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5 Passagem de testemunho, ao mais alto nível Os serões, os jantares literários, as tertúlias culturais, as corridas de cavalos e os longos períodos em estâncias termais marcados pela presença dos vários tipos de elite, é o mais característico da ficção queirosiana. Eça de Queiroz tinha uma visão muito plástica das coisas; escrevia da construção e decadência das coisas, incluindo das famílias, como ninguém. O gosto acre da decadência seduz-nos e obriga-nos a um jogo de ping pong de memória. É uma fonte de romantismo e nostalgia, muitas vezes, de um passado que não se viveu. A cerca de 2 km de Torres Vedras, na estrada nacional número 9, situa-se a estância termal do Vale dos Cucos e desde a minha infância que me apaixonei pelo sitio. Aquela imagem decadente, viva e romântica, dos finais do século XIX; o túnel de choupos

centenários que ladeiam à avenida; a sumptuosidade dos edifícios, orgulhosos guardadores de segredos que jamais serão revelados; os jardins bem cuidados como que por magia numa cidade fantasma e a serra que insiste em proteger aquele pedaço de história, foi o cenário escolhido para culminar o ensaio do Peugeot 308 1.6 HDi GT Line. Quando a produção me sugeriu as Termas dos Cucos, para fotografar o 308, deduzi, desde logo, que havia algo em comum, alguma coisa de misterioso que era necessário esquadrinhar e revelar. A Peugeot e as Termas dos Cucos, embora por caminhos e locais diferentes, fizeram história em simultâneo: em 1896, Armand Peugeot fundava a Société Anonyme des Automobiles Peugeot, na cidade de Audicourt e, na mesma altura, o estabelecimento termal dos Cucos abria ao público. Curiosamente, nesse mesmo anos de 1896 era o construído o Casino das Termas mas, sobre este já lá vamos. Quatro anos após a sua comercialização, o Peugeot 308 surge reestilizado e

não será descabido dizer que na casa do leão não há grandes novidades: a comercialização do renovado 308 (HDi 1.6 de 120 cv) começou no último trimestre de 2017, com uma campanha de preços bastante sedutora, com destaque para a tecnologia e contando com novas motorizações, fazendo jus à dinâmica de sucesso que este modelo conquistou entre os seus pares.


Peugeot 308 O HDi 180 acolhe uma nova caixa automática de oito velocidades e o Purethec 1.5 de 130 cv recebe um filtro de partículas associado a uma caixa de 6 velocidades. A grande entrada de leão, em 2018, será mesmo a substituição do motor 1.6 HDi de

120 cv, pelo novo 1.5 HDi de 130 cv que chegará aos nossos stands antes do final do ano e ao qual já tivemos acesso. De acordo com a Peugeot, este novo bloco reduzirá os custos de utilização: redução de consumo entre 4 a 6% e remoção do aditivo do filtro de partículas através do novo controlo de poluição. Uma passagem de testemunho natural de um modelo sedutor e consensual.

Quando foi lançado nos finais de 2013, o Peugeot 308 (segunda geração), apontava, declaradamente, as suas garras ao veiculo mais vendido na Europa, um certo Volkswagen Golf: estilo tranquilo, familiar, personalidade vincada, perca de peso, qualidade na construção, acabamentos dinâmicos 308 GT e GTi... Resultado? Conquista de titulo de Carro do Ano em 2014 e quase um


7 milhão de unidades vendidas em menos de 4 anos. Só em França, onde sempre reinou, registou mais de 250.000 matriculações. Usando a gíria futebolística, em “equipa que ganha não se mexe” , o Peugeot 308 para 2018 não mudou de tática nesta reformulação...tão discreto quanto o seu inimigo de “estimação”! Na frente, a grelha continua vertical tipo SUV 2008 e 3008. Na traseira, a assinatura de luz da marca: as três garras iluminam a máscara escura. Quanto ao cockpit, à primeira vista, não há grande evolução... não?

Mais animado... revela mais inércia até às 1800 rpm...Uma questão de gosto, no momento da escolha! ... 1.

1. Uma categoria de habitabilidade média/ alta e um volume da mala razoável de 420 l que não destrona o 308 de ser um excelente veiculo familiar.

2. Tudo como dantes. O espaço traseiro da berlina 308 é superior e mais confortável do que no sedan.

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... anualmente, mais de 1000 pessoas iam a banhos, ao preço de 120 reis...

