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2.1 Vagón del Saber, Al Borde

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REFERÊNCIAS

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2.1 Vagón del Saber

Arquitetos: Al Borde Local: Equador Ano: 2012

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Integrante de um projeto realizado pelo Ministério da Cultura e Patrimônio do Equador, com o propósito de recuperar um sistema ferroviário sucateado, o Vagón del Saber é um vagão cultural móvel que tem por objetivo percorrer o país, criando um percurso com paradas em comunidades remotas, ampliando o acesso à cultura e à educação para além dos grandes centros.

A reativação destas linhas ferroviárias em questão contribuiu para o resgate e valorização da história e patrimônio – ferroviário e cultural -, das comunidades que fazem parte do circuito sobre trilhos. A escolha do vagão para implantação deste equipamento cultural também tem a premissa de resgatar a memória ferroviária local. Trata-se de um

Figura 2.1.1) Vista exterior do vagão antes da restauração. Fonte: Al Borde, 2012. Figura 2.1.2) Vista interior do vagão antes da restauração. Fonte: Al Borde, 2012.

antigo trem de passageiros, modelo 1513 (Figura 2.1.1 e 2.1.2), que se encontrava abandonado e sem um bogie (conjunto de rodas), em consequência de um descarrilhamento.

Todos esses anos de carregamento o deixaram deformado. Apesar de que lhe faltava um bogie e de estar descarrilhado, quando alguém o via não podia evitar o sentimento de respeito. Distinto a tudo o que vemos agora... já não fazem as coisas como antes. (NELSON in AL BORDE, 2012).

O vagão foi submetido a um processo de retrofit, por meio da recuperação do bogie e da caixa do vagão, além da requalificação de usos, uma vez que deixou de transportar passageiros e agora abriga um programa de cultura e de espaço público itinerantes.

No processo de retrofit, além da recuperação citada anteriormente, intervenções foram realizadas na estrutura da caixa a fim de adaptar o vagão para possibilitar os usos

Figura 2.1.3) Vista exterior das arquibancadas recolhidas. Fonte: Al Borde, 2012.

propostos, que englobam: apresentações musicais, teatrais, cinematográficas e atividades de capacitação às comunidades. Para isso, utilizou-se o conceito de Mínimo Múltiplo Comum:

Para resolver este projeto multifuncional, buscamos aplicar a matemática básica às funções arquitetônicas. Tudo se resolve sob uma lógica de mínimo múltiplo comum, ou melhor, uma mínima função comum: a maior quantidade de funções com a menor quantidade de elementos. (AL BORDE, 2012).

É a partir deste conceito que o partido arquitetônico se estabelece, incorporando ao vagão estruturas retráteis e desmontáveis, ampliando a capacidade de usos a partir da versatilidade das formas incorporadas às funções. Podemos observar tais intenções projetuais na estrutura retrátil das arquibancadas (Figura 2.1.3 e 2.1.4), que são desdobradas quando há o uso teatral ou ativação de espaço público de convívio coletivo.

Figura 2.1.4) Vista interior das arquibancadas desdobradas sendo utilizadas. Fonte: Al Borde, 2012.

Para além disso, observa-se tal decisão projetual na cobertura que se estende nas laterais do vagão, uma vez que estas são abertas somente quando o equipamento cultural está estacionado e necessita de ampliação de sua área útil para realização das atividades propostas (Figura 2.1.5).

Esta cobertura é constituída por lona, que agrega benefícios ao projeto, pois se trata de um material leve, possibilitando fácil transporte e instalação, além de proteção contra radiação solar e chuvas, contribuindo para a proteção da arquibancada desdobrável (Figura 2.1.6). É atirantada por um sistema de cabos de aço, roldanas metálicas e braços metálicos

ateliê cinema cênico

Figura 2.1.5) Mosaico: plantas de usos, s/ escala. Fonte: Al Borde, 2012, com edição do autor, 2021.

dobráveis fixados na lateral do vagão. Tal sistema também está presente na tela de projeção para uso do cinema aberto (Figura 2.1.7), que é recolhida quando não está em uso.

Sendo assim, é a partir da cobertura que o projeto se desenvolve para além da área original do vagão, se estendendo para o espaços livres paralelos ao local de parada, ou seja, se apropriando do entorno de sua implantação, ampliando o espaço útil dedicado às atividades programadas. Este aspecto diz respeito ao partido arquitetônico, explorado desde a sua concepção inicial, que podem ser observados nos croquis dos arquitetos responsáveis (Figura 2.1.8).

Figura 2.1.6) Vista exterior com cobertura lateral estendida. Fonte: Al Borde, 2012. Figura 2.1.7) Vista exterior do vagão com tela de projeção. Fonte: Al Borde, 2012.

Figura 2.1.8) Croquis referentes à cobertura. Fonte: Al Borde, 2012.

A partir da exploração dos ambientes adjacentes à implantação e da área original do vagão (36 m²), podemos observar no gráfico abaixo (Figura 2.1.9) a porcentagem dedicada a cada um dos usos adotados no projeto, baseando-nos nas informações fornecidas pelo escritório Al Borde e pela análise posterior do autor. Foram dedicados, aproximadamente, 30 m² para o uso de ateliês, 72 m² para uso cinematográfico, 72 m² para o uso teatral, além de 6 m² para apoio referente à área de depósitos, totalizando 180 m².

ATELIÊ

17%

CINEMA

40%

CÊNICO DEPÓSITO

40% 3%

Figura 2.1.9) Grafíco de porcentagem de áreas do programa de necessidades do Vagón del Saber. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

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