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UM CORPO EM ONDAS: A POÉTICA DO ESTUDO DA ÁGUA DE ISADORA DUNCAN

Hanna Cláudia Freitas Rodrigues

UM CORPO EM ONDAS: A POÉTICA DO ESTUDO DA ÁGUA DE ISADORA DUNCAN

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Há quem nunca tenha ouvido falar desta mulher, como há quem tenha tido a vida diretamente marcada por sua flosofa libertária. Isadora Duncan (1877-1927) foi uma bailarina norte-americana que irrompeu os preceitos do ballet clássico e deu luz à era da dança moderna, postulando com tal ruptura, uma nova estética do movimento, uma subversão do referencial de beleza do corpo ideal para dança, e uma nova poética artística a partir da emancipação do corpo feminino.

Nesta transição entre a Dança Clássica e Moderna, destaco fenômenos importantes que se deram como fssuras capazes de desbancar paradigmas e convenções de um corpo em dança: Ao renegar os coques, os collants, as sapatilhas de ponta, os pomposos palcos, e a postura da realeza como referenciais de movimento – em detrimento dos pés no chão, dos cabelos soltos ao vento, das túnicas , da natureza como cenário e da inspiração de movimentos a partir das ações do cotidiano – Isadora não só lança uma estética do corpo em dança, como também inaugura uma poética do movimento. Ela revoluciona o belo, o liberta das formas postas, o fuidesce.

É sobre tal revolução que se desdobra esta investigação, mais precisamente sobre o repertório intitulado Estudo da Água,

criado pela artista e executado pela bailarina Nadia Chilkovsky Nahumck (1908-2006), no Museu Nacional de Mulheres nas Artes, em 1994. Este solo me foi ensinado em 2015 e relatarei aqui esta experiência, tomando a própria vivência da aprendizagem da dança como caminho metodológico para se chegar ao entendimento da poética desta coreografa e do primado legado de Isadora na emersão de novas referências de beleza e de linguagem a partir do corpo.

Portanto, pretende-se entender as concepções da beleza deste corpo libertário da Dança Moderna de Isadora Duncan, tendo como objeto de análise a coreografa Estudo da Água, e apostando na metodologia de caráter inferencial do meu processo perceptivo na aprendizagem do repertório. Serão desdobramentos essenciais para entendermos esta poética: as concepções do belo; o imbricamento político de uma estética emancipadora do corpo feminino; e o processo de criação artística envolvidos no nosso tomo central – Um corpo em ondas.

UM OUTRO CORPO QUE DANÇA: A FILOSOFIA DE ISADORA E A DANÇA MODERNA

É preciso, antes de tudo, tornar lúcido um recorte espaço-temporal que se assume em se tratando da Dança Moderna. Ao falarmos aqui do período moderno para as danças, estaremos nos referindo à conjuntura norte-americana e europeia na qual está implicado o pioneirismo de Isadora. São contribuições inegáveis a uma libertação do corpo da mulher em dança, mas é primordial entender que a própria visibilidade e acessibilidade a estas teorias – seja no campo artístico, seja no universo acadêmico – se dão pelo privilégio que tem o eurocentrismo e a dominação semiótica norte-americana, na imposição de legitimidade e juízo estético no território das Artes.

A escolha de pensar a revolução do belo e da linguagem do corpo em dança, a partir da obra de Isadora, se faz pela aproximação e relevância de sua flosofa na minha trajetória artística, e não

em função de legitimar ou enaltecer este feito como sendo o único ou mais importante movimento de subversão política dos corpos em dança em detrimento de inúmeros atores latino-americanos, da cultura popular e das danças tradicionais que muito antes reivindicaram as mudanças de paradigmas da estética dos corpos, por meio das suas vidas e em suas rodas de resistência.

Neste cenário de que tratamos, no fnal do século XIX, incita-se um descontentamento ao rigor das Danças clássicas em consequência de uma crítica ao corpo enquanto máquina de reprodução técnica do movimento. Passa-se a pensar no corpo como fuidor da expressão de si mesmo, um corpo poiesis. É possível associar que os movimentos inovadores da linha de expressão das coreografas de Isadora Duncan teriam sido refexos da necessidade, num contexto de Primeira Guerra, de se criar a imagem de um corpo forte, resistente, versátil, que sucumbisse simbolicamente o corpo dócil, esquálido e frágil da dança clássica.

Talvez este seja o impulso inconsciente e criativo que fez nascer um novo estilo, cuja torção, tônus e contração, tão marcantes nos movimentos do repertório Duncan, parecem plasmar um novo corpo. Somado, é claro, a um desejo de aproximação do público, já que movimentos que expressam hábitos cotidianos, ou cuja postura se assemelha ao caminhar e ao existir de um sujeito entre vários, comunica muito mais do que um corpo que assume o caminhar da realeza ou os bailes dos castelos, geralmente representados nos repertórios do Ballet Clássico.

