GrandOlhar_edicao24_maio_2021

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maio de 2021 | 24.ª Edição

Grand’olhar

JORNAL DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE GRÂNDOLA Colaboração| Professores e alunos do Agrupamento Capa | Maria Coelho, 10º C – ESAIC Revisão | Professores Esperança Calado e Vítor Furtado Edição | Biblioteca Escolar do Agrupamento de Grandola


Índice Editorial ....………………...……………………………..…………………………………………….… 3 Grand’Estaque ….…….……..……….….....…….….........…..…...……........……...…….………….. 4 Destaques…..……………..……….….....…….….........……...……........……...…….…………………8 Grand’art ..…..…………………..….......……...….......….…...…….………..…………...….…….... 12 Escritas ..…..…………………..….......……...….......….…...…….………..…………...….……....… 14 Leituras ……………………………………………….….….…….....……..........…………….……….. 19 Sugestoes de leitura…………………….….….…….....……..........…………….………..…….… 21 Passa o Tempo ………....…………….….….......……..........….…...…….………...…….…………. 22 Vai acontecer …………………………………………………………………………………………….23 Dossier tematico “ A Minha Rua”…………………………………………………………………24

Porquê Grand’olhar? Segundo uma das lendas locais, D. Jorge de Lencastre, gostava de organizar aqui as suas caçadas. “Certo dia, no fim de uma caçada, enquanto cozinhavam um enorme javali, alguem tera exclamado: - Oh!!! Que grande olha! Daí em diante o lugar passou a chamar-se “Grandolha”, mais tarde “Grandolla”, ate chegar a forma atual de Grandola.” A escolha do nome Grand’olhar faz referencia a lenda e ao mesmo tempo brinca com as palavras “Grande” e “Olhar” fazendo ainda uma alusao ao andar por Grandola, a procura do que acontece por aqui. In: http://www.cm-grandola.pt/pages/553, visto a 2 de novembro de 2018. 2


Editorial Por Prof. José Abreu Os livros, a leitura e a liberdade. Portugal comemorou, ha uns dias atras, os 47 anos de um movimento que terminou com um Portugal obscuro, desigual, corrupto, mesquinho e medíocre. Um Portugal em guerra com os outros e consigo mesmo. Um Portugal onde os livros e a leitura eram perse-

guidos, onde escritores e poetas, investigadores e cientistas, viam as suas obras mutiladas e proibidas. Onde uma imensa parte da populaçao era analfabeta, onde muitas crianças nao o podiam ser e onde a escola era so para alguns - e nao para todos. Portugal foi cumprindo os desígnios do movimento que lhe deu a liberdade: descolonizou, democratizou-se e desenvolveu-se, numa caminhada que foi encontrando obstaculos, percalços e encruzilhadas. Uma caminhada que vamos fazendo todos os dias, em liberdade, numa estrada onde os livros chegam a todos, atraves de uma imensa rede de bibliotecas de leitura publica e escolares, onde escritores e investigadores nos proporcionam o

prazer do conhecimento, a alegria e as tristezas de mil e uma personagens que ganham vida no papel e nas nossas mentes, que nos acompanham ao longo de dias, (por vezes ao longo da vida) que mos marcam, nos enternecem, que nos espantam, que nos seduzem. Sao assim os livros que podemos escrever e ler, em liberdade, a qualquer hora e em qualquer lugar, sem o medo de sermos censurados, perseguidos, maltratados. O poder da escrita, o poder da leitura dao-nos o poder de vencer aqueles que tem medo do conhecimento, dos sentimentos, das emoçoes, da imaginaçao, da vida. Por isso, aquele dia de Abril de 1974, tambem foi o dia que nos devolveu a paixao da leitura e da escrita, sem limites, sem barreiras, em liberdade. Foi o dia que a poesia Sophia De Mello Breyner tao bem celebrou:

Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo

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Grand´Estaque

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Grand´Estaque…. Clube de Leitura da Biblioteca Escolar No passado dia 23 de abril, realizou-se a primeira sessao online do Clube de Leitura da Biblioteca Escolar. A tematica apresentada pela equipa de trabalho (Biblioteca Escolar e Biblioteca Municipal) foi “O Mar e a Palavra”. Participaram nesta sessao alunos do 6.º Ano, os quais estao de parabens pelas leituras que realizaram. O Clube de Leitura decorre para os alunos do 5.º Ano todas as terças-feiras das 14:10h as 15:00h e para os alunos do 6.º Ano todas as sextas-feiras das 10:30h as 11:20h. Estamos disponíveis para desenvolver atividades de leitura para alunos de outros anos escolares, basta entrarem em contanto connosco. Contamos com a tua leitura! Ler faz bem!

que eu me escondo quando quero fugir dos meus problemas. Ler e ir para lugares, sem nenhuma bussola para indicar o caminho, e aí encontrar um espaço confortavel e silenciosao. Ler e ser peregrino por lugares diversos onde somente Fernao Mendes Pinto poderia levar-nos. Ler e conhecer autores de diversas nacionalidades e perceber novas formas de pensar. Ler e ser levado a uma imaginaçao profunda, que poucas pessoas sabem o que significa, reservada apenas os amantes da literatura que percebem o que significam tais aventuras. Ler e ser surpreendido e nem sempre gostar das historias. Ler e um alimento para a alma necessario ao nosso crescimento. Jamile Oliveira, 11º D

Ler é...

Ler é... Na minha opiniao, e difícil encontrar uma definiçao para a leitura. A melhor forma de viajar sem sair do lugar e a partir dos livros, pois neles eu encontro a experiencia perfeita que me faz desejar sempre ser um ser humano melhor. E a leitura que me faz acreditar numa sociedade melhor e e nela

como viajar, no entanto, nao saimos do lugar. E entrar nas historias de amores de perdiçao, nos poemas e sonetos de morrer de amor, nas obras onde o patriotismo esta tao presente ao ponto de provocar um incendio. Ler e um vício, embora estranho, porque dase com os leitores a devorarem, em duas semanas, um livro com mais de quinhentas paginas, repleto de personagens, descriçoes minuciosas e um amor incestuoso. No entanto, apesar de ser um vício, ler e uma das melhores formas de ver gente feliz com lagrimas, descobrir ciencia, relembrar historia e mergulhar no berço na nossa cultura. Mariana Figueiredo, 11ºD

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Grand´Estaque…. Semana da Leitura Ler sempre! A qualquer hora, em qualquer lugar!

