5 minute read
Enrico Stacchietti
O Amundi Funds Real Assets Target Income não podia estar mais bem posicionado. Com os números crescentes de inflação, este fundo criado em 2014 sabe bem quais os três setores dos quais deve tirar partido por esta altura. “Com a subida da inflação, o fundo investe em negócios geradores de cash dentro de setores da economia real”, abrenos o apetite Enrico Stacchietti. Por outro lado, explica-nos também como se constrói um fundo extremamente metódico, que não descora quatro pilares fundamentais no seu processo de investimento. PARTNER
NER T PAR
RESPONSÁVEL PELA EQUIPA DE MULTI-ATIVOS
RESEARCH FUNDAMENTAL
O Amundi Funds Real Assets Target Income rege-se por um research fundamental robusto e aprofundado sobre as empresas. A partir dele pode revelar-se um grande conjunto de oportunidades de geração de rendimento, adicionando retornos pouco correlacionados com o portefólio.
Q
uatro pilares fundamentais. São esses pilares que dão vida ao Amundi Funds Real Assets Target Income, um fundo criado há oito anos, gerido pela equipa do conhecido Francesco Sandrini, e que Enrico Stacchietti, responsável pela equipa de Multi-Ativos da Amundi Germany, nos faz questão de explicar com afinco em entrevista. Mas como se costuma dizer, comecemos pelo início. Muito metódico na forma como é gerido, este fundo da gama da Amundi passa, todos os anos, pela definição de uma meta de retorno anual, “declarada aos investidores” no início de cada exercício. Uma definição que inclui esse dado, mas não só. Nessa declaração pode encontrar-se “uma análise das fontes de retorno disponíveis dentro de uma gama diversa de classes de ativos elaborada pela equipa de gestão, que colabora com a equipa de produto para perceber qual o cenário competitivo em causa”. Definida, portanto, a meta de retorno, segue-se a determinação da alocação estratégica e por setor.
E como a metodologia parece ser a palavra-chave desta estratégia, voltemos aos quatro pilares base que a constituem, e nos quais assenta o processo de investimento do fundo. “Três estratégias de geração de alfa (estratégia macro, satélite e de seleção de títulos), e a estratégia de cobertura macro”, começa por referir o responsável da entidade.
QUATRO PILARES
Muito haveria para dizer sobre cada um destes pilares que dão sustento à estratégia, mas Enrico Stacchietti mostra-nos alguns destaques que nos elucidam perfeitamente sobre o que se passa em cada um. Na parte que designam de estratégia macro, um grupo de seis experientes profissionais coloca mãos à obra, adotando “uma abordagem top-down, que combina as competências do research dos gestores de alocação de ativos e dos gestores de carteiras de multiativos”. As perspetivas macro que daqui saem, representam a visão macroeconómica da equipa, e “refletem a análise fundamental baseada no research das tendências e avaliações dos ativos”. Deste modo, as alocações em termos de setor são primeiramente baseadas “na avaliação das equipas de gestão de portefólio acerca da sustentabilidade do potencial de retorno dos setores em que investem, e as perspetivas sobre o crescimento dos seus retornos à medida que a inflação sobe”. “É crucial identificar os setores mais apropriados para investir, tendo em conta cada um dos nossos cenários base”, diz-nos concretamente o responsável.
Mas esta definição não deixa o portefólio imune aos riscos de mercado, e há cenários alternativos que podem colocar em causa o cenário base. Entra, nessa fase, o pilar que designam de macro hedging. “Tratam-se de trades que são implementados para gerir os riscos de queda que surgem a partir dos cenários alternativos”, contextualiza o gestor. Normalmente, conta, são entre três e cinco movimentos de cobertura que podem ser aplicados, e que se espera que “tenham um desempenho positivo durante períodos de stress de mercado”. Podem entrar em jogo os derivados, mas também um conjunto diversificado de ativos que se espera que exibam uma correlação negativa face aos ativos mais tradicionais, em caso de movimentos de mercado inesperados.
Por fim, os dois últimos pilares: as estratégias satélite e a de seleção de títulos. Se no pilar de estratégia macro as ideias de investimento provinham da visão do mundo da equipa, nas estratégias satélite Enrico Stacchietti mostra-nos um passo mais. “Aqui estamos perante ideias específicas de trading de valor relativo”, especifica. Assim, são ideias que “tendem a apresentar uma baixa correlação com as apostas da estratégia macro, e que podem melhorar o binómio risco/retorno da carteira”.
CAPITALIZAR NA SUBIDA DE INFLAÇÃO
Na estratégia de seleção de títulos - o último pilar - há um grande foco em capitalizar na atual inflação crescente. “O research fundamental robusto e aprofundado sobre as empresas pode revelar um grande conjunto de oportunidades de geração de rendimento, adicionando retornos pouco correlacionados com o portefólio”, explica o profissional. São, enfatiza, ideias de títulos considerados com uma abordagem completamente bottom-up. Exemplifica: “Com a subida da inflação, o fundo investe em negócios geradores de cash dentro de setores da economia real, como é o caso das infraestruturas, o imobiliário, as utilities ou a energia. Como estas empresas detêm ativos tangíveis - estradas
concessionadas, aeroportos, etc. - o seu valor dos ativos é sensível à economia subjacente e tende a crescer com perspetivas de crescimento e de inflação em subida”.
Na verdade, Enrico Stacchietti tem na ponta da língua os três grandes grupos de empresas que acreditam que podem beneficiar da inflação crescente, e adicionar resiliência ao portefólio. Por um lado, as empresas de setores que conseguem desencadear essa inflação, como “a agricultura, os recursos básicos e a energia”; por outro, as empresas cujos modelos de negócio estão atrelados a fatores de inflação, como o CPI (Consumer Price Index) ou PPI (Producer Price Index), e das quais são exemplo as já referidas estradas concessionadas ou os pipelines. Por fim, as empresas com “um forte suporte de ativos ou poder de fixação de preços”, e que oferecem proteção contra a inflação, como acontece com o imobiliário. Mas neste fundo há um fator adicional que para o responsável é essencial. “Este é um fundo que faz parte da família de produtos de rendimento e existe uma forte correlação entre um rendimento sustentável e a proteção da inflação, pois os dividendos tendem a crescer com ela”, sublinha.
A conversa com Enrico Stacchietti não ficaria completa sem uma abordagem à gestão de risco, que “é uma parte integral do processo de investimento”. A Amundi desenvolveu o seu sistema de orçamento de risco proprietário, e ainda um processo “cujo objetivo é gerir a volatilidade do portefólio, e assim alcançar um melhor desempenho ajustado ao risco”. Na verdade, como refere o gestor, o orçamento de risco é ele próprio “uma fonte de atribuição de desempenho”. Por isso, “qualquer mudança no perfil de risco/retorno das posições, pode impactar de forma negativa o target de rendimento e, por isso, deve ser monitorizado com regularidade”, concluiu.