REVISTA FMVG | N.º 34 ABR-JUN 2023 | CULTURA ALGARVE

Page 6

BoersdeAngola,1957é a exposição itinerante que se mostrará no átrio da FLUL, onde Manuel Viegas Guerreiro foi professor catedrático. p.22

RAIZ

Seaoladodabiblioteca houverumjardim, nadafaltará.

Cícero (106 a.C. – 43 a.C)

Bochimanes!KhũdeAngola merece ensaio de Vítor Oliveira Jorge. A obra resulta da tese de doutoramento de Manuel Viegas Guerreiro. p.6-11

Inauguração do Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro rende separata com distribuição gratuita nesta edição de Raiz . OFERTA

REVISTA FMVG | N.º 34 | ABR - JUN 2023

CONTEÚDOS

EDITORIAL

UMA MENSAGEM NO DIA DO SOL

Manuel Gomes Guerreiro

VIAGENS PELA OBRA DE MANUEL VIEGAS GUERREIRO

Bochimanes!khũdeAngola.EstudoEtnográfico

Vítor Oliveira Jorge

POSTAIS DO ALGARVE

BRINCAR COM AS PALAVRAS E A ESCULTURA

Francisco José

DIÁRIO DE CAMPO

ESCAPARATE

RAIZ | N.º 34 | 2023

Os textos são da responsabilidade dos/as seus/suas autores/as e o uso do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é, por isso, uma opção dos/as mesmos/as.

EDITORIAL MENSAGEM AO SOL

Abrimos sob os signos do Sol e da Vegetação. O segundo trimestre de Raizchega com a oferta da separata dedicada ao Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro, inaugurado no dia 10 de Março. A Fundação presta assim tributo ao investigador e filho de Querença, musealizando na paisagem os valores e princípios pelos quais lutou. Outros temas se folheiam, desde logo mais um ensaio do caderno ViagenspelaObradeManuelViegas Guerreiro , da autoria de Vítor Oliveira Jorge. Segundo o investigador e professor catedrático (aposentado) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, BochimaneskhũdeAngola.EstudoEtnográficoconstitui um dos melhores trabalhos de antropologia da fase colonial portuguesa e colmata uma lacuna na existência de estudos desta natureza. A monografia resulta da tese de doutoramento de Viegas Guerreiro, do seu génio, dos sete meses de campanha em África, ao longo de seis anos, e de pouco mais de dois meses com os bosquímanos , nas contas que o Professor apresenta no prefácio. Segundo Vítor Oliveira Jorge, Viegas Guerreiro era «um homem animado pelo amor do conhecimento da diversidade humana, com aquela empatia pelo radicalmente diferente que sabemos não ser infelizmente atitude generalizada.»

A obra em apreço recebeu o Prémio Ocidente, em 1973. Das Viagensaos PostaisdoAlgarve , do Cadernode Campoda Fundação ao Escaparate, percorra os meses de Abril, Maio e Junho vividos e sentidos por aqui. Todos eles iluminados por Rá, ou pela estrela-maior, o Sol. A propósito deste, seguimos à letra as palavras de Manuel Gomes Guerreiro. Preambulando: na Coreia do Norte, o Dia do Sol é celebrado a 15 de Abril, com feriado nacional e festejos a fazer lembrar a abertura dos Jogos Olímpicos. Mas a data de homenagem ao astro-rei, ditada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente numa iniciativa com a NASA, é a de 3 de Maio. A partir de 2019, a ONU calendariza o Dia Internacional do Sol na data do solstício, a 21 de Junho. No trimestre a que respeita esta edição, relemos as palavras do engenheiro silvicultor, investigador, cidadão activo nas questões da salvaguarda dos recursos naturais

e precursor da ecologia em Portugal como ciência. Releva-se, de forma singela, a importância do Sol através do pensamento aturado de Manuel Gomes Guerreiro que hoje reconhecemos em vários outros pensadores, nos alertas sobre o risco da abundância e uso pouco reflectido da tecnologia. Desde logo, em René Dubos, citado pelo Professor na comunicação proferida na Universidade Nova de Lisboa em 1979, que se republica à frente. Precisamente: UmamensagemnodiadoSol. Também Noam Chomsky se referiu recentemente à Inteligência Artificial (IA) e ao ChatGPT. Ao jornal Público , o filósofo sublinha: «A ideia de que podemos aprender alguma coisa com este tipo de IA é um erro. Elas criam uma atmosfera onde a explicação e a compreensão não têm qualquer valor. O que se faz é tentar simular um ataque profundo à natureza não só da ciência, mas também da investigação racional no seu conjunto.» E acrescenta: «É como estudar uma colónia de formigas para perceber como operam. Para isso, é preciso ciência, não simulação.»

