?! Muito mais importante é a nossa postura no dia a dia. Claro que

Escreve-se um livro para escrever um livro, e não para mudar mentalidades ou influenciar a sociedade. Isso pode até acontecer mas escreve-se um livro pela literatura. podemos ir buscar isso aos livros, mas depende muito de nós. É uma responsabilidade nossa.

Um livro é uma viagem? Isso é com certeza. Um livro é uma descoberta. Às vezes, vou falar a escolas e digo que a leitura é uma viagem: não podemos ir ao Evereste, ou a 20 mil léguas submarinas ou ao passado. Dá-nos uma experiência de vida que nunca teríamos de outra forma. Na leitura encontramos armas para a vida.

Como surgiu o Leva-me Contigo? Há anos, comecei a ouvir falar na Estrada Nacional 2, uma das maiores do mundo com esta tipologia. Gosto muito de andar, ainda que isso não seja o mesmo

que andar 738 kms (risos). O Francisco José Viegas, da revista LER, propôs-me um relato de viagem. Inicialmente abordei a Marinha para ir num submarino durante 3 semanas… qualquer dia talvez consiga. E foi então que me lembrei da Estrada Nacional 2, do meu desejo de partir à aventura. E juntei as coisas. A ideia era só fazer um relato muito breve para a revista. Depois, como me propus ir pedindo ajuda às pessoas, estar dependente da sua boa-vontade e só ter as três primeiras noites marcadas, decidi ir escrevendo um diário no Facebook para dar a conhecer a viagem.

Conheceste, tal como escreves, “o lado bom e raro” das redes sociais… As pessoas envolveram-se, numa solidariedade extraordinária. Se pensarmos nisto: é só um gajo a andar na estrada. Sozinho, sem carro de apoio. Tinha era o apoio das pessoas que iam lendo os textos e que sabiam que passaria por determinado sítio, que me davam dormida e refeição. Foi muito enriquecedor: como

escritor descobri novas personagens, paisagens, circunstâncias, e como pessoa descobri novos amigos. Isso foi muito marcante. Estamos expostos ao lado mau das redes sociais constantemente. Nas redes sociais, o lado amargurado do ser humano está muito ativo. Mas, apesar de tudo, ambicionamos o bem e a felicidade. O que aconteceu nesta viagem foi esse lado bom ter sido um bocadinho menos discreto. Durante 24 dias, para além das centenas de comentários, partilhas e ajudas, não houve uma reação negativa. No livro homenageio essa ajuda e bondade publicando alguns dos comentários.

Sendo a juventude um estado passageiro, convém investir noutras coisas, no que realmente importa, nos outros, na cultura, na formação, na ética.” Também encaraste esta viagem como um “sacrifício que marcasse a passagem da juventude para outro estado além desta, mas ainda com regalias”. Os (quase) 30 anos estão a mexer contigo? Alguma coisa sim. Vejo a viagem como um ritual de passagem. O importante é ganhar juventude interior. Vejo isso em pessoas mais velhas mas com tanto gosto por viver. Hoje em dia, temos o culto da juventude e, sendo ela um estado passageiro, convém investir noutras coisas, no que realmente importa, nos outros, na cultura, na formação, na ética.


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/Estreias

Dores de crescimento Tu nasceste para quê? O que reserva o futuro para ti? Estás pronto para a vida a sério? Maria, a protagonista da peça ‘Doença da Juventude’, também anda à procura de si própria, também sonha aprender a distinguir o certo do errado. Grande cena no Teatro Aberto, em Lisboa, até ao final do ano.

Por Vera Valadas Ferreira

Maria terminou o curso de Medicina e vai dar uma festa. A partir de agora, começa a vida a sério. “A vida a sério”... que cliché. Tu nasceste para quê? O que reserva o futuro para ti? Qual é o mal de ter ambições? Colegas de faculdade, ex-namorados, amigas, ódios de estimação — todos se cruzam antes e depois da festa, à procura de alguém especial, à procura de si próprios, em busca do caminho certo para a sua vida. Num mundo descartável e repleto de estímulos consumistas, quem sabe o que é certo ou errado? É neste cenário de dúvidas e angústias que decorre a ação de Doença da Juventude, um texto do austríaco Ferdinand Bruckner (pseudónimo de Theodor Tagger, 1891-1958), em cena na Sala Azul do Teatro Aberto (Lisboa) até 29 de dezembro. Com Carolina Carvalho, Eduardo Breda, Filipa Areosa, Helena Caldeira, Madalena Almeida, Samuel Alves e Vítor d’Andrade no elenco, a versão e dramaturgia ficam a cargo de Marta Dias. “Encenar hoje Doença da Juventude é uma provocação à forma como vivemos e pensamos sobre a vida em sociedade. As personagens são, na sua maioria, estudantes de Medicina cujo futuro é cuidar de doentes e salvar vidas. Mas será que se preocupam genuinamente com os outros?”,

comenta à FORUM Marta Dias, também encenadora desta peça teatral que data de 1926 e que aborda as potencialidades da juventude. A Medicina, acrescenta a encenadora, é hoje um terreno onde “desbravamos os limites da biotecnologia e da genética. Mas, perante os limites éticos, que escolhas fazem estas personagens que

“E nós, que escolhas fazemos? Será que, sobre o amor, a tolerância e a justiça, prevalece a lei do mais forte? Maria Dias, encenadora de Doença da Juventude

vão agora entrar na idade adulta?”. “E nós, que escolhas fazemos? Será que, sobre o amor, a tolerância e a justiça, prevalece a lei do mais forte?”, questiona-se igualmente a responsável. Neste espetáculo, os cenários são de Marisa Fernandes, e os figurinos levam a assinatura do reputado estilista José António Tenente. A coreografia é de Vítor Fonseca (Cifrão). Sessões de quarta-feira a sábado, às 21h30, e domingo às 16h00. Os bilhetes custam 17 euros.


