ENTREVISTA Neivor Canton fala com exclusividade a PorkWorld sobre os reflexos da abertura do mercado japonês
SANTA CATARINA COMEMORA Estado tem oito frigoríficos habilitados a exportar carne suína ao mercado japonês
BAYER Completa 150 anos dedicados à ciência para uma vida melhor
O valor da segmentação: sua mensagem atinge seu público-alvo com mais eficiência e menos dispersão. Temos a revista para o seu negócio.
É fato. O Grupo AW hoje é referência para quem busca informação de qualidade em suinocultura e avicultura. Essa credibilidade foi construída por profissionais que vivenciam o mercado, têm know-how em analisar as tendências, conhecem aspectos técnicos, acadêmicos e práticos, além de estarem em contato in loco com os principais acontecimentos de relevância mundial nos setores. Tudo isso é refletido nos portais de notícias, nas revistas que abrangem toda a cadeia e nos eventos que dispensam comentários. Não fique no superficial. Informação aprofundada e especializada só o Grupo AW pode oferecer. • Revistas do Grupo AW levam sua marca ao seu público-alvo com muito mais eficiência; • Equipe jornalística especializada; • As revistas e sites que mais inovaram no mercado ao longo de 12 anos de trabalho; • Tem o melhor conteúdo especializado para o seu negócio; • Maior penetração em mídias sociais; • Distribuição dirigida; • Resultado garantido
EDITORIAL
A
FLAVIA ROPPA PRESIDENTE
suinocultura brasileira, em especial a de Santa Catarina, está celebrando a abertura das negociações para comercialização com o Japão. Nossa qualidade venceu! Este é o fato que precisa ser evidenciado! Gostaríamos de parabenizar aos produtores e ao mercado em geral. Essa é uma vitória de uma classe que batalha muito para ter cada vez mais reconhecido todo o padrão de produção, que segundo especialistas, já atingiu níveis exigidos pelos mais rígidos mercados importadores. A matéria especial trata sobre este assunto, e junto com as personalidades da suinocultura relata os reflexos, opiniões e possíveis empecilhos sobre a abertura do novo mercado. Relatamos em entrevista com o vicepresidente da Cooperativa Aurora, Neivor Canton, os próximos passos que devem delimitar as transações comerciais. Qual deve ser a postura dos produtores? Qual é o reflexo da abertura do Japão à carne suína brasileira para o mercado interno? Com a abertura do mercado oriental o setor espera que ocorra maior equilíbrio entre a demanda e a oferta no mercado interno, o que deve gerar também melhor equilíbrio dos preços.Segundo Neivor Canton, “temos de deixar de exportar grãos e transformá-los em proteína animal, com maior valor agregado e altamente industrializado. Precisamos passar a exportar ‘valor’ ao invés de commodities”. O que nos deixa cada vez mais motivados e felizes em nosso caminho é saber é
o potencial do mercado para a carne suína brasileira. O mundo está cada vez menor para nós! Parabéns a todos os envolvidos nas transações! Este é o resultado de uma suinocultura rica de personagens, pessoas e histórias, construída pela nossa gente! Histórias como as que relatamos de Lauri Rauber, que teve a paixão pela atividade despertada em 1998 e que, desde então, vê sua Granja no estado do Paraná, a Jucélia, se desenvolver e prosperar. História de gente que estuda e se dedica ao crescimento do setor, como Gustavo Lima, da Embrapa. Um dos principais estudiosos da atividade que tem sua vida dedicada à suinocultura. Estes personagens, e tantos outros, ajudam a fortalecer a suinocultura, sendo um espelho aos demais. Outro exemplo de trabalho digno de homenagem é o desenvolvido pela Cooperitaipu - Cooperativa Reginal Itaipu, situada no oeste catarinense, com sua sede na cidade de Pinhalzinho (SC). Este é um exemplo de entidade que prega a união de uma classe pelo favorecimento do grupo e pela transformação social. É por isso que temos que ter cada vez mais orgulho em fazer parte da suinocultura brasileira! Este é um setor que se renova, se transforma, se adapta, se organiza, se ajusta, que luta, que briga, que sofre... mas que está lá! Firme e forte, se superando a cada estação, mostrando a força de seu povo! A Revista PorkWorld se orgulha muito em ser o veículo que conta esta linda história em cada edição!
Porkworld comemora mais um ano de vida! A Revista PorkWorld está comemorando nesta edição mais um ano de existência! Já são 13 anos levando muita informação à suinocultura! Queremos agradecer a todos que nos acompanham ao longo destes anos! Um agradecimento especial também a todos os
profissionais que auxiliam na construção da Revista PorkWorld, seja enviando artigos, dicas, sugestões, sempre visando a melhoria de nossa Revista. Nosso muito obrigado!
EXPEDIENTE Grupo AW | Uma referência no Agronegócio com uma proposta de informação atualizada e de alto nível. O Grupo AW hoje é referência de know-how em suinocultura e avicultura, aproximando empresas, técnicos, produtores, universidades, executivos e gestores do agronegócio brasileiro e mundial. Revista PorkWorld, liderança construída com credibilidade e eficiência
DIRETORA Flavia Roppa flavia@grupoaw.com.br JORNALISTAS COLABORADORAS Fernanda de Paulo jornalismo@sspe.com.br Carla Vido imprensa@sspe.com.br Giovana de Paula imprensa@sspe.com.br COMERCIAL Valcir Callogeras
Executivo de Contas
comercial@sspe.com.br Daniel Diniz Executivo de Contas
atendimento@sspe.com.br PROJETO GRÁFICO Guilherme Neptune Designer Gráfico
gneptune@gmail.com ATENDIMENTO AO CLIENTE sac@grupoaw.com.br
PUBLICAÇÕES
Revista PorkWorld: ISSN - 1980-1971 Revista AveWorld: ISSN - 1980-198X
PORTAIS DE NOTÍCIAS • www.aveworld.com.br • www.porkworld.com.br
CONTATO | ADMINISTRAÇÃO | PUBLICIDADE PABX: 55 19 2121.8400 www.editora-animalworld.com.br
ASSINATURAS
1 ano R$ 140,00 | 2 anos R$ 250,00 | Anteriores R$ 29,90 Quer Assinar? sac@grupoaw.com.br
ÍNDICE
08
ENTREVISTA Os reflexos da abertura do mercado japonês, com Neivor Canton
12
PORK NEWS As principais notícias da suinocultura brasileira e mundial e as novidades corporativas
24
FRASES As frases de destaque do mundo do agronegócio
26
CAPA 150 anos de Bayer
32
Especial SC comemora abertura do mercado japonês
46
88
50
94
Cooperativas Cooperitaipu: essência para organização social
Pregão Panorama macroeconômico
CARNES Por trás do frigorífico Cowpig
54
MERCADO Técnicas para gerenciar o mercado no agronegócio
58
Reprodução A inseminação intrauterina em suínos
68
MANEJO Mão de obra qualificada na suinocultura
74
Produção Granja Jucelia se destaca como modelo de UPL
78
Personalidade Gustavo Lima e o desenvolvimento da suinocultura
82
Estatísticas Exportações caem quase 18%
84
Boletim O mercado em maio
COLUNISTAS Consumo de Alimentos, por Marcos Fava Neves e Tássia Gerbasi; Ponto de Ruptura, por Ricardo Amorim e A importância do RH no agronegócio, por Maria Stella de Mello Saab
98
ABRA NEWS Por uma cadeia mais sustentável
100
AGENDA/CARTAS Fique antenado sobre os principais eventos do setor e confira a opinião dos leitores
102
RECEITAS Costeletas de porco com pimentões amarelos
ENTREVISTA
Neivor Canton é vice-presidente da Coopercentral Aurora
Japão e Brasil: enfim, um próspero casamento Suinocultura brasileira celebra acordo internacional com o Japão para a venda de carne suína por Giovana de Paula fotos Divulgação 8
A
A suinocultura brasileira, em especial a de Santa Catarina, está celebrando a conquista da abertura do mercado japonês para a carne suína produzida no Estado. Apesar de as tratativas para a comercialização estarem apenas no início, as perspectivas são as melhores possíveis, uma vez que o Japão é o maior importador mundial do produto. O país tem capacidade e potencial para importar até 1,2 milhão de toneladas por ano, volume atualmente fornecido pelos Estados Unidos. Em 90 dias o Brasil poderá iniciar os primeiros embarques, se os contatos comerciais tiverem êxito. A conquista do mercado japonês foi um trabalho coletivo de melhoria da sanidade agropecuária catarinense, com a participação direta do governo estadual, por meio da Cidasc, produtores e agroindústrias. Foi esse diferencial que permitiu a SC se tornar área livre de aftosa sem vacinação e conquistar mercados exigentes do exterior, como os EUA e o Japão. O Japão exige absoluto rigor sanitário e eficiente controle do processo produtivo. A principal exigência é que os suínos sejam nascidos, criados e abatidos em território catarinense, tenham nutrição de alto padrão e registro de todos os medicamentos ministrados durante a vida do animal em boletim veterinário. A abertura do mercado japonês para a carne suína de Santa Catarina - a única área livre de aftosa sem vacinação no Brasil cria expectativas positivas para a agroindústria barriga-verde. Há cerca de dez anos as indústrias, os produtores rurais e o governo desenvolviam gestões diplomáticas e comerciais com esse objetivo. A decisão do Japão em comprar a carne de Santa Catarina levou em consideração a estrutura de produção no campo e nas indústrias e o sistema de controle da sanidade animal. Uma comitiva japonesa virá ao Brasil para visitar as indústrias do Estado e orientar que tipos de cortes os japoneses desejam. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) indicará as indústrias que serão vistoriadas. A unidade FACH1 da Aurora, em Chapecó, já está habilitada para exportação para o Japão. Serão necessárias algumas adequações na planta industrial para atender as especificidades dos cortes que o mercado japonês exige. Além disso, os profissionais serão preparados para fazer os cortes solicitados pelos japoneses. Para conhecermos as perspectivas e a previsão do cenário para a Suinocultura, tanto catarinense como para a brasileira, a Porkworld conversou com o VicePresidente da Aurora, Neivor Canton. Em entrevista exclusiva, ele destaca que a venda ao mercado japonês é resultado de um longo ‘namoro’, mas que agora, este será um feliz casamento. “Tenho certeza que esta será uma longa união, pois após mais de dez anos de conversas, conseguimos convencê-los da qualidade
da carne suína produzida em Santa Catarina. Este é um mercado altamente exigente, rigoroso e com muitas especificações para a produção, mas como nós produzimos dentro dos melhores padrões mundiais, não havia mais motivos para que não fosse realizado este acordo comercial”, disse.
“O Japão exige absoluto rigor sanitário e eficiente controle do processo produtivo. A principal exigência é que os suínos sejam nascidos, criados e abatidos em território catarinense, tenham nutrição de alto padrão e registro de todos os medicamentos ministrados durante a vida do animal em boletim veterinário” Acompanhe os principais trechos da entrevista. Porkworld - Quais são os reflexos mais imediatos da abertura do mercado japonês à carne suína de Santa Catarina? Neivor Canton – Ainda não conseguimos avaliar de imediato, porém, as perspectivas são as melhores possíveis. Esta é a primeira vez que ingressaremos nossa carne suína no Japão. Este é um país altamente exigente, com muitas especificações, mas como a nossa carne está entre as melhores do mundo, finalmente conseguimos. Porkworld - Houve algum lobby que pudesse atrapalhar as negociações? Neivor Canton - Sim, claro! Precisávamos ganhar um mercado que pertencia a outro país, no caso, o norte-americano. Talvez possamos classificar melhor esta relação comercial como ‘oposição’, mas abrimos espaço com muita habilidade, pois para nós, qualidade nun julho 2013 / edição 77
9
ENTREVISTA ca foi problema. Trabalhamos sob os mais rígidos processos sanitários, temos a melhor genética do mundo e grande capacidade para atender ao Japão. Porkworld - E como será o processo para a venda do produto ao Japão? Neivor Canton – Nossas fábricas já estão preparadas para atender a este mercado e agora precisamos somente ampliar o entendimento sobre os hábitos do consumidor japonês para atender ao padrão exigido. A missão japonesa que virá em breve ao Brasil fará uma nova vistoria, para adequações, mas nossas fábricas já foram credenciadas à exportação. Porkworld - Até que o ponto o fato de o Brasil já ser um fornecedor de frango ao país auxiliou no processo de abertura do mercado oriental? Neivor Canton – Apesar de serem mercados distintos, com exigências específicas, porém, os clientes acabam sendo os mesmos. Faltava uma abertura sobre as questões sanitárias, o que foi comprovado. Além disso, precisávamos adequar as máquinas e treinar nossa equipe para a exportação de carne suína, que é completamente diferente da venda de carne de frango. Estamos preparados para o desafio e com certeza vamos atender amplamente este mercado de forma sólida e competente.
Neivor Canton – Acima de tudo, de cautela. O mercado internacional sempre foi bastante instável à suinocultura brasileira. Vide mercado russo, que hora está aberto, hora está fechado, depois adentramos à Ucrânia, e por aí, vamos batalhando no mercado internacional, com suas dificuldades e inconstâncias. Não é a hora de aumentarmos a produção, temos de ter cautela. A questão agora, em um primeiro momento, é migrarmos nossa produção para os mercados com maior potencial à nossa carne suína e, posteriormente e aos poucos, vamos ajustando nossa produção e demanda. Porkworld - Internamente, a suinocultura brasileira sempre sofreu com falta de ajustes entre oferta e demanda, o que gera cíclicas crises no setor. Qual sua opinião sobre o atual estágio mercadológico da suinocultura brasileira frente à abertura do mercado japonês? Neivor Canton – Com a abertura do mercado oriental haverá melhor equilíbrio entre a demanda e a oferta no mercado interno, o que deve gerar também melhor equilíbrio dos preços. Não adianta: o que manda no mercado é a relação entre oferta e demanda. Temos fatores extremamente positivos no Brasil, como a capacidade de produção de grãos e a nossa mão de obra, além da grande capacidade de adequação. Temos a característica de responder com rapidez quando as oportunidades aparecem. Apesar das questões clássicas de falta de logística, temos totais condições de nos mantermos competitivos no Agronegócio. No dia em que não existirem estes problemas de falta de estradas, portos, etc, seremos imbatíveis, pois mesmo com todas as dificuldades nossa produtividade é comparada aos melhores níveis internacionais.
“Precisamos passar a exportar ‘valor’ ao invés de commodities”
Porkworld – Produto, apresentação e preço serão determinantes para o fechamento dos negócios com o Japão? Que análise o Sr. faz sobre estas questões? Neivor Canton – Sem dúvida. A qualidade de nosso produto fala por si só. Inquestionável. Quanto à apresentação, agora é somente questão de adequação e treinamento da equipe para as exigências (diferença nos cortes). E o detalhe do preço é algo que nos deixa bastante satisfeitos, pois com a exigência do fracionamento de cortes e suas especificidades, esta é uma oportunidade para podermos agregar maior valor ao nosso produto. No início, teremos de mandar os cortes para que sejam processados lá ao consumidor final. Dificilmente atenderemos ao consumidor final neste início de transação comercial, mas gradualmente poderemos enviar o produto finalizado, com maior valor agregado. Porkworld - Qual deve ser a postura dos produtores, tanto catarinenses como dos demais estados do Brasil, com a abertura ao mercado japonês? 10
Porkworld – O Sr. citou no início da entrevista que este acordo com o Japão foi o resultado de mais de dez anos de conversas e tratativas. O Sr. acha que o Brasil é um bom ‘vendedor’ do seus produtos? Neivor Canton – Com certeza não. Falhamos muito nas relações comerciais e este é um ponto que precisamos melhorar. Temos de deixar de exportar grãos e transformá-los em proteína animal, com maior valor agregado e altamente industrializado. Precisamos passar a exportar ‘valor’ ao invés de commodities. Temos um espaço enorme para crescimento, por isso estou muito otimista. Estamos avançando, e muito, no mercado internacional.
junho 2013 / edição 76
11
PORK NEWS
Farmabase marca presença como único grupo brasileiro no 5th European Symposium of Porcine Health Management
P
ara estreitar o relacionamento com seus clientes e também para buscar informações e conhecimentos a Farmabase patrocinou a ida de um grupo formado por seis médicos veterinários para o 5º Simpósio Europeu de Gestão de Sanidade Suína (European Symposium of Porcine Health Management), evento que foi realizado entre os dias 22 e 24 de maio, na cidade de Edinburgh, na Escócia. O Simpósio foi organizado pela Sociedade dos Veterinários Especialistas em Suínos (PVS) do Reino Unido em parceria com o Colégio Europeu da Gestão
da Sanidade Suína (ECPHM) e a Sociedade Europeia de Gestão da Sanidade Suína (EAPHM). Na edição deste ano, o evento contou com a participação de mais de 800 pessoas. Além da organização do evento a Sociedade dos Veterinários Especialistas em Suínos do Reino Unido também comemorou seu 50º aniversário, constituindo-se assim a entidade relacionada à sanidade suína mais antiga do mundo. Marcaram presença no Simpósio os médicos veterinários Yuso Tutida e André Leonhardt do Frigorífico Riosulense; Valdir Schumacher da Cooperativa Aurora; e Rosano Immich, Alexandre Machado e Flávio Hirose, da Farmabase.
Profissionais da Farmabase e clientes marcaram presença no 5th European Symposium of Porcine Health Management
Retomada de exportações para a Ucrânia vai reaquecer expectativas do mercado para 2013
T
radicionalmente, a Ucrânia tem sido um dos principais compradores da carne suína brasileira. Em março deste ano, quando os ucranianos impuseram restrições às vendas provenientes do Brasil, estas tinham crescido, em fevereiro, 11% em relação ao mesmo mês de 2011. O país embarcou para aquele mercado, em fevereiro deste ano 8.775 toneladas. Em maio o Brasil não vendeu nada para a Ucrânia. Em consequência, as exportações brasileiras de carne suína caíram quase 18% em maio. O fechamento do mercado ucraniano levou a uma retração de 53% nos embarques para aquele país no acumulado do ano até 12
maio. Portanto, a reabertura da Ucrânia para a carne suína brasileira é comemorada pelo setor privado como uma das grandes notícias do ano, ao lado da abertura do mercado japonês, o maior importador mundial do produto. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Eduardo Saldanha Vargas, a retomada das exportações para a Ucrânia irá reaquecer as expectativas do mercado para 2013. Faltando ainda seis meses para terminar 2013, a reabertura da Ucrânia deverá pesar favoravelmente para o resultado total das vendas externas de carne suína.
julho 2013 / edição 77
13
PORK NEWS
Em 2020 carne de frango será a mais consumida no mundo
A
previsão integra trabalho conjunto desenvolvido pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e sugere que no último ano da corrente década o consumo mundial de carne de frango alcançará volume muito próximo dos 124 milhões de toneladas, enquanto o de carne suína não deve passar dos 123,8 milhões de toneladas. Na média do triênio 2010-2012 (dados preliminares para
A
2012), o consumo estimado de carne suína (109,456 milhões de toneladas) foi 6,13% superior ao da carne de frango (103,132 milhões de toneladas). Já a previsão para 2022 sugere consumo quase 1,5% maior para a carne de frango (128,377 milhões de toneladas, para 126,576 milhões de toneladas da carne suína). Isso acontece porque, nas projeções da FAO/OCDE, o consumo de carne suína tende a se expandir a uma média que não passa de 1,5% ao ano, enquanto a expansão prevista para o consumo de carne de frango se situa ligeiramente acima dos 2% ao ano.
Pen Ar Lan agora é Choice Genetics Pen Ar Lan agora é Choice Genetics, nome da divisão de genética suína do Groupe Grimaud que reagrupa a Pen Ar Lan e a Newsham. Nos Estados Unidos, a Newsham também muda para Choice Genetics US. O objetivo da mudança é de traduzir a fusão das empresas, que já é uma realidade no nível do departamento de pesquisa e de melhoramento genético, além de dar ao conjunto uma legibilidade comercial maior, com a criação de uma marca única e forte a nível mundial. O nome Choice Genetics
traduz o que é nosso cotidiano como empresa de genética, “escolha do melhor animal” para melhoria de toda a população. O nome Choice Genetics é também um legado da empresa Monsanto graças a qual Choice Genetics é hoje líder na seleção assistida por marcadores. Choice Genetics é uma empresa nova, mas que já nasce com mais de 100 anos de experiência acumulada pelas empresas que lhe deram origem. Nosso objetivo é ser líder em inovação e tecnologia para trazer valores aos produtores de hoje.
Nilton Pinheiro, diretor Grupo Grão Dourado, Frédéric Grimaud, presidente do Groupe Grimaud e Yves Naveau, diretor da Choice Genetics 14
A
Grupo JBS compra Seara
compra – avaliada em R$ 5,85 bilhões – da Seara, divisão de aves e suínos e alimentos processados da Marfrig, pela JBS – maior empresa de carnes do mundo – deve ajudar a companhia a ganhar espaço em um setor liderado pela BRF. A transação ainda pode incluir outros ativos, e com essa negociação a Marfrig perde 30% do tamanho, em contraponto adquire capital para reduzir em mais de
Z
60% a dívida líquida – que em março girava em torno de R$ 9,95 bilhões. Para ganhar fôlego financeiro e voltar a crescer, a venda da Seara foi a saída encontrada pela Merfrig para reduzir rapidamente o endividamento. A Seara foi uma das cerca de 40 aquisições feitas pela Marfrig nos últimos cinco anos, em uma estratégia para crescer rapidamente, mas que fez a dívida atingir níveis considerados elevados demais pelo mercado.
Workshop internacional de bem-estar animal oetis apoiou evento promovido pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) entre os dias 11 e 13 de junho no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde (SP). Entre os temas abordados durante o encontro, o bem-estar dos animais de produção e perspectivas para as indústrias realizarem as adaptações ou implementarem novas instalações que atendam os requerimentos de bem-estar durante a gestação. Recentemente, a Zoetis obteve a cer-
tificação Environmental Product Declaration - EPD (ISO 14025 – Tipo III) concedida à Vivax - vacina para imunocastração que atua no sistema imunológico do suíno controlando as substâncias envolvidas no odor de macho inteiro. A vacina – primeiro produto veterinário voltado para saúde animal a obter a certificação mundial – dispensa castração cirúrgica em suínos, o que traz uma série de benefícios ao rebanho, reduz o impacto ambiental e melhora substancialmente a produtividade.
junho 2013 / edição 76
15
PORK NEWS
A
Compra da Smithfield por chineses afeta o Brasil aquisição da gigante americana de suínos Smithfield pela chinesa Shuanghui International anunciada em junho tem potencial para elevar as exportações de carne suína dos EUA para a China, mas deve emperrar ainda mais as já difíceis e ínfimas vendas do produto brasileiro ao mercado chinês. Pelo acordo, a Shuanghui International vai adquirir 100% das ações da Smithfield a US$ 34 por ação. É nesse ponto que o Brasil pode ser prejudicado. Se o país já não exportava quase nada em carne suína ao mercado chinês, a esperança de que a situação melhorasse ficou menor agora. A China abriu seu mercado ao
produto brasileiro em abril de 2011. Mas apenas um número restrito de unidades de produção no Brasil foi autorizada a exportar ao país. No ano que passou, o Brasil exportou apenas 3 mil toneladas de carne suína à China, ou US$ 8 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Os números são ínfimos comparados com as exportações totais do Brasil em 2012: 581,5 mil toneladas ou US$ 1,495 bilhão.
