AveWorld Ed. 65

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Mercado Matéria especial com o relatório oficial sobre as projeções para o agronegócio até 2023 Especial Profissionais apontam 10 Desafios para avicultura

Ourofino

Retomando suas origens com foco na avicultura, empresa investe para ampliar atuação com direção de Amilton Silva


Agora suas aves metem o bico no que é bom para os seus resultados.

Aditivo nutricional para a engorda de resultados. A tecnologia Ourofino acaba de chegar à avicultura. O aditivo melhorador de desempenho Enragold, à base de enramicina, atua na manutenção da microbiota intestinal, possibilitando maior volume de nutrientes disponíveis às aves, maior ganho de peso e melhora da conversão alimentar. Com Enragold os resultados vão voar mais alto.


EDITORIAL

FLAVIA ROPPA PRESIDENTE

D

urante toda história do Brasil, sempre existiu uma avicultura tradicional e familiar, conhecida popularmente como produção de frango “caipira”. Em geral, as propriedades produziam carne e ovos para consumo próprio, comercializando os excedentes quando possível. Segundo o Centro de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS), da Embrapa, no inicio do século passado surgiram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais as primeiras tentativas visando melhorar tecnologicamente a atividade. Profissionais liberais desenvolveram a avicultura aperfeiçoando as raças parar criar linhagens de penas bonitas destinadas aos concursos promovidos em todo o país. Estes avicultores tentavam acompanhar as inovações introduzidas, sobretudo, nos Estados Unidos e na Inglaterra. A integração, modelo largamente utilizado em todo o país, surgiu em Santa Catarina, no início dos anos 1960. Antes desta época, em São Paulo, a atividade era desenvolvida de forma independente, na qual os granjeiros adquiriam os insumos no mercado, engordavam as aves e vendiam-nas para um frigorífico abatê-las. A atividade de produção de carne de frango foi se consolidando. Empresas que já tinham negócios na produção de suínos ou em cereais apostaram também na comercialização de carnes de frango. Elas foram impulsionadas pela oferta de créditos para investimentos de longo prazo associado, inicialmente, à utilização de tecnologias importadas, no que se refere à genética e às técnicas ambientais, sanitárias e nutricionais de abate e processamento, aponta o CIAS. Para os primeiros produtores avícolas, com certeza não havia a menor noção do potencial

desta atividade agropecuária e nem da proporção de sua importância para o país nos dias atuais. Hoje, a atividade dá uma verdadeira ‘aula’ em termos de negociações internacionais, estrutura, capacidade de adequação e produção e, acima de tudo, ‘fôlego’ para transpassar pelas dificuldades. A Avicultura tem muito a ensinar para todo o agronegócio brasileiro, acima de tudo, por se fazer respeitar e saber como agregar valor ao seu produto. O Brasil, por todo o seu potencial dentro do Agronegócio precisa utilizar os ensinamentos do setor avícola e fazer deles um reflexo para outras atividades. A Avicultura mostra aos demais setores do campo um profissionalismo latente, empresas e empresários que estão construindo uma linda história desenvolvimentista. A avicultura brasileira já se consolidou como uma atividade de muito sucesso. Nos últimos 50 anos o setor passou por importantes transformações. Hoje, diante da volatilidade dos preços das commodities em todos os mercados, mudanças são necessárias para garantir o resultado das empresas. É preciso darmos o destaque e a devida importância ao setor que, em 2012, respondeu por 8,7% da receita das exportações do agronegócio brasileiro, o que representou US$ 8,3 bilhões. Em relação ao faturamento total das vendas internacionais do País, o setor ficou com uma fatia de 3%. O Brasil atualmente é terceiro maior produtor mundial de carne de frango, com 12,6 milhões de toneladas, e o principal exportador global, com 3,9 milhões de toneladas. O produto brasileiro é vendido para 154 países, sendo os principais compradores a Arábia Saudita, as 27 nações da União Europeia e o Japão.

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DIRETORES Estevão Ferraz Pieroni | Diretor Comercial estevao@sspe.com.br Flavia Roppa | Diretora de Comunicação e Marketing flavia@grupoaw.com.br REDAÇÃO Carolina Sibila Imprensa@sspe.com.br Fernanda de Paulo jornalismo@sspe.com.br Renata Cunha agroassessoria@sspe.com.br Jornalistas colaboradores Giovana de Paula Giovani Hamada Carla Vido ATENDIMENTO COMERCIAL Camila Urias | Executiva de Contas Mídias u.comercial@sspe.com.br Valcir Callogeras | Executivo de contas Mídias comercial@sspe.com.br Daniel Diniz | Executivo de contas Projetos de Estandes atendimento@sspe.com.br Fernanda Colucci Malagodi | Executiva de contas | Comunicação e Eventos c.comercial@sspe.com.br PROJETO GRÁFICO Designer Gráfico Guilherme Neptune Marcon gneptune@gmail.com PUBLICAÇÕES

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ENTREVISTA “Mesmo como o cenário anteriormente descrito, o Brasil não perdeu sua participação no mercado internacional”. Francisco Turra

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Ave News As principais notícias da avicultura brasileira e mundial e as novidades corporativas

28

FRASES As frases de destaque do mundo do agronegócio

32

Especial Briga entre gigantes: JBS x BRF Leia também os 10 desafios para a avicultura

46

Mercado MAPA: Projeções para o agronegócio 2023

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MERCADO ESPECIAL Como no jogo de xadrez, as estratégias do mercado


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UBABEF NEWS Alerta para perda de competitividade no mercado internacional

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CARNES Avivar Alimentos: a empresa é jovem, mas já tem grande destaque no mercado

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CAPA Sob comando de Amilton Silva, Ourofino foca na avicultura e retoma às origens

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EVENTO I Seminário Farmabase de Avicultura

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116

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Sanidade Imunidade das aves contra Salmoneloses

Nutrição Efeito da utilização de um complexo enzimático sobre o desempenho de frangos de corte

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Produção Granja S. José investe em pesquisas e modernização dos processos de manejo para maximizar desempenho e eficiência

Personalidade João Lancini aponta os alicerces da sua vida: “profissionalismo, ética e voluntariado”.

Colunistas Um herói na UTI, por Kátia Abreu. A produção brasileira de alimentos e a nova tendência mundial, por Marcos Fava Neves e Tássia Gerbasi

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ABRA News Reciclagem animal marca presença no SIAV

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Pregão Panorama macroeconômico

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Receita Risoto de frango


ENTREVISTA

Avicultura passa por momentos de ajustes

Setor busca se adequar à realidade atual das demandas interna e externa por Giovana de Paula

foto Divulgação

n

o ano de 2012, a Avicultura brasileira passou por momentos de dificuldades que fizeram com que o setor se movimentasse em busca de seu próprio equilíbrio mercadológico. Muitas destas dificuldades foram geradas pelos altos custos dos insumos. O Brasil atua no mercado internacional com um amplo mix de produtos. Do frango, o país exporta peito desossado para a Europa, a perna desossada para o Japão, e a asa e as patas para China. Aproveitamos 100% do produto ‘frango’ e nosso maior concorrente, por exemplo, os

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Estados Unidos, atua mais fortemente na exportação da perna inteira. Outro mercado importante para o Brasil é o Oriente Médio, que importa o frango inteiro. Este é o principal comprador de nossos produtos avícolas. Na região do Oriente Médio, suas constantes crises políticas também impactaram a Avicultura brasileira, influenciando nos resultados de exportação em 2012. Agora, voltamos as atenções ao primeiro semestre deste ano, período no qual as exportações de carne de frango brasileira totalizaram US$ 4,093 bilhões, uma alta de 7,2% na comparação com o mesmo período de 2012. Em volume, houve


redução de 4,9%, para 1,89 milhão de toneladas. O preço médio no período ficou em US$ 2.166 a tonelada, crescimento de 12,7%. Já as exportações da avicultura brasileira – considerando embarques de carne de frango, ovos, material genético, ovos férteis, perus, patos e gansos –, alcançaram 1,977 milhão de toneladas no primeiro semestre de 2013, resultado 5,7% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Em receita, houve crescimento de 5,5% em igual comparação, com um total de US$ 4,381 bilhões. De acordo com o Presidente da Ubabef (União Brasileira de Avicultura), Francisco

Turra, o momento atual da avicultura é de busca de equilíbrio. “Estamos vivendo um momento de ajustes. O momento realmente não é de euforia, pois o consumo está contido”, explicou Turra. Segundo ele, fatores políticos internacionais e também a situação da economia do Brasil fizeram com que o país sentisse a necessidade de ‘colocar o pé no freio’, mesmo que momentaneamente. “Mesmo assim, não perdermos participação no mercado internacional e nossa demanda interna está ajustada”, explicou Turra. Acompanhe os principais trechos da entrevista exclusiva de Francisco Turra à Revista AveWorld.

Aveworld - As exportações brasileiras de carne de frango totalizaram US$ 4,093 bilhões no primeiro semestre, alta de 7,2% na comparação com igual período do ano passado. Considerando os embarques de todo o setor avícola (inclui ovos, material genético, ovos férteis, perus, patos e gansos), as exportações recuaram 5,7% em volume, para 1,977 milhão de toneladas, e cresceram 5,5% em receita, para US$ 4,381 bilhões. Faça uma análise sobre este cenário. Qual deve ser a postura dos produtores frente a esta realidade?

nor alojamento de matrizes de corte no ano passado. O que gerou esta queda e como voltar a crescer?

Francisco Turra - Desde que eclodiu a crise mundial em 2009, estamos vivendo momento de regularização do mercado. Não podemos celebrar um aumento de produção, pois estamos invertendo o ciclo que anteriormente era só de aumento de produção e de exportação. Em 2012 tivemos uma pequena queda de produção e exportação e o mesmo cenário será a realidade em 2013. Aveworld - O preço médio no período ficou em US$ 2.166 a tonelada, crescimento de 12,7%. As projeções de alta no preço negociado devem ser mantidas para este segundo semestre? Como estão as negociações? Francisco Turra - Mesmo como o cenário anteriormente descrito, o Brasil não perdeu market share, sua participação no mercado internacional. Nem as crises constantes, problemas políticos, as dificuldades da União Europeia não abalaram o nosso mercado. Somente reajustamos e estamos transferindo nosso produto para outros mercados. O momento realmente não é de euforia pois o consumo está contido. O mercado está ajustado, mesmo porque não há muito capital de giro. Aveworld- A Ubabef projeta que a produção nacional de carne de frango ficará entre 12,3 milhões e 12,5 milhões de toneladas este ano, um pouco abaixo das 12,6 milhões de toneladas de 2012 em função do me-

Francisco Turra - Foi todo um conjunto de fatores: a nossa economia que oscilou, os mercados externos e a política em regiões do mundo como o Oriente Médio, nosso maior comprador . Devemos ter este período de ajustes em busca do equilíbrio. Aveworld - A abertura do mercado mexicano para a carne de frango do Brasil tem potencial para permitir uma expansão de até 4% nas exportações do produto neste ano em comparação com as 3,917 milhões de toneladas embarcadas em 2012. Qual deve ser a postura do segmento? Haverá algum impacto no setor internamente? Qual o reflexo para os produtores? Francisco Turra - Estamos buscando aumentar as exportações. A Gripe Aviária infelizmente derrubou a produção no México e estamos trabalhando para suprir o país com um volume de contingência. Não é um volume que irá impactar grandemente nosso mercado, mas estamos entrando no México para ficar. Aveworld - Somente dois frigoríficos brasileiros, sendo um da Seara e outro da Tyson, ambos em Santa Catarina, já foram aprovados pelo governo do México, e o início das vendas só depende da assinatura do acordo sanitário entre os dois países. O que falta, em termos estruturais e sanitários, para que mais frigoríficos possam ser habilitados à exportação? Francisco Turra - Não falta nada e, devido ao volume em potencial do México, com certeza haverá abertura para outras plantas também. Estamos em um momento positivo, pois haverá uma desova de produto, mas sem grandes euforias. Será somente um ‘alívio’ aos nossos estoques. O Ministério da Agricultura está trabalhando propondo novos padrões, como os do

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ENTREVISTA Canadá e da União Europeia, para que mais plantas possam ser habilitadas rapidamente. Se o México aceitar habilitar novas plantas, o Brasil tem totais condições de abastecer o país, pois temos ainda uma estrutura ociosa de produção e não registraremos grandes aumentos nem no consumo interno, nem no volume exportado. Aveworld - Sem o México, que abriu uma cota global de importação de 300 mil toneladas por conta do surgimento de focos de gripe aviária em seu território, a previsão da entidade para as exportações brasileiras foi revista de até 3% para até 2% de crescimento, em função da média observada no primeiro semestre. Qual é o tamanho do potencial de mercado hoje do Brasil para ampliar suas exportações? O Brasil tem condições de vender até 120 mil toneladas se as sete plantas visitadas pelos mexicanos forem habilitadas? Francisco Turra - Totais condições! O Brasil está totalmente capacitado e temos total estrutura mercadológica para atendimento de novas demandas. Aveworld - A suinocultura está fazendo uma ‘tabelinha’ com a avicultura para as negociações de carne suína para o Japão? Como estão sendo feitas as negociações nas empresas que já importam produtos

ra neste trabalho. Aveworld - O aumento sazonal do consumo de carne de frango no segundo semestre nos mercados interno e externo, combinado com uma expansão menos intensa da oferta, tende a deixar o mercado mais “enxuto” e “ajustado” no fim do ano. O Sr. confirma que o consumidor não deve esperar o ‘refresco’ na oferta como no fim do ano passado, nem os importadores devem esperar entregas a preço vil? Faça uma análise sobre o tema. Francisco Turra - O preço da proteína ‘frango’ sempre foi baixo - e assim continuará. Porém, a remuneração dos integrados e a da indústria está permanecendo abaixo do desejado. Estamos procurando valorização de nosso produto. Inclusive, a Associação Paulista de Avicultura (APA) está fazendo um trabalho fantástico de análise e acompanhamento da cadeia produtiva para avaliar onde estão as margens do varejo, para descobrir quem está rompendo a cadeia. Isto me lembra, inclusive, que há quinze anos, a cadeia produtiva de algodão sofreu muito, pois houve um estrangulamento dos produtores e o setor ficou na mão das exportações. Não podemos deixar isso acontecer. Aveworld - Como este cenário deve contribuir para

No primeiro semestre deste ano, as exportações de carne de frango brasileira totalizaram US$ 4,093 bilhões, uma alta de 7,2% na comparação com o mesmo período de 2012. Em volume, houve redução de 4,9%, para 1,89 milhão de toneladas. O preço médio no período ficou em US$ 2.166 a tonelada, crescimento de 12,7%. de nossa avicultura? Está havendo alguma participação da Ubabef para facilitar a abertura por parte dos compradores? Francisco Turra - Não há uma participação direta. O que existe é uma credibilidade muito grande quanto à marca do produto brasileiro, que foi construída em anos de trabalho. Já temos nosso nome, temos todo o know-how e a Suinocultura, apesar da similaridade dos mercados, são estruturas independentes. A história da Avicultura e o nosso branding construído ao longo dos anos estão auxiliando a Suinocultu10

a recuperação da rentabilidade de produtores e indústrias, comprometida pela alta dos preços do milho e do farelo de soja para a produção de ração no ano passado? A recomposição “tardia” das margens perdidas pela indústria em 2012 já se reflete no desempenho das exportações no primeiro semestre? Francisco Turra - Realmente, no ano passado vivemos uma realidade extremamente difícil pelos altos custos dos insumos. A Suinocultura e a Avicultura foram amplamente impactadas. Porém, para este ano, a situação é de ajustes, de recuperação. Não há ele-


mentos que me sinalizem que o setor aumentará a produção, tanto pela realidade do mercado interno, nem pelas exportações. Como disse anteriormente, o mercado está ajustado, buscando seu equilíbrio. Aveworld - Quando avaliamos o mercado externo, o crescimento da demanda deve ser puxado pela China. Quais são as projeções e o potencial para este mercado? Francisco Turra - Já são 16 plantas já habilitadas para exportação para a China. Temos muito espaço para crescer. Ainda não temos como precisar os volu-

Ela deverá rever sua postura comercial Aveworld - O Brasil está determinado a encontrar formas de flexibilizar as regras de comércio internacional existentes? Francisco Turra - Estamos determinados a fazer com que as regras sejam cumpridas, que elas não mudem no meio do jogo. O Brasil já tem ampla experiência no mercado internacional e sabe como são as políticas e demandas no exterior. Nós somente exigimos coerência quanto aos termos já estabelecidos.

“Estamos vivendo um momento de ajustes. O momento realmente não é de euforia pois o consumo está contido. Fatores políticos internacionais e também a situação da economia do Brasil fizeram com que o país sentisse a necessidade de ‘colocar o pé no freio’, mesmo que momentaneamente”. Francisco Turra, Presidente da Ubabef. mes, porém, uma coisa posso afirmar: já atuamos naquele mercado e estamos prontos para um aumento considerável de demanda. Aveworld - Como está sendo feita a abertura do painel contra a Indonésia na Organização Mundial de Comércio (OMC) para questionar a resistência do país em abrir o mercado para a carne de frango do Brasil? (A Ubabef já contratou advogados para preparar o processo, que deve ser apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) até o fim do ano. A Ubabef atribui a resistência ao produto brasileiro a interesses de setores do governo local. A Indonésia, com 250 milhões de habitantes, tem uma produção anual de 1,8 milhão de toneladas de carne de frango e um consumo per capita anual de 6,5 quilos. Para 2022, a projeção é de uma produção local de 2,4 milhões de toneladas e um consumo per capita anual de 7,8 quilos) Francisco Turra - Esta é uma questão diplomática, política. Estamos fazendo todos os trâmites legais exigidos pela OMC. Este, porém, é um processo muito demorado e a não ser que a Indonésia queira ter problemas com os organismos internacionais.

Aveworld - De quanto será a redução da oferta no segundo semestre devido à produção de aves natalinas, que fica mais de 60 dias nos aviários contra 35 a 42 dias dos frangos comuns? Francisco Turra - Não haverá redução de oferta neste segundo semestre, pelo contrário. A expectativa é que ocorra um aumento. Somente no primeiro semestre do ano que vem é que devemos registrar uma pequena queda na produção. Aveworld - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, até 2050, a produção de alimentos deve crescer 60% para atender uma população superior a 9 bilhões de habitantes. A nossa avicultura está se preparando para este contexto? Francisco Turra - Sim! Estamos totalmente preparados para esta demanda, até mesmo porque o Mundo está com os olhos voltados para o Brasil. Temos totais condições, tanto técnicas quanto mercadológicas, de suprir o aumento da demanda por proteína animal.

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AVE NEWS

EMPRESAS Prêmio “Melhores do ano em Suínos e Aves” é conquistado pela C. Vale

A

C. Vale Cooperativa Agroindustrial, com atuação nos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enfrentou vários percalços em 2012. A estiagem no Paraná prejudicou a safra de soja – os associados só não perderam o ano por causa dos bons preços do milho. Na Avicultura a C.Vale sofreu o impacto de um incêndio que atingiu seu abatedouro em 2011 e reduziu a capacidade de abate para 320.000 frangos por dia. Mesmo assim a cooperativa reagiu. “Hoje abatemos 350.000 frangos por dia. No próximo ano, queremos chegar a 600.000” diz Alfredo Lang, presidente da C.Vale. “Com diversificação de produtos e mercados, nos últimos 18 anos temos dobrado a receita a cada quatro anos”, afirma Lang.

Vendas Líquidas

Lucro Líquido Ajustado (em US$ milhões)

Patrimônio líquido ajustado (em US$ milhões)

Margem de Vendas (em %)

Riqueza criada por empregado ( em US$ mil)

Ações na Bolsa

Ações na Bolsa

milhões de reais

milhões de dolares

Ordem 400 Maiores

C.Vale / PR

3.270,8

1.600.6

33

19.1

428.8

1.2

34.6

Não

Brasileiro

505

Nutriza /GO

438.1

214.4

193

13.6

85.2

6.3

14.1

Não

Brasileiro

3

460

Superfrango/GO

504.1

246.7

169

19.0

94.2

7.7

22.3

Não

Brasileiro

4

455

Frangos Canção/PR

895.1

438.0

96

19.3

100.8

4.4

20.6

Não

Brasileiro

5

455

Pamplona/SC

672.1

328.9

134

15.1

106.8

4.6

47.2

Não

Brasileiro

6

435

Copérdia/SC

628.2

307.4

144

8.1

55.3

2.6

28.3

Não

Brasileiro

7

425

Aurora Alimentos/SC

4.286.9

2.097.8

24

63.7

425.0

3.0

NI

Não

Brasileiro

8

410

Saudali/MG

191.1

93.5

346

3.0

17.8

3.2

24.9

Não

Brasileiro

9

390

Frimesa/PR

1.269.4

621.2

73

14.1

118.3

2.3

31.3

Não

Brasileiro

10

390

Copacol/PR

1.576.4

771.4

58

26.4

288.5

3.4

25.2

Não

Brasileiro

Ordem em 2012

Pontos

Empresa/Sede

1

510

2

MERCADO Certificado proposto pelo MAPA é aceito no México

A

utoridades mexicanas aceitaram a certificação sanitária proposta pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para exportação de carne de aves e ovos férteis, segundo informações divulgadas no último dia 24. “Entre os países pelos quais temos batalhado para abrir o mercado, o México é dos que têm maior potencial. Embora em caráter emergencial, vamos negociar para que essa abertura seja permanente, trabalhando com foco na complementaridade e em parceria com os produtores mexicanos”, destaca Turra. A próxima etapa é a finalização da escolha, por parte das autoridades mexicanas, das plantas que poderão exportar para aquele mercado

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SANIDADE Brasil e Argentina unidos contra Influenza Aviária

N

o mês de julho desse ano aconteceu um encontro entre o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (UBABEF), Francisco Turra, e o presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA) e do Centro de Empresas Processadoras Avícolas (CEPA) da Argentina, Roberto Domenech na sede da CEPA, em Buenos Aires (Argentina). Estiveram presentes também empresários de agroindústrias produtoras e exportadoras argentinas. Turra destacou a necessidade do fortalecimento de um trabalho com o objetivo de blindar os países da América Latina com relação à ocorrência de focos de Influenza Aviária, especialmente após o registro de novas variedades, como o H7N9, recentemente descoberto na China. “A sanidade é um dos bens mais valiosos da produção avícola do continente, especialmente para os países do Mercosul, onde nunca houve registro de casos de Influenza Aviária.”, destaca Turra, também vice-presidente da ALA.

MERCADO Preços da carne de frango continuam firmes neste segundo semestre

O

s preços da carne de frango no mercado devem continuar firmes no segundo semestre, segundo o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. Ele disse que, apesar de um arrefecimento na cotação dos grãos, há um aumento de demanda pela proteína no final do ano. “Estamos com uma oferta mais ajustada devido ao recuo de produção entre o final de 2012 e início de 2013. E, com o aumento de demanda, podemos ver preços sustentados para carne vendida no mercado interno”. Quanto aos preços do milho, Turra acredita que o apoio do governo será fundamental para regular os estoques e abastecer as regiões que dependem do insumo. A receita cambial das exportações brasileiras de carne de frango totalizou US$ 4,093 bilhões no primeiro semestre, alta de 7,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. agosto 2013 / edição 65

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AVE NEWS

EXPORTAÇãO Tyson do Brasil exporta frango verde para países árabes

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rangos criados sem produtos de origem animal na dieta são fornecidos pela Tyson do Brasil, subsidiária da Tyson Foods, para países árabes desde março. O Oriente médio, juntamente com o norte da África, respondem por 35% das exportações da empresa. “A produção é oriunda de 50 produtores integrados da região de Taió, contratados pela parceria e é destinada à Arábia Saudita, abrindo um novo mercado para a operação brasileira da Tyson”, afirma o gerente de exportação da Tyson do Brasil, José Charl Noujaim. A Arábia Saudita, segundo a Tyson, é o único comprador do frango verde. O produto é embarcado nas mesmas especificações que o convencional em matéria de cortes, com e sem ossos, em diferentes apresentações para atender varejo, food service e indústria.

MEIO AMBIENTE RS: Dificuldade para obter licença ambiental prejudica avicultura

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a cidade de Nova Bréscia, a economia local sempre esteve relacionada à avicultura. Cerca de 80% do que era arrecadado no município tinha origem da atividade. Porém, com a demora para obter a licença ambiental, muitos produtores não conseguiram recursos para o custeiro da produção e deixaram a atividade. O produtor Marcos Vicente Senter, que por ser considerado pequeno, conseguiu obter um licenciamento rápido e direto com a Secretaria Municipal de Agricultura. “A prefeitura nos deu uma ajuda, não demorou muito para vir”, diz. Com a licença em mãos, o financiamento veio rápido. O produtor conseguiu aprovação de R$ 600 mil para aumentar a produção e fazer os reparos exigidos pelos integradores. Para amenizar o problema, os municípios conseguem ajudar os avicultores de pequeno porte. De acordo com a lei, as prefeituras podem conceder as licenças ambientais para esta parcela de produtores sem a necessidade de passar pelos órgãos estaduais.

NEGÓCIOS Aurora amplia abate e processamento de aves

O

abate e o processamento de aves na unidade industrial da Coopercentral Aurora Alimentos pertencente à Massa Falida da Chapecó Companhia de Alimentos, em Xaxim (SC), está sendo lentamente ampliado. De acordo com o presidente da Coopercentral, Mário Lanznaste, o processo industrial foi retomado em abril com o abate de 60.000 frangos/dia, cresceu em julho para 90.000 e chegará, em dezembro, em 150.000 cabeças/dia. Avaliada em 238.000 a 240.000 frangos por dia (em dois turnos), a capacidade máxima de abate será atingida somente em março de 2014. O diretor de agropecuária, Marcos Antônio Zordan, informa que o processo de organização da produção a campo está concluído para que o abate e o processamento sejam ampliados paulatinamente e atinjam a capacidade plena instalada de 5 milhões de frangos por mês em 2014. O mix de produtos é formado por cortes salgados de frango. De outro lado, o processo administrativo de recrutamento e seleção permitiu à Coopercentral é admitir 945 pessoas para recolocar a indústria em funcionamento.

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OPORTUNIDADE Abertura do México ao frango brasileiro pode elevar exportações em 4%

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abertura do México para o mercado de frango brasileiro pode elevar a exportação do País em 4% neste ano, em comparação com as 3,917 milhões de toneladas embarcadas em 2012. Além da carne, os mexicanos pretendem importar material genético, ovos férteis e de consumo. Uma missão visitou plantas brasileiras em junho e sinalizou a possibilidade de abertura de mercado, o que deve acontecer em breve. Em entrevista ao Jornal da Pecuária, o diretor de produção e técnico científico da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ariel Antonio Mendes, falou sobre a importância do mercado mexicano e da genética para as exportações brasileiras. “É um mercado grande e novo. O México importa quase 700 mil toneladas por ano, basicamente dos Estados Unidos. Agora, com a crise de influenza aviária no país, eles têm que diversificar suas importações. O Brasil estava tentando abrir esse mercado há muitos anos. Para nós, é uma boa notícia”.

PERSPECTIVAS Relatório projeta crescimento de 35% para carne brasileira

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erspectivas positivas para o agronegócio para os próximos dez anos são realçadas, segundo projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Neste quesito, destacam-se: ampliação das lavouras e do crescimento da produção de grãos, o aumento da produção de carnes – bovina, suína e aves. Segundo o relatório Projeções do Agronegócio - Brasil 2012/23 a 2022/23, lançado no final de junho, a produção de carnes deverá crescer 35% no período. Ainda segundo o estudo, o responsável pela expansão será o crescimento do consumo, sobretudo interno. Pelas previsões, em relação aos números deste ano, mais 9,3 milhões de toneladas de carnes serão produzidas no país em dez anos, com o total passando de 26,5 milhões de toneladas para 35,8 milhões de toneladas. Quanto ao consumo de carnes, o relatório projeta aumento de 3,6% ao ano, no período 2013-2023. junho 2013 / edição 76

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AVE NEWS

NORMATIVA Ministério divulga atualização norma sobre teor de água em carcaças de aves

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Ministério da Agricultura publicou no Diário Oficial do último dia 19, a Instrução Normativa nº 25, que atualiza o método oficial para determinar os parâmetros de avaliação do teor total de água em carcaças resfriadas de frangos, galinhas, aves e galetos. A medida, que atualiza a norma anterior ao tema, visa proteger o consumidor de possíveis fraudes de sobrepeso causadas pelo excesso de água. O serviço oficial do Mapa e as empresas sob fiscalização do Serviço de Inspeção Federal (SIF) monitoram os cortes e as carcaças congeladas por meio de programas obrigatórios de autocontrole. Segundo o ministério, o aperfeiçoamento dos controles no país está entre os fatores que contribuíram para o aumento da oferta de carne de frango com mais qualidade e para a elevação da produção avícola nacional nas últimas três décadas.