Termas dos Cucos A história das Termas do Cucos faz parte integrante da história termal de Portugal. Desde o século XVIII que as águas termais dos Cucos já eram referenciadas como medicinais, quer por médicos, quer por cientistas, com responsabilidades na comunidade. Em 1850, numa edição do credenciado “Jornal da Sociedade Farmacêutica Lusitana”, editado pela Ordem dos Farmacêuticos, alertava para a necessidade de alterar o leito da corrente do rio Sizandro de forma a desviá-lo ligeiramente da proximidade dos banhos e favorecer a captação das águas “milagrosas” das

nascentes. Sugestão que não passou despercebida a João Gonçalves Neiva que havia adquirido a propriedade que englobava os banhos dos Cucos. A partir daí, os banhos dos Cucos conheceram uma nova etapa. João Neiva, arregaçou as mangas e pôs mão-à-obra que compreendeu melhoramentos nas instalações balneares; ergueu uma muralha para conter as águas do rio durante o inverno; construiu um pequeno complexo habitacional com nove moradias apoiadas por uma cavalariça (as garagens da época), e foi um sucesso. Relatos da época destacam o sucesso dos banhos: anualmente, mais de 1000 pessoas iam a banhos, ao preço de 120 reis. Curiosamente, os mais pobres não pagavam se apresentassem um atestado de

pobreza que, na época, era passado pelo pároco da freguesia. João Neiva faleceu em fevereiro de 1868. As qualidades terapêuticas das águas da Termas dos Cucos eram reconhecidas em todo o país. Mas, as “dores de crescimento” traziam alguns dissabores. Os jornais da época, não poupavam criticas e referiam que era imprescindível “construir um edifício com comodidade e asseio para receber os inúmeros visitantes” que se amontoavam no casario termal, sem condições, ao invés das excelentes condições que encontravam, por exemplo, nas termas das Caldas da Rainha ou em S. Pedro do Sul. Apesar de tudo, o fluxo de forasteiros ao lugar dos Cucos não parava de crescer. As poucas hospedarias das


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redondezas estavam apinhadas de gente e surgia pela primeira vez na região uma nova forma de alojamento: os quartos particulares. A inauguração da linha férrea do Oeste, aberta ao publico em 1887, agravou mais a situação. Era o reverso da medalha. O novo proprietário dos Cucos, José Gonçalves Dias Neiva, sobrinho-

herdeiro, decidiu então avançar com obras de valorização, embora conste que não acreditava nas vantagens económicas deste empreendimento. Era um benemérito, consciente que o seu investimento criaria muitos postos de trabalho e, ao mesmo tempo, contribuía para melhorar a saúde das pessoas.

O desaterro de um poço soterrado comprovou que os “vários olhos de água que lacrimejavam à superfície e alimentavam os antigos banhos provinham de uma única e poderosa nascente, com um débito superior a 259.000 litros por dia”. Este facto, foi argumento suficiente para convencer José Gonçalves Dias Neiva da possibilidade duma grande exploração


Peugeot 308

termal, avançando de imediato para a concretização de um projeto, considerado por muitos, megalómano: a criação de uma nova vila; a vila Neiva dos Cucos.

à estação de caminho-de-ferro. E o alto da serra da Macheia, onde seria construído o solário para crianças, seria intensamente plantada com árvores vindas do Bussaco.

O empreendimento compreendia 40 moradias iguais aos atuais dois chalets que se podem ver ao cabo da avenida das Termas; uma albergaria com pequenas moradias; um hotel com 300 quartos, um hospital termal, capela, mercado, casino, solário, chalets para repouso de idosos e infraestruturas viárias, inclusive, até

Deste projeto arrojado, concretizou-se a construção dos balneários, da praça

A história das Termas do Cucos faz parte integrante da história termal de Portugal...

das Termas e a respetiva avenida, o casino e 2 das 40 moradias projetadas, “D. Feliciana” em 1895 e “D. Maria” em 1896. Apesar das obras ficarem aquém do previsto, mereceram a visita do Rei D. Carlos, em 1902, que por essa ocasião, agraciou José Dias Neiva com o titulo de Conde de Machêa. Segundo


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A secretária de José António Vieira. Personalidade que tudo fez para contrariar o ciclo de abandono das Termas. Acabaria por ser vitima mortal num trágico acidente numa passagem de nível da região. Ironicamente, na mesma linha férrea que tantos visitantes trouxe às suas termas.