Copérdia lança Programa Coleta Segura
O
projeto é voltado ao recolhimento de frascos e resíduos de vacinas, medicamentos e saneantes gerados nas propriedades rurais da cooperativa. Segundo a responsável pelo projeto na Copérdia, Samara Romani o objetivo do trabalho é regularizar as propriedades rurais associadas à cooperativa de acordo com a legislação ambiental. “Vamos dar destinação final ambientalmente correta através de um Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde Animal (PGRSS). Vamos trabalhar de forma a atender as condições de armazenagem, coleta, transporte, tratamento e destino final dessas embalagens”, explica Samara. O evento reuniu autoridades da Aurora e Copérdia, além de entidades ligadas ao meio ambiente.
Samara Romani, responsável pelo projeto
Nova técnica de manejo para animais de abate resulta em produtividade
U
ma nova técnica que melhora o rendimento e produtividade de porcas prenhas está sendo utilizado em uma fazenda na zona rural de Brasília (DF). Segundo o proprietário da fazenda, Rubens Valentini, o novo procedimento faz com que o período da gestação das porcas ocorra em espaço coletivo ao invés do convencional. “O novo [procedimento] é bem melhor e é possível comprovar isso na prática, porque é mais produtivo”, afirma Valentini. Com o sistema antigo o peso dos 16
leitões recém-nascidos era de 1,4 quilos, já com o novo sistema a pesagem chega a 1,5 quilos. A taxa de parição também aumenta no novo procedimento, passando de 92,5% para 94,6%. Para a gerente de animais de produção da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) Charlie Ludtke, o benefício não é apenas para o animal, mas também para o criador. “Isto evita que a carne do boi fique seca, rígida e escura. Já a carne de aves e de suínos não corre o risco de ficar pálida, ou defeituosa como é conhecido”, ressalta a gerente.
Eduardo Leffer é o novo Gerente de Negócios suínos da Boehringer Ingelheim
M
édico veterinário especializado em produção de suínos e aves – com MBA em Marketing na FGV Campinas – Eduardo Leffer assume a Gerência de Negócios Suínos da Boehringer Ingelheim. Atuou no setor da agroindústria na produção de frangos de corte por cinco anos e durante 12, nas áreas técnica e de marketing em multinacional. Iniciou sua carreira na Boehringer Ingelheim em 2011, como Gerente de Produtos, com objetivo de consolidar a imagem da empresa no mercado nacional e desenvolvimento de estratégias para diferenciação de produtos e serviços. Nesta nova etapa, na Gerência de Negócios Suínos, Eduardo tem como foco manter a liderança no segmento de vacinas, e agregar valor aos clientes.
Eduardo iniciou sua carreira na Boehringer Ingelheim em 2011
julho 2013 / edição 77
17
PORK NEWS
Sistemas de alimentação líquida são vantajosos para criação
C
hegando aos poucos no mercado, o sistema de alimentação líquida para matrizes é um dos destaques da empresa alemã Big Dutchman, que trouxe para o Brasil o HydroMix. O sistema permite ao produtor uma economia com ganhos consideráveis de conversão alimentar – tem baixo custo de manutenção e vida útil prolongada. De acordo com o produtor de suínos da cidade de
Arapoti (PR), Arie Willem Bronkhorst, o sistema HydroMix “supriu as necessidades produtivas, além de reduzir a mão de obra e melhorar a eficiência na dosagem do arrazoamento”. O sistema de alimentação líquida é mais vantajoso do que os dominantes sistemas de alimentação seca, já que o primeiro se destaca pela versatilidade, tecnologia e principalmente pela economia, além de ser adaptável às necessidades nutricionais de cada animal.
Integram o Sistema de Alimentação Líquida HydroMix os seguintes componentes
Tanque de mistura com agitador e sistema de limpeza Sistema eletrônico de pesagem Bomba de alimentação Tubulação e válvula de alimentação inteligente Computador de alimentação MC 99 NT ou MC 99 NT-Economy
18
A
InVivo nomeia dois novos gerentes para Premix InVivo, empresa de ração e nutrição animal, está com dois novos gerentes na área de Premix. Jorge Pacheco é o novo responsável pelo setor de suínos, enquanto, Paulo Nicolau assume o posto na área de aves. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jorge Pacheco, possui MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agribusiness pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. Possui mais de 12 anos de experiência na área de suinocultura, com passagens por grandes empresas de Premix do mercado. Seu principal objetivo é a expansão da marca InVivo Mix no mercado. Já Paulo Nicolau é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), possui mais de 18 anos de experiência na área, com passagens por grandes empresas avícolas e de nutrição animal. Na posição de Gerente Premix ficará responsável pelo desenvolvimento da área técnica comercial do negócio de Aves.
Jorge Pacheco é o novo responsável pelo setor de suínos
julho 2013 / edição 77
19
PORK NEWS
O
Auster comemora cinco anos com visita à fábrica Acima, equipe Auster Nutrição Animal e Paulo Portilho
20
início das comemorações dos cinco anos da Auster Nutrição Animal aconteceu na segunda quinzena de junho em Hortolândia (SP). A convite da empresa, os jornalistas da região de Campinas e São Paulo compareceram para uma coletiva com o sócio-diretor, Paulo Portilho e logo depois uma visita à fábrica. No mercado de nutrição animal desde 2008, a empresa 100% brasileira Auster iniciou seu trabalho baseado em especialidades lácteas e atualmente produz enzimas e aditivos para o setor de aves, suínos e bovinos. Em meio a crise dos Estados Unidos (2008), uma das missões era criar modelos para a realidade e desde então o trabalho foi feito para evoluir no segmento de nutrição. Em 2010 iniciou trabalho com aditivos e enzimas (AB Vista). Devido aos resultados positivos, os investimentos continuaram e os retornos foram bem sucedidos, firmando parcerias pelo mundo todo como a Kerry Ingredientes (Irlanda) e a Hamlet Protein (Dinamarca). Composta atualmente por 50 funcionários – entre sócios-diretores, área de vendas, profissionais técnicos da área de nutrição entre outros – o investimento da Auster para a construção da fábrica em Hortolândia (SP), girou em torno de R$ 13 milhões, resultando em uma empresa localizada em uma área de 17 mil m². Mesmo com as dificuldades de investir no Brasil, Portilho é otimista em relação ao futuro daAuster: “Queremos aumentar a capacidade dos armazéns para matéria-prima, mantendo nossa área reflorestada, que temos dentro de nosso terreno”. No ano passado a Auster teve um faturamento que cresceu em torno de
68% (se comparado com o ano de 2011) e para este ano Paulo Portilho espera mais. “Em 2013 esperamos um faturamento de R$ 90 milhões, além de trabalharmos em novos produtos”. Para a produção dos nutrientes, a empresa conta com fórmulas próprias e uma linha de produção com transporte pneumático. “Todos pontos de movimento de material tem filtros dedicados, com limpeza automática. Enquanto a limpeza [com jatos de ar] dos filtros é feita, a máquina começa a carregar uma nova receita do computador”, explica Portilho. O processo de produção macro engloba a transferência da matéria-prima para os silos, logo em seguida para a balança e por último no misturador, transportado por um robô. “Um ponto importante é que todas matéria primas são elevadas e todo processo após isso é vertical, sem pontos de nova elevação ou transporte horizontal, o que evita contaminação nos produtos”, completa o diretor. A empresa ainda tem uma linha de microdosagem, com precisão de 10g/t. São quatro silos para cada balança, num total de dezesseis silos, que recebem o material e logo em seguida o misturador recolhe o material entre as balanças, realiza o processo de mistura e descarrega. O tempo em média para todo um ciclo produtivo é de apenas cinco minutos e somadas todas linhas de produção a capacidade é de até 30 toneladas de produto por hora. Para dar continuidade às comemorações deste cinco anos de existência, a Auster espera os clientes para conhecer as instalações da fábrica, além de apresentar a produção de cada produto desenvolvido pela empresa.
A
Merial apresenta solução contra a circovirose suína circovirose suína, grande responsável por consideráveis perdas de produtividade nas granjas e consequente desfalque econômico de suinocultores em todo o mundo, tem solução. Esta é a mensagem que a Merial Saúde Animal levou para a 7ª edição do Simpósio Internacional de Produção Suína (Suinter 2013), que aconteceu entre os dias 19 e 21 de junho, em Foz do Iguaçu (PR). Discussões e apresentações acerca de temas como sanidade, nutrição, reprodução e gestão de pessoas e da informação, a Merial tem como objetivo levar informações sobre a prevenção da circovirose suína e a vacina Circovac®, capaz de proporcionar resultados práticos e consistentes na proteção contra a doença. O médico veterinário Edson Bordin, gerente técnico da Merial, destaca a proteção contra o PCV2 (vírus da circovirose) como objetivo principal do produto, proporcionando: diminuição acentuada da viremia, proteção dos órgãos linfoides o que conduz à redução do índice de mortalidade, diminuição significativa da refugagem, redução do uso de antibióticos, entre outros benefícios de grande impacto.
A
Pacote genético de alto desempenho empresa internacional de genética suína, TOPIGS, desenvolveu o pacote genético TALENT x TOPIGS20, considerado ideal para a cadeia de produção de suínos do Brasil. O produto terminado do cruzamento deste pacote resulta em um suíno de alto rendimento e de baixo custo de produção. Os suinocultores sempre estão atrás do melhor material genético para suas granjas e segundo o Geneticista da TOPIGS do Brasil, André Costa, o resultado do pacote genético TALENT x TOPIGS20 é de um animal que possui alto desempenho, tanto na fase de creche, quanto na fase de terminação. “Junto com uma excelente conversão alimentar, os animais apresentam ótimo ganho de peso diário, menor espessura de toucinho, melhor qualidade de carne e menor mortalidade (cerca de um ponto percentual menor), quando comparado com outros pacotes genéticos do mercado brasileiro”, explicou. Ele esclareceu ainda, que o impacto econômico dentro das granjas ocorre devido ao maior número de animais entregues/fêmea/ano, menor consumo de ração e maior receita ao abate devido ao melhor rendimento para o frigorífico. julho 2013 / edição 77
21
PORK NEWS
II Seminário Agroceres de Economia e Negócios reúne principais produtores da região de MG
R
ealizado durante a Agrofena/Fenamilho em Patos de Minas, o evento teve como objetivo debater assuntos de interesse dos envolvidos no setor de suinocultura. Um dos participantes, o produtor de suínos e grãos de Patrocínio (MG), Ricardo dos Santos Bartholo destaca que com o encontro conseguiu discutir assuntos específicos e saímos com sentimento de força. “Isso só é possível em evento como este, que mostra a força que podemos ter unidos”, completa o produtor. Segundo o membro do Sindicato Rural de Patos de Minas, José Augusto Alves, “a Agroceres promoveu uma excelente oportunidade para troca de informações relevantes entre os produtores da região, o que contribui com maior fortalecimento da classe, além de maior entrosamento entre produtores”. Para o presidente da Agropecuária Local Rural de Lagoa Formosa (MG), Antônio Machado Rosa “é uma maneira importante para o produtor e representantes do segmento se inteirar sobre o mercado que se desenha neste período de safra. Foi importante para alinhar ideias e reunir toda a cadeia produtiva”.
S
Presidente executivo do Grupo Agroceres durante evento
Definida lista de frigoríficos habilitados a exportar ao Japão anta Catarina tem oito frigoríficos habilitados a exportar carne suína ao mercado japonês. A lista das indústrias foi elaborada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e aprovada pelo governo japonês. Foram habilitados para atender o mercado japonês os frigoríficos BRF
(Campos Novos e de Herval D’Oeste), Seara (Seara e de Itapiranga), Pamplona (Rio do Sul e de Presidente Getúlio), Aurora (Chapecó) e o Sul Valle (São Miguel do Oeste). De acordo com o secretário da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, “esses frigoríficos atendem requisitos solicitados pelas missões japonesas que estiveram no Estado nos últimos anos”.
Estoques norte-americanos devem cair 2,7% na safra 2013/2014
O
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu as estimativas para a safra norte-americana de milho 2013/2014 no relatório mensal divulgado em junho, para 355,75 milhões de toneladas, em comparação com as projeções de 359,17 milhões de toneladas apontadas no relatório de maio. A safra passada foi de 273,83 milhões de toneladas, devido à forte seca que atingiu o país. A queda atual reflete o atraso no plantio na região que contempla o cintu22
rão de milho do país devido às adversidades climáticas. Com isso, os estoques finais também foram reduzidos e devem se situar em 49,52 milhões de toneladas. Em maio, o USDA previu estoques finais de 50,91 milhões de toneladas para o país. A safra da China foi mantida em 212 milhões de toneladas, com importações de 7 milhões de toneladas, mas os estoques finais caíram 4,12% sobre as projeções de maio, para 58,24 milhões de toneladas. O departamento manteve as previsões para as safras do Brasil e da Argentina.
A
s granjas Nova Santa Cruz (Santa Clara do Sul), Condomínio Eloi Machado dos Santos (Roca Sales) e Condomínio Pedro Canton (Anta Gorda) foram mais bem colocadas no quesito número de leitões nascidos, peso quando desmamados e leitões por porca/ano, com 1,1 mil fêmeas, 1,3 mil porcas e 880 fêmeas respectivamente. A premiação aconteceu durante o Seminário de Suinocultura que contou com a participação do presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas. Segundo o presidente, a parceria entre a cooperativa e a Génétiporc se deve ao padrão genético, à evolução contínua, por ser “uma empresa de ponta, que está em constante pesquisa, e também à confiabilidade”, completa. Segundo o diretor técnico da Génétiporc Brasil, Werner Meincke, a realização de seminários é importante para que os suinocultores recebam informações sobre a cadeia produtiva. “Este evento tem o caráter de evolução para todos nós”, conclui Meincke.
foto: Carina Marques
Dália Alimentos e Génétiporc premiam melhores granjas durante seminário
Premiados junto à direção da Dália Alimentos e Génétiporc
julho 2013 / edição 77
23
FRASES “O status sanitário de Santa Catarina, livre da febre aftosa sem vacinação foi definitivo porque o Japão é muito exigente e ao mesmo tempo um mercado bastante estável, por este motivo já é possível esperar um crescimento extraordinário da economia catarinense” Raimundo Colombo, Governador de SC
“Qualquer carne que saia do país ajuda o Paraná. Podemos conquistar mais espaço no mercado interno”, Darci Backes, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS)
“Nos últimos meses o setor sofreu com o efeito gangorra, reflexo do cancelamento de alguns contratos e do excesso de oferta no mercado interno, que derruba os preços. Como a produção de Santa Catarina abastece o Brasil e agora será para exportação, o Paraná pode ocupar esse mercado que será aberto”, Adilson Kulpa, Associação Regional dos Suinocultores do Oeste
“Quem quiser sobreviver em qualquer atividade, tem que ser bom e ter capacidade de gerenciamento para superar as crises”
Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, Presidente Executivo da Dália AlimentosParanaense de Suinocultores (APS)
“Muito difícil fazer previsões sobre o preço das commodities e dos insumos, momento é muito nervoso no mercado internacional” Alexandre Mendonça de Barros, economista.
Nós não estamos exportando tanques, armas e segurança cibernética. São costeletas suínas”, Larry Pope, CEO da Smithfield 24
“Será possível atender à demanda crescente por suínos na China importando os produtos de alta qualidade dos Estados Unidos, sem esquecer o mercado americano e o resto do mundo”, Wan Long, chairman da Shuanghui “A retomada da produção de suínos será mais lenta do que a de frangos. Os novos investimentos virão dos produtores independentes - os integrados deverão rever sua produção somente no ano que vem” André Pessoa “A formalização da abertura do mercado para as exportações de carne suína de Santa Catarina conclui um ciclo de muito trabalho”, Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Abipecs
“A abertura do Japão amplia os negócios dos demais estados produtores, como o Paraná e o Rio Grande do Sul”, Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne)
“O Japão é o maior mercado exportador de carne de porco, além de ser um mercado estável. Eles consomem mais de 1 milhão de toneladas por ano e exportam boa parte desse montante” Wilson Mello, vice-presidente BRF
julho 2013 / edição 77
25
CAPA
Bayer: 150 anos dedicados à ciência para uma vida melhor Na busca para auxiliar uma melhor qualidade de vida das pessoas e o bem-estar animal através de conhecimento gerado por pesquisadores, a alemã Bayer completa mais de um século de uma história bem sucedida e marcada por inovações e produtos que fazem parte de nossas vidas. por Fernanda de Paulo fotos Divulgação
26
Josiédi Pires, gerente nacional de vendas; Rogério Petri, gerente da Unidade Aves, Suínos e Aquacultura; Eliana Dantas, coordenadora técnica de Aves e Suínos; Sérgio Schuler, diretor da Saúde Animal; e Luiz Felipe Lecznieski, gerente de marketing
julho 2013 / edição 77
27
CAPA
L
iderança, Integridade, Flexibilidade e Eficiência. Esses são os valores do Grupo Bayer para solucionar problemas, promover e desenvolver soluções para a saúde humana e animal. Neste ano, a empresa comemora 150 anos através de uma série de ações em várias partes do mundo para seus colaboradores e para o público em geral. Uma delas é um dirigível que está sobrevoando diversas capitais ao redor do mundo e deverá passar pelo Brasil em novembro. O Brasil também receberá uma exposição comemorativa a ser realizada em São Paulo (SP). A história da empresa tem início em 1863, no distrito de Barmen em Wuppertal, na Alemanha, quando ainda chamava Friedr. Bayer & Comp, e foi fundada por Friedrich Bayer e o tintureiro Johann Friedrich Weskott. Naquela época a empresa produzia 28
corantes sintéticos. Desde então, a companhia passou renovações e mudanças. Em 1881, se tornou uma empresa química internacional. Durante esse processo, em 1912 a Bayer mudou sua sede para Leverkusen e a partir daí cresceu rapidamente. No Brasil, a Bayer chegou no final do século XIX, sendo a primeira empresa farmacêutica a se instalar no país. Para a Bayer, o país é o 5º maior mercado e o 1º na América Latina. Neste ano serão investidos R$ 152 milhões em suas operações no país. Com três unidades de fabricação no Brasil, localizadas em São Paulo (SP) e Belford Roxo (RJ), a Bayer possui três divisões de negócios: a CropScience (Ciências Agrícolas), HealthCare (Cuidados com a Saúde) e MaterialScience (Materiais Inovadores). Atualmente a companhia possui 4.500 colaboradores no país e sua sede está na capital paulista.
Saúde Animal A Bayer HealthCare possui produtos inovadores para a prevenção, diagnóstico e tratamento das mais diversas doenças, além de soluções completas e desenvolvidas com tecnologia de última geração, tanto para a saúde humana, quanto animal. Os produtos da Bayer HealthCare são comercializados em cinco unidades de negócios: Bayer HealthCare Pharmaceuticals, Consumer Care (soluções isentas de prescrição médica), Diabetes Care, Radiologia & Intervenção, além de Saúde Animal. A Saúde Animal da Bayer está há 100 anos no Brasil e é dividida nas Unidades Aves, Suínos e Aquacultura; Bovinos; e Animais de Companhia. Rogério Petri, gerente da Unidade Aves, Suínos e Aquacultura, conta que a Bayer trouxe a Saúde Animal para o país por uma questão de desenvolvimento de mercado. “O grande
boom da avicultura e suinocultura se deu no Brasil nos anos 80 e 90. Houve uma expansão de mercado muito grande e foi por isso que investimos. O Brasil é um dos mercados principais da América Latina, primeiramente pela quantidade de animais que temos aqui em termos de aves, suínos e bovinos. Também percebemos que algumas doenças abaixo da linha do Equador são muito semelhantes”, afirma. Uma das preocupações da Bayer é o bem-estar animal e para isso a empresa possui duas linhas de produtos: para prevenção de enfermidades e para tratamento. “Damos preferência a terapêuticos orais ao invés de injetáveis porque causam menos estresse no animal. Pensando no bem-estar animal, a Bayer também tem produtos de dose única”, ressalta.
“75% dos leitões produzidos no Brasil utilizam Baycox” Produtos para a suinocultura Segundo Petri, a Bayer teve uma atuação mais forte em suinocultura a partir de 2001 com o lançamento do Baycox® 5%, um coccidicida que hoje é líder de mercado. “75% dos leitões produzidos no Brasil utilizam Baycox®, tornando-se um produto bem reconhecido por parte do mercado”, afirma. Em 2007 foi lançado o antibiótico Kinetomax® para incrementar a linha de produtos. Em 2011 aconteceu o lançamento da Resprotek One Shot®, vacina de micoplasma para o combate da pneumonia enzoótica de suínos. “Outras ainda estão por vir. Nossa ideia é ampliar nosso portfólio de vacinas e atuar mais fortemente no mercado. Temos um grupo de experts pensando quais são as tendências e desenvolvendo novos produtos para brevemente ampliarmos nossa linha”, adianta Petri. Ligado ao bem-estar animal, a Bayer está lançando neste mês no Brasil o Vidasec®, um pó secante para leitões recém-nascidos. O
produto evita a perda excessiva de calor após o nascimento do animal, aumentando sua resistência e, consequentemente, refletindo em seu desempenho. “Este produto possui ótimo rendimento e poder de absorção de umidade, oferecendo mais aquecimento aos leitões. Os concorrentes usam 40 gramas de pó secante por leitão e com o Vidasec® é preciso apenas 19 gramas”, conta Petri. Segundo o gerente nacional de vendas da Bayer, Josiédi Pires, o grande diferencial do produto é sua composição que possui forte poder de absorção de umidade. “Pós secantes existem vários no mercado, mas a preocupação da Bayer foi trabalhar com um que realmente é livre de metais pesados. Enquanto não conseguimos um produto totalmente ético e que realmente respeitasse o bem-estar animal, nós não o colocamos no mercado, por isso, nosso pó secante está sendo lançado somente agora”, diz. julho 2013 / edição 77 29
CAPA
Preocupação com clientes e colaboradores Uma das principais preocupações da empresa é a aproximação com seus clientes e, dessa maneira, a Bayer recentemente investiu em treinamentos para os seus colaboradores. “Não queremos que nossos representantes apenas vendam os produtos nos clientes, mas que eles levem informações para melhorar o desempenho na produção e consequentemente, fortalecendo o nosso mercado. Estamos ajudando os produtores a melhorar a rentabilidade de suas granjas” afirma o gerente de marketing da Bayer, Luiz Felipe Lecznieski. Outra questão em evidência na Bayer é a qualidade de vida dos colaboradores e do ambiente de trabalho. “Temos uma preocupação com a alimentação dos funcionários e por isso estamos mudando o cardápio interno em nossos restaurantes e medindo o colesterol dos colaboradores” conta o diretor da Saúde Animal, Sergio Schuler. “Também divulgamos internamente o tra30
balho da Saúde Animal para que os colaboradores conheçam o que fazemos e qual segmento atuamos”, afirma. Outra iniciativa que a Bayer realizou foi a campanha da Semana do Ovo em seus restaurantes. “Fizemos esta parceria com o Instituto Ovos Brasil, para promover o consumo, trazendo informações aos nossos colaboradores e esclarecendo sobre os mitos relativos ao consumo do produto. Pode parecer uma ação pequena, mas conseguimos nos comunicar com todos 4500 colaboradores Bayer e com certeza esses levarão a informação aos seus familiares. É um trabalho de formiga, mas deste modo estamos ajudando nossos clientes e mercado a crescer”, complementa Lecznieski. Este ano a Bayer irá promover em seus restaurantes a Semana Nacional da Carne Suína, uma ação em apoio a importante campanha que está sendo organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).