A partir dos tensionamentos políticos da época, dos ideias iluministas e do consequente afastamento da metafísica e da teologia como norteadores da existência humana, tem-se, no campo da dança, um desprivilégio de uma beleza formal – aquela inerente a um gesto codifcado, à reprodução técnica da realidade, de um corpo útil apenas para a execução do movimento – em troca da busca de uma beleza interior, na qual a alma humana é a motriz geradora do movimento.

Neste sentido, Isadora postula uma ideologia de autenticidade do movimento – cada corpo produz seu próprio gesto, e uma noção

de organicidade do corpo que dança – não é o corpo escravo da forma imposta pelo movimento; e sim criador dele, já que, para ela, o movimento é expressão de existência. O Bourcier (2001) aduz bem a necessidade que teve Isadora de libertar a dança da forma para trazê-la à potência de ser expressão do espírito e da alma:

A técnica lhe parece sem interesse. Fazer gestos naturais, andar, correr, saltar, mover seus braços naturalmente belos, reencontrar os ritmos inatos do homem, perdidos há anos, ‘escutar as pulsações da terra’, obedecer à lei de gravitação, feitas de atrações e repulsas, de atrações e resistências, consequentemente encontrar uma ligação lógica, onde o movimento não para, mas se transforma em outro, respirar naturalmente, eis seu método. Quanto aos temas de sua dança inspiram-se na contemplação da natureza; será ‘onda, nuvem, vento, árvore’ (BOURCIER, 2001, p. 248).

Seriam, portanto, as inspirações de movimento na Dança Moderna de Isadora Duncan, antitéticas à mecânica do bailado acadêmico1 , cuja trajetória determinada do movimento, as repetidas pausas em poses estruturadas, as proporções geométricas, métricas e harmônicas, constituem uma forma qualifcada como perfeita, que exigem um padrão de corpo – e consequentemente de beleza – capaz de executá-las.

O Jean Maisonneuve e Marillou Bruchon-Schweitzer (1999, p. 5), respondendo à pergunta “o que é a beleza de um corpo humano?” afrmam que, desde os gregos, os arquétipos e critérios defnidores do belo, estão sempre relacionados à presença de uma ordem baseada na medida, na proporção e que “essa elaboração antropométrica do arquétipo ideal implica vários elementos de subjetividade, segundo as interpretações da imagem visual e o recurso à escolha e à opinião” (MAISONNEUVE E BRUCHON-SCHWEITZER, 1999, p. 5).

1 Esta é uma outra nomenclatura possível para se falar da Dança Clássica. São termos também utilizados Dança Acadêmica ou Danse d’Ecole (Banes, 1980; Bourcier, 2001).

É notória a subjugação do corpo da bailarina clássica às métricas de peso, altura, às texturas musculares, aos traços faciais, à cor da pele, às proporções compatíveis com os padrões do corpo tido como belo, até os dias de hoje. Não reduzo também ao extremo de achar que o corpo para a Dança Moderna na linha de Isadora esteja destituído de uma pretensão ao belo ou se abstenha da fnalidade de, por meio de suas composições coreográfcas, produzir beleza. Não se trata disso.

Enquanto pesquisadora e bailarina do repertório de Isadora Duncan, reconheço uma exigência da sua técnica de dança em cumprir harmonias visuais, em compor esteticamente os corpos em determinada disposição espacial e outros agenciamentos cênicos e imagéticos que tornam uma dança bela, leve, marcada de signos que a volvem reconhecível enquanto linha de expressão da Dança Moderna.

A questão é que esta beleza se compõe de maneira simultânea à beleza da expressão daquele que dança. Qualquer corpo e todo corpo é bem-vindo à técnica de Isadora, já que o corpo é belo quando está em organicidade fusional ao movimento. Belo é o movimento natural do corpo, criado, ou mesmo reproduzido, a partir da imanência do ser. De ser quem é. Como evoca Lepecki (2010, p. 19):

A dança vai buscar no corpo a coisa que o corpo sempre foi – amálgama de orgânico e inorgânico, humano e bicho, cuspe e matéria, opacidade e luminescência, mineral e planta (LEPECKI, 2010, p. 19).

O BELO EM SI NÃO É O BELO DE SI: O MOVIMENTO ENQUANTO AUTO INSCRIÇÃO

Por um olhar flosófco, seria possível, talvez, contrapor a concepção do belo em Kant, na sua Crítica da Faculdade do Juízo (2005), à aposta do belo na “flosofa” de Isadora. Trata-se de negar uma certa unanimidade do objeto percebido como belo, para pensá-lo

além dos parâmetros fxados para um julgamento estético universal. De todo modo, é necessário compreender que o belo em Kant visa uma universalidade no sentido que diante de algo belo se partilha um sentimento de prazer. Seria cogitar o belo que não é em si e por si, mas que é criação de si, a partir do movimento.

