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A IMAGEM DO CORPO E A A IMAGEM BELA DAS REVISTAS DE MODA - Larissa Molina Alves

Larissa Molina Alves

A IMAGEM DO CORPO E A IMAGEM BELA DAS REVISTAS DE MODA

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O mundo que a moda nos apresenta é constituído predominantemente de imagens. A depender do local e do período histórico, elas auxiliaram a difundir certos padrões de beleza, alguns destes, bastante excludentes e inalcançáveis. Mas continuamos seguindo a moda, pois ela permite acompanhar ou adotar para si o que é o belo no momento. E quando percebemos algo como belo, geralmente identifcamos isso como algo ligado aos nossos sentidos e ao reconhecimento de admiração e prazer. Por outro lado, também avança na contemporaneidade, a ideia de que é possível outras possibilidades de apreciação do belo. Em paralelo, tem surgido um novo e complexo cenário comunicacional, no qual tem se reivindicado algumas demandas sociais, incluindo a moda.

Diante desses aspectos, o presente texto traz uma refexão envolvendo as imagens de moda, os corpos e a beleza a partir de duas questões estreitamente relacionadas. A primeira é sobre apresentação de padrões de beleza para os corpos impostos pelas imagens das revistas de moda e as possíveis abordagens sobre o belo atualmente pela mídia especializada no tema, diante de mudanças de comportamento. Já a outra refexão que queremos propor se refere à experiência proporcionada pelas imagens de moda nesse contexto

midiático, capaz de incentivar e despertar variadas sensações. Nesse sentido, o que buscamos não é trazer respostas, mas promover essa discussão sobre o belo diante da relevância simbólica das revistas de moda para o tema da beleza e do corpo, levando em conta as transformações da sociedade contemporânea.

MÍDIA, MODA E IMAGINÁRIOS CORPORAIS

Segundo Maisonneuve e Bruchon-Schweitzer (1999), para diversos pensadores e artistas, a beleza sempre foi algo em que o corpo humano esteve como primeiro grau de referência. A compreensão do belo também foi interrogada por pesquisadores de todo tipo como flósofos, artistas plásticos e poetas, psicólogos sociais e psicanalistas, sociólogos e historiadores do gosto. O tema da beleza ou o julgamento se algo é belo ou não geralmente é algo que todos se consideram aptos a falar. Além disso, todos desejam a conquista de um corpo e de uma aparência bela de si.

Assim, está estabelecido na cultura e no comportamento a necessidade de atender a um ideal de um corpo belo e, ainda, fashion de acordo com as tendências da moda. As pessoas, além de se utilizarem do vestuário, também se submetem a diferentes intervenções corporais, como as cirurgias plásticas, procedimentos estéticos e exercícios, e a utilização de cosméticos, cortes de cabelo, penteados, tatuagem, entre tantos outros procedimentos, em busca do belo. Deste modo, na era pós-moderna, como aponta Svendsen (2010), a confguração da identidade pessoal é um projeto corporal e, por sua vez, o corpo se tornou um objeto privilegiado da moda.

Sabemos que as nuances do padrão de beleza variam conforme o tempo e lugar e se dão muitas vezes nos detalhes, no entanto, a moda vem estimulando, mais recentemente, e principalmente para as mulheres, padrões de beleza nos quais predominam o ideal de um corpo magro, alto, pele clara, além de estimular um corpo jovem como sinônimo de corpo saudável, onde o envelhecimento e as marcas do tempo é algo a ser atenuado. Mas para cada parte do

corpo haverá regras e, desse modo, é que observamos o quanto estes padrões podem ser excludentes e inalcançáveis.

Svendsen (2010, p. 94) diz que a televisão, os jornais, revistas e a mídia operam enquanto um poder disciplinador que nos propõem um ideal para o eu físico sempre fora do alcance de quase todos. Assim, a moda privilegia determinados corpos e os que não se adequam as suas regras e formas, não conseguirão atender ao ideal de beleza. Segundo o autor, a nossa percepção do corpo humano é sempre dependente das modas dominantes de uma época e, por sua vez, a nossa percepção das modas depende de como elas são representadas visualmente em pinturas, fotografas e outros meios. E é nesse sentido que acreditamos que é importante refetir sobre os sentidos que as imagens de moda provocam.

