Cultivar Máquinas - Test Drive MF 7318 Dyna-3

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 213 • Ano XIX - Fevereiro 2021 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 05 Mundo Máquinas 08 Pulverização

Combinação de bicos e adjuvantes na aplicação de defensivos

11 Agricultura de precisão Como interpretar os dados gerados por sensores

14 Tráfego de máquinas Efeitos da compactação do solo na produtividade de soja

16 Semeadoras

Avaliação de deposição em diferentes velocidades de plantio

20 Capa

28 Tratores

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32 Irrigação

Nossa capa

Efeitos da vibração nas cabines na saúde do operador

Como realizar um projeto de pivô central enxuto e com qualidade

Charles Echer

Confira o Test Drive com o trator MF 7318 Dyna-3 da Massey Ferguson

36 Graxas e lubrificantes

Cuidados necessários na hora de utilizar e misturar graxas e lubrificantes

40 Pulverização

Auxílio da agricultura de precisão na aplicação de produtos fitossanitários

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer • Vendas Sedeli Feijó José Geraldo Caetano

• Coordenação Circulação Simone Lopes

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ Reconhecimento

A John Deere é a empresa mais admirada na indústria de máquinas agrícolas e de construção, segundo o ranking World’s Most Admired Companies, divulgado pela revista americana Fortune. A publicação destaca as companhias mais respeitadas e bem-conceituadas do mundo, levando em conta critérios como inovação, gestão de pessoas, responsabilidade social, qualidade da gestão, solidez financeira, investimentos de longo prazo, qualidade dos produtos e serviços, além da capacidade de competir globalmente. “Sempre nos orgulhamos em fazer parte de rankings tão importantes e reconhecidos como este da revista Fortune. Estar ao lado de marcas que também admiramos eleva ainda mais nossa responsabilidade com nossos clientes, funcionários e fãs. Há 184 anos a John Deere vem construindo sua história baseada nos valores de integridade, qualidade, comprometimento e inovação, mas, principalmente, segue comprometida em construir um futuro ainda mais próspero e sustentável”, diz Elisa Pimenta, gerente de Marca e Eventos Corporativos.

Pós-vendas no exterior

Com a expansão da presença no mercado internacional, a Stara aposta na contratação de profissionais nos países de atuação para auxiliar no relacionamento e comunicação com os clientes. No final de janeiro, alguns desses profissionais participaram de um treinamento técnico sobre a linha de autopropelidos, na matriz, em Não-Me-Toque (RS). Realizaram o treinamento os técnicos de Pós-Venda responsáveis pelo atendimento no Leste Europeu, nas regiões Sul e Central da Rússia, na Ucrânia, na Bielorrússia e no continente africano. O treinamento foi conduzido pelo instrutor do CTS, Elvis Aurélio, especialista em autopropelidos com foco na exportação.

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Combate de praga nos vinhedos com drones

Uma solução inovadora está ajudando a controlar uma das principais pragas que atingem os vinhedos de Mendoza, província argentina que responde pela maior área de cultivo de videiras da América Latina e é a quinta maior do mundo. Há três anos os produtores da região começaram a utilizar a solução da Isca no combate à Lobesia botrana, mariposa que ataca os cachos de uva, que pode ser aplicada por via aérea e não agride o meio ambiente. Com a aplicação aérea, foi possível cobrir grandes áreas e ter um controle efetivo. Agora, a empresa deu mais um passo na evolução tecnológica, com o uso de drones na aplicação, o que permite reduzir custos, focar em regiões específicas e cobrir diferentes áreas simultaneamente. Um drone sozinho consegue aplicar o produto em centenas de hectares por dia, enquanto o avião cobre dezenas de milhares de hectares por dia. Para comparar, uma pessoa aplica, manualmente, cerca de quatro hectares por dia. O próximo passo da empresa é levar a solução para o Chile e, mais para a frente, para a Europa, principal mercado produtor de vinhos do mundo.

Imagens diárias e escaláveis

A Basf Digital Farming GmbH, em parceria com a VanderSat, será a primeira empresa a oferecer comercialmente para os agricultores o acesso a imagens diárias e escaláveis da biomassa, sem interferência da cobertura de nuvem. As duas empresas assinaram um acordo comercial, que prevê a integração do produto Cloud-free Biomass, da VanderSat, com a solução xarvio Field Manager da Basf Digital Farming. Os agricultores terão acesso diário a imagens de alta qualidade da biomassa das plantações. O acesso mais rápido às imagens da biomassa permite o monitoramento contínuo do desenvolvimento do cultivo, levando a melhores decisões agronômicas. Com isso, a produção é otimizada, economizando tempo e dinheiro, além de promover a sustentabilidade na agricultura. O Cloud-free Biomass é resultado da estreita parceria e dos testes desenvolvidos pelas equipes xarvio e VanderSat nos últimos dois anos.


MUNDO MÁQUINAS

Nova TX 5.90 na Abertura Oficial da Colheita do Arroz

A New Holland estreou sua nova colhedora TX 5.90 na 31ª edição da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, na segunda semana de fevereiro, em Capão do Leão (RS). Em sua configuração arrozeira, a máquina derivada da linha TC, um dos ícones

do maquinário agrícola brasileiro por sua confiabilidade e eficiência, participou do Ato Simbólico de abertura da colheita. O principal diferencial da TX 5.90 para o trabalho nas culturas de arroz e demais grãos é o seu sistema de duplo rotor de separação, que permite uma

maior capacidade de processamento e, consequentemente, de colheita. “É a máquina ideal para quem busca inovação, sem deixar de ter uma colheitadeira acessível e de pouca manutenção. É perfeita para quem quer apostar em novos conceitos, mas ao mesmo tempo ter um ótimo custo-benefício”, explica o gerente de Marketing de Produto da New Holland Agriculture para a América Latina, Carlos Schimidt. A TX está disponível no mercado em dois modelos – TX 4.90, com plataforma de 25 pés, e TX 5.90, com plataforma de 30 pés –, ambos com debulha por cilindro e separação por duplo rotor.

Tratores para a agricultura familiar Os agricultores familiares da região Oeste de Santa Catarina ganharam um reforço para a colheita. No dia 10 de fevereiro, o governo do Estado entregou cinco tratores da marca LS Tractor para apoiar o desenvolvimento do meio rural nos municípios de Arabutã, Águas Frias, Ouro, Palma Sola e São José do Cedro. Os tratores reforçam o maquinário das prefeituras e serão utilizados de forma coletiva pelos agricultores, impulsionando a produção local. Eles foram comprados pela Secretaria da Agricultura e serão cedidos para os municípios. Os recursos vieram do convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no valor de R$ 431,5 mil, com contrapartida de R$ 137,4 mil da Secretaria de Estado da Agricultura.

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Embraer vende oito aviões agrícolas A divisão de aviação agrícola da Embraer encerrou o mês de janeiro com a venda de oito aviões EMB-203 Ipanema, o equivalente a um terço do total negociado durante todo o ano de 2020. O bom resultado está sendo impulsionado pelo desempenho favorável do agronegócio brasileiro e as inovações tecnológicas incorporadas na nova versão da aeronave. Com quase 1.500 unidades entregues, o Ipanema ocupa a liderança do segmento agrícola com 60% de participação no mercado nacional. O Ipanema 203, o modelo mais atual da série, conta com aprimoramentos como substituição de peças da asa por outras com nova geometria e material em aço inox mais resistente. Essa solução posterga ainda mais eventuais desgastes gerados pela condição severa natural da operação no campo e despesas com manutenção ao longo dos anos. O novo pulverizador aéreo também tem um novo design no capô do motor, com novas grades de saída de ar, garantindo maior refrigeração. A versão mais atual, o Ipanema 203, é movida a energia renovável (etanol) e foi certificada em 2015. Este modelo garante mais agilidade, eficiência, produtividade, além do menor custo operacional da categoria.

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Grupo Vamos inaugura concessionária Fendt Líder nacional na locação de caminhões, máquinas e equipamentos, o grupo Vamos adiciona ao seu portfólio de concessionárias a Fendt, marca alemã pertencente ao Grupo AGCO e que se destaca por ser uma linha premium de máquinas para o agronegócio. A localização dessa iniciativa se dá na cidade de Rio Verde (GO), referência na produção de grãos no País. Para Gustavo Couto, CEO do grupo Vamos, esse movimento reforça a crença do grupo no agronegócio brasileiro. "Estamos muito felizes em trazer para a região e para o Brasil a marca Fendt, uma marca referência em tecnologia, em agricultura de precisão, para aumentar ainda mais a eficiência e contribuir com o aumento da produtividade da agricultura brasileira", garante. Com a tecnologia como um diferencial, as máquinas Fendt são mundialmente reconhecidas por

sua engenharia de inovação, o que garante alto padrão de eficiência e produtividade. "O êxito obtido na nossa estratégia de chegada e consolidação no Brasil, além de nos deixar orgulhosos, nos habilitou a adiantar a fase de expansão da marca. Com esta inauguração em Rio Verde, seremos capazes de proporcionar o máximo da experiência Fendt aos agricultores dessa região, tão importante para o agronegócio brasileiro, por meio dos nossos produtos e serviços excepcionais”, celebra José Henrique Galli, diretor da Fendt América do Sul. A nova loja oferecerá a linha completa de tratores, colheitadeiras e plantadeiras Fendt, produtos com o que há de mais avançado em termos de tecnologia no mercado para cultivo de grãos, proporcionando a melhor performance e efetiva entrega de resultados.


Mahindra lança trator de 110cv A Mahindra lançou no início de fevereiro o seu trator 86-110 Premium, com 110cv de potência, nas versões cabinada e plataformada. Esta faixa de potência já era aguardada pelos concessionários da marca, que agora contam também com a série 6000 nacionalizada. O novo Mahindra 86-110 Premium vem com motor mecânico Perkins 110cv, quatro cilindros, com turbo intercooler, que garante alto torque e menor consumo de combustível. A transmissão é ZF com 16 velocidades à frente e 16 à ré com reversor e powershift. O sistema eletrônico tem terceiro ponto com nivelador hidráulico, inédito nesta categoria de potência, que facilita a regulagem e o acoplamento dos implementos, além de comandos de controle remoto locali-

zados também no para-lamas traseiro. O modelo cabinado também possui caixa de ferramentas blindada com itens necessários para auxiliar nas manutenções periódicas. Na oportunidade, a empresa também anunciou a nacionalização da Série 6000, que traz eixo frontal ZF, escada de acesso à cabine com novo projeto para atender às normatizações e aumentar a segurança, nova alavanca de freio de mão, novo painel com display digital centralizado, substituição dos pedais de embreagem e freios, que agora possuem proteções de borracha. Outro detalhe para atender o produtor brasileiro foi o novo sistema hidráulico, que possui braço mais longo para ampliar a quantidade de operações e implementos utilizados.

Bicos mais precisos A Jacto inicia 2021 com novidades em tecnologias de aplicação: os bicos cônicos Jacto JDC (Jacto Disco Caracol) e Jacto JAC (Jacto Alumina Cone). Com fabricação própria pela empresa, os modelos agregam ao portfólio da marca com diferenciais para o produtor, como maior precisão, excelente uniformidade de gotas e ótima cobertura no alvo. "Entendemos que o bico é responsável por grande parte nos resultados obtidos, uma vez que vai possibilitar a correta distribuição dos produtos fitossanitários no alvo. Esse controle contribui com uma cultura mais sadia e colabora no ganho para o produtor, pois uma planta saudável expressa o seu potencial genético e produz melhor. Dessa forma, podemos dizer que os bicos atuam fortemente na questão de evitar perdas e desperdícios", explica Daniel Petreli, engenheiro agrônomo e especialista em tecnologias de aplicação da Jacto. Para colaborar no processo de escolha dos bicos de pulverização, a Jacto possui, dentro do aplicativo Jacto Connect, a ferramenta Seletor de Bicos, que faz a indicação das condições que o produtor necessita pela bula do produto e a recomendação técnica do agrônomo, do melhor bico recomendado para aquela situação de aplicação. "É uma ferramenta muito útil, dados o grande portfólio existente e a importância desse componente para o manejo fitossanitário eficiente", finaliza Petreli.

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PULVERIZADORES Charles Echer

Combinação eficaz

A combinação do bico de pulverização e do adjuvante corretos garante uma aplicação mais certeira e um controle mais efetivo da traça-do-tomateiro

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plantio de tomate tem uma extraordinária relevância no Brasil, dado o consumo interno para diversas finalidades, desde in natura até produtos processados. Além disso, a produção é intensiva e requer um contingente grande de trabalhadores, quando comparado a diversas outras culturas, que implica uma atividade econômica que participa significativamente nos locais onde se insere. Contudo, no ano de 2018 pesquisadores da Embrapa Hortaliças identificaram significativa redução na produtividade devido a problemas fitossanitários, em regiões tipicamente produtoras desta olerícola. Por tratar-se de espécie hospedeira de insetos polífagos e por ser extremamente suscetível a doenças virais, o cultivo do tomate é tema frequente de pesquisas relacionadas ao manejo de insetos e de patógenos. Dentre os insetos-praga associados à cultura do tomate, a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta, Meirick - Lepidoptera: Gelechiidae) destaca-se por causar danos em praticamente toda a parte aérea da planta, resultando em prejuízos em termos de produtividade e na qualidade dos frutos, com depreciação para o comércio de tomate in natura. Logo após a identificação da traça no Brasil, ocorrida entre

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o final da década de 1970 e o início da década de 1980, houve relatos de danos severos em cultivos de tomateiro, com perda total da produção em alguns casos. Em estudo comparativo sobre a intensidade de incidência de brocas, a traça-do-tomateiro apresentou maior intensidade, quando comparada à broca pequena e à broca gigante. Para assegurar-se frente ao potencial de dano da traça, os tomaticultores se valem de um número elevado de pulverizações, o que intensifica a necessidade de aprimorar a tecnologia de aplicação para o controle deste alvo e, principalmente, de uso de boas práticas agrícolas para o manejo da tomaticultura. Visando produzir de forma viável e eficiente, a implantação do Manejo Integrado de Pragas (MIP) é imprescindível para: rastrear ocorrências prejudiciais ao cultivo antes de causarem prejuízos, atribuir responsabilidade na tomada de decisão e racionalizar o uso de recursos de maneira a não empregar desnecessariamente algum insumo ou operação, o que resulta numa atividade economicamente mais rentável ao produtor. Para tanto, é adequado realizar monitoramento do cultivo para constatar níveis de infestação e de ação, considerar a inclusão de produtos fitossanitários biológicos e de seletivos a inimigos naturais que colaboram no controle de insetos fitófagos. Realizar libe-


Fotos Cristina Abi Rached Iost

Foram realizadas avaliações semanais da ocorrência da traça-do-tomateiro

rações de inimigos naturais permite ampliar o controle de pragas na cultura do tomateiro. Inseticidas fisiológicos, como os derivados do grupo das benzoilureias e das avermectinas, apresentaram melhores condições para integrar um programa de manejo de pragas em tomateiros, pela eficiência no controle da traça. Além disso, apresentam como vantagens a utilização em dosagem menor, toxicidade mais baixa ao homem (geralmente classe IV) e menor período de carência em relação a outros inseticidas, podendo ser utilizados mais próximo à colheita.

