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Manejo da estrutura do solo
from Cultivar 126
Solo adentro
Como o manejo da estrutura do solo e os cuidados amplos, da superfície para baixo, nem sempre observados com a devida atenção, são vitais para a construção de altas produtividades na cultura da soja
Impulsionados pela elevação no valor da saca no mercado internacional, os produtores brasileiros estão apostando alto na cultura da soja na safra 2020-2021. As primeiras estimativas do setor apontam para um crescimento em área variando de 1,5% a 3%, algo próximo de 38,4 milhões de hectares, o que projetaria, no melhor dos cenários climáticos, uma produção de cerca de 132 milhões de toneladas.
Para quem está de “passageiro” nesta viagem é só sucesso e alegria, especialmente para aproximadamente 85% dos brasileiros (população que reside nas cidades de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio - Pnad). O cenário é o que parte da mídia televisionada apresenta: “se produz em média 58 sc/ha e com preço atual na casa de R$ 140,00/sc, há um saldo de R$ 8.120,00/ha”. Assim, um produtor que cultiva em média 250 hectares de área, tem a bagatela de pouco mais de R$ 2 milhões de faturamento em seis meses. Que sonho! É preciso acordar o “passageiro” e trazê-lo à realidade.
Para se produzir qualquer bem há custos, e no caso do campo esses custos são ainda mais desafiadores, uma vez que há uma “indústria” a céu aberto, sendo submetida a riscos e incertezas. Os riscos são mensuráveis, já as incertezas não. Estimativas preliminares de diferentes órgãos de pesquisa e extensão e de levantamentos junto a produtores que têm do campo sua profissão, vivendo no campo e do campo, apontam que o custo de se produzir soja neste cenário “maravilhoso” vai variar de R$ 3.700,00/ ha a R$ 4.170,00/ha nesta safra. E na realidade o custo é esse mesmo. Assim, dos R$ 8.120,00 de saldo é preciso descontar um montante de 51%. Há, mas restam 49%. Este cenário é o sonho de todo produtor. Na prática, a teoria é outra. A maior parte da produção já foi comercializada em contratos futuros a valores de R$ 85,00/sc a 110,00/sc (e não a R$ 140,00/sc) ou negociada em insumos que podem ou não ter composto o custo de produção supracitado. Assim, a renda bruta sai dos R$ 8.120,00/ha para, na melhor das hipóteses, R$ 6.380,00/ha, o que gera uma possibilidade de renda líquida variável entre R$ 760,00/ha e 2.200,00/ha.
Entretanto, a expectativa de produtividade e de preço pode mudar dramaticamente em menos de um mês, para baixo ou para cima. Como isso é possível? Parte desta oscilação depende de um complexo de fatores inter-relacionados ligados ao mercado internacional (problemas climáticos interferindo no plantio norte-americano e na política interna de países que estão no ranking dos maiores produtores mundiais do grão – caso da vizinha Argentina; do maior mercado consumidor de soja in natura, leia-se aqui a China; elevação no consumo de proteína vegetal para produção de proteína animal, entre outros pontos) e a oferta de água durante o desenvolvimento da cultura. É neste ponto que queremos chegar.
Internamente, sob o ponto de vista da produtividade, basta não chover (ou se ter chuvas muito abaixo da média esperada no mês) no período vegetativo e/ ou reprodutivo que a realidade vira uma mera expectativa, e a incerteza passa a atuar. Por outro lado, chuva em excesso (especialmente no período de maturação e colheita) tem o mesmo efeito. Estudos desenvolvidos por centros de pesquisa como Embrapa e universidades apontam que, para uma lavoura ter plenas condições de desenvolvimento sem comprometer seu potencial produtivo, são necessários entre 450mm e 800mm de chuva regularmente distribuídos durante seu ciclo (semeadura até matura-
ção fisiológica). Ou seja, se tomarmos por base uma cultivar de soja com um ciclo médio de 125 dias, uma necessidade média de 625mm de chuva e uma expectativa de rendimento de 3.480kg/ ha (os 58 sacos supracitados), temos que para se produzir 1kg de soja são necessários, em média, 1.868L de água. Os desavisados vão dizer: que ineficiência do “Agro”! Então, pergunto a você se, para atender a todas as suas necessidades, no maior período de demanda de água (primavera-verão), você se viraria com apenas 208ml de água por dia? Sim, pois é essa a quantidade de água que uma planta demanda, em média, por dia (consideramos uma densidade de 12 plantas/m linear, espaçamento de 50cm entre linhas). Por que de toda essa conversa? Porque essa água precisa estar disponível na “caixa d’água da casa”, caixa essa que para o produtor é o solo.