Investimentos Inovação é a palavra chave para manter o crescimento do Grupo Bayer, por isso, a empresa investe fortemente em Pesquisa e Desenvolvimento. Somente no ano passado, 3 bilhões de euros foram investidos neste segmento. “Estamos investindo fortemente, uma vez que 7,6% do faturamento do Grupo Bayer no mundo é investido em Pesquisa e Desenvolvimento”, conta Schuller. A Bayer HealthCare foi responsável por 65% do valor investido em pesquisa. “A Bayer pretende crescer como unidade, temos equipes de especialistas e gestores em cada divisão, seja Saúde
Animal, Linha Agrícola ou Saúde Humana. São todos negócios importantes para a Bayer e iremos investir e crescer juntos”, afirma. Para este ano, o diretor da Saúde Animal adianta que a empresa ainda apresentará um lançamento na área de nutricionais (in feed) em Avicultura para prevenção de doenças. A área de nutracêuticos, como também a área de biológicos, está em crescimento e a Bayer tem interesse nesta tendência. “Afinal, acreditamos que é melhor prevenir do que tratar”, afirma.
150 anos Graças a sua inovação e capacidade de adaptar-se constantemente às mudanças de mercado, a Bayer detém posições de liderança em todas as suas áreas de negócio. O espírito de inventividade e a determinação
de ser bem-sucedida compõem a ponte que liga a história da empresa, das suas origens 150 anos atrás aos dias atuais.
“7,6% do faturamento global do Grupo Bayer é investido em Pesquisa e Desenvolvimento”
A Bayer em números no mundo CEO mundial:
Dr. Marijn Dekkers
Bayer está representada em todo o mundo por cerca de 280 empresas*
* Subsidiárias consolidadas integralmente (a partir de 31 de dezembro de 2012) 110.500 colaboradores Faturamento em 2012 39,760 bilhões de euros 150 anos de atuação no mundo O Grupo Bayer comercializa cerca de 5 mil produtos em todo o mundo
Bayer no Brasil Presidente Brasil
Presente no país desde 1896
Theo van der Loo 4.500 colaboradores no Brasil O Brasil é o 5º maior mercado e o 1º na América Latina Áreas de atuação: A empresa possui três divisões de negócios no Brasil – CropScience (Ciências Agrícolas), HealthCare (Cuidados com a Saúde) e MaterialScience (Materiais Inovadores) Quantas visitas a granjas e fazendas são realizadas por ano: 30.000 Unidades fabris no Brasil: São Paulo (SP) e Belford Roxo (RJ) julho 2013 / edição 77
31
ESPECIAL
Santa Catarina comemora abertura de mercado japonês Depois de sete anos de negociação, carne suína catarinense abre as portas para um novo comércio por CARLA VIDO fotos Fernando Willadino; assessoria de imprensa 32
julho 2013 / edição 77
33
ESPECIAL
Da esquerda para direita: governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo; presidente da FIESC, Glauco José Côrte; secretário da agricultura João Rodrigues e o presidente do Sindicarne, Cléver Ávila
A
nunciada no final de maio deste ano, a abertura do mercado japonês para compra de carne suína in natura catarinense foi a notícia mais comemorada não apenas pelo governo local, como por todas as autoridades brasileiras. A negociação – que demorou mais de 7 anos – teve como principal pré-requisito a questão sanitária, já que Santa Catarina é o único Estado livre de febre aftosa sem vacinação no país, status concedido pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Atualmente, o Japão é o maior importador de carne suína do mundo, com 1,2 milhão de toneladas anuais. Além de ser exigente com os cortes comprados, paga-se um valor maior pela mercadoria importada se comparado com outros países compradores de carne suína brasileira. No ano passado a exportação de carne suína catarinense ficou em quarto lugar no ranking dos produtos mais vendidos pelo Estado, um total de 207.772 toneladas – representando um 34
volume de 519 milhões de dólares em divisas. Com a abertura do mercado japonês para a compra da carne in natura, ainda este ano o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas, espera um volume para exportação de 30 mil toneladas. “Estimamos que o Brasil possa, a curto prazo, alcançar cerca de 10% das importações do Japão. No primeiro momento, vender para o mercado [japonês] representa 100 mil toneladas de carne suína/ano”. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne) Clever Pirola Ávila, a abertura do mercado foi uma conquista conjunta. “Todos – governo, indústria e produtor – alinhados, fizeram a diferença. O envolvimento dos produtores e das agroindústrias, através da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e do Instituto Catarinense de Sanidade Animal (Icasa) atingiu alto grau de comprometimento”, completa Ávila.
O mercado Para o especialista em comércio internacional e competitividade no negócio agroalimentício, Osler Desouzart, “ganhamos o direito de disputar o campeonato [exportação da carne suína] e a partir de agora temos que formar o time e disputar as partidas”. Em um clima mais descontraído, Desouzart explica que a exportação de carne suína está garantida por parte das nossas indústrias. “Confio nos nossos jogadores, ainda que tenham que enfrentar as eventuais inépcias da comissão técnica. O nosso time é bom apesar da comissão técnica dos
adversários também ser muito boa”. No ano passado a compra da carne pelo mercado japonês girou em torno de US$ 5,2 bilhões, e o país prefere importar o produto ao invés de produzi-lo. “O consumidor japonês dá preferência por cortes que representam ¼ da carcaça suína. Porque então produzir 4/4 utilizando recursos naturais que são escassos no Japão?”, questiona Desouzart. Em uma análise com números, o Japão lidera a lista dos cinco países que mais importam carne suína desde 2003, como pode Ser observado na tabela abaixo:
PAÍS
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Japão
1.091
1.269
1.314
1.154
1.210
1.267
1.138
1.198
1.210
Rússia
707
614
752
835
894
1.053
845
880
930
México
371
458
420
446
451
535
678
687
630
China
124
137
48
53
182
709
270
415
550
Coreia do Sul
163
233
345
410
447
430
390
382
625
Fonte: USDA / Abipecs
Importação Mundial de Carne Suína - (Mil t - em equivalente-carcaça)
Em relação aos países que mais exportam carne suína, a liderança fica por conta dos Estados Unidos, que desde 2003 apresenta um cenário de exportação significante no mercado mundial.
PAÍS
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Estados Unidos
779
989
1.209
1.359
1.425
2.110
1.857
1.916
2.246
U. Europeia - 27
1.140
1.302
1.143
1.285
1.286
1.727
1.415
1.754
2.000
Canadá
975
972
1.084
1.081
1.033
1.129
1.123
1.159
1.160
Brasil
603
621
761
639
730
625
707
619
582
China
397
537
502
544
350
223
232
278
260
Fonte: USDA / Abipecs
Exportação Mundial de Carne Suína - (Mil t - em equivalente-carcaça)
julho 2013 / edição 77
35
ESPECIAL Com a entrada do Estado de Santa Catarina – que ano passado exportou entre 20% e 30% da carne suína brasileira – no mercado japonês, o cenário de exportação brasileira do produto é animador. A previsão para importação da carne pelo mercado nipônico é de mais da metade do consumo total que o país tem, como pode ser observado na tabela abaixo: Ano / Imports/ Consumo total 2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
49,7%
49,7%
49,8%
50,3%
50,6%
50,9%
51,2%
51,4%
51,7%
52,0%
52,2%
52,5%
Estado Sanitário Para o diretor do departamento de negociação sanitária do Ministério da Agricultura, Lino Colsera, as etapas feitas pelo governo – entre questionários enviados ao Japão, visita de autoridades japonesas a Santa Catarina e outras exigências – todas foram concluídas e as próximas etapas são comerciais. O diretor afirma ainda que o reconhecimento pela OIE é resultado do “esforço que o Estado vem adotando para os procedimentos futuros”. O Estado catarinense possui oito frigoríficos habilitados para exportar carne suína in natura ao mercado japonês (veja a listagem
abaixo). O trabalho em conjunto do Icasa e da Cidasc reflete em anos de investimento – cerca de 10 milhões de reais por ano pelo Icasa – que resultaram na abertura do mercado chinês, norte-americano e, agora, japonês. O atual status sanitário do Estado de Santa Catarina é consequência de anos de trabalho e força-tarefa, que consolida a marca de erradicação da febre aftosa. Além disso, a abertura do mercado japonês para exportação da carne foi concretizada devido à estrutura da cadeia produtiva que o Estado apresenta.
Frigoríficos habilitados para exportação Frigoríficos BRF: Campos Novos e de Herval D’Oeste Seara: Seara e de Itapiranga Pamplona: Rio do Sul e de Presidente Getúlio Aurora: Chapecó Sul Valle: São Miguel do Oeste
Exigências Em entrevista à Revista PorkWorld (leia a matéria completa na pág. 8), o vice-presidente da Coopercentral Aurora, Neivor Canton, afirma que “agora é somente a questão de adequação e treinamento da equipe para as exigências – diferença nos cortes – e com essa necessidade surge a oportunidade de agregar maior valor ao nosso produto”. Para se adaptar ao mercado nipônico, as indústrias catarinenses receberão ajustes nas plantas industriais, além de preparação dos profissionais para as necessidades dos cortes que o mercado pede. De acordo com Lino Colsera, as exigências sanitárias feitas durante a negociação se basearam princi36
palmente no estado livre de febre aftosa sem vacinação e também no atendimento das necessidades apontadas pela missão japonesa durante a visita ao Estado. “Durante esse processo [negociação], nós do Ministério ficamos em constante conversa com o Ministério Agrícola do Japão, foi necessário responder questionários, processar informações entre outras demandas das autoridades”. Para ele o tempo do acordo foi necessário para ajustar os detalhes. “Trata-se de uma ação contínua que requer cuidados, já que o Japão quer se cercar de toda segurança sanitária possível. Já tivemos negociações mais longas entre os dois países”, enfatiza Colsera.
Reflexos Para Neivor Canton, apontar os reflexos dessa abertura de mercado ainda é cedo. “Não conseguimos avaliar de imediato, porém, as perspectivas são as melhores possíveis. Pela primeira vez ingressaremos nossa carne
suína no Japão, um país altamente exigente, mas como nosso produto está entre os melhores do mundo, finalmente conseguimos”.
Próxima etapa Em evento realizado na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), no começo do mês de junho, o presidente da Federação, Glauco José Côrte, ressaltou que o próximo passo é “trabalhar questões como o tipo de produto que o Japão vai demandar e o que precisa ser feito para aproveitar as oportunidades de negócio”. Para ele, a competitividade com os outros países tem que existir nos custos da ração, dos portos e do trabalho. “Apesar da abertura de mercado, não podemos ficar de braços cruzados”, completa. No final do mês passado,
o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, o secretário da Agricultura e Pesca, João Rodrigues e empresários da suinocultura estiveram no Japão para acompanhar a presidente Dilma Rouseff. O encontro teve como objetivo reunir empresários japoneses e o primeiro-ministro do país Shinzo Abe para formalizar a abertura do mercado.
Santa Catarina em números* Santa Catarina é pioneira na exportação de carne suína e o maior Estado exportador No ano de 2012 exportou 207.772 toneladas e obteve divisas de US$ 519 milhões
criadores praticam a suinocultura tecnificada e fazem parte do sistema de produção integrada
toneladas/ano é a produção total de carne suína
fêmeas suínas é o plantel permanente reprodutivo no campo
de cabeças/ano é o total do abate inspecionado de suínos nas agroindústrias catarinenses
julho 2013 / edição 77
37
ESPECIAL
Presidente da Fiesc, Glauco José Côrte durante encontro em Santa Catarina
Repercussão
Leia a seguir a repercussão sobre a abertura deste novo mercado com as pessoas mais influentes do setor 38
“Temos que ter a garantia da produção estável no momento, qualificando cada vez mais os sistemas produtivos para que possamos crescer com estabilidade nos próximos anos”, presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos.
“A
abertura do mercado japonês diminui a dependência do mercado ucraniano e russo, o que resultou em mais uma opção de exportação. Em relação aos negócios da Alltech, esta é uma oportunidade, uma vez que este mercado exige alguns conceitos que a Empresa já possui. Como exemplo, a substituição da ractopamina por uma opção natural com resultados consistentes sem nenhuma restrição mercadológica ou ambiental. Outro ponto forte da Alltech é o programa de rastreabilidade de minerais orgânicos, evitando a presença de metais pesados e dioxina, que têm uma grande importância em países orientais”, gerente nacional de suínos da Alltech, Júlio Acosta.
“A
abertura do mercado japonês para exportação de carne suína de Santa Catarina é uma conquista marcante, mesmo que este fato não resulte em aumento expressivo das exportações no curto prazo. É um reconhecimento de qualidade da produção brasileira de carne suína por um país que não é apenas o maior importador mundial desse produto, mas também é uma referência como “Mercado Premium”, pelas suas exigências por qualidade e pela consistência nas negociações com seus fornecedores. Os negócios da Agroceres, principalmente a Agroceres Multimix e a Agroceres PIC, se beneficiarão indiretamente, em razão do fortalecimento da cadeia da carne suína brasileira”, diretor-presidente da Agroceres, Fernando Pereira. julho 2013 / edição 77 39
ESPECIAL
“E
“A
abertura do mercado Japonês para carne suína brasileira vai ajudar na redução da dependência de mercados tradicionais, como Rússia e Ucrânia, e também estimular a melhoria do produto brasileiro em resultado do foco desse mercado em qualidade. Entretanto, o crescimento da suinocultura brasileira depende muito mais do crescimento de consumo interno do que da abertura de mercados fora do país. O reflexo para a TOPIGS dependerá de dois fatores: do volume real que o Brasil irá conquistar no mercado Japonês e também da especificação técnica dos produtos que o Brasil irá suprir o mercado”, diretor geral TOPIGS, Jóster Macedo.
“O principal motivo [da abertura do mercado] é ser uma região livre de febre aftosa sem vacinação”, Cônsul Geral do Japão, Yoshio Uchiyama. 40
m boa hora surge essa oportunidade para nosso país enriquecer sua minguada pauta de exportações, lastreada hoje, quase exclusivamente em “commodities”. A total falta de competitividade dos nossos produtos manufaturados provocada pelas políticas econômicas equivocadas, câmbio desfavorável, falta de investimento em infraestrutura logística, burocracia, regulação excessiva, má gestão pública e a forma equivocada e ideológica com que vem sendo tratadas nossas relações internacionais nos últimos dez anos, vem definhando nossa participação no comércio global. Mais uma vez o demonizado agronegócio nacional, um oásis econômico dentro do país, busca e alcança alternativas, alicerçadas em atividades produtivas marcadas pela eficiência e inovação. É, sem dúvida, uma conquista da suinocultura brasileira, que deverá se refletir em toda sua cadeia produtiva trazendo alento e novas oportunidades ao setor, visto que, o Japão é o principal importador mundial de carne suína com US$5,1 bilhões/ano, cerca de 31% do mercado mundial. Estamos apenas colocando um pé nesse grande mercado com expectativa de vendas de US$ 100 a US$ 200 milhões/ ano. Para que se tenha uma ideia do porte e da importância do mercado japonês, só os Estados Unidos vendem a eles US$ 2,1 bilhões ano . A Sanphar será uma das empresas mais beneficiadas, já que desde sua fundação tem como foco, os mercados suinícola e avícola. Sem dúvida, é uma excelente notícia para esses tempos tão carentes de boas novas na área econômica”, diretor titular da Sanphar, José Nunes Filho.
“A
abertura do mercado Japonês é uma das principais conquistas da história da suinocultura brasileira. Costumo dizer para os meus amigos que exportar para o Japão é quase como receber um selo de qualidade, já que este mercado é um dos mais exigentes do mundo e pouquíssimos países estão habilitados como fornecedores. Além disso, este fato serve de incentivo para continuarmos trabalhando na qualidade da nossa suinocultura que ainda tem bastante espaço para melhorar. Fizemos uma cesta de três pontos, mas o jogo ainda não acabou. Para a Agriness o reflexo desta conquista aparece de diversas formas. Acredito que a principal seja o reforço que é dado na questão da necessidade de se ter gestão e informação no campo. Ninguém consegue exportar para mercados exigentes se não apresentar um controle eficiente do processo produtivo, que demonstre garantias de rastreabilidade e segurança alimentar. E isso só é possível com metodologias e sistema confiáveis de gestão, que é a especialidade da Agriness”, sóciodiretor da Agriness, Everton Gubert.
“O
mercado Japonês é o maior importador mundial de carne suína e possui, reconhecidamente, um dos mais elevados padrões de controle sanitário em todo o mundo. A liberação por aquele país à carne suína in natura, originária de Santa Catarina, é motivo de comemoração. O Brasil passa agora a disputar o mercado japonês com os Estados Unidos, Europa e Canadá, que detém cerca de 90% das importações que superam 1 milhão de toneladas/ano. As boas notícias não param por aí, pois certamente a abertura dada pelo Japão à carne suína brasileira, facilitará as negociações para abertura de outros mercados, como Coréia do Sul, Europa e México. Parabéns à ABIPECS e ao MAPA pela grande conquista”, presidente Phibro Brasil, Stefan Nihailov. julho 2013 / edição 77
41
ESPECIAL
“E
stamos comemorando na realidade o início de um trabalho a ser feito de forma intensa, que é entender de forma o que é o mercado japonês e quais são as demandas de seus produtos”, presidente Sindicarne, Clever Pirola Ávila.
“Santa Catarina tem todas as condições de ocupar um lugar no mercado mundial de carne suína”, presidente Sistema Fiesc, Glauco José Côrte.
“E
ste passo importante relativo a abertura do Mercado japonês à carne suína proveniente de Santa Catarina é uma grande conquista para nosso segmento e para o País. O Japão é o maior importador de carne suína no mundo e agora cabe a nós ganhar espaço nessa fatia de mercado, que sabe ser extremamente exigente, mas que também pratica preços mais elevados. Teremos competição com EUA, Canadá e importantes países Europeus, mas a capacidade de compra do mercado japonês é muito grande. Acredito que conquistas como esta beneficiarão tanto a indústria quanto o mercado interno dos produtores de suínos. A medida que a indústria conquistar espaços no mercado japonês toda a cadeia será beneficiada”, gerente de mercado da MSD Saúde Animal, Leonardo Burcius. 42
“O
Japão é o maior importador mundial de carne suína in natura, totalizando US$ 5,1 bilhões em 2012, equivalente a 1,2 milhão de toneladas, o que representa um terço das compras mundiais, em valor. No ano passado, o Brasil vendeu o produto para 63 mercados, totalizando US$ 1,5 bilhão (cerca de 580 mil toneladas). (Fonte - Secretaria da Agricultura e Pesca - SC). Gostaríamos de parabenizar o estado de Santa
Catarina por essa brilhante conquista, uma vez que é o único estado livre de febre aftosa sem vacinação com reconhecimento pelo OIE, no Brasil. As ações público-privadas implementadas em SC, mostram o quanto é importante as instituições trabalharem juntas em prol de um bem comum. O trabalho realizado entre a Defesa Sanitária do estado juntamente com as agroindústrias e produtores tornaram possível esse reconhecimento, servem de exemplo para que outras federações do Brasil trabalhem na busca desse mesmo status. Para nós da DSM Produtos Nutricionais Brasil Ltda, essa abertura de mercado gera uma expectativa muito positiva. Somos líderes no segmento de nutrição mundial, estamos diretamente ligados as grandes agroindústrias no mercado brasileiro. Com certeza isso trará para toda a cadeia produtiva (agroindústrias, fornecedores, produtores) e mercado brasileiro como um todo uma melhor estabilidade para o segmento de produção de suínos, que historicamente tem sofrido muito. Estamos torcendo muito para que os embarques ocorram, as expectativas de volumes se concretizem e tragam para toda cadeia produtiva agregação de valor, pois é importante nunca perdermos o foco - que negócios somente são sustentáveis, quando geramos valor a todos os envolvidos”, gerente de vendas mercado suínos, Rogério Balestrin.
“Temos uma previsão de aumentar as exportações em R$ 1 bilhão. Essa abertura do Japão facilita a entra em outros países”, governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo.
“O
Japão é o maior importador mundial de carne suína, eles importam sozinhos mais que o dobro que o Brasil exporta, ou seja, é um cliente extremamente necessário para quem quer ser um importante player no mercado mundial da carne suína. Considero que a abertura do mercado japonês é a uma das notícias mais relevantes que nosso setor recebeu nos últimos anos. Temos que fazer um bom trabalho para manter esta porta aberta e fazer desta oportunidade uma porta de acesso à outros mercados. A Avicultura brasileira é um bom exemplo, pois 69% do volume exportado em 2012 foi para 11 países, enquanto que na Suinocultura, 73% do volume exportado foi apenas para 4 destinos. Isso é muito prejudicial para o negócio, pois ficamos nas mãos de poucos clientes e o impacto é gigantesco quando um deixa de comprar (vide exemplos recentes da Rússia e Ucrânia). Para crescermos consistentemente, temos que diversificar o destino da nossa carne, aumentar nosso portfólio de clientes. A Bayer deseja ver o suinocultor brasileiro cada vez maior e mais forte, pois acreditamos que cresceremos junto com o mercado. Por isso, realizamos ações e investimentos que favoreçam o crescimento da Suinocultura Brasileira”, médico veterinário Bayer Saúde Animal, Luiz Felipe Lecznieski.