Sonia Guajajara, líder da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, tem fixado com assertividade as suas convicções em várias plataformas. Exemplo disso, em 2017, no portal BelieveEarth: «Para nós, a civilização é o comportamento que temos em relação à terra. Para o não-índio é o desenvolvimento, o progresso. É uma inversão de entendimentos. Para mim, nós somos o povo mais civilizado que existe.» Em 2021, o livro Ofuturo começaagora.Dapandemiaàutopia, de Boaventura Sousa Santos, somava a estas, outras palavras de Sonia Guajajara: «Os povos indígenas são uma barreira contra o caos na forma como actuam para preservar a vida. A deles, a nossa, a do planeta.»

Entrevistado pelo jornal Expresso , o filósofo, ambientalista e também líder indígena Ailton Krenak, autor de Ideiasparaadiarofimdomundo(2019), despede-se desta forma dos jornalistas e do Sol: «Te mum tepó itxá, kren nabã tepó erehé» / «Oh Sol, você já tá indo? Eu abaixo a minha cabeça para você.»

Oiçamos então a mensagem de Gomes Guerreiro, ao Sol.

| P. 3
Marinela Malveiro

DIA INTERNACIONAL DO SOL MANUEL GOMES GUERREIRO

OSol,aTerraeoHomememsociedade

Épor todos nós conhecido que a vida na camada do globo terrestre que constitui a biosfera é devida ao funcionamento do sistema Sol-Vegetação.

O Sol fornece energia radiante. Sem ele não seria possível a existência de tudo o que tem vida ou movimento na biosfera.

Por seu lado, a Vegetação capta, transforma, armazena e transfere essa energia do Sol sob a forma de hidratos de carbono, para o grupo dos seres heterotróficos a que o Homem pertence. Colabora também na formação da camada superior da litosfera, a que chamamos solo, e que tem entre outras, a característica de captar e armazenar, por algum tempo, a água da chuva, tornando-se assim utilizável pelas comunidades.

Bastavam estes dois factos qualitativos para realçar a importância que têm o Sol, primeiro, e a Vegetação, depois, na existência e manutenção da vida à superfície da Terra.

O problema quantitativo só apareceu mais tarde quando o Homem, ultrapassado o período Neolítico, iniciou a civilização tecnológica do conforto, do desperdício, do consumo, do crescimento e do lucro. Começou por essa altura a luta pela obtenção do máximo bem-estar material e requinte no uso dos recursos naturais. As sociedades passaram a viver

atraídas por riquezas em excesso, embora nunca sintam saciados os seus ilimitados apetites. De resto, tudo isto foi e é artificialmente incitado por uma minoria sem peias nem preconceitos que tanto mais lucra quanto maior é o consumo, o desperdício e a dissipação.

Compreende-se assim que o Sol tenha sido e seja ainda deificado pelo Homem e que a árvore, símbolo da vegetação, seja igualmente homenageada e defendida ao ponto de um dos primeiros reis portugueses ter decretado que quem abatesse um pinheiro deveria ser enforcado.

(…)

Felizmente que o Sol, lá longe, não é acessível ao Homem, Quando não, como tudo, seria por ele privatizado e transaccionado. Baseemos pois no Sol inatingível, mas sempre presente e invariante, a política dos recursos e a filosofia da nossa vida que ele nos garantirá a eternidade.

O Sol aí está a oferecer-se generosamente para que nos salvemos como homens e nos purifiquemos como cidadãos. Mas para isso é preciso que o saibamos ser.

[Sobre a evolução humana]

(…) Como se sabe a evolução da humanidade faz-se por três vias: a genética, a ecológica e a cultural. A ecológica é a mais antiga; a genética a mais profunda; e a cultural,

RAIZ | N.º 34
Manuel Gomes Guerreiro no seminário sobre extensão rural, na Universidade de Évora, 1974 Espólio © Manuel Gomes Guerreiro

embora mais superficial e mais recente, é a que mais tem vindo a alargar-se nos últimos anos, devido aos cuidados de educação que a sociedade dedica à criança num período de vida que se tem alongado. Mas o Homem quer ir mais longe, na ânsia de em tudo interferir e tudo comandar. Perante a dificuldade de modificar capazmente os factores ecológicos ou externos e de impor aos jovens a sua verdade, procura levar a sua intervenção aos factores internos ou genéticos. Esta intervenção criminosa e padronizante não só está em curso como parece ser bem aceite pela maioria que não repara no perigo e nas consequências altamente nefastas de sermos nós

a desenhar o nosso destino biológico. Dubos afirmou um dia que o maior perigo por que a humanidade passa não é o desaparecimento do Homem, mas sim o da sua transformação num ser cujas características deixem de ser humanas.

Na verdade, só a informação acumulada no tempo e que é responsável pela variedade, pelo acaso, e simultaneamente pela estabilidade, pode decidir o nosso futuro. A produção em série é a negação da própria vida.