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/Livros

Jeffrey Archer

“Não podemos fazer algo diferente do que somos” Apesar de só ter começado a escrever aos 35 anos, Jeffrey Archer é o único autor que foi Número 1 em ficção (15 vezes), contos (quatro vezes) e não ficção (diários). Já vendeu mais de 250 milhões de exemplares no mundo, entre os quais os 7 volumes das célebres Crónicas de Clifton. Kane e Abel,, uma das suas obras mais marcantes há muito esgotada no mercado nacional, volta a estar disponível entre nós. Este primeiro tomo de uma trilogia consta entre os 100 livros mais vendidos de sempre no mundo inteiro. Por isso, estivemos à conversa com este Contador de Histórias,, o livro de crónicas que apresentou em pessoa na mais recente edição da Feira do Livro de Lisboa.

Por Vera Valadas Ferreira

Em Contador de Histórias diz que raramente os nossos colegas de escola realizam as suas ambições de adolescência ou têm as profissões que imaginámos que teriam. Uma vez que só publicou o seu 1.º livro aos 35 anos é certo afirmar que nunca sonhou ser escritor? Nunca quis ser escritor, queria ser primeiro-ministro mas não consegui. Só escrevi Nem Um Tostão a Mais Nem Um Tostão a Menos aos 35 anos e não pensei que teria uma carreira na escrita. Na altura estava desempregado, tinha feito investimentos empresariais muito tolos. O primeiro livro resultou bem mas a grande rampa foi Kane e Abel. Foi aí que percebi que ia escrever para o resto da minha vida. Esse livro já vai na 116.ª edição. Faz agora 40 anos e já vendeu 32 milhões de exemplares. Foi lindo por 100 milhões de pessoas. Foi difícil encontrar a sua voz enquanto escritor? Acabamos por encontrar a nossa pró-

pria voz. Somos como somos e se o público nos entende, isso é fantástico. Não podemos fingir ou fazer algo diferente do que somos. Nesse aspeto acho que tive sorte. Sou um contador de histórias.

Nunca quis ser escritor, queria ser primeiro-ministro mas não consegui.

A sua melhor história foi aquela que mais vendeu? Não, não. O público é que decidiu que Kane e Abel é o melhor. Mas creio que Prisioneiro da Sorte e As Crónicas de Clifton são igualmente bons. Tenho um carinho especial por As Crónicas de Clifton.. Não sinto pressão para escrever bestsellers.. Faço o que quero e passo


Já vivi tempo suficiente para ver as mulheres ganhar poder no mundo mas nada que se compare com a próxima geração. Vão dominar à grande. parar quando quiser. A pressão é para as gerações mais jovens, não para mim (risos). Foi difícil despedir-se das sete Crónicas de Clifton e mudar para os contos Histórias? de Contador de Histórias Sim, muito. Vivi 8 anos com essas personagens e, de repente, ooops foram-se. Porém, nos últimos 10 anos tinha reunido alguns contos de todo o mundo e sabia que queria fazer algo nesse registo a seguir. É um desafio muito diferente - escrever 12 contos por oposição a 7 romances – mas não consegui resistir. É verdade que escreve e rescreve muito os seus livros? O Contador de Histórias final é o 14.º rascunho, todos eles manuscritos. Não há atalhos, quem me dera que houvesse. Era tão bom se fosse igualmente fácil dizer e fazer. Trabalho até ter a certeza de que aquilo é o melhor que conseguirei. No último rascunho, quando é só uma questão de mudar uma vírgula ou palavra, sabemos que o livro está concluído. Gosto de fazer coisas inesperadas, de instigar os leitores a pensar.

Aos jovens que querem ser romancistas digo sempre: escrevam sobre o que conhecem.

Nos seus livros as mulheres têm sempre personalidades muito fortes… Sempre! A minha mulher! … são pioneiras e lutadoras… Sim! A minha mulher! … manipulam os homens, mudam o curso da história… Sim! A minha mulher! … Cresceu rodeado por mulheres fortes? Sim, a minha mãe tinha uma personalidade muito forte. Não andou na universidade, na altura não era usual, mas tirou um curso aos 52 anos. Trabalhei 11 anos com a Margaret Thatcher [antiga primeiro-ministro britânica), sou casado com uma mulher que a Rainha

de Inglaterra nomeou “Dama” e que é Presidente do Museu da Ciência na Grâ-Bretanha. Sempre tive mulheres fortes ao meu redor e adoro. Alguns homens têm medo de mulheres fortes, mas eu simplesmente adoro-as. E por isso tinha de tê-las nos meus livros. As mulheres das novas gerações vão ser umas matadoras. Por exemplo na Índia, as jovens vão dominar o país: são empenhadas, brilhantes, maravilhosas. Já vivi tempo suficiente para ver as mulheres ganhar poder no mundo mas nada que se compare com a próxima geração. Vão dominar à grande. E acho muito bem: esperaram demasiado tempo!! Foi membro do Parlamento Britânico e vice-presidente do Partido Conservador. Como é que a sua experiência enquanto político se reflete na escrita? É uma questão pertinente, uma vez que estive 40 anos na política. Sempre fui fascinado por política. Conheço muitos políticos, pessoas muito boas e honradas, mas outras muito más. A minha mulher diz-me sempre que os leitores gostam mais de vilões do que heróis. Aos jovens que querem ser romancistas digo sempre: “escrevam sobre o que conhecem”. Política e arte são dois temas que domino e ponho nos meus livros. Nesta era tecnológica, os jovens dão a devida importância à leitura, à escrita, à expressão de sentimentos em palavras? É muito interessante pensarmos nisso porque 53% dos meus leitores são digitais. Nos EUA e na Grâ-Bretanha 43% leem-me no Kindle e 7% ouvem-me. Os audiolivros são a grande surpresa. Há 8 anos, apenas 1% consumia audiolivros. O interessante é saber como será com as novas gerações. Não sabemos: os jovens mudam de mentalidade todos os dias!! Há sempre tendências novas a aparecer. Só me resta escrever e rezar que, seja em que formato for, seja lido e apreciado.


