Revista CARNE nº 164 novembro/dezembro 2015

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» EDITORIAL

“Provavelmente” por M. Oliveira É um advérbio (provável + mente) derivação da palavra provável que vem do latim probabilis e que em termos práticos significa que parece ser verdade, mas nada está provado, portanto, verosímil. Ora, num artigo publicado online pela revista médica do IARC (International Agency Research on Cancer), uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciou o consumo de carne vermelha e carnes processadas como “provavelmente cancerígeno para os seres humanos”. Sem enveredar por teorias da conspiração ao qual sou, frontalmente, adverso, nem por uma tendenciosidade “agnóstica”, parece-me importante considerar alguns pontos: Primeiro, parece-me um mau principio gerar o pânico no seio da opinião pública com inverdades ou acusações improváveis. Segundo, e repito, sem querer entrar na fogueira da conspiração, considero muito estranho uma organização como a OMS publicar um relatório – se assim se pode chamar - fundamentado em meros exercícios teóricos que não reúne o consenso da classe científica. Recorde-se, que após sete dias de deliberações em Lyon, em França, o IARC não conseguiu reunir o consenso do grupo de 22 especialistas no campo de pesquisas sobre o cancro. 4 | CARNE

“O cancro é uma doença complexa que até mesmo as melhores e mais brilhantes mentes não entendem completamente”, referiu a nutricionista norte-americana Shalene McNeill. “Bilhões de dólares foram gastos em estudos em todo o mundo e nenhum único alimento se mostrou como causa do cancro”, concluiu, a especialista com experiência em pesquisa de nutrição, ensino universitário, educação em saúde pública, política de nutrição, alimentação e nutrição de marketing e comunicações. Expertise em alimentos funcionais para a saúde, o papel da carne na dieta humana, agricultura animal e produção de alimentos. As evidências científicas disponíveis simplesmente não apoiam uma relação causal entre carnes vermelhas e processadas e qualquer tipo de cancro. Como poderá ler nesta edição, a maioria dos cientistas concorda que não é realista isolar um único alimento como causa do cancro de um padrão dietético complexo que, naturalmente, sofre influência do estilo de vida e de fatores ambientais. Sobre o relatório do IARC, Shalene McNeill deixou o recado: “Como nutricionista e mãe, a minha opinião não mudou. Para melhorar todos os aspetos da sua saúde, opte por uma dieta equilibrada, que


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Existe uma constelação de “fatores que estão associados com a probabilidade de se ter cancro que, incluem idade, genética, características sócio económicas, obesidade, falta de atividade física, onde você nasceu, consumo de álcool, tabagismo e até mesmos a sua profissão...

inclui carne de bovino e de outras espécies. Mantenha um peso saudável, seja fisicamente ativo e, por favor, não fume”. Um estudo publicado online, em maio, pelo Journal of the American College of Nutrition, analisou a relação entre o consumo de carnes vermelhas e o risco de cancro do colo-rectal (também chamado cancro do cólon), revela que as carnes vermelhas “não são motivo nem parecem ser indicador independente de risco” desse cancro, de acordo com Dominik Alexander, cientista e uma sumidade em termos de nutrição global. “Existe uma constelação de fatores que estão associados com a probabilidade de se ter cancro que, incluem idade, genética, características sócio económicas, obesidade, falta de atividade física, onde você nasceu, consumo de álcool, tabagismo e até mesmos a sua profissão”, disse Dominik Alexander, “O ponto principal é que a ciência epidemiológica sobre a relação do consumo de carnes vermelhas e o cancro é insignificante e uma base de evidências que se tem enfraquecido com o tempo. E mais importante, como a carne vermelha é consumida no contexto de centenas de outros alimentos e correlacionada com outros fatores comportamentais, não é válido concluir que a carne vermelha é causa independente de cancro”. CARNE | 5


SUMÁRIO Revista bimestral nº 164 novembro/dezembro 2015 Revista Carne. não dispensam 4 EDITORIAL

"Provavelmente"

10 CONSUMO DE CARNE

Moderação, qualidade e bom senso

30 AMBIENTE

Separadores de gorduras

35 MARKETING VERDE

De tendência à realidade

42 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS Portas rápidas Metalsystem

44 UNIVEG

Logística especializada sob controlo de temperatura

57 TALHO VÍTOR EUSTÁQUIO Traiteur ou gourmet?

60 EQUIPAMENTOS

Cortadoras de blocos congelados

62 BREVES

Notícias da Comissão Europeia sobre agricultura e pecuária

N.º164 novembro/dezembro 2015

FICHA TÉCNICA Revista Carne Revista bimestral Propriedade: Azitania Global Expedition S.L. C.I.F. b8662786 Calle Génova 15 Piso 3 Derecha 28014 Madrid e. revistacarneportugal@gmail. com Assinatura, artigos e publicidade: e. aglobalexpedition@gmail.com Versão em português Isenta de registo a ERC ao abrigo do Decreto-Lei 8/99 de 9/06 artº12 nº1 A

Redação: Diretor: Manolo Oliveira Chefe de redação: Glória Oliveira Gestão de conteúdos: Luis Almeida e Alberto Pascual Design Gráfico e paginação: Patrícia Machado Impressão: Azitania Global Expedition S.L.U. Tiragem 10.000 exemplares Revista Carne é associado de: Maitre - Open Plataform for journalists and Researchers e SPJ Society of Professional Journalists

ASSINATURA REVISTA CARNE 6 números 30€ 12 números 50€

PEDIDOS DE ASSINATURA

e. revistacarneportugal@gmail.com





» CONSUMO DE CARNE

Moderação, qualidade e bom senso Um “novo” relatório elaborado pela IARC (International Agency Research of Cancer), uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o consumo de carne processada, como por exemplo, o bacon contribuem para o aparecimento do cancro. Segundo o documento, 50 gramas de carne processada por dia, o equivalente a duas fatias de bacon, aumentam a chance de desenvolver cancro colo-rectal (também chamado cancro do cólon), em 18%. 10 | CARNE

De forma mais branda e pela falta de provas mais contundentes, a OMS reforçou o alerta em relação à carne vermelha, dizendo que ela seria “provavelmente cancerígena”.

o gosto. São as carnes fumadas e curadas com aditivos e conservantes. Diz o documento, que são esses aditivos que podem aumentar o risco de desenvolver cancro.

De acordo com a correspondente da BBC em Genebra, Imogene Foulkes, no caso da carne vermelha o “quadro não é tão claro”.

A OMS chegou a essa conclusão após aconselhamento da sua agência internacional para a pesquisa do cancro, que avalia os melhores dados científicos disponíveis.

Segundo a OMS, a carne processada é a carne que foi modificada para aumentar, por exemplo, o prazo de validade ou intensificar

Assim, a carne processada passa a estar na mesma categoria do plutónio, bebidas


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Este comunicado da OMS não é um alarme, embora os meios de comunicação genéricos o tenham divulgado como tal, é um alerta. Não significa que vamos ter de parar de comer qualquer tipo de carne vermelha ou processada. Comer bacon de vez em quando não vai causar qualquer dano – um dieta saudável é baseada na moderação

Tim Key

alcoólicas e tabaco, substâncias que comprovadamente causam cancro. Mas, ao mesmo tempo, a OMS dá o dito-por-não-dito e refere que “consumir bacon, não é tão mau como fumar”. “Para um individuo o risco de desenvolver cancro no colo-rectal por causa do consumo de carne processada continua a ser pequeno”, disse Kurt Straif, oncologista e epidemiologista da OMS. Para o professor da universidade de Oxford Tim Key, que também é membro da organização britânica “Cancer Research UK” que pesquisa as causas de cancro, é “uma questão de moderação”.

// CIÊNCIA NÃO APOIA OPINIÃO DO IARC SOBRE CARNES VERMELHAS E CANCRO Um comitê internacional designado para avaliar todas as evidências disponíveis sobre carnes vermelhas e risco de cancro não chegaram a nenhum consenso, sobre se deviam ou não classificar a carne vermelha como causa “provável” de cancro. Após sete

dias de deliberações, em Lyon, em França, o painel composto por 22 especialistas, de vários países, não chegou a um consenso científico sobre a correlação cancro consumo de carne vermelha. Estranhamente, o painel de especialistas optou pela estratégia da votação. “O cancro é uma doença complexa que até mesmo as melhores e mais brilhantes mentes não entendem completamente”, referiu a nutricionista norte-americana Shalene McNeill. “Bilhões de dólares foram gastos em estudos em todo o mundo e nenhum único alimento se mostrou como causa do cancro”, concluiu, a especialista com experiência em pesquisa de nutrição, ensino universitário, educação em saúde pública, política de nutrição, alimentação e nutrição de marketing e comunicações, expertise em alimentos funcionais para a saúde, o papel da carne na dieta humana, agricultura animal e produção de alimentos. As evidências científicas disponíveis simplesmente não apoiam uma relação causal entre carnes vermelhas e processadas e qualquer tipo de cancro.

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Como poderá ler nesta edição, a maioria dos cientistas concorda que não é realista isolar um único alimento como causa do cancro de um padrão dietético complexo que, naturalmente, sofre influência do estilo de vida e de fatores ambientais. Sobre o relatório do IARC, Shalene McNeill deixou o recado: “Como nutricionista e mãe, a minha opinião não mudou. Para melhorar todos os aspetos da sua saúde, opte por uma dieta equilibrada, que inclui carne de bovino e de outras espécies. Mantenha um peso saudável, seja fisicamente ativo e, por favor, não fume”. Embora a IARC represente um grupo seleto de opiniões, não representa o consenso da comunidade científica.