Logótipo da secretaria de Estado do Ambiente, concebido por Tóssan, por encomenda de Gomes Guerreiro. Este traduz a perspectiva holística que o académico entendia para a política do Ambiente em Portugal.

| P. 5
Manuel Gomes Guerreiro Évora, 23 de Junho de 1979 Oração de sapiência que Gomes Guerreiro proferiu na abertura do ano lectivo 1969-1970 na Universidade de Luanda

VIAGENS PELA OBRA DE MANUEL VIEGAS GUERREIRO

BOCHIMANES !KHŨ DE ANGOLA ESTUDO ETNOGRÁFICO1

POR VÍTOR OLIVEIRA JORGE

Esta obra – um trabalho sério de etnografia, porém realizado em condições precárias - data já de uma época algo longínqua, em que a realidade africana era muito diferente da atual, em particular em termos políticos (por exemplo, Angola era ainda, anacronicamente, uma colónia portuguesa2; na África do Sul reinava então o estranho e indigno sistema do apartheid , etc.), mas também houve desde essa altura uma expectável modificação do contexto e das condições de vida dos povos recolectores-caçadores e dos povos pastores tradicionais do sul do continente, pertencentes no seu conjunto a um “mundo” bem diferente dos agricultores-pastores-metalurgistas ligados às línguas bantas e ao aspeto físico, de cor de pele negra, que tanto os distinguem, como é bem sabido, dos anteriores. Esse mundo, considerado pré-banto, é geralmente designado Khoïsan , para englobar todos os povos que utilizam na sua linguagem os famosos cliques ao pronunciarem as consoantes. Porém, essa é uma denominação externa a tais povos, uma vez que desde logo temos de aí distinguir dois grupos completamente diferentes (mesmo nas suas línguas), os Khoïkhoïou Khoï , dedicados à pastorícia, e os San , recolectores-caçadores. Os Khoïkhoïautodenominam-se assim (a sua designação é na verdade um pleonasmo,

para enfatizar a ideia de homem, acabando por significar “homens dos homens”) com o fito de se diferenciarem a si próprios dos San, ou Sankhoï , como os designam.

O nome genérico Khoïsanfoi atribuído a estes povos com “linguagem de cliques” – encarada de início como uma espécie de gaguejopelos primeiros colonos europeus, nomeadamente holandeses (e alemães, franceses, ingleses, etc.), os africâneres, ou bóeres, como se lhes chamava antigamente.

É dessa noção de gaguejo que também deriva a designação pejorativa de Hotentotes por que tais povos eram conhecidos.

O livro aqui em causa, resultante da tese de doutoramento defendida na FLUL por Manuel Viegas Guerreiro, é sobre os Sande Angola; os Sansão considerados como um povo autóctone, o mais antigo não só da África austral, como de toda a África, senão mesmo como uma “relíquia” da pré-história da humanidade. Não admira, assim, que este “povo” tenha desde há muito suscitado grande curiosidade por parte de estranhos, nomeadamente etnólogos, visitantes, etc. Bosquímanos(ou Bochimanes) é uma palavra hoje considerada pejorativa, derivada da designação de Bushman , “homem do mato”, que foi utilizada pelos colonizadores. Representariam a forma mais elementar de vida humana, uma vez que não “produziam” nada: apenas viviam num ambiente difícil,

F P RAIZ | N.º 34
1 A propósito do livro Bochimanes!khūdeAngola.EstudoEtnográfico , de Manuel Viegas Guerreiro, Lisboa, Instituto de Investigação Científica de Angola/Junta de Investigações do Ultramar, 1968: brevíssima nótula. 2 Sobre a conturbada história de Angola v, por exemplo a obra de Mariana Candido referida na bibliografia.

desértico ou muito árido, com base num conhecimento profundo desse ambiente, permitindo-lhes recolher (e subsidiariamente caçar) tudo o que é essencial à manutenção da vida humana.

Como é sabido, a noção de “selvagem” ou de “primitivo” está hoje totalmente banida da nossa linguagem, a par de qualquer “sintoma” de racismo ou de xenofobia, aliás ausentes da obra de Guerreiro, um homem animado pelo amor do conhecimento da diversidade humana, com aquela empatia pelo radicalmente diferente que sabemos não ser infelizmente atitude generalizada.

Quer a antropologia quer a arqueologia nos ensinam que o Homosapiensé, desde há milénios em que se expandiu para todo o globo, uma espécie altamente sofisticada, capaz de se adaptar a todos os ambientes, por mais extremos que sejam. E a própria noção de “civilização” é muito relativa, desde logo porque sabemos a complexidade do conhecimento prático que pressupõe a vivência em meios-ambientes extremos, sejam eles extremos pela aridez, pela humidade (florestas equatoriais com os seus Pigmeus, em África) ou pelo frio, como no extremo norte da Eurásia ou da América. Por outro lado, se a vivência nestes ambientes, como é o caso dos San , resulta da necessidade de conservarem uma certa independência relativamente a comunidades tecnicamente mais apetrechadas, as quais muitas vezes os foram empurrando para essas “periferias”, também é certo que sabemos que a cooperação, o comportamento “altruísta”,

