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Nova molécula herbicida para cana

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Coluna ANPII

Coluna ANPII

Seletivo e eficaz

Nova molécula herbicida pyroxasulfone apresenta bons resultados na cultura da cana-de-açúcar. Em associação com flumioxazin, pode ser utilizada em plantio ou soqueiras, preferencialmente em período de umidade no solo (chuvas)

Pyroxasulfone internacionalmente é uma molécula seletiva para as culturas de milho, soja e trigo, enquanto no Brasil também demonstrou seletividade às culturas de café, eucalipto e mais recentemente cana-de-açúcar. Sua indicação é para controle de plantas daninhas de folhas largas e estreitas em condições de pré-emergência, seja no período de umidade ou restrição hídrica.

No período de umidade (chuvas), por ser pouco móvel (solubilidade de 3,49ppm) e moderadamente retido aos coloides do solo (koc 223), o herbicida permanece posicionado nas camadas superficiais após sua aplicação. Por não ser fotodegradado (<10%) e volatilizado, tolera períodos de restrição hídrica. Para ambas as condições de clima, seu potencial de lixiviação (perda para camadas mais profundas do solo) é moderado porque apresenta 2,2 como índice GUS.

Ainda no período de umidade (setembro a março), o pyroxasulfone é comercializado em associação com flumioxazin, que também possui baixa solubilidade (1,79ppm) e moderada retenção no solo (koc 557), o que permite sua permanência nas camadas superficiais. No período de déficit hídrico (abril a agosto), o pyroxasulfone é comercializado em associação com amicarbazone e de uso exclusivo à cultura da cana-de-açúcar. Nesse caso, o pyroxasulfone permanece na superfície da camada arável (aproximadamente 3cm a 5cm) e o amicarbazone mais profundo (até 15cm). A mobilidade maior do amicarbazone se deve à sua alta solubilidade (4.600ppm) e à sua baixa retenção ao solo (koc 30).

Cultivar IACSP93-3046

Cultivar IACSP94-4039

Cultivar IACSP5094

MECANISMO DE AÇÃO

Nas células, na região do retículo endoplasmático há a formação dos ácidos graxos de cadeias longas (VLCFAs), que é o principal constituinte dos polímeros hidrofóbicos utilizados na formação de ceras e cutina nas plantas. Por sua vez, as ceras e a cutina formam a região da cutícula que reveste particularmente as folhas das plantas. A cutícula protege os tecidos da planta da desidratação causada pelo sol e temperatura.

No retículo endoplasmático, a formação dos VLCFAs somente é possível devido à presença das enzimas elongases, sem a qual interrompe-se a formação dos VLCFAs. O pyroxasulfone inibe justamente a produção de algumas enzimas do complexo elongases e, com isso, ocorre a interrupção em sua produção.

Por consequência, a planta suscetível ao pyroxasulfone não produz os VLCFAs e a produção de ceras e cutina é interrompida. As plantas, particularmente no estágio de plântulas (sementeira), desprovidas de cutícula, ficam expostas ao sol e à temperatura, são desidratadas e morrem. Assim, o pyroxasulfone é tido como herbicida inibidor de ácidos graxos de cadeias longas (VLCFAs). No grupo de inibidores de ácidos graxos de cadeias longas, o pyroxasulfone é o único herbicida com registro no Brasil.

PRODUTOS DISPONÍVEIS

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o pyroxasulfone é registrado como Yamato e essa família cresceu com suas associações entre flumioxazin e amicarbazone.

USO EM CANA-DE-AÇÚCAR

Na cana-de-açúcar, o uso de pyroxasulfone associado a flumioxazin (primavera e verão) ou a amicarbazone (outono e inverno) permite o controle em pré-emergência de plantas daninhas, seja no plantio ou nas soqueiras da cultura. O controle sobre as plantas daninhas foi observado para espécies como capim-colonião (Pani-

cum maximum), capim-colchão (Digitaria horizontalis e Digitaria nuda), capim-braquiária (Urochloa decumbens), capim-marmelada (Urochloa plantaginea) e cordas-de-viola (Ipomoea spp. e Merremia spp.).

Ressalta-se que todas as espécies descritas causam impactos negativos ao desenvolvimento da cultura, que pode ter a produtividade reduzida em até 85%. Tais espécies, se não controladas, infestam a cana-de-açúcar até o fechamento do canavial (aproximadamente 120 dias), período que são beneficiadas pela luz solar incidente nas entre linhas do cultivo. Após o fechamento do canavial, as espécies de Ipomoea spp e Merremia spp. ainda conseguem se estabelecer no canavial e causar impactos no seu desenvolvimento.

Como a cultura é cultivada durante todo o ano, haverá condições de plantio e soqueira em todos os meses. Com isso, há necessidade de herbicidas seletivos e capazes de tolerar a umidade nos períodos de chuva, bem como tolerar o déficit hídrico na estação seca do ano. Tal fato justifica o uso de pyroxasulfone associado a flumioxazin (primavera/verão) e amicarbazone (outono/ inverno).