“A
abertura do Japão à carne suína brasileira é um marco para o nosso país. Por muitos anos, os produtores brasileiros investiram muito para adaptaremse às exigências sanitárias, ao controle de resíduos e a padronização de produtos exigidas pelo maior e mais criterioso importador de suínos do planeta. A Farmabase se sente muito orgulhosa por fazer parte dessa cadeia produtiva que finalmente tem reconhecimento internacional merecido. Parabenizo a todas as pessoas e empresas envolvidos nessa vitória!”.Paulo Machado – presidente da Farmabase julho 2013 / edição 77 43
ESPECIAL
“A
abertura do maior mercado importador é auspiciosa e desafiadora. Auspiciosa pela demanda física, desafiadora pelas exigências de qualidade, controle do processo e tecnologia. Fatores que serão mais um incentivo ao desenvolvimento, expansão e crescimento da suinocultura brasileira. Além disso, representará uma grande mudança positiva na percepção do mercado internacional com relação à qualidade da suinocultura brasileira, abrindo as portas de outros mercados. Para a M.Cassab representa mais uma confirmação de que sua estratégia de investimento nesta área com estrutura de vendas, apoio técnico, portfólio completo e laboratórios, está certa e será um diferencial de garantia para nossos clientes” diretor superintendente do Grupo M.CASSAB, Fernando Abrantes.
Linha do tempo Última ocorrência de febre aftosa em Santa Catarina.
1993
2001
2007
Neste ano, Santa Catarina suspendeu a vacinação contra a doença, preparando-se para reivindicar à OIE o status de área livre de aftosa sem vacinação.
44
Anunciada a abertura do mercado do Japão à carne suína de Santa Catarina.
Anunciada a abertura do mercado da China à carne suína de Santa Catarina.
2011
2012
2013
Em 23 de fevereiro, a Comissão Técnica da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) aprova, em Paris, o reconhecimento de Santa Catarina como área livre de aftosa sem vacinação. Em 25 de maio, a decisão técnica é homologada na assembleia geral da OIE.
Anunciada a abertura do mercado dos Estados Unidos da América à carne suína de Santa Catarina.
julho 2013 / edição 77 45
COOPERATIVAS
Cooperitaipu e sua essência para organização social Situada no oeste catarinense, a cooperativa é um exemplo de cooperativismo
D
por Giovana de Paula
fotos Divulgação
esde a pré-história até o início de nosso século encontramos diversas formas de associações de pessoas. Isso demonstra que a cooperação tem sido uma constante no ser humano, através dos tempos. Os homens vêm trabalhando em conjunto desde os tempos primitivos, na colheita, na caça, na pesca, na habitação e na produção de bens. O cooperativismo é encontrado desde a antiguidade, quando os homens já demonstravam a tendência de viver em grupos para defenderem os interesses comuns. O cooperativismo moderno nasceu na primeira fase da Revolução Industrial (1760-1850). Durante décadas, na Inglaterra e na França, foram organizadas diversas sociedades com características de cooperativas. Esses movimentos de cooperação foram conduzidos por idealistas, como Robert Owen, Louis Blanc, Charles Fourier, entre outros, que defendiam propostas baseadas nas ideias de ajuda mútua, igualdade, associativismo e auto-gestão. Considerados por muitos os precursores do cooperativismo, estes pensadores socialistas começaram a estudar as 46
formas de organização das civilizações antigas, até que descobriram a cooperação como instrumento de organização social. Com isto começaram a divulgar ideias e experiências destinadas a modificar o comportamento da sociedade. No Brasil, foi em 1847 que situamos o início do movimento cooperativista no Brasil. Foi quando o médico francês Jean Maurice Faivre, adepto das ideias reformadoras de Charles Fourier, fundou, com um grupo de europeus, nos sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas. Essa organização, apesar de sua breve existência, contribuiu na memória coletiva como elemento formador do florescente cooperativismo brasileiro. Entre todos os pensadores e os precursores do cooperativismo no Brasil, em todos permanece sua essência: auxílio à transformação social através da união. E a Revista Porkworld conversou com o presidente da Cooperativa Reginal Itaipu – a Cooperitaipu – situada no oeste catarinense, com sua sede na cidade de Pinhalzinho (SC) e com atuação nas cidades catarinenses de Modelo, Saudades, Sul Brasil, Serra Alta, Bom Jesus do Oeste e Saltinho, tem o objetivo
de traçar um perfil da entidade e de seus associados. A Cooperitaipu foi fundada em 26 de abril de 1969 e atualmente conta com oito tipos de negócios, além da suinocultura. No setor suinícola a cooperativa conta com dois tipos de parceiros: o parceiro iniciador e o parceiro terminador. O parceiro iniciador é de quem a cooperativa adquire os leitões. Para os terminadores a cooperativa auxilia com os custos da fase da criação, permitindo aos produtores e suas famílias produzirem sem necessitar de capital de giro. Esses sistemas de criação proporcionam matéria-prima com padrão de qualidade. A sanidade, diariamente observada e executada através de programas preventivos, praticamente elimina a ocorrência de doenças. A integração entre produtor e cooperativa tem como resultado uma perfeita sintonia entre os interesses econômicos das duas partes e a garantia de mercado através da intercooperação industrial com a Coopercentral/Aurora. A Cooperitaipu foi criada com o nome de Cooperativa Agrícola Mista Pialense. Já em 1975, a Cooperativa Mista Modelense se uniu e posteriormente, em 1987, mais uma entidade começa a fazer parte do grupo, a Cooperativa
Agropastoril Saudades, resultando, dessa forma Acima, vista na formação da Cooperativa Regional de Itaipu. A área da entidade teve somente três presidentes até hoje. Seu Cooperitaipu primeiro gestor foi Demétrio Brancher, que esteve à frente da Cooperitaipu por 16 anos. Logo após ele, tomou posse Marcos Antônio Zordan, que ocupou o cargo durante 23 anos e agora, o presidente da Cooperativa é Arno Pandolfo, na presidência há 5 anos, porém há 40 anos na Cooperitaipu. Pandolfo nos conta que a cooperativa atua fortemente na suinocultura, avicultura e no mercado leiteiro. A Associação também conta com lojas agropecuárias, supermercados, fábricas de ração, moinho de trigo e postos de gasolina. “Todos nossos produtores são de pequeno porte, com propriedades de até 15 hectares. Contamos com 2.300 cooperados”, conta Pandolfo. “Atuamos nas três fases da suinocultura, iniciadores, creche e terminação e comercializamos nosso produto à Aurora. Temos 9.200 matrizes, com 17 iniciadores”, destaca o presidente da Cooperitaipu. Ele conta que há dez anos, este número era um pouco diferente. “Trabalhávamos há dez anos com 150 iniciadores, como disse, hoje são 17. julho 2013 / edição 77
47
COOPERATIVAS
Acima, os galpões da cooperativa e abaixo à direita, Arno Pandolfo, presidente de Cooperitaipu
48
O setor está mais concentrado. Somente para exemplificar, há quatro anos, comercializávamos 450 suínos por dia, este número saltou para 900 suínos enviados ao abate diariamente, resultando na produção de 1.700 quilos de carne por mês”, conta Pandolfo. A cooperativa atua com a genética DB DanBred (matrizes) e Agroceres (machos) e conta com uma central de inseminação. “Com um rigoroso sistema de produção, o resultado é uma carcaça média de 90 quilos. O que também nos dá muita satisfação é estarmos há anos classificados entre os quatro melhores em tipificação de carcaça, mortalidade e conversão alimentar pela Aurora”, conta. A taxa de conversão alimentar da cooperativa está registrada em 3.049 kg. Pandolfo relata que a Cooperitaipu realiza treinamentos e palestras para melhoria do manejo para os cooperados. “Trabalhos para uma melhoria constante de nosso produto final. Queremos crescer e ver nosso cooperado e sua família se desenvolvendo também”, afirma.
A Cooperitaipu
Sucessão familiar Uma importante questão levantada por Arno Pandolfo foi o detalhe da sucessão familiar na suinocultura. Os filhos dos produtores, muitas vezes, migram para a cidade, deixando o campo e não dando sequência ao trabalho na propriedade. “Nossa intenção é acima de tudo valorizar cada vez mais o trabalho no campo, diferenciando-o com treinamentos e palestras. Somente para exemplificar, diante do tamanho do mercado, hoje temos espaço para dobrar o número de produtores de suínos, com um número maior de interessados. Não podemos deixar o trabalho no campo, temos que privilegiálo, cada vez mais”, destacou Pandolfo. Ele destaca o fato de a cooperativa atuar em três linhas diferentes: leite, aves e suínos. “Dessa forma, temos uma renda garantida com o leite (a cada 30 dias), com as aves (55 dias) e com os suínos (4 meses)”, destacou.
Trabalho social A Cooperitaipu desenvolve três importantes trabalhos na área social, visando o desenvolvimento pessoal dos associados e melhoria de suas propriedades: D’Olho na Qualidade Rural, Qualidade Total Rural e Times de Excelência. Realizados em parceria com o Sebrae, Aurora, Sescoop, Ocesc e Senar, os programas procuram levar capacitação ao empresário rural, visando a melhoria da propriedade, adequando-a às exigências do mercado. O programa D’Olho na Qualidade Rural trabalha com o método 5-S, adaptado para: descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida. Esse método muda a mentalidade e o comportamento das pessoas que fazem parte da propriedade. O desafio é criar condições de motivação e colaboração para mudanças necessárias e inadiáveis. Qualidade Total Rural, ou QT Rural, permite aos empresários rurais entender e praticar os princípios e fundamentos da qualidade, no gerenciamento dos negócios. O programa é repassado em linguagem simples e desenvolvido por meio de 252 horas de treinamentos, atividades práticas e visitas (consultorias) às empresas rurais, incentivando um sistema de melhorias e resultados constantes para o setor. Já o programa Times de Excelência é focado em participantes que já passaram pelos demais programas de qualidade. O programa analisa a fundo as propriedades com acompanhamento exclusivo e tem como foco a gestão da propriedade rural.
Missão
Coordenar o desenvolvimento do agronegócio em sua área de atuação.
Visão
Ser referência de cooperativa agropecuária no Estado de Santa Catarina até 2015.
Diretrizes
• Desenvolver práticas que proporcionem para a cooperativa e seus associados, a viabilidade e a rentabilidade dos seus negócios; • Buscar a fidelização do quadro de associados através de produtos e serviços com alta qualidade e soluções diferenciadas; • Promover o desenvolvimento regional através do apoio e prática de ações educacionais, sociais e ambientais; • Aprimorar continuamente o modelo de gestão, fundamentando-se na seriedade, ética e transparência com associados, clientes e funcionários.
Áreas de Atuação da Cooperitaipu
julho 2013 / edição 77 49
CARNES
Vista aérea do Frigorifico Cowpig localizado em Boituva (SP)
Por trás do Frigorífico Cowpig
Com importante participação no segmento alimentício nacional, frigorífico se destaca pela qualidade por CARLA VIEIRA foto Carla Oliveira
50
O
mercado alimentício é o que movimenta o país e oferecer produtos de qualidade para o consumidor é essencial. No caso do segmento de carnes não poderia ser diferente. Foi pensando nisso que a Cowpig atua e busca produzir o melhor produto. Inaugurado em 1997, a empresa está localizada em Boituva, interior de São Paulo, um local estratégico que permite acesso rápido e prático para produção e distribuição de seus produtos aos grandes centros urbanos. Com um abate de aproximadamente sete mil animais por mês – entre bovinos, suínos e ovinos - o frigorífico possui duas linhas de trabalho: atua como prestador
técnicas de BPF (Boas Práticas de Fabricação) e demais normas de inspeção dos órgãos sanitários competentes. “Investimos também constantemente em treinamento de funcionários e equipamentos que minimizem esforços físicos e possibilitem manter o padrão de qualidade na carne”, garante o diretor. Com uma demanda bastante rentável para produtos especiais, o frigorífico preocupado em manter o padrão de qualidade de seus produtos, passou a investir mais em sua infraestrutura. A preocupação maior foi na área de processamento de carnes, sendo equipado com os mais modernos e eficientes sistemas de manuseio, estocagem e embalagens. “A qualidade
“Investimos também constantemente em treinamento de funcionários e equipamentos que minimizem esforços físicos e possibilitem padrão de qualidade na carne”. de serviços de abate e desossa a terceiros, onde seus principais clientes são açougues, supermercados, restaurantes e até mesmo produtores de animais que desejam ter sua própria marca, e também possui vários outros produtos de marca própria que vão desde carcaças, cortes tradicionais e especiais até produtos processados como linguiças, salsichas, defumados e temperados, além de trabalhar com mais de 300 cortes entre tradicionais e especiais. Mas, foi em 2007 que iniciou-se as atividades industriais da Cowpig Processados, realizando o sonho dos irmãos Sebastiani – proprietários da marca – que deram início ao trabalho no segmento de carnes que atende os padrões de primeira linha do mercado. Atualmente a Cowping conta com 130 colaboradores, uma unidade produtiva e duas lojas de varejo, proporcionando um faturamento de R$ 36 milhões ao ano. Segundo Renato Sebastiani, diretor comercial da Cowpig, a intenção é atingir clientes e consumidores exigentes por qualidade e bom atendimento. “Nosso foco de clientes é o consumidor final, como restaurantes, empórios e lojas especializadas dentro do estado de São Paulo”, afirma. Para Sebastiani a vantagem da Cowpig em relação aos outros frigoríficos, é que, por serem de pequeno porte, possuem uma capacidade bem maior de seleção dos animais, obtendo sempre cortes de primeira qualidade. Possuem também uma equipe qualificada que monitora, treina e organiza os procedimentos dentro de normas
também depende do fornecimento e da aquisição de rebanhos sadios, suínos com melhoria na genética, trabalhamos com novilhos precoces”, diz o diretor. O frigorífico, que pretende se manter no mercado se destacando pelos cortes especiais, utiliza atualmente a genética Agroceres. A higienização dos animais é uma das grandes preocupações da Cowpig, sendo controlada por agentes da qualidade e fiscalizados por veterinários e técnicos do serviço de inspeção, com base nas normas e procedimentos do SISP (Serviço de Inspeção do Estado de São Paulo). A higienização é bem completa e envolve o controle em toda planta do frigorifico até o transporte final do animal. A linha de suínos da Cowpig também é recebida com um cuidado todo especial desde da seleção da matéria-prima, produção até os cortes especiais. A empresa pretende com isso desmistificar a maneira errônea que ainda é vista a carne suína no Brasil, pois a carne além de saborosa é extremamente nutricional, atendendo as necessidades diárias do consumidor.
Processo Criados em modernas granjas, os suínos da Cowpig são transportados das granjas até o frigorífico em caminhões apropriados, chegando com 12 horas de antecedência ao abate, é vistoriado por veterinários julho 2013 / edição 77
51
CARNES
“Nosso foco de clientes é o consumidor final, como restaurantes, empórios e lojas especializadas dentro do estado de São Paulo”
Prime Rib Corte especial de carne da Cowpig
52
e técnicos do serviço de inspeção do frigorífico que avaliam a saúde e integridade dos animais. Depois desta etapa os animais são colocados em baias específicas para jejum e dieta hídrica, nessa fase eles se recuperam do estresse do transporte e a dieta é responsável pelo esvaziamento gástrico para minimizar os riscos de qualquer contaminação. Após este processo os animais recebem um banho e seguem para a linha de abate, sempre pensando com o bem-estar do animal. Na linha de abate os animais são vistoriados por agentes do serviço de inspeção do SISP e acondicionados em câmaras frias onde permanecem em temperaturas adequadas por pelo menos 24 horas. A logística de entrega das carcaças é feita em caminhões frigoríficos apropriados para o transporte de carnes com base nas normas técnicas da vigilância sanitária. Nos casos de cortes, as carcaças seguem para a sala de desossa, que deve estar climatizada e com temperatura controlada. Após desossa, embalagem e armazenagem a distribuição é feita em veículos frigorificados apropriados para o transporte de caixaria. Depois da entrega dos produtos nos pontos de venda, sempre seguindo as normas da vigilância sanitária, preserva-se a temperatura e higiene adequada para que então sejam destinados a venda ao consumidor final.
Renato Sebastiani Diretor Comercial da Cowpig
NÚMEROS DA cowpig
Novos investimentos Treinamento de funcionários, novas máquinas equipamentos – investimento de 1 milhão em 2014
Número de funcionários: 130
Em sua concepção, quais são os pilares que sustentam a marca? Princípios de honestidade e respeito perante ao cliente e fornecedor e claro, padrão de qualidade
Número de matrizes suínas: 1 Genéticas usadas: Agroceres
Tem uma estimativa de crescimento anual toneladas/ano para me dar uma base? 1997 - 2000 animais / mês - 2013 - 7000 animais / mês
julho 2013 / edição 77
53
MERCADO
A importância da organização interna no agronegócio
E
por Lead Corporation*
ste artigo tem por fim demonstrar a importância da organização interna nos empreendimentos do agronegócio, com o correto desenvolvimento e execução dos procedimentos gerenciais para a geração de controle financeiro e econômico dentro do setor. Busca demonstrar como a aplicação estratégica de recursos pode trazer um controle maior na produtividade, abordando especificamente o setor da suinocultura. No decorrer desta introdução à Gestão Empresarial, resume os principais pontos e mudanças que precisam ocorrer na área gerencial do setor hoje, identificando os impactos de cada mudança e elucidando as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio pela falta dos controles gerenciais básicos e do planejamento estratégico frente ao mercado. A cada dia é mais visível a dificuldade em se manter no mercado do agronegócio, uma organização rentável competitiva e sobretudo com as frequentes e impactantes oscilações nos setores relacionados às regras ditadas pelo mercado de commodities, que acaba influenciando – tratando da suinocultura – tanto os contratos quanto a produção individual nos últimos anos. É fato que os grandes destaques da suinocultura hoje, tem entre os fatores de seu sucesso a inovação, não somente na área técnica de produção, mas também na organização interna, um conjunto que precisa estar sempre bem alinhado e engrenado, e que depende irrefutavelmente dos controles gerenciais internos. O controle gerencial pode ser definido como o conjunto de informações acerca dos valores que são movimentados em uma organização. Neste setor, os pontos mais importantes são: controle exato dos custos de produção, 54
gastos administrativos e análise destas informações frente aos preços de mercado. A análise dos números internos muitas vezes pode surpreender o produtor, sobretudo pela pequena variedade de custos com relação a outros segmentos do mercado. Estes mesmos custos – muitas vezes somados “de cabeça” pelos produtores – deveriam ser mais bem controlados e apontados, pois após a implementação dos procedimentos internos, em geral temos visto que o correto controle e planejamento econômico é a diferença entre a estabilidade financeira, produtiva e a necessidade de retração, redução de produção e abate antecipado nas crises que assolam e retraem o mercado.
Muitas vezes, a produção chega a cessar por causa da falta de procedimentos de controle Um dos grandes déficits do pequeno e médio produtor frente às grandes organizações do agronegócio é que o mesmo analisa as informações de mercado isoladamente, sem as rotinas internas de controle, e sem uma ferramenta que lhe permita analisar informações consolidadas, em um todo. Enquanto isso, os maiores produtores analisam diariamente, não somente as expectativas e tendências de mercado, mas sim um conjunto de informações resultantes de controles gerenciais desenvolvidos também no seu dia-a-dia, que tratam a informação de maneira gerencial detalhada. Isso permite ao gestor uma visão técnica e financeira das operações, uma visão do todo
que lhe permite enxergar o seu próprio negócio, e se adequar às regras do mercado com um planejamento estratégico. A crise pode ser reduzida, sim, por políticas públicas que assegurem a produção de maneira mais eficaz, mais oscilações de mercado sempre existirão, e o planejamento e preparação sempre darão àqueles que possuem organização interna, vantagem sobre o restante do mercado. Um assunto interessante ao qual se deve atenção refere-se ao custo da ração, que hoje na formação do alimento para os diversos animais como porcos, aves, gados, entre outros, tem uma participação grande referente a commodities. Especificamente na suinocultura, nota-se uma composição física média de 46% milho e 19% agregados na ração, tornando o produtor suscetível ao custo de mercado destes itens, como se já não bastasse a própria variação do preço da carne. Na formação do custo da suinocultura temos em média 75% do total relacionado a rações, desde a criação até matadouro. Com as previsões atuais de aumento do valor do milho, originadas e impulsionadas sobretudo pela aproximação do período de colheita, o principal custo do suinocultor, portanto, aumenta, mesmo que o preço de venda do seu produto não sofra valorização. É um dos fatores geradores das crises e valores financeiros para o setor, que com menor margem e geralmente despreparado para as intempéries, obriga muitos produtores a encontrar alternativas paliativas e muitas vezes longe de ser a resposta para a minimização dos prejuízos, como redução da utilização de rações e a execução do abate antes do período normal de desenvolvimento. Através destas análises, percebe-se que estamos em um mercado no qual não podemos intervir no valor da venda, sendo apenas coadjuvantes da operação, pois as regras são ditadas pelo conjunto econômico, cujo princípio básico é o equilíbrio geral de mercado, sem concessões ou compreensão às necessidades individuais. Partindo dessa verdade absoluta no mercado de commodities, resta ao produtor trabalhar com a lógica inversa, controlando, através da organização dos procedimentos internos, informações concretas e irrefutáveis sobre o custo de cada etapa
da produção, para que seja possível obter resultado positivo. Para isto, é necessário haver um custo padrão ou meta, para que se trabalhe dentro do mesmo, evitando que a pequena margem de lucro seja diluída. Fica notável que o cuidado técnico da produção, sem a devida preocupação com controles financeiros e planejamento gerencial, não “adianta”, pois não existe garantia alguma de sucesso ou segurança de rentabilidade. Ao contrário, a falta de atenção devida à organização gerencial e planejamento interno gera instabilidade, lucros, quando existentes, quase sempre menores do que aqueles que poderiam ser obtidos, e prejuízos sempre maiores, surpreendendo os produtores e prejudicando inclusive as próximas produções, por falta de capital. Para o controle gerencial, é de suma importância que o produtor disponha de controles financeiros, como as contas a pagar e a receber, fluxo de caixa, análise de custos, orçamento, dentro outras várias ferramentas gerenciais. Estas ferramentas não são utilizadas somente no grupo do agronegócio, mas em todos os setores, desde microempresas ou produtores individuais até multinacionais com centenas de colaboradores. Hoje infelizmente a preocupação do setor fica voltada somente ao campo, sobretudo pela pressão externa que é sofrida, como o clima e períodos de plantio, mas é necessário compreender que de nada adianta estar com a estrutura técnica em perfeita harmonia, se no momento de efetuar os pagamentos aos fornecedores, é necessário recorrer a bancos, ou por erro deixa-se de cobrar um valor recebível, ou cobra-se com atraso e com erros. A simples compra errada de itens ou com valores maiores, pelo fato da compra ser sempre com urgência, sem cotações ou custos médios, e diversos outras situações, acaba por gerar prejuízos ou reduções da rentabilidade que o produtor muitas vezes nem enxerga, justamente pela falta de controles.