VÍTOR OLIVEIRA JORGE nasceu em Lisboa em janeiro de 1948. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras de Lisboa em 1972, com uma tese sobre Paleolítico Inferior e Médio do Sul de Portugal. Foi assistente da Universidade de Luanda (Cursos de Letras) entre 1973 e 1974. Neste último ano ingressou na Universidade do Porto, Faculdade de Letras, onde se doutorou em Pré-história e Arqueologia em 1982 e onde prestou provas públicas de agregação em 1989, sendo catedrático desde 1990. Foi Presidente do Conselho Diretivo da FLUP em 1994/95. Desde 1997, ano da sua criação, integrou o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da FLUP. Em 2001 foi distinguido pela Presidência da República com a Medalha de Grande Oficial da Ordem do Mérito. Dirigente associativo, poeta publicado, ativista em defesa do património, aposentou-se da FLUP em junho de 2011, sendo desde 2015 investigador integrado do IHC-FCSH-UNL. Preside à direção da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, Porto.

| P. 7

a partilha, tendem a ser mais frequentes nas sociedades menos socialmente hierarquizadas Não se trata de ressuscitar aqui nenhum mito de “pureza das origens”, mas antes de fazer fé naquele provérbio inglês tão conhecido: “a friend in need is a friend indeed.”

A prática da agricultura e da criação de animais domésticos (que alguns San , por aculturação, vão realizando em pequena escala para melhor fazer face a momentos mais difíceis) traz consigo a apropriação privada da terra, um bem inalienável, comum, para muitos caçadores-recolectores, a maior parte deles hoje confinados a “reservas” onde não podem de facto subsistir como seres portadores de uma experiência vivencial própria, que no caso dos Sanenvolve, como em todos os seres humanos, representações, uma tradição artística (plasmada nas obras plásticas deixadas nas rochas pelos seus antepassados), música, danças, narrativas, etc.

tudo o que é próprio do universo simbólico a que se convencionou chamar cultura. O curso da história mudou muito nas últimas décadas, tanto do nosso ponto de vista ocidental, como do ponto de vista das populações locais. Essas condições de vida “tradicionais”, no mundo contemporâneo, são precárias, e tendem a desaparecer numa sociedade capitalista neoliberal globalizada. Por isso voltar a este livro tem algo de

3 Basta para tal consultar o excelente e atualizado resumo que vem na Wikipedia, em “San People”: https://en.wikipedia.org/wiki/San_people; também existem, na versão francesa da mesma Wikipédia, pequenas introduções esclarecedoras sobre o termo Khoïsan , e sobre os povos Khoïkhoe San

nostálgico, mas também de um pouco doloroso: confrontamo-nos ao lê-lo (nas linhas e nas entrelinhas) com uma realidade que, como europeus, nos causa fascínio, foi observada com atenção e delicadeza por Manuel Viegas Guerreiro, mas está em transformação total: tem tido nas últimas décadas uma atenção inusitada3, mas é evidentemente a atenção prestada, até certo ponto, a um resíduo, a uma realidade moribunda, ou a uma “peça de museu” - passe um certo exagero da metáfora...

Não tive a oportunidade de privar com o autor4 , mas li este seu livro sobre os Bosquímanos, no quadro do meu interesse por tudo quanto dissesse respeito às sociedades de caçadores-recolectores (e mais genericamente pré-estatais) e do estudo da antropologia cultural

4 Durante a minha frequência do curso de História na FLUL (1965-1972, incluindo tese final) foi a certa altura retirada pelo Ministério da Educação, do curriculum do curso, a cadeira de Etnologia, que tencionava frequentar como 3.ª opção (restaram apenas duas de Geografia, que tirei), e que, salvo erro, era então da responsabilidade de Manuel Viegas

CML
RAIZ | N.º 34
Imagem captada em slide por Manuel Viegas Guerreiro publicada na obra analisada. Legenda de MVG: Pinturarupestrede Bochímanes(CathedralPeak,Drakensberg), África Austral

Detalhe do mapa do sul de Angola que indica os lugares onde Manuel Viegas Guerreiro encontrou grupos bochimanes Autor do mapa: Humberto Avelar

como complemento indispensável da pré-história a que me dediquei. Particularmente enquanto estudante da Faculdade de Letras de Lisboa, onde fui aluno de Orlando Ribeiro5 –um dos mentores de M. V. Guerreiro, juntamente com Jorge Dias – preparando

Guerreiro. No tempo em que fui assistente da Universidade de Luanda, Cursos de Letras (Lubango, antiga cidade de Sá da Bandeira – 1973-1974) tive a oportunidade de ver e ouvir alguns “bosquímanos” numa “tasca” de deserto, lá bem no sul, onde aliás me foi comentado que o dono do estabelecimento, português branco, lhes costumava vender “vinho

uma tese de licenciatura sobre as mais rudimentares técnicas de talhe da pedra que a humanidade conheceu; ora, os bosquímanos, ou San , apresentavam-se-me já então, estudante a dar os primeiros passos, como uma sobrevivência das mais antigas formas

a martelo” (bebida alcoólica adulterada), procedimento habitual. 5 Interessante o texto-resenha que este autor consagra ao livro, em 1970 (v. bibliografia); a sua leitura, excelente síntese, para a qual remeto o/a leitor/a, dispensa-me aqui de resumir o conteúdo desta obra de MVG.