BICOS DE PULVERIZAÇÃO E ADJUVANTES

Dentre os fatores que influenciam a deposição da calda, a ponta de pulverização adequada à cultura e ao momento da aplicação é determinante para que o controle seja realizado com sucesso, pois produz e distribui as gotas que deverão transportar os produtos da máquina até os alvos. Por outro lado, o escorrimento da calda, o ricocheteio, a deriva e a evaporação de gotas são fatores de perdas durante a aplicação, que devem ser consideradas na escolha das pontas de pulverização, na pressão de trabalho e na calibração dos pulverizadores. Para compensar perdas e manter a eficácia do tratamento, frequentemente aumentam-se as dosagens dos produtos utilizados e os volumes de aplicação,

Dentre os fatores que influenciam a deposição da calda, a ponta de pulverização adequada à cultura e ao momento da aplicação é determinante para que o controle seja realizado com sucesso

com aumento nos custos da operação. A deriva e a evaporação das gotas são fortemente afetadas pelas características físico-químicas da calda e por tipos de bicos e modelos de pontas de pulverização. Uma técnica bastante utilizada para otimizar a aplicação é a adição de adjuvantes à calda, com o propósito de melhorar as propriedades físicas da calda e fazer com que o alvo da aplicação seja atingido. Isto porque os adjuvantes podem alterar desde o tamanho, a uniformidade e o espalhamento das gotas sobre as folhas, até a absorção dos produtos. Com a finalidade de avaliar a eficiência de controle da traça-do-tomateiro, foi realizado um experimento va-

riando volumes de aplicação com pulverizadores diferentes em cultura de tomate rasteiro, com e sem adição de adjuvante à calda. O experimento foi conduzido em campo de tomaticultura com finalidade comercial, irrigada por sistema de pivô central, no município de Monte Alto (SP). Foram realizadas avaliações semanais da ocorrência da traça, contando-se o número de ovos em folhas e frutos, em todas as folhas de cinco plantas escolhidas aleatoriamente em cada parcela. Valendo-se do MIP, o experimento foi instalado em área com histórico de ocorrência da praga e com relatos de alta infestação no período do experimento. Além disso, foram feitas avaliações semanais da infes-

Figura 1 - Eficiência dos tratamentos aos oito dias após a aplicação para ovos de T. absoluta em plantas de tomate

Kuhn

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Tabela 1 - Pulverizador, modelos de pulverização e volumes de calda utilizados na aplicação de chlorfluazuron com e sem adjuvante Fotos Arquivo Pulverização Volume de calda (L ha-1) 1. Duplo leque TJ6011002 200 2. Duplo leque TJ6011002 200 3. Duplo leque TJ6011004 600 4. Duplo leque TJ6011004 600 5. Cônico vazio TX4VK 200 6. Cônico vazio TX4VK 200 7. Cônico vazio TX12VK 600 8. Cônico vazio TX12VK 600 9. Pulverizador costal motorizado 100 10. Pulverizador costal motorizado 100 11. Testemunha sem aplicação -

Cristina Abi Rached Iost

tação, até atingir o nível de 25% de ponteiros com ovos ou lagartas vivas, conforme recomendado por Gravena e Benvenga, considerada para se proceder as pulverizações, utilizando diferentes tratamentos. Foi utilizado o inseticida chlorfluazuron (50 CE) na dosagem de 800ml/ha. Foi utilizada a concentração de 1ml/10L, nos tratamentos nos quais se utilizou o adjuvante composto por polioxietileno alquil fenol éter. As aplicações foram realizadas com um pulverizador costal pressurizado com CO2, trabalhando à pressão de 60psi (4,22bar) e equipado com lança manual, e o pulverizador costal motorizado modelo PL50, marca Jacto S/A., conforme descrito na Tabela 1. Os resultados considerados mais promissores foram obtidos com a ponta TJ60 11002 com a adição do adjuvante, por proporcionar uma evolução satisfatória na eficiência de controle de ovos em um volume de aplicação econômico (200L ha-1) em relação ao TJ6011004 e ao TX12VK que proporcionaram resultados semelhantes, mas com volumes de aplicação três vezes maiores (Figura 1). Destaca-se, entretanto, que o monitoramento da praga gerou a maior economia ao tratamento fitossanitário da cultura

O experimento foi conduzido em campo de tomaticultura com finalidade comercial, irrigada por sistema de pivô central

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Produto Classe de tamanho de gotas1 chlorfluazuron 50 CE Muito Fina chlorfluazuron 50 CE + adjuvante Muito Fina chlorfluazuron 50 CE Fina chlorfluazuron 50 CE + adjuvante Fina chlorfluazuron 50 CE Muito Fina chlorfluazuron 50 CE + adjuvante Muito Fina chlorfluazuron 50 CE Muito Fina chlorfluazuron 50 CE + adjuvante Muito Fina chlorfluazuron 50 CE Muito Fina adjuvante Muito Fina Tabela 2 - Número médio de ovos de T. absoluta, em tomate rasteiro aos 13 dias após a pulverização com diferentes pontas e taxas de aplicação, sem e com adjuvante. Monte Alto, SP

Tratamentos TJ 11002 TJ 11004 TX 4VK TX 12VK Motorizado

Número médio de ovos1 Sem adjuvante Com adjuvante 3,26 a A 2,32 a B 3,15 abA 2,49 aA 3,00 abA 2,41 aA 2,05 bA 2,66 aA 2,52 abA 2,67 aA

Médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna e as médias seguidas por letras maiúsculas iguais na mesma linha não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de significância. 1

do tomate neste experimento, uma vez que, apesar do histórico de ocorrência, verificou-se que a infestação pela traça permaneceu baixa por todo o ciclo da cultura. Desta forma, foi realizada apenas uma aplicação de inseticida, com controle sendo considerado satisfatório, dada a baixa infestação observada. Um aspecto que pode ter colaborado para manter baixa a infestação pelo inseto pode ser a irrigação da área por pivô central, uma vez que este sistema de irrigação já foi relatado como item de manejo integrado de pragas da cultura do tomate, juntamente com a precipitação pluviométrica, influenciando para baixo o nível populacional da traça. Neste experimento, a maior ocorrência da traça foi registrada no período de menor ocorrência de chuvas. Como conclusão deste estudo, observa-se que devem ser considerados fatores como as condições meteorológicas da região, ressaltando-se a importância do monitoramento fitossanitário do cultivo antes de realizar qualquer pulverização. Caso seja atingido o nível de ação, a ponta de pulverização TJ60 11002, com adjuvante e com volume de aplicação de 200L/ha foi uma configuração adequada para manter baixa a infestação da tra.M ça no cultivo. Cristina Abi Rached Iost, CDA/SAA-SP Marcelo da Costa Ferreira Unesp, Jaboticabal


AGRICULTURA DE PRECISÃO

Interpretar e agir Ferramentas para determinação de Zonas de Manejo são importantes para auxiliar na tomada de decisão em relação à abordagem específica em cada talhão. No entanto, é necessário saber interpretar corretamente cada dado para garantir o melhor aproveitamento possível da tecnologia e converter em aumento de produtividade

A

gricultura cada vez mais competitiva, com custos elevados e margens apertadas, este é o cenário da agricultura moderna. Mais do que nunca, com o aumento das tecnologias disponíveis para os produtores, se faz necessário o gerenciamento das informações levantadas no campo, porém apenas as informações de qualidade geradas por pessoas qualificadas e comprometidas conseguem levar ao sucesso da lavoura. Os dados de análises sobre condutividade elétrica aparente do solo, índices de vegetação e produtividade das culturas auxiliam muito na identificação e no manejo da variabilidade espacial, direcionando amostragem de solo, acompanhamento no desenvolvimento da lavoura, identificação de problemas com nematoides, variação de textura, fertilidade, aplicações de insumos em taxa variada etc. Isso possibilita uma tomada de decisão específica para cada condição em cada zona de manejo dentro do talhão, respeitando a aptidão de

cada ambiente e impactando significativamente na rentabilidade, garantindo a sustentabilidade e a longevidade da atividade agrícola. Algumas dessas ferramentas de identificação da variabilidade espacial nos campos já são amplamente difundidas e muitas vezes utilizadas sem muito critério. Um exemplo são os índices vegetativos, em que o mais conhecido é o NDVI. Quando obtidos por sensores passivos como imagens de satélite ou drones, é necessário tomar cuidado com relação aos resultados obtidos através dessas ferramentas, pois estes têm seus valores de leituras muito influenciados por fatores climáticos no momento da leitura como sombreamento por nuvens, incidência de luminosidade ou ângulo do sol em relação ao eixo perpendicular ao solo.

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA APARENTE DO SOLO

A mensuração da condutividade

elétrica aparente do solo (CEa) teve como propósito inicial a identificação de problemas com salinidade em campos de produção em zonas áridas com sistema de cultivo irrigado ou zonas com lençol freático de baixa profundidade. Com o passar do tempo, foram descobertas outras finalidades e outras correlações para os dados gerados de condutividade elétrica. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Mato Grosso (Fundação MT), empresa de pesquisa e consultoria sediada em Rondonópolis (MT), trabalha com condutividade elétrica do solo desde 2011, inicialmente voltada à pesquisa e ao desenvolvimento de técnicas para obtenção e uso dos resultados. A partir de 2013, passou a trabalhar também em áreas comerciais e hoje tem em seu banco de dados mais de 35 mil hectares mapeados em propriedades de parceiros e seus dados sendo utilizados para otimização da produtividade e rentabilidade das culturas principalmente soja, milho e algodão.

Charles Echer

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Figura 1 - Mapa de condutividade elétrica aparente do solo na camada até 0,32m comparado com um mapa de textura de solo da camada 0-10cm

Marcos Leal

A mensuração da CEa do solo é muito influenciada por várias propriedades físico-químicas do solo, tais como: sais solúveis, mineralogia e conteúdo de argila, quantidade de água presente no solo, densidade volumétrica e matéria orgânica. A leitura da CEa pode ser feita com sensores acoplados a veículos ou tratores que percorrem a área que se quer analisar, apresentando boa capacidade operacional, aproximadamente 30 a 40 hectares por hora, porém requerendo presença de umidade no solo. Os dados resultantes da leitura de CEa têm alta correlação com os atributos físicos do solo e é uma ferramenta fundamental para ser utilizada em talhões onde existe variabilidade na textura do

Sensor de NDVI acoplado na barra do pulverizador

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solo. Através da eletricidade, o sensor de CEa consegue detectar ambientes diferentes dentro do talhão, separando-os em classes e permitindo o direcionamento da investigação. O mapa de CEa é um direcionador, por exemplo, de amostragem de solo por apresentar uma alta correlação com teores de argila e também com produtividade, bem como atributos químicos que são condicionados pela textura do solo. A Figura 1 é um mapa de condutividade elétrica ao lado de um mapa de textura, onde a coleta de solo foi realizada direcionada pelos dados de condutividade elétrica em um talhão de 135 hectares. No mapa em tons de marrom, CEa, as cores diferentes entre as regiões dos mapas indicam em tons

Figura 2 - Mapa do índice de vegetação NDRE da cultura da soja em estádio R3

mais claros valores menores de CEa, e nas tonalidades mais escuras, maiores valores de CEa. As cores do mapa de textura variam conforme a legenda. Os números de condutividade elétrica são relativos, ou seja, as amplitudes dos valores variam de acordo com o momento da avaliação, porém as diferenças permanecem diferenciando os ambientes. A quantidade de área contida em cada subdivisão de amostragem de solo é dependente da variação que existe no campo, não tendo valor fixo e sendo uma maneira muito mais racional de identificação de variabilidade dos ambientes.

ÍNDICE DE VEGETAÇÃO

Índices de vegetação são obtidos através de sensores ópticos, que são capazes de medir a quantidade de luz, de comprimentos de ondas específicos que as plantas refletem, e através de cálculos matemáticos são obtidos os índices de vegetação como NDVI, NDRE, dentre outros. Os dados de índice de vegetação obtidos nos permitem um direcionamento da investigação da lavoura enquanto a cultura ainda está no campo, subsidiando a utilização de estratégias que podem impactar diretamente na produtividade e rentabilidade da lavoura. Um exemplo de uso dos índices de vegetação, é para a cultura do algodão, que tem o ciclo mais longo em relação a soja e milho, e extremamente depen-


dente do manejo de nitrogênio e regulador de crescimento que é feito no decorrer do cultivo. Esta ferramenta é importantíssima para auxiliar na tomada de decisão quanto às determinações de doses e locais de aplicação de regulador de crescimento e nitrogênio. Para as culturas de soja e milho, estes índices de vegetação também são muito utilizados, direcionando as vistorias nas lavouras e assim auxiliando na identificação de problemas provenientes de diferenças de ambientes, ataque de pragas, doenças ou até mesmo problemas operacionais que estejam causando variabilidade nas lavouras. A Figura 2 identifica as áreas em que a soja apresenta menor desenvolvimento nas regiões com coloração mais clara e nas regiões com coloração mais escura a cultura apresenta maior desenvolvimento e vigor.

