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4. SuGeStÕeS De referÊNCiaS ComPLemeNtareS o diálogo com outras vozes
4.
SugeStÕeS De referÊnCIaS ComPLementareS
o diálogo com outras vozes
insistimos sempre na ideia de que a obra de arte é uma busca de diálogo — primeiro do criador consigo mesmo, procurando entender-se pela expressão; depois, do criador — do músico, do cantor, do escultor, do diretor do filme, do escritor — com o fruidor. nesse diálogo mais próximo, está subjacente uma outra conversa — a do artista com a História — seja a atual, seja a de momentos muito longínquos. dizemos sempre que somos devedores e herdeiros das vidas e do mundo anterior. de algum modo, somos o resultado dele. muitos afirmam, por isso mesmo, que a cultura é sempre intertextual: repetimos todos, inclusive os artistas, muito do que vivenciamos. eles, os artistas, fazem isso com refinamento, e expressam em suas obras inquietações, surpresas e momentos de encantamento com os feitos humanos. muitos abordam os mesmos fatos e feitos. nenhum está sozinho no seu tema, ainda que inove enormemente na sua interpretação ou na forma de abordá-lo. enfim, todo artista, independentemente de sua importância, traz em sua criação, conscientemente ou não, muitas outras vozes e acontecimentos que o inspiraram, assim como a outros artistas e a outros intelectuais, na forma ou no conteúdo.
apresentamos abaixo sugestões de experiências estéticas em várias áreas, que, em nossa opinião, dialogam de algum modo com a novela que acabaram de ler. indicamos uma série de obras — literárias, composições musicais ou filmes, relacionadas com o tema.
Considerem que todas essas atividades devem ser encaradas como escolhas, não apenas por uma questão de gosto pessoal, mas também porque nem sempre estarão disponíveis para a turma no momento do trabalho. alguma, de especial interesse dos alunos, ou que vocês considerem imprescindível, pode ser vista, ou ouvida, ou lida, para uma discussão com todo o grupo. as que forem vistas poderão ser apresentadas à turma pelo aluno ou pelo grupo que teve a experiência. Vale lembrar, ainda, que as obras têm complexidade variada, e talvez seja o caso de uma conversa com cada aluno para ajudá-lo nas suas opções, mas também como forma de vocês mesmos avaliarem os interesses da turma. as sugestões acabam valendo para um longo período da vida deles.
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lembremos, ainda: essas novas experiências poderão ser de pura fruição, sem maiores comentários, nem discussão em sala: já sabemos que a primeira leitura, intuitiva, de puro prazer, compõe parte significativa do repertório de cada um e deixa marcas importantes no seu imaginário.
naturalmente, com cada uma dessas obras o aluno terá condições de fazer uma comparação com a nossa novela, segundo o dado de aproximação com ela: várias questões da escola, do disfarce, e mesmo do futebol.
1. apresentamos sugestões de obras literárias brasileiras e estrangeiras, tangenciando, de alguma forma, questões abordadas pela novela.
a) O Ateneu, de raul Pompeia
ateneu é o nome do colégio sobre o qual se conta a história, a partir da visão do protagonista, o estudante sérgio. essa obra clássica da literatura brasileira, que navega, surpreendentemente, entre o realismo/naturalismo e o impressionismo, pode ter sido lida, nos estudos literários da turma. no entanto, por questões de estilo e pela visão pessimista das instituições, sobretudo da escola brasileira, sugerimos sua leitura para os mais velhos e já bons leitores. o livro tem várias edições, por editoras diferentes.
B) Conto de escola, de machado de assis
esse famoso conto, publicado inicialmente em Várias histórias, está hoje em diversas antologias e possivelmente alguns até já o conheçam. nele, machado mostra, sobretudo por meio de dois alunos amigos, uma escola intransigente e violenta, e sugere a aprendizagem precoce do suborno e da corrupção.
C) Nunca serei um super-herói, de antonio santa anna, editora dimensão
esse romance do escritor argentino antonio santa anna, traduzido para o português no Brasil pela editora dimensão, foi adquirido pelo meC em um de seus programas de leitura, e deve estar nas bibliotecas das escolas. trata-se de uma belíssima história, narrada pelo estudante alfonso, envolvendo episódios da escola e da família. ao mesmo tempo divertido e ligeiramente amargo em determinadas passagens, é uma excelente leitura para seus alunos.