https://www.ae-grandola.pt/aeg/index.php/ recursos/be-cre/1093-nos-e-pessoa

Na ultima semana do mes de março, no

Fotografias originais

Agrupamento, comemorou-se a leitura. Fo-

A partir do lema da Semana da Leitura, fo-

ram varios os desafios lançados aos alunos

ram varios os alunos que enviaram uma fo-

para promover os livros, os autores, a leitu-

tografia original…Ler Sempre!

ra…

https://www.ae-grandola.pt/aeg/index.php/ recursos/be-cre/1096-ler-sempre-a-qualquerhora-em-qualquer-lugar https://www.ae-grandola.pt/aeg/index.php/ recursos/be-cre/1097-semana-leitura2021-2

Histórias partilhadas Os alunos da Educaçao Pre-escolar e do 1º ciclo do Agrupamento tiveram a oportunidade de assistir, virtualmente, a historias contadas pelas tecnicas da Biblioteca Municipal de Grandola e pelos alunos da Escola Profissional Rural de Grandola. Historias que facilitaram o dialogo, a escrita

O meu livro preferido Todos temos um livro preferido! Alguns dos alunos partilharam nesta semana qual era o seu! https://www.ae-grandola.pt/aeg/index.php/ recursos/be-cre/1102-semana-da-leitura3

e a ilustraçao, e que permitiram a partilha de ideias entre todos.

Leituras ON

https://www.ae-grandola.pt/aeg/index.php/ recursos/be-cre/1094-semanadaleitura

Ler em voz alta…nesta atividade os alunos

Nós e Pessoa

participantes leram em voz alta, com expressividade, travaram a língua e dramatizaram

O projeto “Nos e Pessoa” foi construído pe- leituras. los alunos do 12.º C, no ambito do Domínio de Autonomia Curricular (DAC), nas disciplinas de Desenho A, Oficina de Arte, Portugues e Sociologia, e nasce da vontade de desenvolver o uso proficiente de diferentes linguagens, apreciando criticamente realidades artísticas em intertextualidade. Assim, esta apresentaçao e fruto das leituras (interpretaçoes) e sensibilidades dos nossos alunos.

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Grand´Estaque Atividades de Escrita Criativa Os alunos de 4º ano da Escola Basica de Grandola, tem vindo a desenvolver mensalmente, com a professora bibliotecaria, atividades de escrita criativa, onde dao asas as palavras. Em março realizaram poesias para festejar o Dia Mundial da Arvore, partindo da historia “A ARVORE DA ESCOLA “ de Antonio Sandoval e em abril criaram historias fabulosas, a partir do exercício “ Palavras aos quadrados”. Aguardamos com alguma expectativa o mes de maio! O que podera acontecer?

Sessão online com Luísa Ducla Soares, Daniel Completo e Nuno Completo No passado dia 26 de abril, a Escola Basica de Grandola comemorou o Dia Mundial do Livro com uma sessao online, que contou com a presença da escritora Luísa Ducla Soares, do musico Daniel Completo e do seu filho Nuno Completo. Quem nao conhece a Luísa… Com a sua voz doce encanta os alunos, respondendo as perguntas sempre com aquele carinho que lhe e inerente. Esta parceria com o Daniel Completo vem enriquecer ainda mais os seus poemas, permitindo que os alunos memorizem e aprendam mais facilmente atraves da musica.

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Destaques Campanha de angariação "300 cadernos para S. Tomé e Príncipe" Participaram na campanha "300 cadernos para S. Tome e Príncipe" alunos de todas as turmas do 9º ano da ESAIC, alunos das turmas 7ºG, 8ºD e 8ºE da EBDJL e alguns professores e assistentes operacionais das duas escolas.

Articulação Curricular

No âmbito da disciplina de História, as turmas do 7ºC, 7ºD e 7ºE conceberam duas maquetas e varias ilustraçoes com base numa fonte escrita do seculo X. Assim, cada um dos alunos recriou o domínio de Tillenay (regiao da Borgonha, em França) onde incluíram, de forma simplificada, os principais elementos mencionados na fonte, nomeadamente a casa senhorial/ castelo, a area dos mansos, a reserva e todos os outros elementos referidos no documento (igreja, rio, moinho, lagar, forno, ponte, floresta…).

Artes Visuais, Ciências Naturais, Português

Apos terem assistido a uma videoconferencia sobre Covid19, os alunos do 9º ano elaboraram um texto descritivo sobre tudo a que assistiram e assimilaram!... Apos esse passo e com toda a teoria sobre banda desenhada os alunos elaboraram uma prancha de BD em tamanho A4, desenhando no seu todo tudo o que subdividiram, dando como resultado o apresentado!

Os alunos deram asas à sua imaginação… Com criatividade e competência trouxeram a Idade Média até ao Presente.

Estao todos de parabens pelo empenho

e esforço, acrescendo o facto de nos encontrarmos em confinamento e todo o processo ter sido elaborado e orientado a distancia.

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Destaques CHÁ COM LETRAS No dia 25 de março, pelas 20:30 horas, a Poesia foi a convidada de honra no Chá com Letras dedicado ao Dia da Poesia, organizado pelo Centro Qualifica com a colaboraçao da equipa das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas de Grandola. De forma virtual, atraves da plataforma zoom, este foi o quarto encontro, que contou com a presença da Presidente da Comissao Administrativa Provisoria (CAP), da Coordenadora e

das Tecnicas de Orientaçao do Centro Qualifica, de professores, de formandos e de alunos do agrupamento. A abrir a sessao, a Coordenadora do Centro Qualifica, Leonor Gonçalves, apresentou o tema e deu início as apresentaçoes. De seguida, a Presidente da CAP, professora Maria Angela Filipe, recordou com saudade as sessoes presenciais do Chá com Letras e leu poemas de Manuel Alegre que partiram de tres letras do alfabeto. A professora Ana Baía e o seu filho, Dinis Antunes, leram dois poemas de sua autoria, um dedicado a poesia e outro a primavera. Fernando Pessoa foi o autor escolhido pelo aluno Rafael Cardim, que leu o poema “O Poeta e um Fingidor”, enquanto a aluna Patrícia Espada leu um poema seu sobre a primavera. A aluna Madalena Mendes leu o poema de sua autoria “Dia Mundial da Poesia”. A professora Isabel Duarte apresentou o livro A Importância do Pequeno-almoço, de Francisca Camelo. Continuando a homenagear a poesia de expressao portuguesa, a professora bibliotecaria da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Grandola, Rute Tavares, leu um poema de Mia Couto, “Pergunta-me”.