De maneira linear, a concepção do corpo na tradição flosófca platônica – cuja referência do modelo de pensamento fundantes na história da metafísica conduzem o pensamento ocidental até os dias de hoje – pressupõe o corpo cindido do pensamento, enquanto matéria que serve de obstáculo ao saber. Lega a noção de que é no momento em que se dispende das sensações, do sofrimento e do prazer, que a razão melhor atua.

Para Platão (1991, p. 118), a percepção do “belo em si”, assim como o do “bom em si”, e “justo em si”, seria apenas apreendida pelo pensamento em si mesmo e não pelos sentimentos dos quais o corpo é instrumento. O corpo, “coisa má” que é, afasta a alma do seu objeto de desejo: a verdade.

À contramão deste enunciado, temos um corpo diluído ao pensar, um corpo que, na “flosofa” do movimento Duncan, cria a si mesmo, se faz, se inscreve no mundo, corpora. O pesquisador Cláudio Ulpiano2, à luzes deleuzeanas, atesta a existência de um corpo orgânico – sempre a serviço da espécie e do indivíduo – e um corpo estético, ou histérico: aquele lidado à produção da beleza. Teríamos, então, a intersecção destes dois corpos atrelada às práticas de si através dos gestos.

No século XX, com o rompimento da arte fgurativa, a emergência da arte abstrata e, mais adiante, a expressionista, fora possível se pensar uma estética das sensações, na qual o corpo, em deformação aos modelos clássicos, passa a ser capaz de produzir, por suas posturas e gestus (Brecht), um novo paradigma da arte, que ultrapassa um mero procedimento de entreter e se dá enquanto luta, produção de si, confronto interior de liberdade.

2 A autora/o poderá encontrar aulas transcritas do autor em seu acervo online: https:// acervoclaudioulpiano.com

O oposto de uma arte antropomórfca, na qual o homem projeta o seu organismo sobre representações também humanas e que, portanto, supõe o movimento a partir de um modelo ideal, tem-se a arte de forças instintivas e intuitivas, capaz de se relacionar com o caos e, por meio dele, produzir novas formas, novas fgurações corpóreas que instalam novas linhas estéticas. É exatamente isto, ao meu ver, que faz a dança moderna de Isadora Duncan: funda uma poética do belo que não é em si, imanente, universal, mas que é de si, e se perfaz enquanto dança.

Esta auto-poiesis pelo movimento anela pensar o corpo que é pele do mundo3, ou, como sustenta Hansen (2006, p. 94):

Nós não podemos mais confinar a corporificação ao corpo, não podemos mais contê-la dentro da pele (orgânica) porque as técnicas contemporâneas facilitam a dissolução da distinção mundo-corpo (uma não divisão) que é fundamentalmente informacional em sua (im)aterialidade e porque a atividade humana corporificada é, de alguma maneira, o agente desta dissolução (HANSEN, 2006, p. 94).

Este corpo em dança pode ser comparável também ao “corpo em crise”, da Eliane Robert Moraes (2002, p. 62), aquele fragmentado, não codifcado pela descrição realista e representações fgurativas, um corpo “totalmente desprovido de dimensões estáveis”. Assim como o corpo desmontável de Salvador Dali, em As novas cores do sex-appeal espectral4, que ratifca, por imagens, o desejo ao caos, o decompor, o dispersar da subjetividade humana, tão expressivos na poética modernista e que, de acordo com a autora, é como atesta Bataille, “um poder de ‘alterar os objetos com uma violência até então desconhecida’”. (MORAES, 2002, p. 60).

Temos, então, a perspectiva do que chamo estética da fenda ou do que já chamara Guattari (1992, p. 133) de Caosmose: um novo

3 O termo é de Benayoun em From Virtual to Public Space: Toward an Impure Art. Disponível em http://netzspannung.org/cat/servlet. 4 DALI, Salvador. Los nuevos colores del sex-appeal espectral. Gloria (trad.). Barcelona: Ariel, 1977. Martinengo

paradigma estético, que irrompe uma subjetividade padronizada por uma comunicação que inibe as “composições enunciativas trans-semióticas”. Este paradigma proto-estético – já que se refere à criação nascente e emergente– é capaz de produzir entidades coletivas a partir de um pertencimento do próprio eu, uma estética constituinte de um território existencial.

Neste sentido, nos é sensivelmente aplicável a ponderação de Arthur Danto (2006, 2012). Para Danto, as apropriações mais clássicas sobre a arte e o belo não acompanharam os movimentos de transformação social que implicavam à arte a necessidade de repensar-se, de gerir novos conceitos por meio de irrupções estéticas, ao ponto de o visual dar lugar ao conceitual, de o estético liberar território à verdadeira natureza flosófca da arte.