| P. 9

«

Arealidadequedescreve–atendendoàprópriadinâmica internadaspopulações,quesó nas«fotografias»comqueas ilustramosnosparecemestáticas, foradahistória,quandoafinal estãolongedeseremsimples “relíquias”paradasnotempo –tornaestetipodetrabalhos sempreurgente,necessário, precioso.Umpatrimónio dahumanidade,afinal.

de subsistência dessa humanidade. Nós, modernos, somos ávidos de passado, e particularmente de um tão longínquo, na nossa imaginação conservado em vestígios vivos ou objetais, que nos permita chegar às “origens”, perceber o “mítico começo” das coisas e dos homens e, como tal, o fundamento e razão da nossa própria existência. É isso que perseguem a antropologia cultural e a pré-história, entre outras, na sua roupagem e instrumentação de práticas científicas voltadas para o entendimento da verdade do absolutamente diferente, mas sempre com o desejo, ou pulsão, de estabelecer uma ponte entre nós, civilizados e em “mal-estar” (como Freud disse) e os “primitivos”, como dantes se dizia, os quais, no entender de Marshall Sahlins6

em 1972, seriam a verdadeira “sociedade da abundância”. Porque, argumentou o grande antropólogo norte-americano na sua obra hoje clássica, a “abundância” ou a “escassez” têm de se ver numa perspetiva relacional, numa articulação entre o que se deseja e o que se obtém. Ora, se nas sociedades da “Idade da Pedra” se desejava o pouco que se obtinha, nas nossas, permanentemente abundantes em novos objetos de desejo, nunca estamos satisfeitos com o que temos: de modo que somos nós quem, verdadeiramente, conhece a escassez. Claro que esta visão corre o risco de “edulcorar” fortemente o viver das mulheres e dos homens da pré-história, e dos seus supostos “sobreviventes primitivos” de hoje, que observamos com interesse e nostalgia. Por isso o geógrafo O. Ribeiro termina a sua resenha do livro em análise escrevendo sobre os bosquímanos estudados por M. V.

Guerreiro: “Um povo que dificilmente poderá manter a sua poderosa individualidade quando, retirado do seu habitatinóspito, as condições de vida material se possam melhorar transformando-se profundamente. Está a ponto de perder-se uma das derradeiras relíquias da vida do Paleolítico superior. Por isso o seu estudo era urgente, e o geógrafo lerá com proveito esta cativante monografia.” (Ribeiro, 1970, p. 138). Note-se apesar de tudo o otimismo deste último autor, ao aludir a uma “melhoria”

RAIZ | N.º 34
6 Cf. Sahlins, bibliografia.

das “condições de vida material”... quando, na verdade, o que temos, também aqui, é a inevitável extinção de formas de vida, de culturas se quisermos, e sua transmutação em realidades melhor ou pior integradas como exotismos na nossa própria mundividência globalizada de “ocidentais”. Era inevitável: fomos nós que inventámos a antropologia e a noção, agora já em desuso, de “povos primitivos”, e somos nós que de certo modo precisamos deles para completar o quadro das diferenças e semelhanças inerente à nossa racionalidade moderna: uma taxonomia que tem “horror ao vácuo”. Vindo da tradição de Leite de Vasconcelos, Orlando Ribeiro, Jorge Dias, Manuel Viegas Guerreiro, cuja memória é hoje felizmente perpetuada também pela Fundação que tem o seu nome, dá-nos no seu trabalho de tese sobre os “Bochimanes” de Angola uma monografia

que é dos melhores trabalhos de antropologia da fase colonial portuguesa, abordando com atenção e compreensão praticamente todos os aspetos que uma primeira abordagem a estas populações exige. Não abundam infelizmente os estudos assim, datados dessa época. Colmata pois uma lacuna importante, tanto mais que a realidade que descreve - atendendo à própria dinâmica interna das populações, que só nas “fotografias” com que as ilustramos nos parecem estáticas, fora da história, quando afinal estão longe de serem simples “relíquias” paradas no tempo - torna este tipo de trabalhos sempre urgente, necessário, precioso. Um património da humanidade, afinal. Por isso também me cumpre agradecer à Fundação ter-me pedido este breve depoimento, ocasião de revisitar com gosto e proveito uma obra que marca uma data da antropologia portuguesa.

A bibliografia sobre o tema abordado por MVG e suas conexões é, neste momento, e como é sabido, numerosíssima. Restrinjo-me, pois, a algumas referências.

- Barnard, Alan (2007), AnthropologyandtheBushman , Oxford & Nova Iorque, Berg.