consta as árvores do Bussaco foram plantadas. Curiosamente, foi em 1902 que há registos comprovados da circulação do primeiro automóvel em Torres Vedras. Foi por ocasião da visita da Rainha D. Amélia ao convento da Graça, a 12 de maio desse ano, de passagem em direção à quinta das Lapas, em automóvel e acompanhada pelos

Condes de Tarouca e de Figueiró. Só a partir de 1910 é que o automóvel conheceu algum incremento neste concelho, levando a edilidade local a iniciar a partir de 1918, um registo de automóveis matriculados oficialmente. O primeiro foi o D. Vasco Martins Sequeira da Quinta do Juncal. O Conde de Machêa viria a falecer no

As nascentes São sete as nascentes existentes no parque dos Cucos: a dos Cucos Novos e Cucos Novos Fria localizam-se sob o balneário; a dos Cucos Modernos, fornece a bufete; A das Lamas no fundo

de um poço para captação de lamas; A dos Cucos Velhos e do Olival não utilizadas. A sétima nascente encontrase à entrada do parque e era de uso popular.

ano de 1929. À frente dos destinos das Termas ficou o seu sobrinho, José António Vieira que viria a falecer em 1962 e que dirigia as termas numa fase já de alguma estagnação. Sucedeu-lhe José António Neiva Vieira que procurou contrariar esse ciclo até 1987, ano em que foi vitima mortal num trágico acidente numa passagem de nível da região. As termas encerraram.

Todas estas nascentes fornecem água de composição semelhante variando ligeiramente de umas para outras a temperatura, radioatividade e a mineração. A informação mais antiga da sua utilização data da época pombalina. Tomava-se então banho em toscos lagos que se faziam na terra.


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O casino que não o era As termas abriram ao publico, oficialmente, em 1893. Três anos depois construiu-se um casino. Embora o nome pressuponha roleta, blackjack e outros jogos de fortuna e azar, este Cassino era tudo menos um casino na verdadeira acepção da palavra. Era um espaço de recreio e animação nas noites da época balnear. O casino ainda existe; uma sala muito bonita, tem um palco, e por lá passaram nomes famosos como Amália Rodrigues, entre outros. Exteriormente, havia um rinque de patinagem e uma capela de invocação de nossa Senhora da Saúde. Em 1932, na

tentativa de rentabilizar o espaço instalou-se um colégio, dado que as termas encontravam-se abertas só de junho a setembro. Só durou um ano letivo. Curiosamente, as termas tiveram uma linha de enchimento manual de garrafões de cinco litros de água, sobretudo, vendidos em Lisboa. Atualmente, a família proprietária zela pela propriedade, sobretudo, na manutenção dos jardins. Os edifícios definham-se à mercê da cruel erosão do tempo. Desde o seu encerramento

que muito se tem falado sobre a sua recuperação. Chegaram a ser elaborados alguns projetos, quer municipais, quer privados que, em abono da verdade, nunca chegaram a ver a luz do dia. Os proprietários pretendem vender o espaço que abrange parte do curso de água do rio Sizandro, duas azenhas, nascentes, edifícios, vários hectares de terreno agrícola, e ainda uma área que se estende à serra dos Cucos, num total de mais de 100 hectares.

São sete as nascentes existentes no parque dos Cucos...


Peugeot 308

Inalterado. O painel do 308 mantém as suas qualidades (qualidade dos materiais evidente, design sedutor, aspecto clean, pequeno volante)... e os seus defeitos (poucos arrumos abertos e ecrã ilegível quando encandeado pelo sol que entra pelo teto panorâmico).

Um novo 308 mais tecnológico. Ainda mais? A tecnologia é um dos pontos fortes do restyling do 308. Tecnologias que já conhecemos do 3008 e do 5008

destacando-se os sistemas Distance Alert com Active Safety Brake, o Alerta Ativo de Transposição Involuntária

de Faixa, o Sistema de Deteção de Fadiga, Assistente Automático de Máximos, Reconhecimento dos Sinais de Velocidade e de Recomendação, o Cruise Control Adaptativo com Função Stop (isto é, capaz de travar e não apenas desacelerar). Travagem anti-colisão agora efetiva (até 60 km/h para peão, 80 km/h para um veiculo


15 parado e 140 km/h para um veiculo em movimento), Sistema Ativo de Vigilância do Ângulo Morto, Alerta Ativo de Transposição Involuntária da Faixa, o Visiopark 1 e o Park Assist. Recebe ainda a navegação GPS do 3008 (Tráfego Tom Tom ativado por voz), reforçando a sua conectividade com smartphones (compatibilidade Apple Carplay e Android Auto) e moderniza assistência à condução.