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/ANQEP

Publirreportagem

ENSINO PROFISSIONAL um mundo de oportunidades

Tens muitos sonhos e não sabes ao certo o que fazer no amanhã? No Ensino Profissional não há limites para a imaginação e os teus sonhos podem estar num dos mais de 150 cursos disponíveis. Mas antes de saberes o que podes encontrar no Ensino Profissional, importa saberes no que consiste e quais são os seus objetivos! Esta via de ensino nasceu em 1989 com o intuito de estruturar a formação profissional inicial de jovens. No início do Ensino Profissional apenas existiam algumas áreas de educação e formação - artes e ofícios, construção civil, eletrotecnia/eletrónica, mecânica, química, design, serviços comerciais e administração. Hoje, com 30 anos de existência, esta via de ensino abrange cerca de 50 áreas de educação e formação e tem como objetivo preparar os alunos para o mercado de trabalho, dotando-os de competências e conhecimentos necessários para o exercício de uma profissão. Como já deves ter percebido a diversidade de ofertas de formação é vasta, o que significa que os teus gostos e interesses estarão certamente espelhados num dos cursos profissionais existentes. Aqui poderás escolher um caminho entre tantos possíveis, desde trabalhar em processos de produção, como técnico de transformação de polímeros, ser um técnico comercial bancário, dar apoio a crianças e à comunidade, tornares-te num intérprete de dança contemporânea, dedicares-te às ciências farmacêuticas, seres um técnico de gestão cinegética, explorar a produção

agropecuária, seres um profissional da construção naval, especializares-te em pintura artística de azulejo, seres um técnico de desenho de mobiliário e construções em madeira, exerceres funções ligadas ao apoio psicossocial, tornares-te num profissional da aquicultura, entre outras opções. Já imaginaste concluir o 12.º ano e ao mesmo tempo aprenderes uma destas profissões? Com os cursos profissionais isso é possível, pois a vertente prática é aliada à profissional, conferindo-te, no final da tua formação, o nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações, o que significa uma certificação escolar (nível secundário) e uma certificação profissional. Mas há mais vantagens! Além de adquirires o know-how necessário para enfrentar os desafios futuros do mercado de trabalho, no final dos três anos do curso poderás optar por continuar a estudar, através do ingresso no Ensino Superior. Ficaste entusiasmado? Não percas mais tempo e acede ao site do Catálogo Nacional de Qualificações (www.catalogo.anqep.gov.pt) e descobre todas as informações sobre os referenciais de formação dos cursos profissionais, ou seja os seus objetivos e a sua estrutura. Depois desta consulta, acede ao Portal da Oferta Formativa (www.ofertaformativa.gov.pt) e encontra as escolas que lecionam o curso que pretendes. Boa sorte!


27 | Forum Estudante | nov’19

/ANQEP

Breves

Entrevista “Sinto que estou num curso inovador, com muitas saídas e oportunidades”

Melhor PAP Nacional - Geração+ A Escola Profissional de Tecnologia Digital, em Lisboa, foi a grande vencedora da 4.ª edição da iniciativa “Melhor PAP Nacional - Geração +, com o projeto “Kit essencial de arquitetura”, desenvolvido por Helena Real, finalista do curso profissional de técnico de Desenho Digital 3D, no âmbito da sua Prova de Aptidão Profissional (PAP). O projeto vencedor alia a aprendizagem ao entretenimento, permitindo a qualquer pessoa, sem conhecimentos técnicos na área, construir a sua própria maqueta, simulando, por exemplo, a casa dos seus sonhos. Este projeto destacou-se entre os 14 trabalhos selecionados para a grande final do concurso, que teve lugar em Coimbra, no dia 3 de outubro. Além do vencedor, foram distinguidos mais quatro projetos, nas seguintes categorias: Criatividade e Inovação - “Arte Digital e Foto Manipulação”, de Vítor Abreu Lima, da Escola Profissional de Braga; Sustentabilidade - “Descoberta de Braga Oculta” de Liane Ferreira, da Escola Profissional Profitecla de Braga; Apresentação/ Comunicação - “Students Stats” de Tiago Soares Lima, da Escola Ruiz da Costa; e Prémio Júri - “Portus - Turismo em Comunidade” de Ângela Taborda, Ângela Jesus, Bruna Jesus e Juliana Mendonça, da Escola Profissional Profitecla do Porto.

ESCO comemora Dia Mundial do Turismo Para assinalar o Dia Mundial do Turismo, os alunos do curso profissional de Técnico de Turismo da Escola de Serviços e Comércio do Oeste (ESCO) realizaram uma sessão de partilha de experiências de alguns momentos marcantes dos seus percursos de formação, no dia 27 de setembro. Com o intuito de reforçar o espírito de equipa e a interajuda entre alunos, bem como a partilha de experiências no âmbito da Formação em Contexto de Trabalho (FCT) e das Provas de Aptidão Profissional (PAP), foi dinamizada uma sessão, onde os alunos finalistas partilharam, em jeito de entrevista, experiências no âmbito FCT, salientando as diferentes áreas disponíveis no mercado de trabalho, no sector do Turismo, tais como: Informação Turística e Apoio Museológico; Unidades de Alojamento; Agências de Viagens e Animação Turística. A atividade culminou com o visionamento de um filme de promoção do destino Singapura e um lanche convívio.

O grupo de 35 estudantes da Escola Profissional de Matosinhos (EPROMAT – Escola Edmundo Ferreira) que participa no projeto Young VolunTeam foi distinguido como uma das três melhores equipas a nível nacional. Mara da Costa, de 19 anos, é uma das estudantes envolvidas e explica-nos a importância do seu curso profissional (de Técnica de Turismo) no trabalho realizado.

O que te levou a participar no programa Young VolunTeam? Trata-se de um projeto que se centra em realizar ações solidárias no terreno, fazendo a diferença. Decidi participar porque sinto que é importante sermos cidadãos ativos e participativos, contribuindo para um mundo melhor. Por outro lado, pude desenvolver competências importantes.

Recentemente, a vossa escola foi distinguida como uma das três melhores, a nível nacional, dentro deste projeto? O que é que significa para ti esta vitória? Esta distinção mostra que estamos a fazer um bom trabalho. Recebemos um prémio de 1000 euros, ainda que o prémio mais importante seja a diferença que estamos a fazer na vida das pessoas,

nomeadamente em questões como ambiente, direito dos animais ou direitos humanos.

