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O melhor Discovery de sempre!


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Land Rover Discovery 3.0l TD6 HSE

O melhor Discovery de sempre! O Land Rover Discovery foi revelado no Salão Automóvel de Frankfurt, em 1989. A primeira vez que o vi ao vivo foi, nesse mesmo ano, num piquenique, na região campestre de Waterloo. Estava a fazer a cobertura dos campeonatos mundiais de corridas de corricão com galgos (um animal com uma moral extraordinária) e, numa pausa para uma cigarrilha (sim, nessa altura fumava), deparei com uma família inglesa que tinha vindo fazer um piquenique com o novíssimo Land Rover Discovery: um casal, três crianças e um cachorro. Escusado será dizer que os ingleses elevam o piquenique a um nível praticamente profissional: cestinha de vime, forrado a tecido, com pratos cerâmicos, talheres de inox, copos de loiça, fixos com cintas de couro e apertadas com fivela e sobre a toalha de xadrez encarnado e branco: queijos,

frios, coxinhas de galinha, scotch eggs, sanduíches de pepino, baguetes, pork pies, scones e morangos com creme. Claro que não podia faltar a garrafa térmica com chá já prontinho para tomar. Completamente inebriado por aquela imagem de extrema felicidade e requinte, até imaginei, não sei porquê, que a cestinha de vime teria sido adquirida na Fortnum & Mason, em Londres. A mais famosa loja de cestinhas de piquenique, fundada 1707, e que pode ser visitada em Piccadilly, na minha opinião, a zona mais bonita da cidade. Mas voltando à família inglesa, era impossível não reparar naquele grande veiculo verde de estofos creme, cheio de vidros, cheio de luz.. As crianças abriam e fechavam as portas. O carro revelava espaço, muito espaço, muita

O Land Rover Discovery foi revelado no Salão Automóvel de Frankfurt, em 1989...


5 luz. A mãe abriu aquele enorme “portão” traseiro, de onde saiu, aos pulos, talvez contagiado pela alegria dos miúdos ou pela sensação de liberdade, um Border Collie (por isso, deduzi que vivessem no campo). O pai, de blusão Barbour observava a azáfama familiar com aquele brilhozinho nos olhos de pai babado e realizado. Uma família grande, num 4x4 enorme. Eu.. não resisti e apaixonei-me pelo carro. Algum tempo depois, num domingo, fui

Anta do Tapadão A Anta do Tapadão, (ou Anta da Aldeia da Mata) é conhecida por iludir quem a vê de fora. A linha de terra encontra-

visitar a centenária Feira de São Pedro, em Torres Vedras, e dei de caras com o stand da Land Rover onde lá estava, imponente, rodeado de gente, o dito cujo. Em conversa com o vendedor, a certa altura, disse-lhe que a frente do Discovery parecia a do Ford Transit. O vendedor não gostou e virou-me as costas. No dia seguinte, dirige-me ao stand do A.M. de Almeida, em Lisboa, e comprei o meu primeiro Discovery (200). Curiosamente, foi o mesmo vendedor que anos depois me vendeu

o segundo Discovery (300).

se bem mais acima do lado exterior do que do lado interior, e depois de entrarmos a anta revela-se bem mais ampla do que parece. Podemos vê-la junto à estrada que vai do Crato até à Aldeia da Mata, já na parte norte do Alto Alentejo, uma zona em que o megalitismo neolítico

não é um apontamento mas sim uma constante da paisagem. O corredor, extenso, com mais de dez metros de comprimento, está virado para oriente, de onde o sol nasce, para que os seus raios penetrem (ou a nível simbólico, fecundem) a anta todas as manhãs. Uma anta, sabemos,

O primeiro Discovery surgiu para responder à forte ofensiva japonesa. Para tal, além do chassis do Range Rover, o principal argumento foi o estilo inédito e o habitáculo espaçoso e confortável, idealizado por Terrence Conran, “maior que muitos T1”. De facto, com o Discovery, a Land Rover reinventava o mercado de passageiros e familiar 4x4. Predicados que lhe valeram um British Design Awards.


A Anta do TapadĂŁo (ou Anta da Aldeia da Mata), datada do ano 3000 a.C., ĂŠ a segunda maior de Portugal e ĂŠ considerado Monumento Nacional desde 1910.


