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Coluna ANPII

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Efeito produtivo

Como a coinoculação em soja pode favorecer o aumento da produtividade nas lavouras

Ainoculação da soja é uma técnica que atualmente é utilizada por 80% dos agricultores brasileiros (fonte: ANPII-Spark), levando o Brasil a líder mundial no uso do nitrogênio via biológica. Superando todas as expectativas, a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) permite que, como única fonte deste nutriente, a soja atinja produtividades acima de 5.000kg/ha.

Fruto de um continuado projeto de pesquisas que vem sendo conduzido durante mais de 50 anos, com seleção de cepas altamente eficientes, uma indústria que se renova e busca inovações, uma legislação atualizada e agricultores de cabeça aberta às novas tecnologias, o uso de inoculantes faz parte dos insumos indispensáveis para quem deseja obter elevadas produtividades.

Mas esta técnica vitoriosa ainda pode ser aperfeiçoada e mais uma vez a pesquisa se apresenta à frente, gerando conhecimentos que desaguam, no fim da linha, em ferramentas para obtenção de maior produtividade e rentabilidade para os que cultivam a soja.

O inoculante à base da bactéria Azospirillum brasilense desenvolvido inicialmente para gramíneas e lançado no mercado em 2009, obteve sucesso nas culturas do milho e do trigo, com expressivos resultados no aumento da produtividade. Mas foi verificado que este inoculante apresentava uma elevada sinergia com os tradicionais inoculantes para soja e feijão, à base de Bradyrhizobium japonicum e Rhizobium tropici, respectivamente. Através de trabalhos de pesquisa, ficou demonstrado que estas bactérias, utilizadas em conjunto (os dois inoculantes misturados na semente ou no sulco), aumentavam a produtividade de forma significativa.

As empresas de inoculante, com base nos resultados da pesquisa, se movimentaram para distribuir a nova tecnologia da coinoculação através de todo o Brasil, mostrando seus resultados em larga escala.

Mas aí foi iniciado um dos trabalhos mais emblemáticos da pesquisa brasileira: a montagem de muitos campos demonstrativos, em condições reais de lavoura, provando de forma inequívoca que a tecnologia era, em diferentes condições de solo e clima, de grande utilidade para o agricultor.

Em um trabalho conjunto da Embrapa Soja e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR PR - foram montados, em três safras consecutivas, 161 campos demonstrativos, dentro de lavouras em mais de 50 municípios do Paraná. Os campos foram acompanhados pelos extensionistas do IDR, e foi feito um giro técnico nestas localidades, onde eram reunidos agrônomos, técnicos agrícolas e agricultores para explicação da nova tecnologia.

Estes campos, chamados de Uni-

As empresas de inoculante, com base nos resultados da pesquisa, se movimentaram para distribuir a nova tecnologia da coinoculação através de todo o Brasil, mostrando seus resultados em larga escala dades de Referência – UR, foram instalados nas safras 2017-2018, 20182019 e 2019-2020. Foram avaliados o número médio de nódulos por planta e, naturalmente, a produtividade em sacas/ha.

Os resultados atingiram as expectativas que eram esperadas para a nova tecnologia. Uma das conclusões do trabalho, dos próprios autores: “Apesar de não seguirem um delineamento estatístico, os resultados foram consistentes, apresentando, na grande maioria, incrementos de nodulação e de produtividade com a coinoculação”.

Na Tabela 1 pode-se ver um resumo dos resultados nos três anos.

Tabela 1 - Resultados das 161 URs em três anos consecutivos (adaptado de Circ-Tec- 166, IDR-PR e Embrapa)

Safras Nr de URs Co inoculação Sem inoculação Diferença scs/ha Diferença % 17/18 37 72 66,4 5,6 8,4 18/19 61 56 51,7 4.3 8,3 19/20 63 68,9 64,4 4,4 6,9 Média

65,6 65,6 4,8 7,9

Desta forma, mais uma vez fica demonstrado: 1 – Que a pesquisa brasileira em FBN traz constantemente novas soluções biológicas para a agricultura. 2 – Que as empresas de inoculantes oferecem inoculantes de alta qualidade para os agricultores. 3 – Que a extensão rural vem cumprindo o seu papel de difundir as boas práticas no campo. 4 – Que o agricultor brasileiro adere muito rapidamente às novas tecnologias.

Na safra 2088/19, 15% utilizavam a coinoculação. Uma safra após, este número já saltou para 25%. C C

Solon Araujo, Consultor da ANPII

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