Aí, vêm algumas perguntas importantes: como está a “caixa d’água” da tua propriedade? Tens limpado com frequência ou está em parte entupida/ preenchida de sujeira? Tens conservado a mesma sem furos? Consertaste os que existiam? Tens planejado ampliar o reservatório para casos de emergências ou confias na “companhia de distribuição” – leia-se tempo? Como estão as tubulações que abastecem a caixa solo – leia-se macroporos? E as que levam água até os as demais partes das estruturas da lavoura – Leia-se micro e mesoporos? Pois bem, estamos tentando mostrar com esta analogia a importância da porosidade (infiltração, aeração, retenção e redistribuição de água), da estrutura do solo (responsável por armazenar a água infiltrada), da manutenção da cobertura vegetal e redução na mobilização de solo em superfície no momento da semeadura (responsáveis por reduzir perdas por evaporação direta e por fazer a constante manutenção de poros), e do tráfego intensivo e, por vezes, mal planejado de máquinas ou animais em pastejo (responsáveis por reduzir a capacidade de infiltração, aeração e armazenamento de água no solo).
Durante muito tempo os produtores brasileiros tiveram sua visão direcionada exclusivamente para um ponto do sistema produtivo: a fertilidade. Ela é importante? Obviamente que sim, e sobre isso não se discute. Entretanto, essa fertilidade foi e ainda é, em grande parte, trabalhada por muitos sob a questão puramente químico-mineralista, baseada na Lei do Mínimo de Liebig. Entretanto, 27 anos antes (1855), Carl Sprengel compôs toda a base teórica, e nessa a expressão máxima da produtividade de uma cultura é limitada pelo “nutriente” que se apresenta em menor quantidade para a planta. Um destes elementos vitais apontados por Sprengel é a estrutura do solo, que está diretamente relacionado com a oferta de água para o sistema radicular. Sua escassez (deficiência hídrica) ou excesso (deficiência de oxigênio) interferem negativamente no desenvolvimento da planta. Entretanto, sendo um elemento importante, ela quase não aparece como parâmetro de projeção de estimativas de potencial de rendimento dos diferentes sistemas de recomendação de fertilização, tampouco é representada na Lei do Mínimo.
Antes mesmo de iniciar a semeadura de determinada cultura, há uma definição do provável teto produtivo, baseado em fatores como sementes por metro quadrado que potencialmente tornar-se-ão plantas, teores de nutrientes do solo e ou aportados a este e tratos culturais aplicados no desenvolvimento da cultura. Com o advento do sistema plantio direto (SPD) e sua intensificação (em área e tempo de cultivo na mesma área), adaptações foram sendo incorporadas a estes fatores, especialmente no quesito fertilidade. Ajustes realizados e sumarizados em materiais como o Manual de Calagem e Adubação do Solo para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, às respostas esperadas das culturas estavam (e ainda estão) muito abaixo do teto produtivo. Os primeiros ruídos de que algo não está correto no entendimento de como funciona o SPD surgiram após estiagens médias a severas ocorridas entre 2002 e 2005 (Figura 1). Ou seja, dentre os argumentos para conversão do sistema de preparo convencional em SPD estavam a redução de perdas de solo, o aumento na infiltração de água, a melhoria na fertilidade e o aumento na produtividade. O primeiro e o segundo argumentos foram parcialmente atendidos. O terceiro, em andamento e quando associado aos primeiros, não estava (e não está) sendo capaz de entregar melhores e maiores produtividades, nosso quarto argumento, como teorizado nas bases do SPD.
