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1.2. Criando motivos para ler a obra — A pré-leitura

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2.3. A leitura

2.3. A leitura

conhecimento, por meio dos quais desenvolve opiniões, atitudes, crenças e ideais). Nos primeiros objetivos, interessa o resultado; nos expressivos, interessa o processo, que é diferente e tem caminhos próprios para cada um. A arte e, portanto, a literatura atendem sobretudo a esse segundo campo de objetivos. Daí arguir-se com frequência a validade e a pertinência das formas convencionais de avaliação (provas, fichas, questionários com perguntas “objetivas”) para a área expressiva. As artes não são ciências exatas: nelas, 2 + 2 não são, obrigatoriamente, 4. Elas não têm uma resposta “correta”, porque, plurissignificativas por princípio, possibilitam muitas interpretações, criam várias perguntas e várias respostas possíveis, ou até não querem respostas — apenas, a fruição, a surpresa, diferentes emoções, reflexões impensadas — tudo isso diferente para cada um, e até diverso em cada um, em momentos distintos de sua vida. Por isso, perguntamos: o que “medir”, e com que medida, se gostos, opiniões, preferências, crenças (e até determinados talentos) não podem ser impostos, nem cobrados? Dentre as experiências propostas, quais as que podem, realmente, ter uma avaliação objetiva, merecendo até uma nota? Quando cabe uma autoavaliação adequada?

Essas são questões fundamentais, que devem fazer parte do melhor planejamento da escola, no tratamento das aprendizagens instrucionais e expressivas, para o que nos compete apenas fazer a proposta de discussão.

1.2. Criando motivos para ler A grande ilusão — A pré-leitura

Os psicólogos afirmam que nós fazemos o que temos motivo (dito de outra forma: necessidade) para fazer: movemo-nos tendo razões para esse movimento, o que se evidencia na busca de um alimento, de uma consulta, ou na leitura de um livro. Se os alunos não forem apresentados a esta obra, não terão motivos para a ler, a menos que o acaso os faça topar com a obra numa biblioteca ou livraria. Mas, em educação, não é bom contar só com o acaso...

Mostrem a eles o livro, como proposta da próxima leitura deles.

Sugerimos-lhes a seguir, para sua escolha, algumas possibilidades de apresentação de A grande ilusão, aguçando o interesse de seus alunos pelo livro, muitas delas já usadas por vocês.

> Apresentação do gênero e o título e subtítulo da obra

Comecem uma conversa, em torno da crônica.

É bom saber que ideia eles têm da crônica. Busquem conhecer o conceito que têm do gênero: a) onde leem: jornais, revistas, internet, livros?; b) assuntos de que trata — cotidiano, política, crimes, esportes, cultura?; c) autores conhecidos e preferidos.

Enfim, é interessante conhecerem a reação da turma ao gênero e as razões disso, para saber dar o tom certo à apresentação do livro A grande ilusão.

Recuperem, nesse momento, as duas principais características das crônicas: sua absoluta liberdade, com relação à forma e ao conteúdo: nelas cabem carta, cena de teatro, poema, e as misturas que o autor desejar. E os temas podem ser os mais diversos, segundo as características do escritor: questões sociais, políticas, pessoais, familiares, transcendentais ou corriqueiros, acontecimentos daqui ou de qualquer lugar do mundo (e até de outro mundo).

Levem livros de crônicas de seus autores preferidos, para mostrar essa diversidade. Quer dizer: cada autor interpreta de seu jeito o fato de a crônica “tratar do cotidiano”: os acontecimentos de seu dia a dia são, mesmo e rigorosamente, pessoais. A “brasilidade” da crônica também pode ser um trunfo do gênero crônica. Importa saber que ela é um texto curto, e que, em geral, em jornais e revistas, tem dia e lugar marcados para cada cronista.

> A imagem da capa

Seria interessante, então, mostrar aos alunos o livro indicado para leitura, destacando a primeira e a quarta capas e pedir algum comentário a respeito dela e o que sugere, em termos de imagem.

(A capa, bastante simples e elegante, apresenta em primeiro plano uma borboleta azul, em oposição ao tom amarelado do fundo; e uma asa está ferida.)

> O título: A grande ilusão

Vejam se o título causa alguma estranheza. Que interpretação os alunos dão a ele? Que sentidos pode ter a palavra “ilusão”? Que relação terá a borboleta com esses significados? O subtítulo desfaz qualquer dúvida sobre a palavra “ilusão”?

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