És estudante do curso profissional de Técnico de Turismo. De que forma é que o teu curso te auxilia no trabalho de voluntariado? Há coisas que aprendi no curso que me ajudam a trabalhar no Young VolunTeam. Nomeadamente, a nível da comunicação: ajuda-me a interagir com outras pessoas, a explicar os objetivos das ações, por exemplo. Por outro lado, outras competências mais técnicas, como organização de eventos, são muito relevantes no trabalho do projeto. Sinto que estou num curso inovador, com muitas saídas e oportunidades. Estou a pensar cruzar os estudos com a vertente social, trabalhando em turismo ambiental, no futuro.


28 | Forum Estudante | nov’19

/Academias

Academias de verão

Aprende

Todos os anos, cerca de 500 alunos do Ensino Secundário têm o privilégio de participar nas Academias Forum Estudante, em parceria com vários institutos politécnicos e outras entidades. Se quiseres ser um destes felizardos e viver um verão inesquecível, basta fazeres a tua inscrição em forum.pt/semanasforum.

‘Tudo se combinou para ser uma semana maravilha”

“Aprendi mesmo muito com as coisas incríveis que fiz”

Diogo Sanches, 17 anos, Castelo Branco “Foi uma experiência agradável. Tudo se combinou perfeitamente para ser uma semana maravilhosa. Foi uma semana muito mexida, intensa, com atividades e palestras muito interessantes que não se fazem regularmente. Fiz amizades que me marcaram, com pessoas que ganharam a minha total confiança. É uma ótima semana para fazer amigos. A organização é muito boa. Tivemos sempre tudo o que necessitávamos e as melhores condições ao nosso dispor.”

Diana Bondarciuc, 17 anos, Monsaraz “As academias da Forum têm uma coisa muito especial: estamos sempre a trabalhar em equipa, o que é uma mais-valia para o nosso futuro. Aprendi mesmo muito com as coisas incríveis que fiz e que nunca pensei fazer com esta idade e em apenas uma semana. Cada dia é uma aventura. Conheci pessoas que me marcaram imenso. Tenho muitas saudades de todos! No final, nas filmagens das nossas atividades, podemos ver tudo o que fizemos e isso enche-me o coração!”

F


ão

/Academias Forum Estudante 29 | Forum Estudante | nov’19

connosco! Estas são academias com uma semana de duração e decorrem em vários pontos do País. São totalmente gratuitas. Todas as despesas de alimentação e alojamento estão incluídas, para que durante esses dias só tenhas mesmo de te preocupar com duas coisas: aprendizagem e diversão. Tens muitas áreas do Saber por explorar e muitas amizades por fazer.

“As amizades e o convívio foram espetaculares”

“Adorava poder repetir a experiência”

Rodrigo Jorge, 17 anos, Lisboa “Gostei bastante de conhecer o conceito das academias. Ao ver os vídeos das edições anteriores, o tipo de atividades cativou-me logo. Acabei por perceber que as minhas expetativas foram concretizadas: foi fantástico, a parte académica foi muito interessante e gostei de todas as palestras ao ponto de perder a noção do tempo. As amizades e o convívio foram espetaculares, com muita união entre todos os participantes e a própria organização.”

Mariana Castro, 18 anos, Lisboa “Gostei muito de estar na academia da Forum. Fiz amizades novas, diverti-me muito durante essa semana. Quando cheguei, estava um pouco apreensiva, acho que todos estavam, mas começamos a conversar logo e integramo-nos todos muito rápido. Adorava poder repetir a experiência e tenho saudades de todas as amizades que fiz naquela semana.”

Inscreve-te já em forum.pt/semanasforum e… conhece 50 estudantes de todo o País. descobre o teu futuro académico. diverte-te!


30 | Forum Estudante | nov’19

/Música

Música com casaco vestido

O verão já partiu mas não levou consigo os festivais de música. O outono também nos obriga a sair de casa, tendo como motivação sonoridades que por aí andem a fervilhar. Nestes festivais onde se usa casaco, não toca o Flautista de Hamelin, mas quase. Aqui chamamos a tua atenção para duas das propostas mais difíceis de resistir.

Super Bock em Stock

Festival para Gente Sentada Neste outono, recomendamos uma ida Braga e não é só pelo Bom Jesus. Por lá há música, muita e boa. Há até um Festival para Gente Sentada. A 15 e 16 de novembro, o Theatro Circo, o GNRation — um espaço de criação, performance e exposição — e o centro da cidade acolhem a 16ª edição deste evento dedicado exclusivamente a cantautores. Os portugueses Sensible Soccers, e os repetentes em palcos nacionais John Grant ou Kamaal Williams são alguns dos nomes a merecer atenção no cartaz. Também o coletivo brasileiro O Terno toca por lá em estreia nacional, aproveitando o embalo da popularidade recentemente conquistada entre nós pelo seu carismático vocalista, Tim Bernardes. Bia Ferreira (outra sensação sem papas na língua importada do outro lado do Atlântico), Homem em Catarse Kamaal Williams (projeto de Afonso Dorido, natural de Barcelos), Little Friend (liderados pelo luso-britânico John Almeida) e Bia Maria (estudante da Escola Superior de Música de Lisboa e cujo primeiro single é José) são outros dos destaques do festival cujos bilhetes custam 25 euros (um dia) ou 40 euros (passe 2 dias).

Michael Kiwanuka

©Olivia Rose

O Terno

Há mais de meia dúzia de anos, quando este festival – então com outro nome/sponsor e bem como mais avançado no calendário – invadiu a Avenida da Liberdade estranhou-se o conceito. Um festival de 2 dias, com mais de 50 artistas dispersos por mais de 10 espaços, alguns francamente inesperados!? E tudo isto ao frio e à chuva, obrigando a uma constante circulação numa das mais movimentadas artérias de Lisboa e/ou a fazer escolhas impossíveis no alinhamento de tão bom que é?! Sim, o Super Bock em Stock, que este ano decorre a 22 e 23 de novembro, é tudo isso e muito mais. Por lá tocam alguns dos projetos mais interessantes, intérpretes que, passados uns meses, regressam para atuar em salas maiores, porque receberam prémios e aplausos lá fora, ou porque em Portugal há a misteriosa mania de prestar culto a projetos marginais. Do cartaz deste ano constam nomes como Slow J, Orville Peck Ady Suleiman, Balthazar, Curtis Harding, Dream People, Gator the Alligator, Viagra Boys, Kevin Morby, Ghostly Kisses, Yagmar, Sinkane, HAUTE, Helado Negro, Jordan Mackampa, Marissa Nadler e Nilüfer Yanya. Michael Kiwanuka e Orville Peck são as cerejas no topo deste bolo. A voz de Home Again e Love & Hate regressa à Avenida, sendo um exemplo perfeito da tal capacidade visionária deste festival que se dispersa por espaços como Coliseu, Maxime, Tivoli, Casa do Alentejo, Capitólio ou Estação Ferroviária do Rossio. Já o cowboy de timbre cavernoso e máscara marota apresenta por cá Pony, o seu álbum de estreia revelado este ano, no qual se afirma um fenómeno da cultura indie.