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Um estudo publicado online, em maio, pelo Journal of the American College of Nutrition, analisou a relação entre o consumo de carnes vermelhas e o risco de cancro do colo-rectal (também chamado cancro do cólon), revela que as carnes vermelhas “não são motivo nem parecem ser indicador independente de risco” desse cancro, de acordo com Dominik Alexander, cientista e uma sumidade em termos de nutrição global. “Existe uma constelação de fatores que estão associados com a probabilidade de se ter cancro que, incluem idade, genética, características sócio económicas, obesidade, falta de atividade física, local de nascimento, consumo de álcool, tabagismo e até mesmos a profissão”, disse Dominik Alexander, “O ponto principal é que a ciência epidemiológica sobre a

relação do consumo de carnes vermelhas e o cancro é insignificante e uma base de evidências que se tem enfraquecido com o tempo. Como a carne vermelha é consumida no contexto de centenas de outros alimentos e correlacionada com outros fatores comportamentais, não é válido concluir que a carne vermelha é causa independente de cancro”. De acordo com várias opiniões da comunidade científica, estudos sobre epidemiologia nutricional podem ser altamente propensos a serem tendenciosos, aliás, o mesmo acontece com os estudos sobre hábitos de dieta, que como se sabe, mudam com o tempo. Neste contexto, as entidades e




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organismos reportados na epidemiologia nutricional estão, efetivamente, cercados de incertezas. Por exemplo, a maioria, senão todos, os estudos observacionais com carnes vermelhas são limitados por diversos fatores que podem criar confusão; é o caso de estudos que mostraram que as pessoas que consomem mais carnes vermelhas têm mais tendência para fumar, para comer menos fruta, e vegetais e sofrer de obesidade – tudo isto pode confundir a relação entre carnes vermelhas e o risco de cancro. Além disso, os estudos mais recentes revelam que não há descobertas significativas que relacionem as carnes vermelhas e cancro. Por exemplo, um estudo recente, em Harvard, usando o bem conhecido estudo NHS (Nurses Healty Study) e o creditado estudo do HPFS (Harvard School of Public Health) descobriu que o consumo de carne não processada tinha uma associação inversa com o cancro do cólon distal e uma associação positiva fraca, estatisticamente insignificante, com o risco de cancro proximal.

Na minha experiência como observador de um grupo de trabalho da IARC, o processo envolve cientistas que publicaram pesquisas anteriores sobre a substância que está sendo analisada e revelam grande interesse em defender a sua dama”, sublinhou Coughlin. “No caso das carnes vermelhas e processadas, as evidências científicas na generalidade, simplesmente, não apoiam essa conclusão

Além disso, o estudo refere que uma redução de 20% no consumo de carnes vermelhas não reduziu o os riscos de cancro colo-rectal e/ ou não teve efeitos na recorrência de adenoma (um tipo de pólipo do cólon, percussor do cancro colo-rectal), no intestino grosso. A verdade, é que estes estudos foram desconsiderados pela IARC. “Dadas as fracas associações nos estudos humanos e a falta de evidências em estudos animais, é dificil entender a votação do comitê”, referiu o toxicologista nutricional, James Coughlin. “De mais de 900 itens que a IARC analisou, incluindo café, luz do sol, trabalho noturno, curiosamente, descobriram só um é que não provoca cancro”. Coughlin é toxicologista com mais de 40 anos de experiência em carnes e cancro, é critico do processo de revisão da IARC devido à falta de transparência, inclusão ou exclusão seletiva de estudos e ampla interpretação de resultados de estudo que são inconsistentes com as conclusões do autores do estudo.

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... De facto, a ingestão em demasia de qualquer “produto alimentar pode provocar obesidade e ser prejudicial para a saúde.

// A DESINFORMAÇÃO PODE CRIAR PÂNICO Quando a revista “The Lancet Oncology” lançou a 26 de outubro o alerta que a carne vermelha era “provavelmente cancerígena para os seres humanos”, abriu-se um procedente na classe científica: pela primeira vez, as conclusões de relatório da IARC foram apresentadas com base numa votação e não com dados científicos concretos, sendo resolvido pelos especialistas com um advérbio: provavelmente. Christopher Wild, diretor da IARC, justificouse da seguinte maneira: “Estes resultados são indicativos e estão em sintonia com as atuais recomendações de saúde pública. Ao mesmo tempo, sabemos, que a carne vermelha tem um valor nutricional muito importante. Portanto, este resultados são importantes para os governos reguladores realizar avaliações de risco, e para equilibrar os riscos e benefícios do consumo de carne vermelha e carne processada, e formular 16 | CARNE

as melhores recomendações alimentares”. Segundo a IARC a carne vermelha “inclui todos os tipos de carne a partir do tecido muscular de mamíferos, como carne bovina, vitela, porco, cordeiro, carneiros, cavalos e cabras”. Em relação aos produtos processados a IARC considera carne processada “a carne que tenha sido transformada por salga, maturação, cozedura, fumagem e outros processo utilizados para realçar o sabor ou melhorar a sua conservação”. Neste contexto, Christopher Wild, confessou que o texto foi veiculado de forma errada pelos meios de comunicação. “A ideia não era alarmar os consumidores, mas sim alertar para a necessidade de se adotarem outros comportamentos alimentares sem excluir a carne”. No entanto, não admitiu que a utilização do advérbio provavelmente produziu uma desinformação que alarmou os consumidores,

não credibiliza a agência que dirige e, naturalmente, castiga a produção, transformação e comercialização de carne. De realçar que campanhas deste tipo são cíclicas. Em 2007 já tinham sido preferidas e, por não terem qualquer base científica, caíram por terra. De facto, a ingestão em demasia de qualquer produto alimentar pode provocar obesidade e ser prejudicial para a saúde. Por exemplo, o ovo é um alimento de grande valor nutritivo, contém proteínas, vitaminas e minerais, ácidos gordos saturados e insaturados. O ovo é recomendado para uma dieta variada e equilibrada, no entanto, se ingerir dois ovos por dia já não poderá ingerir outra fonte de colesterol porque já atingiu o limite diário. Da mesma forma acontece com todos os alimentos. Esta especulação remete-nos à crise da encefalopatia espongiforme bovina


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vulgarmente conhecida como doença das vacas loucas, no ano 2000, quando a OMS vaticinou que, 9 a 10 depois, milhares de pessoas morreriam vitimas de um desordem degenerativa rara e fatal conhecida por Creutzfeldt-jakob. Quase 16 anos depois, felizmente, nada

disso aconteceu, a classe científica que alarmou o mundo ficou impune e ninguém foi responsabilizado pelos prejuízos avultados causados ao sector das carnes, desde a produção á comercialização. O timing da publicação deste relatório não é de todo inofensivo, pois surge um mês antes

da conferência mundial sobre o clima, em que várias ONG’s exigem uma redução da produção animal, para reduzir as emissões de metano. Sem querer entrar na fogueira da teoria da conspiração, faz-nos lembrar o dito popular castelhano “No creo em brujas, pero que las hay, las hay” (não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem).

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se for cabeleireiro ou trabalhar por turnos terá “deEmudar de profissão se não quiser correr o risco de apanhar um cancro ” // REAÇÃO DO SETOR DAS CARNES The North American Meat Institute (NAMI), com sede em Washington, DC acusou publicamente, nos mais importantes jornais americanos, ingleses e australianos, a IARC de ter feito o relatório não com base científica, nem num consenso científico, mas fruto de uma votação ridícula, em que o sim venceu com um voto de diferença, ou seja, dos 22 especialistas reunidos, 11 votaram a favor, 10 contra e houve uma abstenção. Diga-se, em abono da verdade, que é uma atitude pouco credível para um conselho científico da OMS (Organização Mundial de Saúde). Considerou ainda o instituto americano da

carne que classificar a carne vermelha e a carne processada como motivo causal de cancro desafia o senso comum e os numerosos estudos científicos que provam que não existe nenhuma correlação entre o consumo de carne e o cancro. Todos os estudos apontam para as vantagens de uma dieta equilibrada e incluem carne. A evidencia científica demonstra que o cancro é uma doença complexa, que não é causada por alimentos simples e que uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável são essenciais para uma boa saúde. “Ficou muito claro que os presentes na

reunião da IARC tinham como objetivo um resultado muito especifico, apesar de antigos, fracos e inconsistentes argumentos científicos sobre a relação carne/cancro”. Referiu Betsy Boreen, Vice-presidente dos Assuntos Científicos do NAMI. “Eles viciaram os dados para garantir um resultado especifico”. “A carne vermelha e a carne processada estiveram entre os mais de 900 itens analisados pelo IARC e foram colocados numa “prateleira” teórica de “risco”. Apenas uma substância, um produto químico que faz parte das calças de yoga, foi declarado fora de “risco” de provocar cancro. CARNE | 19



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// Em Portugal, o consumo per capita de produtos transformados é muito inferior ao dos restantes países da Europa.

“Ou seja, a IARC diz que podemos desfrutar da nossa aula de yoga, mas não respirar o ar (classe I Carcinogéneo), não se pode sentar perto de uma janela onde bata o sol (Classe I), aplicar aloé vera (Classe 2 B), comer alimentos grelhados (classe 2 A ), beber vinho ou café (Classe I e 2 B ) e se for cabeleireiro ou trabalhar por turnos (ambos classe 2 A), terá de mudar de profissão se não quiser correr o risco de ter um cancro”. “O único objetivo do painel de especialistas do IARC foi de olhar para os hipotéticos riscos que a carne possa ter, sem levar em conta os comprovadíssimos benefícios que a carne tem e a importância da mesma numa dieta equilibrada. O único objetivo foi denegrir a carne.” Sublinhou a Dra Boreen. “A decisão da IARC ((International Agency Research on Cancer) não pode ser aplicada à saúde das pessoas, pois leva em conta apenas uma peça do puzzle: riscos teóricos. E numa situação destas os riscos e os benefícios devem ser considerados em

conjunto, antes de alarmar as pessoas com o que se deve comer, beber, respirar ou trabalhar”, concluiu a especialista.