CONTROLE

Na estação de primavera/verão, o uso de pyroxasulfone (200g/ha) e flumioxazin (200g/ha) na marca comercial Falcon controlou 100% da infestação de capim-braquiária (Urochloa decumbens), capim-colonião (Panicum maximum), corda-de-viola (Ipomoea grandifolia) e cipó-cabeludo (Merremia aegyptia) até aos 60 dias após o tratamento e em condição de cana-planta ciclo de 18 meses (Figura 1).

Os efeitos sobre o controle podem ser observados por até mais de 60 dias, porém, em condição de cana-planta há necessidade de fazer o nivelamento do solo entre o centro da linha e a entre linha da cultura. Como a cana-de-açúcar é plantada em sulcos com 35cm de profundidade, as entre linhas permanecem em aclive em relação às linhas. Com isso, entre 60 e 90 dias após o plantio, quando a cultura está com os perfilhos emitidos, se faz o nivelamento do solo, na prática conhecida como operação “quebra-lombo”. Por revolver o solo da entre linha para dentro das linhas, os herbicidas aplicados são revolvidos e há necessidade de nova aplicação de herbicidas. Tal modalidade de cultivo permitiu a avaliação da associação piroxasulfone + flumioxazin apenas até aos 60 dias após o plantio.

No mesmo período, o herbicida também controlou 99% da infestação de capim-braquiária (Urochloa decumbens), capim-colonião (Panicum maximum) e capim-colchão (Digitaria horizontalis) em soqueira da cana-de-açúcar até 120 dias após a aplicação. Com isso, mesmo as moléculas sendo de baixa solubilidade, sua movimentação na palha depositada sobre o solo foi possível dados aos controles observados (Figura 2).

No período seco do ano (outono e inverno), a associação pyroxasulfone (243g/ha) + amicarbazone (1.257g/ ha), marca comercial Ritmo, controlou infestações de mucuna-preta (Mucuna aterrima) e cipó-cabeludo (Merremia aegyptia), além de capim-colonião, braquiária e colchão. Como o amicarbazone possui maior solubilidade (4.600ppm), sua movimentação no solo (~15cm) abrange maior quantidade de sementes de mucuna

Tabela 1 - Bioprodutos e biofertilizante avaliados isoladamente ou em associação com fungicida, princípio ativo e dose utilizada

Marca comercial Yamato SC Yamato Kyojin

Falcon

Ritmo Ingrediente ativo pyroxasulfone pyroxasulfone pyroxasulfone flumioxazin pyroxasulfone flumioxazin pyroxasulfone amicarbazone Concentração (%) 50 85 30 20 20 20 8,1 41,9

Fonte: http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Cultura indicada amendoim, batata, café, cana-de-açúcar, cevada, citrus, eucalipto, fumo girassol, milho, pinus, soja e trigo café, cana-de-açúcar, eucalipto, milho, pinus e soja milho e soja

café, cana-de-açúcar, citrus, eucalipto, mandioca e pinus

cana-de-açúcar

Figura 1 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico

e cipó-cabeludo.

Tais espécies possuem sementes grandes e com material de reserva suficiente para manter o desenvolvimento inicial do embrião até a emergência do solo. No campo, é comum observar emergência de mucuna-preta de até 20cm e cipó-cabeludo até de 8cm de profundidade. Entretanto, à medida que as sementes entram no processo de germinação, absorvem a água e os herbicida da solução do solo. Com isso, o herbicida pré-emergente precisa estar próximo das sementes no momento que se inicia o processo de germinação. É nesse momento que o herbicida é absorvido e tem facilidade de atingir o local de ação de acordo com seu mecanismo de ação.

OBSERVAÇÕES FINAIS

No manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar, a aplicação de pyroxasulfone + flumioxazin pode ser utilizada em plantio ou soqueiras de cana-de-açúcar, preferencialmente em período de umidade no solo (chuvas). Quando utilizado em plantio, o controle sobre as plantas daninhas ocorre até ao nivelamento do solo (quebra-lombo) e quando utilizado em soqueiras o efeito sobre o controle é observado até próximo dos 120 dias após a aplicação. A associação pyroxasulfone + amicarbazone é indicada para uso em soqueiras e preferencialmente nos períodos semisseco e seco do ano (outono e inverno). Obedecido o período de aplicação, os herbicidas são seletivos e eficazes no controle das principais plantas daninhas da cultura, sendo mais uma opção de uso para o produtor. C C

Figura 2 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico

Carlos Alberto Mathias Azania e Lucas Carvalho Cirilo, Instituto Agronômico (IAC) Andréa Azania, Procultivare

Azania, Cirilo e Andréa

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