“Especificamente na suinocultura, nota-se uma composição física média de 46% milho e 19% agregados na ração, tornando o produtor suscetível ao custo de mercado destes itens, como se já não bastasse a própria variação do preço da carne”
julho 2013 / edição 77
55
MERCADO
Principais Problemas Enfrentados no Agronegócio Baixa rentabilidade Dificuldades financeiras Falhas e problemas financeiros não percebidos pela empresa Dificuldades em enxergar resultados Baixa rentabilidade Problemas para alcançar o crescimento sustentável. Problemas com processos e procedimentos internos Falta de informações para tomadas de decisão Dificuldade de enxergar onde a empresa perde dinheiro Tarefas manuais que poderiam ser automatizadas, e retrabalhos desnecessários
É necessário haver procedimentos bem definidos, sempre executados, obviamente, com o bom senso, comparando o custo benefício de cada decisão, compreendendo, por exemplo, que pode ser mais caro esperar uma peça específica de um trator vir de outra cidade com custo menor, o que obrigaria a máquina a ficar parada e travaria a colheita, seria sumariamente mais caro do que comprar a mesma peça com valor maior, porém com entrega imediata. Exceções como esta existem e serão tratadas em todos os setores, mas o grande problema hoje é a não existência de procedimentos padronizados e executados no
agronegócio em geral, ou seja, a não existência de um padrão, que é o parâmetro fundamental para que as informações do negócio sejam analisadas para uma correta tomada de decisão. Em geral, o empresário tem consciência de que há muito que mudar nos seus controles, pois a grande maioria está acostumada com um trabalho familiar, mas é necessário compreender que uma empresa deve ser tratada como tal, e se a sua operação não for realizada com todos os cuidados, é possível, inclusive, perdê-la, dissipando o suor de várias gerações anteriores na sua deterioração.
Primeiros passos O primeiro passo para iniciação dos trabalhos relacionados à gestão empresarial é compreender os procedimentos como um todo, o funcionamento geral da organização. Sendo assim, tomando como exemplo um setor de contas a pagar, todas as rotinas, desde a compra, até o pagamento, deverão ser parametrizadas e otimizadas, estruturando o setor, criando controles, agilizando as operações, ordenando e revisando procedimentos, implantando as melhores práticas de mercado (benchmarking), 56
treinando, reduzindo custos, aumentando a eficiência da área e interligando o setor com demais departamentos, proporcionando ainda, ao gestor, o controle real da empresa, com uma visão clara do todo, com o funcionamento, eficiência das áreas e o papel de cada uma na rentabilidade da empresa. Com análise profunda dos procedimentos verificamos claramente onde a empresa perde dinheiro e como pode melhorar. Posteriormente aos processos devemos nos atentar com fluxo de caixa e orçamento
para que a empresa tenha visão da continuidade e dos próximos passos. Através da elaboração do orçamento, é possível analisar e compreender a evolução das receitas e despesas para elaborar novas estratégias adequadas e que geram ainda mais retorno. Sendo assim podemos saber exatamente quais gastos estão altos e podem ser reduzidos, quais estão em queda ou alta e os motivos.Além da análise gerencial, é importante nos preocupar com
o capital humano e os resultados gerados. Através de capacitações, programas de cargos e salários, sem contar as ferramentas que impulsionam os resultados e a qualidade dos Recursos Humanos que a empresa possui. Com todas essas ferramentas entendemos que para termos um controle harmonioso e com resultados gratificantes é necessário desempenhar as atividades demonstradas abaixo:
GESTÃO DE PROCESSOS GERENCIAIS Levantamento, Revisão e Implantação de Procedimentos Internos
Implantação de Controles Financeiros, Fluxo de Caixa e Orçamento Revisão e Elaboração de Manuais e Normas Internas
Acompanhamento e Apresentação dos Resultados RECURSOS HUMANOS Levantamento e Revisão de Procedimentos Internos
Treinamento, Capacitação e Integração Mapeamento e Avaliação de Competências
Gestão de Desempenho e Resultado Com base na preocupação com as necessidades e problemas existentes nas organizações, a Lead Corporation atua com consultoria e assessoria empresarial focada em RESULTADOS. Atuamos na busca pela melhoria e pela identificação e solução dos problemas que impedem a sua empresa de ser mais rentável. De micro a grandes empresas, a Lead têm auxiliado e surpreendido em todos os segmentos, com os Resultados que podem ser obtidos com a Organização dos Procedimentos Internos e com as Soluções em Recursos Humanos, aumentando em muito o Controle e a Performance das organizações. Assim como desempenhamos todas as atividades descritas acima referente a gestão empresarial. *Adair Jose Lago Bacharel Ciências Contábeis, Pós Graduação em Finanças e Controladoria e MBA em Gestão Agronegócios. Sócio Diretor Empresa Lead Consultoria Leonardo Hirt Froese Bacharel Ciências Contábeis e Administração, Pós Graduação Finanças e Controladoria e MBA em Gestão Recursos Humanos. Sócio Diretor Empresa Lead Consultoria
julho 2013 / edição 77
57
REPRODUÇÃO
Inseminação Artificial Intra Uterina por Maria Nazaré Simões Lisboa, médica veterinária do Consuitec
58
julho 2013 / edição 77 59
REPRODUÇÃO
U
m dos objetivos da inseminação artificial em suínos é que a porca seja capaz de produzir em apenas uma única inseminação que se realize 24 horas antes da ovulação um índice de fertilidade acima de 91% (Soeden et all., 2000). No entanto, Watson e Behan (2002), obtiveram resultados similares quando utilizaram doses de sêmen contendo entre 2 e 3 bilhões de espermatozoides quando depositando esta dose de sêmen entre 10 e 14 cm mais profundo do que em inseminação artificial tradicional. Mediante o uso de técnicas similares, Gall (2002) obteve dados parecidos quanto a fertilidade e prolificidade entre porcas inseminadas com doses de concentração de 800 bilhões de espermatozoides e porcas inseminadas com 3 bilhões de espermatozoides. Atualmente na inseminação artificial se estabelece programas questionando qual o número de espermatozoides que são utilizados por fêmea/ciclo? Quando analisamos resultados na inseminação artificial tradicional ainda existe granja que se utiliza 3 bilhões de espermatozoides por dose com três repetições no mesmo ciclo o que corresponde a 9 bilhões de espermatozoides por fêmea inseminada. Porém, se compararmos dentro a mesma técnica de inseminação artificial tradicional deparamos com granjas que praticam a mesma técnica utilizando entre 5 e 6 bilhões de espermatozoides por fêmea inseminada, simplesmente por utilizar duas ou até uma inseminação por fêmea por ciclo. A diferença consiste no aprimoramento e especialização das pessoas que formam as equipes de cada unidade. São pessoas centradas que trabalham focadas, conhecem muito bem o momento ideal para inseminar a fêmea no período de cio, estão envolvidas nos resultados e muito bem treinadas. Com esta realidade não há mais 60
questionamento de que a técnica de inseminação artificial pós cervical funciona. Se trata de uma técnica que existe há vários anos e realmente se conseguindo excelentes resultados. Os pontos críticos, da mesma forma que a inseminação artificial tradicional são relacionados com o bom manejo de estimulo de cio e momento da inseminação propriamente dito, permitindo um protocolo de inseminação que se permita que o sêmen esteja ativo dentro do aparelho genital da fêmea entre 9 e 12 horas antes do início da ovulação. Por tanto, a duração do cio e o procedimento de inseminação são os dois principais parâmetros para alcançar o melhor resultado reprodutivo. O objetivo do presente trabalho é apresentar a técnica de inseminação pós cervical e comparar os resultados de fertilidade e prolificidade em granjas comercias que utilizaram as duas técnicas de inseminação (tradicional e pós cervical). Na inseminação artificial tradicional foram utilizadas doses com concentração de 3 bilhões de espermatozoides e volume de 90 mL com duas inseminações por fêmea no mesmo ciclo. E na pós cervical foi utilizado o mesmo protocolo de inseminação quanto a número de repetição de doses por fêmea/ciclo porém, com volume da dose de sêmen reduzida a 45 mL e concentração de 1,5 bilhões de espermatozoides. A diferença basicamente foram a concentração e volume das doses e o local onde se depositou o sêmen no aparelho genital da fêmea. Sem dúvida, podemos afirmar que o sucesso da inseminação artificial pós cervical depende do quanto as pessoas estão capacitadas para adotar a técnica, da qualidade do sêmen e da água utilizada na dose e essencialmente do diluente que seja de excelente qualidade de alta proteção e conservação.
Objetivo Demonstrar que a inseminação artificial pós cervical ou intrauterina a campo em granjas comerciais se pode obter os mesmos resultados de leitões produzidos quando comparada com a técnica de inseminação tradicional. Sendo assim, é mais uma opção de manejo a ser adotado na reprodução suína.
Descrição da Técnica da Inseminação Artificial Intra Uterina Existem dois tipos de Inseminação Artificial (IA) Intrauterina: IA Pós Cervical (IPC) e IA Intrauterina Profunda. Inseminação Pós Ce rvical
Inseminação Intra Uterina Profunda
Acima, nas gravuras, localização do cateter e da sonda no aparelho genital da fêmea suína quando praticada a técnica da Inseminação artificial Pós cervical e Intra uterina. No presente trabalho, estaremos descrevendo a técnica e os resultados obtidos da Inseminação Artificial Pós Cervical.
Características da IPC Doses de 1,0 - 1,5 bilhões de espermatozoides; Volume: 45 – 50 mL; Rápida; Fácil introdução do cateter e da sonda; Cateteres utilizados: pode ser de espuma ou espiral com saída frontal; O principal ato do sistema envolvendo todo o processo é a correta introdução da cânula; Pode ser utilizada em granjas comerciais; Não deve haver refluxo;
julho 2013 / edição 77
61
REPRODUÇÃO
Cateteres utilizados na Inseminação Artificial Intra Uterina
Ponta do Cateter de IA Tradicional
Ponta do cateter de IA Pós Cervical
62
Outros tipos de Cateteres
A sequência das fotos abaixo foram cedidas pela Kubus e demonstram a visualização do local onde o cateter se fixa nas duas técnicas (Convencional e Pós cervical):
Inseminação Tradicional com a ponta do cateter espiral
Fotos 1 a 3 demonstra no aparelho genital da fêmea a área de fixação do cateter esponja e a sonda guia quando se insemina através da técnica da Inseminação Pós Cervical.
1
2 julho 2013 / edição 77
63
REPRODUÇÃO
Metodologia do manejo da Inseminação Artificial Pós Cervical
3 Fotos 4 e 5 demonstram o aparelho genital da fêmea com a área de fixação do cateter espiral e a sonda guia quando se insemina através da técnica da Inseminação Pós Cervical.
4
5 64
1. Utilizar toalhas úmidas descartáveis para limpeza da vulva antes de inseminar
2. Lubrificar a ponta do cateter
3. Proceder a introdução do cateter
4. Depois do cateter introduzido, proceder a colocação da sonda e aplicação da dose.
5. Após a inseminação remover sonda e cateter. E manter as fêmeas tranquilas.
Objetivo Selecionamos duas granjas em distintas regiões Paraná e Minas Gerais, ambas com mais de 2.000 matrizes a qual foi implantada a técnica de inseminação pós cervical para comparação com a técnica convencional.
Foi estabelecido um protocolo e colocado em pratica para avaliação de resultados. O estudo foi baseado no índice de fertilidade e nascidos das duas granjas.
Programa adotado da técnica de IPC Primeiramente se realiza uma limpeza da região da vulva com toalha úmida descartável. Depois se deve introduzir o cateter previamente lubrificado, para evitar lesões na entrada do mesmo. Uma vez fixado a cervix, se inicia a introdução da cânula, sem forçar, até que se complete toda introdução. Deve-se deixar que a cânula na cervix alguns minutos, para que se relaxe e permita que atravesse as pregas. Uma vez que a cânula tenha entrado até o final, se coloca a dose de 40 ml (1.5 bilhões de espermatozoides úteis), se aperta e se
introduz toda a dose seminal dentro do útero. Depois de depositada a dose, retira-se pouco a pouco a cânula e posteriormente o cateter. As contrações do útero da porca fará com que os espermatozoides Cheguem até a união útero-tubárica, local onde se produz a fertilização dos óvulos. Deve-se comprovar que não houve refluxo nem ao exterior nem entre o cateter e a cânula. Se ocorreu, significa que a inseminação não foi correta, e deve-se repetir o processo.
julho 2013 / edição 77 65
REPRODUÇÃO Resultados da Inseminação Artificial tradicional e pós cervical em granjas comerciais na região do Paraná e Minas Gerais Granja 1 (PR) Tipo IA
% Fertilidade
Leitões Nascidos
%Fertilidade x LTN (a cada 100 cobertura )
IA Tradicional
93,88
14,13
1326
IA pós Cervical
93,44
14,57
1361
Granja 2 (MG) Tipo IA
% Fertilidade
Leitões Nascidos
%Fertilidade x LTN (a cada 100 cobertura )
IA Tradicional
90,2
13,6
1226
IA pós Cervical
92,1
13,4
1234
Conclusões Como demonstra os dados, não houve diferença significativa entre as duas técnicas quanto ao número de leitões produzidos a cada 100 coberturas. Dessa forma, na atualidade dispomos de uma técnica fácil e rápida que pode-se implantar nas granjas com total segurança. Porém requer treinamento, disciplina e comprometimento nos resultados. Existem adequados materiais descartáveis para adoção da técnica. Porém deve-se conhecer e selecionar produtos de qualidade para evitar comprometimento da técnica (os produtos utilizados não podem causar lesões traumáticas durante o uso). A técnica quando adotada adequadamente não apresenta refluxo. Tratase de uma técnica muito eficiente a qual não demonstra diferenças significativas dos parâmetros estudados: fertilidade, prolificidade (número de nascidos). Pode-se melhorar estes resultados ou não quando existe diferença segundo o manejo da técnica que se use no momento da inseminação. A inseminação
pós cervical economiza tempo e especialização quanto ao manejo de momento da inseminação (No setor de gestação, a revisão e diagnostico de cio devem ser as tarefas mais importantes). Se reduz consideravelmente o número de cachaços com esta técnica, aumenta a produção de doses por machos facilmente e se pode chegar a 3.600 doses de sêmen produzidas por macho alojado/ano. Por reduzir o número de machos no centro se deve ter excelentes cachaços os quais devem ser excelentes doadores de sêmen da mais alta qualidade. Afinal vão produzir mais leitões e terão muito mais descendentes os quais devem apresentar produtos mais uniformes.Esta técnica está recomendada para fêmeas multíparas. Para nuliparas se recomenda a inseminação clássica ou tradicional. Desta maneira, a CIA deve estar capacitada para produzir aproximadamente 80% de doses para inseminação pós - cervical e 20% para inseminação tradicional.
Agradecimentos Meu agradecimento ao Dr. Rafael Pallas (Kubus) e Equipe Consuitec: Adriana Pereira, Juvenal Ribeiro e Maicon Borile pelas fotos e informações recebidas 66
como também a experiência técnica que todos contribuíram com o presente trabalho.
julho 2013 / edição 77
67
MANEJO
Abordagens de manejo e gestão para otimizar a mão de obra por Pinheiro, R. W1 & Machado, G. S2
N
as últimas décadas, o processo acelerado de urbanização brasileira tem afastado cada vez mais a população do campo. Paralelo a isso, o crescimento econômico do Brasil tem reduzido as taxas de desemprego e inflacionado os salários em todas as atividades. O impacto deste cenário na suinocultura brasileira é evidente e tem consequências na produtividade, nos custos de produção e, consequentemente, na competitividade.
Qual o caminho para resolver este problema? A qualificação, o treinamento, os planos de benefícios, as bonificações por produtividade, os investimentos em instalações e equipamentos, os ganhos de escala, dentre outros, são fatores que devem ser considerados neste novo cenário. A suinocultura tem se profissionalizado cada vez mais, afastando-se da informalidade e do perfil familiar de criação. Entretanto, a evolução tecnológica 68
nas áreas de genética, nutrição e instalações não tem sido acompanhada, no mesmo ritmo, pela gestão eficaz dos recursos humanos. A qualificação da mão obra passa por uma correta seleção e, a partir dessa seleção de pessoas com perfil correto para produção, podese obter uma equipe coesa que tenha como objetivos o crescimento e as melhorias contínuas. O turnover da mão de obra, fundamental para todas as empresas que atuam em um cenário cada vez mais competitivo e exigente, deve ser analisado. As pessoas são os ativos essenciais e os diferenciadores de qualquer negócio, portanto, devem ser geridas, assim como todos os demais ativos. O elevado índice de perda de pessoas revela problemas e desafios a serem superados. A perda de pessoas significa perda de conhecimento, de capital intelectual, de inteligência, de entendimento e de domínio dos processos. Sintetizando, alto turnover é sinônimo de perda de produtividade, de lucratividade e de saúde organizacional. Impacta na motivação das pessoas, no comprometimento, que acaba gerando ainda mais absenteísmo – improdutividade (Bispo, 2013). Quando a empresa perde talentos, suas operações desequilibram-se. O turnover gera custos ou investimentos financeiros, de tempo e de recursos, assim como perdas de difícil reparação, que vão além de
custos diretos com admissões e desligamentos. Podem ser citados perdas no que diz respeito às posição em aberto e à improdutividade; às horas extras que, além da perda financeira, sobrecarrega os pares; à integração e orientação do novo profissional; ao treinamento e desenvolvimento da pessoa recém-contratada e ao tempo do profissional de RH e de outros profissionais envolvidos, desde o recrutamento até à capacitação da nova pessoa; menor produtividade, enquanto a pessoa está no tempo de aprendizado; aumento de acidentes e doenças; processos trabalhistas; dentre outros. A gestão do turnover preserva o capital intelectual, o ambiente e a imagem da empresa. Para uma melhor gestão do tempo, destinado às rotinas nas granjas, é preciso uma análise crítica e analítica, apontando os manejos que efetivamente produzem melhores resultados e aqueles que foram incorporados e que, na prática, podem ser desconsiderados sem prejuízos. Neste contexto, devese avaliar cada manejo adotado na rotina, mensurando o retorno efetivo que o mesmo trará para o setor. É preciso estar aberto à quebra de paradigmas, tendo a ciência como ferramenta constate de aprendizado e forma de questionamento na adoção de novos manejos. Ainda, do ponto de vista gerencial, a escala de folga impacta no número de funcionários das granjas.
Folgas diárias reduzem o número de funcionários efetivamente contratados, quando se compara ao sistema de folgas semanais, quando metade da equipe se reveza em folgas aos fins de semana.
Gestação Analisando diferentes granjas, percebe-se que não há uma correção entre o número de funcionários/ matrizes nos diferentes setores e os resultados obtidos e estes números apresentam grandes variações. Portanto, algumas destas relações são apontadas como ideais para uma boa produtividade sem, no entanto, significarem garantia de bons resultados. Na gestação, aponta-se uma relação de 1/250 (funcionário/ matrizes) como a que representa a melhor relação custo/benefício. Entretanto, a adoção de técnicas como inicio do estímulo sexual a partir dos 200 dias, a utilização de inseminação artificial, no protocolo de 24h, com apenas uma detecção de cio diário, o uso da técnica inseminação artificial pós-cervical, trato em apenas um período do dia e ainda uso de chupetas na gestação (reduzindo a necessidade de lavação dos cochos), reduzem o tempo de horas trabalhadas/dias julho 2013 / edição 77 69
MANEJO
neste setor. Assim, consegue-se elevar esta relação para 1/400, permitindo que a equipe de gestação dedique parte do seu dia (período da tarde) às atividades de outros setores. A adoção do manejo de banda, sistema no qual todas as coberturas ocorrem em intervalos de duas a três semanas, também pode ser utilizada como alternativa na redução de mão de obra na granja. Este manejo ainda apresenta como vantagem melhoria nas condições sanitárias da granja, por meio do aumento do tempo de vazio sanitário entre os lotes, melhor equalizando rotinas como limpeza e desinfecção e transferências entre lotes. Neste sistema, espera-se uma redução de 15 a 20% no contingente de pessoas que trabalham na gestação e maternidade. Como as atividades concentram-se, de forma alternada, na maternidade e na gestação, pode-se reduzir o número de funcionários que trabalham nestes setores, selecionando aqueles com melhor perfil para atuar em ambos. Faz-se, no entanto, necessário o treinamento capacitando todos os funcionários aos manejos e rotinas da gestação e maternidade, garantindo uma boa execução das rotinas nos dois setores. As empresas que possuem várias granjas podem, ainda, maximizar o manejo em banda a partir da formação de uma equipe itinerante. Como as atividades são concentradas na gestação e maternidade, em função da sincronização 70
das matrizes à cobertura, em momentos alternados, estabelecem-se equipes que circulam as granjas, de acordo com estas atividades, reduzindo a demanda de funcionários/setor.
Maternidade Se analisarmos as granjas com maior número de leitões desmamados por parto, seguramente haverá um ponto em comum: possuem uma equipe de funcionários motivada e qualificada. Desta forma, pode-se concluir que esta é uma das principais variáveis para se obter redução da mortalidade de leitões em granjas com alta produtividade, pois as tarefas do setor de maternidade precisam ser executadas com extrema precisão e responsabilidade pelos funcionários. Observando a distribuição de mortalidade de leitões na grande maioria das granjas, nota-se que aproximadamente 80% das mortes de leitões ocorrem na primeira semana de vida, sendo que, principalmente no período noturno, onde há a minoria dos funcionários. Se se considera a jornada normal de trabalho permitida pela legislação trabalhista, haverá oito horas de trabalho com quase 100% dos funcionários durante o dia, e 16 horas com apenas o (s) guarda (s) noturno. Desta forma, o que
chamamos de noite na realidade representa 2/3 do dia, sendo este o período onde ocorre a maioria dos partos e problemas de uma maternidade. Muitos gestores negligenciam esta situação, contratando funcionários com mínimo de experiência para trabalhar como guarda, enquanto que o correto seria direcionarmos os melhores para o trabalho noturno, bem como para as salas de leitões mais novos. Portanto, o ideal seria planejar com antecedência quem deve trabalhar no período noturno, possibilitando realizar a qualificação por meio de um bom programa de treinamento e, ainda, adoção de procedimentos operacionais padrão (POP) bem como ferramentas gerenciais de Qualidade Total (5S, PDCA, Gestão à vista entre outros) que permitem que os envolvidos na produção executem de maneira consciente as metas e objetivos determinados. Na maternidade os melhores resultados são observados quando se atinge uma relação de 10 a 11 partos semanais/ funcionário. Para um correto acompanhamento dos partos não se deve ultrapassar uma relação de cinco partos simultâneos/parteiro e deve-se considerar a hipótese de se trabalhar com a indução e sincronização de partos, retirando-os do período noturno, gerando melhorias no manejo de colostro e redução de perdas por esmagamento. Neste setor é fundamental a formação de uma equipe de frente que trabalhe até
o quinto dia de vida dos leitões. Para uma correta gestão do tempo, fatores como colostro, ambiência de escamoteador e prender os leitões em intervalos de 40 minutos após as mamadas (quatro primeiros dias de vida) e ajustes de tratos concentrados nos horários mais frescos do dia são fundamentais para um excelente equilíbrio entre tempo trabalhado e resultados.