Saúde Equipe técnica da Merial chega a Bastos com soluções sanitárias para segurança alimentar

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cidade de Bastos, conhecida como a capital nacional do ovo recebeu entre os dias 19 e 21 de julho a 54ª Festa do Ovo, ocasião na qual a Merial Saúde Animal esteve com sua equipe técnica, apresentando suas soluções para a avicultura de postura e recebendo grandes clientes da região. A empresa atua no mercado de poedeiras comerciais com produtos líderes de mercado como a vacinas Vaxxitek e a Yokei 5. A segurança alimentar foi ressaltada pelo diretor da unidade de negócios para avicultura da Merial, Luiz Fernando Cantarelli, na ocasião. “Esta é uma nova preocupação na produção avícola e será o grande desafio para os produtores nos próximos anos. O mercado de poedeiras passa por uma fase boa, e isso se reflete no sucesso da Festa do Ovo”, destacou.

CONSUMO Brasileiro eleva consumo de carne para 42 quilos por ano, aponta CNA

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Presidente da entidade, Kátia Abreu, afirma que o foco do Brasil é estreitar as relações comerciais com a China e aumentar a cultura do consumo de carne naquele país. O consumo de carne no Brasil cresceu de 36 quilos por pessoa por ano em 2010 para 42 quilos neste ano, confirmando que o Brasil é uma boa opção de mercado. “Estamos bem no mercado externo, a Europa é um exemplo disso. De tudo o que importa, 20% sai do Brasil. Mas nosso foco tem sido a China, queremos aumentar a cultura de consumo de carne naquele país e estamos agindo nesse sentido, sem desvalorizarmos o consumo dos brasileiros, que faz toda a diferença”, afirmou Kátia Abreu.

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Qualidade é o nosso DNA

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AVE NEWS

CRéDITO “Avicultura deve ter linhas de crédito subsidiado”, defende Luiz Fernando Minardi

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o final do mês de junho, o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, em visita à sede da Nutrifrango Alimentos, defendeu a criação de linhas de crédito subsidiado para a modernização de aviários e para a produção de milho, como formas de impulsionar o setor avícola. A Nutrifrango mantém cerca de 250 funcionários e trabalha com 65 famílias integradas na produção de frangos. Entre os assuntos debatidos no encontro, o secretário destacou a necessidade da criação de uma linha de crédito para a modernização dos aviários. Outra preocupação da indústria diz respeito ao déficit de milho em alguns períodos do ano. Segundo Mainardi, o Rio Grande do Sul exporta sua produção e, nos períodos de entressafra, acaba tendo que importar o produto.

TECNOLOGIA Novidade: aplicativo para cálculo de dosagens é lançado pela Bayer

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grande novidade desenvolvida pela Bayer Unidade Aves e Suínos é aplicativo nomeado “Cálculo de Dosagens Baytril Solução”, uma ferramenta que auxilia os avicultores a calcular a dosagem correta do medicamento Baytril Solução. Lançado no mês de julho, o aplicativo é compatível com iPhones, iPod Touch, iPad e está disponível também para smartphones nas plataformas Android. “A partir de sua utilização é possível calcular a dosagem correta do medicamento, inserindo informações simples que toda granja possui. Além disso, o aplicativo informará o custo do tratamento por ave medicada, uma informação muito importante para a saúde financeira da granja”, explica o médico veterinário e gerente de Marketing da Unidade Aves e Suínos da Bayer, Luiz Felipe Lecznieski. “Fazendo o tratamento da maneira correta, o custo por ave medicada torna-se bastante baixo”.

EXPANSãO Biorigin dobra sua capacidade produtiva

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om investimentos na ordem de U$120 milhões e início previsto para junho de 2013, a Biorigin, multinacional brasileira que atua na produção de ingredientes naturais para alimentação humana e nutrição animal, dará início ao plano de expansão de sua unidade localizada em Quatá (SP), com o objetivo de dobrar sua capacidade produtiva. O projeto contemplará as áreas de fermentação, cultura pura, autólise e secagem e apresentará os primeiros resultados no aumento da capacidade produtiva já em 2014. De acordo com Mario Steinmetz, diretor geral da Biorigin, este investimento proporcionará à Biorigin a continuação de seu processo de crescimento sustentável nos mercados de Ingredientes Alimentícios e Nutrição Animal, possibilitando também continuarmos inovando em produtos e serviços, assim como temos feito nos últimos 10 anos.

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Soluções de alta performance em saúde animal. junho 2013 / edição 76

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AVE NEWS

EVENTO Farmabase reforça conceitos sobre a medicação via água de bebida em aves

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Farmabase promoveu nas últimas semanas uma série de palestras para clientes da região sul e sudeste do país sobre um tema do qual é especialista: medicação via água de bebida. Os treinamentos fizeram parte do Programa de Atualização Técnica da Farmabase (PAT), cujo objetivo é proporcionar o aprimoramento técnico de profissionais da cadeia de produção de aves e suínos. Os treinamentos aconteceram em empresas e cooperativas como Globoaves, Adoro, Copagril e companhias de clientes chave. Segundo José Severino Neto, médico veterinário consultor, a importância dessa série de treinamentos para os clientes está no fornecimento e aplicação das informações recebidas de maneira a obter os resultados de eficácia e segurança desejados com o uso de antimicrobianos e, desta forma, assegurar a saúde animal e a produtividade, com um custo benefício satisfatório.

EQUIPE Unidade de negócios Aves da Zoetis amplia equipe

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Zoetis anunciou Fabio Carvalho de Mello como gerente de Serviços Técnicos da unidade de negócios Aves para o Canadá e América Latina (CLAR). Nesta posição, o executivo será responsável por oferecer suporte técnico e supervisionar as equipes técnicas do Canadá e América Latina com o objetivo de implementar as estratégias da companhia para aditivos alimentares na região.Com mais de 20 anos de experiência nas áreas de aves e suínos, o médico veterinário construiu uma carreira sólida em grandes empresas agropecuárias como C.A.C e Sadia. João Carlos Quinteiro de Mattos também foi contratado pela Zoetis, mas para assumir a posição de assistente técnico da Unidade de Negócios Aves, com atuação focada nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Nesta posição, será responsável por atender aos clientes de Aves Zoetis desses estados. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, João Carlos Quinteiro de Mattos possui mais de 22 anos de experiência no setor avícola. Em sua trajetória profissional, Mattos integrou equipes de saúde animal em diversas empresas no setor, como Alpharma, Bayer, Imuvet, Phibro e Elanco. 20


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AVE NEWS

EVENTO Oficina de trabalho da Vetanco na Seara em Nuporanga (SP)

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ando continuidade ao ciclo de palestras técnicas promovido pela Vetanco do Brasil, foi realizada mais uma Oficina de Trabalho, agora em parceria com a Seara Alimentos S.A, em Nuporanga (SP). O evento contou com a presença da equipe de frango de corte, matrizes e incubatório da unidade de Nuporanga, além de profissionais da unidade de Uberaba (MG) e também dos responsáveis pelo setor de avós da empresa. Inicialmente o gerente aves – Norte da Vetanco do Brasil, Leônidas Honorato, fez uma breve apresentação sobre a estrutura da Vetanco e como ela está preparada para atender seus clientes. Na sequência o coordenador da linha de Aditivos, Tiago Urbano falou sobre “Como minimizar os efeitos negativos do jejum pré-abate” e, em seguida, o gerente técnico, Marcelo Dalmagro falou sobre “Os efeitos da Nutrição e Colonização Neonatal nos parâmetros produtivos da aves”.

INVESTIMENTOS Fabiani Saúde Animal investe na aquisição de equipamentos

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ara dar continuidade à sua política de investimento em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, a Fabiani Saúde Animal, empresa que nasceu com 60 anos de atuação ao lado do produtor, concluiu a aquisição de novos equipamentos para o Laboratório de Santo Amaro. “Por estar em constante evolução e atender a todos os requisitos de qualidade e também as mais rígidas normas de segurança, a Fabiani Saúde Animal não poupa esforços para ter um laboratório com estrutura de ponta, utilizando equipamentos modernos que garantem a produção de produtos com alta tecnologia”, assinala Zenita da Costa Goulart, gerente de fábrica. Foram adquiridos diversos equipamentos e, agora, a empresa elevou a capacidade produtiva para 12 milhões de unidades/ano.

DISTRIBUIÇãO AB Vista possui novo distribuidor na região Centro-Oeste

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AB Vista, fornecedor global da nova geração de micro ingredientes para a indústria de ração animal, apresenta seu novo distribuidor para produtos destinados a aves e suínos na região centro-oeste do Brasil: a Suiaves. Para a AB Vista, “a escolha da nova distribuidora foi motivada pelo espírito empreendedor da Suiaves, alinhado ao trabalho realizado pelos colaboradores da AB Vista, focado em tecnologia e qualidade”, revela Joana Paiva Braga, gerente comercial e técnica. “A Suiaves já atua há muitos anos nas regiões do MT, MS e GO com outras linhas de produtos nos segmentos de aves e suínos e agora, com a parceria com a AB Vista, poderemos ampliar nosso portfólio com a inclusão das enzimas, produtos que até então não faziam parte de nossa linha”, revela Adriano Savoia Morales, coordenador de Serviços Técnicos e Comerciais. 22


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AVE NEWS

EQUIPE Evandro Sandrin é o novo consultor técnico de vendas da região Sul da Bayer

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á é conhecido o novo consultor técnico de vendas da equipe da Bayer Saúde Animal – Unidade Suínos e Aves: o médico veterinário Evandro Sandrin. Formado em medicina veterinária e pós-graduado em Sanidade de Suínos e Aves, Sandrin atua desde 2005 na área de saúde animal. Trabalhou em grandes empresas do ramo, como a BRF (Sadia S.A) e possui mais de cinco anos de uma bem sucedida experiência como consultor técnico de vendas na região Sul do Brasil – experiência que agora vem agregar à Bayer. O novo consultor chega à Bayer com o desafio de atender as principais indústrias do setor de suínos e aves do país, bem como seus principais canais de distribuição, e desta forma, multiplicar no mercado os valores da Bayer – Liderança, Integridade, Flexibilidade e Eficiência (LIFE).

Evento Cobb-Vantress promove Encontro de Avozeiros e reúne 65% do mercado da Avicultura na América Latina

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6º Encontro de Avozeiros foi realizado entre os dias 17 e 19 de julho pela Cobb, em São José do Rio Preto (SP). O evento teve a participação de clientes de avós do Brasil, países da América Latina e Europa. Entre os participantes, estiveram reunidos 65% de representantes do mercado da avicultura da América Latina e 75% do mercado da América do Sul. “Com o evento, que está na sexta edição, fortalecemos a Cobb-Vantress como uma companhia capaz de circular conhecimento e promover relacionamentos sólidos e de qualidade entre clientes do setor. Nosso objetivo, acima de tudo, é contribuir para o desenvolvimento de toda a cadeia”, explica Jairo Arenázio, diretor geral da Cobb-Vantress. Cerca de 60 participantes assistiram às 14 apresentações de especialistas da companhia sobre atualizações técnicas e tendências, além de participarem de um intercâmbio de experiências entre os participantes.

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AVE NEWS

DISTRIBUIÇãO InVivo apresenta reforços na área de equipe de aves

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s dois novos gerentes na área de Premix da InVivo, empresa de ração e nutrição animal são Jorge Pacheco, responsável pelo setor de suínos, e Paulo Nicolau, que assume o posto na área de aves. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jorge Pacheco, possui MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agribusiness pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. Possui mais de 12 anos de experiência na área de suinocultura, com passagens por grandes empresas de premix do Mercado. Seu principal objetivo é a expansão da marca InVivo Mix no mercado. Já Paulo Nicolau é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), possui mais de 18 anos de experiência na área, com passagens por grandes empresas avícolas e de nutrição animal. Na posição de Gerente Premix ficará responsável pelo desenvolvimento da área técnica comercial do negócio de Aves.

EQUIPE Unidade de avicultura e suinocultura da Phibro amplia equipe

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Phibro, empresa líder no mercado de aditivos de avicultura e suinocultura, e ativa no mercado de vacinas para aves, contrata dois especialistas para estas áreas. Carlos Junior Kippert é novo Gerente Técnico Suínos e terá a responsabilidade de treinar e capacitar a equipe interna e clientes, além de auxiliar no desenvolvimento de produtos e estratégias técnico/comerciais, definir protocolos experimentais e acompanhar diretamente os projetos da área. Já, João Fellipe Campos Leite, será o novo gerente regional para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás. Ele terá a responsabilidade comercial pelos produtos voltados para o segmento de Aves, Suínos e Aquacultura e deve se reportar para Paulo Teixeira, Diretor da Unidade de aves e suínos.

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FRASES

“A compra da Seara pela JBS mostra que o mercado de produtos avícolas, tanto para mercado interno como para exportação, é muito “apetitoso”. Apesar dos pesares vale muito a pena investir no Brasil”. Presidente da Farmabase, Paulo Machado.

“O Brasil deveria seguir seu caminho individualmente, como fizeram o Chile e o México e buscar outros parceiros comerciais a nível mundial”. Presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados de Santa Catarina, Clever Pirola Ávila,

sobre a diminuição da exportação de produtos brasileiros para a argentina e países vizinhos

“O desenvolvimento cada vez maior do setor avícola fez com que as duas maiores entidades da avicultura brasileira, representativas dos mercados interno e externo, decidissem unir forças. A UBA e a ABEF deram origem à União Brasileira de Avicultura (UBABEF), criando a maior entidade da avicultura brasileira”. Diretor administrativo e financeiro da UBABEF, José Perboyre, sobre os 50 anos da UBA. “Não esperem nada espetacular na divulgação da reorganização da BRF”, Atual presidente do conselho da BRF, Abílio Diniz, sobre a divulgação do trabalho de reorganização da companhia

“A compra da Seara pela JBS tem alguns fatores importantes envolvidos a serem considerados. Primeiro pelo tamanho, trata-se do maior grupo de industrialização de carnes do mundo, com operações globalizadas. Na área de avicultura, a JBS possui uma importante operação nos EUA (através da compra da Pilgrim’s Pride). Isso pode ter uma influência local, pois a empresa poderá alinhar as decisões visando a exportação no mercado dos dois países e isso pode ser uma vantagem competitiva para empresas globalizadas como a Bayer”. Gerente da Bayer Unidade Aves, Suínos e Aquacultura, Rogério Petri 28


“Com a fusão da JBS e da Marfrig temos um grande ponto de interrogação pela frente, pelo menos nos próximos dois, três meses é preciso dar uma observada no que vai acontecer, mas a expectativa é positiva. Willians Turco, fundador e diretor da Desvet, sobre a compra da Seara pelo grupo JBS.

“União entre setores público e privado é fundamental no objetivo de erradicação da Peste Suína Clássica”. Declaração do consultor da FAO, Jorge Miquet, durante o III

Congresso Iberoamericano de Suinocultura

“Atualmente, a produção rural brasileira é a segunda do mundo e a primeira, e única, grande agricultura em área tropical do planeta. E, hoje, podemos comemorar o dia do agricultor com o peito cheio de orgulho, porque produzimos para o mercado brasileiro e para outros 143 países”. Homenagem ao Dia do Agricultor da senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA)

De junho do ano passado a maio deste ano, o Brasil exportou US$ 99,5 bilhões em produtos agropecuários. Não podemos ter, de forma nenhuma, vergonha de ser um grande exportador na área rural. Devemos valorizar isso. Os Estados Unidos são uma grande potência e os maiores exportadores do setor no mundo. Nós brasileiros queremos tomar esse lugar”. Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, sobre a capacidade de exportação agropecuária do Brasil.

“Após um ano atípico, de involução da produção, espera-se um cenário favorável para a avicultura brasileira com capitalização de recursos pelo governo e por empresas privadas, já que para 2020 projeta-se que a carne de frango seja a proteína animal mais consumida no mundo, o que já é de fato no Brasil. Além disso, nosso país possui um excelente histórico de crescimento na produção e exportação de frango de corte o que nos qualifica como um grande player mundial fortalecendo toda a cadeia interna.” Diretor de da linha de aves e suínos da Ourofino, Amilton Silva. agosto 2013 / edição 65 29


EMPRESAS

Evialis passa a se chamar InVivo Nutrição e Saúde Animal Iniciando sua estratégia de fortalecimento global, a empresa altera sua marca corporativa

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om o objetivo de alinhar internacionalmente sua identidade corporativa, a Evialis, multinacional francesa e uma das líderes mundiais em nutrição animal, passa a partir de agora a se chamar InVivo Nutrição e Saúde Animal. “A InVivo Nutrição e Saúde Animal é uma unidade de negócios do Grupo InVivo, que atua globalmente nas áreas do agronegócio como Trading, Logística e Armazenagem de Grãos, produção de adubos e fertilizantes, produção e melhoramento de sementes, entre outros. Este alinhamento faz parte de um processo de reorganização com o objetivo de fortificarmos a imagem da nossa marca”, explica Nilton Perez, presidente da empresa no Brasil. O presidente reforça que a marca corporativa passa a assinar e dar suporte a toda operação brasileira, com um posicionamento global mais claro e objetivo. É importante ressaltar que as mudanças não interferem no que diz respeito às marcas comerciais da empresa no Brasil (Presence, Socil, maltaCleyton e InVivo mix). Todas permanecem com estratégias e objetivos próprios, orientadas de acordo com suas características e canais de distribuição.

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Nilton Perez, Presidente da InVivo no Brasil


Crescimento para 2013

no BRASIL

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Fábricas

Com uma produção de três milhões de toneladas de rações completas e mais de 20 milhões de toneladas de rações produzidas por terceiros, tendo como bases seus premixes, a InVivo Nutrição e Saúde Animal segue otimista em suas intenções de crescimento global. “Neste momento estamos reorganizando a companhia para atingir objetivos maiores num futuro próximo”, comenta o CEO da empresa, Hubert de Roquefeuil. Focada nos mercados da França, Ásia, África e América Latina, a unidade de negócio de Nutrição e Saúde Animal atua com cinco atividades comerciais sendo eles: alimentos completos, premixes, aditivos, saúde animal e análises laboratoriais. Atualmente, 70% do volume de negócios da InVivo Nutrição e Saúde Animal é gerado por suas atividades de alimentos completos, seguida por Premixes com 24% e os demais 6% são originários de saúde animal e análises laboratoriais. No futuro a empresa será mais presente no cenário internacional. O mesmo resultado é esperado para sua atuação geográfica: hoje 44% do volume de negócios está com as operações francesas e os outros 56% de mercados internacionais. Para 2016, o grupo acredita que 70% da receita será do mercado internacional. No Brasil, o faturamento da InVivo é de 700 milhões de reais e a expectativa para os próximos três anos é um investimento de 100 milhões, a partir da transição da marca. No cenário atual, o varejo (pet, equinos e pequenas criações de aves, suínos e coelhos) representa 40%, já o chamado setor de produção (Gado de Corte, Peixes e Camarões) equivale a 60% do faturamento. Até junho de 2014, a expectativa é inaugurar o primeiro centro de pesquisa e investigação cientifica multiespécie fora da França, que será construído em Descalvado (SP).

Expansão na América do Sul Como um dos olhares do grupo é a expansão internacional, a InVivo iniciou seu plano de crescimento na América do Sul, por meio de de sua operação brasileira, que possui uma equipe especializada para buscar parceiros na região. No mês de maio, a empresa passa a ter dois distribuidores no Uruguai. Um será responsável pela marca Socil e outro pela Presence. Ainda neste ano, a empresa deverá chegar a outros países como o Paraguai

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ESPECIAL

JBS bate de frente com a BRF

Após comprar a Seara, o frigorífico JBS monta plano para bater de frente com a BRF, líder absoluta em frangos e suínos no Brasil. Com a Seara, JBS atinge receita de R$ 100 bi e só perde para a Petrobrás por JOÃO WERNER GRANDO/Abril Comunicações S/A e Giovana de Paula foto divulgação

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os últimos anos, o mercado brasileiro viu nascer dois gigantes da indústria de carnes: a BRF e o JBS. Apesar de estar entre os maiores do planeta, seus caminhos nunca haviam se cruzado de verdade. A BRF, criada após a fusão da Sadia com a Perdigão em 2009, virou líder absoluta no mercado brasileiro de frangos e suínos e também uma das maiores exportadoras globais desses produtos. Após uma série de aquisições, o JBS, comandado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, lidera o mercado mundial de carne bovina. Apesar de seus tamanhos, JBS e BRF nunca foram adversários. A BRF até processa carne bovina, mas principalmente para rechear suas lasanhas e fazer seus hambúrgueres. O JBS abate milhões de frangos por dia, mas quase tudo nos Estados Unidos e para abastecer o mercado doméstico americano. Cada um, portanto, nadava 32

em sua raia. Até que, no dia 10 de junho, os caminhos se cruzaram. Após assumir dívidas de 5,85 bilhões de reais, o JBS comprou a Seara, divisão de alimentos processados do fabricante de alimentos Marfrig e vice-líder no mercado brasileiro de frangos e suínos. De uma hora para a outra, portanto, virou o maior e mais ameaçador concorrente da BRF. “Será briga de gente grande”, diz Joesley Batista, presidente do conselho de administração do JBS. A compra mudou o que, até o dia 10 de junho, parecia um cenário para lá de promissor para a BRF. Em abril, o empresário Abilio Diniz, antigo controlador do Grupo Pão de Açúcar, havia assumido a presidência do conselho de administração da empresa. Conhecido pela forma agressiva de conduzir os negócios, Abilio tinha uma missão muito clara, dada a ele pelos maiores acionistas da BRF: pisar no acelerador. Na opinião dos fundos Tarpon e Previ, acionistas que


o conduziram até o posto, a BRF havia se tornado uma líder dócil demais. Apesar de dominar 60% do mercado doméstico, hesitava em apertar varejistas e fornecedores, crescia pouco, tinha margens menores do que poderia. E, mesmo pouco endividada, não avançava para fora do país por meio de aquisições. Caberia a Abilio dar uma injeção de ambição na BRF e fazer dela uma empresa global como a multinacional Nestlé. Pelos planos, a BRF poderia facilmente captar dinheiro para fazer aquisições

no exterior e dobrar seu faturamento em três anos. Dona de mais da metade do mercado nacional, sua margem operacional poderia subir para 19%, bem acima dos 9% atuais. A falta de concorrente só facilitava esse plano. O Marfrig estava às voltas com dívidas impagáveis e havia praticamente zerado os investimentos em marketing e inovação. Era, enfim, o mercado e a concorrência que Abilio e seus sócios pediram a Deus. Mas a família Batista, controladora do JBS, resolveu dificultar as coisas.

A compra da Seara Brasil, divisão da Marfrig para aves, suínos e processados, levará a JBS à liderança no mercado global de aves. O Grupo já é o maior do mundo em carne bovina Comparação do peso Global das duas empresas JBS - Vendas (em bilhões de reais)

BRF - Vendas (em bilhões de reais)

90 bilhões

28.5 bilhões

Produção (em abates por dia)

Produção (em abates por dia)

Bovino

63.000

Bovino

2.500

Aves

10 milhões

Aves

6.8 milhões

Suínos

52.000

Suínos

39.000

Agora, a BRF terá de enfrentar um concorrente muito maior do que ela mesma — e que, ao contrário do combalido Marfrig, está em boa forma e com fôlego para investir. O JBS, criado pela família Batista em Goiás nos anos 50, é o maior processador de carnes do mundo. Após a compra da Seara, deve faturar cerca de 90 bilhões de reais em 2013 — mais de três vezes as vendas anuais da BRF. Seu abate de bois é incomparavelmente maior (veja quadro). Mesmo em frangos, setor em que Sadia e Perdigão se destacam, a produção do JBS é 50% maior graças à operação que possui nos Estados Unidos com a marca Pilgrim’s Pride. No Brasil, a companhia havia estreado nesse mercado no ano passado com a compra de três empresas, mas, graças à aquisição da Seara, sua operação quadruplicou. “Ficamos agora entre as maiores processadoras de frangos dos Estados Unidos e do Brasil, que respondem

por 70% da exportação do produto no mundo”, afirma Wesley Batista, presidente executivo do JBS. “Isso nos dá escala para ser um competidor muito mais forte aqui e lá fora.” Para dificultar ainda mais a vida da BRF, o JBS não é apenas grande, mas extremamente agressivo. Os irmãos Batista nunca entraram para ser coadjuvantes em um mercado. Sua empresa de papel e celulose, a Eldorado, inaugurou recentemente em Mato Grosso do Sul a maior fábrica do planeta. A Flora, seu braço de produtos de higiene e limpeza, nasceu com ambição de se tornar a “Unilever brasileira”. Os planos nem sempre saem conforme o esperado, e a empresa dá suas trombadas de vez em quando, mas isso pode ser um risco a mais para a BRF. Acostumados a uma histórica disputa entre Sadia e Perdigão, seus executivos nunca tiveram um concorrente tão imprevisível. A forma como o negócio foi selado ajuda a agosto 2013 / edição 65

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ESPECIAL entender como os Batista tomam suas decisões. O JBS comprou a Seara sem auditar seus números ou passar um pente-fino nas fábricas da companhia. Esse processo só começará agora, depois da assinatura do contrato. A americana Tyson Foods, segunda maior processadora de frangos do mundo, chegou a avançar na negociação para comprar a Seara, mas antes de sacar a caneta do bolso quis fazer uma auditoria na operação — como, aliás, é praxe em transações desse tipo. (Oficialmente, a empresa não comenta a informação.) O JBS entendeu que pressa era um com-

ponente fundamental na negociação. A valorização de 10% do dólar nos últimos três meses fez a dívida do Marfrig, que já beirava o impagável: aumentar 500 milhões de reais. Se esperasse mais alguns dias, a empresa corria o risco de ficar sem dinheiro para pagar as contas. Não havia alternativa senão vender ativos — e rapidamente.

Alternativa na Bolsa A primeira opção foi se desfazer das fábricas da subsidiária Keystone na China para a BRF. Como o negócio, estimado em 1 bilhão de reais, não tapava todo o buraco, a saída foi partir para algo maior. “A transação pareceu feita às pressas”, escreveu o analista Alan Alanis, do banco JP Morgan. “Os detalhes do negócio foram poucos. Não foram reveladas as margens operacionais da Seara nem os investimentos necessários.” O dado curioso é que, para evitar que a Seara caísse nas mãos de um concorrente parrudo, a BRF chegou a topar fazer um negócio que não queria: comprar, além da operação na Ásia, a unidade do Marfrig na Europa. Nesse caso, pagaria aproximadamente 2 bilhões de reais. Apesar da pressa com que a aquisição foi concluída, os planos do JBS para a Seara são claros. O objetivo dos irmãos Batista é criar uma empresa capaz de atacar todas as fortalezas da BRF. Os Batista estudam juntar a Seara à Vigor, empresa de laticínios da família, que já é listada na BM&F Bovespa. O movimento separaria a Seara da empresa de carne bovina — produzir alimentos com marca, como é o caso da Seara, pode render margens maiores que a compra e a venda de carne. Uma vez na bolsa, isso a faria valer muito mais do que escondida sob os ativos do frigorífico. Ao fim do processo, seria criada uma estrutura muito semelhante à da BRF — que é dona de marcas de leite e derivados, como Batavo e Elegê. Com uma estrutura parecida, a Seara poderia se transformar em uma alternativa aos investidores, que hoje só têm a BRF como opção na bolsa brasileira. Atualmente, Vigor e Seara faturam, somadas, cerca de 13 bilhões de reais, ou quase metade das vendas da BRF. Se conseguisse valer na bolsa pouco menos da metade do que a líder vale, essa nova empresa seria avaliada em até 20 bilhões de reais. Isso, claro, no mundo dos planos, já que a BRF tem todos os benefícios de ter uma operação azeitada por anos de 34

experiência. “Estamos avaliando essa possibilidade, mas não há nada definido”, diz Wesley Batista. A outra parte do plano é usar a Seara para lançar produtos com marca e cobrar mais caro por isso — algo que é especialidade da BRF, mas que o JBS nunca conseguiu fazer em seus mercados tradicionais. Até o final deste ano, o JBS deverá trazer para o Brasil a Swift, sua marca de carnes nobres e alimentos processados nos Estados Unidos. A ideia é usá-la para brigar com a Sadia, no segmento de produtos mais caros e manter a Seara como marca de combate, com preço mais baixo. Os irmãos Batista reconhecem ter pouca experiência com produtos de maior complexidade, mas já começaram a se armar. O presidente da Seara será Gilberto Tomazoni, que comandou a Sadia por quatro anos. No mesmo dia do anúncio da aquisição da Seara, comunicaram a contratação do egípcio Tarek Farahat, presidente da fabricante de produtos de consumo americana Procter&Gamble na América Latina, para ser membro do conselho de administração do JBS. À frente da operação no Brasil nos últimos seis anos, Farahat foi o responsável por fazer a companhia dobrar de tamanho e encurtar a distância em relação à líder de mercado Unilever. Sua receita? Multiplicar o investimento em publicidade principalmente, com celebridades da TV para promover os produtos. No JBS, ele ficará à frente do recém-criado comitê de marketing e inovação. Será uma mudança e tanto. O Marfrig estava tão encurralado pelas dívidas que foi obrigado a abandonar investimentos em marketing. Perdeu, inclusive, o contrato de patrocínio da seleção brasileira. Às vésperas da Copa das Confederações, os jogadores da seleção treinaram com esparadrapos na camisa para esconder o logotipo da Seara. O plano é mudar isso, com exposição na internet, na TV, nos jornais e nas revistas.