MAPAS DE PRODUTIVIDADE

Os dados de produtividade são obtidos através de sensores instalados nas colhedoras que registram a quantidade de material que chega no reservatório da máquina, sejam grãos ou plumas, e através de uma antena de GPS é possível georreferenciar os pontos onde há ou não variação da produtividade dentro do talhão. A Figura 3 destaca três mapas de produtividade de milho durante três safras consecutivas do mesmo talhão. Nota-se que a produtividade varia em relação aos anos de cultivo, sendo influenciada por manejos, datas de plantio, escolha de híbridos e diferenças climáticas entre os anos. Porém, as regiões com maiores e menores produtividades se mantêm praticamente nas mesmas posições, caracterizando as diferenças de ambientes de produção existentes neste talhão. Para se obter uma informação confiável, os dados extraídos dos monitores de colheita são trabalhados para eliminação de erros e ruídos (dados ruins). Esta etapa de processamento dos dados faz total diferença no resultado final do monitoramento de colheita, uma vez que dados mal trabalhados geram uma informação errada e toda tomada de de-

cisão dependente desses dados estará equivocada, acarretando custos desnecessários ou até mesmo decréscimo em produtividade. Tudo o que acontece na lavoura durante a safra, desde recomendação química, corretivos, tratos culturais, qualidade operacional, escolha da cultivar/híbrido, clima e inclusive histórico de anos passados, tem reflexo direto nos dados de produtividade e consequentemente na rentabilidade das lavouras. Após as informações levantadas, é possível recomendar manejos distintos para cada região do talhão, respeitando as aptidões do ambiente, otimizando resultados e maximizando lucros. A agricultura tem passado por uma fase de modernização tecnológica imensa. Os grandes gargalos são a qualificação de mão de obra, a qualidade das informações e a gestão dos dados obtidos, ou seja, como fazer com que essa quantidade de informação se reverta em ações que gerem lucro. Como dito acima, é de fundamental importância que os dados gerados por sensores, sejam eles quais forem, sejam obtidos e analisados com muito critério, além de fazer uma avaliação e analisar se aquele dado ou aquela imagem realmente condiz com a realidade da lavoura antes da tomada de decisão. Desta forma, o valor investido na tecnologia garantirá aumento de produtividade nas áreas menos produtivas e, con.M sequentemente, maior homogeneidade na lavoura. Marcus Leal, Fundação MT - Rondonópolis

Marcus Leal explica a importância de saber interpretar os dados gerados por sensores

Figura 3 - Histórico de mapas de produtividade das safras de milho 16/17, 17/18 e 18/19

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TRÁFEGO DE MÁQUINAS

Compactação x produtividade O uso adequado de máquinas agrícolas contribui para a obtenção de melhores produtividades, evita problemas de compactação e reduz o impacto em atributos físicos e químicos do solo

A

soja é uma cultura de destaque no Brasil, com uma área semeada superior a 36 milhões de hectares. O seu potencial produtivo depende do manejo correto das lavouras, em especial, dos fatores que interferem na saúde do sistema solo-planta, como o uso adequado do maquinário agrícola. O uso intensivo de máquinas em atividades de preparo do solo, semeadura, pulverização e colheita pode afetar as lavouras ao originar problemas de compactação. No campo, a compactação é reconhecida pela reduzida infiltração de água no perfil do solo, por deficiências nutricionais e por uma menor altura de plantas. Isso acontece ao se perder a proporção ideal dos poros do solo, afetando as necessidades hí-

dricas e gasosas no ambiente radicular, o que compromete a oxigenação e o crescimento das raízes. Ao reduzir a infiltração e a disponibilidade hídrica no solo, a compactação afeta o transporte do nutriente fósforo (P) desde a solução do solo até as raízes. O fósforo é um nutriente principal às plantas e sua deficiência pode afetar a fotossíntese, a respiração, o crescimento radicular e até a qualidade dos grãos, além de apresentar reduzida disponibilidade natural devido a sua fixação por partículas coloidais do solo. O uso inadequado do maquinário e consequente redução no potencial produtivo das lavouras pode ser analisado de forma espacial. Nesse sentido, o Grupo de Estudos em Agricultura de PreFendt

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Fendt

Figura 1 - Mapas elaborados a partir da interpolação por krigagem e uso do software Qgis

cisão, da Universidade Federal de Uberlândia (GeAP-UFU), buscou avaliar o impacto da compactação sobre os atributos do solo e na produtividade da soja. Para a realização do ensaio foi selecionada uma área de 25 hectares, com produção de grãos em plantio direto, sob sequeiro. Nela foi criada uma malha de 50 pontos georreferenciados (2 pontos/ha), e realizadas coletas de amostras de solo e produtividade. Com a finalidade de verificar os teores de fósforo (extrator Mehlich), a porosidade total (PT) e a textura do solo (areia, silte e argila), foram retiradas amostras compostas nos primeiros 20 cm do solo. A compactação foi avaliada com uso do penetrômetro de impacto Stolf para cálculo da resistência do solo à penetração (RP). A colheita de soja foi manual (parcelas de 4m²), seguidos de trilha mecânica, determinação do peso e umidade de grãos e cálculo da produtividade final. Na prática, a produtividade é sempre o melhor sensor para detectar as condições reais da lavoura. Na área avaliada, as boas condições de fertilidade e física do solo são refletidas na produtividade média de 75 sc/ ha, que representa 20 sacas acima da média nacional de soja. A produtividade mínima de 48 sc/ha pode ser um indicativo de locais ou regiões com limitação produtiva, enquanto que, o valor máximo de 95 sc/ha, mostra o elevado potencial produtivo da lavoura (Tabela 1). Essa variação nos dados é observada no CV%, em especial para o fósforo e a resistência à penetração (RP). Valores de RP superiores à 2 MPa são um indicativo da limitação física do solo ao crescimento radicu-

lar para a maioria das culturas. Na área foram observados valores limitantes para a RP e porosidade total (mínimo de 2,4 MPa e 30%, respectivamente), dando fortes indícios da existência de compactação. A reduzida porosidade total (PT) estaria afetando a difusão do fósforo (P) no solo e reafirmando os efeitos da compactação. A porosidade total é um indicador da saúde do solo. Valores inferiores prejudicam o espaço destinado ao intercambio gasoso e a solução do solo, explicando queda nas produtividades. Em áreas compactadas o espaço ideal de poros é reduzido e se relaciona de forma oposta com a resistência à penetração (RP), como observado no talhão avaliado. Já, o fósforo no solo seguiu uma tendência semelhante a observada para a RP, com os maiores teores de P associados a locais com maior RP e menor PT. Isto retrata a dificuldade do nutriente em ser absorvido pelas plantas e seu acúmulo no solo como visto nas análises (Tabela 1). A elaboração dos mapas de variabilidade espacial tem como vantagem a possibilidade de entender melhor essas rela-

ções (Figura 1). A partir dos mapas é possível visualizar as menores produtividades de soja distribuídas na metade inferior do talhão. Essas produtividades foram relacionadas de forma direta aos dados de porosidade total, e ambas, de maneira oposta a distribuição espacial do fósforo no solo. No talhão avaliado pode-se concluir que, a compactação teve consequências na redução da porosidade total e na absorção do P pelas plantas. O impacto final disso foi a menor produtividade de soja em mais de 30% da área. Consideração o custo operacional e o crescente potencial produtivo das lavouras de soja, a realização de práticas corretivas, como a subsolagem, são bem-vindas e tornam viável o aumento de lucros com as .M produtividades. Gabriel Camargo de Jezus, IFTM Gustavo Costa da Silva, Leôncio Campos Gouveia, Luan Martins de Souza, Natasha Cristina dos Reis e Sandro M. Carmelino Hurtado, UFU

Tabela 1 - Análise estatística para os dados de produtividade e atributos de solo (0-0,2m)

Atributo1 Soja (sacas.ha-1) Areia (g.kg-1) Argila (g.kg-1) Fósforo (mg.dm-3) RP (MPa) PT (%)

Mínimo 48 374 209 19 2,4 29,6

Máximo 95 710 413 112 5,0 58,9

Amplitude 47 336 204 92 2,6 29,3

Média 75 532 312 44 3,5 40,3

CV2 (%) 10 17 15 37 20 14

1RP: Resistência à penetração; PT: Porosidade total; 2CV%: coeficiente de variação.

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SEMEADORAS

Dentro do padrão

Avaliação em campo mostra que é possível manter um estande ideal, mesmo trabalhando em diferentes velocidades e com diferentes profundidades na semeadura de soja

A

operação de semeadura constitui uma das principais etapas do processo produtivo da soja, uma vez que se refere à implantação da cultura no campo. Para se obter uma excelente produtividade, é mais que necessário que a distribuição das sementes seja uniforme, ou melhor, tenha maior porcentagem de espaçamentos aceitáveis e também um estande de plantas adequado. A falta de uniformidade nas lavouras de soja ocasionada por falhas na distribuição das sementes nas linhas propicia maior porcentagem de espaçamentos duplos, gerando disputa por água, luz e nutrientes, fazendo com que algumas plantas sobressaiam em relação às outras, ocasionando plantas mais altas, com menor ramificação e tendência ao acamamento, e consequentemente, reduzindo a produção individual. Ain-

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da é importante ressaltar que espaços vazios ocasionados pela desuniformidade favorecem o aparecimento de plantas daninhas, que competem por nutrientes com a soja e dificultam a colheita mecanizada. Dentre todos os fatores que influenciam a qualidade da semeadura, é de suma importância destacar a velocidade de deslocamento do conjunto trator-semeadora, pois ela determina a distribuição espacial das sementes na linha e a população final de plantas. Na semeadura mecanizada, o aumento da velocidade influencia significativamente no estabelecimento de plantas no campo, fazendo com que haja um decréscimo na quantidade de espaçamentos aceitáveis e um acréscimo no número de falhas durante a semeadura. Outro fator que influencia de maneira significativa na qualidade da semeadura é a profundidade do adubo.

A aplicação do adubo em maiores profundidades no solo estimula o sistema radicular das plantas a explorar um maior volume de solo, o que garante maior absorção de nutrientes e tolerância a estresses hídricos. Por outro lado, se o adubo for aplicado próximo ou juntamente com a semente, constitui umas das principais causas da baixa eficiência do adubo, além de causar danos às sementes e às plântulas, provocando redução na população de plantas.

TESTE EM CAMPO

Com o objetivo de avaliar o desempenho agronômico da cultura da soja sob diferentes métodos de semeadura, pesquisadores do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres realizaram um experimento em campo, no qual avaliaram a melhor velocidade do conjunto


Valtra

Fotos Felipe José Barbosa Franco

trator-semeadora-adubadora e a profundidade ideal de deposição do adubo. O experimento ocorreu na Fazenda “Fazendinha”, localizada no município de Itapaci (GO), no período de outubro de 2018 a fevereiro de 2019. O solo da área experimental é do tipo Argissolo Vermelho com textura argilosa, sendo cultivado em sistema de plantio direto há oito anos. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 12 tratamentos em esquema fatorial 4x3, sendo os mesmos compostos por quatro velocidades de deslocamento do conjunto trator-semeadora-adubado-

ra (5km/h, 6km/h, 7km/h e 8km/h) e três profundidades de deposição do adubo (9cm, 15cm e 18cm), com quatro repetições. As parcelas foram de 20m de comprimento por 4,05m de largura, totalizando área de 81m2 cada. Foi utilizada uma semeadora-adubadora marca John Deere modelo 1109, de arrasto, equipada para plantio direto, com sistema dosador de sementes tipo pneumático (turbina movida pelo sistema Hi Flow), pantográfica, com nove linhas de semeadura espaçadas a 0,45m, disco de corte de 18 polegadas de diâmetro, haste sulcadora modelo CQ 71.540 para os tratamentos de 15cm e 18cm de profundidade do adubo, e disco duplo para o tratamento de 9cm de profundidade, sendo tracionada por trator da marca Valtra, modelo BM 125i, com 125cv de potência no motor, e tração 4x2 TDA (tração dianteira auxiliar). Foram utilizadas sementes de soja da variedade W 791 RR (Bayer), já utilizada pela propriedade, com densidade de semeadura de 14 sementes por metro, conforme recomendação. A dose de adubo distribuída foi de 450kg/ ha de 4-30-10 (NPK) e 30kg/ha de Br 12 (Mo 0,01% + Cu 0,8% + Mn 2% + Zn 0,7%), de acordo com as exigências e necessidade do solo e da cultura, assim como os tratos culturais (adubação de cobertura e aplicação de defensivos) realizados durante o ciclo da cultura. No momento da semeadura, foi mensurado o teor de água do solo, nas profundidades de 0,00-0,10 m e 0,100,20 m, com quatro repetições, para caracterização da área experimental, no qual obtiveram-se valores médios de 20,9% para a profundidade de 0,00-0,10 m e 20,0% para 0,10-0,20 m. Também se mediu a Resistência Mecânica do Solo à Penetração (RMSP) com penetrômetro eletrônico, em 20 pontos, obtendo-se valores médios de 1,33MPa para 0,00-0,10 m, 1,87MPa para 0,10-0,20 m, 1,74MPa para 0,20-0,30 m e 1,56MPa para 0,30-0,40 m. Foram analisadas diferentes variáveis como profundidade de semeadura, distribuição longitudinal de plan-

Conjunto trator-semeadora-adubadora utilizado na implantação do experimento

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Tabela 1 - Análise de variância e teste de médias para Profundidade de semeadura, Espaçamento aceitável, Espaçamento duplo, Espaçamento falho e Produtividade

Fatores Velocidade (V) 5 km h-1 6 km h-1 7 km h-1 8 km h-1 Profundidade (P) 9 cm 15 cm 18 cm Teste de F V P VxP CV (%)

Prof. (cm)

Espaç. aceitável (%)

Espaç. duplo (%)

Espaç. falho (%)

Produtividade (kg ha-1)

4,56 b 5,00 a 4,61 b 4,50 b

54,88 a 55,81 a 53,17 a 50,62 a

22,47 a 21,94 a 22,94 a 22,17 a

22,64 b 22,24 b 23,88 b 27,19 a

4921,45 a 4784,28 a 4837,52 a 4780,20 a

4,23 b 4,51 b 5,00 a

56,37 a 53,80 a 50,68 b

21,34 a 22,40 a 23,39 a

22,28 b 23,79 b 25,91 a

4781,93 a 4903,60 a 4807,06 a

2,732* 18,000* 0,511ns 11,16

2,358ns 4,904* 0,567ns 9,59

0,213ns 1,625ns 1,644ns 14,41

5,008* 4,393* 1,160ns 14,50

1,396ns 1,774ns 2,081ns 3,99

*: Significativo, pelo teste F, a 5% de probabilidade. ns: Não significativo. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste F, a 5% de probabilidade. CV (%): coeficiente de variação.

tas e produtividade de grão se soja. A profundidade de semeadura foi avaliada com auxílio de um canivete, no qual se cavou o solo até encontrar a semente e em seguida, com o uso de paquímetro, mediu-se do nível do solo até a semente encontrada no sulco, em cinco sementes de duas linhas centrais de 3m cada; A distribuição longitudinal de plantas foi determinada após a estabilização da emergência, medindo-se com trena a distância entre as plântulas de soja existentes numa faixa de 3m, nas duas linhas centrais de cada parcela, classificando em espaçamentos aceitáveis, falhos e duplos de acordo com Kurachi et al. (1989); A produtividade de grãos de soja foi colhida em três metros das duas linhas centrais de cada parcela, que foram colhidas e trilhadas manualmente, sendo corrigida para umidade de 13% em base úmida. Os dados foram tabulados e submetidos à análise de variância (Anova), pelo teste F, a 5% de probabilidade, e quando este foi significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. As análises foram realizadas com o auxílio do programa computacional Sisvar 4.3.

