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3.1 Área de intervenção

3.1 Área de intervenção

O projeto aqui proposto tem o intuito de fomentar a territorialização dos espaços residuais que constituem cicatrizes urbanas deixadas pela ferrovia, bem como frear o processo de sucateamento e apagamento deste modal de transporte. Tal territorialização se fundamenta através da análise do território na vertente simbólico-cultural, com a intenção de valorizar e requalificar o espaço ferroviário em questão a partir da preservação da memória e histórias locais, e do incentivo à apropriação do espaço de caráter identitário, tendo como instrumento a proposta do projeto de cultura itinerante (Figura 3.1.1).

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A premissa para a utilização do sistema de cultura itinerante como instrumento de projeto se baseia em seu potencial de territorialização e na descentralização dos equipamentos tradicionais de cultura, que se concentram nos maiores aglomerados urbanos ao longo da via férrea da EFS, possibilitando o acesso a estes nos municípios de menor porte

Figura 3.1.1) Estudo de possibilidade de usos em área residual ferroviária na cidade de Ourinhos, São Paulo, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

que circundam a linha. Tratando-se de um sistema itinerante, a área de intervenção não possui implantação fixa, se configurando como percurso na extensão remanescente da linha tronco da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, com paradas em áreas de manobras localizadas nos perímetros urbanos de interesse. Nos municípios que não houverem áreas de manobras, são propostos pequenas extensões da linha férrea para estacionamento dos comboios.

A definição das paradas e do percurso foram estabelecidos a partir de critérios ligados ao número de cinemas, centros culturais, museus e teatros, presentes nos municípios que possuem aglomerados urbanos adjacentes à ferrovia, excluindo-se os municípios da RMSP. Estes dados foram coletados em pesquisa nos portais das prefeituras dos municípios, IBGE Cidades, Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e Rede Nossa São Paulo,

Figura 3.1.2) Mapa de número de cinemas, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

e Plataforma Dados Culturais, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Tais dados foram analisados em paralelo aos dados referentes às populações municipais, tendo como norteador os indicadores do município de São Paulo, maior centro urbano do país e ponto inicial da ferrovia em questão, representados cartograficamente em mapas (Figuras 3.1.2, 3.1.3, 3.1.4, 3.1.5 e 3.1.6).

A partir do cruzamento destes dados apresentados, observou-se uma menor incidência dos equipamentos culturais tradicionais nos municípios de até 60.000 habitantes. Estes municípios possuem uma predominância de desenvolvimento econômico voltado aos aspectos agrícolas, como consequência das motivações de suas fundações ligadas ao intuito de extensão da linha ferroviária da Sorocabana na busca de novas terras cultiváveis.

Figura 3.1.3) Mapa de número de centros culturais, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

Além disso, a predominância da presença destes equipamentos nos centros urbanos com mais de 60.000 habitantes revela a ausência de acesso ao consumo de bens culturais. Tal ausência é observada, por exemplo, na má distribuição de salas de cinema, que se caracterizam como equipamentos majoritariamente privados, localizados em shopping centers existentes nos médios e grandes centros. Aqui pode-se fazer um paralelo com o que Isaura Botelho (2004, p. 04), ao discutir os desafios para a gestão pública sobre os equipamentos culturais na cidade de São Paulo, observa: “o fato de que os deslocamentos físicos se tornam cada dia mais difíceis, pode-se dizer que a mobilidade territorial e o uso de equipamentos culturais se convertem, cada vez mais, em direito e privilégio das classes com maior poder aquisitivo”.

Figura 3.1.4) Mapa de número de museus, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

Portanto, o equipamento itinerante estabelece seu percurso no remanescente da antiga linha tronco da EFS, tendo por início o município de São Paulo e ponto final o de Presidente Epitácio, com paradas temporárias nos municípios com população até 60.000 habitantes, totalizando 34 localidades, sendo estas: Mairinque, Alumínio, Iperó, Boituva, Cerquilho, Jumirim, Laranjal Paulista, Conchas, Itatinga, Cerqueira César, Manduri, Óleo, Bernardino de Campos, Ipaussu, Chavantes, Canitar, Salto Grande, Ibirarema, Palmital, Cândido Mota, Paraguaçu-Paulista, Quatá, João Ramalho, Rancharia, Martinópolis, Indiana, Regente Feijó, Álvares Machado, Presidente Bernardes, Santo Anastácio, Piquerobi, Presidente Venceslau, Caiuá e Presidente Epitácio (Figura 3.1.7).

Figura 3.1.5) Mapa de número de teatros, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

Figura 3.1.6) Mapa de estimativa populacional por município, 2021. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

Figura 3.1.7) Mapa dos municípios selecionados para o percurso. Fonte: elaborado pelo autor, 2021.

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