// FACTOS DOS BENEFÍCIOS DA CARNE NUMA DIETA EQUILIBRADA Existem dezenas de estudos que comprovam que não existe nenhuma correlação entre a carne e o cancro e outros estudos que mostram os muito benefícios de saúde de dietas equilibradas que incluem carne. http://www.meatpoultrynutrition.org/ content/scientific-studies-topic

// A CARNE É UM NUTRIENTE DENSO Os alimentos ricos em nutrientes são os que têm alto valor nutritivo. Os nutrientes densos proporcionam diferentes tipos comestíveis que são ricos em todos os nutrientes necessários para o nosso corpo. Comer saudável e equilibrado é a melhor maneira de prevenir o seu corpo de

transtornos de saúde. Isto implica determinar os alimentos que não são só suficientes para as necessidades nutricionais do seu corpo, como também para se manter em forma e pleno de energia. Os alimentos que têm alto conteúdo nutricional são chamados alimentos densos em nutrientes. A carne é um deles. A densidade dos nutrientes é o fator que se utiliza para calcular a quantidade de nutrientes por volume nos alimentos. Esta medição serve para determinar o conteúdo nutricional de todo o tipo de alimentos. Os alimentos mais nutritivos para as crianças procedem principalmente dos produtos lácteos, que são ricos em proteínas, carboidratos e minerais. Os alimentos mais ricos em proteína são os de origem animal como carne, peixe, ovo, leite, queijo e iogurte, mas os vegetais como ervilhas e soja, também possuem proteína, no entanto, não são tão completas como as de origem animal. A alimentação rica em CARNE | 21


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Existem dezenas de “estudos que comprovam que não existe nenhuma correlação entre a carne e o cancro...

proteínas ajuda a ganhar massa muscular e a queimar gordura, quando aliada à prática de exercício físico. A carne é um nutriente denso e vital para os seres humanos, especialmente, para as crianças: contém vitamina B12 e B6, proteína, ferro e zinco. A vitamina B12 é essencial para o metabolismo celular, principalmente do sistema gastrointestinal, medula óssea e tecido nervoso. É essencial na síntese de ácidos nucleicos (moléculas que transportam a informação

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genética nas células), purinas (nucleótido constituinte da molécula de DNA) e pirimidinas (nucleótido constituinte da molécula de DNA), participando na transferência de grupos metil. Participa também na formação de tetrahidrofolato (necessário para a síntese de DNA) e na remoção do grupo metil do metilfolato. A cobalamina participa ainda no metabolismo dos glícidos e dos lípidos.

// PARA QUE SERVE A VITAMINA B12 A vitamina B12 serve para a formação das células do sangue juntamente com o ácido

fólico. Quando o consumo de alimentos ricos em vitamina B12 é pequeno, como ocorre especialmente entre os vegetarianos, devese tomar um suplemento alimentar de vitamina B12, para evitar a anemia perniciosa e outras complicações, como o derrame cerebral e as doenças cardíacas. Essa prescrição deve ser sempre feita por um médico especialista como o gastroenterologista ou hematologista.

// ONDE ENCONTRAR VITAMINA B12 A vitamina B12 encontra-se em maior quantidade em alimentos de origem animal como produtos lácteos, carnes, fígado, peixes e ovos. Alimentos ricos em vitamina B12: ostra, fígado, carnes em geral, ovos, leite, levedura de cerveja e cereais enriquecidos.


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// A CARÊNCIA DE VITAMINA B 12 A carência de vitamina B12 origina o aparecimento de anemia megaloblástica (caracterizada por glóbulos vermelhos e brancos grandes e imaturos), resultante da ocorrência de alterações na síntese de ADN, que afectam principalmente os tecidos com uma taxa de renovação de células mais elevada (exemplo sistema hematopoiético). Pode também ocorrer neuropatia (danos nos nervos). Os sintomas incluem fraqueza, cansaço, dispneia (falta de ar quando realizado esforço), parestesia, glossite (inflamação da língua), anorexia, perda de peso, ageusia (perda de paladar) e anosmia (perda do olfacto), perturbações psiquiátricas (irritabilidade, perda de memória, depressão leve, alucinações). Outra das consequências desta carência é a desmielinização da medula espinal que provoca danos irreversíveis no sistema nervoso. 24 | CARNE

A vitamina B 6 é essencial para o funcionamento adequado de mais de sessenta enzimas e essencial para síntese normal do ácido nucleico e das proteínas. Participa da multiplicação de todas as células e da produção de glóbulos vermelhos e das células do sistema imunológico. Influência o sistema nervoso através de seus efeitos sobre vários minerais e neurotransmissores cerebrais. A principal função metabólica da vitamina B6 é como coenzima. Tem um papel importante no metabolismo das proteínas, hidratos de carbono e lipídios. As suas principais funções são: a produção de epinefrina, serotonina e outros neurotransmissores, a formação do ácido nicotínico da vitamina, a decomposição do glicogénio e o metabolismo dos aminoácidos. Além disso, a vitamina B6 faz a quebra

do glicogênio, ajuda na formação da hemoglobina, anticorpos e certas hormonas. Promove o bom funcionamento do sistema nervoso e imunológico e proporciona pele, músculo e sangue saudáveis. Ajuda na degradação da homocisteína, uma substância que, em excesso na circulação sanguínea, pode causar doenças cardiovasculares.

// PARA QUE SERVE A VITAMINA B6 Previne e trata a anemia: A vitamina B6 ajuda na produção de hemoglobina, que é responsável pelos níveis de ferro no corpo. Com a falta dessa vitamina, a pessoa possuiria glóbulos vermelhos pouco desenvolvidos, com pouca hemoglobina e teria carência principalmente de ferro, causando anemia. Uma dieta rica nesta vitamina é um dos fatores necessários para reverter casos de anemia extrema.


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// A criação em extensivo, bem-estar animal e a segurança alimentar são as prioridades dos produtores.

Boa para o coração: estudos sugerem que uma ingestão deficiente de vitamina B6 aumenta os riscos de doenças cardíacas. Afinal, esta vitamina diminui os níveis de homocisteína no sangue, que está relacionado com doenças cardíacas. Alivia a tensão pré-menstrual: estudos mostram que a deficiência de vitamina B6 pode estar relacionada com os sintomas da tensão pré-menstrual, o suplemento alimentar desta vitamina diminui os sintomas causados pela tensão pré-menstrual devido ao envolvimento da vitamina B6 na eliminação do excesso de estrogênio. Combate a depressão: a vitamina B6 auxilia na melhora dos sintomas da depressão. Isto porque é muito importante para a produção de serotonina, um neurotransmissor importante nos processos bioquímicos do sono e do humor. Bom para quem amamenta: As mulheres grávidas e as que amamentam precisam de uma dose adicional de vitamina B6 de 0,5 a 0,6 mg para compensar as necessidades criadas pelo feto ou pelo bebé. A vitamina B6 auxilia no metabolismo da proteína consumida, que será usada na produção de leite pela mãe. 26 | CARNE

// CARÊNCIA DE VITAMINA B6 Carência de vitamina B6 ou piridoxina. Pouco comum, produz-se essencialmente como consequência de perturbações que impedem a sua correcta assimilação intestinal ou o seu posterior metabolismo. Apresenta-se, sobretudo, nas crianças pequenas, manifestando-se através da perda de apetite, inflamação na pele e nas mucosas, em especial na língua, perturbações musculares e, por vezes, convulsões. A carne é uma proteína completa, o que significa que contém todos os aminoácidos

que o nosso corpo necessita. Está provado que as proteínas que não são de carne, não são completas e devem ser ingeridas em combinação com outros alimentos para fornecer todos os aminoácidos. A carne contém ferro eme, que é mais facilmente absorvido pelo organismo do que o ferro não eme dos vegetais. Quando a carne é ingerida com legumes, o ferro eme ajuda a absorver o ferro não eme dos vegetais. Produtos de origem animal são a mais importante fonte de vitamina B12, essencial para o desenvolvimento do cérebro da


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criança, e para manter o cérebro em funções durante toda a vida. Desenvolvimento do cérebro: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18709887 Função do cérebro: http://lifewave.com/pdf/ThetaNutrition/(8) Vitamin-B-12-and-homocysteine-statusamong-vegetarians.pdf Numerosos estudos publicados mostram que aqueles que escolhem uma dieta Vega têm maior risco de declínio mental devido à falta de B12, a anemia ferropriva, osteoporose e perda muscular relacionada à idade (sarcopenia). Declínio mental: http://www.readcube.com/articles/10.1111% 2Fjgs.12690?r3_referer=wol&tracking_action =preview_click&show_checkout=1&purchase_

referrer=onlinelibrary.wiley.com&purchase _site_license=LICENSE_DENIED_NO_CUSTOMER%20 Falta de ferro: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC3917888/ Osteoporose: http://ajcn.nutrition.org/content/100/ Supplement_1/329S.short Perda de massa muscular: http://www.sciencedirect.com/science/ article/pii/S0309174012001519 Curiosamente a ONU e a própria OMS recomendam o consumo de carne, como uma abordagem positiva na condições nutricionais comuns, especialmente nos países em desenvolvimento. Para obter mais informações sobre os benefícios nutricionais

da carne e estudos que mostram não haver relação entre a carne o e cancro, visite: www.MeatPoultryNutrition.org

// BENEFÍCIOS DE UMA DIETA EQUILIBRADA Recentemente num painel sobre nutrição que reuniu os maiores especialistas, convidados pelo governo do EUA, a dieta mediterrânica foi amplamente elogiada. Os especialistas concluíram que povos como os espanhóis ou os gregos consomem o dobro de produtos transformados que os próprios americanos. De acordo com uma recente revisão da ciência de nutrição, um toxicologista/ nutricionista do governo do EUA sublinhou: “O campo da nutrição tem uma longa lista de fracassos. A ingestão moderada de uma variedade de alimentos que são apreciados continua a ser o melhor aconselhamento dietético”.

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» CONSUMO DE CARNE

Produtos de origem animal são a mais “importante fonte de vitamina B12, essencial para o desenvolvimento do cérebro da criança, e para manter o cérebro em funções durante toda a vida.