Por sua vez, a professora Esperança Calado leu um poema de sua autoria, “A Poesia das Palavras”. Outro ponto alto deste serao foram as intervençoes da professora Isabel Gomes e das suas alunas de Sociologia, que fizeram um breve enquadramento da perspetiva sociologica e dos poemas escolhidos na vida e obra de Fernando Pessoa. A Beatriz Santos apresentou o estudo de um historiador que defende que Fernando Pessoa teria tido um amor nos ultimos anos de vida e leu o poema “O Sol Brilha Feliz”; a Carolina Ramos leu o poema de Ricardo Reis “Segue o teu Destino”; a Joana Nunes disse o poema ortoni-

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Destaques CHÁ COM LETRAS(CONT.)

mo “Nao Sei Quantas Almas Tenho”; finalmente, atraves de um vídeo gravado, a Catarina Ramos leu o poema “Tabacaria” do heteronimo Alvaro de Campos. A formanda Ines Alvim leu o poema de Jose Craveirinha “Quero Ser Tambor”. A continuar o clima poetico, o aluno Miguel Pereira leu dois poemas de sua autoria, um sobre a imaginaçao e outro sobre a poesia. A coordenadora Leonor Gonçalves leu o poema “A Vida Triunfa em Casa”, de Jose Jorge Letria, escrito no contexto da pandemia e do confinamento. A tecnica Patrícia Inocencio fez-nos sentir a esperança com a leitura do poema “Uma Pequenina Luz”, de Jorge de Sena, enquanto a tecnica Fatima Brinca nos brindou com o poema “Aproveita o Dia” (Carpe Diem), de Walt Whitman, que marcou presença no filme O Clube dos Poetas Mortos. Ary dos Santos e Luísa Ducla Soares foram as escolhas da professora Rosalia Correia, com os poemas, respetivamente, “Retrato do Heroi” e “Quem es Tu?”. A terminar a sessao, a professora Esperança Calado salientou a magia destes encontros, que,

apesar de serem virtuais, continuam a enriquecer os seus participantes com as suas partilhas e escolhas. Professora Ana Baía

Margarida Pereira, 11º D

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Destaques E@D Proteger a vida marinha, faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentavel, onde se pretende ate o ano de 2030, cumprir 17 objetivos para transformar o Mundo em que vivemos. Durante o período de E@D, os Jardins de Infancia do Agrupamento de Grandola, uniram-se e escolheram este tema para a sua semana tematica.

Com todos os trabalhos aqui apresentados podemos dizer que o objetivo foi cumprido e que as nossas crianças cada vez estao mais sensibilizadas para Melhorar o nosso Planeta.

Projeto Heróis da Fruta. O Jardim de Infancia e turma do 1º e 2º Anos do Centro Escolar de Melides participaram no Projeto Heróis da Fruta. Consumir diariamente fruta e produtos hortícolas e um dos comportamentos mais importantes de uma alimentaçao saudavel. Deste modo o nosso Jardim de Infancia foi selecionado no sorteio do Premio Final da 10º ediçao do projeto Herois da Fruta.

No dia 29 de abril tivemos a visita da mascote dos Herois da Fruta ao nosso Centro Escolar, com pequenas animaçoes e um saudavel presente.

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Grand´arte……

10.ºC 11.ºD 12


Grand´arte “ Grandes pintores, pequenos artistas” Jardim de Infância nº2 de Grândola

JI nº2 de Grândola

Jardim de Infância nº1 de Grândola Sala Amarela

Pintura realizada pelas crianças dos Jardim de Infância nº1 e nº2 de Grândola, no ambito das atividades comemorativas do 25 de abril de 1974 – 47 anos 13


Escritas Mãe Em ti posso confiar Todos os meus segredos partilhar Por que sei que me vais sempre ajudar Tens sempre tudo para me dar

Tens sempre paciencia para me ensinar

A primavera chegou

Es sempre a pessoa com quem posso falar

A primavera chegou e chegou para nos alegrar Quem tem maus dias ja pode festejar

Vou sempre te respeitar Vou sempre te amar Vou sempre de ti gostar Contigo eu gosto de estar

Com a primavera iras aprender Nem que seja a ver as flores a crescer

Em ti eu posso sempre acreditar De ti vou sempre precisar

O arco-íris e amigo desta altura E o sol fica suspenso numa loucura

Alunos do Projeto Todos Juntos Podemos Ler

As nuvens gostam de o tapar e o vento vem festejar. A chuva ameaça cair. A neve despede-se e para o ano voltara a surgir Os grandes calores estao para vir as grandes tempestades tambem. Uma coisa percebi a primavera nao anda bem. E indecisa e quente ou direta e fria, Mas afinal, mesmo assim e capaz de nos trazer alegria. Patrícia Espada, 6º F

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Escritas Poíesis, a criação pela palavra Como se faz um poema? O que e a poesia? Sao as rimas? Os versos? Ou as emoçoes? Talvez os pensamentos... Tudo isso e mais um estado de alma. Ha textos perfeitos, com metrica certinha, Acentos no sítio devido, metaforas e Outras figuras cheias de estilo, mas... Nao sao Poesia... Poesia e construçao, e intençao, Poesia e emoçao, a emoçao de, Palavra a palavra, ir elevando O edifício do pensar e do sentir Ate um patamar acima do Olimpo. Poesia e a beleza de parir o que, Em dor ou prazer, foi crescendo, Ca dentro. E por isso que “o Poeta e um fingidor”:

Poema sobre o Dia do Pensamento No dia do pensamento, Vou ter que pensar Para fazer este poema Que vou ter que apresentar. Ler para me inspirar, Escrever para me lembrar Que hoje e dia do pensamento, Para guardar este momento. Rafael Cardim, 6º F

A poesia das palavras As palavras poesiam-se Entrelaçam-se, enternecem-se Adormecem, sorriem, comovem-se Palavras singelas estremecem Palavras suaves acariciam Palavras fortes dominam. A poesia e expressiva! Comparaçoes que equilibram, Metaforas que sonham, Hiperboles que exageram, Anaforas que idealizam.

O poema nao e o sentimento, A poesia enumera! Palavras – verbos, adjetivos, nomes… Emoçoes – alegria, tristeza, animo… Pensamentos – ansiosos, otimistas, concretos.

Nem o pensamento, O Poema e a escultura

que nasceu do barro amassado das ideias e das almas inquietas, apresentada ao leitor,

A poesia personifica em cada sonho uma viagem.

para ele sentir

A poesia e livre e solta as palavras sem rumo.

o que o Poeta imaginou.

A poesia tem intençao! Rima ou nao! Sejamos poetas e façamos com as palavras A poesia que nos vai no coraçao!