A briga vai começar A mudança na concorrência acontece enquanto Abilio Diniz conclui seu diagnóstico sobre a situação da BRF. Logo após chegar à companhia, contratou o consultor Claudio Galeazzi para avaliar cortes de custos e redução do quadro de pessoal. Em paralelo, passou a analisar oportunidades de aquisição para a BRF no exterior. Ele assumiu sem precisar se preocupar com a concorrência e com objetivo único de avançar no exterior e de ampliar a margem no Brasil. Agora, terá de olhar também pelo retrovisor. Dado seu histórico no mundo dos negócios, é difícil imaginar que ele vá assistir parado ao avanço da concorrência. O primeiro embate da guerra entre BRF e JBS pode ocorrer já nas próximas semanas. Quando vendeu marcas e fábricas para o Marfrig por exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no ano passado, a BRF exigiu que as marcas não fossem passadas adiante por, pelo menos, cinco anos. Ou seja, uma operação como a anunciada no dia 10 teria de passar por sua aprovação — o que não aconteceu. As marcas acabaram sendo vendidas para o JBS com o resto. De acordo com executivos que acompanham a negociação, dentro das próximas semanas a BRF deverá discutir a questão com o Marfrig e o JBS. Em jogo também está o pagamento que o Marfrig tem de fazer à BRF pela compra dos ativos no valor de 350 milhões de reais — que foi parcelada em cinco anos. Em caso de venda, o pagamento teria de ser antecipado. Dependendo de como a conversa

evoluir, a companhia não descarta contestar a venda da Seara na Justiça. O Marfrig diz que não rompeu o contrato e que a dívida foi passada ao JBS. “Como vendemos toda a Seara e não partes da empresa, entendemos que não há restrições”, afirma Sergio Rial, presidente do Marfrig. A BRF não concedeu entrevista. A Seara é a nova esperança dos irmãos Batista de, enfim, começar a ter lucros consistentes com sua gigantesca empresa de carnes. Apesar de ter multiplicado por 30 seu faturamento desde 2004, o JBS ainda sua para dar dinheiro. Depois de dois anos de prejuízos, a companhia deu um lucro de 763 milhões de reais em 2012 — uma margem de 1% sobre o faturamento. Isso ajuda a explicar por que, apesar de ser três vezes maior, o JBS vale menos da metade da BRF na bolsa. Se naquilo que sabem fazer melhor já não está fácil, é possível imaginar o desafio de entrar em um negócio totalmente novo. Marcas como Sadia e Perdigão se tornaram as preferidas dos consumidores após décadas de investimentos. Isso para não falar de outros pontos-chave para o sucesso nesse mercado, como logística. “Os retornos do investimento em marca não vêm em um ano ou dois”, afirma Daniela Khauaja, coordenadora da área de marketing da pós-graduação da ESPM. Para o JBS, esse é um mundo novo. Com a venda da Seara, a BRF ganha seu primeiro concorrente de peso. Ele vai incomodar de verdade daqui para a frente? É esperar para ver.

A Seara Brasil acrescentará ao faturamento anual da JBS cerca de 10 bilhões de reais. Com o negócio comprado da Marfrig, o faturamento anualizado da JBS se aproxima de 100 bilhões de reais. Inicialmente, com a integração de aves e suínos, a JBS estava prevendo entre 89 e 90 bilhões de reais. No ano passado, a JBS encerrou o ano com receita de quase 75 bilhões de reais Acompanhe o desenvolvimento do JBS O JBS não está realmente para ‘brincadeiras’. Quando entra em uma disputa, o Grupo ‘pega pesado’, investe e toma rumos para seu crescimento.

Nos últimos anos, o histórico do Grupo aponta a compra - além da recém aquisição da Seara, que poderá elevar o faturamento do grupo para R$ 100 agosto 2013 / edição 65

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ESPECIAL bilhões em 2013 - da Swift na Argentina, grande ‘start’ das compras do Grupo em 2005. As exportações combinadas das duas empresas somariam 900 milhões de dólares. A Swift exportava para 70 países, sendo dos Estados Unidos o seu maior mercado. Na sequência, a empresa divulgou sua parceria com a marca italiana Cremonini, adquirindo 50% da Inalca, por 225 milhões de Euros. O objetivo era conseguir acesso a grandes multinacionais de fast food, redes varejistas, entre outros. O acordo, porém, não deu certo. A Cremonini, sua sócia na Inalca, dificultou a vida dos brasileiros na gestão da Inalca, até a parceria ser desfeita, em março de 2011. O próximo lance deste jogo foi dado em 2007, quando, impulsionado pelos 1,6 bilhão de reais que havia captado em sua abertura de capital, em março de 2007, o JBS surpreendeu o

mercado, ao bater gigantes como a Tyson Foods e a Cargill: a aquisição da centenária Swift dos Estados Unidos, por 1,4 bilhão de dólares. O JBS, enfim, conseguiu atingir seu objetivo e tornou-se o maior processador de carne bovina do mundo. Já em 2009, a JBS adquiriu a Pilgrim’s Pride, líder em aves nos Estados Unidos. As ações da Pilgrim’s estavam em torno de 5 dólares na época da aquisição, mas agora estão sendo negociadas na casa dos 14 dólares. A JBS entrou no segmento de aves no Brasil em meados do ano passado, com ativos da Doux Frangosul no Brasil. Este foi um indicativo da intenção de crescer em aves, suínos e processados; um movimento estratégico para o grupo ampliar sua participação em segmentos de alto valor agregado e, logicamente, de suas margens.

BRF e JBS: gigantes em disputa O JBS comprou a Seara Brasil por 5,8 bilhões de reais. Todo o valor pago pela operação será feito por meio de assunção de dívidas do Marfrig, que somaram quase 13 bilhões de reais no final do primeiro trimestre do ano. As dívidas têm vencimento até o ano de 2017. A partir de agora, todos os ativos adquiridos da BRF – que pertenciam à Seara Brasil – passam a pertencer ao JBS, o que torna o Grupo o segundo maior fabricante de alimentos processados do país, atrás somente da BRF, e com grande chance de somar ao seu faturamento cerca de 10 bilhões de reais neste

Mercado de aves

Além de figurar como a segunda maior fabricante de alimentos processados, o JBS se torna líder global no mercado de aves, com faturamento que próximo a 100 bilhões de reais. O Grupo possui operações nos Estados Unidos, México, Porto Rico e, a partir de agora no Brasil, via Frangosul e Seara, passará a ter

ano. Segundo Sérgio Rial, presidente da Seara Foods, os ativos da BRF representam cerca de 40% deste total. No primeiro trimestre deste ano, a receita da Seara Brasil cresceu quase 50% na comparação com o mesmo período de 2012, totalizando mais de 2 bilhões de reais. “Os ativos adquiridos pela BRF já apresentaram utilização de capacidade. É estimado um faturamento entre 9 e 10 bilhões de reais para neste ano com essa operação”, afirmou o executivo, em teleconferência com analistas para comentar a negociação com o JBS.

uma capacidade de abate diário de 12 milhões de aves por dia. Somente a Seara Brasil tem capacidade de abate de 2,6 milhões de aves diariamente.

O homem à frente do negócio: Gilberto Tomazoni presidirá divisão de aves e suínos da JBS no Brasil

O presidente da JBS, Wesley Batista, informou que Gilberto Tomazoni, que preside a JBS Aves, assumirá a presidência da unidade de aves, suínos e industrializados da companhia no País, agora que conta com a Seara Brasil. Tomazoni tem ampla experiência no setor, tendo trabalhado por 27 anos na Sadia. Ele participou do processo de internacionalização da empresa durante os quatros anos em que atuou como diretor-presidente. Nos últimos três anos, o executivo esteve na vice-presidência da Bunge Alimentos, na área de alimentos e ingredientes, respondendo também como diretor-executivo para América do Sul e Central.

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Tendências

Desafios para a Avicultura: setor vive momento de recuperação O ano de 2012 foi marcado por dificuldades, porém, em 2013, a indústria de carne de frango prevê a recuperação na produção e um aumento das exportações, ambos da ordem de 3% por Giovana de Paula fotos Divulgação

A

avicultura se tornou uma atividade econômica internacional e altamente tecnificada. É um dos segmentos mais importantes do agronegócio, tornandose um exemplo de integração de interdependência econômica. O ano de 2012 foi marcado por grandes dificuldades para o setor, porém, este ano, a indústria de carne de frango prevê a recuperação na produção e um aumento das

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exportações, ambos da ordem de 3%, depois de um ano de retração, conforme apontamos no gráfico a seguir, devido a uma alta nos custos. A perspectiva da indústria é elevar os embarques, com a abertura de novos mercados na Ásia e na África e fortalecer o desempenho do setor ao exportar produtos de maior valor agregado, segundo Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).


O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com 39,7% do mercado internacional, seguido

por Estados Unidos (32,5%) e o bloco europeu (10,9%), segundo e terceiro no ranking, respectivamente.

O alojamento de matrizes de 2012 para produção de pintos em 2013 totalizou 46,5 milhões de aves, dado 7% inferior em relação as 50 milhões de aves de 2011, indicando uma natural redução da capacidade de produção de pintos de corte e, como consequência, diminuição na produção de carnes. A redução detectada no alojamento de matrizes em 2012 sinaliza uma diminuição de oferta tanto para o mercado interno, quanto para o mercado externo. Indica, também, a redução dos estoques e a consequente adequação dos preços de exportação. Ainda segundo a Ubabef, o setor avícola brasileiro está mais enxuto, sem estoques. Isto, em consequência ao incremento dos custos de produção decorrentes da crise de 2012, quando houve forte aumento nos preços do milho e da soja. Este custo ainda não chegou ao seu ponto de equilíbrio, face aos preços das commodities ainda apresentarem patamares mais elevados em relação aos anos anteriores. O repasse tardio destes custos ao preço final dos produtos embarcados também contribuíram para o recorde histórico de receita em abril. Segundo Ivan Lauandos, Diretor Geral da Aviagen, o maior desafio da avicultura atualmente no Brasil, dentro daquilo que o setor avícola pode administrar, é conviver com crescimentos mais baixos na exportação e mercado interno de carne de frango buscando eficiências ao longo de toda cadeia produtiva. “Desde o alojamento das avós ou matrizes as integrações precisam melhorar continuamente

a performance e eficiência até o abatedouro e distribuição”, afirmou. Para Clodys Menacho, Gerente Geral da Alltech do Brasil, os desafios mais importantes da Avicultura são aqueles relacionados à rentabilidade. “Necessitamos fazer que com que os negócios sejam viáveis e, para isso é muito importante que a tecnologia seja utilizada da maneira correta para poder ser mais eficiente em produção”, destacou. A volatilidade do mercado de grãos, o alto impacto das exportações, o consumo já mediamente saturado e a consolidação de players no mercado fazem com que a indústria avícola brasileira necessite ter muito mais rapidez no processo de decisões. É o que aponta Giankleber Diniz, Diretor Associado da unidade de negócios Aves da Zoetis. “A análise constante do alto volume de dados que são produzidos diariamente é fundamental nesse processo de decisão”, disse. E para que o cenário de recuperação do crescimento da avicultura se consolide, Reinaldo Kato, Gerente de Vendas da Uniquímica, aponta alguns fatores que necessitam de atenção. “Podemos destacar o equilíbrio financeiro da atividade, que depende diretamente do ajuste da oferta e demanda do mercado (exportação e consumo interno) e a preocupação com a sanidade dos planteis, que é constante e crescente”, disse. A avicultura é um mercado extremamente competitivo com reduzidas margens, onde cada vez mais o setor tem que usar da criatividade e competência para se diferenciar e sobreviver, é o que relata Marcelo agosto 2013 / edição 65 39


Tendências Manjabosco Nunes, Diretor Geral América do Sul – Nutriad. “Os nossos principais desafios continuarão sendo produzir um alimento de excelente qualidade a um custo competitivo e de alta produtividade”, disse. Segundo o Presidente da Ubabef, Francisco Turra, o

setor está apenas cauteloso este ano devido aos fatores de 2012, como o aumento dos insumos. “Por isso estamos mais estáveis. Nossa meta é que a avicultura trabalhe com exportação de melhor qualidade (no sentido de agregação de valor)”, explicou.

Raio X Embarques de carne de frango em 2012

3,918 milhões de toneladas (-0,6% em relação a 2011)

Receita

US$ 7,703 bilhões (-6,7%)

Preço médio das vendas brasileiras

US$ 1.966 a tonelada (-6,1%).

Exportações de cortes

Embarques de 2,143 milhões de toneladas (aumento de 3,7%) Vendas por segmentos

Exportações de cortes

Embarques de 2,143 milhões de toneladas (aumento de 3,7% sobre 2011)

Receita cambial

US$ 4,272 bilhões (- 4,1%)

Vendas de frango inteiro

Embarques - 1,417 milhão de toneladas (retração de 5,7%)

Receita cambial

US$ 2,460 bilhões (-5,7%) Mix das exportações brasileiras em 2012

40

Frango em cortes

55%

Frango inteiro

35%

Frango salgado

5%

Frango processado

5%


Estado

Total em kg

Rondônia

34.694

Mato Grosso do Sul

842.758

Minas Gerais

14.910.815

São Paulo

497.725

Paraná

10.390

Rio Grande do Sul

10.544.679

TOTAL

26.853.274

agosto 2013 / edição 65

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Tendências

Exportações de ovos em 2012

26,8 mil toneladas (crescimento de 61,2% em relação a 2011)

Receita cambial

US$ 42,6 milhões (incremento 50,8%)

Principais destinos internacionais dos ovos brasileiros Angola

47%

Emirados Árabes Unidos

38%

Exportações de material genético (matrizes) em 2012

1.100 toneladas, em retração de 14,8%.

Receita

US$ 43,8 milhões (aumento de 15,5% em comparação a 2011)

Para entender melhor como está o posicionamento do mercado frente à realidade da avicultura, a AveWorld conversou com algumas personalidades do setor. Acompanhe abaixo a íntegra das opiniões: “O maior desafio da avicultura atualmente no Brasil, dentro daquilo que o setor avícola pode administrar, é conviver com crescimentos mais baixos na exportação e mercado interno de carne de frango buscando eficiências ao longo de toda cadeia produtiva. Desde o alojamento das avós ou matrizes as integrações precisam melhorar continuamente a performance e eficiência até o abatedouro e distribuição. O processo já começou, mas teremos que acelerá-lo em virtude das condições de mercado. A questão da biossegurança, também, terá uma importância crescente no setor. Como casa genética temos que apoiar o setor desenvolvendo produtos para os diferentes segmentos de mercado os quais devem agregar valor aos nossos clientes. Infelizmente temos desafios que não podemos atuar diretamente como as questões logísticas, câmbio, de infraestrutura, tributarias, preço dos grãos, etc, no entanto temos que atuar via UBABEF no sentido de pressionar os órgãos envolvidos.” Ivan Lauandos

Diretor Geral da Aviagen

“Os principais desafios da avicultura brasileira se referem a uma atividade que, atualmente, não necessita mais prever o futuro e sim “criar organizações que prosperem em um futuro que não pode ser previsto” (Michael Hammer). A volatilidade do mercado de grãos, o alto impacto das exportações, o consumo já mediamente saturado e a consolidação de players no mercado fazem com que a indústria avícola brasileira necessite ter muito mais rapidez no processo de decisões. A análise constante do alto volume de dados que são produzidos diariamente na empresa é fundamental nesse processo de decisão. Esse movimento faz com que decisões baseadas em momentos (ex.: troca de um insumo por outro somente baseado em custo absoluto) se tornem decisões estratégicas, baseadas em dados e retorno sobre o investimento, fazendo com que a empresa enfrente os percalços da atividade minimizando as oscilações da atividade. Alianças com empresas sólidas e preocupadas com essa estratégia podem fazer a diferença frente a esses desafios”. Giankleber Diniz

Diretor Associado da unidade de negócios Aves da Zoetis.

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“O cenário da avicultura atual é de recuperação do crescimento. No entanto, alguns fatores despertam a preocupação do segmento. Neste contexto podemos destacar o equilíbrio financeiro da atividade, que depende diretamente do ajuste da oferta e demanda do mercado (exportação e consumo interno). - A preocupação com a sanidade dos plantéis é constante e crescente, sempre existiu, mas cada vez mais com o crescimento a preocupação é evidente e que não pode ser deixada de lado. Esta cobrança cada vez mais evidente e reforçada pela necessidade de produção de plantéis sadios, com ênfase na segurança alimentar. - Outro ponto que tem se intensificado, está relacionado a demanda de mão de obra, ou seja a escassez crescente no campo. Esta principalmente devido a competição entre outros segmentos (por exemplo a indústria, construção, etc). A necessidade de automação do segmento é evidente e clara”. Reinaldo Kato

Gerente de Vendas – Uniquímica

Cláudio Jorge Kracker

Diretor Administrativo/Institucional, Vetanco do Brasil

“O principal desafio da avicultura é voltar a crescer, tanto no mercado interno quanto na exportação. A avicultura brasileira não cresceu nos últimos dois anos, tanto na produção, como na exportação. As estimativas para 2013 são de manutenção dos mesmos números praticados no ano passado. Estamos convivendo com um equilíbrio total. No ano passado enfrentamos o alto custo dos insumos básicos (milho e soja) e neste ano é o medo que algo parecido possa acontecer, no entanto os preços das matérias-primas (milho e soja) estão com os preços mais ajustados a nossa realidade. Porque não vamos crescer? Os especialistas do setor falam que este ano será um ano de ajustes na produção. No mercado externo vamos conviver com a concorrência de alguns países como a Tailândia e Estados Unidos que ganharam mercados. Temos que reconhecer que o mercado internacional ficou mais restrito (estreitou mais). Os principais importadores estão produzindo cada vez mais em busca de sua autossuficiência. Neste cenário extremamente competitivo, um ganha e outro perde. Não podemos deixar de lado um cliente exponencial, o mercado europeu está enfrentando uma crise de consumo (poder de compra menor), com PIB negativo. Alguns países da África poderão ser nossos parceiros importadores nos próximos meses”. “Definitivamente os desafios mais importantes são aqueles relacionados à rentabilidade. Necessitamos fazer que com que os negócios sejam viáveis e, para isso é muito importante que a tecnologia seja utilizada da maneira correta para poder ser mais eficiente em produção. Essa é a meta mais importante da equipe técnica de Alltech; mediante a correta utilização de nossa tecnologia permitimos viabilizar a produção pecuária. Nós temos histórias de muito sucesso, que nos geram mais confiança para seguir trabalhando a favor do produtor”.

Clodys Menacho

Diretor da Alltech do Brasil

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Tendências

Marcelo Manjabosco Nunes Diretor Geral América do Sul Nutriad

“Vivemos um período de incertezas, sejam elas em nível de economia do país ou mesmo da cadeia de produção suínicola e avícola nacional. Tivemos um ano extremamente difícil no ano passado, apesar de a Nutriad ter crescido 12%, foi um ano desafiador para todos que estão de alguma forma relacionados com esta atividade no Brasil. Altos custos de produção, em função dos custos da ração animal, dificuldades de mercado pela crise mundial que, naturalmente, nos afetou também e, para completar, um governo que pouco faz para ajudar um dos setores que alavancou este país nos últimos anos. Este ano, que imaginávamos teríamos um ano mais interessante, com custos de produção menores, estamos vendo uma queda nos preços da carne no mercado interno, levando novamente a afetar as margens do setor e naturalmente afetando todos os setores que de alguma forma participam da cadeia. Estamos em um mercado extremamente competitivo com reduzidas margens, aonde cada vez mais temos que usar da criatividade e competência para nos diferenciarmos e sobreviver. Os nossos principais desafios continuarão sendo produzir um alimento de excelente qualidade a um custo competitivo e de alta produtividade. Apesar de toda instabilidade e incerteza que vivemos, eu sou um eterno otimista e tenho certeza que dias melhores virão. Somos um país privilegiado do ponto de vista sanitário e temos técnicos e empresários inteligentes e competentes para continuarmos fazendo da suinocultura e avicultura brasileiras um expoente da competitividade e capacidade produtiva no cenário global da cadeia de produção de carne. “Diferente de 2012, ano em que o setor de aves e suínos do país passou por uma crise de custos, com dificuldades de recebimentos, recuperações judiciais e recomposição de dívidas, acreditamos que 2013 pode ser diferente. As dificuldades estão sendo superadas aos poucos. Os principais desafios da avicultura atualmente são a adequação do alojamento de pintos de corte em função dos mercados interno e externo, bem como a redução dos custos de produção através do aumento da produtividade e manutenção do status sanitário de nossas fronteiras. Para o setor suíno, vemos como desafio o incremento do consumo interno, além da aprovação da carne brasileira em mercados importantes como Japão e Coreia do Sul, produzindo carne de forma eficiente e a um custo competitivo”. Fernando Abrantes,

Diretor Superintendente M.CASSAB

As dificuldades encontradas na avicultura hoje no Brasil: entrevista com o presidente da Ubabef, Francisco Turra 44


o lado positivo, já que está sendo cogitada a possibilidade do México fazer parte do nosso mercado. O setor está apenas cauteloso este ano devido aos fatores de 2012, como o aumento dos insumos. Por isso estamos mais estáveis. Nossa meta é que a avicultura trabalhe com exportação de melhor qualidade (no sentido de agregação de valor). Este vai ser um dos principais temas do SIAV em agosto. AveWorld - Qual o setor que precisa de mais atenção?

AveWorld - Existe um principal obstáculo na avicultura hoje em dia? Francisco Turra – Não diria obstáculo, mas uma preocupação que nós temos que continuar a ter sempre é a questão do estado sanitário. Isso não se pode abrir mão, já que o nosso estado sanitário – impecável – é melhor se comparado com o cenário internacional. Nós temos que brigar por isso, ou se tem sanidade ou não tem, no nosso caso está mais do que comprovado

Francisco Turra – É necessário ter um pouco de cautela no setor de produção e não exagerar, já que o aumento no consumo interno e nas exportações não é grandioso. AveWorld -Qual vai ser a principal dificuldade no futuro, da avicultura? Como é que isso pode ser amenizado? Francisco Turra – Nossa preocupação é com a competitividade e para isso é preciso investimento. Temos um grupo especializado em competitividade que trata deste assunto dentro da Ubabef. Para que essa questão seja “amenizada” é necessário fazer concessões e parcerias, além é claro de investimentos.

junho 2013 / edição 76 45


MERCADO

Projeções do Agronegócio Brasil

2012/2013 – 2022/2023 A produção total de carnes deve crescer 34,9% em 10 anos

O

por Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

agronegócio brasileiro caminha para a próxima década com foco na competitividade e na modernidade, fazendo da utilização permanente da tecnologia um caminho para a sustentabilidade. Os números desta publicação atualizam o potencial de 26 atividades produtivas prósperas, seguras e rentáveis. Em um cenário promissor, os resultados das projeções do Mapa mostram crescimento do setor agropecuário e florestal no período 2012/13-2022/23, o que nos permitirá abastecer anualmente um total de 200 milhões de brasileiros e gerar excedentes exportáveis para algo em torno de 200 países. O saldo é um mercado agrícola e pecuário interno forte e uma balança comercial que gera mais de 100 bilhões de dólares a cada ano. A questão principal a ser respondida é: quais os fatores que levam o Brasil a invejável posição internacional de ser um dos principais fornecedores de alimentos e matérias primas para o mundo? Em primeiro lugar, pela disponibilidade de área para a produção de grãos, carnes e plantações de florestas comerciais. Em seguida, por possuirmos entre 12 e 18% da água doce do planeta, assim como insolação e chuvas regulares na maioria das regiões brasileiras. A política agrícola, 46

seja como crédito de investimento, custeio e comercialização, associada à defesa sanitária animal e vegetal, igualmente dá sustentação para o desenvolvimento de todas as cadeias produtivas. Outro fator é a utilização de tecnologias que aproveitem melhor o solo, reduzam o uso de agroquímicos e diminuam uma parcela importante dos gases de efeito estufa que causam aquecimento global. Finalmente, temos produtores engajados no aumento produtivo a partir da modernização nos campos brasileiros. Este trabalho é uma atualização e revisão do estudo Projeções do Agronegócio – Brasil 2011/12 a 2021/22, Brasília – DF, 2012, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Revisões periódicas nas projeções são necessárias em face do ambiente interno e externo, que levam a mudanças nos cenários das projeções e por consequência nas estimativas apresentadas. Por este motivo, instituições que trabalham com a visão de longo prazo têm a preocupação de atualizar sistematicamente suas projeções. As projeções deste relatório foram preparadas entre janeiro e junho de 2013. O trabalho tem como objetivo indicar possíveis direções do desenvolvimento e fornecer subsídios aos formuladores de políticas públicas quanto às tendências


dos principais produtos do agronegócio.Os resultados buscam, também, atender a um grande número de usuários dos diversos setores da economia nacional e internacional para os quais as informações ora divulgadas são de enorme importância. As tendências indicadas permitirão identificar trajetórias possíveis, bem como estruturar visões de futuro do agronegócio no contexto mundial para que o país continue crescendo e conquistando novos mercados. O trabalho Projeções do Agronegócio – Brasil 2012/13 a 2022/23, é uma visão prospectiva do setor, base para o planejamento estratégico do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para sua elaboração foram consultados trabalhos de organizações brasileiras e internacionais, alguns deles baseados em modelos de projeções. Dentre as instituições consultadas destacam-se os trabalhos da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Food and Agricultural Policy Research Institute (FAPRI), International Food Policy Research Institute (IFPRI), Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD), Organização das Nações Unidas (ONU), United States Department of Agriculture (USDA), Confederação da Agricultura e Pecuária do

Brasil (CNA), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Embrapa Gado de Leite, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), STCP Consultoria, Engenharia e Gerenciamento, Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE) e Associação Brasileira do Agribusiness (ABAG). O trabalho foi realizado por um grupo de técnicos do Ministério da Agricultura e da Embrapa, que cooperou nas diversas fases da preparação deste. Beneficiou-se, também da valiosa contribuição de pessoas/instituições que analisaram os resultados preliminares e informaram seus comentários, pontos de vista e ideias sobre os resultados das projeçõesAs observações referentes a essas colaborações foram incluídas no Relatório, sem, nominar os colaboradores, mas sim as instituições a que pertencem.

agosto 2013 / edição 65

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MERCADO

O CENÁRIO DAS PROJEÇÕES EM 2013 As projeções realizadas em 2012 tinham como cenário preços agrícolas crescentes e crise em economias europeias, especialmente em Portugal, Grécia, Espanha e Itália. Com relação a este cenário, especialistas apontam para 2013 uma possibilidade da atividade econômica acomodar-se à sua tendência de crescimento de longo prazo, acompanhado pelo menor risco de eventos extremos (Bradesco, Boletim Diário Matinal de 15/01/2013). O cenário de preços

em elevação deve permanecer em 2013. A figura 1 mostra uma comparação entre índices de preços recebidos pelos agricultores nos Estados Unidos. A linha referente a 2012 é crescente e situa-se em uma posição superior a observada em 2011. Entretanto, há certa redução de preços nos três últimos meses de 2012. Mas, mesmo assim, os índices são superiores aos que se verifica em 2011 para os mesmos meses durante todo o ano.

Figura 1 - Preços recebidos pelos agricultores nos Estados Unidos

Os preços internos no Brasil também têm mostrado tendência de elevação. Isso pode ser visto na tabela 1. Para um conjunto representativo de produtos agrícolas (trigo, soja, milho, arroz, boi e algodão), os preços têm apresentado tendência de crescimento. Observa-se que os preços para esses produtos em

2013, são maiores que os preços históricos e também dos preços de 2012. A soja tem o preço estimado para 2013, abaixo do preço de 2012. O Brasil espera uma safra recorde de grãos em 2013, estimada entre 184 e 186 milhões de toneladas.

Tabela 1 - Preços recebidos pelos produtores no Brasil UNIDADE

HISTÓRICO

2012

2013

Trigo

R$/t

491,4

496,8

623,1

Soja

R$/SC 60kg

47,6

68,7

59,5

Milho

R$/SC 60kg

23,6

29,8

29,5

Boi

R$/@

61,8

97

100,6

Arroz

R$/SC 50kg

25,9

31,3

32,9

Algodão

Cent./libra peso

132,2

159,4

192,8

Fonte: Cepea, 2013, posição 4/06/2013

48

PRODUTO


RESULTADOS DAS PROJEÇÕES BRASIL Grãos As projeções de grãos referem-se aos 15 produtos pesquisados mensalmente pela CONAB, como parte de seus levantamentos de safra. Esse conjunto de produtos denominado grãos, pela Conab, corresponde ao que o IBGE chama de cereais, leguminosas e oleaginosas em suas pesquisas mensais de safra. Como neste mês de maio já se tem os dados referentes ao sétimo levantamento de safra, para produtos do complexo soja, milho e outros produtos, usou-se para a safra 2012/2013 os dados divulgado pela Conab para

os seguintes produtos: soja-grão, óleo de soja, farelo de soja, milho, feijão, carnes (bovina, de frango, suína), e para cana de açúcar, IBGE. Deste modo, os dados de 2012/2013 são as projeções da Conab.As projeções deste relatório para esses produtos iniciam em 2013/2014. As estimativas de produção de grãos apontam para uma safra em 2013 de 184,2 milhões de toneladas, numa área de 53 milhões de hectares. Essas duas variáveis são as maiores que foram alcançadas no Brasil ao longo dos anos.