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DESEMPENHO AGRONÔMICO DA CULTURA

Na Tabela 1 observa-se que as diferentes velocidades de semeadura influenciaram na profundidade das sementes, sendo que as velocidades de 5km/h, 7km/h e 8km/h foram iguais, diferenciando-se de 6km/h, que proporcionou maior profundidade de semeadura (5cm). Para a haste sulcadora, quando esta trabalhou a 18cm,

Estande de plantas da área experimental

proporcionou maior profundidade nas sementes (5cm), fato este que ocorre em função dos discos sulcadores de sementes atuarem sobre o sulco mais profundo realizado pela haste, com maior volume de solo mobilizado e menor resistência ao corte. A profundidade ideal de semeadura é entre 3cm e 5cm, o que mostra que os resultados encontrados estão dentro dos padrões ideais, independentemente das velocidades e profundidades testadas. Para espaçamento aceitável, não houve diferença estatística sobre as velocidades. Por outro lado, as profundidades do adubo influenciaram significativamente, na qual 18cm proporcionou uma menor porcentagem (50,68%). Esse fato pode ter relação com o ricocheteamento das sementes durante a distribuição no sulco, uma vez que a área mobilizada pela haste sulcadora foi maior. De maneira geral, os espaçamentos aceitáveis estão abaixo de 56% para todos os tratamentos. Para uma boa plantabilidade, é recomendável que se trabalhe com valores acima de 75%. Para espaçamento duplo, as velocidades de semeadura e profundidade de deposição do adubo não influenciaram significativamente, não havendo diferença entre os tratamentos, obtendo média geral de 22,37%. Na


Fotos Felipe José Barbosa Franco

Teste de resistência mecânica do solo à penetração com penetrômetro e medição da profundidade da haste sulcadora

variável espaçamento falho, a velocidade de 8km/h proporcionou maior porcentagem quando comparada com as demais velocidades (27,19%), evidenciando que com o aumento da velocidade de semeadura a quantidade de falhas na linha de plantio é maior, provavelmente relacionado à maior velocidade periférica do disco dosador. É possível observar que as profundidades de 9cm e 12cm proporcionaram menor porcentagem de espaçamentos falhos, enquanto a profundidade de 18cm apresentou maior porcentagem (25,91%). A variável produtividade, a qual é considerada a de maior importância, não sofreu influência das velocidades de semeadura e profundidades de deposição do adubo, obtendo média de 4.830kg/ha, ou 80,5 sc/ha, sendo considerada alta para a região da área em estudo. A soja mostrou respostas adaptativas às condições do ambiente e manejo, e mesmo com a deficiência na distribuição longitudinal (espaçamentos falhos), conseguiu compensar o que seria produzido com uma melhor plantabilidade.

Autores avaliaram a influência da velocidade e deposição do fertilizante na produção de soja

QUAL VELOCIDADE E PROFUNDIDADE IDEAL?

Para as condições do estudo, qualquer uma da das velocidades trabalhadas é ideal. O aumento da velocidade promove maior rendimento operacional (maior área trabalhada por tempo). Para a profundidade do adubo, como a área em estudo apresentou baixos valores de Resistência Mecânica do Solo à Penetração (solo não compactado), pode-se trabalhar com o disco duplo para deposição do adubo (9cm), por demandar menor força de tração e potên.M cia que a haste sulcadora. Felipe José Barbosa Franco, Ariel Muncio Compagnon, Rayan Fernandes Naves, Walter José Pereira Filho e Mateus Vieira de Jesus, Instituto Federal Goiano Campus Ceres


CAPA

MF 7318 Dyna-3 Com 180cv e motor de quatro cilindros, o MF 7318 Dyna-3 da Massey Ferguson tem como foco produtores de cana e de grãos que necessitam de uma máquina potente, mais econômica e com tecnologia embarcada

O

destino da equipe da revista Cultivar Máquinas para esta edição de fevereiro foi a cidade de Bilac, próximo a Araçatuba, no estado de São Paulo, para conhecer na prática o trator Massey Ferguson, modelo MF 7318 Dyna-3. Este modelo faz parte da série 7300, que é composta pelos modelos MF 7316 Dyna-3, de 160cv, e MF 7318 Dyna-3, de 180cv. O lançamento oficial desta nova série ocorreu no final de 2020 para toda a rede de concessionários Massey Ferguson e agora está chegando às lojas para os primeiros clientes. Estes dois modelos da série são tratores exclusivos para o mercado nacional brasileiro e são fabricados integralmente na planta de Mogi das Cruzes, em São Paulo. A empresa já está testando no campo há algum tempo estes dois modelos, encontrando valores interessantes de redução de consumo de combustível e eficiência operacional, em relação à oferta anterior. A empresa utiliza uma lógica de identificação dos modelos, onde o primeiro número, no caso o 7, identifica a série, o segundo, 3, é a geração do trator e os dois últimos algarismos são relacionados à potência do motor, no caso 18, relacionando-se a 180cv. Este trator, pela sua potência e especificação, vai ter

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Charles Echer

Aponte a câmera do seu celular e assista ao vídeo do test drive

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O MF 7318 Dyna-3 tem motor quatro cilindros de 180cv de potência

um amplo marcado na agricultura brasileira, no entanto projeta-se que os produtores de cana-de-açúcar e os médio-grandes produtores de grãos e arroz irrigado do Sul do País sejam o público-alvo mais frequente.

MOTOR

Tanto o modelo que testamos, com 180cv, como o modelo MF 7316 Dyna-3, de 160cv, utilizam motor AGCO Power de quatro cilindros, equipados com turbo com intercooler, com potência máxima obtida na rotação de 2.100rpm. O torque do motor é de 620Nm para o modelo de 160cv e de 700Nm para o modelo testado, o MF 7318 Dyna-3. Para o tratamento de gases, o sistema utilizado é o EGR interno. O sistema de injeção de combustível é acionado eletronicamente por uma central e sensores que interagem, proporcionando utilização melhor do combustível consumido. Este motor vem sendo desenvolvido há algum tempo na companhia para substituir o motor de seis cilindros, utilizado anteriormente com esta faixa de potência, para garantir uma redução no consumo horário e nos níveis de emissões poluentes, seguindo a tendência mundial de todos os fabricantes de tratores. Mesmo com este downsizing dos motores, a potência e o torque têm se mantido na mesma faixa.

TRANSMISSÃO

O sistema de transferência de potência e torque é feito com a transmissão Dyna-3 PowerShift. O arranjo do sistema é feito em três grupos, dois subgrupos ou marchas mecânicas e três marchas que podem ser acionadas em carga, ou seja, há três velocidades de deslocamento que o operador não necessita do auxílio da embreagem e imobilização do trator para a troca. Um simples toque em um botão na alavanca de marchas proporciona a elevação ou redução da velocidade de deslocamento e modificação da quantidade de torque que chega às rodas. Além disso, há a possi-

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Comandos dos sistemas hidráulicos localizados no para-lamas traseiro

bilidade de automatizar a troca. Combinando os grupos L, M e H, os subgrupos I e II com as três marchas PowerShift, pode-se chegar a 18 marchas à frente e 18 à ré. Em se tratando do modo manual, o operador escolherá o grupo e o subgrupo e fará a troca manualmente, com o auxílio dos interruptores colocados na parte superior da alavanca e identificados com sinais de (+) e (-). Mas há mais três modos de configuração. Na programação do modo Auto 1, a marcha será trocada automaticamente pela carga do motor. Neste modo o operador não configura nada e os parâmetros são colocados pelo fabricante. Uma função interessante neste modo é a kick-down, que facilita a redução de uma marcha PowerShift apenas pisando até o final no pedal do acelerador. No modo Auto 2 o usuário pode programar uma rotação máxima e mínima em que ocorrerá a troca da marcha, em função de características especiais da operação e do implemento que está sendo usado. No modo Auto N pode ser configurado de maneira que a marcha só engata ou desengata quando a rotação chegar a 1.200rpm. Este modo é aquele direcionado a atender à demanda de operações que exigem paradas constantes e por isso, ao invés de necessitar colocar a alavanca PowerShuttle em neutro sempre que quiser parar o trator, o pedal do freio é configurado para fazer esta função, isto é, acionando o pedal, automaticamente o trator para na posição neutro. No sistema e em qualquer modo é possível programar a marcha da arrancada. Tudo isso é possível porque a transmissão utiliza pacote de discos nas marchas e é o próprio fluido que nos seus caminhos aciona ou desliga uma ou outra embreagem, alterando o movimento. Também há um pacote de discos no sistema de reversão PowerShuttle, que possibilita a inversão no sentido do movimento. O fabricante, para resguardar a segurança em operação, dispôs um bloqueio para evitar a reversão em altas velocidades, permitindo a inversão do sentido apenas quando a velocidade de desloca-


Fotos Charles Echer

mento for menor que 2km/h. Dentro da faixa que vai dos 2km/h até os 29km/h há 18 marchas, onde seis são adequadas a operações que exigem baixas velocidades, até 6km/h, cinco que objetivam velocidades entre 6km/h e 10km/h, quatro que podem servir ao transporte a baixa velocidade e à pulverização, e as demais para o transporte. Nestes modelos com câmbio em carga, o pedal da embreagem somente é utilizado para ligar e colocar o trator em movimento e para as trocas de grupos e subgrupos. Mas há uma funcionalidade extra que é o sistema easy-shift, em que o acionamento do pedal da embreagem passa a ser substituído para um interruptor colocado na alavanca de regi-

me (grupos e subgrupos). Há um painel com informações da transmissão na coluna dianteira direita da cabine. Nele, o operador pode receber várias informações, como o sentido do movimento, a marcha engatada, o modo selecionado e a temperatura do óleo da transmissão, ou se estiver sendo utilizada, a rotação da TDP. Para uma imobilização segura do trator há duas medidas, colocar a alavanca PowerShuttle na posição parking e acionar o freio manual de estacionamento. Sem que o operador retire estes bloqueios o motor entra em funcionamento, mas o veículo não se desloca. A tomada de potência (TDP) é standard para duas velocidades, 540rpm e

1.000rpm. A alavanca de seleção do regime de rotação está colocada no console lateral direito e o acionamento do movimento é feito por um interruptor eletro-hidráulico ou mesmo colocado no modo automático.

POSTO DO OPERADOR

Nesta gama de potência os tratores são dotados de cabine nos dois modelos. A cabine é ampla e a visibilidade é muito boa, apenas restringida pela altura do capô dianteiro. O acesso à cabine é feito por uma escada de quatro degraus com superfície antiderrapante e com uma porta de grande amplitude e abertura. A entrada da cabine é apenas pela porta colocada no lado esquerdo e a saída de emergência é pela

O operador que eleOdeseje utilizar, para otem trajeto ou parapara as manobras O sistema hidráulico pode ser configurado com vazões de 90L/min ou 162L/minpode comfixar duas,uma três rotação-alvo ou quatro válvulas. sistema de levante capacidade 8.000kg

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Fotos Charles Echer

O modelo testado estava lastrado com pesos metálicos na frente e nas rodas traseiras, além de água nos pneus

janela traseira. O assento mecânico na versão standard tem detector de operador, que previne acionamento involuntário ou inadequado de comandos. O posicionamento do operador pode ser feito com as regulagens normais do assento, como altura e aproximação, mas também com a alteração da posição do volante, que se articula, afastando e aproximando do operador pela ação de um pedal, colocado à frente e entre os pedais de freio e embreagem. A regulagem de profundidade pode ser alterada com o auxílio de uma pequena alavanca colocada na coluna de direção. Acima da coluna da direção vemos um painel com visores, indicadores e interruptores. Há um tacômetro analógico, dois mostradores - um do volume de combustível no depósito e outro, um termômetro do líquido de arrefecimento - e um pequeno painel digital LCD. As informações deste painel digital podem ser mudadas com auxílio de um interruptor de navegação. As informações proporcionadas são o número de horas do motor ou o consumo de combustível, o tempo de trabalho em horas e a rotação da TDP. É neste painel que o ope-

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rador será avisado de eventuais falhas detectadas pela unidade central eletrônica. Além dos retrovisores externos, há um retrovisor interno e outro colocado na parte de trás, junto à janela traseira, que permite ao operador ver a posição dos braços de engate do sistema hidráulico e todos os outros pontos de engate e conexão traseiros. Na parte inferior do console lateral direito, em vez de uma alavanca do acelerador, há um interruptor que é o potenciômetro do acelerador, que permite o acionamento manual da rotação do motor, com um simples movimento de giro. Além deste sistema manual, o fabricante manteve o pedal do acelerador no lado direito. Neste mesmo painel é possível memorizar uma determinada rotação que o operador deseje voltar, ou para manobras ou retomada de trabalho, por exemplo.

Como era de se esperar nesta faixa de potência e na versão cabinada, o fabricante colocou nichos para os objetos pessoais, com porta-objetos para resguardar copos, telefone móvel etc.