Ana Baía

E. C.

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Escritas... ON Os alunos escreveram textos criativos a partir de desafios propostos: Desafio:

O meu superpoder Era um dia de inverno, quando, por puro tedio, decidi arrombar a porta de uma casa

abondonada, que se localizava na area deserta da minha aldeia. Com muito medo, arrombei a porta da casa. Essa casa tinha apenas res-do-chao, ou era o que eu pensava ate encontrar uma porta quadrangular no teto, que depois de aberta, deu-me a oportunidade de ir ao sotao. O sotao tinha paredes cinza, estava com as paredes degradadas e tinha muito bolor. Tinha o teto baixo, o que me fez sentir muito desconfortavel, pois eu tinha de andar ajoelhado para prosseguir caminho. Era comprido, quando cheguei ao extremo oposto, ja nao tinha joelheiras e tinha os joelhos feridos. Ao fundo da divisao, encontrei uma caixa rosa choque, que, no meio de tanto cinzento, despertou muita curiosidade e, sem pensar, abri a caixa. Dentro da caixa apenas tinha uma maça. Eu achei muito estranho, porque a maça estava fresca e bem vermelha, quase como se tivesse sido tirada da macieira ha muito pouco tempo. Ocorreram-me varias explicaçoes para este facto, mas nenhuma me parecia plausível. A unica explicaçao possível era que a maça nao era verdadeira,… entao eu provei-a. “Nao e possível!”, foi o que eu disse, esfregando os olhos com afinco. No entanto, era verdade o que eu via… Eu tinha ficado com um superpoder, que eu nunca tinha imaginado. Eu agora conseguia mover as minhas maos a uma velocidade incrível, entao decidi por este poder em pratica,

participando na semana da leitura, fazendo um texto incrível, escrito pelas minhas maos, incrivelmente velozes, e com as minhas ideias que ha tanto suprimia. Todos os que leram este texto choraram. O meu livro foi muito elogiado e considerado o melhor do mundo. Tudo isto aconteceu na semana passada, agora estou a descansar, porque usar este poder e muito cansativo, mas quando me recuperar, irei escrever mais, ate la, os meus admiradores so podem esperar. Rodrigo Teixeira 9ºA

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Escritas... ON

Numa tarde chuvosa o inverno estava a terminar, a primavera estava a começar e para terminar o inverno veio uma forte tempestade. Tinha planeado fazer uma caminhada na serra, mas tive de a cancelar, porque a chuva estava muito forte e o vento tambem. Fiquei bastante aborrecida, ja tinha planeado tudo, entao corri o meu quarto todo a procura de uma salvaçao. Ate que achei o meu livro de receitas,

mas, desta vez, por baixo do livro tinha um caderno velho que nao conhecia e mesmo que a curiosidade “mate o gato”, eu vou estar sempre curiosa. Entao, com gestos cuidadosos, retirei aquele “calhamaço”, era um caderno muito pesado e estava velhíssimo! A parte frontal dizia “Receitas Magicas”, achei muito normal todo o cozinheiro faz receitas que se orgulha ou nao, devia ser um, ou uma, grande cozinheira. Mas nao se tratava de nada disso, era mesmo um caderno especial. Quando o abri estava todo branco, entao desci as escadas e pousei o caderno em cima da bancada da cozinha e ele, sozinho, abriu-se automaticamente na pagina 10 e la estava uma foto da minha cozinha. Eu ignorei… podia ter sido a minha mae, ela costumava colocar fotos em tudo. Eu nunca conheci a minha avo materna, mas pelas fotos?!... Nem posso reclamar, ja a vi tantas vezes, que nem me recordo de todas elas! Entao, ia buscar o meu livro de receitas de novo, quando o caderno se abriu na pagina 11 e la estava outra foto da cozinha, so que, desta vez, a minha avo estava na fotografia, mas ela ja morreu ha cerca de trinta anos e ela estava jovem. Seria o seu antigo caderno de receitas? Entao o caderno abriu-se na pagina 8 e la estava uma receita que ate tinha uma ilustraçao de como era uma delícia aquela receita, o seu aspeto ja me estava a deixar com agua na boca. Comecei a fazer a receita que levava: farinha, fermento, leite, 2 ovos, açucar, sal e uma lagrima de gato. Sim, isso mesmo! Uma lagrima de gato… Eu fiei-me naquela receita, ate por-

que so o seu aspeto me hipnotizou. Fui a casa da vizinha e aproveitei que o gato dela estava a dormir e la tirei a lagrima para dentro de uma tigela. Cheguei a casa, coloquei a lagrima e misturei, quando, de repente, fiquei ana. Caí para cima da bancada e a bancada estava enorme. Depois subi para o caderno e li em letras muito pequeninas “Poçao de inverno” e em baixo tinha uma explicaçao acerca do nome: “Chama-se poçao de inverno, porque o efeito so passa no inverno e quando estiver um dia nublado. Se for em meados de inverno/primavera, a pessoa tera de esperar que chegue novamente o proximo inverno”. Patrícia Espada 6.º F 17


Banda desenhada

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Leituras: Apreciação Crítica O Triunfo dos Porcos, George Orwell O Triunfo dos Porcos, de George Orwell, representa uma fabula política onde o autor retrata, de uma forma clara e objetiva, a historia de uma revoluçao entre os animais de uma quinta e o modo como o idealismo foi traído pelo poder, pela corrupçao e pela mentira. Atraves de um querer de possuir liberdade, igualdade e justiça, a “Quinta Manor”, inicialmente administrada por Sr. Jones, sofre uma revolta por parte dos animais, liderada pelos porcos. Apos a concretizaçao dessa mesma revolta, surgem entao “Os Sete Mandamentos”, regras aplicadas na quinta para que todos os animais pudessem viver em harmonia e conforme os ideais do “Animalismo”. Com o passar do tempo, e ao inves das aspiraçoes que haviam fundado, todos os animais trabalhavam mais e comiam menos comparativamente com o período de revoluçao. Todos, a exceçao dos porcos, que haviam assumido o controlo da quinta, se tornaram identicos aqueles que tanto criticavam: os humanos. Em suma, a obra representa nao so a forma como o idealismo foi alvo de uma traiçao pelo desejo de poder, pela corrupçao e pela mentira, como tambem condena o totalitarismo. Na minha opiniao, a obra representa, claramente, uma crítica social aos comportamentos gananciosos e egoístas dos seres humanos, personificados atraves dos porcos, representando a ideia de que os ideais sao facilmente traídos, devido a ambiçao do poder e desejo de autoridade perante os outros. Margarida Gonçalves, 10º E