Milho A produção nacional do milho é relativamente dispersa no país. Os principais estados produtores, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul devem responder em 2013 por 80,7% da produção nacional. As maiores regiões produtoras são o Sul, com 34,1% da produção nacional

MILHO Produção Nacional

Ano Safra 2012/2013

%

78.468,3

100,0

(mil toneladas)

e o Centro Oeste com 42,0%. No Sul a liderança é do Paraná, e no Centro Oeste, Mato Grosso. Estes são atualmente os principais produtores de milho do país. Mas Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul também respondem por importante parte da produção nacional como se observa no mapa.

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES PR

18.419,4

23,5

MT

17.978,2

22,9

MG

7.419,1

9,5

GO

7.339,1

9,4

MS

6.784,0

8,6

RS

5.383,5

6,9

agosto 2013 / edição 65 49


MERCADO A projeção de produção de milho no Brasil indica uma produção estimada de 78,5 milhões de toneladas neste ano de 2013. Para 2013/14 a projeção de produção situa-se entre 78,8 e 89,0 milhões de toneladas. Para 2022/23 a produção projetada é de 93,6 milhões de toneladas. Como se sabe, no Paraná e Mato Grosso, maiores produtores, as áreas de soja liberam espaço para o plantio do milho. No Mato Grosso geralmente planta-se a soja por volta de 15 de setembro e colhem em janeiro para em seguida iniciar o milho de segunda safra. O limite para esse plantio é fevereiro porque os riscos de perdas com a estação seca são grandes se for ultrapassado esse período. A produtividade média projetada para o milho para os próximos 10 anos situa-se entre 5,0 e 6,4 toneladas por hectare. Mas essa projeção é considerada baixa pela Conab. A área de milho deve ter um acréscimo de 6,3% entre 2012/13 e 2022/23, passando de 15,7 milhões de hectares em 2012/13 para 16,7 milhões, podendo

chegar a 21,6 milhões de hectares em 2022/23. Não haverá necessidade de novas áreas para expansão dessa atividade pois as áreas de soja liberam a maior parte das áreas requeridas pelo milho. O aumento de área projetado de 6,3% está abaixo do crescimento havido nos últimos 10 anos, que foi de 15,3%. Mas o milho teve nos últimos anos elevados ganhos de produtividade resultando em menor necessidade adicional de áreas. O consumo interno de milho que em 2013 representa 66,7% da produção deve continuar nos próximos anos para 66,9%, tendo, portanto, um ligeiro aumento. As exportações de milho devem passar de 18 milhões de toneladas em 2013 para 24,74 milhões de toneladas em 2022/23. Para manter o consumo interno projetado de 62,6 milhões de toneladas e garantir um volume razoável de estoques finais e o nível de exportações projetado, a produção projetada em 93 milhões de toneladas atende a demanda em 2023.

Tabela 2 - Preços recebidos pelos produtores no Brasil

ANO

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

77.998

-

52.054

-

18.023

23.357

2013/14

78.784

89.032

53.112

55.913

19.521

26.060

2014/15

80.586

93.709.

54.170

58.131

19.863

27.653

2015/16

82.199

97.727

55.228

60.080

20.541

29.345

2016/17

83.825

101.466

56.285

61.888

21.122

30.851

2017/18

85.462

104.961

57.343

63.607

21.731

32.300

2018/19

87.091

108.297

58.401

65.263

22.331

33.680

2019/20

88.724

111.505

59.459

66.871

22.934

35.012

2020/21

90.355

114.611

60..517

68.440

23..537

36.301

2021/22

91.987

117.632

61.575

69.979

24.139

37.556

2022/23

93.619

120.582

62.633

71.491

24.742

38.780

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

50

Produção

20,0%

Consumo

20,3%

Exportação

37,3%


agosto 2013 / edição 65

51


MERCADO

Complexo Soja Soja Grão A produção de soja no Brasil é liderada pelos estados de Mato Grosso, com 29,0% da produção nacional; Paraná com, 19,5%, Rio Grande do Sul com 15,4%, e Goiás, 10,5%. Mas, como se observa no mapa, a

SOJA GRÃO Produção Nacional

Ano Safra 2012/2013

%

81.281,4

100,0

(mil toneladas)

produção de soja está evoluindo também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em 2012/13 respondem por 8,4% da produção brasileira.

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES MT

23.532,8

29,0

PR

15.855,3

19,5

RS

12.534,9

15,4

GO

8.562,9

10,5

MS

5.809,0

7,1

MG

3.285,1

4,0

BA

2.692,0

3,3

SP

2.051,1

2,5

MA

1.685,9

2,1

TO

1.545,3

1,9

SC

1.518,0

1,9

A produção de soja no Brasil está distribuída em 11 estados, sendo que Mato Grosso e Paraná devem produzir 48,5% do produto em 2013. Outros dois importantes produtores são Goiás e Rio Grande do Sul, com 25,8% da produção esperada para 2013. A região denominada de Matopiba, formada por municípios situados em Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia deve responder em 2013 por 9,2% da produção. Essa é uma região situada no Centro Nordeste do país, e que vem apresentando acentuado potencial de produção de grãos. A produção prevista em 2013 é 52

de 81,3 milhões de toneladas. A produtividade média projetada para os próximos anos é de 3,3 toneladas por hectare. Esse número é praticamente o mesmo que deve ocorrer neste ano. Mas técnicos da Conab acreditam que a produtividade pode crescer e ficar acima do projetado neste estudo. A produção de soja projetada para 2023 é de 99,2 milhões de toneladas. Esse número representa um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013. Mas é um percentual que se situa abaixo do crescimento ocorrido nos últimos 10 anos no Brasil, que foi de 66,0% (Conab, 2013).


As projeções de consumo indicam que deve haver um grande aumento da demanda de soja no mercado internacional e no mercado interno. Neste mercado, além da demanda de rações animais, esperasse aumento forte do consumo de soja para a produção de Biodiesel, estimada em 2013 pela Abiove em cerca de 10 milhões de toneladas. Sabe-se que 80,0% da matéria prima para biodiesel é soja. O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 50,6 milhões de toneladas no final da projeção. O consumo projeta-se aumentar 19,4% até 2023. Essa estimativa está próxima do crescimento observado pela Conab nos últimos anos da ordem de 20% no período de 6 anos. Deve haver um consumo adicional de soja em relação a 2012/13 da ordem de 8,2 milhões de toneladas. Como se sabe, a soja é um componente essencial na fabricação de rações animais e adquire importância crescente na alimentação humana. Para 2014 a projeção deve situar-se entre 80,2 e 88,8 milhões de toneladas. As projeções da Abiove vem indicando para 2020, uma produção entre 104,0 e 105,0 milhões de toneladas. Nossa projeção indica um número entre 93,5 e 113,4 milhões de toneladas em 2020. A área de soja deve

aumentar cerca de 6,7 milhões de hectares, chegando em 2023 com 34,4 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 24,3% sobre a área que temos em 2013. Nas novas regiões do Centro Nordeste do Brasil a área de soja deve se expandir muito segundo técnicos da Conab. No Paraná a área pode crescer nos próximos anos tomando áreas de outras culturas. No Mato Grosso a expansão deve ocorrer em pastagens degradadas e em áreas novas. As exportações de soja em grão projetadas para 2022/2023 são de 46,9 milhões de toneladas. Representam um aumento de 10,0 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2012/13. A variação prevista em 2023 relativamente a 2013 é de um aumento nas quantidades de exportações de 27,5%, abaixo do crescimento que temos observado no país nos últimos anos. As projeções de exportação de soja deste relatório são muito parecidas com as projeções do USDA, divulgadas em Fevereiro deste ano. Eles projetam 63,8 milhões de exportações para a soja em grão, farelo e óleo do Brasil, enquanto as projeções do presente relatório somam 65,6 milhões de toneladas no final da próxima década.

Tabela 3 - Soja em grãos (mil toneladas)

ANO

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

81.513

-

42.401

-

36.783

-

2013/14

80.238

88.841

43.458

46.585

36.710

40.440

2014/15

84.096

94.838

43.252

47.373

38.055

42.712

2015/16

85.520

98.700

44.118

49.196

39.200

44.733

2016/17

87.731

102.818

45.794

51.416

40.307

46.499

2017/18

89.579

106.436

46.059

52.293

41.329

48.217

2018/19

91.548

109.987

46.909

53.660

42.507

49.980

2019/20

93.463

113.368

48.110

55.289

43.600

51.608

2020/21

95.396

16.664

48.776

56.403

44.674

53.206

2021/22

97.321

119.872

49.595

57.636

45.803

54.819

2022/23

99.248

123.012

50.608

59.024

46.908

56.378

agosto 2013 / edição 65

53


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

As projeções de expansão de área plantada de soja mostram que a área deve passar de 27,7 milhões de hectares em 2013 para 34,4 milhões em 2023, um acréscimo de 6,7 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 6,7 milhões de hectares em relação à área prevista em 2012/2013. A expansão da produção de soja no país dar-se-á pela combinação de expansão de área e de produtividade. Enquanto o aumento de produção previsto nos próximos 10 anos é de 21,8%, a expansão da área é de 24,3%. Nos últimos anos a produtividade da soja tem se mantido estável em 2,7 toneladas por hectare, e esse número está sendo projetado para 3,0 toneladas por hectare nos próximos 10 anos. Técnicos da Abiove com quem discutimos os resultados, projetam uma produtividade entre 2,8 e 3,3 toneladas por hectare nos próximos 10 anos. A 54

Produção

21,8%

Consumo

19,4%

Exportação

27,5%

soja deve expandir-se por meio de uma combinação de expansão de fronteira em regiões onde ainda há terras disponíveis, ocupação de terras de pastagens e pela substituição de lavouras onde não há terras disponíveis para serem incorporadas. A Figura ilustra as projeções de expansão de área em cana de açúcar e soja, que são duas atividades que competem por área no Brasil. Conjuntamente essas duas atividades devem apresentar nos próximos anos uma expansão de área de 8,9 milhões de hectares, sendo 6,7 milhões de hectares de soja e 2,2 milhão de hectares de cana-deaçúcar. As demais lavouras devem ter pouca variação de área nos próximos anos. Mas, estima-se que essa expansão deve ocorrer em áreas de grande potencial produtivo, como as áreas de cerrados compreendidas na região que atualmente é chamada de Matopiba,


por compreender terras situadas nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O Mato Grosso deverá perder força nesse processo de expansão de novas áreas, devido principalmente aos preços de terras nesse estado que são mais que o dobro dos

preços de terras de lavouras nos estados do Matopiba (FGV - FGVDados). Como os empreendimentos nessas novas regiões compreendem áreas de grande extensão, o preço da terra é um fator decisivo.

Área plantada de soja e canade-açúcar

Farelo de soja O farelo de soja mostra moderado dinamismo nos próximos anos. As exportações de farelo devem aumentar 12,2% entre 2013 e 2023 . As exportações se

ANO

apresentam nos próximos anos mais dinâmicas que o consumo interno. O consumo de farelo de soja deverá aumentar 28,1% nos próximos 10 anos.

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

29.740

-

14.325

-

14.925

-

2013/14

29.245

32.201

14.855

15.363

15.156

17.160

2014/15

30.162

33.871

15.240

16.187

15.230

17.981

2015/16

30.571

34.917

15.647

16.934

15.435

18.769

2016/17

31.220

36.087

16.031

17.607

15.605

19.431

2017/18

31.778

37.118

16.419

18.244

15.798

20.060

2018/19

32.378

38.148

16.804

18.850

15.983

20.641

2019/20

32.961

39.133

17.190

19.435

16.173

21.195

2020/21

33.552

40.099

17.575

20.004

16.361

21.723

2021/22

34.140

41.043

17.960

20.559

16.550

22.232

2022/23

34.729

41.970

18.345

21.105

16.739

22.723

agosto 2013 / edição 65

55


MERCADO

Para o farelo de soja, cerca de 52,8% deverão ser dirigidos ao consumo interno, e 47,0% destinados às exportações.

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23 Produção

16,8%

Consumo

28,1%

Exportação

12,2%

Carnes Antes de apresentar as projeções de carnes, procurase ilustrar a atual distribuição no Brasil do rebanho bovino, no que se refere ao número de animais abatidos em 2012. Nesse ano foram abatidos 31,1

BOVINOS

Animais abatidos 2012* (cabeças)

%

Produção Nacional

31.117.549

100,0

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES

56

MT

5.015.717

16,1

MS

3.988.813

12,8

SP

3.348.472

10,8

GO

2.922.751

9,4

MG

2.480.113

8,0

PA

2.177.806

7,0

RO

2.046.868

6,6

milhões de cabeças em todo o país, sendo que Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Pará e Rondônia, lideram os abates, com 70,6% dos abates no país.


As projeções de carnes para o Brasil mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, as que projetam maiores taxas de crescimento da produção no período 2013 a 2023 são a carne de frango, que deve crescer anualmente a 3,9%, e a bovina, cujo crescimento projetado para esse período é de 2,0% ao ano. A produção de carne suína tem um crescimento projetado de 1,9% ao ano, o que também representa

um valor relativamente elevado, pois consegue atender ao consumo doméstico e às exportações. Essas taxas correspondem a acréscimos na produção entre 2013 e 2023, de 46,4% na carne de frango, 22,5% na carne bovina e de 20,6% na carne suína. A produção total de carnes deve passar de 26,5 milhões de toneladas em 2013 para 35,8 milhões em 2023, um acréscimo de 34,9%.

Tabela 5 - Carnes Produção (mil toneladas) BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

8.930

-

3.553

-

14.058

14.620

2014

9.130

10.047

3.626

3.998

14.898

15.480

2015

9.331

10.627

3.700

4.225

15.195

16.041

2016

9.531

11.118

3.773

4.416

16.085

17.105

2017

9.732

11.564

3.846

4.589

16.708

18.028

2018

9.932

11.981

3.920

4.750

17.326

18.808

2019

10.133

12.377

3.993

4.902

17.916

19.801

2020

10.333

12.757

4.066

5.048

18.750

20.850

2021

10.534

13.125

4.140

5.190

19.206

22.232

2022

10.734

13.483

4.213

5.327

19.984

22.723

2023

10.935

13.832

4.286

5.460

20.576

23.745

Fonte: Elaboração da AGE/Mapa e SGE/Embrapa com dados da CONAB. Modelos utilizados: Para a Carne Bovina modelo e para carne suína modelo PA, e para carne de frango modelo Arma.

ANO

agosto 2013 / edição 65

57


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

As projeções do consumo mostram a preferência dos consumidores brasileiros pela carne bovina. O crescimento projetado para o consumo da carne é de 3,6% ao ano no período 2013 a 2023. Isso significa um aumento de 42,8% no consumo nos próximos 10

ANO

58

Produção

22,5%

Consumo

20,6%

Exportação

46,4%

anos. A carne de frango passa para o segundo lugar no crescimento do consumo com uma variação de 26,2% nos próximos anos. Em nível inferior de crescimento situa-se a projeção do consumo de carne suína, com aumento projetado de 18,9% para 2022/23.

BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

7.233

-

2.947

-

9.164

-

2014

7.495

8.871

3.003

4.254

9.404

9.916

2015

7.767

9.857

3.058

4.828

9.643

10.367

2016

8.049

10.777

3.114

5.281

9.883

10.770

2017

8.341

11.684

3.169

5.672

10.123

11.147

2018

8.644

12.599

3.225

6.023

10.362

11.507

2019

8.958

13.534

3.280

6.346

10.602

11.856

2020

9.283

14.497

3.336

6.647

10.842

12.196

2021

9.619

15.492

3.391

6.931

11.081

12.529

2022

9.968

16.525

3.447

7.201

11.321

12.857

2023

10.330

17.599

3.502

7.460

11.561

13.180


Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados. As estimativas projetam um quadro favorável para as exportações brasileiras. As carnes bovina e suína, lideram as taxas de crescimento anual das exportações para os próximos anos – a taxa anual prevista para carne de frango é de 1,6%, e para a carne suína de 2,6%. As exportações de carne bovina devem situar-se numa média anual

ANO

de 2,5%. As exportações de carnes tem-se dirigido para numerosos países. Em 2012 a carne bovina foi destinada a 142 mercados, sendo o principal a Rússia; a carne de frango foi destinada a 152 países, sendo a Arábia Saudita o principal comprador e, finalmente a carne suína teve 75 países de destino, tendo como principal a Rússia. A expectativa é que esses mercados se consolidem de forma crescente para que sejam factíveis as projeções realizadas.

BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

1.769

-

620

-

4.114

-

2014

1.832

2.131

638

752

3.978

4.260

2015

1.886

2.396

656

817

4.078

4.543

2016

1.937

2.621

675

871

4.181

4.788

2017

1.986

2.818

693

920

4.169

4.965

2018

2.036

2.995

711

965

4.268

5.247

2019

2.085

3.158

729

1.008

4.403

5.543

2020

2.134

3.310

747

1.048

4.353

5.706

2021

2.183

3.454

766

1.087

4.572

6.089

2022

2.232

3.592

784

1.125

4.591

6.290

2023

2.280

3.724

802

1.161

4.675

6.561

agosto 2013 / edição 65 59


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

60

Produção

28,9%

Consumo

29,4%

Exportação

13,7%


junho 2013 / edição 76

61


MERCADO ESPECIAL

Como em um jogo de xadrez, Suinocultura, Avicultura e o Mercado de grãos buscam ajustes

Brasil precisa de Balança Comercial mais robusta, que não dependa tanto do sabor dos preços das commodities. por Giovana de Paula

A

Suinocultura e a Avicultura, dentro de uma relação de interdependência com o mercado de grãos, vive momentos de busca por um equilíbrio e ajustes. “Pipocam” notícias sobre a volatilidade no mercado internacional de grãos. As cotações do mercado, hora sinalizam uma tendência positiva, hora negativa. É quebra de safra ou safra recorde? E nós, como podemos planejar nossa produção de suínos de aves? De acordo com Leonardo Sologuren, Sócio Diretor da Clarivi, após os preços recordes de 2012, estamos vivendo um momento de estabilização, de recuperação das ofertas. “Falta no Brasil uma política mais estruturada para o Agronegócio, um cenário de equilíbrio entre oferta e demanda de toda a cadeia, aves, suínos e grãos”, destacou o analista. Veja a entrevista completa e exclusiva de Leonardo Sologuren à Revista AveWorld. AveWorld – Com o registro das quebras de safras no ano passado, tanto na América do Sul, passando pela 62

América do Norte, e a quebra também verificada no Leste Europeu, houve uma elevação do preço das commodites a preços bastante elevados. 2013, projetado como um ano de recuperação, está sendo confirmado? Quais são as tendências para este segundo semestre? Leonardo Sologuren - Após os preços recordes de 2012, estamos vivendo um momento de estabilização, de recuperação das ofertas da América do Sul. Com o clima favorável, a safra dos Estados Unidos está com uma tendência bastante alta, batendo recordes de produção e os preços devem registrar baixas neste segundo semestre. No mercado da soja, basicamente na América do Norte, este segundo semestre deverá ser de busca de ajustes entre oferta e demanda. O cenário para os Estados Unidos, como aponta Chicago, uma referência internacional de preços, é de baixa na cotação da oleaginosa. No Brasil, a expectativa é de acompanhar este cenário dos Estados Unidos.


2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

2012/13

32.169

32.960

33.989

35.360

36.220

Estoque inicial

42.504

43.380

28.644

25.122

19.542 355.743

Área colhida (milha) Oferta (milhões de t)

9,

Produção

332.549

316.165

313.949

273.832

Importação

212

703

736

3.810

635

Oferta total

375.265

360.248

343.329

302.764

375.920

Consumo (milhões de t) Consumo animal

130.173

121.798

115.458

11.764

132.086

Consumo ASI

151.417

163.216

163.565

153.677

161.297

Exportação

50.295

46.590

39.184

17.781

33.022

Consumo total

331.885

331.604

318.207

283.222

326.405

Estoque final

43.380

28.644

25.122

19.542

49.515

Dias de consumo

56

37

33

27

62

agosto 2013 / edição 65

63


MERCADO ESPECIAL

64


agosto 2013 / edição 65 65


MERCADO ESPECIAL

09/09

09/10

10/11

11/12

12/13 jun

12/13 jul

Área colhida (milha)

21.385

23.267

23.995

24.995

27.710

27.843

Produtividade (kg/milha)

2.685

2.947

3.095

2.645

2.935

2.953

Produção (mil ton.)

57.420

68.561

74.076

66.115

81.325

82.231

Estoque inicial

4.107

419

3.403

4.569

519

519

Produção

57.420

68.561

74.076

66.115

81.325

82.231

Importação

99

142

98

500

100

100

Oferta total

61.626

69.122

77.578

71.185

81.944

82.849

Esmagamento

30.500

32.850

35.800

34.500

37.800

37.800

Exportação

28.562

29.073

32.985

32.900

37.000

37.500

Sementes

1.283

1.396

1.423

1.566

1.587

1.593

Outros usos e perdas

861

2.400

2.800

1.700

2.440

2.467

Demanda total

61.206

28.644

25.122

19.542

49.515

49.515

Estoque final

419

3.403

4.569

519

3.118

3.490

Estoque/Consumo

0,7%

5,2%

6,3%

0,7%

4,0%

4,4%

Oferta (1000 t)

Demanda (1000 t)

66


Descrição

12/13 jun

12/13 jul

IPCA(%)

5,81%

5,81%

Taxa de câmbio (R$/US$) - Fim de período

2,20

2,22

Meta taxa Selic (%) - Fim de período

9,25

9,25

PIB (% de crescimento)

2,34

2,80

Conta corrente (U4$ bilhões)

-75,00

-79,75

Investimento estrangeiro direto (US$ bilhões)

60,00

60,00

Balança comercial (US$ bilhões)

6,0

8,00

agosto 2013 / edição 65

67


MERCADO ESPECIAL

AveWorld - Qual é o atual nível de dependência brasileira quanto à safra norte-americana? Qual é a tendência para a produção de grãos dos EUA neste segundo semestre? Que análise o Sr. faz sobre as projeções para a produção norte-americana? Leonardo Sologuren - Vivemos em uma grande ‘teia’ internacional, de grande interdependência para as plataformas exportadoras. O que acontece nos principais mercados, claramente se reflete internamente. Precisamos lembrar que os Estados Unidos é o principal produtor mundial de milho e não trabalhamos de forma alheia. Seja de forma negativa, ou positiva, somos sempre impactados. AveWorld - Que análise o Sr. faz sobre a evolução da competitividade do Brasil em relação aos principais players do mercado referentes à produção de aves, suínos e sua relação com o mercado de grãos? Leonardo Sologuren - O Brasil somente é um dos principais países produtores e exportadores do Agronegócio internacional devido à sua capacidade produtiva. Por exemplo, vivemos problemas clássicos de ordem logística para escoamento de nossa produção. Vivemos um dilema de como exportar nosso milho produzido no Centro-Oeste? Temos uma dependência muito grande na região, por exemplo, de auxílio do Governo para equalização dos preços e manutenção da renda no campo. Como vivemos em cadeia, é falsa a ideia de que os baixos preços dos grãos favorecem os produtores de aves se suínos. Favorecem somente neste momento. Porém, e no ano seguinte? A situação se complica e voltamos ao ciclo, de forma equivocada. AveWorld - Então o que falta? Como podemos ajustar estes ‘embates’? Leonardo Sologuren - Falta uma política mais estruturada para o Agronegócio. Um cenário de equilíbrio entre oferta e demanda de toda a cadeia, aves, suínos e grãos. Porém, este é o cenário ideal, dentro de uma teoria econômica. Infelizmente, ainda não chegamos lá. Vivemos muito na base da ‘oferta após a demanda’, por isso corremos riscos demais. O Brasil precisa também de uma plataforma exportadora forte, com auxílio governamental e empresarial AveWorld - Como está a demanda importadora por parte da China? O que representa este mercado para o Brasil? Leonardo Sologuren - Dependemos demais do mer68

cado chinês. Somente para termos uma ideia, 80% de nossa soja é destinada à China. Ao mesmo tempo é uma oportunidade devido à grandeza do mercado chinês, mas é sempre um risco. E vejo que não conseguiremos, e nem podemos, mudar essa situação, ao menos por hora. O risco encontra-se na dependência muito grande de um mesmo mercado, o que nunca é saudável economicamente. O mercado chinês nos impacta diretamente em todos os níveis da nossa Balança Comercial e em nossa estruturação interna de preços. AveWorld - Como está atualmente a relação estoque x consumo de grãos dos Estados Unidos e China? Leonardo Sologuren - Os Estados Unidos estão em um momento de recomposição de estoques e adequando sua oferta e demanda. Em relação ao mercado chinês, os estoques de milho estão caindo e há uma demanda grande, em crescimento pelo grão. Em relação à soja, a China está com estoques razoáveis e em um momento de equilíbrio. AveWorld - Como estão hoje as pesquisas na área de biotecnologia para melhoria da produção de grãos, uma vez que estas pesquisas impactam diretamente ao mercado? Leonardo Sologuren - Este é um diferencial para aumentar a produção. Existe atualmente muita pesquisa envolvendo a melhoria genética dos grãos para aumento da produção em nível vertical, sem aumento da área produtiva. Este é um caminho sem volta. No Brasil ainda temos o diferencial de podermos crescer a produção em conjunto com a área. Porém, esta não é uma realidade, pois sempre há leis, inclusive ambientais que impedem este avanço. Por isso, estão sendo produzidas cada vez mais plantas resistentes às intempéries e também às pragas. AveWorld - Projeções anteriores indicavam que, em permanecendo o cenário, a expectativa seria de uma redução na área plantada de milho de cerca de 12% na safra de verão 2012/2013. Como estão as análises atuais? Leonardo Sologuren - Sim, estamos prevendo uma redução, mas em números atualizados, em torno de 5% a 10%. É preciso avaliarmos uma situação interessante que aponta que quando reduzimos 1 hectare de produção de milho da safra de verão na região Sul, aumentamos em 2.4 hectares no Centro- Oeste. Sempre haverá este ajustes, este balanço.


agosto 2013 / edição 65 69


MERCADO ESPECIAL

08/09

09/10

10/11

11/12

12/13 jun

12/13 jul

Estoque inicial

7.946

5.434

5.067

5.135

5.177

5.177

Produção total

46.608

54.514

55.325

69.792

75.977

75.889

Produção 1a Safra

31.368

32.800

34.257

34.168

36.425

36.250

Produção 2a Safra

17.240

21.714

21.067

35.625

39.552

39.639

Importação

1.133

459

656

500

500

500

Oferta total

57.687

60.407

61.048

75.427

81.654

81.566

Consumo animal

35.739

36.441

37.113

38.186

39.353

39.353

Consumo industrial

4.693

4.720

5.000

5.500

5.555

5.555

Não comercial

2.491

1.700

2.618

4.300

5.000

5.000

Perdas

1.215

1.363

1.383

2.094

2.279

2.277

Sementes

350

324

340

396

339

339

Exportação

7.765

10.793

9.460

19.775

16.000

16.000

Demanda total

52.253

55.340

55.913

70.250

68.527

68.524

Estoque final

5.434

5.067

5.135

5.177

13.127

13.042

Estoque/Consumo

10,4%

9,2%

9,2%

7,4%

19,2%

19,0%

Oferta (1000 t)

Demanda (1000 t)

70


agosto 2013 / edição 65

71


MERCADO ESPECIAL

AveWorld - As quedas dos preços externos e as dificuldades de armazenamento e transporte sempre influenciam o mercado interno. Como podemos amenizar os efeitos destes problemas, em sua opinião?

ao Produtor (Pepro), escoamento do produto (PEP) e repasse e recompra dos contratos de opção de venda. Os preços do cereal estão pressionados pela colheita da safrinha recorde de milho, principalmente em Mato Grosso, maior produtor nacional).

Leonardo Sologuren - Estes são problemas clássicos do Brasil. Convivemos com um déficit de armazenagem da ordem de 40 a 50 milhões de toneladas a cada ano. Crescemos a produção mas a nossa estrutura não acompanhou. São precisos cada vez mais investimentos públicos e privados. Nós não verificamos este problema nos principais países produtores, como os Estados Unidos, por exemplo. Com um silo próprio, o produtor tem maior poder de barganha com o mercado, podendo escolher a melhor hora para vender e também com quem irá negociar seu produto.

