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Caminho no fixed income abre oportunidades à gestão ativa
CAMINHO NO FIXED INCOME ABRE OPORTUNIDADE À GESTÃO ATIVA
Ainda o mercado descontava uma subida de taxas de juro entre 25 e 50 pontos base por parte da Fed em junho, quando nos reunimos com quatro gestores de rendimento fixo, num Think Thank promovido pela Edmond Rothschild Asset Management. As boas notícias é que pode estar aí a hora para a gestão ativa brilhar.
THINK TANK - PORTUGAL
Uns dias antes de a Fed ter subido taxas em 75 pontos base - e surpreendido bastante todo o mercado - a FundsPeople, num Think Thank promovido pela Edmond Rothschild Asset Management, reuniu gestores de obrigações para uma interessante conversa. O mote da discussão foi o óbvio: como investir em
O Think Tank - Portugal é uma iniciativa da FundsPeople, em colaboração com a Edmond Rotschild AM. Durante o ano de 2022 são promovidos três encontros, nos quais se analisam vários temas de mercado e de negócio, com profissionais nacionais. fixed income numa conjuntura de subida de taxas, mas em que a Europa e os Estados Unidos andam, claramente, a velocidades diferentes? Que impacto é que os números da inflação continuam a ter neste segmento e por onde navegar para encontrar retorno? Foram estas algumas das questões que se colocaram em debate entre quatro reconhecidos profissionais da indústria nacional, que no seu dia a dia se debruçam sobre esta classe de ativos.
A verdade é que todo o contexto de oportunidades que se afiguram neste segmento de ativos carece de alguma contextualização. “Este ano foi uma surpresa: guerra, inflação transitória que passou a permanente… e um movimento brusco de subida de taxas de juro. Obviamente que tudo isto colo-
Esquerda-direita: Francisco Falcão, Nuno Pereira, João Zorro, Amit Maugi, Sébastien Senegas.
cou imediatamente pressão sobre os spreads de crédito. Em termos de fixed income, estamos perante um cenário muito negativo”, começou por dizer Amit Maugi, responsável de Rendimento Fixo na IMGA.
DÓLAR VS. EURO
A esta perspetiva, João Zorro, responsável de Ações e Obrigações da GNB Gestão de Ativos, acresce a maior complexidade do mundo de fixed income atual, conjuntamente com o facto de, no seu caso, se dirigirem a clientes de retalho com os fundos que gerem. “Por estes motivos, temos de escolher bem os segmentos de rendimento fixo onde nos queremos posicionar. Mas ainda há vários mercados para os quais olhar: o mercado norte-americano, principalmente, vai mais adiantado em muitos aspetos, e pode oferecer mais alternativas”, apontou. Por outro lado, referiu o gestor, a questão cambial pode também continuar a oferecer alternativas. “Os gestores que puderam transacionar dólar em relação ao euro, tiveram ali uma boa oportunidade para reforçar rentabilidades nos últimos tempos”, declarou.
Do mesmo modo, Nuno Pereira, responsável de Investimentos da Sixty Degrees, sublinhou esta questão cambial. “Também temos esta visão de que o dólar deverá continuar a valorizar, e manter assim algum upside devido às diferenças existentes no caminho de política monetária entre EUA e Europa”, sublinhou. Como na verdade já se verifica, “na Europa as taxas de juro vão subir, mas mais tarde do que nos EUA, e a recessão acabará por chegar. Recessão essa em que haverá uma maior capacidade reativa do lado dos EUA, com uma maior capacidade de subir taxas de forma a combater a inflação”, acredita o gestor.
Comum à maioria dos participantes pareceu ser a aposta mais vincada no valor que os EUA ainda têm para oferecer. Para Francisco Falcão, responsável de Investimentos da Hawkclaw Capital Advisors, os EUA encontram-se numa fase mais avançada em termos da dinâmica das yields, e até “muito perto de um pico”. Explica que esse pico está “relacionado com o que se considera ser a taxa de juro terminal, ou seja, o average rate dos próximos cinco, seis anos”. “Pelo facto de a
AMIT MAUGI
IM Gestão de Ativos
O BOND PICKING SERÁ FAVORECIDO DAQUI EM DIANTE, E GESTÃO ATIVA VAI TER UM PAPEL FUNDAMENTAL
NUNO PEREIRA
Sixty Degrees AM
JOÃO ZORRO
GNB Gestão de Ativos
curva de yields estar flat, consideramos adequado um posicionamento entre três e cinco anos dado que o valor da yield pura já comporta algum conforto para investir. No caso europeu, acho que não. Acho que as yields ainda têm de subir mais”, atesta.