O rapaz que venceu Salazar O rapaz que venceu Salazar e uma obra que foi escrita por Jacinto F. Matias. Esta e uma grande obra, de que eu gostei muito, em grande parte devido a esta abordar dois temas de grande relevancia para mim, que sao a liberdade e a justiça. Esta obra começa com a apresentaçao da vida de quatro amigos que, num momento de suposta fragilidade do partido do Salazar, resolvem participar nas eleiçoes formando o seu proprio partido da oposiçao, o MUD (Movimento de Uniao Democratica), que, depois de ter começado bem, acabou por ser ilegalizado. Em relaçao a este grupo de amigos, gostei muito deles por apresentarem sempre um grande espírito de amizade e companheirismo ao longo da obra, apesar de terem pontos de vista muito diferentes sobre diversos temas. Continuando o resumo, depois deste ato de confronto contra o partido vigente, alguns dos amigos deste grupo foram castigados atraves da perda de direitos, perda esta que, a meu ver, demonstra a falta de liberdade e justiça que havia no tempo do Salazar e que fez com que o Antoninho, um jovem rapaz que era amigo dos elementos deste grupo, passasse a querer obter justiça e liberdade. Se quiserem saber como e que a historia prossegue, vao ter de ler o livro. O Antoninho foi a minha personagem preferida, devido a ser um rapaz destemido que tinha coragem de expor a sua propria opiniao sincera num tempo de ditadura, sem ter medo (mas sempre com cuidado). Na minha opiniao, este livro foi muito bem escrito porque apresenta uma açao muito bem estruturada com uma linguagem simples, açao esta em que as personagens sao todas bem desenvovidas e diferentes umas das outras. Para acabar, devido a todas as críticas positivas que fiz sobre a obra e ao facto de a historia da obra ser muito interessante, aconselho a leitura deste livro. Valentin Munteanu, 10º A

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Leituras: Mulherzinhas

Casamento em Veneza

O livro Mulherzinhas e da autoria de Louisa May Alcott, e foi publicado pela editora Guerra e Paz. Foi escrito durante a Guerra Civil Americana, em 1868, e representa os valores morais como o civismo e o amor a patria no tempo de guerra. Este livro e um classico da literatura, muito interessante. Esta obra e inspirada na vida da autora e das suas irmas, e e sobre as quatro irmas, Meg, Jo, Beth e Amy March, que viviam com a sua mae, Mrs. March, e com uma empregada, a Hannah, uma vez que o seu pai tinha ido para a guerra. A historia retrata as peripecias da vida das irmas March, que vivem um dia de cada vez, mostrando que a vida nem sempre e facil e que ha momentos mais difíceis que outros, sempre superados pelo amor que as une. Nuns dias sorriem, noutros choram, mas ha um dia em que fazem um amigo para a vida toda, que as apoia sempre e que, tal como elas, nunca desiste. Confesso que a forma como elas encaram a vida me emocionou bastante, pois para elas esta sempre tudo bem, mesmo que nem sempre seja assim. As meninas sentem a falta do pai e lamentam-se muito por isso, mas entendem porque e que este nao esta presente e respeitam isso, para alem de se orgulharem. Este e um livro que recomendo muito e que acho que toda a gente deveria ler, pois ensina-nos diversas coisas ao mesmo tempo. Muitas vezes nos ficamos tristes e as vezes ate aborrecidos com os nossos pais porque nao nos compraram aquela coisa que nos queríamos muito, quando devíamos era estar a agradecer por termos pais. E, ao lermos este livro, percebemos que o que importa nao e aquilo que os nossos pais nos compram. Acima de tudo, o que importa e a família e o amor e carinho ela nos da, porque a família e tudo e nao ha, nem nunca vai haver, nada mais importante que a família.

Casamento em Veneza e uma obra de Elizabeth Adler, de romance e suspense, sobre a vida de duas primas, Preshy e Lily, que nunca se conheceram, mas que se irao unir devido ao desaparecimento de um valioso artefacto de família. A obra tem 320 paginas e 79 capítulos e foi publicada em 2009 pela editora Quinta Essencia. A historia começa com a morte de Ana Yuan, mulher de Bennett James. Segue-se o desenrolar da narrativa com Lily Song, uma das personagens principais da historia, que vive em Xangai e trabalha com a falsificaçao de artefactos valiosos com uma amiga, Mary-Lou. Esta rouba-lhe uma joia de família muito valiosa e, apos conhecer Bennett James, negocia com ele a sua venda. Depois do negocio, Benett decide viajar ate Paris com a finalidade de conhecer Precious. Quando se conhecem, Precious convence-se de que Benett esta apaixonado por ela e algum tempo depois decidem casar-se em Veneza. Mais tarde, Lily e Precious encontram-se e Lily alerta-a sobre o perigo em que se encontra, devido a Bennett nao ser quem aparenta. A historia cativa-nos desde o início devido ao misterio e açao que estao sempre presentes e a curiosidade que nos desperta ate ao final do livro acerca da identidade do assassino. A descriçao das varias cidades onde se passa o enredo e maravilhosa e faz-nos desejar viajar pelo mundo. As personagens sao muito diferentes e intrigantes, deixando sempre duvidas em relaçao aquilo que sao e quais os seus objetivos. Gostei muito das personagens Lily e Sam. A personagem Precious foi menos interessante, pois achei-a demasiado ingenua por se deixar envolver por uma paixao avassaladora, quando sabia que poderia estar em perigo. E um livro que aconselho a leitores que gostem de historias de misterio e suspense.

Matilde Furtado, 10º A

Ana Luísa Pereira, 10º D 20


Sugestões de leitura

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Passa o tempo...

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Vai acontecer...

Projeto Em Raiz´Artes promove paz, saude e prosperidade para assinalar, no

proximo dia 1 de junho, o Dia Mundial da Criança .

Fonte: Município de Grandola https://www.youtube.com/watch?v=s0phJ0ZIqf0 (14-05-2021)

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maio de 2021 | 24.ª Edição

Grand’olhar

Dossier Temático

A Minha Rua Trabalhos realizados no âmbito da disciplina de Sociologia do 12º ano.