Para Danto, é contraproducente a uma arte ser julgada a partir do parâmetro de uma “boa” arte. Um crítico pluralista e democrático não julga a partir do seu critério estético, o seu papel é interpretar a arte relacionando-a com o mundo da arte ao qual pertence cuja circunscrição envolve o espaço institucional da arte e o espaço discursivo da arte – bastante cristalizados pelo modelo progressivo da história da arte. Também para o autor não deve prevalecer a separação entre o estético e o prático que fez prevalecer uma certa autonomia da arte, que nega a ela mesma toda possibilidade de contaminação com a vida. A dança contemporânea, que só existe graças a transição estética e ideológica procedente da Dança Moderna, em seu engajamento político, sua crítica institucional, suas novas formas de produção coletivas e práticas de intervenção cotidiana, são uma evidente recusa à essa pureza. A ideia é a de naturalizar a estética e de entender o senso estético enquanto função orgânica e biológica de um conjunto de reações ante um objeto. Um corpo em ondas remete ao fuxo de uma prática de si, pela indissolubilidade do lugar arte-vida.

EXPERIÊNCIA VIBRÁTIL: SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA COREOGRAFIA ESTUDO DA ÁGUA 1924

Figura 1 – O estudo da Água Fonte: https://clickamericana.com/topics/celebrities-famous-people/dancer-isadora-duncan-killed-in-bizarre-accident-1927 Acesso em: 12 maio 2019.

Nasci junto ao mar e já notei que todos os grandes acontecimentos da minha vida sempre ocorreram na sua proximidade. A minha primeira ideia do movimento da dança veio-me certamente do ritmo das águas. Vim ao mundo sob o signo de Afrodite, Afrodite, que também é filha do mar e quando a sua estrela sobe no céu os acontecimentos são-me propícios (DUNCAN, 1989, p. 78).

A partir da conexão entre a Escola Contemporânea de Dança5 , dirigida pela bailarina e pesquisadora Fátima Suarez (Salvador/BA) e o Isadora Duncan Dance Foundation6, instituído por Lori Belilove (Nova York), aprendi, em 2015, o solo Estudo da Água, criado por

5 A (o) autora(o) poderá encontrar detalhes do centro artístico em: http://www. econtemporanea.com.br/ 6 Aos que se interessarem em conhecer o trabalho artístico, indico Acesso em: http:// isadoraduncan.org/

Isadora em 1924. Aprendi nas águas do mar a dança que torna imagético um corpo em ondas.

O trabalho destes dois espaços de arte é marcado por uma pesquisa, técnica e ética, bastante refnadas, que perpetuam o legado do repertório coreográfco e flosófco da bailarina modernista. Adotam um sistema metodológico de vivências criativas em dança que conclamam a natureza como elemento estético essencial do processo de aprendizagem e da utilização da cultura oral, cuja herança artística é passada de uma outra geração de mulheres.

O solo Estudo da água combina sequências gestuais que alternam entre as propriedades de peso, equilíbrio e fexibilidade em curvas, e evoca imageticamente a lei do movimento das ondas, cujo fuxo e refuxo das ondulações infnitas, os redemoinhos e texturas do mar, remetem metaforicamente à continuidade do processo de autoconhecimento, à incomensurável prática de criação de si.

A poética desta dança lança mão da criação de um corpo que transgride a mera imitação das águas ou a equivalência entre o movimento ondular do corpo e a referência perceptual da onda. Não se trata de uma trivial representação corpórea da realidade ou de uma aproximação a um elemento da natureza, via sensações. Para além, um corpo em ondas – inventado por/em mim no processo de aprendizagem do Estudo da Água – é o reconhecimento das ondas que habitam meu corpo, é a compreensão da fuidez do deixar ser.

Referências

BOURCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

DANTO, Arthur. O abuso da beleza: a estética e o conceito de arte. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.

DANTO, Arthur. O mundo da Arte. In: O belo autônomo: textos clássicos de estética. Rogério Duarte (Org.). Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

DUNCAN, Isadora. Minha vida. São Paulo: Editora José Olympio, 1989.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Editora 34, 1992.

LEPECKI, André. O síndrome de Stendhal (I): o corpo colonizado. Revista Gesto, n° 2, 2003.

MAISONNEUVE, Jean. BRUCHON-SCHWEITZER, Marilou. Les corps et la beauté. Paris: PUF, 1999.

MORAES, Eliane Robert. O corpo impossível. São Paulo: Iluminuras LTDA, 2002.

PLATÃO. Diálogos. Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha. São Paulo: Nova cultural, 1991.

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