Para melhorar o entendimento dos motivos desta pouca resposta produtiva até então observada frente ao aporte de nutrientes e demais tecnologias nas lavouras, dados do consumo de fertilizante no Brasil no período 1970-2015 foram correlacionados com a evolução do SPD, apontando que o uso desses acompanhou o ritmo da adoção em área do SPD (Figura 2). Trazendo a discussão para o cenário do Rio Grande do Sul e analisando-o em paralelo com estados
Fotos Michael Mazurana
Na esquerda, plantas se desenvolvendo em condições de “normalidade de distribuição de chuvas”. As duas primeiras plantas (esquerda para direita) se desenvolvendo em solo sem restrições físicas. As da direita, com restrições físicas. A imagem da direita representando o crescimento radicular da soja em condições de solo extremamente compactado
Formação de palhada em sistema plantio direto e uso de práticas mecânicas associadas para reduzir problemas de compactação adicional imposta por intensificação de cultivo do solo
Figura 1 - Evolução da área de SPD no Brasil e produtividade da soja e em algumas regiões tradicionalmente produtoras da cultura. Adaptado de FEBRAPDP e Irrigação e Conab (2020) pelo GPRSM/UFRGS Figura 2 - Evolução da área de SPD e demanda por fertilizante no Brasil (esquerda) e consumo de fertilizante nos Estados do RS, PR e MT no período de 2010 a 2017 (direita). Elaborado pelo GPRSM/UFRGS com base em dados de CONAB (2019) e IPNI (2015)
tradicionalmente “gigantes” no cenário produtivo da cultura da soja (Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso), observa-se algo, no mínimo, interessante: o Rio Grande do Sul difere dos estados do Paraná e Mato Grosso por ter tido um consumo bem maior de fertilizante, especialmente no intervalo de 2010 a 2017 (Figura 2), não está convertendo isso em grãos, pelo contrário, a produtividade no Rio Grande do Sul é a menor dentre os estados em análise (Figura 1). Tal observação é preocupante e torna-se ainda mais preocupante em anos de estiagem ou de chuvas abaixo da média. De acordo com os registros da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir da safra de 1976/77 até a safra 2019/20, o estado do Rio Grande do Sul registrou 17 frustações nas 44 safras do período, enquanto o Paraná dez e o Mato Grosso, seis. Destes dados se depreende que são muito maiores as variações climáticas a que são submetidas as lavouras de grãos do Rio Grande do Sul, em relação às demais regiões produtoras tradicionais do País. No mesmo período de tempo, o que avançamos em termos de manejo de solo para além do SPD? Quando se fala em manejo, nos referimos a tecnologias que saíram de pesquisas, trabalhos de teses e dissertações e que estão difundidas no campo. Vivenciamos uma frenética corrida por tecnologias do solo para cima (tratores, semeadoras, sistemas de posicionamento com erro na ordem de milímetros, NDVI etc.), mas e da superfície do solo para baixo? Alguns vão pontuar os sistemas integrados de produção agropecuária, sistema de rotação de culturas, etc. Vamos chegar lá na discussão sobre seu uso.
Neste cenário desafiador frente ao uso de tecnologias convergentes ao SPD, mas que não estão entregando produtividade dentro dos níveis esperados, questionamentos como os realizados anteriormente têm surgido diretamente de produtores e técnicos de campo. Neste sentido, revisando os relatórios do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), no período de 2014 a 2019, e analisando dados de trabalhos obtidos de experimentos de longa duração desenvolvidos em estações experimentais como a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Eldorado do Sul-RS, a da Embrapa Soja, em Londrina-PR, da Embrapa Trigo, em Passo Fundo-RS, entre outras, um fator em comum aparece em todos os trabalhos: manejo da água dentro das áreas de lavoura.
O termo “manejo da água dentro da lavoura”, aqui colocado, refere-se a manejar a estrutura do solo, a fim de que a água que é precipitada na forma de chuva natural ou irrigação infiltre no solo, seja armazenada e redistribuída para as culturas ao longo do seu ciclo, ou seja, a tal da “caixa d’água”. A estrutura do solo é a “menor barra” do barril de Liebig. Segundo dados do Cesb, todas as lavouras que apresentaram dados significativamente positivos em termos de produtividade e muito superiores à média nacional, operam com sistema de diversificação de culturas. Diversificação e não rotação. Dependendo da região do País, as culturas utilizadas no sistema de diversificação foram a soja, o milho, a braquiária, o trigo, a aveia preta ou branca, o azevém, o nabo forrageiro, o algodão, o sorgo, a crotalária e o capim Mombaça. Ainda, 85% das áreas acompanhadas realizam alguma intervenção mecânica por meio de escarificação; 75% das áreas apresentam saturação de bases com valores acima de 65% e utilizam calagem e gessagem a cada cinco anos ou menos, e 65% utilizam o facão ou botinha como mecanismo sulcador de fertilizante na semeadora e operando a mesma na velocidade máxima de 5km/h.
Tais observações de manejo de solo em SPD corroboram com dados de pesquisa obtidos em parcelas experimentais, apontando que nestas áreas o perfil efetivo de solo explorado pelas raízes passa por uma elevação dos teores de nutrientes, associado com fraturamento mecânico por meio de uso de mecanismos rompedores de solo como os utilizados em escarificadores e semeadoras. Associado a isso, há a ação radicular das culturas, que mantêm e organizam este espaço, aumentam a capacidade de infiltração, a retenção e a redistribuição de água. Dessa forma, esses processos atuam elevando a “menor barra” do barril. Paralelamente a estas observações, estudos voltados ao entendimento de como a estrutura do solo atua proativamente sobre a entrega de maior produtividade de diferentes culturas têm sido realizados.