MAIS E MENOS CAUTELA
Apesar das oportunidades descritas, há algumas dinâmicas de mercado que surpreendem. Como assinalou Amit Maugi, na altura desta conversa, surpreendia-o o facto de o setor de investment grade estar mais negativo do que alguns setores caraterizados por maior beta, como o caso do high yield ou dos híbridos. “Isto sim é algo supreendente. Neste cenário colocamos a questão: como será daqui para a frente? Onde está o retorno? Como nos devemos posicionar?”, deixou no ar. De forma mais cautelosa, acredita então que olhar a curto prazo, um/três anos, possa ser o que faz mais sentido, como já assinalado por Francisco Falcão. “Conservadoramente: acho que [olhar a curto prazo] é a forma como nos devemos posicionar. Até os governos têm valor num prazo de um/três anos”, referiu. Um pouco mais ambicioso na abordagem, Nuno Pereira lembrou que “politicamente os bancos centrais têm de mostrar que estão a fazer alguma coisa”. Por isso, é da opinião de que esta é a altura certa para os gestores ativos mostrarem as suas valências. “Como gestores ativos, e capazes de fazer a diferença, estamos a olhar para nomes high yield, espetro no qual nos
FRANCISCO FALCÃO
Hawkclaw Capital Advisors
EUA já existem yields que rondam entre os 6% e 7%. Mesmo que as taxas subam, o roll over e o carry dessas posições pode amortecer eventuais perdas. Se houver um efeito em que a inflação é mais transitória, e a recessão não for muito profunda, o high yied será o sítio ideal para capitalizar essas yields”, entende o gestor.
A mudança de paradigma é de facto grande e, como relembra João Zorro, “sabíamos que mais dia menos dia teríamos de pagar o custo do bull market de taxa que já dura há alguns anos”. O conhecido final de festa que muito se fala no mercado, é algo que o gestor até agradece. “Prefiro que tenha chegado ao fim, sinceramente. Estar a gerir ativos em que aquilo que se ganha hoje é à custa de algo que se tira amanhã, era muito mais fácil, claro, mas no final do dia o que os clientes querem é retorno. Agora vamos entrar num novo ciclo que requer alguma paciência”. Para além de paciência, Francisco Falcão acrescenta mesmo que as dinâmicas no fixed income vão depender muito dos dados de emprego e dos preços das matérias-primas. Nesse sentido, e quase em jeito de conclusão, falou da oportunidade que se abre para quem gere ativamente portefólios. “A dinâmica entre gestão passiva e ativa vai favorecer claramente esta última. Existirá daqui em diante uma vantagem clara, porque o bond picking vai sair favorecido e ser mais relevante do aquilo que foi nos últimos sete ou oito anos, com as taxas de juro a cair e a comprimir”, concluiu.
A OPINIÃO DE
ANA CLAVER GAVIÑA Diretora-geral da Robeco Iberia, Latam & US Offshore
UM BOM MOMENTO DE RECORDAR A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA
Sempre tivemos que estar atentos a tudo que acompanha a água, mas agora é a altura em que se converte numa possibilidade de investimento imediata. As consequências das mudanças climáticas, como as secas ou as inundações, são reforçadas pelas extensões cada vez maiores de asfalto onde vivemos, com necessidades crescentes de esgotos, ou o envelhecimento das infraestruturas que permitem o acesso à água potável (estimamse 39.000 M$ em perdas devido a quebras e fugas no mundo, a cada ano) devem ir encontrando soluções. O nosso fundo de água foi lançado em 2001, sendo um dos primeiros a descobrir o grande desafio que representa para a sustentabilidade a gestão dos recursos hídricos. Têm sido 20 anos de crescimento e lucros atrativos, desde a sua criação. Este historial e o compromisso com os investimentos sustentáveis são apenas algumas das coisas que tornam a estratégia RobecoSAM Sustainable Water Equities um investimento convincente, estando classificado como Artigo 9º (SFRD). É uma estratégia adequada para ajudar os investidores a conectarem-se com provedores deste tipo de soluções, que combatem a escassez de água e fomentam o acesso a água limpa, segura e acessível para pessoas, negócios e o próprio ecossistema.