SISTEMA HIDRÁULICO

Embora o tradicional sistema de alavancas do modelo Ferguson tenha sido substituído por interruptores e comandos mais modernos, as funções originais continuam disponíveis, com os mecanismos de controle de posição, profundidade, reação e velocidade de descida do implemento. Todos os controles estão colocados na parte superior do console à direita do operador. É possível configurar nove posições de trabalho, elevar e abaixar o implemento com o toque em um interruptor, realizar penetração rápida ou lenta do sistema hidráulico e, através de um interruptor, determinar a sensibilidade em que sistema trabalhará. A

A cabine ampla possui os comandos à direita do operador. Diversas alavancas foram substituídas por botões que facilitam ainda mais a operação


A Série MF 7300 foi lançada no final de 2020 e já está sendo comercializada em toda a rede de concessionários da marca

capacidade de levante de implementos no sistema hidráulico de três pontos é de 8.000kg, bastante grande para a classe de potência. Para atender aos diversos perfis de clientes, a Massey Ferguson disponibilizou versões do sistema hidráulico que podem ser analisadas no momento da compra. Na versão standard o sistema é de centro aberto com bomba de engrenagem e a vazão é de 92 litros por minuto, com duas ou três VCRs com controle de vazão, alcançando uma pressão máxima de 185bar. Na versão opcional, o sistema utilizado é de centro fechado, o que proporciona uma vazão ampliada para 162 litros por minuto, pressão máxima de 195bar, podendo ser incrementada uma válvula a mais. Como vem sendo comum nos tratores do fabricante, o sistema hidráulico e o sistema de transmissão utilizam diferentes óleos, hidráulico e lubrificante. Interessante opcional é que o fabricante oferece a possibilidade de substituir o sistema de braços inferiores do sistema hidráulico por outros de engate rápido, com um sistema onde se podem substituir as esferas por maiores e menores, dependendo do implemento utilizado.

pode ser utilizado com rodado simples e duplo, com as opções de bitola dadas pelas diferentes posições do rodado e do disco central. Com eixo passante, o ajuste da bitola fica mais fácil e com mais opções de ajuste fino. Este trator tem várias opções de

pneus. O modelo que nós testamos estava com pneus nas medidas 650/65 R 38 na traseira e 540/65 R 30, e com lastragem com 75% de água nos pneus e seis pesos em forma de disco com 40kg em cada roda, ou seja, 480kg no eixo traseiro. Na parte dianteira do tra-

Equipe de campo

E

stiveram nos acompanhando no teste, representando o concessionário Massey Ferguson Disma, os senhores Ricardo Rodrigues, gerente-geral, Celso Antonio Pitol, coordenador de Vendas, Abdias José Filho, ge-

rente de Serviços, e David Ribeiro Ferreira, coordenador, além do representante do fabricante, engenheiro Eder Dornelles Pinheiro, que é coordenador de Marketing do Produto – Tratores da AGCO América do Sul.

ESPECIFICAÇÃO

Na questão relacionada ao tipo de eixo, o cliente pode escolher entre eixo flangeado como standard ou eixo passante como opção. O eixo flangeado

Nossa equipe contou com o apoio de profissionais da fábrica e do concessionário da região

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Fotos Charles Echer

receber os itens oferecidos, sendo que o produtor pode optar pelos pacotes tecnológicos na compra ou mesmo colocar depois de utilizar o trator. Os itens à disposição são o sistema de piloto automático Trimble, da parceria com a AGCO, podendo ser o piloto automático decimétrico ou o centimétrico com rádio RTK. Também há a possibilidade de instalação do sistema de telemetria como opcional. Verifica-se o cumprimento integral das normas de segurança, como pega-mãos, reservatórios de recolhimento de fluidos, travas, mecanismos de bloqueios, etiquetas e alertas etc., como se espera de um equipamento desta categoria.

TRABALHO

O acesso à cabine ampla e de boa visibilidade é feito por escadas projetadas para garantir uma subida confortável e sem esforços

tor há duas formas de lastragem, no suporte inferior e no suporte à frente do eixo. No suporte à frente havia 14 peças de 37,5kg cada e no suporte inferior havia mais oito peças de 46kg cada, o que totalizava 893kg na parte dianteira do trator. As opções de pneus do tipo radial vêm crescendo como uma alternativa, que tem sido bem aceita nas lavouras mais tecnificadas e, principalmente, nas de cana-de-açúcar. O eixo dianteiro central é da marca ZF central com bitolas normais ajustáveis pela posição da roda e disco central, mas a possibilidade de instalação de um eixo com três metros de comprimento, utilizado na cana-de-açúcar e em operações especiais, como naquelas em que se pratica o tráfego controlado. Para a instalação do eixo de três metros, o fabricante disponibiliza os semieixos e um espaçador que vai colocado entre a caixa central e a trombeta.

TECNOLOGIA

Este modelo MF 7318 Dyna-3 é um trator preparado para uso de toda a tecnologia disponível do fabricante. De fábrica, todos os tratores da série vêm predispostos para

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O teste de campo foi realizado no município de Bilac, próximo a Araçatuba, estado de São Paulo, especificamente na Fazenda São Luiz, localidade Córrego do Feijão. A área era de reforma de cana-de-açúcar, com uma primeira gradagem. Para o trabalho havia à disposição uma área enorme e dois equipamentos, uma grade da marca Civemasa modelo SAC em V, com 28 discos, e um arado de aivecas fixo marca Ikeda, linha padrão MF L. Tivemos oportunidade de trabalhar aproximadamente duas horas contínuas com o equipamento e verificar quase todas as funções disponíveis. Trabalhamos em geral no modo manual, alternando marchas com o sistema Power Shift, verificando que para as condições do momento a melhor escolha foi do grupo M, na marcha mecânica I, e a segunda do câmbio em carga. Vimos que mesmo com um trabalho duro, o motor apresenta ótimo torque, que para nós é um dos destaques. Também foi possível verificar que a cabine atenua bastante o ruído externo provocado pelo conjunto e que a visibilidade, principalmente lateral, é bastante boa. A visibilidade à frente fica um pouco prejudica-

.M


Destaques do MF 7318 Dyna-3 Motor

No motor o destaque é para o torque e a reserva dele, que responde com bastante facilidade às exigências que submetemos o trator neste teste de campo. Embora seja um motor de quatro cilindros, o torque de 700Nm a 1.500rpm é muito satisfatório.

Transmissão

No sistema de transmissão destacamos a facilidade da troca de marchas no sistema PowerShift e a rápida resposta ao acionamento. Outros modelos que testamos demoravam algum tempo para fazer a transição. Também destacamos a facilidade em programar as mudanças das marchas de forma automática, utilizando os modos.

Reversor

O reversor PowerShuttle aplicado em vários tratores nacionais é uma grande evolução pela facilidade de operação e pela eficiência. Ao mesmo tempo em que serve como freio de estacionamento, pode fazer a inversão de sentido com esforço mínimo, de forma rápida.

Cabine

A amplitude da cabine é notável. Há muito espaço para movimentação do corpo e dos braços ao acessar os comandos colocados nos painéis e nos consoles.

Comandos

Destacamos a substituição de várias alavancas por comandos menos exigentes em esforço e com a mesma funcionalidade. O sistema de elevação de implementos em três pontos ficou muito mais confortável e menos desgastante.

da pela posição do capô, mas nada significativo. Para uma pessoa com maior dificuldade de locomoção, a solução

do primeiro degrau alinhado com o segundo degrau só permite a descida .M de frente para a escada.

José Fernando Schlosser, Laboratório de Agrotecnologia Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas - UFSM

Concessionário que nos apoiou

O

concessionário Disma atende à maior mesorregião do estado de São Paulo, que é o Noroeste Paulista. É uma região em que antigamente predominava a pecuária de corte e que se estabeleceu como grande produtora de cana-de-açúcar e café. A Disma pertence ao Grupo Shark e é um dos tradicionais concessionários da marca, com atuação de mais de 60 anos no comércio e atendimento de usuários de máquinas agrícolas.

A loja matriz fica em Araçatuba e tem outras seis lojas filiais em Adamantina, Andradina, Ourinhos, Penápolis, Presidente Prudente e Tupã. Atualmente, a empresa atende ao mercado abastecendo com tratores, implementos, máquinas de colheita, pulverizadores, equipamentos para biomassa e fenação e todos os equipamentos de alta tecnologia oferecidos pela AGCO, principalmente o piloto automático.

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TRATORES

Evolução no posto de comando Com projetos e componentes mais modernos, os tratores estão cada vez mais confortáveis e transferem cada vez menos vibrações ao operador

O

Brasil e outros 192 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) comprometeram-se a implementar a Agenda 2030, a qual estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dois deles são: “A promoção à industrialização e tecnologia” e “A garantia da saúde e bem-estar universal”. Isto posto, a industrialização e seus avanços tecnológicos precisam andar juntos ao bem-estar e à saúde, proporcionando a melhor relação homem-trabalho-máquina.

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A mecanização agrícola levou à substituição da tração animal por máquinas modernas, que aumentaram a produtividade e otimizaram o trabalho no meio rural. Nesse sentido, os tratores e os implementos são fundamentais, realizando inúmeras atividades que vão desde o preparo do solo até a colheita. Mesmo com as tecnologias de ponta incorporadas aos tratores atuais, muitos ainda apresentam nível de conforto bastante inferior quando comparados a outros veículos, como, por exemplo, os automóveis. Devido às suas características de projeto, em de-


terminadas circunstâncias, notam-se problemas de conforto e segurança para os operadores, uma vez que estes ficam expostos a níveis de insalubridade acima do permitido pelas normas de segurança do trabalho. Muitas dessas dizem respeito às propriedades de agricultura familiar, que, mesmo com menor emprego de tecnologia de ponta, são destaque no desenvolvimento agrícola do País. De acordo com a Emater/Ascar (2015), no Rio Grande do Sul, 105 mil propriedades de agricultura familiar possuem mecanização, e desse número, 125 mil são tratores com menos de 75kW de potência, ou seja, aproximadamente 1,2 trator/propriedade. A situação se agrava ainda mais pelo fato desse tipo de produção se concentrar em terrenos mais íngremes e irregulares, fator que aumenta os riscos de acidentes e as vibrações.

Dentre os fatores ergonômicos, as vibrações caracterizam-se por ser extremamente danosas ao operador, visto que nos tratores agrícolas são geradas tanto pelo próprio equipamento quanto pelo ambiente de trabalho. Operações que necessitam de mais esforço de tração, em conjunto com as condições irregulares impostas pelo solo, ampliam os níveis de vibração do trator e podem levar à fadiga do operador, fator que aumenta consideravelmente o risco de acidentes e de perdas econômicas na cadeia produtiva. Operações de gradagem, por exemplo, necessitam de grandes esforços, pois realizam processo de preparo do solo associado a situações de elevada irregularidade deste, uma vez que sua função principal é destituir torrões, nivelando o terreno. Logo, as vibrações são oscilações de um sistema mecânico em torno de um

eixo de equilíbrio, medida em ciclo por segundos (unidade hertz - Hz), e consistem na união de inúmeras ondas com direção e frequência distintas. Nos tratores agrícolas, são verificados principalmente dois tipos de vibrações: as senoidais, que são padronizadas e possíveis de se prever, e as aleatórias, que são irregulares e não é possível predizer. Já a intensidade da vibração depende da estrutura do solo, do projeto da máquina (suspensão, pneus, localizações do assento e cabine), da velocidade, do modo de operação, dentre outros fatores. Os tratores, em geral, produzem vibrações de baixa frequência, sendo essas as que mais afetam o operador, isso porque são por vezes quase imperceptíveis, e então consideradas como inexistentes por muitos usuários, podendo, a longo prazo, ocasionar problemas de saúde. Um estudo realizado pelo Conselho Nacional de Charles Echer

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Fotos Charles Echer

Sistemas utilizados no acoplamento das cabines dos tratores auxiliam na redução de vibração no posto do operador

Segurança dos Estados Unidos diagnosticou que havia no país 400 mil lesões de coluna vertebral ocasionadas pelo trabalho decorrente da exposição às vibrações de corpo inteiro. Atividades que expõem o trabalhador a níveis de vibração sem que haja proteção podem ser caracterizadas como insalubres de grau médio, permitindo com que o funcionário obtenha um adicional de 20% sobre o valor do salário mínimo. As vibrações de corpo inteiro podem resultar em danos físicos permanentes, dependendo do nível da exposição e a frequência dessa vibração. A exposição diária sem a regulamentação de horas adequada ao trabalho, levando em consideração o nível de insalubridade, ocasiona danos na região espinhal, podendo afetar os sistemas circulatório, nervoso e urológico. Os sintomas frequentes no dia a dia aparecem em forma de fadiga, insônia, dores de cabeça e tremor. Quando as exposições forem mais severas, existe séria probabilidade da ocorrência de problemas nas regiões dorsal e lombar, gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens no sistema visual, problemas nos

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discos intervertebrais e degeneração na coluna vertebral. O corpo humano é extremamente complexo, e cada parte do organismo pode tanto amortecer quanto ampliar as oscilações mecânicas. As vibrações de 1Hz são consideradas de baixa frequência e podem produzir sensações de enjoo ao operador da máquina. Vibrações entre 4Hz e 8Hz podem resultar em dores no peito, dificuldades respiratórias, dores nas costas e visão turva. Já vibrações nas mãos e nos braços na faixa de 8Hz a 1.000Hz provocam alteração na sensibilidade, diminuem a destreza das mãos e dos dedos, resultam em dormência e distúrbios dos músculos, ossos e articulações. Tendo em vista esses problemas ocasionados pelo efeito das vibrações, e algumas normas vigentes, diversas alternativas tecnológicas têm sido empregadas no projeto buscando reduzir ou eliminar seu impacto danoso sobre a saúde dos operadores de máquinas ao longo de décadas. Algumas possuem como objetivo inicial um aumento da eficiência do equipamento, mas acabam proporcionando como efeito secundário um ganho significativo na diminuição da produção das oscilações e na intensidade deste. O sistema de suspensão, como um todo, é o responsável por integrar componentes e atuar de forma integral ligando o chassi às rodas, garantindo que estejam em contato com o solo, que os

impactos sejam absorvidos, promovendo conforto, estabilidade e segurança ao veículo. Esse sistema é formado por diversos elementos flexíveis, sendo os principais e mais conhecidos os amortecedores, as molas, as bandejas e a barra estabilizadora. Os pneus, por exemplo, podem atuar de forma extremamente positiva ou negativa em relação à transmissão da vibração de baixa frequência. Devido a irregularidades, desequilíbrio das rodas ou variações na rigidez em torno da superfície da banda de rodagem (parte do pneu que fica em contato direto com o solo), podem resultar em vibrações no eixo. Isso é mais notável em estradas asfaltadas. Com o aumento da velocidade nos tratores agrícolas, aumenta-se também a entrada de vibrações no sistema mecânico. Contudo, a alta tecnologia nas bandas de rodagem tem aumentado significativamente a aderência dos rodados, amortecendo as oscilações em terrenos mais irregulares. Desta forma, em tratores de alta potência, aumentar a largura da banda de rodagem e reduzir a pressão, aumenta consideravelmente o contato do pneu com o solo, reduzindo os níveis de vibrações. Além de evitar desgaste do pneu e gastos desnecessários com manutenção. Atualmente, existem pneus com vários tipos de paredes que proporcionam maior elasticidade, auxiliando na redução das oscilações. O assento é o elemento que transmite a vibração ao corpo do operador e tem