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funciona no domínio sacro, enquanto elemento feminino (por oposição ao menir, masculino). É nesse sentido que compreendemos o espólio encontrado dentro da câmara. E é também nesse sentido que percebemos o porquê de utilizarem as antas enquanto túmulos colectivos, um ventre pétreo onde os humanos retornam depois de morrerem. A maior característica é a sua precisão geométrica. Se a pudéssemos ver de cima, perceberíamos o nível de detalhe em que os sete esteios se encontram dispostos (descontando o que bloqueia

a entrada que não será exatamente um esteio). Encontram-se organizados num alinhamento quase simétrico – e é sempre bom relembrar a frequência com que o número sete é encontrado nestas arquiteturas, sublinhando o carácter mágico destes monumentos aparentemente toscos. Choca, contudo, o monólito em forma de círculo com que quase fecharam o acesso à câmara, pela entrada nascente, isto é, pelo corredor. Hoje, para ir até ao interior da Anta do Tapadão, temos de o fazer pela porta traseira, aproveitando um dos esteios que a formam, que se

...é sempre bom relembrar a frequência com que o número sete é encontrado nestas arquiteturas, sublinhando o carácter mágico destes monumentos aparentemente toscos...


encontra parcialmente cortado. Ou, em alternativa, com uma pequena ginástica, passar por baixo da tal pedra circular que cerra a portada principal. Sente-se um pouco e repare no mutismo do sitio, na beleza da paisagem suavemente ondulante da planície alentejana a perder-se na linha do horizonte, do mistério do local com muitas covinhas em afloramentos graníticos, alguns constituindo belos blocos pedunculados, contribuem ainda mais, para o fascínio da Anta do Tapadão. Aliás, o concelho é riquíssimo em vestígios dolménicos, com cerca de 40 antas inventariadas. Nas escavações foi encontrado um importante espólio de vasos de cerâmica, flechas, utensílios cortantes, adornos femininos, ossos humanos e de animais, um báculo, um tipo de cajado e placas-ídolo (placas de xisto trabalhadas de adoração e culto à deusa mãe Terra).

Como chegar Existe uma placa informativa à beira da estrada a cerca da Aldeia da Mata, na direção do Crato. Tem de entrar numa propriedade privada, abrir e fechar o portão e seguir até à Anta. Existe um caminho bem marcado. Ali ao redor pode ver uma manada de gado bovino a pastar tranquilamente. Não se preocupe.

Sente-se um pouco e repare no mutismo do sitio...


9 Ao volante do Discovery Começamos por ensaiar no asfalto e depois nos trilhos porque é, obviamente, o lugar predileto do Discovery. Equipado com o Terrain Response 2 que gere a tração em função da aderência, com o programa selecionado (cinco à escolha), o Discovery segue formoso e seguro, em qualquer piso. Possui bloqueio de diferencial e caixa de transferência de duas velocidade, o bloqueio diferencial traseiro é opcional... Em baixas, a souplesse do V6 é, inequivocamente, admirável! Quando o solo desaparece sob a duas rodas dianteiras, o Discovery permanece sob controlo graças ao Hill Descent Control with Off-Road. Quanto à amplitude da distância ao solo, é graças à suspensão pneumática ajustável em altura, que lhe permite passar nos locais mais irregulares sem fazer perguntas. Nos trilhos, se lhe imprimir um andamento mais dinâmico, o conforto a bordo é irrepreensível. Um buraco? Onde? Apesar da estaleca de grande aventureiro, é óbvio que é no asfalto que o Discovery faz mais quilómetros. Com 4,97 m de comprimento e 2,22m de largura, de espelho a espelho, pode parecer inicialmente intimidante em

Os bancos de 2ª e 3ª fila são completamente reclináveis eletricamente, através de um quadro de comando, situado no lado esquerdo da bagageira, criando um amplo piso direito.


