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FIM

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No ano de 2018, dentro dos moldes de bolsas de pesquisa da Escola da Cidade, fora desenvolvida a pesquisa experimental intitulada “Manual para o reuso dos resíduos da construção civil”, terminada no segundo semestre de 2019. A pesquisa, que durou um ano, contou com a mesma divisão de trabalho e cronograma que esta: metade bibliográfica e de referências e metade prática e de produção. Sob a mesma orientação que o trabalho atual, a parte inicial de pesquisa incluía a compreensão de iniciativas de coletivos e escritórios de arquitetura no campo da reciclagem de materiais construtivos, além da produção de material didático para ampliar a apropriação destes raciocínios sustentáveis.

No mais, buscou-se compreender o amparo legal e técnico para a compreensão e desenvolvimento de novos materiais para o emprego na construção civil. O cruzamento das pesquisas sobre a legislação de materiais, resíduos e reciclagem com iniciativas locais e comunitárias aproximou o autor da realidade paulistana de condicionamento e triagem de entulho. Leis, conselhos, planos nacionais, concessões e práticas tiveram que ser assimiladas para um amarrado do panorama legal deste campo de atuação: as mais necessárias destas serão apresentadas no Anexo I - A PNRS e a PGIRS (p.124). Aqui neste capítulo procura-se ressaltar alguns aprendizados do processo, além de reproduzir o método de trabalho prático realizado. Uma das principais descobertas da pesquisa bibliográfica foi a da já existência de um manual para reuso de materiais recicláveis, o Manual de Aplicação do Agregado Reciclado (MARE), publicado pela Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), que faz parte do plano de metas do Plano Nacional de Gestão Integrada de Resíduos (PNRS), de 2014.

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O MARE foi publicado pela primeira vez em dezembro de 2018 pela ABRECON. Nele foi compilado uma variedade de empregos para o RCD14 no campo da construção civil, divididos em quatro grandes temas: Jardinagem, Saneamento e Energia Elétrica; Concreto e Argamassa; Artefatos de Concreto; e Pavimentação. Dentro da estrutura do manual, cada exemplo de reapropriação de RCD - como “Execução de Dreno de solo” ou “Fabricação de Sarjeta Pré-Moldada” -, possui duas páginas, em que é definido o emprego do agregado e a granulometria correta para o seu uso.

14. Referente a resíduo da construção civil e demolição daqui em diante.

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15. Expansibilidade é o valor em que internamente a mistura do cimento pode se expandir e comprimir. Essas tensões podem causar microfissuração, e futuramente a degradação do material. 16. O Teor de Umidade é uma porcentagem de umidade dos agregados na mistura com o concreto para que o volume da mistura e, portanto, seu resultado, não saia do esperado. Essa informação é respaldada por uma série de requisitos listados em uma tabela na mesma página, contando com propriedades, parâmetros e normas de ensaios que esse RCD deve obedecer para ser utilizado no caso específico. Além disso, ainda são listados alguns requisitos técnicos específicos do produto em que o RCD vai ser empregado, tais como expansibilidade15 ou teor de umidade16 .

Com o manual foi possível conhecer uma outra classificação dos RCD, uma vez que todas as páginas tinham uma divisão para o emprego nos novos materiais:

O Agregado Reciclado Cinza ou Agregado de Resíduo de Concreto (ARC) é o agregado reciclado obtido do beneficiamento de resíduos pertencentes da classe A, tendo composição de 90% de cimento Portland;

O Agregado Reciclado Vermelho ou Agregado de Resíduo Misto (ARM) é o agregado reciclado que tem menos de 90% de cimento Portland de composição, sendo também atribuído a esse grupo todos os resíduos cerâmicos e solo.

Apesar do manual contar até com fotos coloridas dos exemplos de uso para cada emprego do RCD, a compreensão se torna um pouco difícil uma vez que os dados estão dispostos em tabelas e sem quantificação de porções para a utilização nas misturas, fazendo referência sempre às normas ABNT. Assim, esse manual acaba se tornando um grande compilado de propriedades e parâmetros que as misturas de RCD devem obedecer, sempre referente às NBR que as regulam, mas a função de orientar na apropriação prática do RCD deixa a desejar.

Ainda, o processo experimental desta primeira pesquisa foi imprescindível para a estruturação já mais avançada deste segundo trabalho. A experimentação proposta em 2018 foi a de estudo técnico da resistência do agregado reciclado de diferentes granulometrias em diferentes misturas de concreto. Nela, foi possível compreender se esse material poderia ser estruturalmente validado ou simplesmente resistente à menores tensões e, portanto, sem o emprego estrutural validado pelas normas brasileiras de tecnologia. Para melhor compreensão da primeira pesquisa, no final desse trabalho é anexado seu produto final, datado de 2019, o “Manual para reuso dos resíduos da construção civil” (Anexo III - p.139).

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