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// PROBLEMAS COM A CLASSIFICAÇÃO IARC http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/ ClassificationsGroupOrder.pdf

A principal função metabólica da vitamina B6 é como “coenzima ... faz a quebra do glicogênio, ajuda na formação

A “American Cancer Society” diz que a lista IARC que inúmera os agentes cancerígenos devem ser requalificados, no contexto adequado: “as próprias listas não dizem nada sobre quão provável é que um agente provoca cancro. Os agentes cancerígenos não causam cancro em todos os momentos, em todas as circunstâncias. Alguns, só podem ser cancerígenos se uma pessoa for exposta de determinada maneira (por exemplo, engolindo ao invés de tocar). Alguns só podem causar cancro em pessoas com um determinada composição genética. Alguns desses agentes podem levar ao cancro após uma pequena exposição, outros, podem exigir uma exposição intensa ao longo dos anos... Mesmo se uma exposição ou substância é conhecida ou suspeita de causar cancro, isso não significa que ele podia ter sido evitado a todo o custo...”

da hemoglobina, anticorpos e certas hormonas. Promove o bom funcionamento do sistema nervoso e imunológico e proporciona pele, músculo e sangue saudáveis...

http://www.cancer.org/cancer/cancercauses/ othercarcinogens/generalinformationabout carcinogens/known-and-probable-humancarcinogens.

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» AMBIENTE

Separadores de gorduras A água é um bem precioso e cada vez mais lidera os debates em todo o mundo. O uso irracional e a poluição de fontes importantes (rios e lagos) podem ocasionar a falta de água doce. Este Milénio apresenta o maior desafio que a humanidade já teve: evitar a falta de água. Um estudo recente da revista Science mostra que mais de 2 biliões de pessoas, enfrentam a escassez de água, em várias partes do planeta Terra. Tenta-se a todo o custo evitar a falta de água para a irrigação em diversos países, sobretudo, nos mais pobres. Os continentes mais atingidos pela falta de água são: África, Ásia Central e oriente Médio. Entre os anos de 2005 e 2010 a necessidade de água potável aumentou cerca de duas vezes mais que a população mundial.

// CAUSAS DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS DO PLANETA As principais causas de deterioração dos rios, lagos e oceanos, são: poluição generalizada e contaminação por poluentes e esgotos. O

ser humano tem causado todo este prejuízo à natureza, através de lixos, esgotos, resíduos químicos industriais, gorduras e óleos. As gorduras e os óleos de origem vegetal e animal, são compostos poluentes que fazem parte da constituição dos óleos de cozinhas tais como o óleo de fritar, margarinas, manteigas, entre outros. As gorduras, os óleos alimentares assim como os óleos minerais e sintéticos, quando lançados nas redes de saneamento, solos ou meios hídricos provocam graves problemas de poluição dos lençóis freáticos.

...O uso irracional e a poluição de “fontes importantes (rios e lagos) podem ocasionar a falta de água doce... ” Um litro de óleo mineral é suficiente para poluir cerca de um milhão de litros de água, pelo que o esgoto nunca deve ser o destino a dar a este tipo de poluentes, até porque podem danificar estas infraestruturas e potenciar o aparecimento de pragas. Por outro lado, poderão danificar os sistemas de tratamento das águas residuais (ETAR), uma vez que a gordura se acumula nas caixas e tubagens, obstruindo-as 30 | CARNE


AMBIENTE «

Um litro de óleo alimentar, polui um milhão de litros de água. “Devido à sua complexidade e elevado potencial de contaminação dos recursos hídricos, é fundamental a separação de gorduras. ”

Quercus

de Alta Densidade) foi concebido de acordo com as Normas EN1825-1, para receber a totalidade das águas oleosas produzidas nas instalações, não estando preparado para receber óleos usados concentrados. Não é igualmente permitido o encaminhamento de águas residuais domésticas para o separador de gorduras.

// FUNÇÃO DOS SEPARADORES Os separadores de gorduras ou câmaras de retenção de resíduos são instalados em locais onde existe a necessidade de realizar-se uma separação de gorduras/água. Devido há sua estrutura o separador de gorduras consegue separar a água dos resíduos gordurosos, ficando retida a gordura no separador. Sobre a Premier Tech: durante 90 anos, a Premier Tech tem vindo a construir o seu Know-how e reputação na experiencia e sinergias nas sua três áreas de actividade: horticultura, agricultura e equipamentos industriais e tecnologias ambientais. e fazendo com que não funcionem devidamente, prejudicando o processo de tratamento das águas residuais. O separador de gorduras, muitas vezes designado por caixas de gorduras ou câmara separadora de gorduras, serve para a retenção dos resíduos gordurosos, como gorduras e sólidos, provenientes das cozinhas e zonas de transformação em que existam resíduos orgânicos, evitando a passagem para os sistemas de esgotos.

Com uma equipa multidisciplinar de mais de 2.300 pessoas na América, Europa e Ásia, a Premier Tech concentra-se no desenvolvimento dos seus colaboradores, na inovação e no lançamento de produtos e serviços de valor agregado para assegurar o seu crescimento a longo prazo.

O separador de gorduras é um equipamento de tratamento físico da águas oleosas contaminadas com gorduras, através do qual se obtém a separação dos óleos presentes em águas residuais oleosas, conseguindo atingir um valor de descarga de acordo com o exigido na legislação vigente, o Decreto Lei 236/98 de 1 de agosto. Tem como objetivo reduzir a concentração dos óleos e gorduras na descarga para um valor inferior a 15 mg/l. As águas oleosas contaminadas com gorduras resultam do funcionamento de várias atividades, tais como: cantinas, restaurantes, talhos, matadouros e outras unidades similares. As águas residuais que devem ser encaminhadas para este tipo de equipamento resultam da lavagem dos utensílios de cozinha ou do pavimento das próprias instalações e compreendem uma mistura de água, óleos, gorduras e sólidos. O separador de gorduras, pré-fabricado em PEAD (Polietileno CARNE | 31





MARKETING VERDE «

De tendência à realidade (ações concretas para a imagem de uma empresa) Texto: Glória Oliveira

O marketing verde já não é uma tendência. É uma realidade e as empresas olham como uma oportunidade para atrair clientes, através de estratégias que também contribuem para o planeta. Embora isso seja um facto, muitas empresas não sabem exatamente como funciona esta ramificação do tradicional marketing. Este texto tem o objetivo de apresentar o conceito verde e orientar quando e quais são as ações consideradas como tal. Esperamos que, no final da leitura, obtenha algumas reflexões que possa utilizar na estratégia da sua empresa.

// MARKETING VERDE: O QUE É E COMO FAZER No ínicio do século XX, o marketing era visto como uma ferramenta de manipulação, hoje, é a forma principal de aumentar as vendas e estimular comportamentos. Novas técnicas e formas de aplicação foram moldando o marketing, e, hoje, uma nova categoria ou roupagem surge: trata-se do Marketing Verde, que também pode ser chamado de: • Marketing Sustentável • Marketing Ecológico • Eco-marketing Existem diferentes nomes, Alguns teóricos, inclusive, tentam diferenciar cada uma dessas designações. Mas, em abono da verdade, a essência é semelhante, por isso optamos pela denominação universal: Marketing Verde.

// A FUNÇÃO DO MARKETING VERDE Embora esteja em evidência e exposto em diversos canais, sempre que se fala em marketing verde surgem algumas questões a respeito da sua verdadeira aplicabilidade. Qual é a sua real função? Como pode ser aplicado? Quais os segmentos que o podem adotar? E a principal: o marketing verde, vende? Estas são algumas das questões dentre os profissionais desta área e de empresários que pesquisam o tema. É importante ter em conta de que as questões ambientais e

sociais ganham forma nas empresas, independentemente da sua área de atuação. E não só dentro das organizações, bem como debates sobre este assunto têm se intensificado na sociedade como um todo. Portanto, podemos afirmar que, o marketing verde pode, mesmo que não oficialmente, ocorrer na sua empresa e no mercado em que está, sem que se aperceba disso.

// TEORIZANDO SOBRE MARKETING VERDE Podemos falar que a esfera do marketing verde envolve todo o processo de produção/comercialização/exposição de um produto, serviço e marca. O marketing verde não trata apenas de criar ações sobre um produto – feito de material reciclado – ou, ainda, biodegradável. Esta associação ainda é muito comum mas não está correta. Uma ação que pode ser mais abrangente do que isso é o investimento em neutralização ou redução de sua emissão de CO2. Ela pode realizada com a plantação de árvores, com a distribuição dos seus produtos em veículos “limpos”, ou utilizar nas instalações da sua empresa conceitos e metodologias de aproveitamento de água, poupança no consumo de eletricidade, etc. Portanto, marketing verde é um projeto composto por ações concretas para a imagem de uma empresa, bem como os seus produtos e CARNE | 35


» MARKETING VERDE

serviços. A comunicação deve seguir uma linguagem única com uma ideia central que norteará todas as atividades de um negócio.

49% das pessoas ouvidas não “confiam na comunicação realizada

// QUEM DEVE UTILIZAR O MARKETING VERDE? É uma definição fácil: toda a gente pode. Desde que isso não interfira no lado ético. Por exemplo, uma empresa que importa madeira de corte ilegal, não pode fornecer matéria prima a uma empresa que alega produzir móveis sustentáveis.

pelas empresas, o que significa que é preciso provar o que se comunica. Tanto é que, 28% afirmam que só acreditam em comunicações sobre sustentabilidade dependendo da imagem que a empresa possui, juntamente com a sua relevância...

Se houver consciência ambiental, todas as empresas se podem tornar sustentáveis, independentemente da atuação. Porém, para alguns segmentos é necessária uma reorganização dos processos, mas se houver interesse e boa vontade, o processo é fácil e proveitoso.

// ÉTICA NO MARKETING VERDE Como dissemos no subtítulo anterior, é preciso ter um projeto bem definido para que o marketing verde seja desenvolvido de forma correta. Não se pode basear somente num produto ou serviço, mas também nas ações das empresas. Essas ações envolvem a questão ambiental e social, afinal o marketing verde engloba também a questão da sustentabilidade, a qual está essencialmente associada a tirar melhor proveito daquilo que temos hoje, garantindo que seja dada continuidade a isso a médio e longo prazo. Por isso, as empresas precisam de pensar na questão ambiental, mas também no impacto das suas ações na comunidade.

