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Gestores vs. MSCI ACWI um duelo de titãs

GESTORES VS. MSCI ACWI

UM DUELO DE TITÃS

O presente ano revelou-se muito complicado para os principais índices acionistas. No meio de tanta turbulência macroeconómica, os gestores tentam navegar as notícias e levar o seu fundo a bom porto.

TOP 10 DE TÍTULOS COM MAIOR EXPOSIÇÃO ABSOLUTA

Nº DE PRESENÇAS EXPOSIÇÃO MÉDIA

6 6 6 3 5 3 4 4 4 2

ALPHABET APPLE MICROSOFT AMAZON LVMH IDEXX NOVO NORDISK ACCENTURE ELI LILLY ADOBE

3,13% 2,31% 2,12% 1,50% 1,50% 0,94% 0,89% 0,88%

Fonte: CMVM, factsheets dos fundos NB Momentum Sustentável, IMGA Global Equities Selection, Caixa Ações Líderes Globais, Casa Global Value PPR, BPI GIF Opportunities, BPI Reforma Global Equities PPR e BPI Ações Mundiais. Dados com referência a março de 2022. 0,86% 0,75%

No passado dia 14 de junho o S&P 500 entrou oficialmente em bear market, apresentando uma queda superior a 20% desde o pico de janeiro deste ano. Esta tendência tem estado presente na maioria dos principais índices, o MSCI AWCI (índice de referência para a generalidade do mercado acionista mundial) apresentava quedas superiores a 13% no final do mês de junho.

O sentimento de mercado e todas as variáveis macroeconómicas levaram a que alguns gestores apresentassem desvios interessantes face a este índice. Que desvios mostram uma maior sobreponderação em carteira? Reunimos informação das carteiras de sete fundos mobiliários nacionais, que investem no mercado acionista a nível global, e olhámos para as 20 empresas com mais preponderância em cada produto e comparámos com o índice MSCI ACWI. Posteriormente, compilámos o Top 10 de títulos com maior exposição absoluta no agregado desses portefólios.

Os fundos considerados foram os seguintes: NB Momentum Sustentável, IMGA Global Equities Selection, Caixa Ações Líderes

NÃO HÁ NENHUMA EMPRESA TRANSVERSAL AO TOP 20 DE POSIÇÕES DOS FUNDOS EM ANÁLISE

TOP 10 DE TÍTULOS COM MAIS SOBREPONDERAÇÃO FACE AO ÍNDICE MSCI ACWI

Nº DE PRESENÇAS EXPOSIÇÃO MÉDIA EXPOSIÇÃO DO ÍNDICE EXPOSIÇÃO ATIVA VS MSCI ACWI

LVMH IDEXX ALPHABET FASTENAL NOVO NORDISK KLA CORP

EDWARDS LIFESCIENCES CORP CADENCE ACCENTURE COCA COLA

5 3 6 3 4 3 3 3 4 1

1,50% 0,94% 3,13% 0,66% 0,89% 0,67% 0,69% 0,63% 0,88% 0,57%

0,31% 0,07% 2,46% 0,05% 0,29% 0,09% 0,11% 0,07% 0,32% 0,02%

1,19% 0,87% 0.67% 0,62% 0,60% 0,58% 0,58% 0,56% 0,56% 0,55%

LVMH IDEXX ALPHABET FASTENAL NOVO NORDISK KLA CORP

EDWARDS LIFESCIENCES CORP CADENCE ACCENTURE COCA COLA

Fonte: CMVM, factsheets dos fundos NB Momentum Sustentável, IMGA Global Equities Selection, Caixa Ações Líderes Globais, Casa Global Value PPR, BPI GIF Opportunities, BPI Reforma Global Equities PPR e BPI Ações Mundiais. Dados com referência a março de 2022

O SETOR QUE MAIS SE DESTACA NA EXPOSIÇÃO ATIVA É O DA SAÚDE

Globais, Casa Global Value PPR, BPI GIF Opportunities, BPI Reforma Global Equities PPR e BPI Ações Mundiais. A informação das carteiras mais recente diz respeito ao final de março de 2022.

A primeira conclusão que podemos tirar ao olhar para os dados é que não há nenhuma empresa transversal ao Top 20 de posições do agregado das carteiras em análise.