- Candido, Mariana P. (2022), Wealth,Land,andPropertyinAngola:AHistoryofDispossession,Slavery,andInequality , Cambridge University Press.

- Estermann, Carlos (1956-1957-1961), EtnografiadoSudoestedeAngola , 3 vols., Lisboa, Junta de investigações do Ultramar.

- Guerreiro, Manuel Viegas (1968), Bochimanes!khūdeAngola.EstudoEtnográfico , Lisboa, Instituto de Investigação Científica de Angola/Junta de Investigações do Ultramar.

- Kondja, José Evaristo (2022), ProduçãodeSegmentosConsonânticosdoPortuguêsporFalantesNativosdo!khun(Khoisan),LínguaAngolana, dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem, Braga, Universidade do Minho. Link: https://repositorium.sdum.uminho.pt/ bitstream/1822/79672/1/Jose%20Evaristo%20Kondja.pdf

- Ribeiro, Orlando (1970), BochimanesdeAngola:M.ViegasGuerreiro , Finisterra , vol. 5, nº 9, pp. 130-138.

- Sahlins, Marshall (2017 – 3ª ed.; outras de 1972 e 2003), StoneAgeEconomics , Oxon & Nova Iorque, Routledge Classics.

- Smith, Andrew (2022), FirstPeople:theLostHistoryoftheKoisan , Cidade do Cabo, Joanesburgo, Londres, Jonathan Ball Publishers.

| P. 11

«

POSTAIS DO ALGARVE

DUAS HORTAS (ESTOI)

Havia a horta havia um limoeiro ao fundo alfarrobeiras à frente as oliveiras, no muro uma passagem depois de atravessarmos a estrada

Na horta atrás da casa laranjeiras figueiras e uma romãzeira junto à nora

Às vezes vagarosa a mula com antolhos rodava toda a tarde fazendo os alcatruzes despejar incessantemente águas

GASTÃO CRUZ

« SOUVENIR DE OLHÃO

Eh! menina do quiosque, dê-me aí uma lembrança que eu vou a sair de Olhão Não quero cestos de empreita nem sardinhas enlatadas nem cinzeiros-chaminés. Postais ilustrados, não. Talvez... tem algum inédito do poeta João Lúcio? Ou antes... dê-me depressa um cubo de cal, um punhado de sal e aquela espada de luz!

LEONEL NEVES

[PALÁCIO DE ESTOI]

Paira o silêncio no corredor onde cada árvore oculta o rasto dos primeiros habitantes.

FERNANDO CABRITA

RAIZ | N.º 34
«

« [As açoteias] embrincam-se, acasalam-se, desarticulam-se, anuladas pela brancura e pela miragem das leis da perspectiva e do volume. São milhares de cubos em equilíbrio instável, paradoxal, absurdo, como cantarias duma Babel juncando um campo raso.

RAÚL PROENÇA

«

É que a soteia é o seu encanto: sítio esplêndido para respirar, eira para a alfarroba e o figo, e quarto para dormir no Verão sob um pedaço de vela.

RAUL BRANDÃO

« Ó vila de Olhão

Da Restauração

Madrinha do povo Madrasta é que não Com papas e bolos

Engana o burlão Os que de lá são

E os que p’ra lá vão E os que p’ra lá vão E os que p’ra lá vão

Ó flor da trapeira Ó rosa em botão

Tuas cantaneiras

Bem bonitas são

Larga ó pescador O que tens na mão Que o peixe que levas É do teu patrão É do teu patrão É do teu patrão

Limpa o teu suor

No camisolão

Que o peixe que levas É do cais de Olhão

Vem o mandarim

Vem o capitão

Paga o pagador

Não paga o ladrão

Não paga o ladrão Não paga o ladrão

Ó vila de Olhão

Da Restauração Madrinha do povo Madrasta é que não

Quem te pôs assim Mar feito num cão Foi o tubarão

Foi o tubarão

Foi o tubarão

Mulher empregada

Diz o povo vão Que aquela empreitada Não dá nada não

Ó vila de Olhão

Da Restauração Madrinha do povo Madrasta é que não Madrasta é que não Madrasta é que não

Ó pata descalça

Deixa-me da mão Que os da tua raça Já não pedem pão

Passa mais um dia Todos lembrarão

CASIMIRO DE BRITO

Passa mais de um ano Já não pedem pão

Ó vila de Olhão

Da Restauração Madrinha do povo Madrasta é que não JOSÉ AFONSO

«
Quando fui menino dormíamos durante o Verão no terraço da casa.
| P. 13

Da

Abro a janela sobre as açoteias. A luz é uma indolência universal, despida.

Nos tépidos lençóis de cal varrida Acordam estremunhadas Do mesmo sono

Sombras pacificadas No total abandono Que volúpia pedia.

« De uma brancura lavada do sol, amaciadas de sombras claras, dispostas, desde esta torre até ao mar, em diferentes tamanhos, as casas das açoteias, lineares, nítidas, como cubos de cal, floridas de delicadas, alvas chaminés...