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// EXEMPLOS Imagine uma empresa que produz um produto com material reciclado ou aplica energia limpa na produção desse produto. Ação ambiental importante, pois reduz o número de produtos que não contribuem para a preservação do ambiente. Em termos de marketing, se for feita uma boa campanha, com uma boa comunicação e bem organizada, vai de certeza gerar lucros, requisito essencial para um negócio. Mas, vamos supor que essa empresa utiliza materiais reciclados de fornecedores que exploram o trabalho humano ou que agride o meio ambiente de alguma maneira.



» MARKETING VERDE

Tal empresa está realmente a fazer marketing verde ou apenas uma ação de cunho económico, para atrair um nicho? Hoje, mais que nunca, é muito importante abordar a questão ética, pois ações de pseudo-marketing verde entram obrigatoriamente no limbo da incerteza e da falta de escrúpulos. Não adianta fazer uma campanha que vende a empresa de forma sustentável se, as metodologias internas são antigas, poluentes, além de outras coisas. O consumidor tem cada vez mais dificuldade em acreditar na palavra da empresa por causa dessas posturas. Mas sobre isso falamos a seguir.

// O PERFIL DO CONSUMIDOR E AS TENDÊNCIAS SOBRE ESSE MERCADO Em 2014, foi divulgado Pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, que entre outros assuntos relacionados com o bem estar, indicou a percepção do consumidor português a respeito da sustentabilidade e confiabilidade passada pelas empresas que se dizem sustentáveis. Estudo idêntico já tinha sido apresentado em 2010 e foi possível verificar qual a mudança ocorrida em 4 anos. De 2010 a 2014 aumentou de 54% para 84%, o número de portugueses que já ouviram falar do termos sustentabilidade. Podemos atribuir isso ao fácil acesso à internet, às redes sociais e a outros meios que eram mais segmentados e passaram a ser de massas. Também aumentou, de forma considerável, o número de pessoas que procuram informações sobre o tema: passou de 34% para 64%. Mas atenção, apenas 34% daqueles que ouviram falar em sustentabilidade sabem, de forma, correta, o que o termo quer dizer, o que mostra que ainda há muito a fazer. Quatro em cada 10 portugueses, leva a sustentabilidade em consideração no ato da compra. O chamado consumo consciente. Sobre o consumo consciente, 22% dos inqueridos confessaram que tinham essa preocupação há muito pouco tempo. A pesquisa também pediu aos entrevistados que respondessem a algumas perguntas sobre a adesão a situações de comportamento relacionadas com o meio ambiente: • 95% tem o hábito de desligar as luzes, eram 76% em 2010. • 95% é o mesmo valor percentual de quem tem o hábito de fechar as torneiras, sendo que em 2010 eram 86%. • 49% das pessoas ouvidas não confiam na comunicação realizada pelas empresas, o que significa que é preciso provar o que se comunica. Tanto é que, 28% afirmam que só acreditam em comunicações sobre sustentabilidade dependendo da imagem que a empresa possui, juntamente com a sua relevância. Isso coincide com o tema sobre ética. A empresa necessita de mostrar um imagem diferente perante os seus consumidores. Não só aquele que comercializa o produto mas, essencialmente, a imagem de que age em conformidade com o que comunica. Segundo um estudo da União Europeia, 79% dos proprietários de pequenas e médias empresas estão conscientes que a sustentabilidade atrai mais clientes. Ou seja, existe uma ideia fixa de que, ações de sustentabilidade atraem clientes. 38 | CARNE

4 em cada 10

portugueses, leva a

sustentabilidade em consideração no ato da compra

...

95% tem o hábito de desligar as luzes de fechar as torneiras

...

Segundo o mesmo estudo, 15% dos europeus assumem que pagam até 15% a mais por um produto comercializado por empresas que realmente investem em sustentabilidade.

// CONSUMIDOR BEM INFORMADO, É ESSENCIAL Embora cada vez se dê mais atenção ao tema, é necessário informar o consumidor sobre o que é o conceito de “Verde”. Percebe-se que os portugueses têm bons hábitos ecológicos e essa consciência ambiental e o que se passa por detrás dessas ideias verdes, pode ser a ignição para que o seu negócio consiga cobrar um valor justo pelos produtos e serviços prestados. Todos nós temos consciência que é preciso poupar os recursos naturais. Se realmente existe essa semente plantada na consciência, o próximo passo da sua empresa é expandi-la ao seu potencial mercado.

// COMO INFORMAR? Isso vai depender de si. Não basta imprimir um selo verde nos seus produtos ou entregar uma encomenda em embalagem reciclada mas, sobretudo, oferecer um conteúdo que explique e mostre, principalmente, o que é que o consumidor pode ganhar e de que forma o planeta também contribui. E assim revela um diferenciação entre os seus pares.



» MARKETING VERDE

// EXEMPLOS DE MARKETING VERDE Como já foi dito, o nosso tema é o marketing verde, termo para abordar toda a complexidade de ações em prol do meio ambiente no seio das comunidades que sejam sustentáveis e que garantam a continuidade das ações. Damos alguns exemplos de ações que podem ser utilizadas dentro do marketing verde. Ações que devem ser adequadas à realidade da sua empresa, e como são tópicos, podem ser explorados de diferentes maneiras. Fazer com que produtos/serviços tenham pouco impacto na comunidade como um todo. Por exemplo: • Alterar projetos que necessitem de matéria-prima proveniente da escravidão; • Adequar a sua política interna em prol da sustentabilidade; • Desenvolver um plano de entrega o mais limpo possível; • Desenvolver projetos de neutralização de emissão CO2 com o plantio de árvores; • Apoiar ações de sustentabilidade na região em que está inserido; • Adequar-se às normas ISO, relacionadas com o meio ambiente; • Alterar o seu leque de fornecedores, substituindo aqueles que não têm o mesmo compromisso ambiental que a sua empresa; Inserção de certificados de ambiente; Criar parcerias com universidades e empresas que pesquisam e fornecem, respetivamente, soluções e produtos dentro de um conceito de defesa do ambiente.

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// O MARKETING VERDE NO E-COMMERCE A conversão é a palavra que move o e-commerce. Ações de marketing, alterações do layout de landing page. Nada é feito senão com o objetivo de gerar conversão. A pergunta para um milhão de dólares feitas pelas lojas virtuais é: Como aumentar a conversão? Agora surge, em força, o marketing verde que vem atrelado a uma causa especifica, a sustentabilidade e o futuro do planeta. Porém, surge de novo a pergunta: o marketing verde gera conversão? O segredo da conversão é algo que todo o mundo empresarial tenta descobrir, alguns com mais, outros, com menos sucesso. Mas, existe uma luta contínua para alcançar os melhores números. O que parece bastante claro que o consumidor tem mudado bastante em relação à forma como lida e encara as empresas, e a sustentabilidade é agenda quotidiana das pessoas e a tendência é para um crescimento galopante. É inevitável e urgente fazer uma reflexão: se não fosse viável investir em sustentabilidade, porque que é que tantas empresas, multinacionais, lojas virtuais ou não, têm investido fortemente nesta área? É importante pensar nisto. Não podemos afirmar que o marketing verde aumenta a conversão, sobretudo, porque não sabemos como será aplicado, mas se as grandes empresas e multinacionais investem nele, porque será? O facto é que os e-commerce perceberam que é essencial responder às exigências dos seus clientes que conquistaram pelo motivo sustentabilidade , seja por produtos ou mesmo em prol do planeta e da comunidade.



» PRODUTOS E EQUIPAMENTOS

Portas rápidas Metalsystem material plástico, de forte resistência e longa duração, em diferentes cores e com uma zona transparente que permite a visibilidade de possíveis obstáculos. O restante material é construído totalmente em aço-inox: chassis, quadro de comando, mecanismos, rolamentos, tambores e suportes. Todos estes produtos são aplicáveis para industrias com elevadas exigência de higiene, como matadouros, salas de desmancha, salas brancas, talhos, entrepostos etc.

Equipamento essencial na industria de transformação de alimentos. as portas de abertura rápida são adequadas para zonas de trânsito contínuo, graças à sua rapidez de abertura e fecho. A alta velocidade de abertura garante uma maior segurança (minimizando o risco de impacto), economia e condições higiénicas e sanitárias. Porta rápida Quicksystem: permite um elevado número de operações sem nenhum tipo de manutenção especial. Caracteriza-se por um elevado isolamento térmico, quer de humidade, pó ou ruído. Com uma velocidade de 2m/s, o sistema de abertura faz-se por enrolamento, através de um tambor acionado por um motor-redutor elétrico. As portas são construídas em painel flexível de plástico, com reforço interior e o chassis é construído em aço-inox, galvanizado ou lacado. Medidas de segurança: sensor fotoelétrico e banda inferior de segurança; abertura mediante botão de ambos os lados. Este equipamento pode ser construído com diferentes sistemas de abertura consoante as necessidades de utilização. Porta rápida Foldsystem: adequada para acessos de grandes dimensões ou com altos níveis de corrente de ar, graças ao sistema dobrável que oferece uma resistência mais elevada. Com uma velocidade de enrolamento de 1,2m/s, através de correias de alta resistência que funcionam num tambor superior acionado por um motor-redutor elétrico. Porta rápida Speedsystem: é um porta de abertura lateral, ideal para trabalhar com obstáculos existentes, tais como vias aéreas ou tubagens elevadas. Com uma elevada velocidade de abertura, 4m/s, minimiza o risco de colisão. Ao abrir liberta de imediato a altura total da passagem o que permite optimizar ao máximo o fluxo de tráfego. Esta porta é composta de 2 painéis de lona flexível construídos em 42 | CARNE

// PLATAFORMAS ELEVATÓRIAS Graças à experiencia de design e do fabrico, a Metalsystem oferece uma ampla gama de plataformas e mesas elevatórias assim como a construção de modelos especiais. As plataformas elevatórias permitem segurança máxima, rapidez e rentabilidade. Melhoram as condições de trabalho humano, conseguindo uma maior eficácia e evitando riscos, pois são construídas de acordo com a Norma de Segurança Europeia de mesas e plataformas elevatórias EN-1570. Além disso, são ideais para aplicação em grandes desníveis e em espaços reduzidos. Assim como em processos de produção, melhorando a manipulação vertical de cargas quer manual quer automaticamente.