A minha rua ... A minha rua é uma rua com historia. É um sítio pélo qual passo todos os dias. Por ménos importancia qué lhé dé no méu dia-adia, a vérdadé é qué vér a minha rua é comunicar com os méus vizinhos tém sido, ao longo dos méus 17 anos dé vida, parté da minha rotina. A minha rua situa-sé no Bairro das Amoréiras, qué fica a cérca dé 3km do céntro da vila dé Grandola. “Rua Fonté: A propria Francisco dé Paula Frayao Météllo” é o séu nomé é pérténcé a um capitao-mor dé ordénanças dé Grandola qué vivéu éntré os anos dé 1767 é 1828. As ordénanças constituíram o éscalao térritorial das forças militarés dé Portugal éntré o século XVI é o princípio do século XIX é foram priméiraménté impléméntadas por D. Manuél I. Os oficiais das ordénanças éram désignados pélas camaras municipais até 1707, ano ém qué os capitaés-morés passam a sér éscolhidos pélos govérnadorés das armas. As ordénanças acabaram por sér éxtintas no ano dé 1823, na séquéncia da criaçao da Guarda Nacional, qué dépois da implantaçao da républica déu origém a Guarda Nacional Républicana. Francisco dé Paula Frayao Météllo vivéu num édifício localizado na Rua Vaz Pontés, qué é considérado uma das mais importantés casas nobrés da vila dé Grandola. Foi uma résidéncia dé famílias da govérnança local é Francisco dé Paula déstacou-sé énquanto propriétario por tér mandado colocar na fachada do édifício o brasao qué lhé foi outorgado ém 1780. Como éu référi, a minha rua é uma rua com historia, mas com historia para mim é ém térmos da jornada qué aqui ténho passado.

O lotéaménto ém si, pélo qué mé foi dito, é récénté é nao ha muitas diférénças físicas do antés para o agora. A minha rua diféré das démais, porqué, a méu vér, acaba por sér muito mais qué uma simplés rua. O bom ambiénté é a boa rélaçao o qué tém vindo a sér construída ao longo dos anos éntré praticaménté todos os qué aqui moram nao é algo assim tao comum. No qué toca a vida ém comunidadé, a éntréajuda é a caractérística qué mais sé déstaca na minha rua. Houvé, uma véz, ém minha casa um probléma com as canalizaçoés da agua é ja éra rélativaménté tardé para récorrér a um profissional, o méu pai, com a urgéncia da situaçao, décidiu pédir ajuda a um vizinho é graças a élé o assunto résolvéu-sé. Ésté é apénas um dos inuméros éxémplos qué podéria dar. Considéro a minha rua moviméntada. Logo cédo, trocam-sé os “bons-dias” habituais dé quém sé cruza dé Fonté: A propria saída para o émprégo. A méio da manha sao as carrinhas dé vénda ambulanté as protagonistas da rua, ouvémsé as buzinas é saém as vizinhas mais idosas para comprar o pao do dia. Poé-sé na convérsa, géralménté éstao pérto da janéla do méu quarto é acordo a ouvir as novidadés qué trocam éntré si. Diria qué sao quasé como um déspértador para mim. A tardé, quando volto a casa, é hora dé ir passéar o méu cao é, énquanto ando péla rua, vou cumpriméntando os démais vizinhos: uns a chégar, outros a régar as plantas, outros, tal como éu a passéar os séus animais, outros simplésménté a convérsa. Ésté éspaço funciona ésséncialménté como dormitorio séndo qué nao sé éstabélécé 25


comércio ou qualquér outro sérviço aqui, além da vénda ambulanté qué référi. A minha rua tém um grandé significado para mim. Foi néla qué fiz as priméiras amizadés qué acrédito lévar para o résto da vida. Tinha éu 7 anos quando por um Fonté: A propria éspréitar éntré os muros conhéci duas vizinhas qué viviam a uma casa dé distancia dé mim. Ém pouco témpo tornamo-nos inséparavéis é considéro qué a minha casa ja éra délas é vicé-vérsa. As mélhorés mémorias qué guardo da minha rua sao dos dias (é noités) qué passavamos a brincar, a corrér, a andar dé bicicléta, étc. Por mais banal qué na altura parécéssé, hojé ém dia pércébo a félicidadé qué isso mé trazia. Réflétir sobré a minha rua foi algo qué nunca tinha féito, mas qué mé féz tér outra pérspétiva sobré a mésma é sobré a forma como as péssoas qué nos rodéiam tém influéncia na nossa réalidadé social. Joana de Matos Dias Nunes, 12.ºC

Nome do bairro: Bairro da Tirana Nome da Rua: Rua General Humberto Delgado (nome dado em homenagem ao militar português da Força Aérea, Humberto da Silva Delgado, que corporizou o principal movimento de tentativa de derrube do regime salazarista. Ficou popularmente conhecido como “General sem Medo”) O méu nomé é Catarina, é para falar da minha rua ténho dé falar um pouco da minha vida, pois as duas compléméntam- sé. Ha 56 anos atras nascéu o méu pai, a sua casa éra numa péquéna aldéia conhécida como “Bairro da Tirana”. Porque se chama Bairro da Tirana? Falar do Bairro da Tirana é também falar dé um morador, o sénhor Julio Palma, é da historia dé um réstauranté. A priméira propriétaria é bisavo do Sr. Julio chamava-sé Adélaidé Tirana. Naquéla época éra normal atribuírém o nomé dos propriétarios as fazéndas. Como começou o restaurante “O Cruzamento”?

A minha rua “Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.” Alberto Caeiro

O Sr. Julio Palma résolvéu aqui abrir uma tasca com a licénça qué éxistia dé uma outra qué o séu pai tinha no bairro do Isaías. Mais tardé, é por motivos dé zanga familiar, é qué o Sr. Julio foi régistar a sua Tasca na Camara Municipal dé Grandola. Apos légalizada passou a chamar-sé “Tasca Popular”. Tudo coméçou com uma tasca, ondé sé véndia pétroléo, péças ém vérga é loiças dé barro, é éxistia ainda uma adéga. Mais tardé abriu também uma mércéaria, das poucas qué éxistiam na zona. Véndia-sé um pouco dé tudo, na adéga fazia-sé o vinho é provavam-sé uns pétiscos féitos péla propriétaria,