MANUEL DA FONSECA

« « POSTAIS DO ALGARVE RAIZ | N.º 34
O céu aproxima-se de mim.
soteia chego às estrelas com a mão.

METAMORFOSE EM AGOSTO

O verão que subiu às açoteias do litoral como o grito dos amantes que incendiou a tarde e atravessou a terra com um calafrio de nortada, transformou-se no carreiro de formigas que se perderam da sua cova. Sigo-as num caos de vagabundagem, como se elas me levassem ao encontro de uma recordação de madrugadas de ócio, ouvindo a voz que ficou da insónia emergir de uma dobra de lençóis, com as sílabas exaustas de um imenso abraço.

NUNO JÚDICE

POSTAIS DO ALGARVE é uma rubrica criada em 2020, quando o país e o mundo se viram mergulhados na pandemia da covid-19. Numa altura em que as casas de cultura se encontravam encerradas ao público, a FMVG iniciou o levantamento e a publicação regular de descrições da região, do litoral à serra, de barlavento a sotavento, através das palavras de mais de 120 autores/as. Todos/as se encontram reunidos/ as no CentrodeEstudosAlgarvios LuísGuerreiro , alojado na Fundação.

UMA RUA DE OLHÃO

Uma mulher espreitando num postigo; um carro velho abandonado um cão vadio na esquina, uma linha de sombra casas, açoteias e mirantes, calor e estagnação deste Sul luminoso e inóspito.

ANTÓNIO JOSÉ VENTURA

Nesta itinerância pelas imagens escritas sobre o Algarve, convidamos a fazer uma breve paragem em Olhão para mirar o que se escreveu sobre a vila, depois cidade, e suas açoteias. As descrições de lugares ou do pensamento dos poetas que aqui nasceram apresentam-se em versão excerto.

Não deixe de as ler na íntegra, nos livros que Querença acolhe. PostaisdoAlgarveé só um aperitivo para algo mais enriquecedor.

«
« | P. 15

Brincar com as pa avras

RAIZ | N.º 34
MM

… e a escul ura

| P. 17

Uma das imagens do videoclipe Raizcom banda sonora original, produzido em 2019 pela FMVG, para a inauguração do Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro. Foi concebido a partir da ideia de eco-música, a que se acrescentaram as palavras-chave que alimentam os princípios da sustentabilidade e da protecção da vida terrestre. À data, o Jardim ainda apresentava uma face algo desértica, com plantas recentemente plantadas. No videoclipe, manifesta-se a flora mediterrânica em todo o seu esplendor, pontuada pelas monumentais formações geológicas calcárias do Jurássico Superior, típicas do barrocal algarvio.

Helena Madeira foi filmada no Penedo dos Frades, Loulé, por Fábio Mestrinho. Veja aqui o videoclipe: https://www.fundacao-mvg.pt/ecobotanico/

CONTAM-SE MOURAS EM QUERENÇA OVERDE NAS ESCOLAS DO INTERIOR

Querença visitada por mouras encantadas. O 11.º UA da Escola Secundária de Loulé esteve por cá a contar lendas de Querença às/aos alunas/os da escola da aldeia. As professoras Ana Rita, Marta e Virgínia trouxeram uma encenação que tem o cunho das/os alunas/os com um extra: um atelierpara o pré-escolar. O Museu Municipal também se juntou às tradições.

Thomas Panagopoulos, professor de arquitectura paisagística na Univ. do Alg. levou o valor do verdeno nosso dia-a-dia a escolas de Querença, Tôr e Alte, numa iniciativa de ValorizaçãoeAproveitamentodaFloresta Mediterrânica- ocasodoconcelhodeLoulé.O programa é gerido pela FMVG e co-financiado pela Câmara Municipal de Loulé, numa parceria científica com a UAlg.

Dia Mundial da Poesia celebrado à mesa do café com Eugénio de Andrade, no ano do seu centenário de nascimento, numa acção conjunta da Rede de Bibliotecas do Concelho de Loulé, que a FMVG integra. Os poemas de Eugénio de Andrade, seleccionados e ditos pelos/as alunos/as, subiram à nuvem e escutam-se por quem os descarrega através de códigos QR colocados nas

superfícies das mesas de espaços públicos de Loulé e de Almancil.

Procuro-te,Eu...génio!dá título à iniciativa colaborativa das bibliotecas, que também inclui a exposição itinerante intitulada AsmãoseosFrutos , realizada pela Câmara Municipal de Loulé junto da comunidade escolar de Querença.

MM
DIA MUNDIAL DA POESIA COM EUGÉNIO DE ANDRADE À MESA DO CAFÉ
RAIZ | N.º 34
DIÁRIO DE CAMPO MM MM MM MM

CENTENAS DE PESSOAS DE TODAS AS IDADES

Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro recebe pico de visitas no mês da sua inauguração oficial. Ecoam vários idiomas pelos zêsque se inscrevem na encosta sul de Querença: português, mas também francês, inglês, holandês, dinamarquês, finlandês. Universalizam-se os objectivos do projecto, na versão visita espontânea ou organizada junto da Fundação.