31 | Forum Estudante | nov’19

/Eduroam

Criador da rede eduroam entra no Internet Hall of Fame

Publirreportagem

Klaas Wierenga foi distinguido pela Internet Society enquanto “personalidade que contribuiu para o desenvolvimento e melhoria da Internet no Mundo”.

www.fccn.pt

Klaas Wierenga, Chief Community Support Officer da Géant

Foi numa cerimónia na Costa Rica que o inventor da eduroam, Klaas Wierenga, entrou no “Internet Hall of Fame” – uma espécie de quadro de honra da história da Internet. Desta forma, junta-se a nomes como Tim Berners-Lee (inventor da World Wide Web), Linus Torvalds (inventor do Linux) ou Vint Cerf e Jon Postel (inventores da Internet moderna). Há quase 20 anos atrás, enquanto trabalhador da SURFnet (a rede nacional de investigação e ensino holandesa), Klaas imaginou uma solução que permitisse um login único em todas as universidades holandesas. “Estava frustrado com os problemas de acesso online, enquanto viajava pelas universidades do meu país, quando todos trabalhamos juntos”, contou à revista Connect. “Foi então que comecei a olhar para as tecnologias que estavam a surgir e que poderiam resolver esses problemas”, lembra. Como consequência, Klaas Wierenga começou a trabalhar com Paul Dekkers, na construção de um conceito que viria a tornar-se a eduroam.

Dos 6 aos 101 Depois de um programa piloto na Holanda, a tecnologia seria adotada, em

2003, por um grupo formado por seis países pioneiros que incluía Portugal. Hoje, a rede está disponível em 101 países, com um total de autenticações que ultrapassa os 4.3 mil milhões. Presente em instituições de ensino e investigação em todo o Mundo, conta com cerca de 30 mil hotspots à escala global.

Hoje, a rede está disponível em 101 países, com um total de autenticações que ultrapassa os 4.3 mil milhões.

Em 2018, foi lançada uma versão renovada da aplicação da eduroam, que ajuda os utilizadores a encontrar os hotspots eduroam e a acompanhar o crescimento da rede. A aplicação está disponível gratuitamente na App Store e na Google Play.

Zone

Quem faz a gestão da eduroam? Em Portugal, a gestão e acompanhamento da eduroam está a cabo da Unidade de Computação Científica Nacional da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Esta é a entidade fundadora da Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade – a rede nacional de ensino e investigação (internacionalmente conhecidas como NRENs). Esta unidade da FCT é responsável por responder às necessidades da comunidade de estudantes, de ensino e de investigação, prestando outros serviços que poderás conhecer como a b-on (a Biblioteca do Conhecimento Online), o Educast (o portal de gravação, edição e publicação de aulas ou outros conteúdos educativos) ou o Arquivo.pt (o website que permite pesquisar e aceder a páginas web preservadas desde 1996). Para conhecer os projetos que a Unidade de Computação Científica Nacional disponibiliza aos estudantes do Ensino Superior, podes visitar o website fccn.pt.


32 | Forum Estudante | nov’19

/IEFP

O Fórum dos Campeões Campeão #1

Campeão #2

22 anos, Representante portuguesa na competição de Estética

20 anos, representante português na competição de Robótica Móvel

Carla Ribeiro

Novos limites, o mesmo fascínio Assim que pisou o stand número 32 – o espaço que acolheu prova de Estética do Campeonato do Mundo das Profissões – Carla Ribeiro sentiu orgulho. “Pensei: ‘não sabia que tinha capacidade de chegar até aqui’”, conta, antes de acrescentar: “Foi esse o maior desafio, trabalhar até novos limites, sendo que o resultado foi muito gratificante”. A experiência no WorldSkills, sublinha, permitiu-lhe crescer a nível pessoal e profissional, ao “ter acesso a novas realidades”, conhecendo e aprendendo as técnicas utilizadas noutros países. De resto, para Carla, este conhecimento poderá ter sido “um fator diferenciador” para a bolsa de mérito que lhe foi atribuída, em 2019, pela Câmara Municipal de Cascais. Tal

Pedro Pereira como o foi, garante, o curso de aprendizagem realizado no Centro de Formação e Reabilitação Profissional de Alcoitão. “Escolhi esta formação por querer uma via que me garantisse o Ensino Secundário e o acesso rápido ao mercado de trabalho”, conta. Acabaria por começar a trabalhar logo após a conclusão do curso, no hotel

de cinco estrelas em que estagiou. Por essa razão, deixa a garantia: “No curso, encontrei todas as respostas que queria”.

Escolhi esta formação por querer uma via que me garantisse o Ensino Secundário e o acesso rápido ao mercado de trabalho. A escolha do curso deveu-se ao “grande fascínio” que, desde cedo, sentiu pela área da Estética. “Era fantástico ver as diferenças entre o antes e o depois”, recorda. Graças ao curso, a relação com a área evoluiu – descobriu, por exemplo, que a Estética envolve mais do que maquilhagem e que tem também uma dimensão ligada à Saúde e Bem-Estar. O fascínio, contudo, mantém-se inalterado, garante: “Amo esta área e quero fazer isto até ao fim da minha vida”.