Sobre a expressividade e os sentidos estimulados pela imagem de moda, Cidreira (2011) aponta que a fotografa de moda, principal meio de difusão iconográfca da indústria da moda, seja através de anúncios publicitários, de ensaios fotográfcos ou editoriais de moda, não é, necessariamente, artística, mas é estética, na medida em que responde a uma certa expectativa e seu efeito visa o envolvimento do público, estimulando o desejo. Também pontua que neste tipo de imagem, o movimento corporal e a expressividade são fundamentais, bem como a apresentação do vestuário que está relacionada também ao belo, à sedução, do que propriamente a funcionalidade ou materialidade da roupa.

Nesse contexto, devemos levar em conta a relevância simbólica que as revistas de moda passaram a ter para o tema da beleza, auxiliando a criar muito do que compõe o imaginário de um corpo belo na sociedade. Esse é um formato que por muito tempo atuou como principal meio de difusão de divulgação da moda, desenvolveu um estilo próprio no conteúdo que mescla imagem e texto, informação e entretenimento, e sobretudo, a partir de suas imagens que são concebidas tendo em vista a apreciação da beleza, há uma valorização das fotografas, do design e da produção, a partir das roupas, maquiagem, cenários, utilizando manequins e formando imagens com o objetivo de serem perfeitas.

Vigarello (2006, p. 174) mostra que as revistas de moda foram multiplicadas a partir dos anos 1960 em países como a França, e auxiliaram a generalizar uma cultura da estética e dos cuidados com o corpo. Neste período, foi quando se pode observar que o peso do visual se impôs e foram realçados na cultura, principalmente no universo feminino. As mulheres passaram a consumir cada vez mais tais revistas. Elas inauguraram, segundo o autor, a “beleza mercadoria” ou a “beleza publicitária”, em que um modelo de corpo da manequim passou a ser infuenciado com “a profusão da imagem e a cultura generalizada da revista” (VIGARELLO, 2006, p. 174). E nesse contexto em que o corpo se tornou “o mais belo objeto do consumo”, aos poucos, a beleza se transformou numa beleza “para todos”, e não aquilo que até então parecia se revelar como natural (desprovido de intervenções) ou como uma exceção.

No entanto, muito antes, o modelo de beleza e de comportamento feminino foi propagado através da visualidade. Segundo Mendonça (2014), foi inicialmente com as pandoras, depois com as gravuras e só mais tarde é que as fotografas nas revistas femininas passaram sugerir amarras e moldes para aquilo que seria a “mulher”. E não se pode esquecer que, como indica Maisonneuve e Bruchon Schweitzer (2004), os cânones de beleza, como os padrões, emanam geralmente de classes privilegiadas, além do que é possível observar na história que pintores, escultores e costureiros modelaram a imagem da feminilidade. “Em muitos casos mulheres são representadas vestidas (ou despidas) por homens e não por elas mesmas” (MAISONNEUVE e BRUCHON-SCHWEITZER, 1999, p. 7, tradução nossa).

Mendonça (2014) também traz a perspectiva de que aimagem da revista de moda sugere uma experiência estética e oferece uma oportunidade de adentrar num “um mundo de sonho”, que existirá só ali, que é ao mesmo tempo fonte de beleza, prazer e desejo, como também de ansiedade e tirania. “Assim a imagem que oprime é a mesma que liberta” (MENDONÇA, 2014, p. 33). Daí entendemos como é possível que as mulheres estabeleçam, muitas vezes, uma relação paradoxal com as revistas de moda, pois estimulam a

satisfação, a beleza e a expressão e a liberação do corpo, mas também aprisionam esse mesmo corpo em padrões e despertam sensações de frustração.

Mesmo que a moda e a mídia continuem instituindo tais padrões de formas corporais e de beleza de modo predominante, percebemos quanto o momento atual tem sido marcado por contestações aos ideais de beleza retratados por tanto tempo, principalmente pelas revistas de moda, femininas e as relacionadas a saúde. No entanto, o cenário midiático tem se transformado diante da adesão a diferentes tecnologias, o que impactou profundamente a moda e seu sistema. Além disso, naturalmente também ocorrem mudanças nos valores da sociedade e no comportamento. Questões relacionadas ao racismo, igualdade de gênero, crise econômica, cidadania e sustentabilidade, por exemplo, estão em expansão.