Representante nacional: Technial, Lda Consulte o catálogo Metalsystem em www.technial.pt Pedido de informações: info@technial.pt



» UNIVEG

Logística especializada sob controlo de temperatura O camião, com dois motoristas, sai de um país da Europa Central a uma sexta-feira com uma carga completa de 20 toneladas de carne: peças embaladas a vácuo, colocadas em caixas e acondicionadas em paletes. A viagem é rápida e todos os procedimentos são monitorizados: o controlo da temperatura, a localização... No domingo, o camião entra na plataforma logística, em Torres Novas, onde o espera uma equipa especializada que sob ambiente de temperatura controlada, confere a pesagem, traduz e refaz toda a etiquetagem, inclusive do P.V.P. ( preço de venda ao público), peça por peça. O trabalho é minucioso, complexo, exige profissionalismo; assim como a estabilidade da temperatura, o rasto de rastreabilidade não pode ser interrompido. Na terça-feira, o cliente recebe o produto ponto a ser comercializado. Satisfeito, o cliente, só tem que se concentrar no fundamental do seu negócio. É o ponto final parágrafo de uma operação, um final feliz dos tramites diários

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do operador logístico especializado em produtos alimentares perecíveis. É o dia-a-dia da UNIVEG Logistics Portugal, empresa do Grupo Univeg. A Univeg é um operador logístico especialista em produtos alimentares perecíveis que exijam rigoroso controlo de temperatura. A empresa que foi fundada em 1987, na Bélgica, e instalou-se em Portugal em 2001 trabalha com todo o tipo de produtos alimentares precíveis, em todos os patamares de frio, desde temperaturas de frio negativo, passando pelas várias temperaturas de frio positivo até à armazenagem e transporte em temperatura ambiente. Mas o seu Ex-Libris é, realmente, a temperatura controlada. Curiosamente a génese do Grupo foi a produção de cogumelos, iniciada por Hein Deprez, em 1983. Foi nesse período que se estabeleceram


UNIVEG « os primeiros contatos com as cadeias de supermercados que viriam a ser a base para o desenvolvimento do Grupo. Ainda hoje, passados quase 30 anos, está muito ligada à produção de frutas e legumes, sobretudo, na Hemisfério Sul, estendendo-se a quase todos os países da América Latina: Costa Rica, Chile, Argentina, Peru, Uruguai e África do Sul. Certamente por isso, o Grupo consolidou uma relação muito forte com o retalho. E talvez por isso o grupo tenha, desde inicio, seguido uma filosofia diferenciada da concorrência no sentido de não criar uma marca que fosse conhecida, nos lineares das grandes superfícies. Francamente, Univeg, não é um nome muito conhecido

do público em geral, que salte à vista, no entanto, nos meandros profissionais, na moderna distribuição, revela que os pilares que criou ao longo dos anos assentam numa relação muito próxima com o cliente e com as suas necessidades. Além disso, com as infraestruturas bem dimensionadas e a aplicação de todo o Know-how na transação logística, ou seja, em temperatura controlada, os seus pergaminhos de actividade colocam-na no topo dos operadores logísticos. O Grupo Univeg está presente em 27 países e representa, globalmente, cerca de 8.000 postos de trabalho diretos. Em Portugal detêm duas plataformas situadas em Torres Novas e Perafita e é responsável

“ A Univeg é um operador logístico especialista

em produtos alimentares perecíveis que exijam rigoroso controlo de temperatura. ... ”

por 140 postos de trabalho diretos. Desde a sua fundação que o Grupo Univeg encetou o caminho da internacionalização, com a aquisição de várias empresas um pouco por todo o mundo. Portugal foi um dos primeiros alvos. A Univeg desenvolveu o seu negócio junto dos retalhistas e sempre primou pela excelência em termos operacionais e foi o próprio retalho que a desafiou a desenvolver operações logísticas para essa área. A implantação em Portugal, foi um desses casos. Um contrato exclusivo, em regime dedicado, no inicio do século com

o gigante Metro, dono da Makro, levou a que a empresa belga se instalasse em Portugal. Na época, a Makro centralizava a suas operações no nosso país e necessitava de um operador logístico que transportasse e armazenasse produtos perecíveis que exigiam vários patamares de temperaturas de frio.

“Somos apontados dentro do Grupo como um bom exemplo. Portugal, em logística de frio, é um exemplo e está à frente de muitos países impensáveis, por dois motivos: primeiro, porque somos os primeiros

// É política da Univeg recrutar profissionais com capacidade para chegar ao topo: pessoas que querem fazer a diferença e que não se intimidam com o trabalho árduo.

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» UNIVEG

“O principal objetivo da Univeg é que desde a origem ao destino o transporte seja eficiente ao ponto de evitar a menor quebra da cadeia de frio. ...”

// Vítor Figueiredo, Country Manager da UNIVEG Logistics Portugal.

a transpor a legislação europeia sobre segurança alimentar, não me pergunte porquê, mas é uma realidade. Nós estamos mais à frente. Apesar de ser um mercado de menor dimensão com pouco operadores que se encontram otimizados, tivemos que nos reinventar, de forma, que respondemos às necessidades e expectativas dos nossos clientes com serviços de logística de elevada qualidade” , refere Vítor Figueiredo, Country Manager da UNIVEG Logistics Portugal Neste sentido, as grandes superfícies ou distribuição moderna tem um peso substancial na faturação da empresa. Actualmente, representa cerca de 50% da faturação global. No entanto, a partir de 2009 a estratégia passa pela diversificação, apontando a “mira” para a industria agro-alimentar, produtores, distribuidores, importadores, trading, desenvolvendo de sobremodo a vertente do transporte. A empresa diversificou à medida que foi crescendo ou

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vice-versa, dado que a diversificação pode ser fruto do crescimento mas também pode ser a base do mesmo.

// SERVIÇOS (MULTICLIENTE E MULTI-TEMPERATURA) Logística In House - A Logística «In House» trata-se de um serviço desenhado à medida de cada cliente. Tem como principais destinatários empresas com instalações próprias e que têm uma equipa dedicada às funções de logística. A UNIVEG permite assim que os seus clientes possam transformar grande parte dos seus custos fixos em variáveis, sem nunca perder as sinergias geradas pelo fato de manter a logística nas suas instalações. Ao optar por esta solução, o cliente tem acesso a know how e ferramentas de gestão de toda a atividade de logística e transporte



» UNIVEG

// Frutas e legumes e produtos da IV Gama ( estes últimos, são produtos hortofrutícolas frescos que se apresentam lavados e desinfetados, cortados ou não e que mantêm as características da matéria prima devido à atmosfera protetora da embalagem em que se encontram).

// Re-pesagem.

// Produto preparado para seguir diretamente para a prateleira do cliente.

sem efetuar investimento, o que lhe permite concentrar recursos e foco no seu core business. A logística «In House» engloba uma ou mais das seguintes atividades: Planeamento e Gestão Global da operação com disponibilização de know how de um operador com elevada experiência na gestão de operações de produtos perecíveis em regime de custo variável. Instalação de um software de gestão de armazém desenvolvido internamente pela UNIVEG com mais de 1300 utilizadores e gestão acumulada de 116.000.000 de caixas. Manipulação de carga – Embalamento, Pesagem e Etiquetagem. Disponibilização de hardware compatível com a atividade.

das operações logísticas e que ainda por cima minimiza os seus custos e rentabiliza o seu negócio” , sublinha Vítor Figueiredo.

“Para quem se quer concentrar na produção, na desmancha ou na comercialização, o nosso serviço de logística «In House» faz todo o sentido. Porque a logística para estas empresas é uma atividade acessória, não é a atividade principal. Não faz sentido um operador de carnes ter uma plataforma logística com limitações quando existem plataformas logísticas de topo, que estão na vanguarda 48 | CARNE

PBS (Picking by store) - Em poucas palavras o PBS é quando o operador parte com uma palete vazia e recolhe volumes em locais diferentes. Normalmente é definido um circulo que está totalmente otimizado para se tirar o máximo rendimento. PBL (Picking by line) - Em síntese trata-se de produto que está em cross-docking , ou seja, produto que entra e sai na plataforma no mesmo dia. Neste caso, pode ser uma palete que chega, uma palete cheia, que será distribuída por lojas, armazéns e outras localizações. Para o setor das carnes, que significa 25% da sua faturação, a empresa de Torres Novas, oferece outro tipo de serviços, como por exemplo a «grupagem» em termos de transporte. Além disso, afirma-se como uma empresa multi-temperaturas e multiclientes.



» UNIVEG “Somos multi-temperatura porque trabalhamos com todas as temperaturas que os produtos perecíveis exigem. “Quando dizemos que somos multicliente significa que não temos operações dedicadas, ou seja, o cliente se tiver 10 paletes, paga 10 paletes, se tiver 100, paga 100 paletes. É um custo variável.”, refere o nosso interlocutor.

Todas as metodologias vão no mesmo sentido: assegurar a identificação, avaliação e controlo dos perigos e riscos relacionados com a Segurança Alimentar, obedecendo aos requisitos estipulados pela metodologia HACCP (Hazard Analisys Critical Control Points) bem como pela regulamentação vigente relacionada com a prestação de serviços de logística.

// SETOR DE CARNES COM PLATAFORMA LOGÍSTICA DE TOPO A Univeg transporta essencialmente carne embalada, em peças e embalada a vácuo “o transporte em carcaças (pendurados) é sempre um transporte direto que não passa pela nossa plataforma. Também fazemos mas o nosso foco é transportar carne em peças, completo ou à grupagem, por exemplo de 2/3 paletes. Polónia é realmente um país de onde transportamos muita carne. Mas também do Reino Unido, Bélgica, Holanda, por exemplo, vazias e picanhas, provenientes da América Latina que normalmente são descarregadas em Roterdão” começa por explicar, Vítor Figueiredo, apontando para as prateleiras das câmara de congelados.