Tratores mais modernos e maiores já possuem cabines com níveis de vibrações muito baixos e grande conforto operacional


o papel de absorver as forças, ou parte delas. Por esse motivo, tem sido o elemento básico para reduzir essa transmissão. Vários tipos de suspensões, tanto mecânicas, pneumáticas, quanto hidráulicas, foram instalados sob o banco do tratorista. A nova tendência são as molas pneumáticas, que são cilindros inflados por um pequeno compressor que é alimentado pela bateria do próprio veículo para pressões variáveis, que dependem da massa do operador, sendo regulado automaticamente pela rigidez da mola. Todos os principais fabricantes de assentos para tratores oferecem suspensão semiativa, ou seja, o movimento é detectado por um sensor e transmitido por um acelerômetro para o microprocessador que elabora sinais atuando sobre a suspensão. Segundo esses fabricantes, esse sistema melhora significativamente a resposta da suspensão, reduzindo em até 40% os distúrbios. No Brasil, ainda são encontrados muitos tratores antigos com assentos que possuem sistema de suspensão precária, de maneira que o amortecimento das vibrações ocupacionais é feito somente pelo estofamento do banco e sem nenhum tipo de ajuste. Dessa forma, o assento é peça essencial do projeto mecânico da máquina, pois é o posto de trabalho do tratorista. É extremamente importante que o assento possua apoio para os braços, regulagem vertical e longitudinal, para propiciar maior conforto e segurança ao operador. Além disso, existem tecnologias aplicadas ao isolamento da cabine de suspensão, para que os vidros e o painel não amplifiquem ainda mais as vibrações neste ambiente interno. São utilizadas borrachas de alta densidade para atenuar as vibrações de alta frequência. Os amortecedores para a cabine minimizam também os esforços do condutor, e essa tecnologia oferece outros benefícios que levam em consideração fatores humanos. Uma boa cabine de operação é projetada para oferecer melhor visibilidade, proteção contra capotamento, ruídos, poeira, gases, altas temperaturas, entre outros fatores. Já o motor é a principal fonte de vibração dos veículos. As vibrações oriundas dele dividem-se em vibrações provenientes do processo de combustão e provenientes das forças mecânicas. Portanto, o tipo de combustível usado tem influência direta nas características particulares. Nos motores de ciclo Diesel, em consequência da sua elevada taxa de compressão, as vibrações têm um nível maior em relação aos motores do ciclo Otto (gasolina). Contudo, tecnologias como a injeção direta de combustível sobre o topo do pistão, que costuma alinhar geração de maior potência com economia no consumo, garantindo um menor desperdício energético e econômico nas operações, também proporciona redução no ruído e na geração de vibrações, tornando eles também mais ergonomicamente adequados. Um ponto essencial é a realização de cursos técnicos para o operador. É extremamente necessário que este entenda tais conceitos para prevenir problemas futuros, tanto na saúde como visando também à produtividade das operações. Ter conhecimento da máquina, da velocidade ideal de trabalho, da postura ergonomicamente adequada para operar, saber relatar os sinto-

mas de fadiga, ter conhecimento de como verificar, lubrificar e manter o assento e as suspensões de cabine e chassi sempre conforme o descrito no manual. Esses, entre outros pontos, acabam auxiliando na redução dos danos vibracionais na saúde do tratorista. Um dos fatores mais relevantes, que deve-se estar sempre atento, são as manutenções do trator, a serem realizadas frequentemente. Conferir lubrificação, regulagens, amortecedores, entre outros elementos, pode evitar acidentes e corrigir vibrações desnecessárias. Vale salientar que todas as substituições de peças da máquina precisam seguir as recomendações do fabricante, para assim evitar problemas futuros. As vibrações mecânicas nos tratores agrícolas ainda são inevitáveis, contudo existem diversas maneiras de tentar reduzi-las. Procure sempre um profissional para auxiliar na resolução deste tipo de problema. Um especialista capacitado irá realizar intervenções necessárias para reduzir as vibrações no sistema mecânico, melhorar de forma integrada, e não dissociada, a segurança, o conforto e o bem-estar do operador. .M Eduarda Yumi Aono, Tiago Rodrigo Francetto e Airton dos Santos Alonço, Universidade Federal de Santa Maria/Laserg

Identificando as fontes de vibrações

P

ara auxiliar na redução das vibrações nos tratores também é importante entender quais são as fontes destas e se atentar a responder algumas perguntas: – Como as vibrações são sentidas por você? – Em qual velocidade essas vibrações ocorrem normalmente? – O problema aumenta à medida que a velocidade aumenta? – O problema aumenta à medida que a rotação do motor aumenta? – As vibrações vêm da parte traseira ou dianteira do trator? – As vibrações ocorrem quando a máquina está com ou sem carga?

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IRRIGAÇÃO

Projeto enxuto

Na hora de projetar um sistema de irrigação com pivô central é necessário avaliar as diferentes variantes, pois diversos elementos permitem reduzir os custos sem diminuir a qualidade final e a eficiência do produto

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Fotos Wenderson Araujo/CNA

sistema de irrigação por aspersão pivô central é reconhecido como uma das inovações mais significativas no contexto histórico da agricultura irrigada mundial. A possibilidade de distribuir a água a partir de um ponto central, rotacionando um equipamento autopropelido que descreve uma área irrigada circular, tornou-se uma solução criativa, capaz de automatizar a aplicação de água com notável desempenho. Esse sucesso estendeu-se praticamente para todas as regiões do mundo, nas mais diversas condições climáticas, edáficas e topográficas. O pesquisador americano William E. Splinter (1976) considerou que o impacto tecnológico do pivô central na agricultura seria semelhante ao obtido com a introdução do trator na mecanização agrícola. A despeito de suas vantagens operacionais e de desempenho amplamente reconhecidas, deve-se destacar que, como outros sistemas de irrigação, o pivô central também apresenta características que podem influenciar seu desempenho e, principalmente, seu custo. Algumas dessas características serão discuti-

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das a seguir, levando-se em consideração a possibilidade de argumentar com os fabricantes suas possíveis implicações técnicas e econômicas. Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer que o pivô central reúne um conjunto de componentes mecânicos, elétricos e eletrônicos totalmente projetados e desenvolvidos sob a responsabilidade das empresas fabricantes, que devem assegurar um desempenho plenamente satisfatório nas condições onde as irrigações serão realizadas.

DIMENSÕES E TOPOGRAFIA DA ÁREA

Estruturalmente, o equipamento resume-se em uma linha lateral típica da irrigação por aspersão, ou seja, uma tubulação com aspersores ou sprayers (espalhadores de água) instalados ao longo de seu comprimento, suportada por estruturas metálicas com forma da letra A, que abrigam as rodas motrizes acionadas por motorredutores elétricos, responsáveis pelo deslocamento radial do equipamento na área irrigada. Assim, pode-se admitir que o custo de investimento apresente uma relação


tipicamente linear com as dimensões do equipamento. Porém, a área irrigada aumenta com o comprimento dessa tubulação elevado ao quadrado, ou seja, aumenta em maior proporção que o custo de investimento (Figura 1). Portanto, é fácil concluir que o custo por unidade de área irrigada deve diminuir à medida que aumenta o comprimento da tubulação. Portanto, são muito competitivos em áreas extensivas. Por exemplo, entre 40ha (357m de raio) e 120ha (618m de raio) pode-se observar que, enquanto a área aumentou três vezes, o raio, ou o comprimento da tubulação, aumentou apenas 1,73 vez. A Tabela 1 apresenta os acréscimos de área irrigada por unidade de comprimento (m) da tubulação, em sucessivas distâncias do ponto central do equipamento, onde é possível observar a vantagem que o aumento do comprimento da tubulação pode representar na ampliação da área irrigada. Um recurso comumente utilizado para ampliar a área irrigada consiste na instalação de um aspersor setorial com maior vazão e alcance na extremidade da tubulação. Mesmo aumentando a perda de carga e a exigência de maior pressão, em geral, suprida por uma motobomba instalada na última torre, local onde retira água da tubulação e a conduz externamente até o aspersor final, o acréscimo de área irrigada é muito significativo, tornando esta opção economicamente atrativa. Ao mesmo tempo, o aumento da área irrigada requer maiores diâmetros da tubulação, determinando maior reforço estrutural, que podem comprometer parcialmente esta relação de custo que, entretanto, ainda deve prevalecer. Por essa razão, apesar dos argumentos de fabricantes e entusiasmo de muitos agricultores, torna-se difícil justificar a opção por pivô central em áreas reduzidas, por mais favoráveis que possam se revelar às características desse sistema. Por alguma razão de natureza prática, em geral, a viabilidade econômica parece se destacar em áreas superiores a cerca de 40 hectares. A área média irrigada por pivôs centrais no Brasil em 2013 atingiu 66 hectares (Embrapa, 2013). Áreas mais reduzidas requerem análises econômicas mais detalhadas, procurando privilegiar culturas

Um projeto bem dimensionado garante aplicação na hora certa e na quantidade necessária, sem desperdícios

com maior valor de mercado. Apesar das reconhecidas vantagens, algumas dificuldades são comumente encontradas para se irrigar áreas extensivas. A primeira delas é relacionada à topografia do terreno. À medida que a área aumenta, em geral, ocorrem maiores variações topográficas que podem comprometer até mesmo a estabilidade do equipamento, além de criar sérias complicações operacionais. Nessas condições, é exigida a instalação de reguladores de pressão nos aplicadores de água e recomendável a inclusão de inversores de frequência nas unidades de bombeamento, com a finalidade de controlar a velocidade de rotação de um motor elétrico trifásico acoplado à bomba hidráulica, em função das variações nas condições operacionais determinadas pela topografia e assim, reduzir o consumo de energia. Uma das importantes vantagens atribuídas a esses sistemas é que o término de uma irrigação ocorre exatamente no local onde deve ser iniciada a próxima. Entretanto, a presença de obstáculos, como estradas, cercas, edificações, acidentes topográficos, erosões localizadas, linhas de transmissão de energia elétrica, vegetação com cadastro ambiental, brejos etc pode interromper o percurso radial completo do equipamento, forçando uma configuração setorial que, invariavelmente, compromete a operação e, em consequência, aumenta o custo. Nesses casos, além da obrigatória redução da área irrigada, o equipamento deve retornar inoperante ao ponto inicial do percurso, consumindo energia e desgastando precocemente seus componentes.

Outra reconhecida limitação é o inevitável aumento da vazão de precipitação da água aplicada com o comprimento do equipamento, podendo exceder a capacidade de infiltração de água no solo. Em consequência, os problemas causados por deflúvio superficial podem ser agravados, predispondo à manifestação de inaceitáveis processos erosivos superficiais. A execução de estruturas dimensionadas para conservação do solo, que poderia atenuar o problema, pode impor dificuldades ao deslocamento do equipamento na área irrigada. Não se deve esquecer que grandes áreas também promovem custos adicionais, como as dimensões das adutoras para abastecer esses sistemas de irrigação. Todos esses fatores devem ser criteriosamente avaliados para conduzir a um resultado economicamente compensador.

LOCALIZAÇÃO DO MANANCIAL HÍDRICO

O histórico de sucesso do pivô central iniciou-se com a possibilidade de suprir a demanda hídrica do sistema de irrigação com recursos hídricos subterrâneos extraídos no ponto central do equipamento. Infelizmente, porém, essa condição não é facilmente encontrada na maioria das áreas potencialmente irrigáveis, que retiram água de recursos superficiais, como rios, riachos e represas, em geral, localizados em cotas inferiores às das áreas irrigadas. Assim, torna-se relevante que o recurso hídrico esteja o mais próximo possível e com pequenos desníveis das áreas irrigadas, uma vez que deverá ser conduzido ao ponto central por adutoras enterradas, resistentes à pressão e corrosão do solo e hidraulicamente favo-

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Tabela 1 - Acréscimo de área irrigada por metro de comprimento da tubulação em sucessivas distâncias do ponto central

Metros lineares (m) Distância do centro 10 50 100 200 300 400 500 600 Metros quadrados (m2) Acréscimo de área 63 314 628 1257 1885 2513 3142 3770

ráveis ao escoamento, contribuindo para reduzir as perdas de carga no projeto hidráulico do sistema de irrigação.

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DO INVESTIMENTO

Todo investimento proposto para aumentar a produção agrícola apresenta dois componentes econômicos inevitáveis, resumidos em custos fixos e variáveis. Os primeiros caracterizam-se pela aquisição do produto ou equipamento, incluindo transporte, montagem, seguro etc. Por sua vez, os custos variáveis incluem gastos com a operação e manutenção recomendados pelos fabricantes. Particularmente em irrigação, é sempre desejável aumentar a proporção de custos variáveis, em relação aos fixos, pela simples razão que podem ser administrados em condições desfavoráveis ao investimento. Assim, por exemplo, uma redução inesperada no valor da produção agrícola, a ocorrência de sinistros, como temporais, granizos, geadas, incêndios, a manifestação acentuada de doenças e pragas etc., permitem reduzir os custos operacionais. Entretanto, não interferem na depreciação e no valor das parcelas financiadas do equipamento. Comparado a outros sistemas de irrigação, deve-se reconhecer que o pivô central apresenta uma elevada proporção de custos fixos em relação aos variáveis, sugerindo que qualquer possibilidade para redução de custos de investimento deve ser devidamente apreciada no dimensionamento do projeto. A facilidade em incorporar a fertirrigação representa uma destacada vantagem que o sistema oferece, porém, não existe a pos-

Equação Intensidade de precipitação Ii = 0,2 × π × ri × Q / (A × Di) sendo, Ii a intensidade de precipitação, mm/h, em qualquer ponto i do comprimento; ri a distância radial do ponto considerado, m; Q a vazão do projeto, m3/h; A a área irrigada, ha; Di o diâmetro molhado pelo aspersor ou sprayer operando neste local, m. Por exemplo, assumindo-se ri = 462m, Q = 174,8m3/h, A = 78ha, e Di = 30m, obtém-se uma intensidade de precipitação de 21,7mm/h. Reduzindo o valor de Di para 10m, a intensidade atinge 65mm/h, agravando problemas de deflúvio superficial, exigindo providências efetivas para conservação do solo.

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Tabela 2 - Percentuais da vazão ao longo do comprimento da tubulação

Comprimento da tubulação % Vazão no interior da tubulação %

10 99

25 94

50 75 90 75 44 19

sibilidade de controlar geadas leves, uma vez que não promove a aplicação de água na área total cultivada durante períodos críticos de baixas temperaturas.