Sair da garagem, percorrer o Mundo Para representar Portugal no WorldSkills, Pedro Pereira viajou 5000 quilómetros, de Lisboa até Kazan. Foi já no Campeonato do Mundo das Profissões que surgiu a possibilidade de percorrer uma distância ainda maior, viajando quase 13 mil quilómetros até Pequim, depois do convite da comitiva chinesa aos participantes portugueses da área da robótica. “Estar uma semana em Pequim foi especialmente enriquecedor – a China tem um know-how muito avançado em robótica e senti-me desafiado e com vontade de melhorar”. A ligação a esta área começou no Curso de Aprendizagem de Automação, Eletrónica e Controlo Industrial, no CINEL, em Lisboa. A escolha do curso, explica, foi feita com o objetivo de “poder criar mais rapidamente uma carreira profissional”. “O meu irmão completou o mesmo curso e vi no exemplo dele um percurso que

O meu irmão completou o mesmo curso e vi no exemplo dele um percurso que me agradava. me agradava”, acrescenta. Foi no curso que acabaria por descobrir a sua vocação, muito devido à componente prática das aulas e


www.iefp.pt Em cada edição da Forum Estudante, trazemos-te as histórias de alguns dos membros da seleção portuguesa no WorldSkills – Campeonato do Mundo das Profissões 2019, em Kazan, na Rússia. Fica a conhecer a experiência de quem representou o nosso país.

Campeão #3

Luka Zandarashvili

22 anos, representante português na competição de Robótica Móvel dos estágios: “São formas de ter um contacto com a realidade e acabei por desenvolver o ‘bichinho’ por esta área”. A escolha sempre lhe pareceu acertada, tendo em conta “o bom aproveitamento no curso” e o facto de ter começado imediatamente a trabalhar na área, depois de diplomado. Durante o último ano do curso, surgiu o convite para participar no Campeonato Nacional das Profissões que lhe garantiria o lugar no WorldSkills. “Aceitei porque me agrada o aspeto da competição”, começa por contar, salientando a importância de conhecer o trabalho feito por outros: “Se ficarmos sozinhos na garagem, a programar o nosso robô, não vamos ter acesso ao espectro completo”. Já em Kazan, Pedro conquistou,

Empenho até à oportunidade Foi ainda no aeroporto de Kazan, depois da chegada da comitiva portuguesa do WorldSkills à Rússia, que o participante Luka Zandarashvili teve noção da dimensão da competição. No hall das chegadas, ouviam-se cânticos entoados por algumas das

considerou que “seria vantajoso para encontrar um bom emprego”. Aos poucos, conta, descobriu “o mundo da robótica” e, com ele, tecnologias e aplicações que nunca tinha imaginado. “Percebi também, ao final de algum tempo, que a imagem do Ensino Profissional como uma segunda escolha não é verdadeira. No meu curso, aprendi muito e tive oportunidades que nunca teria tido”, sublinha o estudante. Uma dessas oportunidades foi mes-

Percebi […] que a imagem do Ensino Profissional como uma segunda escolha não é verdadeira. 63 seleções que ali se reuniam. “Foi aí que tive noção da dimensão da prova”, conta o estudante do CINEL.

juntamente com Luka Zandarashvili, o prémio “Best of The Nation” – um galardão que vê como recompensa pelo trabalho e dedicação: “Tanto eu como o Luka trabalhamos durante o dia e estudamos à noite, ocupámos os nossos sábados com a preparação para a competição. A medalha acaba por ser gratificante, tendo em conta todo esse esforço”.

Luka representou Portugal na competição de Robótica Móvel. Uma ligação possibilitada pelo facto de se ter diplomado no Curso de Aprendizagem de Técnico de Eletrónica e Telecomunicações. Até ao momento da escolha do curso, não tinha nenhuma ligação às tecnologias. Contudo, explica, pelo crescimento desta área,

mo a participação no WorldSkills, em Kazan. Para além da dimensão, conta, impressionou “a dedicação de todos os participantes enquanto representavam os seus países”. Acabaria por vencer o Prémio Best of the Nation, em conjunto com Pedro Pereira, um resultado que tem uma explicação simples: “Durante os cinco dias, trabalhámos sempre no máximo”. A robótica continua a ser a área de eleição, para Luka. “Gosto da forma como combina várias disciplinas para a criação de uma peça única”, explica, antes de revelar que ingressou num CET de Robótica, Automação e Comando. “Quero melhorar ainda mais os meus conhecimentos, pensando já também na transição para o Ensino Superior”, conclui.


34 | Forum Estudante | nov’19

/ReDescobrir a Terra

O concurso onde se cultiva o futuro

À medida que a tarde avança, os 14 projetos finalistas vão passando pelo palco do auditório da sede da CAP, em Lisboa: bolachas sustentáveis, temperos naturais, soluções de software e monitorização de colmeias ou cervejas artesanais são apenas alguns exemplos. Em comum, estes projetos criados por estudantes do Ensino Superior procuram apresentar soluções inovadoras para o setor agrícola, no âmbito do desafio “Cultiva o teu Futuro”. Em específico, para a atividade apícola. No final, a vitória sorriu a uma equipa composta por estudantes do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). A proposta distinguida

Decorreu, a 8 de outubro, a final nacional do desafio “Cultiva o teu Futuro” — o concurso de ideias da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que procura estimular a inovação dos estudantes de Ensino Superior em temas relacionados com a atividade agrícola. Na oitava edição, o foco esteve na apicultura.

– “Commel” – consiste numa gama de temperos naturais, criados à base de mel. Os vencedores recebem agora um prémio monetário de 5000 euros.

[...] a Agricultura não é um tema exclusivo das escolas e cursos agrícolas, nem dos agricultores. Diz respeito à sociedade, de forma geral. Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP

Um doce futuro “O mel parece uma coisa simples, mas é um dos grandes enigmas da natureza, que os humanos não conseguem imitar”, explicou o Presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, na receção dos participantes. A escolha deste tema para a oitava edição do concurso “Cultiva o teu Futuro” prende-se com o facto, acrescentou, deste ser um tema com mais Ciência do que muitos imaginam: “Com mel também se faz

negócio, dele também se vive e se é empresário”. Também presente na sessão, o presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves, destacou a atividade apícola como uma oportunidade “com futuro”, classificando os projetos apresentados como sendo “importantíssimos para o setor”. “A FNAP vai abrir portas, para que consigam alcançar os vossos objetivos”, garantiu.