Leonardo Sologuren - Este tipo de medida sempre é válida. Precisamos avaliar que as vendas internacionais do agronegócio brasileiro ultrapassaram, pela primeira vez na história, a cifra dos US$ 100 bilhões de dólares anuais. O Brasil exportou o montante de US$ 100,61 bilhões em produtos agropecuários durante a safra 2012/13 (entre julho de 2012 e junho deste ano), o que representou crescimento de 4,2% em relação ao mesmo período da safra anterior. O superávit comercial do setor também atingiu um novo recorde, somando US$ 83,91 bilhões. E sempre nos perguntamos qual deve ser a postura do agronegócio brasileiro para se manter competitivo frente aos principais players do mercado internacional. Em um primeiro momento, todas as medidas que visarem a facilitação do escoamento da produção e a sustentabilidade da Balança Comercial, como é o caso acima, são válidas, desde que o objetivo primeiro seja a manutenção da renda no campo.

AveWorld - O levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um aumento de 8,3% na produção do milho para o Brasil nesta temporada em comparação com a anterior. Na safra 11/12 a colheita do cereal alcançou 72,9 milhões de toneladas e, no ciclo atual, a expectativa é de que o volume de produção supere 77 milhões de toneladas produzido no país. Porém, a estimativa é de que a exportação do milho deve cair cerca de 32% em relação à temporada passada, decrescendo de 22,3 milhões de toneladas para aproximadamente 15 milhões de toneladas. Com isso o volume do cereal em estoque nacional deve triplicar. Qual deve ser a postura dos produtores de aves e suínos, em sua opinião frente a este cenário? Leonardo Sologuren - Como citei anteriormente, quando o preço dos grãos está em baixa, em tese, em uma primeira análise, esta situação é boa para os produtores de aves e suínos. Somente em tese porque no ano seguinte, em um médio prazo, a situação se inverte. Este mesmo produtor deverá optar por produzir outra cultura no ano seguinte, fazendo com que ocorra uma quebra da safra, e, claramente, o que manda é a oferta e a demanda, o preço tenderá a subir neste segundo momento. Por isso digo que é uma situação ilusória. Os produtores devem sempre optar e trabalhar por um equilíbrio do mercado de todas as cadeias produtivas. AveWorld - Qual sua opinião sobre o fato de o governo ter autorizado a liberação de R$ 700 milhões para apoio a comercialização do milho, através de uma portaria interministerial da Agricultura, Fazenda e Planejamento, divulgada no Diário Oficial da União? (A norma estabelece os parâmetros para concessão de subvenção destinada a sustentar os preços do milho, por meio de leilões de equalização de preços do Prêmio Equalizador Pago 72

AveWorld - Em resumo, a Balança Comercial do Agronegócio sustenta a Balança Comercial do Brasil e o superávit do Brasil é embasado pelas realizações do Agronegócio, mesmo com a necessidade de medidas de estímulo tanto do governo quanto empresariais. Leonardo Sologuren - Exatamente. Em números, o Superávit do Agronegócio registrou em 2012 R$ 77 Bilhões. O do Brasil ficou em R$ 19 Bilhões, somente para termos uma ideia da importância do setor para a economia brasileira. É, definitivamente, o que sustenta o Brasil. AveWorld - E onde está nossa principal falha? Leonardo Sologuren - Está no fato de exportamos commodities e não produtos de maior valor agregado. É um absurdo. O Brasil exporta couro, e importa sapatos. O Brasil exporta algodão, e importa roupas. O Brasil exporta grãos de café e importamos os melhores pós, contribuímos, inclusive para que o maior player do mercado de café, a Alemanha, não plante café, somente agregue valor ao nosso produto! Precisamos estimular nossas indústrias, fomentar a esfera governamental para uma reforma tributária que propicie a mudança neste cenário. Com a nossa taxa de juros, por exemplo, a China sempre será mais competitiva. Precisamos de uma Balança Comercial mais robusta, que não dependa tanto do sabor dos preços das commodities.


Preços seguem acima da média histórica tanto no Brasil quanto no mercado internacional.

A balança comercial

agosto 2013 / edição 65

73


UBABEF NEWS

UBABEF alerta para perda de competitividade no mercado internacional

Queda nas exportções indica mudanças para o Brasil frente a outros países por UBABEF

A

exportações da avicultura brasileira – considerando embarques de carne de frango, ovos, material genético, ovos férteis, perus, patos e gansos – totalizaram 1,977 milhão de toneladas nos seis primeiros meses de 2013, resultado 5,7% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Em receita, houve crescimento de 5,5% segundo a mesma comparação, com um total de US$ 4,381 bilhões. Este desempenho, segundo a entidade, indica mudanças no cenário de competitividade do Brasil frente a outros grandes exportadores. “Durante o Salão Internacional da Avicultura (SIAV) e o 23° Congresso Brasileiro de Avicultura, que a UBABEF promoverá de 27 a 29 de agosto em São Paulo, apresentaremos uma análise detalhada sobre o quadro competitivo do setor nacional”, destacou o presidente da entidade, Francisco Turra.

Avicultura brasileira Produção e exportação de janeiro-junho de 2013 DESTAQUES Exportações do setor somaram 1,977 milhão de toneladas Receita cambial foi de US$ 4,381 bilhões Queda nos volumes e aumento na receita Desempenho aponta mudanças no cenário de competitividade UBABEF apresentará estudo no SIAV, em agosto Avicultura brasileira com receita de exportações em alta e queda de volume no primeiro semestre

74


PRODUTO

VOLUME (mil toneladas)

RECEITA (milhões US$)

2012

2013

%

2012

2013

%

Frango

1.987

1.890

-4,9%

3.818

4.094

7,2%

Material Genético

0

1

7,8%

21

28

32,6%

Ovo

14

7

-54,4%

22

12

-45%

Ovos Férteis

6

4

-40%

38

23

-40,9%

Patos, gansos, etc.

2

1

-51,7%

6

2

-59,9%

Perus

87

75

-13,6%

249

223

-10,5%

TOTAL GERAL

2.097

1.977

-5,7%

4.155

4.381

5,5%

MERCADO EXTERNO Carne de frango Embarques, receita cambial e preço médio – Os

semestre de 2012. A receita totalizou US$ 4,093 bilhões, com aumento de 7,2%. O preço médio das vendas brasileiras foi de US$ 2.166 a tonelada, o que corresponde a um crescimento de 12,7%.

As vendas por segmentos - As exportações de cortes

a um aumento de 27,5%. Os embarques de frango industrializado, que totalizaram 75,3 mil toneladas, tiveram uma queda de 17,2%. E a receita teve redução de 12%, somando US$ 214,2 milhões. Nos outros segmentos os embarques foram de 84,1 mil toneladas, em queda de 0,8%, com uma receita de US$ 242,4 milhões, o que representou retração de 2,6%.

embarques de carne de frango, principal produto das exportações avícolas brasileiras, somaram 1,890 milhão de toneladas entre janeiro e junho de 2013, com redução de 4,9% em relação ao primeiro

somaram embarques de 997,8 mil toneladas no primeiro semestre de 2013, em queda de 10,2%. A receita cambial foi de US$ 2,152 bilhões, com redução de 0,4%. As vendas de frango inteiro foram de 732,7 mil toneladas, com aumento de 4,5%, com receita cambial de US$ 1,484 bilhão, o que correspondeu

agosto 2013 / edição 65

75


UBABEF NEWS

VOLUME (mil toneladas)

RECEITA (milhões US$)

FAMÍLIA 2012

2013

%

2012

2013

%

Cortes

1.111

998

-10,2%

2.161

2.152

-0,4%

Inteiro

701

733

4,5%

1.164

1.485

27,5%

Processado

91

75

-17,2%

244

214

-12%

Salgado

85

84

-0,8%

249

242

-2,6%

TOTAL

1.987

1.890

-4,9%

3.818

4.094

7,2%

As vendas por regiões de destino – O Oriente Médio

de 2012. A União Europeia respondeu por embarques de 199 mil toneladas, em redução de 10,2%, e por receita de US$ 552,9 milhões, com retração de 8,7%. Para os países da Europa extra-UE os embarques foram de 45 mil toneladas, em queda de 27,4%, enquanto a receita somou US$ 121,3 milhões, com redução de 5,6%. Para os países das Américas foram exportadas 121,4 mil toneladas, em crescimento de 5,3%, e a receita cambial totalizou US$ 240,6 milhões, com expansão de 10,7%. Para a Oceania os embarques foram de 863 toneladas (-12,9%). A receita somou US$ 1,9 milhão (-5,4%).

manteve a posição de principal região de destino da carne de frango brasileira. Entre janeiro e junho de 2013 foram embarcados 735,1 mil de toneladas, com crescimento de 9,6% sobre o mesmo período em 2012. A receita cambial somou US$ 1,593 bilhão, com aumento de 30,4%. Para a Ásia as exportações somaram 533,1 mil toneladas, com redução de 11%, e a receita somou US$ 1,2 bilhão, em queda de 1,5%. No caso da África as vendas foram de 254,9 mil toneladas, com retração de 19%, e a receita cambial totalizou US$ 373,9 milhões, 10% a menos que no primeiro semestre

CONTINENTE

VOLUME (mil toneladas)

RECEITA (milhões US$)

2012

2013

%

2012

2013

%

África

315

255

-19%

415

374

-10%

América

115

121

5,3%

217

241

10,7

Ásia

601

533

-11,3%

1.227

1.209

-1,5%

Europa Extra-UE

63

45

-27,4%

129

121

-5,6%

Oceania

1

1

-12,9%

2

2

-5,4%

Oriente Médio

671

735

9,6%

1.222

1.594

30,4%

União Européia

222

199

-10,2%

605

553

-8,7%

TOTAL

1.987

1.890

-4,9%

3.818

4.094

7,2%

Exportações por Estado – Paraná, com 28,3% de

participação, e Santa Catarina, com 24%, lideraram as exportações de carne de frango no primeiro semestre

76

de 2013 em volumes. O Rio Grande do Sul respondeu por 18,7% dos embarques e São Paulo, assim como o Mato Grosso, por 5,9% cada.


ESTADO

VOLUME (toneladas)

RECEITA (mil US$)

Participação em volume (%)

PR

535.720

1.077.515

28,3%

SC

454.554

1.097.357

24,0%

RS

352.613

746.530

18,7%

MT

112.379

245.916

5,9%

SP

112.238

213.772

5,9%

GO

111.116

267.138

5,9%

MG

99.219

193.491

5,2%

MS

67.222

161.089

3,6%

DF

38.863

80.302

2,1%

BA

4.373

7.487

0,2%

OUTROS

1.810

2.906

0,1%

TOTAL

1.890.107

4.093.502

100%

Ovos in natura e processados A exportação de ovos somou 6,6 mil toneladas no primeiro semestre deste ano, com queda de 54% em relação ao mesmo período em 2012. A receita cambial, de US$ 12 milhões, teve redução de 45%. Angola, com 42% do total, e Emirados Árabes,

com 37% das importações, foram os principais compradores.

agosto 2013 / edição 65

77


UBABEF NEWS

Exportação de ovos por Estado ESTADO

VOLUME (toneladas)

RECEITA (mil US$)

Participação em volume (%)

RS

3.139

5.747

47,7%

MG

2.831

4.039

43,0%

MT

428

675

6,5%

SP

162

1.523

2,5%

RO

13

17

0,2%

PR

5

41

0,1%

OUTROS

4

6

0,1%

TOTAL

6.583

12.050

100,0%

Material genético A exportação de material genético no primeiro semestre de 2013 somou 536,6

Obs.: Inclui pintos de um dia para reprodução e para outros fins

78


Ovos férteis Os embarques de ovos férteis no primeiro semestre de 2013 somaram 3,78 mil toneladas, com queda de 40%. A receita somou US$ 22,64 milhões, com redução de 40%.

Obs.: Inclui ovos férteis de postura e corte

MERCADO INTERNO Alojamento de matrizes O alojamento de matrizes em 2012 somou 46,5 milhões de aves, queda de 7% com relação aos 50 milhões de cabeças alojadas em 2011 e equivalente aos 46,5 milhões verificados em 2010. O alojamento de matrizes já instalado para produção de pintos de corte no segundo semestre de 2013 aponta para uma média mensal de 3.753.300, resultado 1,9% inferior à média mensal do primeiro semestre do ano, que foi de 3.824.000 de matrizes.

Alojamento 2012 Matrizes de corte (unidade)

46.545.837

Comerciais de Postura (unidades)

85.587.540

Outros segmentos da produção avícola A produção de ovos totalizou 17,33 bilhões de unidades, com aumento de 9,1% em relação ao primeiro semestre de 2012. Do total, foram 13,39 bilhões de ovos brancos e 3,94 bilhões de ovos vermelhos. O estado de São Paulo liderou a produção

de ovos no primeiro semestre de 2013, com 5,853 bilhões de unidades. Os outros grandes produtores foram Minas Gerais, com 2,148 bilhões de unidades; Espírito Santo, com 1,436 bilhão; e Rio Grande do Sul, com 1,161 bilhão de ovos produtos. agosto 2013 / edição 65

79


UBABEF NEWS

Perspectivas para o fechamento de 2013 De acordo com o presidente executivo da UBABEF, a produção de carne de frango deverá encerrar 2013 com total entre 12,3 milhões e 12,5 milhões de toneladas, volume semelhante ao obtido em 2012, de 12,6 milhões de toneladas. “Esta perspectiva leva em consideração os níveis atuais de produção, conforme o alojamento de pintos de corte e de matrizes”, explica Turra. Segundo ele, o consumo interno e as exportações de carne de frango tendem a aumentar no segundo semestre de cada ano, especialmente durante os períodos festivos. “Diante desta perspectiva vemos que poderá haver uma pressão no equilíbrio entre oferta e demanda,

como consequência dos estoques ajustados tanto no Brasil quanto nos principais clientes das exportações brasileiras. Também colaboram para esse cenário o menor alojamento de matrizes em 2012 e o tradicional aumento de consumo no segundo semestre do ano. Além disso, a ocupação dos espaços de produção normais por aves de comercialização sazonal, como as natalinas, também poderá influenciar este contexto”, destaca Turra. No caso das exportações de carne de frango, a tendência é repetir em 2013 o resultado de 2012, podendo haver um crescimento de até 2%.

competitividade internacional da cadeia de aves Custo de produção do frango Principais Exportadores US$ cents/kg vivo US$ 0,40 em 2002 BRASIL US$ 1,15 em 2012

US$ 0,70 em 2002 EUA US$ 1,20 em 2012

US$ 1,00 em 2002 tailândia US$ 1,30 em 2012

80


agosto 2013 / edição 65

81


CARNES

Avivar Alimentos investe em tecnologia e equipe para impulsionar a produtividade

Embora jovem, a empresa é a principal referência no segmento de avicultura do centro-oeste mineiro, com destaque para empregabilidade, tecnologia, logística e lançamento de produtos por Giovani Hamada

fotos Divulgação

C

riado em 1999, na pequena cidade de São Sebastião do Oeste, localizada no centro-oeste de Minas Gerais, o Grupo Avivar Alimentos é uma referência na indústria da avicultura. Há 14 anos no mercado, a marca possui um mix de produtos que contempla mais de 60 itens, desenvolvidos para oferecer qualidade, sabor e nutrição para o bem-estar de seus consumidores. Apesar de o grupo ter sido criado há pouco mais de uma década, sua história começa bem antes, no ano de 1972. Naquela época, há mais de 40 anos, os três fundadores do Grupo Avivar Alimentos já comercializavam frangos e aves matrizeiras na cidade de São Sebastião do Oeste. O atual pre82

sidente da empresa, José Magela Costa, conta que foi prefeito do município entre os anos de 1977 e 1983 e que, nessa época, começou a perceber que era necessário pensar em alternativas para a evolução socioeconômica da cidade. “Senti o desejo de criar um negócio que contribuísse para o desenvolvimento da cidade de forma sustentável”, ressalta Magela. E foi a partir desse desejo que nasceu a Avivar Alimentos. Magela diz que as histórias da cidade e da empresa se confundem e que muitas coisas mudaram de lá pra cá. Como em todo começo, ele diz que os desafios foram grandes, mas que ele e os outros dois fundadores não se intimidaram e acreditaram no potencial de crescimento da empresa e da marca Avivar, conseguindo enfrentar


FOTO: SYLVIA PAGOTTO

todas as barreiras e dificuldades e caminhar rumo ao desenvolvimento. “No início, a intenção era criar um frigorífico com potencial de abate para 25 mil aves por dia. Após um ano da inauguração, 40 mil aves já eram abatidas por dia”, diz. Hoje, os fundadores da Avivar Alimentos, o presidente da empresa José Magela Costa, o vice-presidente, Antônio Carlos Costa, e o diretor industrial, Framir Araújo, se sentem honrados de saber que a marca está cada vez mais forte no mercado, com produtos mais conhecidos e distribuídos para tantos lugares. Eles lembram que o berço do que

já foi um sonho e hoje é um projeto concretizado é a pequena cidade de São Sebastião do Oeste, onde tudo começou. “Eu sempre peço que as pessoas venham comigo, pois os desafios sempre foram grandes. Mas penso que primeiro devemos somar para depois poder dividir. E é assim que tem dado certo durante todo este tempo”, comenta Magela. Além da unidade de abate da Avivar, que é centralizada em São Sebastião do Oeste, hoje a empresa também conta com dois escritórios de negócios que ficam localizados nas cidades mineiras de Belo Horizonte e Uberlândia.

Acima, da esquerda para a direita, Sr. Antônio Carlos, Sr. José Magela, Diogo Costa, Framir Araújo, Eliênio Costa, Luana Costa e Sara Costa.

Tecnologia e equipe são os fatores que propulsionam a produtividade A Avivar possui um mix de 60 produtos, entre corte de congelados e resfriados, como peito, coxa, sobrecoxa, filé de peito, asa, coração, moela, fígado e frango inteiro. A empresa também produz industrializados, como salsicha hot dog, mortadela, frango a passarinho, filé de peito desfiado, linguiças para churras-

co, calabresa de frango e petisco. De acordo com o Diretor Industrial da Avivar, Framir Araújo, a empresa possui uma capacidade instalada de 200 mil aves/ dia e 120 toneladas de industrializados. Ele conta que o processo industrial do abate foi desenvolvido ao longo do tempo e, neste sentido, percebeu-se agosto 2013 / edição 65

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FOTO: Netty Assunção

CARNES

Acima, produção

84

a oportunidade de diversificar o mix, desenvolvendo as linhas de industrializados, que possuem bom valor agregado, além de atender a demanda do mercado por produtos prontos. “As tendências de consumo revelavam mudanças nos hábitos e estilo de vida das pessoas, que buscam mais praticidade para o dia a dia”, comenta Framir. Hoje, o segmento de avicultura na região centro oeste mineira é referência nacional, devido ao pioneirismo da Avivar Alimentos. Muitas famílias constroem suas vidas em torno do arranjo produtivo local, que foi criado com esta oportunidade. Segundo a Diretora da Indústria de Ração, Luana Costa, como a produção da Avivar é verticalizada, existe uma codependência entre os produtores e a indústria. “A empresa cresce, mas oferecemos alternativas de trabalho e renda para muitas pessoas, inclusive de toda a nossa região”. Em virtude deste potencial de expansão e desenvolvimento de seus processos, a empresa domina todo o sistema verticalizado, conferindo solidez e segurança a quem faz parte da parceria do projeto de avicultura da região, denominado “Programa de Integração”. A parceria e o apoio por parte da Avivar ao integrado tem si-

do a chave do sucesso, oferecendo tranquilidade para quem destina um espaço em sua propriedade para um aviário de frango Avivar. “Os parceiros do Projeto de Integração são parte deste sucesso e hoje o investimento na produção de aves é sinônimo de lucro, para quem tem uma propriedade rural”, completa Luana. O sistema verticalizado inicia com as granjas de matrizes para aves selecionadas. Neste processo obtém o melhor aproveitamento dos ovos. A empresa ainda conta com incubatórios, com tecnologia e capacidade de produção para atender os produtores de aves, que fazem parte do “Programa Integração” para a engorda de aves. Ainda dentro do sistema verticalizado, a Avivar possui uma fábrica de ração, que garante o fornecimento e a qualidade durante todo o período de crescimento do frango, contribuindo para um processo de fabricação ambientalmente correto. O frigorífico conta com maquinários modernos para o abate e a industrialização avícola é baseado em tecnologia dos processos, que garante a qualidade dos produtos, que chegam à mesa dos consumidores.


Produção e Investimentos Conforme afirma a Diretora da Indústria de Ração, a Avivar trabalha atualmente com a melhor linhagem de animais produzida no Brasil e no mundo. O método utilizado pela empresa garante boa produtividade de ovos por galinha, além de uma excelente técnica de eclosão, originando uma ave com ótimo rendimento de carcaça. Esta etapa de otimização dos processos garante à empresa um resultado de produção e qualidade dos produtos acima da média de mercado. “A nossa equipe faz acompanhamentos frequentes das pesquisas genéticas para saber qual é a melhor linhagem de aves, o que garante um bom fa-

do setor de avicultura de diversas regiões do Brasil, pois a experiência desenvolvida na Avivar se tornou referência de empresa que abriu as portas para participar da construção desta novidade”, destaca o Diretor Industrial. Em consequência da inserção destes novos mecanismos, a empresa realiza constantemente investimentos no parque industrial, por meio da implantação de novos processos de produção, com tecnologia de ponta para o abate e industrialização da carne de frango. Conforme a Gerente de Recursos Humanos, Sinara Duque, com o objetivo de ampliar o conhecimento de seus parceiros, a Avivar re-

“Eu sempre peço que as pessoas venham comigo, pois os desafios sempre foram grandes. Mas penso que primeiro devemos somar para depois poder dividir. E é assim que tem dado certo durante todo este tempo”. tor produtivo nas granjas, para os parceiros integrados e para a indústria. Essa realidade significa produtos com excelente qualidade para quem consome os nossos produtos”, finaliza Luana Costa. Framir Araújo acrescenta que, neste momento, a empresa percebe o processo de automatização como um desafio no processamento de aves. Ele observa que este sistema aumenta a produtividade, melhora os resultados e, consequentemente, cria possibilidades para valorizar o capital humano. Por esse motivo, ele acrescenta que é necessário muito investimento, treinamento e qualificação. “Neste ano, vivemos uma experiência muito interessante, que foi um marco para o processo de evisceração de aves. Fizemos parceria com um fornecedor de automação industrial, que desenvolveu testes diretamente em nossa linha de produção”. Framir destaca que a implantação deste novo maquinário durou cerca de seis meses e que vem garantindo ótimos resultados. “Hoje somos pioneiros desta inovação no Brasil. Os pacotes de vísceras são transferidos automaticamente para outra linha de produção, tornando mais rápido o processo. Por esse motivo, frequentemente recebemos visitas de empresários

aliza sempre a capacitação dos empregados e também de seus fornecedores. “Entendemos que se deve priorizar a qualificação de todos os serviços prestados, incentivando a integração e o alto padrão de sua da equipe. Neste sentido, para garantir a valorização dos empregados, foi implantado o Programa de Cargos e Salários, que teve início no ano passado e está representando um grande avanço para a família Avivar”. Todo processo de desenvolvimento e expansão da empresa foi reconhecido pelo Instituto Ambiental em 2011. Neste ano, a Avivar conquistou o prêmio “Destaque Empresarial Brasileiro em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”. A premiação é uma congratulação do Instituto Biosfera, que a cada dois anos destaca empresas que se comprometem a seguir políticas de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, com vistas à construção de um Brasil melhor, embasado na harmoniosa interação do tripé econômico, ambiental e social. “A Avivar vê-se reconhecida pelas boas práticas ambientais e de desenvolvimento sustentável em consonância com os princípios da responsabilidade social corporativa”, conta o Técnico de Meio Ambiente, Daniel da Silva. agosto 2013 / edição 65

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CARNES

Projetando o futuro Ao passo que o Grupo Avivar cresce, os fundadores da empresa ressaltam que o desenvolvimento diferenciado do empreendimento criado por eles está relacionado à dedicação de todos e, atualmente, da energia da segunda geração da empresa. Nesta medida, os fundadores comungam com um audacioso conceito de Isaac Newton: “as grandes ideias sempre encontram os homens que as procuram”. “Não há sucesso sem trabalho e muita entrega. Este foi um grande propulsor para o nosso desenvolvimento. Buscamos informação, conhecimento e excelência para otimizar todos os nossos investimentos, que não param por aí”, ratifica Framir Araújo. A empresa já se prepara para celebrar os seus 15 anos de empreendedorismo, os quais serão comemorados em junho de

2014. “Pretendemos viver um ano inteiro de festividades, contemplando todos os parceiros que contribuem para a construção da nossa história. Este será o momento para homenagear a comunidade de São Sebastião do Oeste e todas as cidades vizinhas que nos acolheram e hoje completam a família Avivar”, antecipa a Gerente de Marketing e Comunicação da Avivar Alimentos, Máyra Belem. Do ponto de vista de Framir, quanto maior o desenvolvimento da produção e das pessoas, mais competitiva a empresa estará para atender o mercado que existe, de fato, para ser conquistado. “O nosso olhar será sempre para o horizonte. A empresa é um organismo vivo, que pulsa o tempo todo”, finaliza com entusiasmo o Diretor Industrial da Avivar Alimentos.

Planos de expansão cios e mercados consumidores, a empresa já se encontra em pleno processo de expansão e adequação de sua estrutura física para que, ainda este ano, receba a aprovação do Ministério da Agricultura que irá autorizar a empresa a atuar no mercado externo podendo, assim, permitir que a Avivar exporte seus produtos para outros países.

A empresa da pequena São Sebastião do Oeste hoje atua em todo o território nacional, sobretudo, na região sudeste, atendendo principalmente os estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, com o apoio de uma estrutura logística, que garante aos clientes uma entrega eficiente de seus produtos. Como resultado deste potencial desenvolvimentista e prevendo o crescimento de seus negó-

Grupo Avivar Alimentos

Ano de fundação

1999

Unidade de abate - São Sebastião do Oeste – MG Unidades de negócios - Uberlândia e Belo Horizonte – MG

Capacidade

200 mil aves/dia e 120 toneladas de industrializados

Empregos diretos

Empregos indiretos

2,3 mil

6 mil

Mix de produtos 60

PARA

2013

86

Previsão para receber autorização do Ministério da Agricultura para vender ao mercado externo


Gerando oportunidades e praticando responsabilidade social Atualmente, a empresa é uma das grandes geradoras de emprego e renda da região onde está inserida, oferecendo mais de 2.300 empregos diretos, e outras 6 mil oportunidades indiretas. Para o vice-presidente da Avivar, Antônio Carlos, que também é o presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais, a empresa tem contribuído para transformar realidades. “Nossa empresa é a responsável pela base e sustentação da economia local, além de fomentar o desenvolvimento regional de forma socialmente responsável e preocupada com o meio ambiente e a comunidade”, ressalta. Ele conta que além da geração de emprego e renda em um raio de 80 quilômetros de atuação, a empresa também apoia diversas instituições, como creches e escolas da comunidade, ações em prol da inclusão de jovens com deficiência, ressocialização de dependentes químicos e tratamento de câncer por meio do apoio e manutenção dessas en-

tidades e dos eventos organizados por elas. Algumas das instituições apoiadas que recebem os produtos da Avivar para as refeições de seus beneficiados são: Associação de Combate ao Câncer do Centro Oeste de Minas (ACCCOM), Casa Esperança e Vida, Casa de Apoio ao Drogado (CADA), Lar das Meninas e Casa de Assistência Nossa Senhora Aparecida. Um projeto que merece destaque é a parceria com a organização do terceiro setor, a Junior Achievement, onde jovens estudantes de São Sebastião do Oeste participam da construção de uma miniempresa, com o apoio de voluntários que são colaboradores da Avivar. De acordo com o diretor comercial e de marketing, Diogo Costa, o projeto é uma oportunidade para vivenciarem o mercado de trabalho, conhecerem sobre a dinâmica de uma indústria e despertar o espírito empreendedor.