ESCOLHA DOS APLICADORES DE ÁGUA

Em geral, os equipamentos são oferecidos com duas opções de aplicadores de água: aspersores ou sprayers. Os aspersores requerem maiores pressões operacionais, aumentando a potência da unidade de bombeamento e do transformador e o consumo de energia, porém, a área de aplicação de água ao longo da tubulação é ampliada, reduzindo a intensidade média de precipitação e, em consequência, eventuais problemas de deflúvio superficial. Por outro lado, a distribuição de água é mais afetada pela ocorrência de ventos. A intensidade de precipitação aumenta com o comprimento da tubulação e depende do dimensionamento, conforme revela a equação a seguir. É oportuno observar, que a intensidade de precipitação é uma característica do dimensionamento e, portanto, independe da velocidade de deslocamento do equipamento na área irrigada que, por sua vez, determina o volume de água aplicado em cada ponto da tubulação. Do ponto de vista de conservação do solo, o comprimento da tubulação (ri) e, em consequência, a área irrigada (A), deveriam ser determinados em função de um valor representativo da capacidade de infiltração da água no solo (Ii) conforme estabelece a equação, reduzindo assim a ocorrência de eventuais processos erosivos. Os sprayers operam com menores pressões, porém, restringem a área de precipitação, agravando os problemas decorrentes do deflúvio superficial, principalmente em grandes áreas irrigadas. Também, são mais suscetíveis à obstrução causada por eventuais impurezas presentes na água.

ESCOLHA DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO

A característica operacional do equipamento pivô central determina que quanto menor a velocidade de rotação, maior o volume de água aplicado em toda extensão do equipamento. Essa condição, entretanto, agrava a possibilidade de ocorrência de deflúvio superficial à medida que se afasta do ponto central, notadamente em grandes áreas irrigadas. Assim, há uma recomendação para se aplicar menores lâminas hídricas, utilizando o recurso do aumento da velocidade de rotação. Por outro lado, a maior frequência de deslocamento do equipamento deve aumentar o consumo de energia e contribuir para acelerar o desgaste de seus componentes. Além disso, aumenta as perdas de água por evaporação devido à maior frequência de molhamento superficial do solo. Portanto, deve-se procurar uma redução da velocidade de rotação, desde que não potencialize a manifestação de processos erosivos ao solo.


ADAPTAÇÃO DA CULTURA À CONFIGURAÇÃO DA ÁREA IRRIGADA

A configuração de uma área irrigada circular impõe que o plantio das culturas deve seguir essa forma inusitada na prática agrícola tradicional. Pode-se facilmente demonstrar que a forma circular representa 78,5% de uma área quadrada, cujas dimensões laterais são idênticas ao diâmetro irrigado. Assim, há uma proporção significativa de área não irrigada, quando se compara aos sistemas de irrigação adaptados às áreas quadriculares. Deve-se salientar que as soluções tecnológicas propostas para irrigar pelo menos parte desses 21,5% remanescentes não foram bem recebidas pelos irrigantes que, em geral, preferem ignorar essa possibilidade. Em condições favoráveis à instalação de várias unidades, pode-se adotar uma configuração entre as mesmas que pode resultar em significativa redução das áreas não irrigadas. A forma circular não oferece grandes obstáculos nas operações mecanizadas desenvolvidas em culturas anuais, porém, requer alguma atenção em culturas perenes arbustivas ou arbóreas. Nesses casos, recomenda-se que as plantas sejam dispostas em círculos paralelos às trajetórias definidas pelas rodas motrizes do equipamento. Essa condição pressupõe que as culturas sejam desenvolvidas preferencialmente após a instalação do equipamento na área a ser irrigada. A alternativa de irrigar culturas perenes, arbustivas ou arbóreas, desenvolvidas sem a previsão de serem irrigadas por pivô central, implica remoção ou mutilação das plantas que estiverem inseridas no percurso definido pelas rodas motrizes do equipamento. Deve-se atentar, também, para a limitação imposta pelo vão livre do equipamento à altura das plantas, após atingir seu completo desenvolvimento, restringindo sua aplicação em inúmeras frutíferas arbóreas.

Representação da linha lateral e da área irrigada por pivô central

são destinadas às partes mais distantes do equipamento, conforme demonstrado por Scaloppi e Allen (1993) pode-se promover uma ou mais reduções sucessivas nos diâmetros da tubulação, sem comprometer o desempenho do sistema, com a finalidade de redução de custos. A Tabela 2 revela os percentuais de vazão presentes na tubulação em função do comprimento. A presença de aspersores setoriais com maiores vazões, instalados nas extremidades das tubulações, pode representar proporções significativas da vazão total do equipamento, além de exigir pressurização diferenciada. Ao mesmo tempo, contribuem com elevados acréscimos na área irrigada e, portanto, devem ser sempre considerados nas análises econômicas do investimento.

DISPONIBILIDADE DE ENERGIA

O pivô central é considerado um grande consumidor de energia, tanto para a adução e o bombeamento pressuriza-

do aos aplicadores de água, quanto para o acionamento das rodas motrizes do equipamento na área irrigada. Por essa razão, a existência de energia elétrica no sistema trifásico constitui uma exigência quase obrigatória nesse sistema de irrigação. A indisponibilidade dessa fonte de energia na propriedade impõe sérias restrições econômicas ao projeto, que poderia ser justificado apenas em condições especiais de comercialização da produção. A opção por energia obtida através de motores de combustão acionados por óleo diesel, etanol, gasolina ou gás liquefeito de petróleo, em raras condições pode ser economicamente justificável nesses projetos.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Diferentemente de outros sistemas alternativos de irrigação, a complexidade dos componentes do sistema pivô central requer uma permanente assistência técnica especializada. A característica operacional de aplicar lâminas reduzidas de água, típica em sistemas com maior frequência de irrigação, impõe a necessidade de rapidez da assistência técnica em situações de imprevistos operacionais, uma vez que a reposição de água disponível ao solo é rigorosamente dimensionada no projeto. Portanto, é recomendável que esse compromisso esteja especificado em um contrato formal de prestação de serviços técnicos especializados .M com uma empresa idônea. Edmar José Scaloppi, Unesp

ADOÇÃO DE MÚLTIPLOS DIÂMETROS DA TUBULAÇÃO

Apesar da condição operacional do sistema pivô central não ser hidraulicamente favorável, uma vez que as maiores vazões

Irrigar grandes áreas acarreta custos adicionais, como as dimensões das adutoras para abastecer todos esses sistemas

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LUBRIFICANTES Fotos Qu4ttuor Consultoria

Mistura catastrófica A mistura de óleos lubrificantes e graxas de diferentes composições, viscosidades e origens pode causar sérios problemas em sistemas hidráulicos, engrenagens ou qualquer outro tipo de componente que necessite de lubrificação

U

m dos conceitos que resistem ao tempo é a de que óleos e graxas lubrificantes podem ser misturados sem as devidas considerações técnicas. Se esta forma de pensar é a da empresa em que você trabalha em função de problemas de ordem financeira ou visando à redução imediata de custos com a manutenção, pode-se ter graves e custosos problemas com indisponibilidade de equipamentos e sérios danos mecânicos em maquinários móveis ou industriais ao se adotar tal forma de pensar. Entre os profissionais da área de manutenção mecânica é de amplo conhecimento que a mistura de óleos e graxas lubrificantes de diferentes composições ou de diferentes fornecedores sem o devido conhecimento das composições dos produtos a serem misturados, sem tes-

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tes laboratoriais de compatibilidade e sem o devido planejamento técnico, em princípio, não é uma boa ideia. Neste artigo serão abordadas algumas consequências resultantes da mistura de óleos lubrificantes em distintas situações.

ALTERAÇÃO DA VISCOSIDADE CINEMÁTICA

A mistura de óleos lubrificantes de mesma aplicação e de diferentes viscosidades cinemáticas terá impacto imediato na característica do óleo lubrificante que está em serviço no maquinário e a viscosidade cinemática resultante dependerá dos fluidos misturados e da proporção da mistura. Ou seja, ao se misturar produtos de diferentes viscosi-


dades cinemáticas, ainda que de mesma aplicação, será alterado todo o produto resultante e corre-se o risco de haver alteração na condição de operação do maquinário, como elevação de temperatura de serviço, desgaste por ruptura de película lubrificante que separa superfícies metálicas em movimento relativo etc. A viscosidade cinemática do óleo lubrificante que será aplicado em determinado equipamento é determinada por estudos tribológicos com vistas a determinar a espessura do filme de óleo lubrificante para aquela aplicação específica. O filme de óleo lubrificante proverá a separação, por exemplo, entre os elementos rolantes e os anéis interno e externo em mancais de rolamento, sendo fatores importantes que afetam a espessura da película de óleo lubrificante a rotação do elemento de máquina, a carga imposta ao eixo e a viscosidade cinemática do fluido lubrificante. Se a viscosidade cinemática do fluido lubrificante após a mistura for excessivamente baixa, o resultante filme de óleo lubrificante não terá espessura suficiente para prover a adequada separação das superfícies metálicas em movimento relativo. Por exemplo, entre elementos rolantes e pistas dos anéis externos e internos em mancais de rolamento ou entre os colos da árvore de manivelas e os mancais de deslizamento em motores de combustão interna Ciclo Otto/Ciclo Diesel 4T. Caso o óleo lubrificante não tenha viscosidade cinemática para formar película de óleo lubrificante com espessura do filme de óleo lubrificante suficiente, o desgaste terá início até que venha a culminar com falha catastrófica. E se a viscosidade cinemática do fluido lubrificante após a mistura for excessivamente elevada para a aplicação? Neste caso, teríamos maior consumo de energia elétrica ou de combustível, elevação da temperatura de serviço, geração de calor e, até mesmo, desgaste acelerado dos componentes móveis em função do óleo

lubrificante não penetrar nas folgas dinâmicas dos elementos de máquina e promover a devida separação das superfícies metálicas em movimento relativo. Podemos assemelhar a operação do maquinário quando do aumento não avaliado ou imprevisto da viscosidade cinemática do fluido lubrificante a se mover circularmente uma colher em um copo com água e em um copo com mel. O esforço mecânico e o dispêndio de energia serão bem maiores no copo com mel, tendo em vista a viscosidade cinemática do mel ser bastante superior à da água. O uso de óleos lubrificantes com viscosidade cinemática excessivamente superior em relação à recomendada pelo OEM poderá elevar a temperatura de serviço do maquinário e, com isto, acelerar o seu processo de oxidação com a consequente formação de borras, verniz e lacas, que interferirão na operação de equipamentos móveis e industriais em face do funcionamento deficiente de servo-válvulas, válvulas proporcionais etc. Estes problemas poderão levar, até mesmo, a avarias catastrófi-

cas em função da obstrução de filtros de óleo lubrificante.

LUBRIFICANTES COM ADITIVAÇÃO EP PARA ENGRENAGENS

Os óleos e as graxas lubrificantes são formulados de maneira customizada, com propriedades específicas para o atendimento aos níveis de desempenho demandados pelos OEMs de equipamentos móveis ou industriais. Como exemplo, podemos citar o uso de aditivação sulfo-fosforosa (P e S) de Extrema-Pressão (EP) na lubrificação de caixas de engrenagens. A aditivação sulfo-fosforosa de Extrema-Pressão (EP) tem sido amplamente utilizada em caixas de engrenagens de dentes retos, dentes helicoidais, dentes bi-helicoidais, dentes cônicos, engrenagens hipoidais etc. A configuração de engrenamento em que se recomenda um maior estudo quando do uso da aditivação de Extrema-Pressão (EP) é a que utiliza de parafuso sem-fim e coroa. Nestes casos, em função do elevado atrito de deslizamento e pelo fato de, geralmente, a coroa ser usinada em bron-

A mistura de óleos e graxas lubrificantes deve ser alvo de critérios e motivos bem definidos

Aldivio Strasser, Strasser Agrícola

A mudança da Viscosidade Cinemática do fluido em serviço pode ter consequências variadas

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Fotos Qu4ttuor Consultoria

LUBRIFICANTES COM ADITIVAÇÃO ANTIDESGASTE (AW)

Falha em mancal de rolamento por deficiência de lubrificação

A espessura do filme de óleo lubrificante deve ser robusta o suficiente para separar as superfícies metálicas em movimento relativo

ze ou algum outro tipo de metal amarelo macio, tem-se verificado que óleos compostos têm apresentado melhor desempenho e proporcionado maior vida útil ao conjunto em serviço. Como a extensão do contato entre os dentes do parafuso sem-fim e da coroa é longa, gera-se muito mais calor e pressão que o necessário para ativar a aditivação EP existente no óleo lubrificante. Em função disso, há certo risco que a aditivação EP, caso leve em sua composição enxofre (S) ativo, ao invés de formar um composto saponáceo dúctil, não corrosivo e que sirva como proteção adicional ao desgaste por microssoldagem, venha a causar desgaste corrosivo ao metal amarelo macio da coroa de bronze. Da mesma forma, o uso de óleos lubrificantes com aditivação EP em mancais de deslizamento confeccionados de metal amarelo (exemplo: bronze) deverá ser realizado após estudos minuciosos em vista das situações adversas, anteriormente citadas para conjunto de engrenamento com coroas de metal amarelo, que possam vir a ocorrer. Em função da complexidade que envolve o assunto, é redundante mencionar que a mistura de óleos lubrificantes com aditivação EP de diferentes origens deve ser alvo de prévias considerações técnicas. Caso haja necessidade de ser realizada a mistura de óleos lubrificantes para engrenagens de diferentes fornecedores, recomenda-se efetuar algum tipo de teste de compatibilidade entre os produtos a serem misturados em face dos potenciais danos aos maquinários que possam advir da mistura aleatória desses produtos.