O principal objetivo da Univeg é que desde a origem ao destino o transporte seja eficiente ao ponto de evitar a menor quebra da cadeia de frio. “O nosso foco é evitar a quebra de frio. Desde o transporte que é controlado com GPS onde estamos a par de uma eventual oscilação da temperatura durante a viagem, assim como a localização e progressão do transporte. Por outro lado, a infraestrutura está preparada para ter o mínimo de interrupções na cadeia de frio. Quando falamos num transporte de grupagem, onde é necessários descarregar, por exemplo, várias paletes em localizações diferentes, todos os nossos camiões estão equipados com colchões de isolamento, no sentido que quando for preciso, abrir a porta e movimentar uma palete, as outras restantes estão isoladas. O motor de frio continua a trabalhar mas os colchões ajudam a estabilizar a temperatura”, defende Vítor Figueiredo.

Para todas as operações de pesagem, etiquetagem, re-etiquetagem, tradução de etiquetas, embalamento e re-embalamento, picking, armazenagem, transporte, carga e descarga de contentores, paletização e re-paletização, separação por lote, packing/co-packing, e outros serviços, a Univeg tem uma política de Qualidade e Segurança Alimentar que garante os mais elevados padrões de qualidade nos serviços prestados sob os requisitos Sistema de Gestão da Qualidade de acordo com a norma NP EN ISO 9001 e um Sistema de Gestão da Segurança Alimentar de acordo com a norma NP EN ISO 22000.

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O mercado, por si, dá sinais de crescimento. Apesar do período da chamada crise, a Univeg, em 2014 cresceu mais de 20% e em 2015 prepara-se para ultrapassar os 10% de crescimento. “Este crescimento é devido as duas situações: primeiro, alguma concorrência não esta a satisfazer os clientes da forma que estes expectavam. Segundo, porque oferecemos serviços poucos usuais



» UNIVEG A UNIVEG Logistics Portugal posiciona-se essencialmente na logística de produtos alimentares num contexto multi-temperatura, multicliente e multi-fluxo (PBL, PBS). A gestão de operações com fluxos tensos é a sua grande nossa especialidade. Aposta-se nas sinergias operacionais e de transporte decorrentes da gestão de diversas operações numa única plataforma localizada estrategicamente e com condições que permitem a logística de diferentes categorias de bens. A UNIVEG possui uma rede de distribuição nacional e internacional em temperatura controlada (bi-temperatura e mono-temperatura) e ambiente, em regime de carga completa e fracionada, adotando modelos integrados de exploração em regime dedicado, semi-dedicado e partilhado. UNIVEG LOGISTICS PORTUGAL Presente em Portugal desde 2001, a UNIVEG opera no mercado de prestação de serviços logísticos e de transporte, mais especificamente na cadeia de valor dos produtos alimentares. Localizada no centro geográfico do país a UNIVEG possui uma plataforma logística com 17.000m2 que cobre todas as necessidades de temperatura controlada (desde -25ºC a +15ºC) e ambiente numa única localização apoiada por hubs (centralização) de cross docking.

em operadores logísticos. É evidente que queremos conquistar mercado à concorrência, não pela ineficácia destes, mas pela oferta de serviços que não estavam a ser feitos. Por exemplo, a etiquetagem, era um grande problema para os importadores que muitas vezes nem sequer têm um armazém, são trading puro e, portanto, das duas uma: ou a pesagem, etiquetagem e tradução das etiquetas eram feitas na origem com todos os problemas que daí advinham, quebras de peso, erros de tradução, etc, ou esse serviço era feito pelo próprio retalhista, com todas as implicações e custos para o próprio importador. Por outro lado, a nossa estratégia de colocar dois motoristas por camião, foi outra solução do agrado 52 | CARNE

A UNIVEG oferece consistência de processos, suportados em sistemas de informação de gestão de operações de armazenagem e transporte, integrados com tecnologia rádio frequência e de integração de dados via EDI, que garantem uma elevada fiabilidade de serviço, um controlo operacional total e uma grande robustez administrativa. Toda a actividade tem por base metodologias de melhoria contínua, gestão de projetos e partilha de melhores práticas.

dos clientes que diminuiu o tempo de viagem para metade. Quando se junta uma crise como a que tivemos, uma volatilidade em termos de consumos, um ritmo de promoções nunca visto (porque hoje vende-se carne maioritariamente em promoções), e a dificuldade em aceder ao crédito bancário, todos estes fatores fizeram com que o empresário coloque os seus produtos numa plataforma logística de topo em vez de investir milhões num armazém frigorifico que provavelmente nunca irá rentabilizar. A Univeg é uma mais valia para a industria agropecuária, para os importadores, para todos aqueles que se querem concentrar e rentabilizar o seu negócio”, concluiu.





» TALHO VÍTOR EUSTÁQUIO

Traiteur ou gourmet? Texto: Glória Oliveira Fotos: Manolo

As “memórias” remontam ao ano de 1890. O que outrora foi o Talho Central - ou Talho do Mercado - devido à proximidade da famosa “praça da fruta”, o emblemático mercado das frutas e legumes ao ar livre, nas Caldas da Rainha, é hoje um talho atraente, num misto de traiteur e gourmet, com uma pitada fresca de serviço e simpatia. Gosto de entrar num talho e sentir a atmosfera leve, isenta de odores com um ambiente minimalista, sofisticado mas cheio de personalidade. Gosto de entrar num talho que apresente modernidade no seu espaço físico mas, também que revele modernidade na interação com o cliente. Gosto de entrar num talho em que o espaço me conquiste de imediato mas sem tirar o protagonismo aos produtos: às carnes, aos enchidos, aos transformados, aos preparado traiteur e àquelas coisinhas gourmet que saltam aos olhos que a gente nem quer saber o que é, mas quer provar. Gosto de entrar num 56 | CARNE

talho que me surpreenda e o Talho Vítor Eustáquio dá-me essa sensação boa. Quem passar pela rua General Queirós 58, ali mesmo juntinho à colorida “praça da fruta” não vai ficar indiferente à fachada do Talho Vítor Eustáquio, com a sua fachada romântica, de arquitetura tradicional portuguesa, com as portas altas em arco e com os vidros das montras e da porta a casar, na perfeição, com o arco de “volta perfeita”, adivinhando no interior do estabelecimento um pé direito considerável. À porta um cestinho em palha, com tiras de papel e um cordeirinho em loiça, muito simpático mas que, na nossa opinião, não faz falta nenhuma ali; destoa numa fachada que por si só é um cartão de visita excecional. Esta fachada transmite um certo romantismo que nos descansa.


TALHO VÍTOR EUSTÁQUIO «

// Estante de vinho e porta de acesso a sala de apoio.

// Pedro Lopes, Dário Eustáquio e Gustavo Ferreira, a equipa.

Quando entramos no talho e fazemos aquele julgamento subconsciente durante 90 segundos, a elegante vitrina da Jordão Cooling Systems faz as honras da casa. De parede a parede, é o Ex-Libris do estabelecimento, o elo de ligação entre o cliente e o operador, num espaço único, onde o olhar do cliente se divide entre os produtos e a atenção do operador. A vitrina é ladeada por duas estantes, com o requinte que só a madeira pode dar. A estante do lado esquerdo exibe orgulhosamente os produtos da região ,denominados por Raiz do Oeste, na outra, os vinhos, desde os mais acessíveis aos mais requintados. Uma boa garrafeira de vinhos fica sempre bem num estabelecimento de venda de carne.

branco com as luzes encastradas. O painel central (parede de fundo) imprime toda a força cromática que se impõe. O painel de azulejo médio em escarlate cujo efeito visual é potente. É bom recordar que o escarlate é um número de cores semelhantes evocados pela luz constituída essencialmente pelos maiores cumprimentos de onda visíveis ao olho humano, aproximadamente na gama 630 a 740 Nm. Ao longo do tempo, esta cor, adquiriu o seu próprio simbolismo e valor psicológico na comunicação global. Já significou riqueza e poder e hoje é sinónimo do apaixonante, com forte componente psico-emocional. É um elemento presente em terapias, religiões e até mesmo no senso comum. No talho do Vítor Eustáquio tem o efeito de uma viagem às memórias sensoriais, uma espécie de codificação à memória degustativa.

O conforto da madeira estende-se pela paredes laterais até ao teto

Assim como os sabores e os aromas que funcionam como “túnel CARNE | 57


» TALHO VÍTOR EUSTÁQUIO

// Sala de apoio. Curiosamente, a sala de apoio foi feita de raiz, a câmara frigorifica foi requalificada, no entanto, os proprietários acharam por bem deixar a “velha” e sólida porta que nos remete a nossa memória para outros tempos.

do tempo” que nos remete ao passado, trazendo à tona sensações, impressões, emoções vividas, que julgávamos perdidas no tempo e que na altura de adquirirmos, por exemplo, uma perna de borrego ou uma pá de cabrito, somos apanhados de surpresa e lá vamos nós arrebatados por um gosto familiar que nos impele à compra. O painel em escarlate (vermelho-sangue) faz parte dessa catapulta de emoções. A importância da cor certa num estabelecimento é tão importante com a cor de uma embalagem. Um estudo norte-americano, divulgado recentemente, revela algumas estatísticas interessantes sobre a cor: • 87% dos consumidores citam a cor como uma das principais razões no momento da escolha; • 93% reparam na aparência do produto, 6% na textura e 1% com o cheiro; 80% acham que a cor aumenta o reconhecimento da marca; • 76% fazem um julgamento subconsciente, sobre um ambiente ou produto, dentro de 90 segundos de visualização. Cerca de 76% dessa avaliação tem como base apenas a cor; • 52% não regressam a um estabelecimento que considerem que tem a sua estética mal resolvida. Neste sentido, a CNI (www.cni.pt) fez um trabalho notável, consolidando a sua vocação para a conceptualização de estabelecimentos de venda de carnes e de produtos alimentares em geral. 58 | CARNE

// Uma das mais valias é a simpatia no atendimento e o conhecimento das necessidades do cliente.