O Discovery exprime toda a sua força nesta versão Td6 com motor diesel V8 de 258 cavalos. Um verdadeiro passe-partout , tão confortável nos terrenos secos do Alto Alentejo, como nos bairros chiques. As famílias adoram este “carrão” de 7 verdadeiros lugares, mas o preço e os impostos, acalmam o entusiasmo, para além de estar cada vez mais perto do Range Rover e, obviamente, mais longe do Defender. Para este SUV, enorme e pesado, a Land Rover cedeu, pela primeira vez, à tentação do motor de 4 cilindros; uma alteraçãozinha para limitar – um pouco – as emissões de CO2. Os fieis seguidores do modelo apreciam mais o diesel V6, claro; mais carro, mais performance, Depois do ensaio deste Td6, percebemos bem porquê.


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parques de estacionamento, ruas e ruelas citadinas, mas fora disso volta a entrar tudo nos eixos, aliás, com grandes performances. Este paquiderme de 2,2 toneladas construído sobre o chassis do Range Rover comporta-se com um SUV em estrada mas, na minha opinião, melhor que os seus antepassados, fora dela. Deixemo-nos de romantismos. Na verdade, aquela sensação de rolar

num tapete com o eixo dianteiro a reagir tardiamente, é coisa do passado. Acabaram-se os balanceamentos do eixo traseiro. Este Discovery é bem mais preciso na sua trajetória. Não tenho qualquer dúvida que é o melhor Discovery de todos os tempos mas, francamente, quem é que vai pagar, no mínimo, 100,628 Euros, para o submeter às agruras do todo-o-terreno? O Nasser Al-Khelaifi? Claro, que pode sempre

adquirir o 2.0 Td4 de 180 cv, por 69,612 Euros, mas não é a mesma coisa.

de 258 cv e os 600 Nm de binário falam por si para relançar tudo em força e souplesse. O relé automático da caixa ZF de oito velocidades é impecavelmente fluido.

frontal, fomos capazes de limitar o fluxo de combustível em 9,8 litros por cada 100 km. Fizemos estrada e todo-o-terreno sem adotar um ritmo de condução ecológica. Com o seu grande depósito de 85 l (mais 8 do que no Sd4), este Td6 oferece, portanto, a autonomia procurada para este tipo

de motor. Curiosamente, este tipo de SUV’s também são procurados pela capacidade de reboque e, neste caso, este Discovery Td6 é um aliado de peso. A sua capacidade de reboque alcança os 3500 km ( 500 kg mais em relação ao Range Rover Sd4).

A boa surpresa vem do consumo: apesar da massa do veiculo e da área

No asfalto, fica-se com a sensação que estamos num salão de luxo. E não é para menos: os acabamentos em couro e alumínio são deliciosos, o espaço e os assentos pullman criam desejo, a insonorização é monástica e os quilómetros passam sem o mínimo barulho. Sob o longo capô o motor Td6


O HSE respeita a linhagem do “Velho Senhorâ€? com o tejadilho sobrelevado e a matricula traseira do lado esquerdo, embora neste ultimo caso, o efeito nĂŁo foi feliz.

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Habitáculo chique e prático Materiais de qualidade. Pormenores de alumínio, madeira e couro no tablier, controlos de fácil aderência e numerosas opções de armazenamento, inclusive um pequeno frigorifico. Todas as mordomias e um design do mobiliário irrepreensível, refletem a preocupação da Land Rover agradar a gregos e a troianos...com potencial económico.

O Discovery é um daqueles veículos icónicos cuja personalidade e carisma atraem as atenções. Os fieis seguidores preferem seguramente o Td6, embora, em Portugal, fieis seguidores do Discovery é coisa cada vez mais rara. As circunstâncias, o preço (por exemplo, este mesmo carro em França custa

O Discovery é um daqueles veículos icónicos cuja personalidade e carisma atraem as atenções...


15 Nos assentos da segunda fila de assentos, encontramos três poltronas reclináveis, piso plano, ar condicionado separado e bom espaço para pernas. Boa altura ao teto, assentos aquecidos e vidros de degelo. É este o reino do Discovery.

O primeiro comando logo à mão é o “Terrain Response”. A Land Rover mantém a apologia das performances off-road, ao mais alto nível.

menos 30.000 Euros e vem mais bem equipado), acalmam o entusiasmo. E deixando a emoção de lado, sejamos racionais, para todo-o-terreno, um carro que custa mais de 100.000 Euros está, na minha opinião, completamente fora de questão. Apesar de ser o melhor Discovery de todos! Praticamente invisível nas nossas estradas, o Land Rover Discovery TD6 HSE é um 4x4 com performances fora-de-estrada na tradição dos seus antepassados. Aliás, a Land Rover é das poucas marcas que cultiva a apologia das boas performances fora-de-estrada. E sem querer ferir susceptibilidades, sobretudo, dos puristas da marca, eu, que tive dois Discovery, até acho que é bem melhor. Tem um senão: o preço que vem na etiqueta.