Assim, a experiência cultural contemporânea é marcada pela emergência de diversas demandas sociais e o questionamento dos valores que estão sendo levados em consideração na produção midiática. Todas essas questões em algum aspecto se relacionam com o comportamento. Mas no contexto da moda e da beleza, observamos que se destacam as que desejam refetir sobre como promover mais diversidade e representatividade em suas imagens, para que não apenas alguns grupos sociais continuem sendo privilegiados.

É neste sentido que algumas revistas nos últimos anos têm atuado, até mesmo para continuar sendo um formato relevante, já que têm perdido espaço em relação as outras mídias na divulgação da moda. É possível observar que têm aderido a esses valores na sua produção e agora suas edições encontram-se repletas de porta-vozes dessas demandas sociais, geralmente a partir de pessoas de grande projeção. Nas imagens das revistas de moda, portanto, vemos, cada vez mais, pessoas que representam algumas causas, possuem características fora do ideal já estabelecido ou mesmo que pertença a algum tipo de minoria social, como de pessoas negras, gordas, velhas e trans, entre outras. E nas imagens das revistas de moda, isso signifca que a beleza acaba sendo representada por elas também.

É claro que devemos considerar que esse é um contexto ainda pouco consolidado, pois em muitos casos ainda são iniciativas pontuais, além de atenderem a uma demanda de mercado de consumo. No entanto, demonstra importância pela repercussão e alcance que essas imagens geralmente ganham. Isso abre espaço para que mais pessoas se identifquem também como belas e se sintam incluídas na dinâmica da moda e da beleza. É algo que pouco se questionava na mídia especializada em moda há pouco tempo e que certamente continuará ganhando outros contornos diante do impacto que tais discussões têm provocado.

Dentre alguns exemplos recentes de imagens veiculadas em revistas em sintonia com essas questões, podemos destacar a produzida pela revista Elle Brasil em maio de 2015 com uma capa-espelho, convidando a leitora a se ver na capa da revista. Ela também espalhou a imagem de Juliana Romano, uma jornalista e blogueira gorda, numa foto que ela aparecia nua e sem retoques. Já a Vogue Brasil, em maio de 2016, estampou a modelo Naomi Campbell e trouxe imagens dela com outras mulheres negras brasileiras, entre elas, a jornalista Maju Coutinho, a cantora Alcione, e a ex-senadora Marina Silva. E em janeiro de 2019, a Vogue México exibiu na capa a atriz Yalitza Aparício, de origem mixteca, que foi indicada como melhor atriz no Oscar pelo flme Roma, como referência de talento e beleza para seu país.

Figura 1 – Imagem da revista Vogue Brasil (2016) Fonte: <https://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2016/05/maju-coutinho-pousa-ao-lado-de-naomi-campbell-em-editorial-de-moda.html>Acesso em: 31 mar. 2019.

Além desses exemplos, a nível do conteúdo de imagens e dos textos das revistas, é possível observar que algumas novas perspectivas sobre o comportamento e a beleza também têm orientado o conteúdo jornalístico de moda. Como a moda é considerada um tema feminino, era comum orientações de conduta e hoje são defendidos a liberdade sobre o próprio corpo. Assim, observamos que, no momento atual, alguns não indicam mais a roupa ideal para cada corpo, como ter um “corpo de verão”, afnar o rosto com maquiagem ou apresentar o cabelo liso como única opção de cabelo bonito. Sendo assim, propaga-se uma beleza mais livre e não para agradar o outro ou para atender algum ideal, mas para satisfazer a si mesmo.

A revista Elle Brasil, em setembro de 2017, lançou a campanha #VamosPensarSobreBeleza. Ao utilizar essa hashtag na rede social Instagram, os leitores eram convidados a apresentar a sua foto para que a revista pudesse divulgar vários tipos de beleza possíveis, incentivando quebrar padrões e alcançar uma beleza mais autêntica e menos consumista. Meses depois, a campanha virou uma coluna fxa no site e na revista impressa que passou a funcionar como um espaço de diálogo para repensar o olhar do indivíduo em relação a sua imagem. Alguns assuntos tratados foram: a desmistifcação do corpo magro como sinônimo de corpo saudável; o signifcado sociocultural do uso de tranças; a opção pelo visual de cabeça raspada; a liberdade para o uso dos fos grisalhos; entre outros modos de aparecer.

