Cultivar 256 - Safra de danos

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Café

Dupla desafiadora A cada safra, o bicho-mineiro-do-cafeeiro e a brocado-café estabelecem uma disputa acirrada e nefasta pelo status de principal praga na cultura. A convivência e o manejo desses dois insetos exigem estratégia, racionalidade e principalmente monitoramento vigilante para embasar as decisões de controle

A

cafeicultura é patrimônio nacional por fazer parte da história e do dia a dia do povo brasileiro. O café, além do aspecto cultural, exerce papel fundamental na economia do país, maior produtor e exportador do grão. De acordo com os dados da Organização Mundial de Café, até abril de 2020 já tinham sido exportadas mais de três milhões de sacas de 60kg para inúmeros países. Para manter este imenso potencial produtivo, é essencial minimizar os fatores responsáveis por perdas na produção cafeeira, principalmente aqueles relacionados ao ataque de insetos-praga. No Brasil, o bicho-mineiro-do-cafeeiro (BMC) [Leucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae)] e a broca-do-café (BDC) [Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae disputam, safra após safra, o status de principal praga da cultura. Ambas as espécies são de difícil controle e ocasionam danos expressivos, reduzindo drasticamente a qualidade dos grãos, representando metade dos gastos fitossanitários de uma fazenda cafeeira. Em muitos países produtores, o bicho-mineiro-do-cafeeiro é a praga de maior importância, cujos danos podem reduzir até 50% da produção quando em elevados níveis de infestação. Por sua vez, os prejuízos relacionados à broca-do-café tenderam a aumentar a partir de 2012, devido ao impedimento de uso do inseticida endosulfan (organoclorado) nas lavouras. Como a BDC é uma praga que causa danos diretos aos frutos, estima-se que os prejuízos decorrentes de seu manejo ineficiente atinjam 300 milhões de dólares ao ano entre os principais países produtores. Tanto as larvas como os adultos da BDC causam danos aos frutos. As fêmeas constroem, preferencialmente, um orifício na região da coroa e depositam seus ovos em uma galeria construída no endosperma da semente. A BDC possui um comportamento endofítico, passando todo seu ciclo de vida dentro do fruto, o que dificulta o seu monitoramento e controle. O adulto do BMC é uma micromariposa que faz a postura dos ovos sobre as folhas. Após a eclosão, as lagartas iniciam a alimentação e confeccionam minas, que são responsáveis por reduzir a área fotossintética, afetando indiretamente a qualidade dos grãos.

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Setembro 2020 • www.revistacultivar.com.br


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