// Gustavo Lopes tem alma traiteur. Além da sua função de cortador, ocupa-se dos preparados de carne, das especialidades. Formou-se no CFPSA (Centro de formação Profissional para o Setor Alimentar, na Pontinha, com o Mestre Fernando Santos e gosta “ de ser criativo e aconselhar os clientes”.



» EQUIPAMENTOS

Cortadoras de blocos congelados TBG 630, é a proposta da parceria Fatosa/ Maquigomes para o corte de carne e outros produtos congelados até - 20º C, deixando porções limpas, que pela medida quer pela precisão do corte, deixando o produto impecável para ser processada, posteriormente, na picadora, conseguindo assim uma redução substancial do esforço e tempo de trabalho destas máquinas.

é de 630 mm de largura X 300 mm de espessura, conseguindo, sem grande esforço, uma produção superior a 5000 Kg / hora.

A TBG 630 corta o bloco com uma lâmina tipo guilhotina acionada por um sistema hidráulico de grande potência. Com a máquina standard permite obter tranchas de 4 centímetros de espessura. Em opção, pode equipar um cabeçal de corte com lâminas verticais para cortar fatias em várias partes.

No que diz respeito à higiene, a TBG 630 é totalmente construída em aço-inoxidável, com linhas simples e superfícies lisas para facilitar a limpeza. No capitulo da segurança, tem botão de Paragem de Emergência e proteções térmicas e de sobre aquecimento dos motores.

A carga dos blocos faz-se através de um elevador incorporado na máquina, com uma capacidade de 100 kg., proporcionando ao operador uma maior comodidade no trabalho. A descarga do produto, já cortado, faz-se diretamente sobre os carros standard de 200 litros. A medida do bloco com que se pode trabalhar

A máquina TBG é desenhada e fabricada cumprindo escrupulosamente todas as normas exigidas pela CE sobre higiene, segurança alimentar e segurança no trabalho.

interligações com as interfaces de operação da máquina operam na tensão de 24V. Controlos com proteção IP66 (O sistema de avaliação de proteção IP é um padrão definido pela norma internacional IEC 60529. Opções: lâminas verticais (máximo:4) e espessuras de cortes diferentes.

Todo o circuito dos comandos e

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Produção KG/Hora Dimensões dos blocos mm Temperatura mínima da carne Potência Peso da máquina Kg 60 | CARNE

3000/7000 630X300 -20ºC 11 Kw 750


CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Saída Elementos de corte máximo Produção Kg/h Capacidade total (litros) Potencia do motor Kw Peso da máquina Kg

130/E 5 2000 66 5’5/7’5 200

// PICADORA P 130 Os modelos P130 são picadoras de alimentação manual destinadas à média produção. São adequadas para trabalhar com todo o tipo de produtos frescos ou semicongelados até -8ºC.

A utilização de botões proporciona uma manipulação tranquila e simples. A sua concepção com superfícies lisas e as suas vias sem fim amovíveis são sinónimo de limpeza fácil e total. Proteções térmicas do motor, tensão de baixa voltagem, botão de emergência e trabalhar silencioso, fazem parte das características de segurança desta máquina. Além disso, utiliza o sistema de corte Unger e permite montar de 3 a 5 elementos. Acessórios de série: 2 lâminas, 3 placas, 2 aros separadores, 1 extrator sem fim e 1 alimentador. Acessórios opcionais: separador de partes duras, pernas mais altas para descargas sobre carros de 200 litros e protetor de saída.

A parceria Maquigomes/Fatosa fabrica e comercializa outros produtos como Mixers, Enchedoras, Cutters e Elevadores. www.maquigomes.com


» BREVES

Nota da presidência do conselho de ministros sobre agricultura e clima As emissões de gases com efeito de estufa devidas ao sector agrícola são derivadas de: a) Emissões de dióxido de carbono (co2), devido ao uso de energia fóssil na agricultura e à libertação de carbono com a movimentação de solos e a introdução de factores de produção; b) Emissões de metano (ch4) das fermentações anaeróbicas; c) Emissões de oxido nítrico (N2o) ligado ao uso de fertilizantes orgânicos e ao manuseamento de estrumes; Por outro lado, as alterações climatéricas têm um efeito directo sobre a produtividade das explorações agrícolas ao nível das culturas. 62 | CARNE

Assim, tanto podem influenciar positivamente, como negativamente, pelo que é necessário escolher as variedades mais adaptadas às realidades climatéricas. Também os métodos culturais têm de ser revistos ao nível da fertilização, da protecção das plantas, da irrigação, etc. É muito importante praticar métodos culturais que aumentem os níveis de matéria orgânica nos solos. Por outro lado, a agricultura tem muitos efeitos ao nível do clima e da biodiversidade. O bom uso do azoto na alimentação animal, stockagem de estrumes e espalhamento dos mesmos, pode reduzir as emissões de amónio e de nitratos nas águas superficiais. A conservação dos prados permanentes em zonas húmidas têm, igualmente, um efeito positivo. A produção de energias alternativas tem a vantagem da redução dos combustíveis fósseis. A produção animal em regime extensivo tem, também, uma grande importância ao nível ambiental e de biodiversidade. A procura mundial crescente de produtos agrícolas e a sua diminuição de produção na Europa, estão a deslocar a produção da União Europeia para outras regiões.


BREVES «

“ Os sistemas de produção

integrada e bio vão absorver a grande fatia da agricultura francesa em 2050.

// A AGRICULTURA NO ANO 2050 Em 2050 vamos, seguramente, ter muitas mais bocas para dar de comer, muito maior pressão sobre a emissão de gases a efeito de estufa, sobre o uso eficiente da água e sobre o preço dos terrenos agrícolas. Os engenheiros da empresa Solagro trabalharam durante dois anos com um conjunto de cientistas, para desenvolver uma previsão do que será a agricultura francesa nos próximos 35 anos. O projecto, denominado Afterres 2050, foi apresentado em Paris no final do mês de outubro. Uma das conclusões deste estudo aponta para uma redução draconiana do efetivo bovino, mas não forçosamente o número de produtores, pois prevê-se o regresso à alimentação através de pastagens, com menos animais por produtor. A produtividade das vacas leiteiras também vai ter uma redução significativa, com o retorno à erva. Ao nível das culturas, vamos assistir a uma muito maior rotatividade, com redução de produtos fitossanitários. Os sistemas de produção integrada e bio vão absorver a grande fatia da agricultura francesa em 2050. O valor global da actividade agrícola vai diminuir ligeiramente, mas a diminuição do uso de produtos químicos vai trazer uma maior rentabilidade ao sector. Este estudo mostra que serão perdidos cerca de 50.000 postos de trabalho, no entanto, o sector agro-alimentar deve vir a perder 78.000 postos de trabalho. A despesa das famílias com a alimentação deve diminuir, com as proteínas vegetais a custarem menos que as proteínas animais. CARNE | 63


» BREVES

64 | CARNE


BREVES «

// A COMISSÃO CLARIFICOU A DISTRIBUIÇÃO DA AJUDA DOS 500 MILHÕES DE EUROS A Comissão Europeia resolveu clarificar qual a distribuição exacta que vai fazer do pacote de 500 milhões de euros. Assim, como já se sabe, 420 milhões de euros são entregues em envelopes nacionais aos países, cuja distribuição já foi publicada, restando, assim, 80 milhões de euros. Esta verba vai ser distribuída da seguinte maneira: a) 30 milhões para a distribuição de leite e produtos lácteos junto dos mais necessitados e, neste caso, para os migrantes que estão a entrar na Europa; b) 29 milhões de euros para financiar o programa de ajudas à stockagem privada no sector da carne de porco, que deve ser lançado no final do ano; c) 11,7 milhões de euros para lançar o novo programa de ajudas à stockagem privada para o leite em pó; d) 10 milhões de euros para um novo programa de ajudas à stockagem privada de algumas variedades de queijos. Os 29 milhões para a stockagem privada da carne de porco ficam muito abaixo do esperado pelo sector, uma vez que, se o preço médio de apoio for de 300€/toneladas, não dará sequer para cobrir 100.000 toneladas.

CARNE | 65


// BOAS PERSPECTIVAS PARA A ABERTURA DA RÚSSIA À CARNE DE PORCO EUROPEIA O Ministro francês Stéphane Le Foll realizou, dias 8 e 9, uma visita a Moscovo, para encontrar-se com as autoridades locais, afim de discutir o possível levantamento do embargo sanitário russo aos produtos de carne de porco que não são alvo do embargo político. Do encontro que teve com o seu homólogo Alexander Tkachev resultou, segundo Le Foll, a predisposição da Rússia em avançar com negociações técnicas, visando o fim do embargo sanitário. Le Foll tinha anunciado esta visita em Rennes, durante o SPACE (Feira de Agricultura), dizendo que ia tentar resolver a situação para a França. Esta posição motivou uma reacção muito forte por parte do Comissário Phil Hogan, que se opõe a que os países negoceiem individualmente, pelo que o discurso foi mudado, no sentido de ir a Moscovo fazer uma aproximação europeia. O Ministro voltou muito satisfeito, dizendo que há todas as possibilidades de abrir um diálogo com os russos e que não falta muito para que os russos possam levantar o embargo. Le Foll estimou as perdas europeias em 44 mil milhões de euros com o embargo russo e que não foi, de maneira nenhuma, compensado pelo aumento de exportações para a China. Em Agosto, os excedentes europeus de carne de porco estavam estimados entre 100.000 a 150.000 toneladas.

// TEM GRAÇA MAS DÁ QUE PENSAR: Após os últimos relatórios apresentados pela OMS em que praticamente tudo provoca cancro, com excepção, imagine-se, de um produto utilizado nas calças de yoga, começou a circular ne esfera internética, o seguinte gracejo: OMS – Organização Mundial de Saúde, adverte que viver dá 100% de mortalidade.




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