Creche/Recria e terminação Estes são os setores que mais dependem diretamente do nível de automação para definir a quantidade de pessoas. Na creche deve-se considerar um funcionário/1000 matrizes, desde que se trabalhe com linhas de distribuição e cochos automáticos. Entretanto, é preciso considerar que, eventualmente há demanda por uma mão de obra adicional (dias de vacinação, lavação e transferências), ou seja, é um funcionário fixo e mais algumas horas dedicadas a estas atividades. Neste setor, o tipo de cocho tem sido decisivo no número de horas trabalhado. Os cochos com problemas de regulagem (seja por serem mal projetados ou mal manejados) acabam demandando maior atenção, com limitação na descida das primeiras rações, quando se busca o máximo desempenho e consumo. Em muitas granjas o julho 2013 / edição 77
71
MANEJO tempo gasto com manutenção não é gerenciado e por isto ainda se investe tão pouco no padrão de qualidade das construções, partindo do pressuposto que o barato ao se construir é o mais eficiente e partir daí tem-se altos custos associados a manutenções. Na terminação, além do sistema de distribuição de ração, deve-se considerar o tipo de piso. Para pisos 100% vazados não há necessidade de limpeza diária, o contrário ocorre para os pisos compactos, sendo esta situação parcialmente amenizada nas instalações com lâmina d’água. A forma de alojamento dos lotes também irá impactar na quantidade de horas trabalhadas. Lotes com alojamento semanal demandam mais mão de obra na medida em que, há aumento no número de transferências, lavação e desinfecção e vazio, o que permite projetar entre 1500 e 2000 animais/ funcionários (granjas automatizadas), variam em função do tipo de instalações (piso vazado e compacto, respectivamente). Nos lotes quadrimestrais (todos dentro, todos fora) estas rotinas são otimizadas, pois ocorrem a cada quatro meses, havendo uma melhor distribuição das tarefas, permitindo uma redução na mão de obra, trabalhando-se numa relação entre 2000 e 3000 mil animais/funcionários.
dos demais custos, além da mão de obra. Curvas de alimentação diferenciadas na recria e terminação, visando melhor conversão alimentar e individualização do arraçomento de matrizes gestantes são exemplos da contribuição da automação para suinocultura.
Resumo • Enfim, o grande desafio das empresas de hoje é administrar bem seus recursos humanos, pois são as pessoas que obtém e mantêm vantagens competitivas. • O primeiro e decisivo passo para se formar uma equipe capaz de produzir resultados é uma correta contratação. • A adoção de tecnologias que permitam excelentes resultados, além da redução no número de horas trabalhadas, deve ser considerada na prática diária das granjas. • O uso de automação permite priorizar os manejos que trazem melhores resultados em alguns setores e reduzem a necessidade de mão de obra em outros. • É preciso gerenciar/questionar o tempo destinado a cada rotina na granja e conseguir mensurar o impacto da mesma no resultado final.
Automação A utilização de automação auxilia na redução de mão de obra, mas não pode ser encarado apenas com este benefício. Em alguns casos consegue-se maior precisão no arraçoamento, em outros muda totalmente a concepção e forma de se ver a atividade. Em alguns setores, como a maternidade, não se visa à redução no número de funcionários do setor, mas uma melhor utilização desta mão de obra em questões que trazem melhores resultados (otimização do tempo). A automação não é a simples substituição do homem pela máquina, mas um direcionamento das atividades que requerem maior esforço físico, sendo a mão de obra utilizada nas questões estratégicas, com foco nos resultados, bem como na operacionalização das máquinas. Esta impacta também o perfil do trabalhador do campo. Passa-se por um momento no qual há grande concorrência com outras atividades o que leva a um esvaziamento ainda maior do campo. Neste contexto, há que se preparar para que as granjas tenham um menor número de funcionários e que estes sejam de melhores qualificação e remuneração. Ela também é importante no aumento da precisão das quantidades oferecidas em cada fase de produção, conforme o requerimento nutricional dos animais, tanto na reprodução, quanto nas fases de crescimento. Esta precisão resulta em maior produtividade e otimização 72
1Doutor em Zootecnia – UFMG; , Veterinário da Integrall Soluções em Produção Animal. 2Doutor, Ciências Animal – UFMG; e Veterinário da Integrall Soluções em Produção Animal.
julho 2013 / edição 77
73
PRODUÇÃO
Granja Jucelia se destaca como modelo de Unidade Produtora de Leitões Granja foi fundada em 1998 em São Miguel do Iguaçu, Paraná
F
por Giovana de Paula fotos Divulgação
undada em 1998, a Granja Jucelia, situada na cidade de São Miguel do Iguaçu, no Paraná, apresenta uma história bastante interessante, para não dizer, no mínimo, original. Como se não bastasse sua ‘pouca idade’ para os padrões brasileiros, a Granja apresenta uma característica marcante: ela foi fundada ‘por acaso’. Sim, por acaso, segundo Lauri Emilio Rauber Junior, filho de Lauri Emilio Rauber, fundador da granja. Ele nos conta que seu pai tinha um sítio e resolveu colocar alguns suínos para que o caseiro pudesse tomar conta e ter uma outra atividade. Segundo Lauri Emilio Rauber Junior, foi amor à primeira vista. “Meu pai se apaixonou pela atividade desde então. Mesmo em épocas de dificuldade da suinocultura, podemos abandonar outras atividades, mas não a produção de suínos”, conta. Hoje, a Granja Jucelia conta com duas propriedades, com 28 funcionários no geral (granja e 74
escritório), uma de 10,5 Ha UPL (Unidade Produtora de Leitões –– Granja Jucelia 1) e outra com 3,8 Ha UPD (Unidade Produtora de Desmamados – Granja Jucelia 2). As propriedades possuem biodigestores e, neste ano, adquiriu um gerador a biogás, tornando autossuficiente em energia a Granja Jucelia 1 e possui planos de vender energia à Copel. Lauri Junior relata que alguns diferenciais da granja, que conta hoje com 1.800 matrizes, que estão ao seu cuidado, referem -se às questões sanitárias e com a padronização dos animais, em busca de uma máxima qualidade do animal entregue ao frigorífico. “Todos os nossos animais são vacinados sob um rígido processo sanitário”, conta. A Granja Jucelia atua como Unidade Produtora de Leitões (UPL) e, segundo ele, é extremamente importante um correto processo de vacinação, os suínos melhoram como um todo e verificamos uma preferência muito grande pelos nossos leitões por parte dos terminadores com os quais trabalhamos.
“O produtor de suínos, assim como em todas as atividades comerciais tem de pensar sempre em crescer, evoluir com seu negócio. Precisamos ter um volume de animais compatível com a demanda e com nossa estrutura. Passo a passo vamos crescendo, acompanhando a evolução do setor”
Acima, Lauri Emilio Rauber, fundador da Granja Jucelia: amor à primeira vista pela suinocultura
julho 2013 / edição 77
75
PRODUÇÃO
Alguns diferenciais da granja, que conta hoje com 1.800 matrizes, que estão ao seu cuidado, referem -se às questões sanitárias e com a padronização dos animais, em busca de uma máxima qualidade do animal entregue ao frigorífico As propriedades possuem biodigestores e, neste ano, adquiriu um gerador a biogás, tornando autossuficiente em energia a Granja Jucelia 1 e possui planos de vender energia à Copel.
Lauri Emilio Rauber: empresa possui o projeto de expansão dentro do limite da propriedade, para o número de 2.500 matrizes. E, quando o setor se apresentar mais estruturado, com menor nível de instabilidade, o objetivo é adquirir mais uma propriedade e trabalhar com 4 mil matrizes para produção.
76
Granja Jucelia Localização
São Miguel do Iguaçu (PR)
Sistema de Produção
Unidade Produtora de Leitões (UPL)
Número de Matrizes TOTAL
1.800
Leitões desmamados por matriz em 2012
12.3 (média)
Idade média de desmame
22 dias
Média de peso de envio de leitões
23.8 kg
Idade média de vida na venda dos leitões
65 dias
Nascidos/vivos/fêmea/ano
32.26
Número Aprox. de leitões vendidos em 2012
48.000
Milho utilizado
180 mil quilos/mês (3 mil sacas)
Farelo de soja
75 mil quilos/mês
Casca de soja
5 mil quilos/mês
Genéticas utilizadas
- Fêmeas: DB DanBred - Machos: Agroceres
Nutrição
Nutron / Biobase / InVivo
“Em nossa região, nem todas as granjas adotam este critério relativo à vacinação de leitões”, ele conta. Em relação ao cuidado com a padronização de peso dos leitões entregues, Lauri Junior aponta este um diferencial, inclusive na hora de entregar o leitão para o frigorífico. “Entregamos nossos animais à Friella procurando sempre estabelecer o peso de 23 quilos, com a menor variação possível, máxima de 2 kg para mais ou para menos em relação à média”, disse. “Temos também um cuidado todo especial na hora do arraçoamento, temos sempre um profissional por galpão para estimular os animais a se alimentarem. Esses detalhes compõe alguns diferenciais de nosso trabalho”, conta. O cuidado com a genética utilizada também é um detalhe marcante na granja. “Trabalhamos com a reposição de 40% das matrizes, para a manutenção da média de idade, dessa forma, garantimos a qualidade total de nossos leitões”, conta. A Granja utiliza a linhagem DB
Danbred nas matrizes e machos Agroceres 337 elite. Todo este trabalho é o reflexo da identidade da Granja como um centro de produção de alimentos. “Produzir um excelente alimento é a nossa missão, sempre com olhos para a melhoria constante”, conta. Rauber Junior destaca que há projetos para ampliação da granja, em escalas. “Em um primeiro momento, projetamos um aumento dentro do limite da propriedade, para o número de 2.500 matrizes. E, quando o setor se apresentar mais estruturado, com menor nível de instabilidade, nosso projeto é adquirir mais uma propriedade e trabalharmos com 4 mil matrizes para produção”, conta. “O produtor de suínos, assim como em todas as atividades comerciais tem de pensar sempre em crescer, evoluir com seu negócio. Precisamos ter um volume de animais compatível com a demanda e com nossa estrutura. Passo a passo vamos crescendo, acompanhando a evolução do setor”, destaca. julho 2013 / edição 77
77
PERSONALIDADE
Gustavo Lima: história de progresso para a suinocultura
Conheça um pouco mais sobre o lado pessoal do pesquisador da Embrapa por Giovana de Paula
fotos ARQUIVO PESSOAL
A
os 17 anos, o jovem Gustavo Lima teve o primeiro contato com a suinocultura e, desde então, se apaixonou pela atividade. Hoje, renomado pesquisador e estudioso da área, ele é considerado um dos profissionais que mais atua para o desenvolvimento do setor. Ainda adolescente, seu primeiro trabalho com suínos foi através de um intercâmbio nos Estados Unidos, ainda quando cursava o antigo colegial. Gustavo Lima voltou convicto de que sua carreira já estava determinada: havia se apaixonado pela atividade. Foi estudar Agronomia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ. “Formei-me em 1980, e logo na sequência já ingressei no mestrado e na Embrapa. Na época, havia poucos profissionais disponíveis no mercado de trabalho, com mestrado e doutorado. Nos anos 70, a Embrapa foi criada e passou a adotar uma das mais ousadas e decisivas políticas de formação de recursos humanos. Semelhante ao que ocorreu em outras áreas da Agricultura, a grande maioria dos pesquisadores em nutrição de suínos foi selecionada nos departamentos de Zootecnia das prin-
78
cipais universidades brasileiras”, explicou Gustavo Lima. A importância da fluência em inglês nos anos 80, citada por Gustavo Lima favoreceu o intercâmbio das informações com o exterior. “Não tínhamos a facilidade de acesso às informações e aos melhores profissionais dos Estados Unidos, por exemplo, como temos hoje. O mundo está muito ‘pequeno’, conseguimos trazer hoje o que há de mais moderno e atual em suinocultura, com um grande intercâmbio de informações. Ter fluência em inglês abriu possibilidades de gerar este fluxo de informação e propiciar uma excelente rede de contatos”, explicou. “Conversamos pelo Skype, fazemos conferências pela internet, tudo muito fácil e próximo”, disse. A suinocultura mudou muito desde então, ele relata. “No final dos anos 70, todas as granjas eram de ciclo completo e uma granja grande possuía de 50 a 100 matrizes. Hoje, uma propriedade grande tem entre 2.000 a 5.000 matrizes”, disse. “Naquela época, falava-se em desmame precoce dos 35 aos 42 dias. Hoje, nem se fala mais em desmame precoce. Entre 21 a 28 dias o leitão já é desmamado”, conta.
Ao lado Gustavo Lima em reunião técnica no ano de 2002 em foz do Iguaçu
O sonho “Meu maior sonho quando iniciei na atividade era auxiliar para que os produtores fossem cada vez unidos, dentro da ideia do Associativismo e Cooperativismo. Quando se tem um grupo com o mesmo foco, o mesmo objetivo, a força é muito maior! Parece óbvio, mas infelizmente essa não é uma realidade vivida pelo setor. As entidades de classe não tem força representativa junto ao Governo, por exemplo, nem os produtores estão suficientemente esclarecidos e articulados para se unirem na conquista de objetivos comuns. Há muito o que evoluir em organização dos produtores”.
Paixão pela História “Sou um apaixonado pela História de nosso país! Sempre que posso estou lendo e estudando a História de nosso povo, especialmente a que relata a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Como meu pai fez parte da FEB (Força Expedicionária Brasileira), sendo condecorado por bravura, tenho um carinho todo especial pelos detalhes dessa his-
tória. Mal equipado e sem experiência em combate, o Brasil reuniu pessoas de todas as camadas sociais para lutar pela democracia e contra o nazi-facismo. Os militares que saíram daqui enfrentaram um inimigo altamente treinado e experiente, o frio e a neve do inverno nos Apeninos e passaram até meses sem tomar banho. Foi um sofrimento muito grande com muitos feridos e algumas centenas de mortos. Uma vez vitoriosos e cheios de glórias, nossos Pracinhas foram condenados ao esquecimento e abandono, após o seu retorno. Afinal, não havia interesse político em lembrar que eles haviam lutado pela democracia. Infelizmente, nossa cultura não valoriza estes detalhes de nosso passado”.
Lado pessoal “Sou casado, tenho três filhos, sendo que uma é Médica Veterinária, outro é formado em Gestão Ambiental e outro em Administração. Junto com minha esposa, são meu orgulho! Minha vida familiar é muito boa! Adoro tirar um tempo para ficar com minha família”. julho 2013 / edição 77
79
PERSONALIDADE
Acima, Gustavo Lima e família
Trabalho x Vida Pessoal
Hobbies
“Separo muito bem o lado pessoal do profissional. Quando chego em casa, deixo todas questões do trabalho do lado de fora. Apesar de amar muito o que eu faço, e minha família sabe da paixão que tenho pelo meu trabalho, faço de tudo para viver da forma mais intensa possível a minha vida com minha família. Para mim, o sábado é dia normal de trabalho. Então, no Domingo e nas noites durante a semana, separo para nossa convivência familiar.”
“Meus hobbies são viajar e tirar fotografias. Adoro acordar mais cedo e tirar fotografias do amanhecer, ou então, fotografar com a luz do luar. Tive uma outra paixão também, durante 35 anos, que foi o Escotismo. Uma prática que nos propicia estar em constante contato com a natureza, e em grupo, ensinando os mais jovens as questões como o respeito, não somente à Natureza, mas também pelo grupo como um todo, respeitando regras e deveres”.
Gestão de Pessoas
Metas e objetivos: desenvolvimento da suinocultura
“Gerir as pessoas é sempre um desafio muito grande que é minimizado quando sabemos ouvir as pessoas. Fiz muitos amigos ao longo da vida devido a essa característica: saber ouvir. Procuro ser transparente e dizer o que realmente penso. Tive também alguns dissabores devido à minha franqueza, mas prefiro ser assim, autêntico e verdadeiro”. 80
“Minha vida sempre foi dedicada ao desenvolvimento da suinocultura. Sou um profissional inserido dentro dos problemas do setor e sempre tive objetivos muito claros. Sempre me considerei um pesquisador-extensionista e jamais um cientista; tive uma
carreira voltada à resolução dos problemas da suinocultura, procurando ser útil ao setor. O profissional que trabalha hoje na suinocultura precisa ter metas e procurar ser útil para o setor, atuando com honestidade e seriedade.
Pessoas que contribuíram na carreira de Gustavo Lima “Muitas pessoas colaboraram e continuam colaborando para o avanço da minha carreira e não gostaria de cometer a injustiça de não reconhecê-los ao mencionar nomes. Entretanto, não posso deixar de lembrar dos meus professores da ESALQ Abel Lavorenti, Irineu Umberto Packer e Roberto Dias de Moraes que me guiaram até o mestrado e me incentivaram a estudar nos Estados Unidos; Tip Cline e John Rogler que me conduziram no doutorado e me fizeram entender que Ph.D. eram apenas três letras e que havia muito por fazer. Por fim, todo o meu trabalho só foi possível graças à Embrapa, uma empresa gigantesca em suas realizações e que me deu a oportunidade de trabalhar com excelentes profissionais com quem divido todas as minhas alegrias e conquistas”. Gustavo Julio Mello Monteiro de Lima • Engenheiro Agrônomo, ESALQ/USP, 1980. • Mestre em Nutrição Animal, ESALQ/ USP, 1984. • Ph.D. em Nutrição Animal, Purdue University, 1987. • Pesquisador Visitante, University of Illinois, 1997. • Pesquisador na área de Nutrição e Produção de Suínos do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves da EMBRAPA desde 1981. • Gestor do Grupo de Pesquisa em Produção de Suínos da Embrapa. • Suinocultor e produtor rural. • Consultor científico de instituições de fomento à pesquisa, revistas científicas nacionais e estrangeiras, empresas do setor privado e colaborador em cursos de Pós-Graduação (Especialização, Mestrado e Doutorado). • Orientador e co-orientador de dissertações de mestrado e teses de doutorado. • É autor e co-autor de 54 artigos científicos, 24 livros e capítulos de livros, 319 trabalhos publicados em anais de eventos e 80 trabalhos publicados em revistas dirigidas ao setor produtivo. • É membro da Diretoria do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal/CBNA, e sócio da Sociedade Brasileira de
Zootecnia e American Society of Animal Science. • É o representante brasileiro no Comitê S-1044: Nutritional Systems for Swine to Increase Reproductive Efficiency, que congrega pesquisadores de diferentes universidades que pesquisam na área de Nutrição de Suínos dos Estados Unidos. • É membro do Comitê Científico do Specialty Feed Ingredients Sustainability (SFIS) Project da International Feed Industry Federation (IFIF), que é um consórcio global que estuda o papel positivo de ingredientes especiais sobre a redução do impacto ambiental da produção animal. Áreas em que atua: - Nutrição de leitões na fase de aleitamento. - Avaliação da qualidade nutricional de grãos e outros alimentos para aves e suínos. - Nutrição de porcas em gestação e lactação. - Estudo de promotores de crescimento para aves e suínos. - Processamento de alimentos para animais. - Qualidade microbiológica de alimentos
e processos em fábricas de ração. - Produção de suínos. Principais tecnologias e produtos gerados junto com os colegas da Embrapa: - Tabela de Composição Química e Valores de Energia de Alimentos para Suínos e Aves. - Primeiro sistema de alimentação à vontade para porcas em lactação no Brasil (Comedouro Embrapa). - Tecnologias de redução do poder poluente dos dejetos de suínos através da nutrição e alimentação de suínos. - Desenvolvimento de milho alto óleo para a produção de aves e suínos, junto com as empresas de melhoramento de milho que atuam no Brasil. - Desenvolvimento de equipamentos e metodologias para fábricas de ração - Junto com os demais pesquisadores desenvolveu conhecimento para a utilização de vários alimentos para a produção de suínos e aves como: milho, trigo, trigo germinado, triticale, levedura, subprodutos de arroz, soja em grão, casca de soja, entre outros.
julho 2013 / edição 77
81
ESTATÍSTICAS
Exportações de carne suína caem quase 18% Ucrânia, um dos principais mercados, não comprou nada em maio, o que explica a queda acentuada nas vendas do Brasil por ABIPECS
A
s exportações brasileiras de carne suína caíram quase 18%, em maio, basicamente pela ausência de vendas para a Ucrânia, que em abril ainda chegou a importar 1.655 toneladas. O fechamento do mercado ucraniano, desde 20 de março último, levou a uma retração de 53% nos embarques para aquele país no acumulado do ano. O Brasil exportou, em maio, 43.854 toneladas, em relação a 53.404 t em maio de 2012, uma queda de 17,88%. No
82
acumulado do ano, as vendas somaram 199.889 t, na comparação com 224.870 t no mesmo período do ano passado, um encolhimento de 11,11%.Em receita, a redução nas vendas foi de 17,58%, em maio. O Brasil vendeu US$ 114,06 milhões, ante US$ 138,38 milhões em maio de 2012. Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas externas de carne suína totalizaram US$ 531,42 milhões, uma queda de 8,21% em relação a janeiromaio de 2012 (US$ 578,95 milhões).
PRINCIPAIS DESTINOS DA CARNE SUÍNA BRASILEIRA - MAIO 2013 PAÍSES
TON
PARTICIPAÇÃO
RUSSIA, FED.DA 14,084 HONG KONG 12,767 ANGOLA 3,054 CINGAPURA 2,971 URUGUAI 2,235 GEORGIA, REP. DA 1,672 ARMENIA 1,246 ARGENTINA 1,089 MOLDAVIA, REP. DA 656 CHILE 553 OUTROS 3,527 TOTAL
43,584
32.12 29.11 6.96 6.77 5.10 3.81 2.84 2.48 1.50 1.26 8.04 100.00
O preço médio, em maio, foi de US$ 2.601 a tonelada, ante US$ 2.591 em maio de 2012, um pequeno aumento de 0,37%. “Os números demonstram, sem sobra de dúvida, o efeito da restrição temporária ucraniana. Ainda seguimos com expectativas na solução do impasse em relação à Ucrânia, e confiantes na reação do mercado interno, a partir de junho, em relação a preços e volumes. A abertura do Japão para o estado de Santa Catarina deve alavancar reações no âmbito comercial internacional e nacional”, diz Rui Eduardo Saldanha Vargas, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS). “O setor conta com o apoio do governo, em especial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para pressionar as autoridades ucranianas no sentido de obtermos uma decisão relacionada à visita da missão veterinária que esteve no Brasil em abril deste ano”, acrescenta.