FOTO: Netty Assunção

“A Avivar vê-se reconhecida pelas boas práticas ambientais e de desenvolvimento sustentável em consonância com os princípios da responsabilidade social corporativa”. Panorâmica da planta Avivar

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CAPA

Ourofino se volta à avicultura De volta às suas origens e com os olhos voltados para a avicultura, empresa investe para oferecer as melhores soluções em saúde animal por Fernanda de Paulo

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fotos Divulgação


D

e porta em porta, os fundadores – e amigos de infância –,Norival Bonamichi e Jardel Massari deram início à história de uma das maiores empresas de saúde animal no Brasil: a Ourofino Agronegócio. Com um bom relacionamento próximo aos avicultores da região de Descalvado e Amparo, no interior de São Paulo, os fundadores desvendavam quais eram as necessidades desses criadores, desenvolviam produtos e agregavam valores a eles. Mais de duas décadas após esse começo da Ourofino, quem fala sobre essa postura de sucesso no cenário atual é o diretor comercial da Linha Aves e Suínos da empresa, Amilton Ferreira da Silva. “Isso se deu justamente com a confiança que nos foi depositada pelos clientes. A Ourofino pensa nas pessoas e, por isso, costumamos dizer que é a casa dos produtores. Além de ser brasileira, há uma relação pessoal com cada um deles, que deixa de ser meramente comercial. É um relacionamento de confiança, amizade e carinho. Somos uma empresa que vai além do negócio, somos uma família”, conta. A Ourofino teve início em 1987

vo é ser a mais completa produtora de insumos para o setor, mantendo o compromisso com a qualidade de vida das pessoas e com o meio ambiente. Atualmente, as instalações da Ourofino são consideradas umas das mais modernas das Américas no segmento e atendem a rigorosas normas nacionais e internacionais de produção de medicamentos veterinários. A empresa, que está presente em todo território nacional, cresce em torno de 25% ao ano, exporta produtos para países da América Latina e África, está consolidada na área de bovinos, e apresenta uma nova estratégia de mercado com a ampliação sua linha de produtos para a avicultura. “Somos uma empresa que vai além do nosso mercado. A Ourofino apresenta um jeito diferente de fazer negócio, atuando com a consciência de estar no agronegócio, na vida das pessoas. Este norte, desde o surgimento da empresa, nos mantém muito presentes entre os produtores para que eles se sintam cada vez mais próximos”, afirma Amilton. O sócio-fundador da Ourofino, Norival Bonamichi, se orgulha muito de tudo que a companhia conquistou e afirma que a empresa acredita nas pessoas e desenvolve um rela-

“Queremos estar lado a lado com o avicultor para promover as melhores soluções” e começou em uma pequena casa alugada, de 50 metros quadrados, em Ribeirão Preto (SP). Pouco tempo depois, a empresa teve que ser expandida para casas vizinhas e, em 2005, aconteceu a transferência de toda estrutura para o complexo industrial localizado no Distrito Industrial de Cravinhos, onde está instalada a sede da empresa. O primeiro produto de fabricação própria, em 1987, foi para a avicultura, o Trissulfin. “A Ourofino surgiu em uma região que foi o berço da avicultura e da suinocultura paulistas e os fundadores perceberam a demanda da venda de produtos curativos. Isso se tornou justamente o alicerce da fundação da empresa”, diz. Desde então, a Ourofino segue sua missão de oferecer ao mercado as melhores soluções agropecuárias em qualidade e valor. Perseverança, transparência, senso de justiça, crença no futuro, nunca prometer algo que não será possível cumprir e igualdade no tratamento de pessoas são os valores que asseguram o sucesso da Ourofino. O nome escolhido para a empresa foi uma homenagem à cidade de Inconfidentes (MG), na qual os fundadores nasceram, e que na época era distrito de Ouro Fino. Desde a criação, a competitividade da empresa está alicerçada em pessoas, foco no cliente, tecnologia e inovação, sendo esses os três pilares da companhia. Seu objeti-

cionamento sem hierarquias, baseado em simplicidade, valorização e políticas comerciais diferenciadas. “Outro fator fundamental é o desapego ao dinheiro. Não que a gente não goste de dinheiro, mas nosso objetivo nunca foi fazê-lo, mas construir uma empresa com história para contar, enquanto que muitos empresários ficam pensando nos bens pessoais e não valorizam o espírito da companhia”, afirma. Com 200 mil metros quadrados, a sede do grupo Ourofino Agronegócio está localizada em Cravinhos (SP). No local, é realizada a fabricação de produtos veterinários da linha de Saúde Animal para bovinos, aves, suínos, equinos, ovinos, caprinos e animais de estimação. Nesta planta são produzidas todas as formas farmacêuticas: sólidos, semissólidos, orais e injetáveis, e também vacinas. Hoje, o grupo conta com mais de 1.300 colaboradores e mantém um ambiente de valorização profissional, respeito e oportunidades. A Ourofino Agronegócio atua nos segmentos de sanidade animal (com 116 produtos em comercialização, sendo mais de 350 apresentações para bovinos, ovinos, caprinos, equinos, aves, suínos e animais de estimação), melhoramento genético e saúde vegetal (portfólio com 13 produtos atualmente). A empresa possui duas unidades fabris – a de Cravinhos (SP) e outra em agosto 2013 / edição 65 89


CAPA

Acima, Projeto Nossa Horta

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Uberaba (MG), planta de defensivos agrícolas, a mais moderna das Américas. O foco da empresa é oferecer uma gama completa de soluções para o agronegócio, em saúde animal e agricultura, atuando não só fornecimento de produtos, mas tambémna capacitação de mão de obra para o homem do campo. Segundo o presidente do Grupo Ourofino, Dolivar Coraucci, o fato de a empresa ser referência no mercado incentiva a fazer sempre mais. “Entre as grandes motivações está a identificação do homem do campo brasileiro com o nosso jeito de trabalhar, graças a nossa origem nacional. O trabalho da Ourofino começou com o entendimento dos desafios vividos pelo produtor rural”, afirma. A empresa percorre um caminho natural de crescimento e atuação em novas áreas do agronegócio. “Nos sentimos honrados em ter ao nosso lado pessoas que se identificam com nossas história e

metas”, diz. A companhia ingressou em 2010 na área de defensivos agrícolas, com a inauguração da Ourofino Agrociência, sua planta de saúde vegetal. A fábrica, localizada em Uberaba, possui capacidade de produção estimada em 100 milhões de litros/kg por ano em herbicidas, fungicidas, inseticidas, acaricidas e óleos minerais. No mesmo ano, a Ourofino também ingressou no mercado de imunobiológicos com a fabricação da vacina contra a febre aftosa. O início da produção colocou a companhia em um grupo seleto no mercado veterinário brasileiro e mundial, já que são poucas as empresas que possuem potencial para produzir a vacina. A planta exclusiva é também referência em biossegurança e processos. Em 2012, o Grupo Ourofino fechou seu faturamento em R$ 570 milhões, sendo R$ 360 milhões em Saúde Animal.


Soluções e investimentos na avicultura Com 26 anos de atuação no mercado, a Ourofino atualmente está consolidada na área de bovinos e retoma fortes investimentos para a avicultura. A Linha Aves e Suínos possui uma participação significativano faturamento da empresa em saúde animal. Segundo o gerente de produtos, Carlos Augusto Bedani, a empresa preza pela agilidade no atendimento e desenvolvimento de produtos. “Os profissionais a campo identificam as necessidades e rapidamente são elaboradas novas ferramentas e atendimento diferenciado e personalizado”, comenta. “A orientação que vem desde a fundação da empresa é: da porta para dentro da propriedade dos nossos clientes, a gente está ali oferecendo tudo que ele precisar. Seja um antibiótico ou um aditivo. Por exemplo: se o produtor tem demanda para isso, temos que estar presentes”, afirma Amilton. Por isso, a empresa busca sempre complementar seu portfólio para suprir todas essas necessidades. Bedani afirma que no momento os olhos da Ourofino se voltam fortemente para a avicultura e a suinocultura. “Já temos alguns projetos e investimentos serão realizados para ampliarmos nosso portfólio de produtos a fim de atendermos as necessidades dos produtores”. Hoje, o principal medicamento da linha de aves é o Doxifin 50 PS, indicado para a prevenção e o tratamento de diversas enfermidades que acometem aves e suínos, causadas por agentes sensíveis à doxiciclina. “A avicultura trabalha com um ciclo muito curto. Senão cuidarmos muito bem do animal, em uma semana você já perdeu grande parte de seu rendimento final”, afirma Amilton. Entre as outras soluções da Ourofino para a avicultura, destacam-se: o Neomin S, produto indicado para o controle de infecções entéricas em aves e suínos, causadas por agentes microbianos sensíveis à neomicina; o Fosfomicin C, que complementa a linha de antimicrobianos de uso estratégico e com amplo espectro de ação, sendo o primeiro produto registrado dentro da normativa em relação

ao estudo de depleção, à segurança e ao período carência, garantindo ao avicultor animais sem resíduos; e, para o controle do Cascudinho Aviário, o Colosso Pulverização, que tem eficiência e metodologia práticas para monitorar o nível da infestação desta praga que é um vetor de vários patógenos na avicultura. O mais recente produto da Linha Aves e Suínos da Ourofino que chegou ao mercado é o aditivo melhorador de desempenho para frangos de corte Enragold, lançado em junho durante a FACTA. “Este é o nosso grande carro-chefe agora. Trata-se de um produto que faz a uniformização da flora intestinal, com melhora das vilosidades intestinais, melhorando a absorção dos nutrientese, consequentemente, oferecendo um maior ganho de peso das aves”, ressalta Amilton. Bedani conta ainda que uma das características do produto é não possuir período de carência. “Outro aspecto é a sua forma granulada e isso é importante para melhorar a homogeneização na ração”, diz. Segundo Amilton Silva, há outros produtos que serão lançados para complementar a linha. “Nossa empresa não para. Estamos preparando novidades para alguns nichos de mercado que ainda não atuamos em médio prazo”, adianta o diretor. Ele conta que a empresa está sempre em busca de inovações apresentadas no exterior que podem ser adequadas e aplicadas no Brasil.“Estivemos recentemente nos Estados Unidos para observar novas linhas de pesquisas e conhecer novos conceitos para trazermos ao nosso país com ajustes àsnossas condições climáticas que são diferentes”, conta. Com o empreendedorismo que rege as atividades da empresa desde a sua criação, a Ourofino Agronegócio foi o primeiro grupo empresarial brasileiro a exportar produtos veterinários para a América Latina e a África. Em 1997, foi iniciada a exportação para o México, Paraguai e Colômbia. “As novas metas incluem participações nos EUA e na Europa”, afirma o presidente, Dolivar Coraucci.

Agregando valores Prestação de serviço é a palavra-chave da Ourofino Agronegócio para manter a excelência de seu atendimento aos clientes. Com a preocupação no consumidor final da carne, a companhia está muito focada em agregar valor ao produtor. “Queremos estar lado a lado com o avicultor, para promover as melhores soluções. A Ourofino é uma empresa brasileira que au-

xilia o produtor a melhorar sua rentabilidade. O que nós oferecemos é identificação com nosso negócio, confiança e credibilidade”, diz Amilton, diretor da Linha Aves e Suínos. É por isso que, além dos produtos, a empresa oferece aos clientes programas específicos, como o ProAve$ Ouro (Programa de Redução de Pragas Patógenos do Complexo Avícola). “São traagosto 2013 / edição 65

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CAPA balhos voltados para quantificar e identificar os principais desafios e pressões de infecção, retratando a necessidade do cliente, oferecer o melhor programa de controle e solução além de fazer todo o acompanhamento para obtenção de resultados mensuráveis. Ou seja, este programa é mais uma ferramenta que orienta e dá suporte e que, no fim, é mostrada lucratividade com o uso de nosso portfólio”, afirma. O programa, que é válido para o Brasil todo, foi criado e elaborado pela equipe da Linha Aves e Suínos. “Quem está no campo não está somente fazendo a venda de produtos da Ourofino, mas também está prestando

serviços por meio de diagnósticos e oferecendo soluções. É aí que apresentamos nossos produtos”, assegura o gerente, Carlos Bedani. Segundo ele, a empresa busca focar na linha de aves juntamente com o atendimento diferenciado e personalizado do ProAve$ Ouro. “Do mesmo jeito que entramos na ‘casa’ do produtor para entregar uma solução, a nossa empresa também está de portas abertas. Trabalhamos fortemente em programas de relacionamento para trazer nossos parceiros para cada vez mais perto da empresa. A Ourofino definitivamente se dedica às pessoas com as quais se relaciona”, afirma.

Linha do tempo Ourofino

Norival e Jardel abrem uma distribuidora de produtos veterinários em Ribeirão Preto (SP).

Os executivos decidem fabricar seus próprios produtos. O primeiro com a marca Ourofino é o Trissulfin, para frangos. Após 26 anos, o produto continua sendo comercializado pela empresa.

Começa a fabricação de produtos para bovinos – o primeiro deles éo revolucionário Mastifin Injetável.

Como encarregado de processo de produção, chega à Ourofino o engenheiro químico Dolivar Coraucci, atual presidente do Grupo Ourofino.

Ourofino É lançado o monta uma Ricobendazole, o primeiro house na área injetável do de comunicação e é mundo com lançada a linha sua composição. O de produtos lançamento para animais alavancou a de estimação com grande criação do departamento sucesso. de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Ourofino.

Em maio, a Ourofino compra o terreno de 200 mil metros quadrados em Cravinhos (SP). No mês de setembro é iniciada a obra da nova fábrica.

Início da fabricação de produtos para equinos.

Colaboradores recebem a primeira distribuição da “Nossa Horta”. Também na área de responsabilidade social, é lançado o programa “Jovens de Ouro”.

Entra a Ourofino Agrociência, colocando a empresa no mercado de defensivos agrícolas; é iniciada a comercialização da vacina Ourovac Aftosa; a empresa é eleita a mais admirada do segmento veterinário pela revista Carta Capital; vai ao ar o programa de TV “Ourofino em Campo”, também em Canalourofino. com.

Investimentos em pessoas e equipe Ao todo, 300 profissionais compõem a equipe de campo da Ourofino que leva produtos e soluções aos clientes. Sempre preparado, o grupo de vendedores técnicos é compostopor especialistas no setor, como veterinários,zootecnistas e engenheiros agrôno92

mos. É exatamente por essa equipe ser especializada que é possível identificar os problemas nas granjas. No caso da avicultura, as perdas entéricas são muito maiores porque você perde em desempenho, em conversão alimentar. Nossa equipe está apta a enten-


der, identificar e solucionar o mais rápido possível esses desafios”, comenta Amilton. “Estamos em todas as regiões do Brasil com nossa equipe atendendo de acordo com o que o cliente precisa.Entendemos sua real necessidade e acompanhamos com as visitas de nossos profissionais no dia a dia. Por isso, podemos afirmar que realmente estamos sempre lado a lado com os produtores oferecendo suporte”, diz. Todos os meses são realizados mais de 1.200 visitas técnicas somente pela equipe da Linha Aves e Suínos.

Cuidados na fabricação Por trás do processo da fabricação, estão 85 colaboradores que trabalham na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI) da Ourofino Saúde Animal para desenvolver as melhores soluções, sendo que 58% possuem pós-graduação. Atualmente, 22% dos profissionais da área de PDI da empresa possuem Pós-Graduação Latu Sensu (MBA ou especialização) concluída ou em andamento, 30% possuem mestrado completo ou em andamento e 4% possuem doutorado completo. “A equipe é multidisciplinar e conta com profissionais com formação acadêmica em Medicina Veterinária, Farmácia Bioquímica e Industrial, Engenharia, Biotecnologia, Zootecnia, Biologia e Administração”, apresenta a diretora de PDI da Ourofino, Sandra Barioni. A empresa conta com completa estrutura de laboratórios para desenvolvimento e validação de métodos analíticos, de formulações, de embalagens, para condução de estudos de estabilidade e um Centro de Experimentação Animal próprio. “Nesse local comprovamos a campo a eficácia e a segurança dos produtos e tecnologias oriundos do esforço de PDI”, acrescenta Barioni. Para se manter à frente da concorrência, boa parte do faturamento do Grupo Ourofino é destinada ao incentivo de novas pesquisas e desenvolvimentos. “A Ourofino trabalha com inovação. Sem inovação não conseguiríamos manter nossa posição de destaque e liderança em alguns mercados. Por isso sempre investimos em tecnologia para alcançarmos novos horizontes”, afirma Carlos Bedani. Para garantir a excelência de seus produtos, a Ourofino atende, em todas as etapas de seu processo produtivo, às boas praticas de fabricação internacionais. “Isso garante a qualidade e segurança dos processos. Trabalhamos sob normas e preceitos nacionais e internacionais que regulamentam a produção farmacêutico-veterinária, entre eles Good Manufacturing Practices (GMP); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e European Medicines Agency (EMEA)”, explica o diretor industrial, Dan Artioli. Para 2014, a companhia prevê a certificação pelo FDA (Food & Drug Aministration).

Responsabilidade social Além dos cuidados com os colaboradores, a responsabilidade social da empresa expandiu-se para vários projetos, como o “Jovens de Ouro”, que oferece aulas de teatro, música e esportes na sede da empresa para 150 alunos de uma escola de Cravinhos. Nesta ação, educadores trabalham conceitos de pedagogia, autoestima, valores nutricionais e pregam a importância de se ter uma alimentação saudável. Já a “Nossa Horta” comemora junto a seis iniciativas assistenciais a doação de 25 toneladas de alimentos por mês pelo projeto. “Além de beneficiar a comunidade, mais de mil colaboradores da Ourofino ‘fazem a feira’ toda semana em uma estrutura montada dentro da empresa. A entrega também é feita às crianças do projeto ‘Jovens de Ouro’. Nesta feira, as crianças e os colaboradores utilizam sacolas ecológicas do programa para levarem os produtosàs suas famílias”, conta a diretora de Recursos Humanos, Carla Marçal. São distribuídas mais de 3,5 mil sacolas mensalmente. A“Oficina do Futuro” é outra ação que merece destaque, pois, desde 1999, a empresa prepara para o mercado de tra-

Acima, CEO DA OUROFINO: Dolivar Coraucci

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CAPA balho alunos com necessidades especiais do Centro de Educação Especial e Ensino Fundamental Egydio Pedreschini, de Ribeirão Preto (SP), que aprendem a

realizar trabalhos relativos ao acabamento dos produtos fabricados pela Ourofino, sendo que muitos deles já foram contratados pela empresa.

“A Ourofino trabalha com inovação”

SEDE: Cravinhos (SP) Unidades fabris Cravinhos (SP), Uberaba (MG)

Presente no País desde 1987

Fundadores Norival Bonamichi e Jardel Massari

PRESIDENTE Dolivar Coraucci

1.300

colaboradores 80 colaboradores atuam na área de P&D 300 vendedores técnicos espalhados por todo o Brasil Áreas de atuação: Saúde Animal (bovinos, ovinos, caprinos, eqüinos, aves, suínos e animais de estimação), melhoramento genético e saúde vegetal.

94

1 Centro de Pesquisas localizado em Guarapará (SP)

Escritórios comerciais no México e na China. Portfólio de produtos no Brasil

129 produtos

10 mil clientes ativos

EXPORTAÇÃO PARA PAÍSES DA AMÉRICA LATINA E ÁFRICA Porcentagem do faturamento destinada à Pesquisa e Desenvolvimento A média do investimento em pesquisas é de R$ 80 milhões no biênio – o que representa cerca de 6% no faturamento do período.


Futuro

A LINHA AVES E SUÍNOS DA OUROFINO SAÚDE ANIMAL

Diretor comercial Amilton Ferreira da Silva Portfólio de produtos no Brasil

31 produtos na Linha Aves e Suínos (sendo 14 para avicultura) Número de visitas a campo por ano:

mais de 1.200 visitas por mês apenas na Linha Aves e Suínos

Produto carro-chefe para avicultura: Enragold, aditivo melhorador de desempenho para frangos de corte Linha Aves e Suínos cresce cerca de 25% ao ano. Proposta é de dobrar o faturamento da linha nos próximos anos LINHA AGRÍCOLA CERTIFICADA Em dois anos, a Ourofino Agrociência foi certificada com: - ISO 14001:2004, relativa ao Sistema de Gestão Ambiental - OHSAS 18001:2007, referente ao Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho

- ISO 9001:2008, pela Gestão da Qualidade

Segundo o gerente de produto da Linha Aves e Suínos, Carlos Bedani, os próximos passos da Ourofino Agronegócio consistem em agarrar novas oportunidades em mercados em que a empresa ainda não atua, desenvolver produtos e programas de serviços e fortalecer ainda mais o relacionamento com os clientes, fidelizando os que já são grandes parceiros. “Para isso, a Ourofino deverá manter seu plano robusto de investimento na unidade de Aves e Suínos e a confiança que nos é dada é de grande importância para alcançarmos os resultados propostos”, diz. “Queremos a cada dia solidificar o crescimento e valorizar nossas atividades. Faremos isso por meio da prestação de serviço. Vamos focar em um crescimento muito forte, superior a dois dígitos para os próximos anos”, adianta o diretor Amilton Silva. Ele conta ainda que os planos futuros são os mais ambiciosos possíveis e baseados em competência, organização, direcionamento e foco por meio da estruturação das equipes, do negócio e do alinhamento operacional. “Temos nosso planejamento para 2014 e a estratégia de atuação até 2018”, diz. Bedani acrescenta que a previsão da Linha Aves e Suínos é dobrar o faturamento em cinco anos. “Já alcançamos excelentes resultados nos últimos dois anos e isso é prova do investimento e atenção que a empresa dedicou a este segmento. Traçamos algumas estratégias com foco no atendimento com personalização”, diz. Na opinião de Amilton, é preciso investir em produtos respaldados por pesquisa e desenvolvimento. “Com este embasamento, a Ourofino está trabalhando a todo vapor para levar mais soluções aos desafios do mercado”, ressalta. Para o presidente do Grupo brasileiro, Dolivar Coraucci, em médio prazo, a empresa será a mais completa indústria nacional de insumos para o agronegócio. “Com nossos colaboradores, posicionaremos a unidade de defensivos agrícolas na mesma dimensão dos negócios conquistados pela Ourofino Saúde Animal. O que fizemos em 26 anos, faremos da unidade agrícola até 2016”, afirma. Outro passo será aumentar a atuação em biológicos. “Além da vacina contra febre aftosa, a Ourofino se organiza para entrar no mercado de outras vacinas do segmento, inclusive as recombinantes, e oferecer ainda mais soluções para o agronegócio”, diz. Ainda segundo o presidente, em alguns meses será concluída a primeira etapa de construção da segunda fábrica de biológicos. “A planta é parte do mesmo complexo industrial em que funciona nossa unidade de produtos veterinários, em Cravinhos”, finaliza.

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SANIDADE

Imunidade das aves contra Salmoneloses por Dr. Rafael Antonio Casarin Penha Filho1 Dr. Oliveiro Caetano de Freitas Neto2 Prof. Dr. Angelo Berchieri Júnior3

A

s salmoneloses aviárias são enfermidades provocadas por bactérias Gram-negativas, pertencentes ao gênero Salmonella, descritas há mais de um século. Mesmo sendo estudadas e conhecidas há vários anos, ainda causam prejuízos econômicos para o setor avícola em várias regiões do mundo. Além das perdas provocadas por mortalidade, piora de índices zootécnicos, eliminação de plantéis avícolas, gastos com medicamentos e vacinas, podem provocar infecção alimentar em seres humanos,gerando restrições para o comércio internacional de produtos alimentícios. O gênero Salmonella é dividido em duas espécies: Salmonella enterica com seis subespécies (enterica, salamae, arizonae, diarizonae, houtenae e indica) e a maioria dos sorovares e Salmonella bongori com 22 sorovares. Descreve-se um sorovar da seguinte forma: Salmonella enterica subespécie enterica sorovar Enteritidis, ou de forma simplificada Salmonella Enteritidis (ou S. Enteritidis). Na classificação atual S. Gallinarum e S. Pullorum (alguns dos poucos micro-organismos do gênero que não 96

possuem flagelos) são considerados como variantes de um mesmo sorovar (Salmonella enterica subespécie enterica sorovar Gallinarum biovar Gallinarum ou biovarPullorum). Com intuito de simplificar a descrição, os dois biovares serão aqui denominados de S. Gallinarum e S. Pullorum. As salmoneloses aviárias correspondem a três enfermidades distintas. A pulorose, causada por S. Pullorum, o tifo aviário, provocado por S. Gallinarum e as infecções paratíficas, causadas por todos os sorovares flagelados, como por exemplo, S.Enteritidis, S.Mbandaka, S. Heidelberg, S.Typhimurium, S.Agona, etc. O paratifo aviário pode acometer aves adultas, mas os sinais clínicos são mais comuns em aves jovens. A doença geralmente se inicia com um quadro de enterite que pode variar de moderada a severa, podendo evoluir para infecção sistêmica. Neste caso, pode ser confundida com a pulorose. São as interações entre os mecanismos de invasão dos sorovares de Salmonella e as respostas imunes produzidas pelo organismo da ave que definem a patogenia das salmoneloses aviárias.


A resistência natural: componentes da resposta imune inata Geralmente, as infecções de aves por Salmonella spp. se iniciam por via oral. O organismo da ave possui barreiras químicas e físicas que, juntamente com o sistema imune, previnem e, combatem as infecções por Salmonella spp. As barreiras físicas (ex. muco, epitélio intestinal, peristaltismo, pH) são de grande importância para evitar o estabelecimento de uma infecção. A boa manutenção da homeostase intestinal e da integridade do epitélio reforçam de forma significativa a capacidade de resistência às infecções intestinais por Salmonella spp. O ácido clorídrico, por exemplo, presente no pró-ventrículo e moela reduz o pH estomacal, inviabilizando a sobrevivência de Salmonella spp. No entanto, logo após a ingestão do alimento ocorre elevação do pH, tornando ineficiente essa barreira química. Salmonella spp. possui mecanismos para evadir a resposta imune e invadir o epitélio intestinal, esta bactéria é capaz de sintetizar enzimas conhecidas como invasinas, que auxiliam na quebra das barreiras físicas composta pelo epitélio intestinal, alterando a membrana das células. Ao penetrar no epitélio intestinal, Salmonella spp. é fagocitada por leucócitos, principalmente heterófilos e ma-

nismo das aves durante as infecções por Salmonella spp. sofrem influência de fatores como o sorovar envolvido, condições fisiológicas, imunológicas e a linhagem da ave. As infecções do trato digestório de aves por sorovares paratíficos, como S. Typhimurium e S. Enteritidis, provocam inflamação intestinal, iniciada pela ativação de receptores localizados nos enterócitos e tecidos linfóides associados. Uma vez ativados, esses receptores induzem aexpressão de citocinas, interleucinas (IL-1ß, IL-6) equimiocinas pró-inflamatórias (LITAF, CXCLi1 e CXCLi2) e consequente influxo de heterofilos, macrófagos e linfócitos na mucosa intestinal. Por outro lado, nas infecções por S. Pullorum e S. Gallinarum ocorrem indução de fracarespostapró-inflamatória, resultandoem pouca reação inflamatória do trato entérico. Durante a invasão intestinal, Salmonella spp. secreta proteínas efetoras (ex.,SipA, SopA, SopB, SopD e SopE) que auxiliam no processo de invasão celular. Tais proteínas são secretadas por meio de um poro conhecido como sistema de secreção do tipo três (SSTT), o qual é codificado por genes bacterianos localizados em uma região do genoma conhecida como “ilha de patogenici-

“A imunidade inata ajuda na prevenção da infecção sistêmica, sendo também responsável por controlar o desenvolvimento da resposta imune adquirida ou adaptativa, dividida em resposta imune humoral (anticorpos) e reposta imune celular (linfócitos B e T)” crófagos, células cuja principal função é ingerir e destruir os micro-organismos invasores. Os fagócitos contendo a bactéria migram dos tecidos para os órgãos linfóides secundários (baço) e para os tecidos linfóides associados (TLA) presentes principalmente no intestino (Tonsilas Cecais e Placas de Peyer), no fígado, no ovário e pulmões das aves. As células do epitélio intestinal secretam substâncias, conhecidas como citocinas e quimiocinasque atraem os fagócitos para o local da infecção, ativando as suas funções. Entre as citocinas mais importantes para ativação de macrófagos e controle de Salmonella spp., estão o Interferon-gama (IFN-) e o Fator de Necrose Tumoral Alfa induzido por lipopolissacarídeos (LITAF). Quando Salmonella spp. consegue colonizar o trato intestinal das aves e se multiplicar neste ambiente, outros elementos da reposta imune inata se desenvolvem, como a inflamação, aumento de temperatura, diarréia e atração de linfócitos T gama/delta e linfócitos exterminadores naturais (“natural killer” -NK), duas populações distintas de linfócitos T, importantes para o combate de infecções na mucosa intestinal de aves. As respostas imunes produzidas pelo orga-

dade de número um” (SPI-1). Ao invadir o tecido intestinal a proteína do flagelo de Salmonella spp. é reconhecida pelo receptor transmembrânico do tipo toll 5 (TLR5), enquanto que os lipopolissacarídeos (LPS) da parede celular são detectados por TLR-4. Após o reconhecimento dos antígenos bacterianos ambos receptores são ativados. A proteína do flagelo, o LPS e as proteínas secretadas pelo SSTT da SPI-1 contribuem para o desencadeamento de inflamação intestinal durante a infecção por Salmonella spp. Foi sugerido que a inexistência de flagelos em S. Pullorum e S. Gallinarum seja responsável pela ausência de detecção dessas bactérias pelo TLR-5 e, consequentemente, uma menor ativação das respostas imune inata e inflamatória na mucosa intestinal, o que favorece a invasão do organismo e o desencadeamento da infecção sistêmica, característica da pulorose e do tifo aviário. A imunidade inata ajuda na prevenção da infecção sistêmica, sendo também responsável por controlar o desenvolvimento da resposta imune adquirida ou adaptativa, dividida em resposta imune humoral (anticorpos) e reposta imune celular (linfócitos B e T).

