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5. Bibliografia comentada
Indicamos a seguir algumas obras que podem ser interessantes para vocês, seja para enriquecer suas leituras, com relação à arte e sua importância na formação do sujeito, seja para lhes dar subsídios quanto à sua atuação, no trabalho com a literatura, seja para revisar algum item por acaso mais remoto nos seus estudos, especificamente em torno dos gêneros literários e a crônica. As obras têm complexidade variada: além de pensarmos, eventualmente, numa leitura adequada até para os alunos, sugerimos algumas leituras mais aprofundadas, que cada um pode ir fazendo ao longo dos dias, na medida do possível. Nem todas serão encontradas com a mesma facilidade, mas muitas podem ser encontradas para leitura até na internet. O comentário em torno de cada título poderá orientar as prioridades de cada um de vocês.
ALONSO, Damaso. Poesia espanhola. Ensaio de métodos e limites estilísticos.
Rio de Janeiro: INL, 1960.
Apesar do título, a obra traz uma reflexão extraordinária (que abrange mais do que a poesia e alcança a obra literária em qualquer gênero) sobre as relações entre o escritor e os vários tipos de leitores: do simples fruidor até o crítico. Os três capítulos sobre os vários conhecimentos da obra são fundamentais, sobretudo para quem atua como professor/mediador de leitura. BENDER, Flora & LAURITO, Ilka. Crônica — história, teoria e prática. São
Paulo: Scipione, 1993.
Obra importantíssima, com alentados e ricos capítulos sobre a história e a teoria do gênero. É uma proposta de exercícios de leitura de crônicas de diferentes “feitios”. BRAS, Luiz. Muitas peles. São Paulo: Terracota, 2011.
A obra, constituída de vários ensaios, trata de literatura, autores, editores e crítica. Há, ainda, uma discussão interessante sobre gêneros literários considerados menores, central no capítulo “Duas elites”. CANDIDO, Antonio. “O direito à literatura”. In: Vários escritos. São Paulo:
Duas Cidades, 1995. (Há reedição recente da Ouro sobre Azul)
Reunindo artigos e ensaios sobre vários autores brasileiros da maior importância, entre prosadores e poetas, o livro torna-se fundamental especialmente por sua reflexão sobre a transcendência do homem, que, em qualquer
época e em qualquer idade, tanto sonha, como imagina — o que é fundamental para seu desenvolvimento, feita no capítulo indicado. _______________. “A literatura e a formação do homem”. Ciência e Cultura, v. 24, n. 9, 1972.
Este ensaio trata, essencialmente, da mesma questão, referida na obra anterior: a literatura humaniza o homem, pelo que é essencial para a sua formação. Seria importante conhecer um dos dois textos de Antonio
Candido, por sua argumentação irrefutável sobre a importância da literatura e da leitura literária. _______________ et alii: A crônica; o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui, 1992. (Org. Setor de Filologia da FCRB.)
Obra que compila os textos e discussões de um Seminário sobre o gênero, na Casa de Rui, com os nomes mais expressivos da crítica literária brasileira, com quase trinta falas, focalizando suas origens fora e no Brasil e analisando a produção nos seus momentos mais significativos, e formatos mais praticados, como a crônica humorística, a mundana, a teatral, e chegando à análise de um “gênero limítrofe”, a crônica fotográfica do Rio de Janeiro. O texto introdutório, de Antonio Candido (“A vida ao rés do chão”), retomado de uma publicação para a Ática, vale como uma bela introdução a toda a reflexão que o livro nos convida a fazer. CASTELLO, José. Crônica, um gênero brasileiro. Curitiba: Rascunho, set/2007.
Praticamente uma crônica, muito bem embasada, ao mesmo tempo séria e muito divertida. Com clareza e também com ironia e simpatia, procura mostrar por quê, na opinião dele, a crônica se adaptou tão bem à cultura brasileira. COSSON, Rildo. Letramento Literário — teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
Nessa obra, o autor defende o letramento literário como o grande papel do professor, tornando os estudantes leitores capazes de entender-se, entender seu ambiente e nele atuar. Apresenta uma parte prática, que começa exatamente como nós, na criação de motivos para se ler uma obra. COUTINHO, Afrânio. “Ensaio e crônica”. In: COUTINHO, Afrânio, org.
A literatura no Brasil. V. 6. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1971.
Apresenta a longa trajetória da crônica, desde o Romantismo, até chegar ao século XX, passando por seus escritores mais importantes, nos séculos
IXX e XX, dando destaque a Rubem Braga. Como toda a obra, rigor das observações torna o capítulo importante, sobretudo nas questões da evolução da crônica.
CUNHA, Maria Antonieta A. Mergulhando na leitura literária. Vol. 1.
Belo Horizonte: SEE/MG, 2002.
Embora em princípio destinada a professores do Ensino Fundamental, analisando textos literários, a obra tem uma introdução, que trata de questões importantes sobre razões de ler, objetivos de diferentes leituras, na educação, e sobre estratégias de abordagem da arte e da literatura. ECO, Umberto. “O texto, o prazer e o consumo”. In: Sobre os espelhos e outros ensaios. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
Trata-se de um livro que reúne ensaios e conferências feitas ao longo de pelo menos uma década, quando o autor foi refletindo e reformulando seus conceitos de literatura e outras artes, e representação, imagem e ilusão.
Como sempre, vara muitas manifestações artísticas, entretenimento e a complexidade das comunicações contemporâneas. O capítulo indicado é especialmente importante na discussão entre consumo, arte e prazer. __________. A obra aberta. São Paulo: Perspectiva, 2001.