IMAGENS DE MODA E O BELO

Já podemos discutir a função essencial das narrativas midiáticas e das imagens da moda para difusão de padrões de comportamentos na sociedade e, do mesmo modo, o quanto elas refetem valores do que é considerado certo ou errado, bonito e feio, agradável ou não. Assim, possuem as suas especifcidades e são concebidas com o objetivo de gerar variadas sensações. Por isso, também gostaríamos de procurar refetir neste texto sobre a experiência proporcionada por essas imagens de moda num contexto também midiático, mais em diálogo com as concepções que se tem feito para o entendimento do belo e do sublime.

Segundo Cidreira (2014, p. 97), a noção de belo está associada a certa complacência em torno de algo ou alguém que suscita a contemplação. Segundo a autora: “O belo é uma questão de gosto pois ele é uma espécie de sentido comum não fundado em conceitos, mas na comunicabilidade dos juízos em relação aos sentimentos” (CIDREIRA, 2014, p. 297). No entanto, os valores e padrões de cada comunidade é que legitimam o que é considerado belo, pois eles interferem nos hábitos perceptivos e promovem variações sobre

o que afeta os nossos sentidos. E é por isso que eles podem mudar, pois o gosto reage as transformações históricas.

Neste sentido é que, de acordo com Eco (2004, p. 277), além da ideia de algo como belo relacionado ao prazer e as coisas agradáveis, em ambientes flosófcos diversos também avança a ideia de sublime. Esta não é nenhuma novidade contemporânea, já sendo discutida desde o século 17 e que coloca em jogo a participação sentimental do criador e do fruidor na obra de arte ao identifcar nelas coisas ou fenômenos terríveis, apavorantes e dolorosos, nem sempre despertando apenas o prazer. Mesmo assim, segundo o autor, a experiência do sublime adquire muitas daquelas características atribuídas anteriormente à experiência do belo e assim, as duas instâncias não se apresentam totalmente separadas.

É a partir disso que podemos compreender que apreciação do belo também passa por imagens incômodas, confusas e que não representam situações tidas como aceitáveis ou mesmo agradáveis em determinado contexto cultural. Conforme Galard (2015, p. 17), está havendo uma ampliação do campo da percepção estética que normalmente suscita reprovação pois, em algumas imagens, a exemplo das fotografas de Sebastião Salgado, é possível sentir que a beleza pode combinar com a dor. Assim, entendemos que a imagem pode ser bela no sentido de suscitar emoção estética, mesmo que mostre situações referentes ao que geralmente não se considera belo.

Tal percepção também pode ser identifcada nas imagens de moda contemporâneas que têm reivindicado, em alguns contextos, uma apreciação mais libertária, evidenciando situações diferentes do que geralmente retratam e exibindo formas que não representam o que é normalmente aceito. Cidreira (2014) afrma que hoje experimentamos um período bem democrático quanto ao que seria um ideal de corpo belo “em que o que atrai o olhar, o que suscita admiração, o que nos arrebata, tanto pode ser um corpo de formas suntuosas, silhuetas que ressaltam a feminilidade ou ainda fguras andróginas” (CIDREIRA, 2014, p. 97-98).

Um exemplo de revista de moda brasileira que investe em imagens próximas dessa percepção é a FFWmag. Diferente das revistas que tratam da moda sugerindo ideias de tendências e elegância das quais já mencionamos, ela investe em imagens de aparências estranhas, que trazem a ideia de desconforto e nas quais modelos aparecem com olhares, gestos e posturas fora dos padrões e até mesmo podem se referir a um comportamento violento. Embora também apresente peças para consumo, as imagens atendem a expectativa de um público aberto a outra proposta de beleza nas imagens. Como ocorre, por exemplo, na edição de número 46, de 2016, quando na imagem de capa a modelo, além de estar enumerada como um animal, está com o corpo desalinhado e coberto por verduras e sacos plásticos.

Figura 2 – Capa da revista FFWMag (2016) Fonte: <https://ffw.uol.com.br/app/uploads/ffwmag/2016/11/ffwmag-42-capa-final3-654x925.jpg Acesso em: 01/04/2019.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da exposição dessas ideias, destacamos que a moda e a mídia infuenciam no comportamento e auxiliam a defnir o que é belo. As revistas de moda, que historicamente se constituíram como fonte de referência de elegância, refnamento e beleza, contribuem na percepção corporal e em aspectos da estruturação da sociedade. Num cenário comunicacional complexo, esses veículos não ditam mais sozinhos os padrões de beleza para o corpo, mas continuam estimulando o desejo, possuindo relevância simbólica e auxiliando a defnir o que é uma aparência bela. Neste processo, também convém refetir sobre a experiência sugerida a partir das suas imagens, capaz de despertar variadas sensações.