Os estudantes e a inovação Em quase todas as edições passadas, o foco deste concurso de ideias esteve na inovação aplicada a áreas do setor agrícola como Laticínios, Cereais ou Vinícola, por exemplo. O objetivo, salientou Eduardo Oliveira e Sousa, passa por encontrar “alternativas inovadoras às profissões em ambiente rural, florestal e agrícola”. Nesta edição, referente ao ano letivo 2018/2019, registaram-se 793 inscrições, num total de cerca de 500 projetos. No total, estiveram envolvidos quase 2500 alunos, oriundos de mais de 100 instituições de ensino superior.

Os cursos com maior participação, revelou o presidente da CAP, são das áreas de Marketing, das Tecnologias e do Design. Um dado que, para Eduardo Sousa Oliveira, “mostra que a Agricultura não é um tema exclusivo das escolas e cursos agrícolas, nem dos agricultores. Diz respeito à sociedade, de forma geral”. O dirigente da confederação revelou ainda o tema para a edição 2019/2020 do desafio “Cultiva o teu Futuro”: os frutos secos – um tema em “grande expansão” e cujas potencialidades não terminam nos frutos de casca rija, sublinhou Eduardo Sousa e Oliveira. Para saber mais, visita: facebook/ capcultivaoteufuturo

Como resgatar as florestas? A Epidemia de Eucaliptos, o Círculo Vicioso dos Incêndios, os efeitos das Alterações Climáticas e o futuro próximo. Em Portugal em Chamas, João Camargo e Paulo Pimenta de Castro explicam-nos “como resgatar as florestas”. Em 2017, registaram-se os maiores incêndios florestais de sempre em Portugal, com um número impressionante de mortes. De acordo com os autores de Portugal em Chamas, as condições que propiciam a repetição de tragédias com esta magnitude permanecem inalteradas. O círculo vicioso dos incêndios é alimentado pelo abandono de uma parte gigante do território, pela

epidemia de uma espécie invasora altamente inflamável - o eucalipto e por um clima cada vez mais seco e quente. Nas últimas décadas, Portugal liderou sempre a tabela dos países europeus que mais ardem. Como é que as florestas chegaram a este estado? Como podemos criar alternativas para um território sob a ameaça de se tornar deserto? Este livro analisa o Passado, alerta para a repetição de erros no Presente e projeta o Futuro com políticas alternativas que visam garantir a viabilidade do interior do país e das florestas. “O tempo urge”, é a mensagem dos autores.

uma iniciativa

C o fi n a n c i a d o p o r :

parceiros

Escola Profissional Agrícola

Afonso Duarte


36 | Forum Estudante | nov’19

/Capital Jovem da Segurança Rodoviária

Castelo Branco

Por estradas europeias mais seguras

A Comissão Europeia e os estados-membros da União Europeia estabeleceram o objetivo de reduzir em 50% o número de mortes e feridos nas estradas, entre 2020 e 2030. Os trabalhos começam em breve, com o projeto “Intercâmbio sobre Segurança Rodoviária na UE”.

A nível europeu, 2018 registou mais de 25 mil mortes em acidentes de viação. Face a 2010, esta redução é de 21%. Contudo, em comparação com 2017, o número manteve-se praticamente inalterado.

Em 2018, morreram 25 mil pessoas nas estradas europeias. “Embora a segurança rodoviária tenha melhorado consideravelmente nas últimas décadas, o número de mortos e feridos graves nas nossas estradas ainda é demasiado elevado”, sublinha

Promotores

a Comissão Europeia. É nesse sentido que surge a colaboração entre os vários estados-membros da UE. Os trabalhos começam com o Intercâmbio sobre a Segurança Rodoviária (ISR) na União Europeia, durante o qual 12 estados-membros (ver caixa), vão “unir forças e partilhar ideias”, realça a instituição europeia. Estes intercâmbios serão realizados entre peritos nacionais, na procura de partilhar e criar soluções. Alguns temas vão ser prioritários nesta partilha, sendo os principais desafios identificados o excesso de velocidade, a segurança das infraestruturas e a melhoria da segurança de peões e ciclistas. De acordo com a comissária europeia responsável pelos transportes, a eslovena Violeta Bulc, este “intercâmbio de boas práticas” será necessário para “chegar à Visão Zero, ou segurança rodoviária total, até 2050”. Este projeto está a ser gerido por uma organização não-governamental

Apoios

Países aderentes ao ISR: Bulgária, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Lituânia, Holanda, Áustria, Polónia, Portugal, Roménia e Suécia.

especialista em segurança rodoviária – o Conselho Europeu de Segurança dos Transportes. O diretor-executivo desta organização, António Avenoso, explica que o projeto vai “juntar peritos para que estes possam entreajudar-se e descobrir de que forma se podem obter resultados semelhantes nos seus países”. “Estamos ansiosos por ver os resultados”, reforçou.

Media

EDUCAÇÃO


/IACA

Milhares de estudantes celebraram

a causa dos animais Durante o mês de outubro, a IACA levou a cerca de 120 escolas uma reflexão sobre alimentação e a sua relação com a saúde, a nutrição e o bem-estar animal, em duas ações distintas: os Dias Mundiais do Animal (4 de outubro) e da Alimentação (16 de outubro).

algumas das questões colocadas. “Espero que tenham tido um dia diferente”, realçou, no final de uma das visitas, o secretário-geral da IACA, Jaime Piçarra, dirigindo-se aos alunos. “Através deste momento, puderam compreender a importância do bem-estar animal – o bem-estar daqueles que são os nossos melhores amigos”, concluiu. “Enquanto seres humanos, estamos no topo da cadeia alimentar”, destacou o professor José Carlos Gomes, num repleto Auditório da Escola Secundária Passos Manuel que celebrava o Dia Mundial da Alimentação. É por essa razão, acrescentou o também coordenador programa de educação para a saúde desta escola, que “somos o reflexo de tudo o que comemos”. Essa foi a tónica para a dupla ação da IACA (Associação Portuguesa dos Alimentos Compostos para Animais) em 117 escolas portuguesas, durante o mês de outubro. No Dia Mundial do Animal, uma centena de estudantes participou na doação de 12 toneladas de ração para animais domésticos a 10 associações de proteção animal. A ação incluiu um momento de esclarecimento de dúvidas sobre a alimentação dos animais. Que tipos de ração existem, os ingredientes que as compõem e os cuidados a ter na dosagem foram