CANTO LIVRE NA FUNDAÇÃO

PelaSantaLiberdadedá nome ao ciclo de sessões de Afonso Dias pelas freguesias do interior de Loulé. O cantautor evoca, em Abril, Zeca Afonso, Manuel Alegre, Sophia de Melo Breyner Andresen, José Mário Branco, Natália Correia, Francisco Fanhais, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, Fernando Lopes Graça, Ary dos Santos, Jorge de Sena, entre outras vozes de Abril.

A cerimónia de 13 de Maio contou com a presença da Fundação. Foi apresentada a conferência MVG:O conhecimentodoetnógrafoedasuaobra,por Luísa Martins, investigadora de História Regional e Local e da Biblioteca-MuseuManuelViegasGuerreiro

MM
Sessão de cinema ao ar livre na FMVG
O PEB
MGG MM
VISITAM
-
Fique a saber mais sobre a inauguração pelo general
MM
| P. 21 NÚCLEO MVG VÊ A LUZ DO DIA

ANTROPOLOGIA DO ESPANTO DÁ-SE A CONHECER NO DIA DA CRIANÇA

Um jogo de chão com três por quatro metros é ex-libris de AntropologiadoEspanto , o mais recente projecto da FMVG, criado e desenvolvido em parceria com a Câmara Municipal de Loulé, a assoc. Ao Luar Teatro - ideias culturais, a União de Freguesias Querença, Tôr e Benafim e o agrupamento de escolas Pde João Coelho Cabanita, EB1/ JI de Querença. AntropologiadoEspantoresulta na criação de jogos, por e para crianças, em linha com Manuel Viegas Guerreiro. Em paralelo, as crianças de Querença entrevistam pessoas da aldeia que

conheceram o antropólogo. AntropologiadoEspanto integra a I Bienal Cultura e Educação, Retrovisor- Uma HistóriadoFuturo , do Plano Nacional das Artes. O siteda Bienal, que reúne iniciativas junto da infância e juventude que cruzem cultura, educação e arte foi apresentado a 23 de Março no Centro Cultural de Belém, Lisboa, com a presença dos ministros da Cultura e da Educação. A apresentação pública do projecto de Querença está marcada para o dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança, na FMVG, reunindo jogos, oficinas e muita alegria.

RAIZ | N.º 34 MM

ESCAPARATE

O livro propõe recuperar o relato etnográfico. A vida serrana é ponto de partida para falar de pastorícia e de ambiente. A pastorícia tece o caminho que une humanos, animais e natureza, fazendo uma ponte entre a antropologia e a ecologia. A ONU decretou 2026 como o Ano Internacional das Pastagens e dos Pastores.

Paulo Rosa, numa homenagem à terra das suas raízes, refere: «O ovo. O ninho. O útero. O colo. O regaço. O aconchego. A raiz. A primeira coisa que as plantas ganham são as raízes e a última que perdem são igualmente as raízes. Este conjunto de poemas é apenas um olhar, algo deslumbrado, sobre esse lugar primordial.»

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO | FMVG

TEXTOS RAIZ| Francisco José; Marinela Malveiro; Vítor Oliveira Jorge

POSTAIS DO ALGARVE

Recolha e selecção | Marinela Malveiro Autoria identificada sob o excerto

PAGINAÇÃO E DESIGN | Marinela Malveiro

FOTOGRAFIA RAIZ| Cedida por Vítor Oliveira Jorge; Espólio Manuel Gomes Guerreiro; Marinela Malveiro

IMAGENS | BRINCAR COM AS PALAVRAS E A ESCULTURA: fundo Francisco José

IMAGENS | ESCAPARATE: cedidas pelas editoras

PÓS-PRODUÇÃO IMAGENS | Marinela Malveiro

APOIO À PRODUÇÃO E SECRETARIADO Miriam Soares

IMPRESSÃO | Gráfica Comercial, Arnaldo Matos Pereira, Lda., Zona Industrial de Loulé Lt. 18, Loulé | T. 289 420 200

Analisaram-se 229 livros (19822018), entrevistaram-se autores e editores e inquiriram-se alunos e docentes de uma faculdade de ciências e engenharias sobre comunicação de ciência e leitura deste tipo de livros. Este pretende contribuir para a história do livro como um objeto de transmissão de conhecimento.

Quatro filhos, 4 super-heróis, 4 grupos de poemas. O 3.º livro de poesia de António Manuel Venda reúne também lembranças, inquietações e perplexidades.

A obra é lugar onde o ambíguo pode ser real, concreto e claro e a realidade, ficção.

Voarsurge depois de OCão AtravessaaCidadee de Barcelona

| P. 23
(+351) 289 414 213

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.