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Em sistemas hidráulicos de equipamentos móveis e industriais faz-se uso de fluidos hidráulicos com aditivação antidesgaste (anti-wear) em lugar da aditivação para Extrema-Pressão (EP). Nos fluidos para uso em sistemas hidráulicos, a aditivação antidesgaste (AW) é de primordial importância. O aditivo antidesgaste (AW), sob condições de lubrificação limítrofe, forma uma camada sacrificial sobre as superfícies metálicas dos componentes móveis como forma de reduzir o desgaste por atrito. Ao longo de décadas, a tradicional e eficiente aditivação antidesgaste em óleos lubrificantes para sistemas hidráulicos tem sido o ZDDP (dialquilditiofosfato de zinco), que além de ser eficiente aditivo antidesgaste, desempenha funções adicionais como, por exemplo, a de antioxidante. Porém, em função de diversos novos materiais metálicos que vêm sendo introduzidos na fabricação de componentes móveis de sistemas hidráulicos (exemplo: metais amarelos) ou por questões de ordem ambiental (melhor biodegradabilidade e menor toxidez em caso de contaminação da água), alguns OEMs de equipamentos móveis e industriais passaram a demandar fluidos hidráulicos com aditivação isenta de zinco (zinc-free). A formação de borras e vernizes em sistemas hidráulicos é bastante indesejável, tendo em vista causar lentidão nos movimentos de válvulas proporcionais e direcionais, servo-válvulas etc., chegando ao ponto de causar-lhes emperramento. Em face do exposto, determinados OEMs passaram a recomendar em seus manuais de serviço que se use, nos sistemas hidráulicos de seus equipamentos móveis, fluidos hidráulicos com aditivação livre de zinco em sua composição (zinc-free) e que possuam elevada resistência à oxidação, de forma a se evitar o desgaste corrosivo em peças compostas por ligas metálicas sensíveis ao zinco e a formação de depósitos em forma de verniz. As demandas dos OEMs por fluidos hidráulicos estão se tornando cada vez mais customizadas e complexas. Em face disto, a aquisição de fluidos hidráulicos deve ter como critério principal os níveis de desempenho necessários para uso nos maquinários, não devendo o critério “preço” ser o balizador determinante na seleção de tais produtos, sob pena de custosos reparos e indisponibilidade de maquinário.

GRAXAS LUBRIFICANTES

Bastante resumidamente, podemos dizer que o processo de manufatura de graxas lubrificantes consiste em se adicionar fluidos lubrificantes a espessantes em proporção tal que se possa alcançar o grau de consistência desejado. Para um melhor entendimento do que constitui uma boa graxa, devemos nos concentrar nas propriedades de


seus componentes: espessantes, fluidos lubrificantes, aditivos e, em alguns casos, “fillers” (exemplo: grafite, MoS2, PTFE). Ao selecionarmos uma graxa, devemos levar em consideração a aplicação e as condições de serviço em que ela irá trabalhar, sendo necessário analisar-se cuidadosamente itens como o tipo de óleo básico, o tipo do espessante, a viscosidade cinemática do óleo básico que compõe a graxa e os aditivos ou “fillers” utilizados na formulação. A mistura de graxas sem estudos técnicos pormenorizados pode causar problemas de incompatibilidade e suas consequências, como perda de consistência e escorrimento pelo selo da caixa do mancal de rolamento. Além disso, pode ocorrer separação entre o fluido lubrificante e o espessante tendo, como resultado, uma massa endurecida e não lubrificante no interior da caixa do mancal de rolamento. Outra consequência resultante da incompatibilidade de graxas é o fluido lubrificante decorrente da mistura ser de viscosidade cinemática superior ou inferior à aplicação especificada ou de natureza não adequada ao uso pretendido. O mundo ideal seria aquele em que uma única graxa lubrificante pudesse ser utilizada em todas as aplicações em plantas industriais e sites de equipamentos móveis. Infelizmente, esse mundo utópico não existe e as recomendações individualizadas de graxas pelos OEMs serão a realidade. Ou seja, vamos ter que conviver com uma diversidade cada vez maior de tipos de graxas lubrificantes, e efetuar-se a substituição ou misturas sem critérios técnicos bem fundamentados poderá ser a causa de desnecessárias avarias catastróficas.

xas lubrificantes sem critérios muito bem estudados e visando, apenas, a uma imediata redução de custos ou em virtude de falta de planejamento de demanda é a receita certa para custosas avarias, indisponibilidade de maquinário e perdas no processo produtivo.

Vale a pena meditar um pouco mais neste assunto antes de se proceder à mistura indiscriminada de óleos e graxas lubrificantes, mesmo que as justificativas para tal ação possam pare.M cer válidas. Marcos Lobo, Qu4ttuor Consultoria

Temperaturas elevadas: formação de borra, laca e verniz

Sistemas hidráulicos: aditivação antidesgaste

Êmbolos de válvulas proporcionais com verniz

CONCLUSÃO

Fato que deve ser frisado a despeito de ser amplamente mencionado e conhecido no meio da manutenção de equipamentos móveis e industriais é que misturar-se óleos e gra-

Efeitos do uso de graxas com especificação diferente do recomenado para a aplicação

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PULVERIZAÇÃO

Aplicação moderna A agricultura de precisão é uma grande aliada na pulverização de produtos fitossanitários, gerando, além de economia de produtos, aplicações mais inteligentes e certeiras

O

Brasil é um dos países que mais se destacam na produção agrícola mundial, dispondo de diversas tecnologias, técnicas inovadoras de manejo e gestão das áreas de cultivo. Atualmente, adentramos na chamada Agricultura 4.0, na qual o intenso uso de tecnologias e integração de dados de produção georreferenciados tem tornado o processo produtivo cada vez mais eficiente. A Agricultura de Precisão (AP) é caracterizada como uma forma de gestão que considera a variabilidade espacial e temporal existente nas lavouras. O uso de manejo localizado, isto é, considerando as ne-

cessidades de cada pequena porção da lavoura, pode gerar inúmeros benefícios, como redução do impacto ambiental, incrementos na produtividade e redução de custos de produção. Apesar da gestão localizada da adubação ser a técnica de AP mais utilizada na prática, o tratamento fitossanitário é outra área que recebe bastante atenção devido aos diversos ganhos que pode trazer. Estima-se que entre 20% e 40% da produção agrícola mundial seja perdida em decorrência do ataque de pragas ou doenças. Para o controle de infestações nas áreas de cultivo, a pulverização é o

método mais utilizado, já que é altamente eficiente. Pulverizar consiste em aplicar produtos líquidos em forma de gotículas ao máximo uniformes e homogêneas, permitindo sua melhor distribuição. A pulverização é largamente utilizada na aplicação de inseticidas, fungicidas, herbicidas ou mesmo de fertilizantes líquidos. A aplicação localizada de insumos pode ser viabilizada de duas formas: (a) por meio de um mapeamento prévio do atributo de interesse (solos, pragas, doenças) através de diversas técnicas de levantamento de dados, sendo que, posteriormente, essas informações de variabilidade são utilizadas para geração dos mapas de prescrições, os quais são transferidos para os controladores de taxa variável da máquina agrícola para realização do manejo; (b) através da identificação do atributo em tempo real com uso de sensores embarcados na própria máquina aplicadora, os quais identificam, por exemplo, a presença de planta daninha e imediatamente realizam a aplicação do herbicida no local. Embora seja comum a realização da aplicação de produtos fitossanitários de forma uniforme em toda a lavoura, sabe-se que as infestações não ocorrem com Jacto

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Charles Echer

a mesma intensidade ao longo de toda a área. Nesse sentido, a aplicação localizada ou em taxas variáveis de produtos fitossanitários pode trazer enorme ganho ambiental e econômico ao realizar a aplicação na dose e no local que são realmente necessários. No entanto, a qualidade da aplicação localizada depende da utilização de equipamentos que possuam algum grau de automação e o ideal é que dependa o mínimo possível da interferência do operador em campo. O mercado brasileiro voltado para a pulverização é variado, atendendo a diferentes tipos de necessidades. Nesse contexto, três das principais formas de variar taxas de aplicações em pulverização são: função “liga/desliga”, variação no volume da calda e variação da dose de princípio ativo.

FUNÇÃO “LIGA/DESLIGA”

A função “liga/desliga” permite aplicar o produto somente quando necessário. Basicamente, ao ativar a função “liga” é realizada a aplicação e ao desativá-la, a aplicação é interrompida. Essa tecnologia não permite, em suma, variar a taxa de aplicação, tampouco a concentração do produto aplicado. O mecanismo liga-desliga pode ser utilizado de duas formas básicas, por meio de sensor em tempo real ou aplicação baseada em mapa. Quanto à aplicação em tempo real, uma forma do uso é a partir de sensores de reflectância do dossel, os quais identificam a presença de plantas daninhas por meio de índices de vegetação como o NDVI, acionando o mecanismo de aplicação onde há plantas e fechando onde só há palhada ou solo no campo de visão do sensor. Outra opção comercial é por meio dos sensores de fluorescência onde, grosso modo, o sistema trabalha excitando as moléculas de clorofila, o que permite o discernimento entre o que é vegetação e o que não é. Já a abordagem baseada em mapa demanda o mapeamento prévio da praga que se quer controlar (isto é, inseto, doença ou planta daninha), ficando dependente de levantamentos de campo ou estimativas via sensoriamento remoto.

VARIAÇÃO NO VOLUME DA CALDA

Nesse caso, ocorre a variação no volume de calda que está sendo aplicado ao longo da lavoura, conforme a demanda identificada para cada situação. Essa variação pode ser obtida através do sistema de controle por pulsos, onde uma válvula solenoide regida por um mecanismo PWM atua em altíssima frequência, reduzindo ou aumentando a duração do ciclo em que a aplicação está ativa, permitindo a variação de dose. Na prática, este mecanismo é uma melhoria do mecanismo liga-desliga, de forma que quanto maior a frequência de abertura das válvulas, maior o volume aplicado pontualmente, e vice-versa. Esse tipo de tecnologia já está saindo de fábrica nos pulverizadores mais tecnológicos, uma vez que tal variação de dose por pulsos (seja bico a bico, seja por seção de barra) garante a qualidade da aplicação de uma dose fixa ao longo de toda a lavoura, ao mesmo tempo em que permite a compensação da pul-

Uma das possibilidades com o uso de agricultura de precisão é a aplicação de diferentes produtos na mesma passada

verização em curvas, evitando aplicação excessiva no extremo da barra do lado de dentro da curva e aumentando a vazão no extremo da barra do lado de fora da curva, garantindo a manutenção da dose recomendada.

VARIAÇÃO DA DOSE DE PRINCÍPIO ATIVO

A variação de dose trata-se de um mecanismo de injeção direta do produto fitossanitário no sistema de pulverização do equipamento. Assim, o reservatório principal do pulverizador armazena apenas água. O produto fica em reservatório separado, se misturando à água durante seu trajeto até os bicos pulverizadores, conforme a concentração requerida para atingir determinada dose a ser aplicada. Inclusive, nesse sistema, é possível possuir mais de um tanque secundário com produtos distintos, variando o produto aplicado em cada local. Isso diminui o desperdício de produto químico, já que não há sobra de calda no reservatório do pulverizador, além de permitir um controle fitossanitário muito mais eficiente, uma vez que pode-se variar tanto o produto quanto sua dose. Porém, apesar de tal sistema com reservatórios separados já estar disponível no mercado nacional, ainda apresenta tempo de resposta limitado para uma variação eficiente e homogênea das doses aplicadas. Para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas pode ser utilizada qualquer uma das formas de variação de aplicação. Isso dependerá da recomendação de uso do fabricante do produto fitossanitário, de acordo com o seu modo de ação, a cultura e o alvo de controle. Para muitas culturas, muitos produtos possuem apenas uma dose de princípio ativo recomendada, sendo a decisão basicamente “aplica” ou “não aplica”. Nesse caso, o mecanismo liga/ desliga pode ser suficiente, aplicando uma única dose, mas somente onde houver realmente a presença da praga. A variação de dose, independentemente se por pulsos ou por injeção direta, pode ser utilizada para produtos fitossanitários que possuem recomendação de um intervalo de dose conforme situações específicas. Exemplo disso é quando é recomen-

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Kuhn

cos que distribuem a quantidade necessária de insumos, evitando desperdícios e contaminação de áreas que não necessitem de pesticidas ou herbicidas. Alguns drones possuem a autonomia de cobrir dez hectares por hora e podem ser utilizados com diversos outros drones simultaneamente. As vantagens na utilização de drones para pulverização estão em terrenos irregulares e de difícil acesso para os pulverizadores de arrasto ou autopropelidos, assim como em culturas onde a entre linha é muito estreita e a máquina pode causar danos à cultura. Ainda, em alguns casos a turbulência gerada pelas hélices do drone faz com que as gotículas de produto químico liberado pelo drone atinjam as plantas por completo, inclusive abaixo a região baixeira do dossel, o que pode ser interessante para o combate de alguns tipos de pragas e doenças. Em contrapartida, a aplicação de produto que demande recobrimento total da

parte superior do dossel pode ser prejudicada. Essa forma de aplicação está começando a aparecer fortemente no País, mas carece urgentemente de regulamentação de uso, principalmente por já ser proibida em alguns países. Apesar de toda a tecnologia disponível para a variação da dose pulverizada, os resultados do manejo dependem da correta utilização das tecnologias de aplicação: adequado volume pulverizado, escolha correta do tamanho de gotas, pontas de pulverização adequadas e em bom estado de manutenção, condições climáticas favoráveis à aplicação dos produtos, dentre outros, sendo, portanto, fundamental o conhecimento técnico e o treinamento e valorização dos operadores. .M Artur F. de Vito Junior, Agda L. G. Oliveira, Cenneya L. Martins e Lucas Rios do Amaral, Feagri

Jacto

dada a utilização da menor dose para aplicações preventivas e para casos de baixas infestações, enquanto doses maiores para infestações mais agudas ou problemáticas, como pode ocorrer no caso de infestações por plantas daninhas, pragas e mesmo doenças. Tal funcionalidade também tem atraído para a aplicação de fitorreguladores e maturadores, sendo as doses ajustadas conforme a necessidade do produto. No caso do sistema de injeção direta, uma funcionalidade específica é que ele permite a mudança do produto que está sendo aplicado. Uma aplicação em potencial para isso é o manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato. Esse herbicida dessecante poderia ser aplicado em área total ou associado à aplicação localizada com o mecanismo liga/desliga, mas, uma vez identificadas reboleiras de plantas resistentes, o produto poderia ser trocado automaticamente (se mapeado previamente) ou então acionado pelo próprio operador, garantindo o controle de tais reboleiras e evitando a aplicação de um produto mais caro em área total.

DRONES

É preciso destacar também outra tecnologia que está ganhando força: a aplicação de produtos fitossanitários via drones. Essa tecnologia se mostra interessante principalmente em pequenas e médias áreas, já que os drones ainda apresentam restrições quanto ao tempo de voo e à quantidade de calda transportada. Comercialmente, é possível obter drones com tanques variando de 10L a 16L de capacidade, e que possuem em média quatro bi-

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O uso da agricultura de precisão na aplicação de defensivos contribuiu significativamente para o aumento da eficiência e diminuição das dosagens aplicadas




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