Diante das mudanças de comportamento e valores partilhados na sociedade contemporânea, a pouca diversidade nas imagens de moda se apresenta como um desafo. Por infuência da circulação das imagens e as novas maneiras de interação social possibilitadas pelas redes sociais digitais, as revistas de moda têm buscado atender a algumas demandas sociais em expansão na atualidade, criando novas maneiras de representar o belo na imagem de moda. Acreditamos que somente assim refetem o momento do tempo presente e é o que certamente fará com que continuem sendo um formato midiático relevante. Além disso, outros grupos sociais procuram projeção positiva, mas também são novos possíveis consumidores. E como as revistas atuam como intermediárias das grandes marcas, compreendemos que tal conduta também ocorre no contexto de ampliação dos mercados de consumo.

Também procuramos discutir se certos padrões de beleza estão se modifcando, e observamos que alguns ideais ainda se mantêm como referência no imaginário social com auxílio das narrativas da mídia, por isso não necessariamente poderá signifcar a quebra de padrões. Na percepção de Lipovetsky e Serroy (2015, p. 353), pode ser que no futuro haja a multiplicação de mídias que exibam mulheres mais reais, de uma beleza menos padronizada, o que já é algo positivo, mas não se conhece sociedade sem modelo ideal de beleza,

sem valorização e desejabilidade do belo; e a atenção do corpo belo conforme os padrões vigentes têm sido uma cobrança mais acentuada e um objetivo buscado cada vez mais também por homens.

Este é um momento de transição no qual se abrem novas e muitas possibilidades de beleza, pois entendemos que o belo é referente ao gosto, e este também pode mudar conforme as transformações históricas. Tendo como fundamento as considerações de Cidreira (2014) e Eco (2004), argumentamos que o belo se refere também as sensações do sujeito que julga o belo, não apenas nas formas dos objetos. Deste modo, há uma ampliação no campo da percepção estética, do qual as imagens de moda fazem parte e estão abrindo a possibilidade de outros padrões de beleza e abordagens para o tema junto aos valores sociais atuais.

Em tempos de generalização das imagens no cotidiano, principalmente das fotografas efêmeras das redes sociais, atualmente as revistas também buscam atuar nessas plataformas. É neste espaço que privilegia a fotografa e em que qualquer um pode ser um produtor de conteúdo é que circula a imagem de moda contemporânea. Ainda é infuenciada pela mídia especializada que introduziu no imaginário social alguns padrões que estão se modifcando ou sendo associados. Portanto, o texto não traz respostas defnitivas, mas busca promover a refexão sobre o belo diante da relevância simbólica das revistas de moda.

Referências

CIDREIRA, Renata Pitombo. A moda numa perspectiva compreensiva. Cruz das Almas: EDUFRB, 2014.

CIDREIRA, Renata Pitombo. Moda, aparência e representação. VIII Colóquio Internacional Franco-Brasileiro de Estética da Bahia, Salvador, 2011.

ECO, Umberto. O sublime. In: História da beleza. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2004.

GALARD, Jean. Imagens belas demais. In: Beleza exorbitante: reflexões sobre o abuso estético. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Editora Fap-Unifesp, 2015.

LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. Tradução de Eduardo Brandão. Companhia das Letras: São Paulo, 2016.

MAISONNEUVE, Jean. BRUCHON-SCHWEITZER, Marilou. Le corps et la beauté. Paris: PUF, 1999, p. 05-30.

MENDONÇA, Carla Maria Camargos. A experiência estética: a revista Vogue e os blogs de moda e fitness. dObras, São Paulo, n. 15, v. 7, 2014. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/71. Acesso em: 20 mar. 2019.

SVENDSEN, Lars. A moda e o corpo. In: Moda: uma filosofia. Tradução de Maria Luisa X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

VIGARELLO, Georges. História da beleza. Tradução de Léo Schlafman. Ediouro: Rio de Janeiro, 2006.

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