Dentre os indicadores inicialmente
Figura 2 - Evolução da área de SPD e demanda por fertilizante no Brasil (esquerda) e consumo de fertilizante nos Estados do RS, PR e MT no período de 2010 a 2017 (direita). Elaborado pelo GPRSM/UFRGS com base em dados de CONAB (2019) e IPNI (2015)
utilizados estão a densidade do solo, a distribuição e o arranjo do espaço poroso, a resistência mecânica do solo à penetração, os fluxos de ar e água em nível radicular, entre outros. Na área de mecanização e relação solo-máquina, muitos estudos têm sido desenvolvidos para entendimento do processo de compactação ou de sua atenuação, como o tipo de pneus e sua pressão de inflação, desgaste das bandas de rodagem, patinagem, uso e distribuição de lastros etc. Somente a partir da última década, trabalhos voltados ao entendimento da estrutura do solo como organismo regulador de fluxos de energia e matéria e de como podemos aliar a mecanização em favor da manutenção da qualidade estrutural do solo têm surgido. Como exemplos destes esforços temos estudos da Análise Visual da Estrutura do Solo (Vess; Dress etc.), do intervalo hídrico ótimo (IHO), da modelagem matemática para prever dinâmica de crescimento radicular em solos com diferentes graus de compactação, da dinâmica na transmissão de pressões por pneumáticos, esteiras ou semiesteiras em máquinas agrícolas e por pisoteio animal.
Todos esses indicadores isolados ou associados geram valores absolutos ou relativos, alguns de difícil entendimento, aplicabilidade e visualização prática em nível de campo. Resumidos, são abordados como indicadores de qualidade física do solo. Qual é a sua colaboração efetiva (dado absoluto ou relativo) com a parte química nutricional dada pela interpretação da análise de solo? Isso ainda é um desafio que estamos galgando dentro dos centros de pesquisa. Um fato é que não teremos respostas únicas, aplicadas como “receita de bolo”, pois há diferentes níveis tecnológicos adotados nas lavouras. E quando se utiliza o termo “tecnológicos”, estamos falando não somente de disponibilidade de tecnologia, mas da capacidade de os produtores entenderem a importância de um processo no segmento produtivo e de como ou qual é seu enquadramento/necessidade neste processo.
Aplicar o que já é consolidado na pesquisa na área de manejo de solo e está adaptado à extensão é de fundamental importância. Dentre estes aspectos estão o uso de calagem regularmente não buscando apenas corrigir pH do solo, mas também para elevar níveis de cálcio e magnésio e melhorar as relações Ca/K, Ca/Mg etc.; a diversificação de culturas em uma mesma área agrícola ao longo dos anos, buscando convergir também com os anseios do produtor, que são oferta de sementes, que seja possível de mecanizar e que tenha liquidez; o uso de mecanismos rompedores de solo como sulcadores de fertilizante do tipo facão (especialmente para quem opera com sistemas de integração lavoura-pecuária) ou discos de corte de resíduos que promovem uma baixa mobilização na linha de semeadura, para solos com textura média e arenosa; direcionar o tráfego de máquinas (ainda que em uma única safra) para os mesmos locais, reduzindo compactação do solo em macroescala; uso de práticas para disciplinar o escoa-
Acima, suplementação de água via sistema de irrigação por aspersão. Abaixo, lavoura de soja com problemas de estabelecimento de estande por conta de chuvas mal distribuídas durante o ciclo mento da água remanescente na lavoura, ou seja, integrar cobertura do solo, com práticas mecânicas como terraceamento (quando possível), escarificação em faixas ou somente nos talvegues, dando tempo para que a água infiltre na lavoura; e semeadura em condições de umidade do solo na faixa de friabilidade, o que permitirá redução no consumo de diesel, melhor contato solo-semente, germinação e emergência.
Voltando à analogia do barril, o que seria um barril adequado? Seria um solo que apresentasse uma elevada resiliência ao suporte de carga por máquinas e tráfego animal (ILP), que suportasse pequenos períodos de estiagem sem comprometimento à produtividade. Para isso, precisamos dos canos (raízes) que se aprofundassem no solo até o máximo possível, levando água e reabastecendo a caixa d’água solo.
O que o produtor necessita aparenta não ser o que uma parcela significativa das pesquisas tem realizado. Isso não significa que precisamos parar com pesquisas, pelo contrário. O que isso aponta, em nosso entendimento, é que os dados produzidos precisam ser convertidos em informação aplicável, replicável e adaptável. Precisamos sair das indicações e recomendações dos primeiros 10cm de solo e passar a entender o perfil de solo que temos (ou o que queremos ter). Para manejar um solo para altas produtividades, como está na moda atualmente, precisamos entender de fisiologia, de mecanização, de fertilidade, de variações climáticas, de solo e de genética, ou seja, precisamos profissionais especialistas generalistas, o que é algo raro. C C
Michael Mazurana e Renato Levien, UFRGS
Michael Mazurana
Diferença na estrutura do solo causada pelo manejo intensivo com desatenção à atividade de máquinas e trânsito de animais