A entrada na 3ª fila de bancos exige um pouco de acrobacia para adultos, mas encontramos o mesmo conforto, espaço, uma boa altura ao teto (mesmo para um adulto alto), bancos aquecidos e vidros de degelo. Todos os bancos da segunda e terceira fila são amovíveis eletricamente. Mas não há milagres, com a três filas de bancos operacionais, não restam que que 258 litros de bagageira. Para férias é... pouco.


Ficha Técnica

MOTOR: CILINDRADA: POTÊNCIA: VELOCIDADE MAX.:

Diesel 2993 c.c. 258 cv 209 Km/h

Mecânica ∙ Caixa automática de 8 velocidades ∙ Caixa de transferência de duas velocidades ∙ Controlo de Velocidade de Cruzeiro ∙ Controlo electrónico de tração (ETC) ∙ Cornering Brake Control (CBC) ∙ Direção electricamente assistida sensível à velocidade (EPAS) ∙ Dynamic Stability Control (DSC) ∙ Eixo dianteiro com diferencial aberta ∙ Electronic Brake-Force Distribution (EBD) ∙ Gradient Acceleration Control (GAC)

∙ Hill Descent Control with Off-Road ABS ∙ Hill Launch Assist ∙ Porcas de segurança ∙ Roda de reserva de secção reduzida ∙ Roll Stability Control (RSC) ∙ Sistema de Monitorização da Pressão dos Pneus (TPMS) ∙ Sistema de Travagem Antibloqueio (ABS) ∙ Suspensão pneumática auto-nivelante ∙ Travagem Assistida Emergência (EBA) ∙ Travão de Estacionamento Electrónico (EPB)


17 SEGURANÇA ∙ Airbags de Cortina Laterais ∙ Airbags para o condutor e passageiro dianteiro (laterais, dianteiros e tórax) ∙ Alarme perímetro ∙ Aviso de Saída de Faixa ∙ Aviso sonoro de cintos de segurança

∙ Câmara auxiliar traseira ∙ Pré-tensores dos cintos de segurança ∙ Sensores de estacionamento dianteiros ∙ Sensores de estacionamento traseiros ∙ Sistema Autónomo de Travagem Inteligente

Quotas TT ÂNGULO DE ATAQUE: ÂNGULO DE SAÍDA: ÂNGULO DE RAMPA: PASSAGEM A VAU (MM): ARTICULAÇÃO DE RODAS (MM): ALTURA AO SOLO (MM): PENDENTE MÁXIMA ASCENDENTE/DESCENDENTE: INCLINAÇÃO LATERAL MÁXIMA:

34º (pneumático) 28,5º (helicoidal) 30º (pneumático) 27º (helicoidal) 27,5º (pneumático) 22,5º (helicoidal) 900 (pneumático) 850 (helicoidal) 500 (pneumático) 380 (helicoidal) 283 (pneumático) 220 (helicoidal) 45º 35º

Dimensões (mm) COMPRIMENTO: ALTURA TOTAL: LARGURA TOTAL (ESPELHOS RECOLHIDOS): DISTÂNCIA ENTRE EIXOS: DIÂMETRO DE VIRAGEM: VOLTAS DE EXTREMOS A EXTREMO:

4970 1846 2073 2923 12,7 metros 2,7

Performance 0-100 KM/H: 80-120 KM/H: CONSUMO DE COMBUSTÍVEL COMBINADO: EMISSÕES DE CO2:

8,1 s 6,0 s 7,2 l/100 km (a média do nosso ensaio foi de 9,8 l/100km) 189 g/Km


AUTOMÓVEIS . TURISMO . AVENTURA . AMBIENTE GlobalExpedition S.L.U - Madrid I +34 628 208 944 I manoloexpedition@icloud.com Texto e fotos: Manolo; Produção: Glória; Design/paginação: Patricia Machado


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