Rússia e Hong Kong na liderança Os principais destinos, em maio, foram Rússia e Hong Kong. O Brasil vendeu 14.084 t (US$ 40,72 milhões) para o mercado russo, um aumento de 1,96% na comparação com maio do ano passado (13.814 t). Para Hong Kong foram embarcadas 12.767 t, aumento de 17,30% ante maio de 2012 (10.884 t). As vendas para Cingapura subiram 42,53% em maio (2.971 t), em relação a 2.084 t no mesmo intervalo do ano passado. Aumento expressivo nas vendas de carne suína para a Argentina: 1.089 t, ante 94 t em maio de 2012.
PAÍSES
US$ MIL PARTICIPAÇÃO
RUSSIA, FED.DA 40,726 HONG KONG 32,276 ANGOLA 9,448 CINGAPURA 6,874 URUGUAI 6,143 GEORGIA, REP. DA 3,620 ARMENIA 3,255 ARGENTINA 2,313 MOLDAVIA, REP. DA 1,593 CHILE 1,298 OUTROS 6,514
35.71 28.30 8.28 6.03 5.39 3.17 2.85 2.03 1.40 1.14 5.71
TOTAL
100.00
114,060
Principais destinos no acumulado do ano De janeiro a maio, a Rússia liderou as importações de carne suína brasileira: 56.298, uma elevação de 28% (44.108 t em igual período de 2012). Hong Kong foi o segundo principal destino nos cinco primeiros meses de 2013: 49.100 t, queda de 12% em relação a janeiro-maio de 2012 (55.966 t). Para a Ucrânia as vendas caíram 53%: 25.097 t nos cinco primeiros meses deste ano, ante 52.848 t no mesmo período de 2012. Também caíram os embarques para Cingapura: 11.365 t no acumulado do ano, ante 11.433 t de janeiro a maio de 2012. Houve crescimento de 26% nas exportações para a Argentina: 7.331 t, na comparação com 5.840 t. Quanto à China, as vendas somaram 427 t no acumulado do ano, em relação a 1.084 t no mesmo intervalo de 2012, uma queda de 61%.
Participação nas vendas brasileiras Em maio, a Rússia teve participação de 32,12% nas vendas brasileiras de carne suína, seguida por Hong Kong (29,11%), Angola (6,96%), Cingapura (6,77%) e Uruguai (5,10%).
Quem mais exporta Os principais estados exportadores, em maio, foram Santa Catarina (15.058 t), Rio Grande do Sul (10.525 t), Goiás (6.279 t), Minas Gerais (6.141 t) e Paraná (4.241 t). julho 2013 / edição 77
83
BOLETIM
O mercado em maio por Cepea*
E
m maio, os preços do suíno vivo e da carne voltaram a subir no mercado brasileiro. Os primeiros movimentos de alta foram verificados em Minas Gerais. Segundo colaboradores do Cepea deste estado, é comum a procura por carne suína se aquecer por ocasião de datas comemorativas, como o dia das Mães. Como resultado, também o suíno vivo se valoriza. Já nos demais estados, as cotações não se alteraram naquele início de mês, período em que o mercado avaliava também o impacto do recuo das exportações de carne suína em abril – eleva a disponibilidade interna. Na segunda quinzena do mês, os preços começaram a subir nas demais regiões acompanhadas pelo Cepea.Segundo colaboradores do Cepea, especialmente nas praças onde predomina o mercado independente, o motivo para a valorização foi mesmo a oferta limitada de animais para abate. A justificativa dada por produtores para essa restrição é que seus animais não estavam no peso ideal para abate. Por outro lado, representantes de frigoríficos acreditavam que produtores estariam limitando a ofertaestrategicamente para gerar recuperação dos preços. A oferta menor até surtiu efeito por um tempo, mas, na última semana do mês, os preços estabilizam na maioria das regiões. Com o feriado do dia 30, muitos frigoríficos não abateram e, por isso, reduziram as compras no período. Nas regiões mineiras, especialmente, os preços chegaram até mesmo a recuar no final do mês. Suinocultores e frigoríficos mineiros demoraram semanas para chegar a um acordo na Bolsa de Comercialização do estado. No dia 16, o “preço de negociação sugerido” (mas não acordado) pela Bolsa chegou a ser de R$ 3,20/kg. Ao longo da semana seguinte, alguns colaboradores do Cepea chegaram a confirmar negócios nesse valor, mas outros negociavam no máximo a R$ 2,90/kg. No dia 23, finalmente, o valor acordado foi de R$ 3,00/kg. 84
Gráfico 1. Preço médio mensal da carcaça comum no atacado de SP - capital (R$/kg - valores nominais)
Gráfico 2. Indicadores diários do suíno vivo - Preços pagos ao produtor (01/jun/12 a 31/mai/13 - R$/kg)
Preços Tabela 1. Indicador Cepea/Esalq do preço do suíno vivo – mai/13 Estado MG SP PA SC RS
Média R$/kg 2,91 2,66 2,36 2,44 2,38
Variação do mês* 9,7% 13,4% 9,1% 1,2% -0,4%
Min
Max
2,68 2,44 2,22 2,35 2,31
3,06 2,89 2,54 2,50 2,44
Tabela 2. Médias regionais do preço do suíno vivo – mai/13 (R$/kg) Região Patos de Minas Belo Horizonte Sul de Minas Ponte Nova S.J. do Rio Preto Avaré SP-5 Arapoti SO Paranaense Oeste Catarinense Braço do Norte Erechim Santa Rosa Serra Gaúcha
R$/kg 2,89 2,88 2,85 2,97 2,63 2,61 2,68 2,44 2,34 2,37 2,34 2,44 2,41 2,53
Variação do mês*
Min
Max
12,1% 11,4% 9,1% 5,6% 11,9% 14,5% 13,5% 12,4% 6,8% 19,3% 13,1% 7,1% 3,3% 12,9%
2,61 2,61 2,71 2,80 2,44 2,37 2,45 2,23 2,17 2,25 2,14 2,33 2,33 2,35
3,11 2,95 2,96 3,19 2,88 2,87 2,93 2,68 2,57 2,69 2,53 2,56 2,51 2,66
Exportações Quanto às exportações, o volume de carne suína in natura embarcado em maio foi de 37,2 mil toneladas, 26,5% superior ao de abril/13, mas 21% inferior ao de maio/12. Ainda sem dados segregados disponíveis, a menor quantidade frente ao mesmo período do ano passado pode estar atrelada à restrição das compras por parte da Ucrânia, que ainda não liberou as importações da carne brasileira. Por conta do embargo ucraniano, a Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) chegou até a reduzir as previsões para as exportações brasileiras de 2013. Antes, a Associação estimava que as exportações poderiam passar de 581,477 mil toneladas em 2012 para 600-650 mil toneladas em 2013, mas, agora, já se considera, ao menos, estabilidade. Segundo a Associação, a perspectiva é de retomada dos embarques aos ucranianos até junho e, para o segundo semestre, pode haver melhora das vendas para todos os países. A boa notícia para o setor é que o Japão, maior importador mundial de carne suína e que há muito tempo era visado pela suinocultura brasileira, finalmente liberou as importações da carne catarinense. Com a liberação efetiva das importações, as agroindústrias catarinenses avançam no processo de habilitação das plantas. A perspectiva é que os embarques comecem no segundo semestre.
Tabela 3. Média dos preços de carnes - atacado SP (capital) – mai/13 Estado Carcaça Comum Carcaça Especial Lombo Pernil com osso Costela Carré Paleta sem osso
Média R$/kg 4,14 4,43 7,91 5,84 7,82 5,0 6,05
Variação do mês* 10,0% 8,5% -7,5% -3,4% 0,3% 5,7% -1,1%
Min
Max
3,79 4,15 7,56 5,64 7,63 5,62 5,80
4,54 4,76 8,31 6,16 8,10 5,97 6,22
Tabela 4. Relação de troca de suíno vivo por milho e de suíno vivo por farelo de soja (kg vivo/kg de insumo) – média mai/13 Estado
vivo/milho
Variação mensal
vivo/ milho
Variação mensal
SP MG
6,29 8,01
-3,5% 3,3%
3,29 3,46
-13,2% -13,8%
Gráfico 3. Preços interno (carcaça - Grande SP) e externo (carne in natura), deflacionados pelo IPCA - R$/kg
Gráfico 4. Exportações de carne suína entre jun/12 a mai/13, volume e receita
julho 2013 / edição 77
85
BOLETIM
*Coordenador Prof. Dr. Sergio De Zen Pesquisadora Responsável Camila Brito Ortelan Equipe Regina Mazzini Rodrigues, Murilo Sandroni, Renato Prodoximo, Marina Vitti de Souza, Hugo Vinicius Ozam Dalla Costa, Nathalia Andia Cypriano e Pedro Henrique Dias Jornalista responsável Dra. Ana Paula Silva (Mtb 27.368) Revisão Alessandra da Paz (MTb 49.148) e Flávia Gutierrez (MTb 53.681)
Relação de troca e insumos Os preços do milho subiram no acumulado de maio no mercado brasileiro. Os valores foram sustentados por incertezas sobre as safras norte-americana e brasileira, por relatos sobre novos negócios para exportação e, principalmente, pela oficialização de leilões governamentais. Nos Estados Unidos, no início do mês, a chuva vinha atrapalhando o cultivo no país, gerando expectativas de redução da produção. Porém, em meados do mês, os norte-americanos aceleraram o plantio, que se aproximou da média histórica, fazendo com que novas estimativas indicassem produção recorde no país. Caso a produção seja, de fato, recorde, a maior oferta dos Estados Unidos pode limitar as exportações brasileiras e tirar o suporte de médio prazo às cotações nacionais. No Brasil, estimativas ainda apontam recorde na produção de milho safrinha, mesmo que o prolongamento da estiagem tenha prejudicado a produtividade das lavouras em algumas regiões. A produção elevada deve pressionar as cotações no médio prazo e o governo já apresentou políticas de intervenção para garantir a renda de produtores. Quanto ao mercado de farelo de soja, os valores também subiram em maio. A demanda internacional bastante firme foi o principal motivo para o aumento nas cotações do derivado nas regiões brasileiras. Segundo dados da Secex, os embarques desse produto já haviam praticamente dobrado de março para abril, passando para 1,2 milhão de toneladas e, em maio, o ritmo seguiu elevado, e as exportações somaram quase 1,4 milhão de toneladas. Além da concorrência com a demanda internacional, compradores brasileiros esbarravam na resistência de vendedores em negociar nesse momento, visto que muitos postergam os
negócios, na esperança de valorização significativa do derivado no segundo semestre. Vale lembrar, no entanto, que o resultado esperado para o próximo semestre vai depender do desempenho da produção norte-americana, que vem sendo prejudicada pelo clima. Gráfico 5. Relação de troca (kg de suíno/kg ração) – MG
Gráfico 6. Relação de troca (kg de suíno/kg de milho e kg de suíno/kg de farelo de soja)
Carnes concorrentes Mesmo com a alta nos preços em parte de maio, o valor médio da carcaça suína comum, de R$ 4,14/kg,ainda foi 5,8% inferior à média de abril no atacado da Grande São Paulo. A demanda interna se manteve enfraquecida em maio, o que pode estar atrelado à desvalorização das carnes concorrentes, bovina e de frango. De abril para maio, a média da carcaça casada bovina caiu 3%, passando para R$ 6,30/kg. Como a carne suína desvalorizou ainda mais de um mês para outro, o preço da carne suína passou a ficar 34,3% inferior ao da bovina em maio – em abril, era 32,4% mais barata que a carne de boi. Ou seja, a carne suína ficou relativamente mais competitiva em maio. Por outro lado, em relação à carne de frango, a suína perdeu competitividade relativa de um mês para outro. Isso porque o frango 86
inteiro resfriado comercializado no atacado paulista desvalorizou expressivos 15,4% de abril para maio, passando para R$ 2,85/kg.Assim, a carne suína, que tinha preço 30,4% superior à de frango em abril, passou a ficar 45,2% maior no mês de maio. Gráfico 7. Preços da carcaça casada bovina, da carcaça comum suína e do frango resfriado no atacado de São Paulo – capital (R$/kg)
PREGÃO
Panorama macroeconômico: Retrospectiva - mantendo a “cautela” por XP AGRO*
N
o último relatório, recorremos de forma explícita à palavra “cautela”, termo que tínhamos utilizado no primeiro relatório do ano e que entendemos ter voltado a se destacar na atual conjuntura do comportamento dos principais ativos financeiros e experimentalismos no campo das políticas econômicas. O mês de maio continuou trazendo evidências de uma recuperação global complexa, em que a retoma- da da atividade continua em um estágio incipiente e frágil, extremamente suscetível a choques, refletindo em níveis de incertezas elevados, exigindo uma maior precaução por parte dos agentes nas tomadas de investimento e preservação de patrimônio. No campo macroeconômico, a economia que permanece exigindo uma maior atenção do mercado é a China. A segunda maior economia do mundo continua caminhando em linha com a nossa visão mais cética e decepcionando as expectativas do mercado, que tende (sempre) a trabalhar com uma probabilidade elevada de sucesso nos desafios que o atual governo enfrenta na reformulação do modelo de crescimento econô88
mico. As estatísticas chinesas de atividade continuaram evidenciando maior fraqueza no quadro corrente, com a pesquisa do HSBC PMI registrando um resultado abaixo de 50 pontos para o mês de maio, o que coloca a China simbolicamente em um patamar contracionista de atividade industrial. O Flash PMI do HSBC recuou de 50,4 para 49,6, marcando a mínima de sete meses. A expectativa do mercado era de que permanecesse inalterado em 50,4. A abertura do número reforçou o atual momento de fraqueza na economia real, com o índice de novas encomendas caindo de 51,2 para 49,5 e mercado de trabalho também mostrando recuo marginal. Vai se consolidando, assim, um cenário de atividade mais fraca no segundo trimestre, em linha com a nossa visão frequentemente apresentada em nossos relatórios: “Mercado espera alguma retomada de atividade na China no segundo trimestre, o que pode ser factível, apesar de continuarmos enxergando uma assimetria baixista para atividade chinesa no curto prazo”. Ratificamos aqui nossa visão mais cética com o atual momento chinês: “Mantemos nossa visão mais cética e cautelosa com
os ativos mais sensíveis ao crescimento chinês. As estatísticas recentes sugerem que a economia real esteja dando sinais mais fracos que os projetados pelo mercado. Atribuímos baixa probabilidade de uma recuperação mais pronunciada no curto prazo, dado os desafios que o governo enfrenta na reformulação do mode- lo de crescimento econômico”. Nesse contexto, nossa bolsa voltou a ter uma performance negativa, visto que somos uma economia bastante exposta aos desdobra- mentos da segunda maior economia do mundo. O Ibovespa registrou queda superior a 4% no mês, um dos piores desempenhos dentro dos principais índices acionários, com o grande destaque negativo sendo observado no setor de mineração e siderurgia, ratificando nossa postura de “cautela”. Não bastassem as incertezas macroeconômicas que tivemos na China, foi a vez dos EUA adicionar volatilidade, trazendo no curto prazo as incertezas e riscos sobre o capítulo de retirada nos estímulos monetários. No meio do mês, tivemos o presidente do Federal Reserve mostrando uma abordagem ainda cautelosa sobre a lenta e frágil recuperação norte-americana neste pós-crise e as perspectivas sobre os próximos passos na política monetária. O debate girou em torno da probabilidade de uma redução no ritmo de compra de ativos (QE). Ben Bernanke ressaltou os riscos em se fazer uma mudança de política de forma prematura. Mesmo assim mencionou a possibilidade de redução das compras dentro das “próximas reuniões”. Esta afirmação lembrou ao mercado que as agressivas injeções de liquidez, um dia, terão que ser revertidas, o que acabou afetando negativamente o comportamento de algumas bolsas no mercado externo. Entendemos que este é o capítulo mais relevante que os mercados terão que enfrentar em algum momento, mas continuamos com uma convicção elevada de que não é um tema para ser discutido e precificado de manei-
ra mais forte agora, pelo fato de os EUA ainda apresentarem um mercado de trabalho frágil, uma inflação baixa aliada a uma forte postura acomodatícia dos principais diretores do Banco Central norte-americano. Para fechar este capítulo, importante continuar monitorando o tema do “experimentalismo” econômico que com frequência destacamos aqui. Ao longo do mês de maio, 15 Bancos Centrais cortaram juros, com a grande parte das decisões surpreendendo. As principais eco- nomias ainda se encontram preocupadas com seus respectivos quadros de atividade e estão aproveitando a janela de maior liquidez para promoverem suas políticas de estímulos, criando assim uma grande espiral de liquidez financeira nos mercados, cujas consequên- cias ainda serão descobertas. Neste contexto, destoando dos mercados externos, o nosso Banco Central optou por surpreender o mercado com um aperto maior nos juros no COPOM realizado no dia 29 de maio. A decisão de elevar o aperto para 0,50 pontos-base, levando a Selic a 8,0% ao ano, foi feita no mesmo dia da divulgação do PIB do primeiro trimestre que mostrou que a nossa recuperação econômica continua frágil e o quadro corrente de atividade industrial permanece anêmico, salvo o bom desempenho nos investimentos que pode se mostrar pontual. Neste sentido, mesmo com uma surpresa relevante na postura do Banco Central, acreditamos que o contexto inflacionário deverá permanecer em curso e beneficiar o comportamento dos ativos que se aproveitam de momentos de expectativas de inflação desancoradas. Mesmo que o BC sinalize uma maior preocupação com o comportamento dos preços, endurecendo o discurso e elevando o ritmo de ajuste, atribuímos baixa probabilidade de um cenário de alta relevante nos juros, de modo a combater efetivamente o processo inflacionário.
Cenário Ásia – O segundo trimestre na China vai se mostrando aquém do esperado. A China volta ao radar dos mercados, que precisam entender melhor o atual vigor de atividade na segunda maior economia do mundo, para ajustarem suas expectativas e projeções de investimento. As evidências que colhemos apontam na direção de
uma China crescendo menos, procurando focar seus esforços em um crescimento econômico que mire a sustentabilidade e os equilíbrios de longo prazo. A postura da China, se confirmada, será amplamente louvável, tornando-se a única economia no atual momento global que tolera um ciclo de crescimento mais baixo, porém mais sustentável. O único problema é que a China desempenha um papel fundamental nas perspectivas e ânimo dos investidores e em um mundo carente de um crescimento mais pronunciado, os sinais vindos da China podem elevar os receios de curto prazo. julho 2013 / edição 77 89
PREGÃO
Bolsas Internacionais ∆% Índice
País
Pontos
Mês
2013
Ibovespa
Brasil
53.506
(4,3)
(12,2)
Dow Jones
EUA
15.116
1,9
16,8
S&P 500
EUA
1.631
2,1
16,3
MEXBOL
México
41.588
(1,6)
(4,9)
FTSE 100
Reino Unido
6.583
2,4
11,1
CAC 40
França
3.949
2,4
9,1
DAX
Alemanha
8.349
5,5
9,7
IBEX
Espanha
8.321
(1,2)
2,3
NIKKEI 225
Japão
13.775
(0,6)
32,5
SHASHR
Shangai
2.408
-
3,0
HANG SENG
Hong Kong
22.392
(1,5)
(1,2)
Américas
Zona do Euro
Ásia
Bolsa Nacional ∆%
90
Índice
Ticker
Pontos
Mês
2013
Ibovespa
IBOV
53.506
(4,3)
(12,2)
IBX
IBX
21.511
(0,9)
(2,1)
Small Caps
SMLLBV
1.458
(2,0)
(5,6)
Consumo
ICONBV
2.434
0,4
2,4
Financeiro
IFNCBV
4.305
3,4
7,2
Industrial
INDX
11.875
(1,2)
(2,2)
Imobiliário
IMOBBV
786
(4,5)
(14,3)
Europa – A dicotomia continua. O elo industrial da Frimesa utiliza o que há de mais moderno no mundo e se atualiza constantemente nos últimos 20 anos. Prova disso é a obtenção de diferentes certificações de qualidade nacionais e internacionais para diferentes procedimentos como, além do ISSO 9001:2000, o HPPO, Suíno Certificado, BPF e os 18 programas de procedimentos operacionais para atender a legislação. “Faz mais de 20 anos que usamos o que existe e mais moderno no mundo em termos de maquinário para manter a alta qualidade e a alta eficiência em nossas linhas de produção. Além disso, contamos com um constante processo de treinamento
de pessoal, consultoria e modernização. São fatores que são fundamentais e constantes”, opina o gerente industrial da área de carnes, Vitor Frosi. Segundo ele, a Frimesa conta com 4,4 mil funcionários, dos quais 3 mil estão no setor de carnes para o abate diário de 5,4 mil animais e produção de 750 toneladas de cárneos por dia. “Planejamos o aumento de nossa capacidade para 900 toneladas de produtos por dia. Todos os aspectos são igualmente importantes para isso. Mas é interessante a consistência de nossas metas quanto ao volume de produção porque a falta de planejamento gera custos desnecessários”, finaliza.
Commodities Index ∆% Índice
Cotação
Mês
2013
Soja
1.510,0
7,9
7,3
Milho
567,3
1,9
(5,4)
Trigo
705,5
(3,5)
(11,3)
Açucar
16,6
(6,0)
(15,9)
Algodão
79,4
(9,3)
3,6
Café
127,1
(6,0)
(16,6)
Suco de Laranja
151,4
7,8
16,5
Cacau
2.191,0
(7,5)
(3,3)
Petróleo Bruto (WTI)
91,7
(2,2)
(1,3)
Óleo C alefação
278,2
(2,0)
(7,1)
RBOB Gasolina
274,6
(2,0)
(3,9)
GásNatural
4,0
(9,3)
8,8
Ouro
1.387,1
(5,9)
(16,5)
Prata
22,2
(8,3)
(26,2)
Cobre
327,2
2,7
(9,3)
Boi Gordo (EUA)
120,4
(1,8)
(8,2)
Porco Magro
94,1
1,3
(5,0)
Grãos
Agrícolas
Energia
Metais
Criação
julho 2013 / edição 77
91
PREGÃO
EUA – Muito cedo para realizar qualquer mudança na estratégia atual. O grande debate acerca da maior economia do mundo é quanto ao timming de redução dos estímulos da atual política acomodatícia por parte do Federal Reserve. Existe uma ala de diretores do Banco que está preocupada com a manutenção das políticas de injeção massi- va de capital, julgando que poderemos passar a colher mais riscos do que retorno se insistirmos com a atual estratégia. Outra parte, porém, incluindo o presidente e a vice-presidente do FED, acredita que os riscos serão maiores se a estratégia for interrompida de ma- neira prematura, assim como foi feita nos dois últimos programas de compras de ativos (QE1 e QE2). A parte mandante do FED, conti- nua atrelando a atual estratégia aos dados econômicos, principalmente inflação e desemprego. A última observação do mercado de tra- balho surpreendeu positivamente, direcionando os agentes econômicos a
especular uma retirada de estímulos mais cedo do que se ante- cipava. Apesar do aumento da volatilidade, continuamos atribuindo baixa probabilidade de redução dos estímulos no curto prazo por enxergar um mercado de trabalho estruturalmente frágil na maior economia do mundo, que ainda não conseguiu implementar de forma consistente uma recuperação no ritmo de contratação da força de trabalho ampliada da economia. Na ótica do FED, que possui o mercado de trabalho como uma das metas a ser perseguida, parece precipitado julgar que o atual crescimento norte-americano já esteja apto a passar do estágio de crescimento assistido para um crescimento genuíno. Muito importante monitorar as estatísticas de atividade, bem como os indicadores do mercado de trabalho neste mês que se inicia.