No Top 3, com seis presenças, encontramos três gigantes tecnológicas americanas. A empresa detentora da Google assume o primeiro lugar desta lista com 3,13% de representação mé-

dia em todas as carteiras. A fechar o Top 3 surgem a Apple e a Microsoft.

Destaque agora para a Amazon. A empresa liderada por Jeff Bezos apenas conta com três presenças entre as 20 maiores exposições do agregado de fundos. No entanto, assume o 4.º lugar da lista. Em média, nas carteiras em que se encontra representada, a empresa conta com uma exposição de 4,17%.

A nível geográfico, o Top 10 de posições absolutas é evidentemente dominado por empresas americanas, contando com sete em dez presenças. As restantes três são empresas com sede no continente europeu: a LVMH, a Accenture e o Novo Nordisk.

Posteriormente, olhamos para as principais convicções dos gestores. Nesta análise, foi calculada a diferença entre a exposição média dos fundos e a exposição presente no ACWI, o que chamamos exposição ativa.

A principal diferença encontrada está na LVMH. Como é sabido, a holding francesa especializa-se na comercialização de bens de luxo e é detentora de marcas como a Louis Vuitton, Dior, Sephora, entre outras. Com uma exposição média nas carteiras de 1,50%, compara com 0,31% do ACWI, contando com uma sobreponderação de 119 pontos base.

Curiosamente, das 20 empresas com maior capitalização bolsista do mundo (e consequentemente 20 maiores posições do índice mundial de referência) apenas a Alphabet se encontra representada no Top 10 relativo. O grupo detentor da Google é a terceira maior empresa do mundo e conta com uma sobreponderação na média das carteiras em análise de 67 pontos base.

Apesar de os gestores serem europeus, a tendência em apostar no mercado americano mantém-se. No universo analisado, o total de exposição ativa em empresas americanas soma 443 pontos base, enquanto no velho continente fica-se pelos 235.

Por fim, atentámos nos setores que os gestores mais apostavam, à data das carteiras disponíveis. O setor que mais se destaca é o da saúde com três títulos a aparecer. Surpreendentemente, não há nenhuma empresa financeira ou energética na lista apresentada. A representação das mesmas no índice analisado tem aumentado, fruto das dinâmicas de mercado em 2022.

MOMENTO DE APROVEITAR

Como destacamos no início deste artigo, o fluxo de notícias e acontecimentos com impacto direto nos mercados acionistas está num nível muito elevado. Historicamente, é nestes momentos de maior turbulência que um stock picking cuidadoso, e um consequente distanciamento dos benchmarks de referência, gera alfa para os investidores.

Cabe aos gestores dos fundos capitalizar esta oportunidade preparando os seus portefólios para eventuais choques macroeconómicos, mas mantendo-se sempre fiéis à sua política de investimentos.

A OPINIÃO DE

DIOGO GOMES Senior CRM, UBS AM Iberia

OBRIGAÇÕES CHINESAS MANTÊMSE FIRMES, APESAR DA INSTABILIDADE GLOBAL

Num ambiente em que as TIR das obrigações globais permanecem relativamente baixas, principalmente se tivermos em consideração rendimentos reais, acreditamos que as obrigações chinesas continuam a ser uma opção atrativa face a outros mercados obrigacionistas, tanto pelo rendimento que oferecem como pela sua descorrelação. Na nossa opinião, é expectável uma inversão na economia chinesa na segunda metade do ano, o que gerará oportunidades no mercado obrigacionista chinês denominado em dólares. As diferenças de spreads, tanto nas obrigações de investment grade como de high yield, entre China e Europa/EUA são substanciais, especialmente no setor imobiliário. As avaliações parecem-nos atrativas, tendo em conta que a taxa de incumprimento que o mercado está a descontar é de 55%, um cenário pouco realista para um setor onde existem muitas empresas de qualidade para investidores com uma perspetiva de longo prazo. Por outro lado, as obrigações governamentais chinesas oferecem uma TIR de 1,6% e 2,8% num entorno com menores tensões inflacionistas, o que se traduz em taxas reais positivas, ao que se acrescenta uma baixa correlação com os mercados soberanos dos países desenvolvidos. Em suma, acreditamos na singularidade do mercado chinês e que as suas obrigações continuam a ser atrativas tanto como fonte de diversificação como de rendimento.

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