Através deste momento, puderam compreender a importância do bem-estar animal – o bem-estar daqueles que são os nossos melhores amigos. Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA

Alimentar quem nos alimenta Já no Dia Mundial da Alimentação, a IACA levou a 113 escolas de todo o país uma reflexão sobre “o que comem os animais que nós comemos”, que incluiu a realização de um quiz sobre os passos que são dados por esta indústria para a garantia da melhor saúde, nutrição e bem-estar animal. Estas sessões permi-

tiram ainda aos estudantes conhecer o processo produtivo dos alimentos para animais e os principais ingredientes utilizados. Para Jaime Piçarra, este conhecimento é muito importante, tendo em conta um contexto em que “a relação de muitos jovens com os produtos agrícolas se resume à prateleira de um supermercado”. Por outro lado, esta informação será essencial para tomar decisões informadas no futuro, acrescentou Jaime Piçarra, nomeadamente tendo em conta os desafios globais de sustentabilidade: “Não há um planeta B e teremos de alimentar todos com os recursos existentes”. Para uma das estudantes que participou, Lara Conte, de 14 anos, a ação de hoje teve “especial interesse”. “Quero ser veterinária, no futuro, e penso que o aprendi me vai ajudar”, explica, antes de sublinhar: “gostei de conhecer o que é feito para garantir o bem-estar dos animais”.

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/HorosCópos

o O teu novembro vai ser um cartuch

com emojis de castanha

Para fazer as previsões do mês de São Martinho, lancei as cartas, olhei os astros, esfreguei a bola de cristal e consultei o Google. O resultado é tão animador como um cartucho de castanhas acabadinho de sair do congelador.

Signo do Mês Escorpião (23/10 a 21/11) Em época de magusto, os únicos frutos secos que surgirão na vida dos nativos e nativas de Escorpião, durante este mês, chegarão na forma de granola integral com bagas antioxidantes e amêndoas laminadas. Em específico, um apetitoso saco deste produto surgirá nas suas cabeças, depois de caído da estante mais alta do supermercado. Sagitário (22/11 a 21/12)

Carneiro (21/03 a 20/04)

Os nativos e nativas deste signo adoram ir para esplanadas em novembro, só para poder usar aquelas mantinhas muito fashion sobre os joelhos. Os astros recomendam sugerir-vos o transporte de uma dessas mantinhas na mochila, tendo em conta que o Café Central poderá não possuir esse tipo de apoio ao cliente.

O teu plano de reestruturação espiritual vai no bom caminho: empréstimo de aura positiva a taxas acessíveis, o mercado astral está estável e há sempre o fundo de estabilização mística. Feitas as contas, novembro vai ser espiritualmente sustentável que é como quem diz “para já, está bom”. Falamos em dezembro.

Capricórnio (22/12 a 19/01)

Touro (21/04 a 20/05)

Novembro será um mês marcado pela ausência de proteção superior: Segundo o ascendente de Capricórnio, os nativos e nativas deste signo vão perder uma média de 2,34 guarda-chuvas, durante os 30 dias de novembro.

A “teoria do túnel” de Júlio Cortázar diz-nos que a destruição pode ser uma forma de construção, em específico, que o rompimento com as formas de expressão tradicionais poderão ser a forma de criação pura. Inspirados pelo pensamento cortazariano, os nativos e nativas de Touro vão entregar uma folha de teste rasgada em mil pedacinhos, esperando um 20. Genial? Talvez. Eficaz? Nem por sombras.

Aquário (20/1 a 18/02) Quem não se importa com a chegada da água são os Aquários. Isto não é uma tentativa básica para um trocadilho. É que, segundo as cartas, vai ser numa tarde chuvosa que os nativos deste signo vão encontrar algo que procuravam há já algum tempo: a foto perfeita para o Instagram (retrato em que sorriem olhando um ponto distante + filtro Oslo).

Peixes (19/02 a 20/03) A rotação de Andrómeda sobre o seu próprio eixo não deixa margem para dúvidas. As castanhas do magusto da tua escola vão estar ótimas. Quem não acredita que os movimentos de uma constelação situada a 2 537 000 de anos-luz influenciam a qualidade de um magusto, claramente, não foi ao do ano passado.

Gémeos (21/05 a 20/06) De acordo com um estudo recente, é com 25 anos que se atinge o pico da tomada de decisões corretas. Os nativos e nativas de Gémeos vão levar isto muito a sério e decidir tomar todas as decisões erradas até lá. Cuidado nas passadeiras, por favor.

Caranguejo (21/06 a 22/07) É do conhecimento comum que a celebração do magusto está associada à lenda de São Martinho. De acordo com o mito, num dia de tempestade, um cavaleiro encontrou um mendigo e, nada mais tendo consigo, cortou o

seu manto em dois. Nesse momento, o sol começou a raiar. Serve esta bonita lenda para enquadrar a previsão: os nativos e nativas de Caranguejos serão especialmente generosos este mês, inclusivamente partilhando os apontamentos.

Leão (23/07 a 22/08) Os nativos de Leão vão encontrar uma coisa parecida com amor. Como tantas vezes acontece, nesta secção de perdidos e achados a que chamamos vida, é uma daquelas coisas que quase tomamos como garantida, todos os dias. E que, por vezes, pode ser doce. Outras vezes, pode ser de pato. Os leões vão encontrar arroz. Sortudos.

Virgem (23/8 a 22/9) Estás a ver aquele momento em que um ou uma colega olha fixamente para ti? Apenas para depois focar o seu olhar na tua boca? E, no final, te fazer a pergunta, sem disfarçar a emoção: “Tens pastilhas?”. Pois bem, esse pequeno teatro vai acontecer, em média 3,8 vezes por dia, durante este mês.

Balança (23/9 a 22/10) Desde o verão, os nativos e nativas de Balança são os maiores fãs da série dinamarquesa The Rain e, como tal, juraram solenemente nunca mais apanhar chuva na vida. Novembro vai colocar os primeiros desafios sérios a esta promessa, não só pelo aumento da precipitação, mas também pelo facto de a expressão “passar pelos pingos da chuva” não passar mesmo de uma expressão.




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