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SANIDADE

Resistência adquirida: a especificidade da Resposta Imune Adaptativa Durante a invasão do trato intestinal, algumas células bacterianas de Salmonella spp. são fagocitadas por células dendríticas que são responsáveis pela digestão e processamento da bactéria para apresentação dos antígenos de Salmonella spp. aos linfócitos T presentes no timo e no baço (polpa branca) e aos linfócitos B, na bolsa cloacal (“Bursa de Fabrícius”) e no baço. Durante a transição das respostas imunes, elementos da resposta inata como a IL-1 ativam os macrófagos e os lintócitos T e a IL-6 ativa linfócitos B, conduzindo a formação de respostas de perfil humoral ou celular de alta especificidade. A resposta imune humoral é um dos principais mecanismos imunes no combate a infecções bacterianas extracelulares. Entre outras funções, a IgA secretóriaé capaz de bloquear a colonização e infecção, opsonizar e eliminar patógenos e neutralizar suas toxinas. Os anticorpos são dirigidos contra epítopos da parede celular bacteriana, polissacarídeos (LPS) ou proteínas como a flagelina. Durante a fase extracelular, o reconhecimento destas bactérias por receptores de células do sistema

e linfócitos T CD8+. A imunidade mediada por células é efetivada por dois tipos principais de células: os linfócitos T CD4+ que recrutam e ativam fagócitos através do receptor CD40 e da produção de IFN-y, resultando na morte de microrganismos fagocitados e os linfócitos T CD8+ citotóxicos (CTLs) que matam as células infectadas. Ambos os linfócitos T CD4+ e T CD8+ respondem a antígenos proteicos de micro-organismos fagocitados, que são apresentados como peptídeos associados às moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade de classe II ou de classe I (MHCII ou MHCI), respectivamente. Os linfócitos T CD4+ se diferenciam em Ta1 sobre influência de IL-12, produzida por macrófagos e células dendríticas, como consequência, os linfócitos Ta1 induzem os macrófagos à produção de substâncias microbicidas, incluindo oxigênio reativo, óxido nítrico e enzimas lisossomais, que matam a bactéria dentro dos fagolisossomos. Os macrófagos e as células NK produzem interferon-gama (INF-), e consequentemente estimulam a ativação e multiplicação de pelos

“As salmoneloses aviárias são enfermidades complexas, resultantes de interações entre mecanismos de invasão do patógeno e o sistema imune da ave” imune desencadeia mecanismos como a opsonização, a neutralização, a fagocitose e a ativação do complemento pela via clássica. A neutralização e a opsonização são mediadas por imunoglobulinas de média e alta especificidade no soro, classes IgM e IgG respectivamente, e no lúmen intestinal pelo isótipo da classe IgA. A apresentação dos antígenos bacterianos aos linfócitos T CD4+ auxiliares, induz a produção de citocinas pró-inflamatórias e ao aumento da atividade fagocítica e microbicida dos macrófagos e heterófilos. A infecção por Salmonella spp. induz a formação de respostas Ta1, caracterizada pela produção de IFN-e ativação da imunidade celular mas também pode estimular o perfil de resposta Ta2 e a consequente produção de anticorpos (Resposta Imune Humoral). Contudo, em infecções por bactérias invasivas as células bacterianas penetram facilmente nas células do hospedeiro, principalmente nos fagócitos e durante o parasitismo intracelular, ficam protegidas da ação dos anticorpos circulantes. Para a eliminação da infecção intracelular, os mecanismos da imunidade mediada por células são imprescindíveis, principalmente a imunidade mediada por linfócitos T CD4+ 98

linfócitos T CD4+ auxiliaresde classe 1 (Ta1). O INF- e LITAF passam a ser produzidos por linfócitos Ta1 que por sua vez, atuam na ativação de macrófagos infectados e estes secretam os “intermediários reativos de oxigênio” (radicais livres), potentes antimicrobianos capazes de destruir as bactérias presentes nos fagolisossomos. As bactérias fagocitadas estimulam a resposta por linfócitos T CD8+ quando os antígenos bacterianos ou as bactérias deixam os fagossomos e entram no citosol das células infectadas. Livres no citoplasma, as bactérias não são susceptíveis aos mecanismos microbicidas (fagolisossomos) dos fagócitos, e para erradicar a infecção, as células infectadas são eliminadas por CTLs. Assim, as células efetoras da imunidade mediada por células, linfócitos T CD4+ e CTLs CD8+, agem em conjunto na defesa contra a infecção intracelular de Salmonella spp. A ação dos macrófagos e CTLs sobre o tecido infectado, junto com a resposta inflamatória, que ocorre nas infecções intracelulares pode causar uma lesão tecidual que muitas vezes resulta em necrose focal nos órgãos infectados por sorovares invasivos. As moléculas de IFN- também possuem a função de ativar as célu-


las e aumentar a expressão de moléculas apresentadoras de antígeno da classe MHC I, que são responsáveis por apresentar os antígenos bacterianos aos linfócitos T citotóxicos CD8+ para que estes reconheçam e destruam as células infectadas. A IL-2, outra interleucinaproduzida pelas células Ta1, possuem a função de induzir a multiplicação de linfócitos T e B e de ativar macrófagos. Devido ao fato de Salmonella spp. se multiplicar no interior de fagócitos, a resposta imune humoral, mesmo com elevada produção de anticorpos específicos (IgG), não é capaz de eliminar a infecção sistêmica. O processo de eliminação da bactéria do organismo infectado,

realizado através de mecanismos dependentes de anticorpos como a opsonização seguida de fagocitose, ocorre apenas quando Salmonella spp. é liberada extracelularmente. Portanto em aves, é aceito que a imunidade mediada por células, representada pelos linfócitos T, é mais importante que a resposta humoral para a destruição (clearance) de Salmonella spp. presente dentro de células nos tecidos e órgãos internos, enquanto que os anticorpos, estão envolvidos na destruição de Salmonella spp. presentes nos espaços extracelulares, no sangue (IgM e IgG) e no lúmen intestinal (IgA secretória).

A Imunologia aplicada ao campo A resistência natural de algumas linhagens de aves às salmoneloses sistêmicas (tifo aviário e pulorose) está relacionada à capacidade de redução da multiplicação bacteriana no interior de fagócitos. Macrófagos oriundos de linhagens de aves resistentes a infecções bacterianas sistêmicas possuem maior capacidade de destruir Salmonella spp., por produzirem maiores quantidades de radicais reativos de oxigênio gerados pela enzima NADPH-oxidase. Estes são também capazes de produzir citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias mais rapidamente e em níveis mais elevados que aqueles provenientes de aves susceptíveis. Portanto, aves geneticamente resistentes às salmoneloses sistêmicas são capazes de desenvolver uma resposta imune inata mais eficaz e ainda ativar resposta imune celular (Ta1) de maior intensidade que aves susceptíveis. No entanto, vale ressaltar que S. Gallinarum pode persistir por semanas em aves resistentes, ao contrário do que é geralmente observado em aves susceptíveis que se recuperam do tifo aviário. A longa persistência de patógenos como S. Pullorum em aves carreadoras, é explicada de duas formas. A primeira hipótese se refere à ausência de expressão de moléculas apresentadoras de antígenos (MHC) por células dendríticas e macrófagos infectados dificultando o reconhecimento destes patógenos por linfócitos T auxiliares CD4+. Outra hipótese está relacionada à forte indução de uma resposta imune humoral por linfócitos T auxiliares de classe 2 (Ta2), produtores dascitocinas IL4, IL-5 e IL-13, que estão envolvidas na ativação de linfócitos B e consequentemente, na produção de anticorpos por estas células. Por isso, ao utilizar vacinas contra Salmonella spp. deve-se buscar uma imunomodulação que favoreça o desenvolvimento da resposta imune celular, controlada por linfócitos T CD4+ de classe 1, ou uma resposta mista com elementos da resposta celular (linfócitos Ta1) e humoral (linfócitos Ta2 e linfócitos B). Esse tipo de resposta pode ser induzida com vacinação utilizando cepas vivas sozinhas ou em conjunto com bacterinas. As salmoneloses aviárias são enfermidades

complexas, resultantes de interações entre mecanismos de invasão do patógeno e o sistema imune da ave. Muitos estudos envolvendo imunidade e patogenias dessas enfermidades foram realizados nos últimos anos. No entanto, ainda existe muito a ser descoberto e compreendido. A disponibilidade de novas ferramentas para o estudodas interações patógeno-hospedeiro em avesdeve contribuir para o conhecimento dos eventos imunológicos desencadeados durante o processo de infecção e de invasão da ave por Salmonella spp.

rafaelpenha12@yahoo.com.br oliveirocaetano@yahoo.com.br 3 berchier@fcav.unesp.br Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp CEP:14.884-900 – Jaboticabal (SP) 1

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NUTRIÇÃO

Efeito da utilização de um complexo enzimático sobre o desempenho de frangos de corte por Fernando Guilherme Perazzo Costa1, Matheus Ramalho de Lima1, Junio Flávio Barroso2, Cleber Franklin Santos Oliveira1, Gabriela Mafra Dantas1, Milka Lopes Melo1, Valéria Pereira Rodrigues1

G

randes avanços ocorreram na avicultura nas últimas décadas, o que justifica o grande salto em qualidade dos produtos e dos altos índices de desempenho dos animais. Embora se saiba desse grande avanço, diversas pesquisas têm sido realizadas com o objetivo maior de reduzir o custo de produção das aves, sendo a ração o grande fator de busca para redução dos custos de produção. Assim, alternativas em diversos aspectos têm sido avaliadas em solucionar tal questão, sem reduzir a qualidade e o nível de desempenho dos animais. Nesse aspecto, tecnologia amplamente utilizada e com consagrado, as enzimas exógenas se apresentam no mercado avícola com grande representação nas formulações de rações

para aves. Diversas pesquisas mostram que o uso de complexos enzimáticos melhora o valor nutricional das rações à base de farelo de soja e milho, devido à capacidade dessas enzimas em neutralizar os fatores antinutricionais desses ingredientes, em extrair nutrientes anteriormente dificilmente passíveis de aproveitamento efetivo, entre outros fatores, o que torna possível, consequentemente, uma maior eficiência do processo de digestão, resultando em melhores índices produtivos, reduzindo o custo de produção consideravelmente. Com base nessas informações, objetivou-se avaliar o efeito da utilização de um complexo enzimático contendo fitase, amilase, xilanase e protease sobre o desempenho de frangos de corte machos de 1 a 42 dias de idade.

Material e Métodos O experimento foi conduzido com aves no Laboratório de Pesquisas em Aves do DZO/UFPB entre o período de 1 a 42 dias de idade. Foram utilizados 480 pintos de corte machos, linhagem Cobb, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constituído com quatro tratamentos e oito repetições com 20 aves por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos de uma dieta Controle Positivo (CP) formulada para atender às exigências das aves para cada fase de acordo com as Recomendações de Rostagno et 100

al. (2011); um Controle Negativo (CN), com redução nutricional da dieta CP em níveis relacionados à matriz nutricional do complexo enzimático, mas sem utilização do complexo enzimático; ao mesmo tempo, essas duas dietas citadas anteriormente receberam em suas formulações o complexo enzimático composto por fitase, amilase, xilanase e protease, sendo a combinação de 200g/t de ProAct, 400g/t de Ronozyme A, 100g/t de Ronozyme WX e 20g/t de HiPhos(M), de modo que o produto já era


anteriormente misturado e pronto ao uso. Assim, as dietas CP e CN, ao receberem a inclusão do complexo enzimático, formaram mais duas dietas, a CPE e CNE, respectivamente, totalizando 4 tratamentos. Os pintos foram alojados em boxes de 1,40 x 1,80m com piso de cimento e cobertos com cama de bagaço de canade-açúcar compostos por bebedouros pendulares e comedouros infantis e adultos. O aquecimento foi realizado por meio de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes em cada parcela, ligadas e desligadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura observada no termômetro (sensor

na altura das aves) e no comportamento das aves. Durante o período experimental as aves receberam água e ração à vontade e o programa de luz adotado foi contínuo (24 horas de luz = natural+artificial). As variáveis avaliadas foram: consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG-8.0), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (1999), sendo as comparações das médias realizadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

“Diversas pesquisas mostram que o uso de complexos enzimáticos melhora o valor nutricional das rações à base de farelo de soja e milho” Resultados e Discussão Com base nos resultados apresentados na Tabela 1, verificamos que houve diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis avaliadas. O desempenho dos frangos que receberam a ração Controle Positivo foi o esperado, haja visto que atende por completo as necessidades nutricionais desses animais. Esse tratamento com o uso do complexo enzimático teve influencia positiva, mesmo que numérica em relação à mesma ração sem a utilização do complexo. Ao se avaliar os dados dos frangos que

receberam a ração do tratamento Controle Negativo, esses apresentaram um menor consumo de ração, o que promoveu um reduzido ganho de peso e uma pior conversão alimentar. Em contrapartida, a utilização do complexo enzimático na ração Controle Negativo, ou seja, o CNE possibilitou melhorias significativas nessas variáveis, pois tornou o consumo de ração maior entre os demais tratamentos e uma significativa melhora no ganho de peso, resultando em uma melhor conversão alimentar.

Efeito dos tratamentos sobre o desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias

Tratamentos

Consumo de ração, g/frango

Ganho de peso, g/frango

Conversão alimentar, g/g

CP

4056,90ab

2680,29a

1,514a

CN

3946,47b

2494,15b

1,582b

CPE

4106,99ab

2690,74a

1,527ab

CNE

4128,31a

2632,87a

1,565ab

Média

4094,07

2624,51

1,547

C.V.(%)

2,96

2,74

2,68

Erro Padrão da Média

14479,4

5201,928

0,002

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de probabilidade agosto 2013 / edição 65 101


NUTRIÇÃO Assim, percebemos que a utilização do complexo enzimático foi ideal para elevar a disponibilidade de nutrientes da ração com redução nutricional, não tendo o mesmo efeito significativo na ração sem essa prática de redução. Com isso, podemos dizer que a atuação enzimática é mais eficiente quando há uma margem para elevar a capacidade do animal no aproveitamento dos nutrientes oriundos da liberação promovida pelas enzimas, se confirmando, especialmente, quando se compara as rações do Controle Negativo sem e com a enzima. As melhoras são altamente significativas e claras na melhoria do

das aves alimentadas com rações decrescidas de 4% na energia metabolizável, 3% na proteína bruta e 10% nas recomendações em aminoácidos, não influenciando nas características de carcaça dos frangos de corte. Ainda neste contexto, Teixeira et al. (2013) concluíram que é possível reduzir até 0,30% de fósforo disponível das rações de frangos de 22 a 42 dias de idade sem prejudicar o desempenho quando se suplementa com 1500 unidades de Fitase/kg de ração. Corroborando com os dados desse estudo, Barbosa et al. (2012) concluíram que a suplementação de um complexo enzimático composto por xilanase,

“A suplementação do complexo enzimático utilizado no estudo possibilita melhora no desempenho de frangos de corte machos de 1 a 42 dias de idade” desempenho dos frangos machos na fase de 1 a 42 dias de idade. Essa afirmativa de que a atuação enzimática é mais eficiente em dietas com redução nutricional se confirma em dados publicados por Lima e Costa et al. (2010) quando avaliaram a redução nutricional e adição de fitase exógena. Em condições similares, Fortes et al. (2012) avaliando programas nutricionais com a utilização de carboidrases e fitase em rações de frangos de corte, concluíram que a suplementação enzimática é efetiva na recuperação do desempenho

Conclusão A suplementação do complexo enzimático utilizado no estudo possibilita melhora no desempenho de frangos de corte machos de 1 a 42 dias de idade, recuperando o efeito da redução nutricional das rações.

Agradecimentos A DSM Nutritional Products pelo apoio e incentivo para realização deste trabalho. Universidade Federal da Paraíba, CCA/UFPB. perazzo63@hotmail.com 1

DSM Nutritional Products, São Paulo, Brasil. junio. barroso@dsm.com 2

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amilase, protease e fitase em rações com níveis nutricionais reduzidos proporciona desempenho semelhante ao de aves alimentadas com rações que atendem por completo os requerimentos nutricionais recomendados, evidenciando a atuação das enzimas na liberação dos nutrientes. Os autores ainda comentam que a suplementação enzimática em rações sem redução nutricional não produz efeitos no desempenho das aves, justificando, portanto, a não suplementação over top.


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PRODUÇÃO

Granja São José investe em qualidade e biossegurança para garantir eficiência A empresa familiar, que iniciou suas atividades com a produção e venda de pintos de corte no ano de 1968, investe em pesquisas, estudos e modernização dos processos de manejo com o objetivo de maximizar seu desempenho e eficiência por Giovani Hamada fotos Divulgação

E

ntre as atividades de proteína de animal, a avicultura brasileira é considerada a mais tecnificada e dinâmica, destacando-se pela sua evolução constante na busca de melhores resultados por meio de novas genéticas e técnicas de manejo, que visam uma melhor produtividade e melhor volume de abate. Para chegar até o processamento e comercialização da carne de frango, existe uma cadeia de atividades na avicultura que inclui desde o planejamento, o manejo e produção de matrizes, produção de ovos férteis, pintos e a engorda do frango. E dentro dessa cadeia avícola, a produção de matrizes e a produção de ovos férteis e pintos são as que dão sustentação para que toda a cadeia seguinte possa se desenvolver de forma segura e produza frangos saudáveis com carne de qualidade. E é nesse segmento que a Granja São José, com sede na cidade de Amparo, atua há 45 anos, oferecendo ovos férteis e pintos de corte. Se tornando referência por investir em pesquisas, estudos e modernização dos processos de manejo de matrizes. A empresa enfrentou cada desafio imposto pelos períodos de 104

crise, modernizou suas granjas e investiu em mão de obra especializada. A empresa familiar, que iniciou suas atividades com a produção e venda de pintos de corte no ano de 1968, na verdade, teve sua origem no ano de 1963, quando os sócios Haroldo Nóbrega da Cunha e Fernando Bacci montaram a fábrica de rações Iara, onde hoje funciona a sede da Granja São José, em Amparo. André de Araújo Cunha, diretor de produção, e filho de Haroldo, conta que a empresa nasceu com a necessidade que os fundadores enxergaram de possuir um mercado comprador para a suas rações. “Assim, vendiam os pintos e criavam um mercado consumidor na região. Em pouco tempo eles venderam a fábrica de ração e ficaram apenas com a produção de pintos de corte”, conta. Desde 2008, o controle da empresa passou para os filhos dos antigos sócios. Agora, dividido em quatro sócios, cada um é responsável por um setor da empresa. André é diretor de produção e a sua irmã, Maria Rita de Araújo Cunha de Matos, é diretora financeira. Fernando José e Carlos Alberto Nóbrega Bacci, filhos do Fernando Bacci, são diretores de vendas e de compras, respectivamente.


Em busca da melhor qualidade Durante todos esses anos de existência, o que garantiu à Granja São José se manter no mercado como referência foi a qualidade de seus produtos. Para que a excelência seja atingida, André fala que a empresa sempre foi atrás dos melhores resultados investindo em pesquisas, estudos e modernização dos processos de manejo com o objetivo de maximizar seu desempenho por meio de novas tecnologias e também de treinamento constante de sua equipe operacional criando um processo de qualidade que cerca todas as variantes do ciclo de vida do produto e disponibiliza ao mercado pintinhos uniformes, com bom peso, livres de contaminação, capazes de produzir excelente conversão alimentar, prontos para oferecer resultados. E a qualidade, garante André, é o grande diferencial. “Buscamos trabalhar com uma carteira de clientes mais constantes e mais sólidos no mercado. Assim, quando os preços estão mais baixos, sentimos menos porque garantimos a colocação dos nossos produtos mesmo nos momentos de crise. E é a nossa qualidade que mantém esses clientes fiéis até hoje”. Ele diz que o mais importante que manter um

grande volume de clientes, é manter grandes clientes que garantam um grande volume constantemente. Por isso, a empresa também investe fortemente em biossegurança. E o resultado desse controle se manifesta por meio de mais vitalidade de proteção, redução do índice de mortalidade, melhor ganho de peso diário e uniforme dos lotes. “E não é só por exigência, pois temos internamente medidas mais rígidas de controle sanitário de acesso do que é exigido. Porque para garantir qualidade, não podemos correr o risco que um pequeno deslize coloque nossas matrizes e ovos em cheque. Se algo acontecer imagine o prejuízo, o lote todo tem que ser descartado.Por isso temos fortes medidas de segurança e é essa garantia de qualidade e de segurança dos nossos lotes que os nossos clientes procuram e confiam”, afirma. Esse sistema consolida décadas de experiência, dedicação profissional e um rigoroso controle de qualidade em relação à biosseguridade. “São detalhes que privilegiam detalhes mínimos que vão desde a proteção de todas as granjas com cercas de alambrado ao monitoramento sorológico e banho de acesso às granjas

Acima, os diretores André Cunha, Fernando José e Carlos Alberto Bacci e o gerente geral José Humberto

agosto 2013 / edição 65 105


PRODUÇÃO

2012 foi um ano muito difícil. Mas, mesmo no auge da crise, conseguimos colocar nossos produtos no mercado”

Acima, linha de produção de linguiça.

e incubatórios”, ressalta. Como integrante do Plano Nacional de Sanidade Avícola, as unidades de produção da Granja São José são visitadas sistematicamente por especialistas e fiscais do Ministério da Agricultura. A aquisição de novas técnicas de manejo é o outro segredo de qualidade. “Precisamos de controle sanitário e de bons empregados, mas as técnicas próprias de manejo é o que nos ajudam a ter um diferencial no mercado. Essas técnicas são o segredo de produção da empresa”, define.

Produção É nas granjas, onde fica a produção das matrizes da raça Cobb Slow, que se inicia a cadeia de produção da empresa. Segundo o gerente geral da empresa, José Humberto Freitas de Souza, atualmente estão alojadas 180 mil matrizes na fase de recria e outras 350 mil em produção, que garantem por mês uma produção de 6,3 milhões de ovos,com o nascimento de 4,5 milhões de pinto e a venda de cerca de um milhão de ovos férteis para o mercado interno e externo. E o manejo das matrizes é considerado o 106

ponto chave para a produção da empresa. Uma vez que eles trabalham com uma galinha que tem toda sua genética voltada para a produção de carne e não de ovos. “A genética não é para galinha de postura que come menos e produz mais ovo. Mesmo assim, temos fazê-la botar ovo e ovo de qualidade. Para isso, é preciso um controle rigoroso na alimentação. Pois a genética é de uma galinha agressiva, para que elas se aliementem cada vez mais, cresçam rápido e produzam carne. Só que se elas comerem muito, não produzem ovos, e se não crescerem de forma uniforme e correta não teremos ovos uniformes e de qualidade. O segredo dessa área está no manejo, mantendo-as alimentadas o suficiente para botar ovos e para que cresçam de maneira uniforme”, comenta Souza. Para o alojamento de matrizes e produção de ovos a empresa possui três unidades de produção em propriedade própria e outras cinco unidades de produção no sistema de arrendamento, ou seja, eles alugam apenas o espaço, mas o controle é cem porcento da empresa.Sendo que 60% de suas aves estão em unidades próprias e 40% nas granjas alugadas. O que garante à empresa o controle total de suas granjas de matrizes e produção de ovos. Também possui três incubatórios, sendo que o principal, com capacidade para incubação de 3,5 milhões de ovos, será ampliado para cinco milhões. Além deuma fábrica de ração com capacidade de produção de 180 toneladas por mês. Para dar conta da estrutura, a Granja São José possui 360 funcionários. Sendo 110 pessoas trabalhando nos incubatórios, 230 nas granjas de produção e recria e 20 pessoas no administrativo. Souza diz que empresa tem uma meta de crescimento de 5% ao ano e, para isso, investirá na ampliação das instalações do incubatório e de uma classificadora de ovos automática - atualmente a classificação de ovos é feita de forma manual. Além de investimentos constantes em pesquisas e novas técnicas de manejo. Assim, pretendem aumentar a capacidade de acompanhar o crescimento do mercado e de seus clientes. No mercado interno, seus compradores estão principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais. No exterior, já exportaram para Venezuela, Colômbia, Paraguai, Peru, Portugal, Holanda, Chile e países do Oriente Médio e da África.

Melhora em 2013 Em 2012, a produção de carne de frango, principal produto avícola, apresentou queda de 3,17% em relação á 2011, produzindo 12,645 milhões de toneladas. O Brasil manteve a posição de maior


exportador mundial e de terceiro maior produtor de carne de frango, atrás dos Estados Unidos e da China. Mas, a redução foi um reflexo da alta dos preços do milho e da soja, que representam os principais custos para o setor. Aliado á falta de crédito e recursos para a avicultura. Neste ano, o gerente geral José Humberto acredita que o setor está passando por um momento de bons preços, pois há um menor alojamento de aves

devido à crise do setor em 2012, consequentemente menos produto no mercado e preços melhores. “Quem conseguiu passar pelas dificuldades em 2012, agora é a hora de colher os frutos. Foi um ano muito difícil. Mas, mesmo no auge da crise conseguimos colocar nossos produtos no mercado, justamente por manter uma base de clientes sólidos”, comenta.

Olhando para o futuro exportador mundial e de terceiro maior produtor de carne de frango, atrás dos Estados Unidos e da China. Mas, a redução foi um reflexo da alta dos preços do milho e da soja, que representam os principais custos para o setor. Aliado á falta de crédito e recursos para a avicultura. Neste ano, o gerente geral José Humberto acredita que o setor está passando por um momento de bons preços, pois há um menor alojamento de aves

devido à crise do setor em 2012, consequentemente menos produto no mercado e preços melhores. “Quem conseguiu passar pelas dificuldades em 2012, agora é a hora de colher os frutos. Foi um ano muito difícil. Mas, mesmo no auge da crise conseguimos colocar nossos produtos no mercado, justamente por manter uma base de clientes sólidos”, comenta.

Uma trajetória de dedicação e sucesso à avicultura A equipe da Revista AveWorld lamenta o falecimento de Fernando Bacci, um dos fundadores da Granja São José e um dos maiores nomes da avicultura e, para homenageá-lo, conta um pouco de sua história

A

Granja São José tem 45 anos e é reconhecida nacional e internacionalmente pela produção de pintos de corte e ovos férteis. E essa história começa com a união empresarial de dois homens visionários e empreendedores, Fernando Bacci e Haroldo Nóbrega da Cunha. Sociedade de quase cinco décadas que solidificou a união das duas famílias. Mas, na última segunda-feira do mês de julho de 2013, no dia 29, o empresário e líder avícola Fernando Bacci, um dos fundadores e idealizadores do que hoje se tornou a Granja São José, veio a falecer aos 88 anos. Ele descobriu ser portador de um câncer de pele há alguns anos e, desde então, vinha se submetendo a tratamento. Bacci foi importante não apenas para a evolução de sua própria empresa, mas também para a avicultura brasileira. Em 1979, ele e mais um grupo de empresários fundaram a

Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco), onde participou ativamente como diretor por mais de duas décadas. Numa homenagem feita pela Apinco, a associação ressalta que Bacci deixou a diretoria no ano de 2000 dizendo que saia para “dar lugar aos jovens que chegam”. Assim como fez em sua própria empresa, que desde 2006 passou sua parte do controle para os filhos Fernando José e Carlos Alberto Nóbrega Bacci. Ainda na Apinco, ele também apoiou e atuou na criação da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta), fundada no dia 10 agosto de 1989. Uma fundação sem fins lucrativos que visa coletar, fomentar e difundir novos conhecimentos e tecnologias aplicadas ao desenvolvimento da avicultura industrial. Hoje, a Facta é a principal instituição de referência brasileira na divulgação de conhecimentos na área de ciência e tecnologia avícolas. agosto 2013 / edição 65 107


PRODUÇÃO

Como funciona a produção de pintos de corte na Granja São José Acima, linha de produção de linguiça.

Para conhecer como funciona o processo de produção da incubadora, o gerente de produção Valdinei da Costa Teixeira, afirma que as normas de controle e qualidade são altamente rigorosas no processo de seleção. A seguir, veja como funciona esse processo:

Granjas

Classificação de ovos

Para garantir a biossegurança e qualidade, a Granja São José tem controle total de suas granjas.

Os funcionários passam por constantes treinamentos e cada setor de produção segue a risca as normas de controle de qualidade para garantir a satisfação do cliente.

Após a coleta é feita uma pré-classificação dos ovos ainda nas granjas e encaminhados para o incubatório em caminhões climatizados, onde passam por uma nova seleção, classificação e reclassificação, na qual os lotes são separados por data, tipo e funcionário que fez a classificação. Os ovos que apresentam irregularidades são descartados para incubação ou venda. Nessa etapa, 4% a 5% dos ovos são descartados devido aos rigoros padrões estabelecidos pela empresa.

Biossegurança

Antes da incubação

Fator que faz a diferença dentro da empresa, com critérios de visitas rigorosos, isolamento entre núcleos, banhos de acesso às granjas e fábricas, trocas de roupas, funcionários sem contato com aves em suas casas, cercas de proteção nas fazendas e desinfecção de veículos, equipamentos, materiais e ferramentas que entram

Os ovos ficam numa câmara fria por três dias numa temperatura entre 19ºC e 21ºC e antes de ir para incubadora ele é pré-aquecido á 28ºC durante um tempo médio de 8 horas.