Moedas ∆% Divisa
Ticker
Cotação
Mês
2013
Dólar/Real
USDBRL
2,14
7,0
4,6
Euro/Real
EURBRL
2,78
5,6
2,8
Euro/Dolar
EURUSD
1,30
(1,3)
(1,6)
Yuan/Dólar
C NYUSD
0,16
0,5
1,6
Yen/Dólar
JPYUSD
0,01
(3,1)
(14,5)
Brasil – Banco Central voltando à ortodoxia. Será? O mês de junho se inicia com uma grande incerteza após o conjunto de fatos que deixou a última quartafeira, dia 29/05, uma data que poderá ser lembrada, nos próximos anos, como uma surpresa na condução da política econômica doméstica. Na manhã deste dia, tive- mos uma forte surpresa com o resultado 92
do desempenho econômico referente ao primeiro trimestre. A tímida alta do PIB de 0,6% no período não só frustraram as expectativas dos mercados, esperavam um avanço de 1%, como trouxe sinais de que o atual quadro de atividade possa estar mais frágil que o antecipado, principalmente na dinâmica
do consumo das famílias. Neste contexto, o COPOM ele- vou em 0,50 bps de maneira unânime a taxa Selic, que passou a figurar em 8,00%. O movimento foi mais forte que a nossa projeção de manutenção do ritmo de ajuste em 0,25bps e sancionou as apostas de parte do mercado de que a retórica mais apertada do Banco seria transformada em ação. A decisão do aumento em 0,50bps não foi uma surpresa relevante, dado que era o único cenário alternativo, mas alguns pontos chamaram atenção, assim como a ausência de uma observação. A unanimidade e o timming foram uma excelente manobra na tentativa de reconquistar a credibilidade do mercado. Depois do mal estar provocado pelo dissenso da última decisão, em que dois membros optaram por manutenção da Selic, o comitê optou, desta vez, por convencer possíveis votos dissidentes para mostrar um corpo mais unido e sinalizar maior preocupação com o combate à inflação, que ganhou força pelo fato da decisão ter sido no dia da divulgação de um PIB, mostrando uma atividade econômica ainda anêmica. Acelerar o ritmo de aperto nos juros para 0,50bps de forma unânime abre margem para interpretar uma mudança importante na função de reação do BC, que estaria voltando a dar prioridade para o comportamento da inflação no lugar da atividade e sinalizar ao mercado a conquista de independência por parte da instituição. Mas houve um detalhe, ou melhor, a ausência de um detalhe. Foi a primeira vez que este BC alterou o ritmo de ajuste na taxa de juros básica da economia sem condicionar tal movimento ao objetivo de convergência, ou pelo menos citar alguma referência ao sistema de metas de
inflação. Diferentemente de comunicados anteriores, quando o BC realizava alguma mudança no ritmo de ajuste, até mesmo para iniciar ou encerrar um ciclo, costumávamos a ler coisas do tipo “para que a inflação convirja para a trajetória de metas.” Ou “é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta”. Desta vez, a instituição se limitou apenas em dizer “essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano” Com isso, o tom mais austero do último COPOM parece ainda ser superficial sendo difícil mudar a nossa avaliação de que estamos diante de um Sistema de Metas de Inflação (muito) mais flexível e que implicitamente obedecemos a um mandato dual, em que existe um peso importante ao emprego (atividade), principalmente no que tange ao desemprego que um “choque” de juros pode gerar. Acreditamos que a (real) meta de inflação está em torno de 5,5% e choques serão acomodados no teto da meta. Entendemos que esta última decisão do BC em acelerar o aperto pode fazer o mercado exagerar em algum momento, tentando precificar um “this time is different” na aposta da volta de um BC relativamente mais ortodoxo do que o que vínhamos assistindo. Assim, uma das divulgações mais importantes para o mês será a ata da última decisão do COPOM, assim como o relatório trimestral de inflação, em que poderemos ter mais informações sobre a mudança (ou não) de postura do nosso Banco Central para ajustarmos as nossas projeções sobre o cenário doméstico.
Indicadores Econômicos Unidade
2013E*
2014E*
∆
Selic
fim do período
8,00%
8,50%
0,3 p.p.
IPCA
% ao ano
5,82%
5,80%
0,0 p.p.
IGP-M
% ao ano
5,17%
5,31%
0,9 p.p.
PIB
% ao ano
3,10%
3,50%
0,6 p.p.
Fonte: Boletim Focus
* Os textos e as tabelas desta seção são de autoria da XP Investimentos julho 2013 / edição 77
93
COLUNISTAS
Ponto de Ruptura
E
RICARDO AMORIM é economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam
por RICARDO AMORIM* foto RICARDO CORREA
m time que está ganhando não se mexe. E em time que está perdendo? Não, nada a ver com a seleção do Felipão. Refiro-me à nossa política econômica. No ano passado, em toda a América Latina, o crescimento brasileiro superou apenas o do Paraguai. Em 2011, nosso crescimento já tinha decepcionado e no primeiro trimestre deste ano, nova desilusão. Para piorar, a inflação anual está em elevação desde julho, nosso déficit de transações correntes – o mais importante indicador da saúde das contas externas – vem aumentando desde setembro e nosso déficit público cresce desde agosto de 2011. Com tantas variáveis macroeconômicas piorando, por que a insistência do governo em seguir por um caminho que não tem trazido bons resultados? A explicação é política e econômica. Até agora, o mau desempenho macroeconômico não afetava a popularidade da Presidenta Dilma porque o desemprego continuava em queda, causando elevações de salários. Salários mais altos somados ao crescimento da oferta de crédito geravam maior poder de compra para boa parte da população, e satisfação com o governo. Algo começou a mudar. Entre as surpresas negativas dos recentes dados do PIB, a maior foi a expansão pífia do consumo das famílias, até aqui o principal pilar de sustentação de nosso crescimento. A elevação dos preços e altos níveis de comprometimento de renda com pagamento de prestações de dívidas já estão minando a capacidade dos brasileiros de ir às compras e a própria popularidade da Presidenta. Não por acaso, o governo deu sinal verde ao Banco Central para enfrentar a ameaça inflacionária, acelerando a alta de juros. Os juros ainda terão de subir mais, talvez muito mais, até porque, na falta de medidas compensatórias, a desvalorização do Real frente ao dólar aos níveis mais fracos desde 2009 colabora para a aceleração da inflação. Se for significa-
94
tiva, a alta dos juros pode debelar o risco inflacionário, só que encarece o crédito e esfria o consumo. Por outro lado, se não for acompanhada de medidas de estímulo à expansão da capacidade produtiva – estímulos a investimentos e produtividade – ela transformará o PIBinho em PIBúsculo, com crescimento do desemprego e quedas de salários. Para crescer de forma sustentada a longo prazo, um país necessita de expansões também sustentadas tanto da oferta de bens e serviços quanto da demanda por eles. Se o consumo não se ampliar – como tem ocorrido em tantos países europeus nos últimos anos – a economia não se expande. Se a oferta não acompanhar a alta do consumo, o crescimento econômico será limitado e a inflação subirá, como tem ocorrido recentemente no Brasil. Entre 2004 e 2010, foi possível evitar este truísmo econômico porque partimos de um desemprego alto e uma utilização limitada da infraestrutura existente. De lá para cá, incorporamos milhões de pessoas ao mercado de trabalho e o desemprego caiu aos níveis mais baixos da história. Com parcos investimentos, o atual gargalo de infraestrutura é óbvio. Para completar, políticas voltadas para reduzir as margens de lucro nos setores financeiro, elétrico, de mineração e petrolífero afugentaram investimentos, limitando o crescimento da oferta de produtos e serviços. Uma mudança no modelo de desenvolvimento do país é inevitável, política e economicamente. Não dá mais para estimular a demanda sem impulsionar o crescimento da oferta. O governo parece ter percebido isto. Recentemente, elevou a remuneração para investimentos no setor ferroviário e aprovou a nova lei dos portos. Para o bem do país, e até das pretensões eleitorais da Presidenta, mudanças adicionais terão de ser rápidas, amplas e profundas. *Este artigo foi publicado na Revista IstoÉ e a PorkWorld teve autorização do autor para publicá-lo
Variação de preço dos alimentos incentiva países emergentes
E
Marcos Fava Neves é professor titular da FEA/USP e coordenador científico do Markestrati
por MARCOS FAVA NEVES e TÁSSIA GERBASI
sta análise mostra por meio de fatos e números recentes como está a dinâmica do mercado consumidor de alimentos no mundo e quais os impactos que estas tendências podem trazer. Ao final, uma reflexão para seus possíveis atos (projetos). • As redes de fast food americanas estão entrando na era da tecnologia da informação. Novos projetos experimentais tecnológicos testam a possibilidade de uso dos seus sistemas de análise de informações, rastreamento e transações para trocar dados com os dispositivos móveis digitais de seus clientes em nome da conveniência e da geração de lucros. • Segundo relatório da Comissão Europeia para o Desenvolvimento Agrícola e Rural publicado em dezembro de 2012 o atual momento econômico da União Europeia, bem como seu histórico nível de desemprego, indicam que a população irá buscar opções de consumo de carnes mais baratas. A produção de carnes na União Europeia será guiada pelo aumento do consumo das carnes de frango e suínos em substituição a outras carnes, bem como pelos altos preços praticados. • Segundo o relatório, a produção de carnes da União Europeia irá se manter estável nos próximos 10 anos, contabilizando em 2022 os mesmos níveis de produção vivenciados em 2011. Prova disso é o consumo per capita europeu, que se manterá na casa dos 82 kg, valor igual ao observado em 2009 e 1% mais baixo que em 2011. • Previsões indicam que a produção de suínos chinesa pode entrar em leve declínio uma vez que as margens praticadas no negócio estão diminuindo. Este fato impactará negativamente as exportações brasileiras de grãos, porém pode ser um fator impulsionador das exportações de carne para o país. • Atualmente a carne suína é a mais consumida na União Europeia. Previsões da Comissão Europeia para o Desenvolvimento Agrícola e Rural indicam
que esta situação se manterá nos próximos anos onde sua população consumirá cerca de 40 kg per capita de suínos, 24 kg de carne de aves e 16 kg de carne bovina. • Segundo relatório do Rabobank, as ofertas de carne bovina em 2013, permanecerão próximas àquelas observadas em 2012, porém a demanda tende a desacelerar. Este fato se deve a uma estabilização do aumento de renda mundial e a grande ameaça oriunda da inflação. • Em países como nos Estados Unidos e no Brasil, a diferença entre os preços de carnes mais baratas, como a de frango e a suína, e a carne bovina, tem diminuído. Previsões do Rabobank indicam que o setor de carne bovina pode ser levemente beneficiado por esse fato. • A Comissão Europeia para o Desenvolvimento Agrícola e Rural prevê que a preferência dos consumidores por produtos frescos como leites e iogurtes irá sustentar um aumento de 6,5% da produção europeia de lácteos até o ano de 2022. Já o mercado europeu de leite em pó estará frente a maiores aumentos, contando com alta de 23% na sua produção e 30% nas exportações até o referido ano. • Para suprir sua crescente demanda por carnes, investidores chineses estão comprando empresas de alimentos em países estrangeiros como EUA, Austrália e Brasil. O mesmo deve ocorrer para setores de alimentos ainda mais sofisticados uma vez que a diversificação do paladar dos chineses aumentará com o passar do tempo (The Wall Street Journal).
Tássia Gerbasi é pesquisadora do Markestrat e mestranda da FEA/USP julho 2013 / edição 77 95
COLUNISTAS
A Importância do RH no agronegócio
D
por Maria Stella foto DIVULGAÇÃO
urante anos relegada a posição de apoio, com a função primordial de cumprir tarefas como registrar funcionários, controlar horário de entrada e saída, e cuidar dos procedimentos de contratação e demissão, o chamado Departamento Pessoal sempre foi visto como uma área importante mas meramente burocrática das empresas. E isto era natural, pois era simplesmente cuidar da burocracia nada simples ligada aos funcionários que este Departamento fazia. Atualmente, no entanto, muita coisa vem mudando neste assunto. Empresas de todas as áreas da economia vêm percebendo, muito corretamente, que máquinas, equipamentos e tecnologia podem ser facilmente obtidos ou copiados, mas talentos humanos não. Pessoas são o ativo mais precioso que as empresas podem ter, o que é capaz de diferenciá-las no mercado e ser fator decisivo de vantagem frente aos concorrentes. As empresas vêm percebendo cada vez mais que recursos financeiros, novas tecnologias e máquinas modernas precisam de gente que as entenda, alimente e faça funcionar. Assim, funções como descobrir, treinar, motivar e reter funcionários importantes passam a ganhar importância nas discussões e fóruns realizados entre as mais diferentes plateias nos mais diferentes setores econômicos. Empresários, produtores rurais e gestores vem crescentemente se dedicando a estudar e aprender mais sobre assuntos que antes pouco eram tratados ou o eram de forma familiar e paternalista. As empresas e os próprios profissionais perceberam que os funcionários não precisam, e nem querem, ser tratados como filhos, que vão até seus chefes pedir aumentos salariais, promoções ou benefícios quando seus gastos familiares sobem ou a inflação faz sua capacidade de pagamento diminuir, na maioria das vezes sem nenhuma razão profissional, como deveria sempre ser o caso, de aumento da carga de traba-
96
lho, conclusão de curso que agregue conhecimento importante para o trabalho, aumento de grau acadêmico ou algum outro motivo objetivo e importante para a empresa e para o profissional. E os funcionários se sentem mais satisfeitos e valorizados ao perceberem que as empresas os mantém como seus funcionários não porque eles são simpáticos, amigos ou porque “estão lá há tanto tempo que já fazem parte da família”, mas porque eles são importantes como profissionais e como pessoas, que eles podem ser úteis e agregar valor as empresas por sua própria capacidade e não por motivos meramente pessoais ou porque elas são “boazinhas”. Valorizar funcionários, buscar maneiras de motivá-los e deixá-los satisfeitos e cada vez mais motivo de preocupação das empresas e dos profissionais da economia em geral e o agronegócio não poderia ser diferente. Este e não o futuro, mas a realidade atual de empresas que já perceberam que tratar seus funcionários como pessoas, valorizar este crucial ativo que elas têm deve ser feito, porém com objetividade e profissionalismo, gerando lucros e benefícios para todos.
Maria Stella
julho 2013 / edição 77
97
ABRA NEWS
Por uma cadeia mais sustentável A Reciclagem Animal garante a sustentabilidade na cadeia de carnes com a coleta e processamento das partes não comestíveis geradas pelo abate
D
por ABRA fotos Divulgação
o abate total de animais (bovinos, suínos, aves e peixes), cerca de 50% não é aproveitado para o consumo humano, o que gera um grande volume de resíduos. Esses resíduos entram em rápido processo de decomposição principalmente em contato direto com o meio ambiente. Além do mau cheiro, o descarte dessa matéria na natureza causa a contaminação do solo, do ar, de rios e até mesmo dos lençóis freáticos. Ainda deve se considerar que essas partes que não são para o nosso consumo atraem pragas urbanas como urubus e roedores. O setor de Reciclagem Animal é um complemento para o círculo na cadeia de carnes. Pode-se afirmar que a ausência desse setor inviabilizaria toda a cadeia de produção industrial de carnes. As indústrias de recicladoras desses resíduos fazem a coleta dos mesmos ainda frescos em abatedouros, frigoríficos, açougues e supermercados, e processam gerando novos produtos como as farinhas e gorduras de origem animal- FGOA. As farinhas e gorduras de origem animal são usadas para a alimentação de animais de corte como aves, suínos e peixes. Dados preliminares da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) apontam que em 2012, a agroindústria de aves e suínos utilizou 61% de FGOA produzidas no país. Esses produtos também são matéria-prima para a fabricação de rações para pets (cães, gatos e peixes), 98
Presidente da ABRA, Clênio Gonçalves
na fabricação de produtos de higiene e limpeza, de vernizes, cosméticos, para a produção de biodiesel, entre outros produtos. Além do benefício que essa atividade traz para o meio ambiente, ela ainda movimenta a economia brasileira. Em 2011, foram mais de 12 milhões de toneladas de resíduos do abate animal processados pelas indústrias de reciclagem animal, gerando novos produtos, empregos e um PIB de 6,2 bilhões de reais. Podemos afirmar ainda que em algum momento do dia nós usamos algum produto que venha da reciclagem animal. Os nossos produtos estão presentes em muitos outros. Quando você faz uso de um cosmético, limpa a casa, alimenta o seu animal de estimação, faz uso de algum verniz, e até mesmo quando toma banho, você faz uso de produtos que são originados pela nossa indústria. Outra aplicação crescente é a do sebo para a produção de biodiesel. De acordo com o último boletim mensal do biodiesel da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 19,60% dos biocombustíveis produzidos no Brasil é proveniente do sebo bovino. Ainda sobre as gorduras de origem animal, o boletim também apontou o uso de 0,44% de gordura suína utilizada para o biodiesel. Esse combustível tem sido uma alternativa ambientalmente correta, por proporcionar a redução da emissão dos gases do efeito estufa.
julho 2013 / edição 77 99
AGENDA/CARTAS
julho
novembro
09/07 a 12/07/2013
05/11 a 07/11/2013
VIII Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui)
XVI Congresso Abraves (Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos)
Local: Porto Alegre, RS www.suinotec.com.br
31/07 a 02/08/2013 XV Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura + III Congresso Iberoamericano de Suinocultura (Oiporc) Local: Gramado, RS Tel. (61) 3961-9333 - escritoriobrasilia@abcs.com.br
agosto 13/08 a 15/08/2013 11ª Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria da Carne (TecnoCarne)
Local: Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo, SP Tel. (11) 3017-6807 - www.tecnocarne.com.br
setembro 09/09 a 12/09/2013 SafePork 2013
Local: Portland, EUA www.safepork2013.com
10/09 a 13/09/2013 Space 2013 - Le Salon International de l’elevage Local: Rennes Cedex, França Tel. +33 223 482 880 - www.space.fr
100
Local: Cuiabá, MT Tel. (65) 3621-1314 - www.abravesmt.com.br
CARTAS
“Parabéns a toda a equipe da AnimalWorld pelo novo projeto gráfico de suas publicações, tanto impressa quanto eletrônica. O setor de carnes deve muito a veículos que como vocês, publicam, divulgam, debatem, orientam e informam o setor sobre os mais variados assuntos do mercado. Fico muito satisfeito quando vejo um trabalho focado que fareja evolução. Parabéns e contem com a Vetanco do Brasil...O agronegócio é estratégico ao Brasil, é o futuro. Abraço e parabéns”. Neimar Grando, MKT e Comunicação, Vetanco do Brasil.
julho 2013 / edição 77 101
RECEITAS Costeletas de porco com pimentões amarelos As Costeletas de porco com pimentões amarelos é um prato chinês, onde o sabor é um pouco adocicado, mas também um pouco ácido. Pode-se dizer que esta é uma opção deliciosa e saudável, e pode substituir o seu pedido take-away de comida chinesa.
RENDE 4 PORÇÕES
Ingredientes
4 costeletas suína; 1 cebola média, cortada; 1 pimentão amarelo, cortado em tiras longas; 2 colheres de sopa de ervilha ; 4 colheres de sopa de óleo; 1/2 xícara de água; 2 colheres de sopa de vinagre de vinho de arroz; 1 1/2 colher de sopa de açúcar; 1 1/2 de Ketchup de tomate (aconselha-se o uso da marca Heinz); 1/2 colher de chá de sal; 1/2 colher do molho inglês Worcestershire, água de amido de milho (mistura de água com 1 colher de sopa e de 1 1/2 colher de chá de amido de milho)
Modo de preparo
Numa frigideira média, coloque 3 colheres de óleo, deixe aquecer, e frite as costeletas suínas. Deixe fritando até dourar em ambos os lados. Se forem costeletas mais finas, três minutos de cada lado será o suficiente. Transfira as costeletas para o recipiente onde irá servir. Em outra panela, aqueça a colher de óleo que sobrou. Coloque a cebola para fritar até que esteja transparente e macia. Adicione as tiras de pimentão e as ervilhas. Usando uma colher de pau, mexa bem, deixando que refoguem por cerca de um minuto. Coloque a água, o vinagre de vinho de arroz, o ketchup, o molho inglês, o açúcar, torne a mexer, e deixe ferver. Em seguida, acrescente a água de amido de milho, deixe no fogo até que este molho esteja levemente espesso Despeje imediatamente sobre as costeletas e sirva. O mais indicado é que seja acompanhado por arroz branco.
102
Para contratar as palestras de Luciano Roppa entre em contato pelo telefone 19 3305-2295. LUCIANO ROPPA: Um dos maiores especialistas em mercado mundial de carnes é palestrante da Safeway Médico veterinário formado pela Faculdade de Medicina Veterinária de Botucatu (UNESP), Luciano Roppa dispensa muitas apresentações. Ele já foi o 10º presidente da IPVS (International Pig Veterinary Society) e recebeu o título “AL LEMAN AWARD SCIENCE INTO PRACTICE” como veterinário de destaque mundial do ano de 2002, durante a realização do AL LEMAN CONGRESS, em Minnesota (EUA). Foi também diretor-presidente de grandes empresas como a Nutron Alimentos e Provimi América Latina. Atualmente é diretor presidente da LROPPA Consulting. Suas palestras mostram a evolução do mercado de carnes e comodities agrícolas nos últimos 10 anos, as principais megatendências do agronegócio para os próximos 10 anos e os principais desafios e oportunidades para criadores e empresas. “Os temas de minhas palestras são por espécie animal, abrangendo informações sobre Brasil, América Latina e o Mundo. São feitas com dados atuais e de fontes idôneas, que incorporam todas as mudanças ocorridas nos últimos meses. As palestras motivam a discussão interna (na fazenda ou na empresa) para a elaboração de estratégias que irão direcionar o seu futuro”, afirmou Roppa.
Entre os temas de suas palestras estão: - Mitos e verdades sobre a qualidade da carne suína. - Perspectivas da produção mundial de carnes, 2010-2020. - Produção de suínos na América latina e suas perspectivas. - Produção de carne suína no Brasil e suas perspectivas. - Perspectivas na produção de carnes na América latina, 2010-2020. - Quem é quem nas exportações e importações mundiais de carnes.
julho 2013 / edição 77 103