Obra fundamental para o entendimento das características fundamentais da arte, especialmente sobre a sua incompletude: ela, na verdade, só se
“fecha”, se completa, com a participação do leitor, que vai preenchendo, segundo seu repertório de leitura e de vida, as lacunas da obra, deixadas pelo criador, propositadamente. Obra essencial. GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2001.
Além de um pequeno histórico do gênero, a obra trata dos pontos mais importantes de cada ingrediente da constituição da narrativa, detendo-se mais no estudo dos discursos, além de trabalhar conceitos como tema, assunto e mensagem. Indicada, aqui, dado que o livro tem crônicas narrativas, que mereceram relevo. JOLLES, André. Formas simples. São Paulo: Cultrix, 1976.
Para chegar à caracterização do conto, o autor faz a análise de várias criações, que ele engloba na classificação de formas simples, mas distinguindo-as segundo suas possiblidades literárias. Embora não se referindo à crônica, interessa pela análise que faz de outros gêneros parelhos. LEITE, Ligia Chiappini. Reinvenção da catedral. São Paulo: Cortez, 2005.
Documentário, depoimento, reflexão: tudo está presente nessa obra não tão fácil, mas substancial, sobre a longa trajetória da Universidade (sagrada como uma catedral), da pesquisa acadêmica para os pares, até aproximar-se da pesquisa necessária para a escola pública. Se não puderem ler todo o livro, leiam, pelo menos, o capítulo “Literatura: Como?
Por quê? Para quê?” MARTINS, Luís. Do folhetim à crônica. São Paulo: Conselho Estadual de
Cultura, 1972. (Coleção Ensaio)
Um excelente trabalho, traçando a evolução da crônica, desde sua chegada ao Brasil, e já se antecipando no “folhetim” sua face de entretenimento.
MELO, José Marques de. “A crônica”. In: CASTRO, Gustavo de. Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Escritura, 2002.
O livro todo tem interesse, em especial o capítulo indicado, mostrando o hidridismo do gênero, e sua ligeireza, mesmo estilística e literária, decorrente mesmo do veículo em que se expõe. PAULINO, Graça et al. Intertextualidades – Teoria e Prática. Belo Horizonte:
Lê, 1997.
As autoras desenvolvem a ideia básica da intertextualidade como inerente à cultura, incluindo aí a criação artística. Estuda as diferentes formas do fenômeno. (A obra pode ser encontrada em edição da Formato.) PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
Ao contrário do que muitas vezes se imagina, esta obra não é dirigida especialmente a professores dos primeiros anos de ensino. O autor aborda sobretudo a leitura de jovens, a quem são oferecidas (ou melhor: impostas) obras que falam pouco à sua vida, a seus gostos, à sua experiência de leitura (ou de escuta da literatura). Importante para todos os educadores que estejam dispostos a rever suas práticas de sala de aula, especialmente no tocante à exploração da literatura. PORCHER, Louis. Educação artística: luxo ou necessidade? São Paulo: Summus, 1982.
Traz uma reflexão extremamente lúcida sobre a importância das artes, em todas as suas formas, sempre, mas especialmente num tempo do império do mercado, do consumismo e da ligeireza, como o nosso. Tem um capítulo excepcional sobre o teatro e sobre a poesia. RABAN, Sophie (org.) L’intertextualité. Paris: Flammarion, 2002.
Se puderem, não deixem de ler esta obra da maior importância, na consideração dos mais importantes aspectos e relações com outros conceitos, como plágio e autoria, grandes casos do fenômeno, além de seus principais teóricos, entre eles Kristeva,Barthes, Riffaterre e Bakhtin. SANT'ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Ática, 1998.
O grande poeta apresenta, de modo muito didático, como convém à coleção a que pertence, sobretudo através desses tipos de intertextualidade, sua importância na construção da obra literária. SEPPIA, Ofelia et alii. Entre libros y lectores I. El texto literario. Buenos Aires:
Lugar Editorial, 2003.
Se tiverem acesso a essa obra, não percam a oportunidade de a ler toda.
Criada por um grupo de especialistas argentinos, detém-se nas várias questões que dificultam com frequência que estudantes se aproximem da leitura literária. Tem uma excelente conceituação da arte literária e dos
gêneros literários e suas características. O capítulo sobre narrativa é especialmente interessante. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura em curso. Campinas, SP: Autores
Associados, 2003.
Professor de peso, o autor há décadas tem refletido não só sobre as questões ligadas à própria situação de professores e bibliotecários, frequentemente sem um gosto pronunciado pela leitura e uma leitura literária sistemática, mas também sobre as estratégias de leitura, essa obra se constrói quase como um depoimento e uma aguda reflexão sobre suas próprias experiências como educador voltado para a formação do leitor. SILVA JÚNIOR. Maurício Guilherme. Contra a “Revolução dos Caranguejos” — Carlos Heitor Cony e as crônicas de resistência ao golpe militar de 1964.
Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2012. (Tese de doutorado)
Esse trabalho apresenta não apenas uma importante discussão sobre o gênero crônica, como também sobre a obra de Cony, trazendo ainda um panorama da literatura brasileira e a chamada “literatura de resistência”, a partir de 1964.
A Grande Ilusão
Luiz Fernando Emediato
ISBN: 978-65-88438-08-4
Temas: Projetos de vida, inquietações da juventude, Protagonismo juvenil e O poder transformador da arte
Gênero: Crônicas
Ensino Médio
Paratexto de apoio ao aluno e material digital: Maria Antonieta Antunes Cunha
EMEDIATO EDITORES LTDA
Rua João Pereira, 81 São Paulo | SP | 05074-070
1ª edição 2021
LUIZ FERNANDO EMEDIATO A GRANDE ILUSAO ˜
MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR
Por Maria Antonieta Antunes Cunha
ISBN (13) 978-65-88438-08-4