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d) A gandula que comeu a bola — Histórias e historinhas do futebol, de luís
Pimentel, editora signo
o autor, que pesquisa em profundidade o futebol brasileiro, reúne nesta obra contos com personagens muito variadas, em idade, gênero e cultura, apresentando o lugar proeminente que ocupa esse esporte no imaginário do brasileiro — das estrelas a seus diferentes torcedores.
e) Conforme a experiência de leitura e as histórias pessoais, sobretudo as meninas gostam dos livros de John green. seu A culpa é das estrelas é dos mais lidos e virou filme, bem menos interessante que o livro.
na literatura brasileira, os livros da Coleção “fazendo o meu filme”, de Paula
Pimenta, com foco também na escola, despertam um grande interesse entre adolescentes, e costumam continuar a ser lidos no ensino médio, ainda que tenham seu pico de leitoras nos anos finais do ensino fundamental.
façam uma pesquisa entre os alunos sobre as obras desses escritores: quem já leu, se os meninos também leram esses títulos. Peçam depoimentos de todos sobre seus gostos, com relação a livros. se for do interesse da turma, proponham que os que já leram apresentem para a turma a coleção ou um título, sempre privilegiando as questões ligadas a situações da escola.
2. o cinema tem oferecido ótimos filmes centrados em escolas e seus alunos, alguns em internatos. sugerimos vários deles, quase sempre com personagens da idade dos alunos do ensino médio:
a) Entre os muros da escola, de laurent Cantet, 2008
o filme é bastante premiado e tem como originalidade o fato de a grande maioria de seus intérpretes serem os verdadeiros alunos, assim como o professor, de uma escola da periferia de Paris, cheia de problemas. muito verdadeiro e humano.
B) Adeus, meninos, de louis malle, 1987
o filme, também muito premiado, traz a história de um colégio interno católico que, durante a segunda guerra mundial e a invasão da frança pelos alemães, esconde a origem judaica de um dos alunos. louis malle, como
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sempre, de forma contundente, mas muitas vezes lírica, discute as questões éticas e de consciência.
C) Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2005
usando o título da composição de Cazuza, o diretor brasileiro muito premiado
João Jardim (o mesmo de Janela da alma), fez esse excelente e premiadíssimo documentário, que ouve jovens entre 15 e 18 anos, de vários pontos do
Brasil, sobre o que lhes oferece a escola brasileira, o que pensam da vida, seus sonhos e as poucas expectativas de progresso e trabalho.
d) Ao mestre, com carinho, de James Clavell, 1967
adaptação do livro, com o mesmo título, do inglês e.r. Braithwaite, conta a história de um professor negro que vai lecionar numa escola de londres, inicialmente rejeitado pelos alunos que fazem o correspondente ao ensino médio. além de discutir as questões próprias da adolescência, quase entrando no mundo do trabalho, obviamente encara o problema do racismo, e de modo humano e correto.
e) Gênio indomável, de gus Van sant, 1997
História de um jovem brilhante, especialmente em matemática, que se mostra irascível e antissocial, porque é faxineiro na escola onde estuda, até se sentir tocado por um psicólogo que o ajuda a buscar uma forma adequada de estar no mundo.
f) Sociedade dos poetas mortos, de Peter Weil, 1989
um dos maiores sucessos, sobretudo entre jovens, este filme premiadíssimo conta a história de um professor de inglês que chega a uma escola para rapazes, absolutamente tradicional e de alunos de alto padrão, e revoluciona a instituição com seus métodos inovadores e pouco protocolares, sob o olhar incomodado da direção e dos pais.
g) Por fim, citamos duas comédias americanas (a segunda, uma comédia musical) que tem um elemento comum com esta novela: o disfarce de gênero, mas por “motivos imperiosos”: na primeira, um pai divorciado e impedido pela ex-mulher de ver os filhos se disfarça de mulher e se passa
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por governanta, para trabalhar na casa deles; na segunda, a cantora de ópera, já ligeiramente decadente, sem conseguir emprego, se disfarça de homem e vai cantar na noite parisiense.
• Uma babá quase perfeita, do diretor Chris Columbus, 1993 • Victor ou Victória, do diretor Blake edwards, 1982
3. Com relação a composições musicais que dialogam com essa novela, sugerimos algumas composições e autores. nenhuma tem a ver com o tema
“escola”, mas são citadas nos livros (exceto Fantasia); são clássicos nos seus gêneros e correspondem à cultura musical da época e das “horas dançantes”, correspondentes à do “quebra-joelhos” do Colégio são francisco.
a) Parece-nos imprescindível analisar com eles a composição musical Fantasia, de Chico Buarque de Holanda, que nos remete ao final e ao tema da novela.
B) mesmo que não saibam francês, cabe oferecer aos alunos a oportunidade conhecer um dos clássicos da música francesa, não por acaso a composição preferida de gabriel: La mer, de um dos símbolos da cultura francesa, Charles trenet.
C) Vale também conhecer o bolero Ojos verdes, dos cubanos adolfo utrera e nilo menéndez, também tocado pelo san francisco serenaders em homenagem a gabriel, obviamente por seus olhos esverdeados. a composição foi traduzida e gravada no Brasil, em português, mas cabe também ouvi-la em espanhol, pois a letra é bem simples e seus termos são basicamente próximos do português. o grande cantor americano nat King Cole tem uma gravação antológica da composição, apesar do espanhol sofrível.