10ª Edição Notícias da Gandaia - 2019

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Notícias da Gandaia DEZEMBR0 2019 | EDITORIAL

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O MAR OS MUDA-N TODOS OS DIAS Ricardo Salomão

NADA NA MANGA Este é o 10º número da edição em papel do Notícias da Gandaia e completa também um ciclo de dois anos destas edições.

É tempo para refletir sobre o facto de estarmos todos unidos em torno destas folhas de papel, que são apenas o suporte destas palavras. Destas e de várias outras.

O editorial podia terminar já aqui. É eloquente o facto de me estar a ler e destas folhas de jornal constituírem o território de uma partilha – a comunicação é sempre isso mesmo – e essa partilha ter como tópico agregador a região onde vivemos e as pessoas que somos: Almada. Isto não diz tudo? Quase.

Um pouco de passado: o Notícias da Gandaia nasceu em novembro de 2011 num suporte estritamente digital mas logo de início com dois formatos: um num sítio na Internet (gandaia.pt) e outro em formato de Boletim, distribuído semanalmente por email. O primeiro para 16 pessoas, hoje para cerca de 3.400.

Além disso, não nasceu como um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC como é agora. No princípio era um Órgão de Comunicação Comunitária, de acordo com os princípios estabelecidos pela UNESCO.

O Notícias da Gandaia começou com esta matriz de comunicação comunitária, aberto à participação de todos, dedicado a unir, dar a conhecer pessoas e visões da realidade comum. Dar força à comunidade, reforçar a sua identidade como manifestação plural e dinâmica.

A realidade complexa e multifacetada do nosso concelho sublinha a necessidade de veículos de comunicação, de relação, de conhecimento mútuo, de identidade plural.

A necessidade e utilidade de um jornal local parecem evidentes. Mas o que é um jornal local nos dias que correm? E porquê em papel? O funeral da imprensa não foi já feito?

Há um público vasto que lê, que gosta de ler e de tocar num jornal impresso em papel de jornal. É uma evidência que temos visto repetidamente confirmada em cada edição do Notícias da Gandaia.

Assim, partindo da nossa herança de comunicação comunitária - todos para todos - continuamos a tentar dar resposta ao que é ser um jornal local.

Sabemos que não é igual ao que foi e também sabemos o que não queremos ser.

Sabemos que não estamos a competir com a imprensa nacional. Não queremos dar atenção ao crime, ao sangue, não cobrimos as visitas dos famosos às nossas praias e nem nos interessa quem anda com quem.

Há ainda outros traços que nos definem. O primeiro é o de chamarmos a nós a responsabilidade de alterar as coisas à nossa volta. Nós com as nossas mãos, ou nós com a nossa influência. Estamos contra a ideia de “eles deviam” isto ou aquilo… É nossa responsabilidade fazer ou pedir a quem de direito para ser feito. Finalmente, um outro traço é não nos focarmos na culpa, mas sim nas soluções. Procurar soluções, debater problemas, dar espaço à expressão de diferentes perspetivas.

Na verdade, contando com este jornal que tem nas mãos, há 10 demonstrações que provam se aquilo que acabei de descrever está ou não plasmado em cada página, em cada edição.

Como é evidente, estamos convencidos que sim.

Em vez de procurarmos os assuntos que sabemos atrair as atenções a troco de sensações fortes, em vez dos crimes temos apresentado os nossos eleitos, aqueles de entre nós que merecem o nosso aplauso, mais informação sobre as nossas festas, os nossos hábitos, a nossa história…

É este o nosso jornal local e é um jornal de que nos podemos orgulhar.

É nesta altura que entra a realidade: tudo isto é muito bonito, mas é preciso pagar as contas, mesmo com a ajuda dos voluntários (como eu) há custos e eles só podem ser suportados pela publicidade.

Os custos, em si, são coisa virtuosa, são um exemplo dos benefícios da economia social, de como iniciativas como a nossa e de tantas outras associações dão empregos, para além de contribuírem com trabalho útil para a comunidade.

Um jornal não pode ser subsidiado pelas autarquias ou pelo governo central. Mesmo no seio da nossa associação, o Notícias tem de ter contabilidade separada. E nós concordamos com isto: é essencial a transparência na comunicação social (e não só).

Sendo um jornal de distribuição gratuita vive da publicidade, seja dos privados, seja dos públicos. Se houver em quantidade suficiente, paga-se o jornal e ele, sendo feito, passa a existir. Caso contrário… É aqui que a questão, a grande questão se coloca: nós achamos que um projeto de comunicação ao nível do concelho se justifica plenamente. E você? ■

www.electropescador.pt


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