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sérvidos numas mésas corridas qué la éxistiam. Éra aqui também qué as péssoas vinham buscar o corréio. Muitas vézés a propriétaria lia é éscrévia as cartas porqué alguns dos habitantés nao sabiam lér ném éscrévér. Éra assim qué sabiam notícias dos séus familiarés, muitos délés émigrados na França. Aqui a élétricidadé qué éxistia éra conséguida através dé um gérador qué funcionava a gasolina. Para a tasca, o Sr. Julio comprou a priméira télévisao aqui da zona. Vinham péssoas dos montés proximos é da aldéia para vérém télévisao. Os homéns gostavam dé ficar até tardé a jogar as cartas é a bébér. Quando ja ia péla noité fora, o Sr. Julio désligava o gérador é dizia qué ja nao tinha gasolina para qué os cliéntés fossém émbora. As bébidas éram colocadas déntro dé um saco dé rédé é postas no intérior dé um poço, para assim sé véndérém fréscas. Alguns anos mais tardé, é ja com mais algum dinhéiro, os propriétarios coméçaram a fazér algumas modificaçoés. No sítio ondé éxistia a adéga féz-sé uma sala é assim coméçaram a véndér mais uns pétiscos. Aprovéitaram também o éspaço éxtérior éxisténté a frénté da adéga, colocando as mésas corridas qué ja éxistiam débaixo dé umas parréiras, ondé a tardé as péssoas vindas do trabalho gostavam dé lanchar. Da tasca féz um café é aos poucos foi conséguindo mais cliéntéla. Mudou o nomé para “Café-réstauranté, O Cruzaménto” qué ainda hojé sé mantém. Acéitou, ém prol dos vizinhos, qué fossé aqui instalado o priméiro téléfoné publico déntro do séu café, ondé as péssoas das rédondézas vinham téléfonar é récébér chamadas dos séus familiarés.

Comprou também o priméiro aparélho dé médir a ténsao a qué os vizinhos récorriam quando précisavam. No café, trabalhava também a D. Cidalia, qué éra a résponsavél pélo aparélho é énsinava as péssoas mézinhas para baixar ou lévantar a ténsao artérial, é bénzia, ainda, do “golpé dé sol”. Mais tardé, com a ajuda da patroa, a D. Cidalia tornou-sé cozinhéira é invéntora dé muitos pratos ainda hojé sérvidos no réstauranté. Postériorménté, o Sr. Julio décidiu voltar a fazér obras é acréscéntou uma sala, mas mantévé as parréiras porqué as péssoas gostavam dé comér la débaixo. Passado algum témpo, modificou dé novo a sala, tirando as parréiras é ficando apénas com o poço Fonte: A própria qué éxistia na rua, fazéndo assim a sala qué ainda hojé éxisté. Foi, assim, um homém qué conséguiu dé alguma forma ajudar os vizinhos é dar moviménto a aldéia, ainda hojé conhécida como “Bairro da Tirana”. Os vizinhos quiséram homénagéa-lo é criaram uma travéssa com o séu nomé. O que torna a minha rua especial? O qué torna a minha rua diférénté das démais, é é por isso qué tém um significado muito éspécial para mim, é a libérdadé qué ésta nos da. Séndo a casa da minha infancia, sao varias as mémorias é récordaçoés qué ténho para contar é qué dificilménté mé iréi ésquécér, tais como: quando tinha pouco mais dé dois anos, abri uma porta com uma féchadura qué até os adultos tinham dificuldadé ém abrir é fui para o méio da rua. Os méus pais

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éstavam muito préocupados, até qué um vizinho mé éncontrou é lévou-mé dé volta para casa. Outras historias posso contar, a priméira acontécéu por volta dos méus 5/6 anos quando éu é o méu irmao décidimos ir viajar, dando voltas péla aldéia num carrinho élétrico qué tínhamos, sém dizér nada aos nossos pais. A ségunda quando résolvi tirar uma mélancia razoavélménté grandé do frigorífico é déixéi-a cair é, como é facilménté imaginavél, a casa ficou uma “chafurdicé”. Como éramos péquénos é nao quéríamos assumir as résponsabilidadés, éu é o méu irmao fugimos péla aldéia fingindo qué éstavamos numa sérié policial. A arte na minha rua O tipo dé arté qué a minha rua albérga é algo rustico é simplés (casas tipicaménté aléntéjanas, pintadas dé branco é com barras azuis ou amarélas). Contudo, a acumulaçao dé lixo féita, fréquéntéménté, sai da harmonia do bairro. Isto acontécé dévido ao pouco intéréssé da Camara dé Grandola para com péquénas localidadés fora do céntro da vila, ém réalizar a récolha dé lixo sémanalménté é auséncia dé varrédorés ou carros vassoura.

Funções da minha rua A rua nao é déstinada ao comércio local (éxcluindo o réstauranté), podé dizér-sé qué a sua funçao principal é a dé dormitorio, visto qué os habitantés qué néla vivém é ainda trabalham, nao o fazém na aldéia. A maior parté dos habitantés da aldéia é populaçao idosa, é por isso passa muito témpo déntro dé casa ou péla rua.

É uma rua éstréita, colorida é féita dé historias das péssoas, péssoas éssas qué também fazém parté da historia da aldéia, uma aldéia ém qué as palavras “libérdadé” é “émpatia” nao passam déspércébidas. No contéxto da comunidadé é das rélaçoés sociais, désénvolvé-sé uma ligaçao dé família. É com facilidadé qué comunicamos uns com os outros é téntamos ajudar naquilo qué podémos. Sao varios os moméntos ém qué a éssa éntréajuda é sémpré bémvinda: quando algum vizinho analfabéto précisa dé ajuda para lér uma carta ou ésta com problémas dé intérféréncia nas rédés dé comunicaçao, ou até quando précisamos dé coéntros ou salsa, ou como acontécéu quando coloquéi uma bola no nariz é tivé dé ir para as urgéncias com a minha maé, qué nao téndo mais ninguém ém casa para ficar com o méu irmao, déixou-o com os vizinhos da frénté. Ém rélaçao a atividadés conjuntas, ém datas comémorativas como o dia das bruxas, todas as crianças é jovéns do bairro juntamsé é batém dé porta ém porta péla aldéia. No dia 1 dé maio, tínhamos a tradiçao dé ir para o campo, comémorando assim o Dia do Trabalhador. Para términar, déixo aqui o antés é o dépois da minha rua, séndo a priméira foto tirada pélo méu pai é a ségunda por mim, 37 anos dépois:

Fonte: Acervo Pessoal Gostaria de agradecer à proprietária do restaurante “O Cruzamento”, Maria da Luz Palma, e às irmãs Margarida e Alzira, que contribuíram para o enriquecimento do texto com informação por mim desconhecida.