1. A medida 7” do ecrã não muda (9,7” incluindo os comandos laterias), mas a boa noticia é que o sistema é, finalmente, compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Além disso, a câmara de marcha-atrás oferece uma “visão de olho de pássaro” que interpreta o ambiente lateral após a marchaatrás. Muito prático para estacionar bem direitinho.

Os primeiros metros ao volante do 308 Como já esperava, os primeiros metros ao volante 308 HDi 130 não me decepcionam: sistema Stop & Start bem discreto como eu gosto, excelente insonorização, som bem contido na aceleração, vibrações perfeitamente controladas, mesmo em rotações muito baixas...

Graças à nova cabeça de dezasseis válvulas e dez cavalos extra, as prestações do HDi ficam mais brilhantes e mostra uma força acima das 3.000 rpm bastante incomum (e divertido!) para um motor diesel.

Por outro lado, não me parece que consiga a mesma flexibilidade a baixas velocidades que o HDi de 120 cv e, portanto, deve ser mantido acima das 1800 rpm quando precisa de potência. O 308 HDi 130 cv não dispensa uma ou duas reduções para garantir a dinâmica correta de ultrapassagem, apesar do posicionamento curto da caixa da transmissão manual de seis velocidades. Isto até pode parecer trivial se o 308 não fosse o campeão das curvas dinâmicas porque a par da panóplia de tecnologia


e do conforto principesco (e sobre este, já lá vamos), o Peugeot continua a superar os rivais em estradas sinuosas: eixo dianteiro muito efetivo, direção precisa, atrito de rolamento contido e um volante pequeno que dá a nítida sensação de manobrabilidade.

O compromisso oferecido pelo 308 em termos de conforto e usabilidade, a opinião é unânime...

Durante os últimos quatro anos, nenhum compacto alcançou este nível de compromisso e por isso o 308 não mudou nada a nível de chassis neste restyling. Nada a reclamar.

A bordo do 308 A bordo nada de novo se não levarmos em conta a panóplia de tecnologia que acompanha esta reformulação. É

pena que a reformulação do 308 não tenha optado pelo ecrã tátil de 12 “ que conhecemos no 3008. Merecia.

Em termos de habitabilidade podemos dizer que a Peugeot vive sobre os louros conquistados. Nada de novo mas, nada de mau: conforto, bons acabamentos, materiais de excelente qualidade e boa habitabilidade. Sentimo-nos bem dentro do 308.


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Peugeot 308

Ficha Técnica PEUGEOT 308 HDi 1.5 130 cv

Dimensões Comprimento: 4,25m Largura: 1,80m Altura: 1,45m Distância entre eixos: 2.62m Capacidade da mala: 420 l a 1228 l Capacidade do depósito: 53 l Pneus (versão ensaiada): 225/40 R18

Motorização Motor: quatro cilindros, diesel turbo Cilindrada: 1560 cm3 Potencia: 130 cv às 3750 rpm Binário: 300 Nm às 1750 rpm Transmissão: rodas dianteiras Caixa de velocidades: manual de 6 velocidades

Performances Velocidade máxima: 204 km/h (199 km/h com rodas de 17” e 18”).

Consumos Cidade: 4,7 l aos 100km Estrada: 3,8 l aos 100 km Misto: 4,1l aos 100 km A nossa média em percurso misto: 5,4 l aos 100 km Emissões de CO2: 107 g/Km


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O que gostamos mais:

O que menos gostamos:

Equipamento e tecnologia O compromisso excecional entre o conforto e o dinamismo O motor diesel mais suave, silencioso e poderoso

Espaรงo traseiro pouco acolhedor


AUTOMÓVEIS . TURISMO . AVENTURA . AMBIENTE GlobalExpedition S.L.U - Madrid I +34 628 208 944 I manoloexpedition@icloud.com Parceiro Comercial de Reportagem: Peugeot 308 GT Line; Texto e fotos: Manolo; Fotos de interiores: Joaquim Moedas Duarte . Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras; Produção: Glória Oliveira; Design/paginação: Patricia Machado


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