Cultivar 256 - Safra de danos

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Milho

Manejo preventivo Por se tratar de um inseto-vetor, e por ser muito rápida a transmissão dos patógenos, não se aplica à cigarrinha-do-milho o conceito de nível de dano normalmente utilizado no controle de pragas. As ações contra Dalbulus maidis para o controle dos enfezamentos devem ser essencialmente preventivas, de modo a evitar a alimentação dos insetos infectantes nas plântulas de milho

A

cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis é o inseto responsável pela transmissão dos patógenos, agentes causais dos enfezamentos pálido e vermelho. Os enfezamentos são doenças que, quando ocorrem em elevada incidência, podem resultar em grandes prejuízos em lavouras comerciais e em campos de produção de sementes de milho. Embora surtos de enfezamentos no Brasil venham ocorrendo desde a década de 1990, foi a partir de 2015 que o país experimentou os maiores prejuízos com essas doenças em várias regiões, principalmente nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Esse fenômeno tem sido atribuído, em grande parte, ao fornecimento ininterrupto 14

e abundante de milho e às altas temperaturas, que representam condições favoráveis para o aumento da população do inseto-vetor e do inóculo dos patógenos.

COMPLEXO DE ENFEZAMENTO

Os enfezamentos são doenças sistêmicas do milho, causadas por micro-organismos denominados molicutes (classe Mollicutes, divisão Bactéria), que infectam o floema da planta. Existem dois tipos de enfezamento: o enfezamento-pálido, causado por um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii), e o enfezamento-vermelho,

Setembro 2020 • www.revistacultivar.com.br

causado por um fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma = MBS-fitoplasma). As plantas de milho infectadas com esses molicutes podem ser infectadas também com Maize rayado fino virus (MRFV), uma vez que esses três patógenos são transmitidos pelo mesmo inseto-vetor, a cigarrinha D. maidis. No Brasil, essa virose é denominada risca. A infecção da planta de milho pode ocorrer de forma isolada ou simultânea com um, dois ou três desses patógenos, fato que dificulta a individualização dessas doenças no campo e justifica a denominação comum utilizada por alguns técnicos: complexo de enfezamento. Essas doenças ocorrem no milho nas regiões tropicais e subtropicais das Américas, o que inclui o Brasil. Os sintomas foliares dos enfezamentos manifestam-se caracteristicamente na fase reprodutiva das plantas de milho. Para o enfezamento-pálido, os sintomas característicos e inequívocos para a identificação são estrias cloróticas esbranquiçadas que se formam nas folhas e na palha das espigas, estendendo-se da base em direção ao ápice e que podem coalescer, atingindo toda a área foliar. Entretanto, dependendo do genótipo de milho, plantas infectadas com esse patógeno podem apresentar apenas clorose seguida por avermelhamento ou seca, principalmente nas margens e na parte apical das folhas. As plantas com essa doença apresentam internódios mais curtos e espigas menores que as plantas sadias, podendo ser drástica a redução no desenvolvimento e na produção. Para o enfezamento-vermelho, os sintomas característicos são intenso avermelhamento das folhas associado à proliferação das espigas, em geral, ao longo do colmo da planta. Entretanto, plantas infectadas com esse patógeno podem apresentar apenas clorose seguida por seca, principalmente nas margens e na parte apical das folhas, e espigas pequenas. Além disso, pode ocorrer redução no comprimento dos internódios da planta com enfezamento-vermelho, em grau variável dependendo do genótipo de milho. O enfezamento-vermelho causa grande redução na produção da planta infectada; as espigas são, em geral, pequenas e formam poucos grãos. Os sintomas da risca aparecem nas folhas da plântula, cerca de duas semanas após a infecção com o


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