Catarina Coelho,12ºD 28


A minha rua Memórias de uma vivência Com o témpo as coisas mudam, as péssoas mudam, as atitudés mudam é surgém as tais conséquéncias. Acabéi por mé déparar com uma réalidadé complétaménté nova, um facto qué nao éstava a éspéra dé “vivénciar” é qué mudou a minha vida! Tivé dé “tomar uma posiçao” é com ésta acabéi por déixar a minha “rua”, a minha aldéia, a minha casinha é o méu éspacinho para tras. Mas fiquéi com o mélhor qué témos na vida, as mémorias. Fazéndo uma visita ao passado récordo a minha infancia tao importanté para o méu background sociologico. Désdé A propria qué mé lémbro sémpré vivi no Fonté: Fonte: A campo, num monté pérto dé uma aldéia, os Cadoços. Antigaménté ésta aldéia tinha o nomé dé “Aldéia dé Matos”, pois éra o apélido da priméira família qué sé instalou néstas térras. Éntrétanto, o nomé foi altérado, mas éu é a minha família nunca chégamos a sabér o porqué dé tér passado para Cadoços. Nunca tivé uma rua, o qué mé fazia muita confusao quando éra mais nova. Como ém todas as péquénas aldéias, dé um modo géral, quando ha varios térrénos juntos sao da mésma “família” é foram séndo divididos é hérdados dé géraçao ém géraçao. O méu caso nao éra diférénté, a nossa casinha ficava num déssés térrénos é os vizinhos éram tios ou primos, mas nunca tivé uma grandé ligaçao com élés é, por isso, nao ténho qualquér tipo dé informaçao sobré a vida dos méus antépassados (sé havia campos agrícolas ou sé trabalhavam todos juntos). Havia uma éstrada, éstréita qué sé situava éntré divérsos térrénos, com casas dé um lado é do outro. Ésta éstrada éra a qué nos

léva até a aldéia é ténho tantos moméntos é mémorias néla, désdé as caminhadas qué fazíamos, éu é a família, até ao café. Foi também néla qué apréndi a andar dé bicicléta, ém qué caí vézés sém conta. Ondé ia passéar o méu “sobrinho” ou mélhor, o caozinho do méu irmao ou simplésménté quando ia aos pinhéiros do outro lado da éstrada. A réalidadé é qué, por nunca tér tido tipo dé ligaçao com os méus vizinhos, raraménté brincava na “rua” com os poucos méninos é méninas qué la viviam também. Ficava no méu térréno. Até aos méus 8, 9 ou 10 anos adorava ir brincar na térra, plantar florés é ajudar a maé na horta. Chégava da éscola é ia para o jardim, ao lado délé tínhamos uma grandé figuéira é sémpré qué os figos ja éstavam maduros, a maé fazia docé, o MÉLHOR DOCÉ! Tinha um caozinho, chamavasé Bob é éra o méu grandé amigo é companhéiro dé brincadéiFonté: A propria ras, pois a minha irma é o méu Fonte: irmao sao bém mais vélhos qué éu é ja tinham assuntos mais importantés a tratar. Lémbro-mé qué néssa altura pénsava qué minha vida ia sér sémpré assim, qué iria todos os dias brincar na rélva é na térra, a vér os insétos é a ouvir os passarinhos. Pénsava ainda qué O meu jardim iria para sémpré cabér nas caixas dé cartao qué havia la por casa é qué com élas iria sémpré fazér carrinh0s é qué a fantasia é a criatividadé pérmanécériam sémpré nas minhas brincadéiras é qué nunca iriam déixar dé éxistir. Sémpré fui uma ménina qué gostou dé vivér no campo! Fonté: A propria

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Na minha propriédadé tínhamos um portao dé madéira por ondé éntravamos é tínhamos logo (um pouco mais a frénté) uma hortinha. Continuavamos a andar é a nossa ésquérda éncontravamos o jardim é nélé a casinha, qué por fora até podia parécér qué ném acabada éstava, mas qué por déntro éra uma auténtica casinha dé bonécas! Néssa éspécié dé caminho qué saía do portao, a diréita, situava-sé o abrigo do cao, mésmo ao lado da figuéira giganté, sim, porqué aos méus olhinhos dé ménina éra uma arvoré giganté como sé viéssé dé um filmé éncantado. Por térmos ésta “arvoré éncantada” o nomé do nosso monté éra “Hérdadé da Figuéira” é a sua historia é muito simplés. Ém brincadéira com uns amigos, os méus pais disséram qué viviam numa hérdadé é Fonté: Fonte:A pro A pria qué para a localizarém éra so éncontrar uma figuéira muito grandé. Désdé éntao ficou conhécida como a Hérdadé da Figuéira. Continuavamos a subir é tínhamos uma téntativa dé lago féita pélo méu irmao qué sémpré adorou fazér éxpériéncias, mas ném sémpré davam cérto, é também uma casinha dé passaros. Déstés também ténho uma sérié dé historias por contar. No vérao énchia-sé o tal lago é éu fingia qué élé éra uma piscina, pégava numa mésa qué la tínhamos é fazia déla um éscorréga. Ai, as horas qué éu passava naquéla brincadéira… Na “casinha dos passarinhos” como o méu pai dizia, havia la dé tudo um pouco, é o qué éu mé lémbro bém éra dé uns porquinhos da índia qué éu tinha ganho péla altura da féira é qué désdé éntao éstavam la. Passava algum témpo ali a admira-los.

Prosséguindo a nossa viagém, no final do térréno, dépois dé passarmos por uma oficina qué o méu pai tinha, éncontravamos os animais, désdé os porcos, as galinhas, as ovélhas, os patos, é muitos mais. É a Catarina péquénina, para além dé adorar plantar florés é brincar na térra, também adorava dar comida aos animais! So ficava com o coraçao apértadinho quando havia as matanças dé porco la ém casa, apésar dé fazérmos uma grandé fésta é juntarmos muitos amigos, éu nao gostava, mas éra algo qué éra féito désdé sémpré. Aquélé pédacinho dé térra éra o méu mundo é, sém disso dar conta, éra a minha fonté dé imaginaçao. Assim éra a minha casinha, a A minha casinha vista do jardim minha “rua”, o local ondé crésci. Fonte: A própria Hojé, sobram-mé éntao as saudadés… Saudadés da infancia é dé créscér com um brilho nos olh0s. Da minha casinha é da minha “rua”, qué na réalidadé pouca importancia dévé tér na vida da sociédadé, pois qué nada tém dé éspécial… A casinha éra tipicaménté aléntéjana, toda branca é com uma barra azul na parté inférior da parédé. Nao tém arté, apésar dé uma ou outra (inclusivé a minha). Mas para mim tém um grandé significado. Amor, alégria é apréndizagém. Trés palavras qué déscrévém como foi a minha infancia é o méu crésciménto. Hojé, réstam-mé as mémorias. Catarina Ramos, 12.º C.

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