Treinamento

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Incubação

Nascedouro

O ovo fica na incubadeira a uma temperatura de aproximadamente 37ºC durante 19 dias, quando é retirado e passa pelo processo de ovoscopia, que permite visualizar os ovos férteis. Na Granja São José existem 24 máquinas com capacidade de incubação de 3,5 milhões de ovos por mês. Mas esse número deve ser ampliado para 5 milhões.

Após a vacinação, os ovos são colocados no nascedouro, onde ficam dois dias. A taxa de nascimento é de 85% dos ovos incubados. A perda de pintos após o nascimento é de apenas 2%.

Vacinação in ovo Técnica muito utilizada nos modernos incubatórios do mundo ocorre na transferência de ovos das incubadoras para os nascedouros. Os ovos passam pela ovoscopia (retirada dos ovos inférteis) e são vacinados. Essa técnica garante um percentual maior de eficiência da vacina para os pintos ao nascerem. A vacinação in ovo é a garantia de que a ave já nasce vacinada e não corre riscos no campo, garantindo melhor eficiência e produtividade.

Acima, linha de produção de linguiça.

Entrega A entrega dos pintos é feita conforme as especificações do cliente, que estabelecem a quantidade e o local onde os pintos serão entregues. Antes de serem entregues, os pintos de corte também passam por um processo de seleção. Para o transporte são utilizados caminhões climatizados, previamente desinfetados e vistoriados antes de cada viagem.

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EVENTO

Atualização técnica e os desafios para os profissionais do setor Potencial genético, ambiência, desempenho e integridade intestinal dos frangos de corte foram alguns dos temas apresentados por especialistas no I Seminário Farmabase de Avicultura por Fernanda de Paulo

fotos Divulgação

P

reocupada com a manutenção de conceitos técnicos e os desafios vivenciados no dia a dia de seus clientes, a Farmabase promoveu nos dias 27 e 28 de junho o I Seminário Farmabase de Avicultura, evento que reuniu profissionais do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O Seminário contou com palestras técnicas de especialistas que abordaram temas sobre potencial genético, ambiência, produção, desempenho e integridade intestinal dos frangos de corte. Entre os palestrantes estavam o Dr. Antonio Froilano, da Froilano Consultoria; a Prof. Dra. Irenilza de Alencar Nääs, da Unicamp; o Prof. Dr. Paulo Lourenço da Universidade Federal de Uberlândia; o Prof. Dr. Antonio Piantino da Universidade de São Paulo; e o médico veterinário e consultor da Farmabase, José Severino Neto. O Seminário teve início com as palavras do gerente comercial da Farmabase, Vitor Franceschini, que apresentou a nova identidade visual da empresa e as novas embalagens dos produtos. A primeira apresentação de especialistas externos foi a do Dr. Antonio Froilano, que abordou o tema “Estamos explorando todo o potencial genético do frango atual?”. Segundo ele, “quanto mais aproveitarmos o potencial genético com o mesmo custo para o produtor, mais lucro a empresa pode alcançar. Temos que conhecer o que a genética tem a oferecer”, afirmou. Froilano disse que alguns dos aspectos que os produtores devem estar atentos para

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conseguir explorar todo potencial genético das aves são os cuidados com a qualidade da água e dos grãos, o manejo de anticoccidianos e ambiência. “Após duas semanas de exposição crônica ao calor, a ingestão de alimentos diminui mais de 3% por cada grau entre 22 e 32º C”, disse. Ele também ressaltou que dependendo da região do país, compensa trabalhar com aviário escuro para se conseguir maior ganho de peso das aves. “Além disso, economiza-se dinheiro com o galpão escuro por causa do custo de energia elétrica”, ressalta. Froilano apresentou um estudo realizado pela Embrapa que aponta um aumento da produtividade na dependência da lotação dos aviários. “Diminuir 10% do alojamento melhora 2,5% o custo do pinto mais a ração. É comum ver galpões fechados com paredes e dez aves por metro quadrado”, disse. Froilano também falou sobre a “Importância da qualidade inicial dos pintos de corte nos índices de produção”. Segundo ele, o efeito do status da microflora foi estudado comparando-se aves de criação convencional com aves gnotobióticas obtidas sob condições de criação especiais. “Aves gnotobióticas apresentaram uma digestibilidade mais alta de lipídios, mais sais bilares conjugados e menos sais biliares não conjugados no intestino e apresentaram um desempenho superior, bem como um menor desenvolvimento das vilosidades intestinais comparativamente a aves com flora normal”, complementou.


Qualidade do ar nos aviários “Impacto da qualidade do ar no desempenho de frangos de corte” foi o tema da palestra da Dra. Irenilza de Alencar Nääs que falou sobre a importância de se ter um ambiente de alojamento adequado na produção de aves. Entre os tópicos de sua apresentação estavam os cuidados com o ambiente de alojamento para frangos de corte, as concentrações e emissões de gases na produção, e as implicações ambientais e de bem-estar das aves. Segundo ela, a qualidade do ar pode envolver problemas na fase do aquecimento e próximo ao abate. “O monóxido de carbono é o grande vilão da história”, disse. Na opinião da Dra. Irenilza, é preciso cuidar da ave desde o seu começo de vida para que o produto final seja um ‘superfrango’. Ela ressaltou que problemas nos equipamentos de aquecimento geram excesso de CO2 e CO e desta forma comprometendo a oxigenação, afetando não somente a saúde das aves como também dos trabalhadores. “No início da vida da ave é preciso uma temperatura ideal diferente daquela próxima ao abate. Mesmo assim, se ela estiver

num ambiente de 30ºC ou 32ºC mas sem qualidade do ar, pode vir a morrer durante a criação. O estresse térmico é a maior causa controlável de perdas no aviário. É importante também ter um protetor de insolação para combater as ondas de calor”, disse. Ainda segundo ela, frangos de corte expostos a altas temperaturas alteram seu comportamento normal, procuram locais onde haja temperaturas mais amenas e mostram diminuição da eficiência energética. A Dra. Irenilza mostrou análises das condições de alojamentos baseadas em aspectos como qualidade do ar e interferência da cama no período de inverno. Foi concluído que galpões que tiveram dados coletados durante essa estação com cama reutilizada apresentaram as maiores concentrações de CO2. Já os galpões de pressão negativa apresentaram os maiores valores médios de concentrações, e as taxas de emissão de amônia apresentaram-se de forma crescente com a idade das aves, sendo que as maiores taxas foram encontradas no sistema de pressão negativa.

Integridade intestinal “Integridade intestinal” foi o tema apresentado pelo Prof. Dr. Paulo Lourenço, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). De acordo com ele, muitos fatores podem afetar a integridade da mucosa intestinal das aves, como agentes patogênicos como vírus, bactérias e protozoários; micotoxinas; aditivos na água e na ração; tipo e qualidade de nutrientes da ração; equilíbrio da microbiota; manejo e ambiência, entre outros. “Uma boa saúde intestinal garante o maior aproveitamento dos ingredientes do alimento. O desenvolvimento da saúde intestinal depende da nutrição precoce para manter uma microflora intestinal estável e o desenvolvimento da imunidade e resistência a doenças”, disse. Para ele, problemas de incubação interferem no desenvolvimento intestinal da ave ao longo da vida. “A temperatura interfere na qualidade do pinto como um todo, podendo afetar a moela, intestino, fígado, saco da gema e pode ocasionar um encurtamento do intestino delgado”, afirmou. Por isso, segundo Paulo Lourenço, os primeiros sete dias de vida da ave são críticos. “As aves nesse período têm capacidade digestiva e absortiva limitada para carboidratos e aminoácidos e possuem baixa resistência ao estresse fisiológico e desafio microbiano”, ressaltou. O palestrante ainda afirmou que o consumo de ração e água afeta a integridade intestinal. “É preciso

evitar ração com granulometria demasiado grande para pintos na fase inicial, manter a ingestão de alimentos relativamente constante evitando 12 horas sem alimentação, e fornecer espaço suficiente de comedouro e bebedouro”, concluiu.

Acima, Prof. Dr. Paulo Lourenço agosto 2013 / edição 65

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EVENTO

Medicação em frangos de corte Acima, José Severino Neto

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O médico veterinário e consultor da Farmabase, José Severino Neto, falou sobre “Aspectos práticos de farmacologia e manejo que interferem nos programas de medicação em frangos de corte” e apresentou os conceitos corretos da medicação via água de bebida. “Alguns dos cuidados importantes para esse tipo de medicação são a temperatura da água, a estabilidade da solução medicada e o número de horas diário de medicação”, disse. Ele destacou aspectos como medicação diurna versus noturna. “Durante o dia traz mais benefícios porque há maior consumo de água e coincide com o expediente de trabalho, facilitando a monitoria da medicação”, afirma. Severino alertou sobre o período de duração da terapia com medicação via água de bebida. Quando ela é muito curta há o risco de falha terapêutica e o reaparecimento da doença e seus sinais clínicos, e se for muito longa, gasta-se mais dinheiro, além de um maior risco dos efeitos adversos do antibiótico e de resistência em populações bacterianas, afirmou.

Severino também destacou a importância do uso de antimicrobianos, ferramentas essenciais no controle de doenças, pois preservam a saúde e desta forma o bem-estar animal, possibilitando a produção de alimentos saudáveis a custos acessíveis. Ele ressaltou também a questão de interação de uso de antimicrobianos. “Combinam-se medicamentos por diferentes razões, tais como ampliação de espectro antibacteriano e manter e melhorar a eficácia com menor toxicidade”, disse. Para concluir a apresentação, o consultor da Farmabase reforçou que é preciso fazer o uso responsável de medicamentos, utilizando-os somente quando necessário de acordo com um diagnóstico correto e uma escolha criteriosa do antimicrobiano a ser utilizado. “Administrar o medicamento na dose recomendada e diluí-lo corretamente na água, bem como obedecer ao tempo de tratamento e respeitar o período de carência são outros fatores imprescindíveis para o sucesso da medicação via água de bebida”, finalizou.


O Prof. Dr. Antonio Piantino da Universidade de São Paulo (USP) palestrou sobre “Aspectos econômicos relacionados à integridade intestinal”. Segundo ele, o sistema digestório pode estar comprometido desde o bico até a coacla das aves por fatores como genética, fisiologia, finalidade zootécnica, nutrição, alimento, meio ambiente, água, ar, cama, sanidade, instalações e equipamentos. “A nutrição de matrizes é fundamental pensando na qualidade do pintinho”, afirmou. Piantino ressaltou que a primeira semana

de vida é o período mais crítico e está associado às alterações na integridade intestinal. “Já na quarta semana os desafios entéricos têm um impacto muito grande e na sexta semana é quando se vê as consequências”, disse. De acordo com ele, meio ambiente, alimento, nutrientes e água são os aspectos mais impactantes no desenvolvimento das aves. “Quando esses fatores não estão bem conectados, o impacto econômico das enfermidades entéricas é elevado”, afirmou.

“Uma boa saúde intestinal garante o maior aproveitamento dos ingredientes do alimento” Dr. Paulo Lourenço

Controle de infecções entéricas Para encerrar o I Seminário Farmabase de Avicultura, o médico veterinário e consultor da Farmabase, José Severino Neto, apresentou os “Conceitos terapêuticos para maximizar o controle de infecções entéricas” e mostrou como pode ser obtido um melhor controle da coccidiose através do uso sobreposto do diclazuril, bem como da clostridiose através do uso da amoxicilina. “O intestino é a base para uma produtividade eficiente e temos que lançar mão de ferramentas eficazes que contribuam para a manutenção de sua integridade.

A coccidiose e a clostridiose são infecções de alto significado econômico para a indústria de frangos de corte”, ressaltou. Severino afirmou que sinais de anormalidades entéricas como despigmentação, fezes alteradas e cama úmida revelam apenas a ponta do iceberg. “Minimizar o quadro subclínico é fundamental para maximizar resultados zootécnicos e programas de controle consistentes e estáveis com base no custobenefício devem ser estabelecidos”, finalizou.

Profissionais do setor marcaram presença no I Seminário Farmabase de Avicultura

“É importante dar minha contribuição para novas gerações de profissionais e inclusive reformular conceitos das gerações mais antigas.”

“Muitas vezes os critérios de trabalho do pessoal de campo estão ultrapassados e, por isso, a importância do evento é para atualizar conceitos práticos.”

Dr. Antonio Froilano

Gerson Schwartz

Froilano Consultoria

Rigor Alimentos

agosto 2013 / edição 65 113


EVENTO “Ambiência e qualidade do ar são temas prioritários para conhecimento dos profissionais de campo. Acredito que a tendência para o setor avícola este ano é melhorar. Tivemos um momento ruim no ano passado, mas a avicultura é resistente. Ela tem um ciclo curto e reage bem.”

Dra. Irenilza de Alencar Nääs Unicamp

“Conhecer a nova proposta da Farmabase e sua nova identidade visual é muito interessante. Os conteúdos apresentados no evento são bem atuais e aplicáveis no nosso dia a dia.” Fabio Meirelles - Organizações Francap “As palestras do Dr. Antonio Froilano são muito interessantes, pois apresentam muitas experiências práticas de diversas regiões, então conseguimos ter uma referência maior do que é a avicultura no Brasil. A Farmabase é uma empresa muito ativa com um excelente portfólio de produtos.”

Rogério Iuspa

Agroceres Multimix

“Reciclar conceitos técnicos e práticos por meio de palestras é muito importante para os profissionais. A rotina da produção é pesada e muitas vezes fica difícil recorrer ao livro ou artigos publicados. Para a Farmabase é fundamental disponibilizar informações técnicas relevantes ao mercado.” Érica De Lucca - Farmabase

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agosto 2013 / edição 65 115


PERSONALIDADE

João Lancini aponta os alicerces de sua vida: “profissionalismo, ética e voluntariado” O Presidente do Nucleovet conta um pouco do lado pessoal de sua vida. por Giovana de Paula

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fotos Divulgação


J

oão Lancini, começou a trabalhar aos 14 anos e passou por várias atividades até conseguir ingressar na faculdade de veterinária, em 1977. Durante o curso, ele teve oportunidade de trabalhar no CIT-Centro de Informações Toxicológicas da Secretaria da Saúde do RGSul. Segundo ele, este foi um trabalho pioneiro e que ajudou a salvar muitas vidas, vítimas de intoxicações e animais peçonhentos. Foi criado pelo Dr. Alberto F. Rahde e hoje existe em todas as principais cidades do Brasil. Ele graduou-se em Medicina Veterinária, pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1981 e, após formado, iniciou sua vida profissional com a extinta Coopave de Lajeado/ RS, na época, a 3ª. maior produtora e exportadora de frangos do Brasil. Na sequência, atuou na antiga Sermix, empresa de nutrição do Grupo Socil, como supervisor técnico e vendas. Em 1984, Lancini foi contratado para trabalhar na American Cyanamid,

da Superação Humana. É também colaborador do Nucleovet desde 1995. Atualmente, ele é Presidente da instituição que reúne veterinários em Chapecó há mais de 40 anos, sendo fundado por um grupo de veterinários amigos de João Lancini, liderado pelo Dr. Gilberto Vasconcellos. “Desde sua fundação, o Nucleovet passou por várias fases. Alguns períodos de grande atividade e outros, de quase falência. Em 1995, quando cheguei a Chapecó, a sede do núcleo era mantida por poucos associados, às vezes com recursos pessoais, bingos, festas, etc. Naquela época, conversando com colegas como Dr. Luis Carlos Farias, Sadi Marcolin, Francisco Bersch, Roberto Curzel, e muitos outros, surgiu a ideia de fazermos um evento técnico em avicultura para suprir uma demanda da região oeste e, ao mesmo tempo, trazer algum recurso para evitar a falência da entidade”, conta João Lancini. O foco do grupo de trabalho sempre foi atender às necessidades técnicas dos profissionais, e que focasse nos principais problemas

“Não é possível diferenciar o homem do profissional. Na vida, através das experiências ou das observações, aprendemos que os valores morais e éticos são a base para tudo, nas interações com a família, amigos e colegas de profissão”. com desenvolvimento de produtos veterinários e como gerente de contas especiais, sendo responsável pelas contas de grandes empresas avícolas da região sul. Em 1994 foi contratado pela Elanco para atuar no oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, para atender as maiores integradoras de aves e suínos do Brasil (Sadia, Perdigão, Seara, Chapecó e Cooperativa Aurora). Na Elanco, passou por várias funções técnicas e comerciais. Em 2011, formou a Lavenco, empresa de consultoria e representações, e trabalha com empresas como a Elanco, em alguns projetos específicos, e no desenvolvimento de produtos para empresas que desejam ingressar no mercado brasileiro, como é o caso da SilvaTeam, que atua na Europa há mais de 150 anos, na linha de taninos para diversos segmentos. João Lancini é pós-graduado em Marketing Empresarial pela UNC de Concórdia e com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Também concluiu seu mestrado, em 2010, em Ciências Veterinárias com ênfase em patologia aviária, pela UFRGS. Desde 1997 Lancini é docente da Fundação Logosófica Em Prol

enfrentados pelas agroindústrias. “O primeiro evento reuniu mais de 200 pessoas da região Sul. Foi simples, mas atendeu as necessidades da época. Pelo trabalho e a dedicação de todos envolvidos, a receptividade foi tão grande que decidimos, com o apoio dos nossos colegas veterinários e zootecnistas, de universidades, agroindústrias da região e patrocinadores, repetir o evento. Chegamos neste ano a 14ª edição do Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Na sequência, os colegas que atuam na suinocultura, também apoiaram a iniciativa e, neste ano vamos para o 6º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura”, explicou. Hoje, o Nucleovet é uma entidade respeitada no meio agroindustrial, por sua linha de trabalho, focada sempre na educação continuada dos profissionais envolvidos na produção animal. “Buscamos atender sempre à demanda do campo. Como o Nucleovet é uma entidade sem fins lucrativos, procuramos trabalhar com custos baixos e, com o apoio de vários patrocinadores, desta maneira conseguimos realizar eventos mais acessíveis para nossos colegas. Esta é uma fórmula de sucesso: agosto 2013 / edição 65 117


PERSONALIDADE profissionalismo, ética e voluntariado. O Nucleovet interage diretamente com as principais entidades do nosso segmento, como Ubabef, Abraves, entre outras, buscando sempre apoiar as iniciativas que valorizem a produção agropecuária brasileira. Também existe hoje uma função social, com o apoio a diversos segmentos de nossa comunidade”, disse. Em seu lado pessoal, João Lancini entende que não é possível diferenciar o homem do profissional. “Na vida, através das experiências ou das observações,

aprendemos que os valores morais e éticos são a base para tudo, nas interações com a família, amigos e colegas de profissão. Não é possível mudar de comportamento para cada situação que se apresenta. Os valores humanos, obtidos por meio do nosso conhecimento e de nossas relações interpessoais, são o nosso principal patrimônio. Sem eles, todo o esforço para ser um profissional de destaque no mercado, é em vão”, detalha Lancini.

Erros e acertos só ocorrem para aqueles que fazem. Os que nada fazem, criticam “Aprendi que uma das virtudes básicas do ser humano é a humildade. O fato de saber mais ou menos, ter mais ou menos, não significa ser melhor do que ninguém. As diferenças fazem parte do ser humano e precisamos aprender a respeitar as opiniões de todos, fazendo prevalecer o melhor para o conjunto. Erros e acertos só ocorrem para aqueles que fazem. Os que nada fazem, criticam. Aprendi também,

que devemos sempre buscar fazer o bem, mas não sermos tolos. Como característica, sempre procuro ser justo, honesto e cumprir com o que prometo. Não gosto de perder tempo. O tempo, também aprendi, é a própria vida e, procuro lembrar sempre de agradecer a Deus, principalmente nos momentos de alegria e de realização”.

O agronegócio brasileiro já mostrou seu poder. Só precisamos aperfeiçoar “Meu sonho é que nossos produtores e empresas ultrapassem os padrões de qualidade e produtividade internacionais e que não seja necessário esperarmos anos para superar entraves políticos e comerciais para colocarmos nossos produtos na mesa de toda a população mundial. Que consigamos produzir com

mais valor agregado, diferenciação, para sermos exportadores de tecnologia ao invés de commodities. O agronegócio brasileiro já mostrou seu poder. Só precisamos aperfeiçoar, ter o apoio dos governantes e melhorar a infraestrutura para o campo”

Mais seriedade e respeito “Em todos estes anos, tive oportunidade de conhecer muitos países e posso afirmar que nenhum deles tem o que nós temos: uma área continental, recursos naturais imensos, um povo ordeiro e trabalhador. Este país já seria uma grande potência e desenvolvido, se não tivéssemos falhado pela base. Precisamos de educação, o restante vem na sequência. Infelizmente, alguns governantes vivem num modelo obsoleto

e retrógrado, com muitos ranços e costumes do passado. Chegamos, na minha opinião, num período de inversão de valores sociais e morais. O Brasil é muito grande e temos tudo que necessitamos. Só precisamos de mais seriedade e respeito com o cidadão de bem, e que as leis sejam aplicadas a todos, sem exceção”.

Meta, cobranças e objetivos “Quando as pessoas gostam do que fazem, uma vez estabelecidas as metas, com regras claras, entendo que não é necessária nenhuma cobrança. Quando 118

as pessoas sentem-se donas do negócio e quando percebem que podem colaborar, os objetivos normalmente são superados”.


Um profissional de sucesso “Em primeiro lugar, entendo que precisamos gostar daquilo que fazemos. O segundo, é ter apoio da família. O restante baseia-se num tripé: esforço, empenho e constância. Aprendi, com o estudo da Logosofia, que os pensamentos têm uma ação muito importante em nossas vidas e destino. Podemos

escolher de forma consciente. Se penso que posso ou não posso, nas duas alternativas estou correto. Eu decido. Mas, para isso, preciso de conhecimentos. Ninguém faz nada sozinho. Ter amigos e colegas que respeitem e apoiem nosso trabalho é fundamental para o sucesso profissional”.

A vida é uma escola “A vida é uma escola. Já saímos de fábrica com muitas qualidades, pela herança familiar, pelo ambiente no qual vivemos e por nossa própria herança como seres humanos. Junto, vieram muitas deficiências e muitas propensões. Minha maior virtude entendo que é a determinação. Se quero, com certeza, corro

atrás de meus objetivos. A maior deficiência é a falta de paciência. Procuro identificar meus defeitos e ser um pouco melhor a cada dia. Aquele ditado que diz: “árvore que nasce torta, morre torta”, só existe para aqueles que não têm vontade de mudar”.

O “banco da vida” não emite extratos A maioria de meu tempo foi dedicada ao trabalho, às empresas nas quais atuei. Aprendi e realizei. Entretanto, à medida que amadurecemos, percebemos que o “banco da vida” não emite extratos

e que coisas muito importantes poderiam ter sido mais aproveitadas, principalmente em relação à convivência com a família, com os filhos. Quando percebi, já eram adultos e o tempo não volta.

João Lancini Começou a trabalhar aos 14 anoS; Ingressou na faculdade de veterinária em 1977; Trabalhou no CIT- Centro de Informações Toxicológicas da Secretaria da Saúde do RGSul. Graduou-se em Medicina Veterinária, pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1981; Iniciou sua vida profissional com a extinta Coopave de Lajeado/RS; Atuou na antiga Sermix, empresa de nutrição do Grupo Socil; Em 1984, foi contratado para trabalhar na American Cyanamid; Em 1994 iniciou trabalhos na Elanco;

Em 2011, formou a Lavenco; Pós-graduado em Marketing Empresarial, pela UNC de Concórdia; Pós-graduado em Marketing Empresarial, pela UNC de Concórdia; MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas; Concluiu Mestrado, em 2010, em Ciências Veterinárias,pela UFRGS; Desde 1997, é docente da Fundação Logosófica Em Prol da Superação Humana; É colaborador do Nucleovet desde 1995; Atualmente, João Lancini é Presidente da instituição.

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COLUNISTAS

Um herói na UTI por Kátia Abreu foto divulgação

O

agronegócio vai tão bem que pouca gente presta a devida atenção ao que se passa com cada ramo particular de produção. Os últimos anos têm sido muito favoráveis à maioria dos produtos que exportamos, mas, quando observamos de perto, vemos que os bons ventos não sopram igualmente para todos. É o caso do café. A demanda mundial de grãos e carnes tem crescido a taxas elevadas, com a melhoria de renda das populações que deixaram a condição de pobreza nas últimas décadas. Muito concentrado em países mais desenvolvidos, há cinco anos imersos numa séria crise econômica, o consumo de café não segue a mesma lógica. Em 2012, por exemplo, nossas exportações para os Estados Unidos caíram 27%; para a Alemanha, 19%; para a Espanha, outros 33%. E, com a melhora na produtividade, nossos cafeeiros estão produzindo mais. Em princípio, questões de mercado devem ser resolvidas pelos mercados. Quedas de preços provocam, em seguida, queda da produção, reequilibrando oferta e demanda. É isso que precisa ocorrer com a produção de café? Olhemos mais de perto a cafeicultura brasileira. Nosso parque cafeeiro ocupa 2,1 milhões de hectares, com investimentos em torno de US$ 25 bilhões. Essas áreas são cultivadas por 380 mil produtores que geram US$ 7,5 bilhões por ano. E grande parte delas não tem aptidão para cultivos alternativos, especialmente por questões topográficas. Exatos 58% da produção provém de pequenas propriedades. Só 17% do total produzido vem de grandes propriedades, em média com cerca de 450 hectares. No último triênio, o valor das exportações superou US$ 20 bilhões. Vê-se, portanto, que uma crise na economia do café não é de modo algum uma questão trivial para a economia interna, nem para o balanço de pagamentos. Compromete um produto que, por décadas, sustentou como um herói solitário nosso superavit comercial. Nos cultivos anuais, o ajuste entre oferta e demanda pode ser feito a cada ano. Se os preços caem, a área plantada de grãos,

120

Kátia Abreu, 51, senadora (PSD/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)

por exemplo, é reduzida. Se os preços se recuperam no ano seguinte, a área é novamente recomposta. Com o café, isso não é possível. O café é um cultivo permanente, com um ciclo de quatro a cinco anos entre o plantio e a colheita. Se os produtores estão perdendo dinheiro, deixam simplesmente de cuidar da lavoura. Resultado: a degradação dos cafeeiros, que dificilmente podem ser recuperados. Uma planta permanente não é um equipamento que se desliga e, eventualmente, pode ser novamente posto a funcionar, se as circunstâncias se alteram. Ciclos biológicos não podem ser interrompidos e depois retomados. E os problemas de mercado não são estruturais. A crise nos países desenvolvidos está aos poucos se dissipando e os mercados emergentes –como China, o restante da Ásia e países do Leste Europeu– crescem a taxas superiores a 4% ano. O próprio consumo interno brasileiro vem crescendo 3,5% ao ano. Previsões da Organização Internacional do Café indicam que, em 2018, o consumo mundial ficará entre 157 milhões e 173 milhões de sacas. Ao ritmo em que crescem nossa produção e o nosso consumo interno, a perspectiva é de falta, e não de excesso do produto. Por essas razões, é o caso de perguntar se vale a pena para o país abandonar a atividade ao seu próprio destino ou se mais vale um esforço para manter intacta essa poderosa estrutura que é a economia do café, geradora de 8 milhões de empregos diretos e indiretos. Não tenho dúvidas quanto à resposta correta: é útil e vantajoso para o Brasil a preservação da produção de café. Há mecanismos financeiros disponíveis para equilibrar preços e custos, sem sacrifícios indevidos para a sociedade. Também não podemos deixar de considerar as dificuldades de todas as atividades intensivas de mão de obra, como o café, o cacau, a laranja e a cana, pelo elevado custo Brasil na área trabalhista. Esse é um fator inerente ao produtor. Nesse caso, só o governo pode efetivamente agir. Ao caminhar no presente, devemos sempre ter o cuidado de não destruir os caminhos do futuro.


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COLUNISTAS

Produção brasileira de alimentos e as novas tendências de consumo mundial

Marcos Fava Neves é professor titular da FEA/USP e coordenador científico do Markestrati

por MARCOS FAVA NEVES e TÁSSIA GERBASI

E

sta análise mostra por meio de fatos e números recentes como está a dinâmica do mercado consumidor de alimentos no mundo e quais os impactos que estas tendências podem trazer. Ao final, uma reflexão para seus possíveis atos (projetos). • Novas projeções do relatório Perspectivas Agrícolas 2013-2022 da OCDE e FAO mostram que no ano de 2020 o consumo de carne de frango ultrapassará o de carne suína, atual proteína animal mais consumida mundialmente. Apesar de uma previsão de aumento de cerca de 15% para o consumo de carne bovina no planeta, seu volume ainda fica muito abaixo daquele encontrado para as carnes suína e de frango. • O setor aviário brasileiro pode ser um grande beneficiado dessa mudança de consumo pois já é reconhecido mundialmente pela qualidade de seu produto, já possui status sanitário elevado e versatilidade para atender mais de 150 países importadores mesmo diante de suas restrições. • Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) no Brasil, cerca de 16% da renda da população é destinada aos alimentos. • A Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura lançou suas previsões para o agronegócio brasileiro para o ano 2023 e de acordo com ele as exportações de carne de frango (13,7%) terão crescimento menor que aquelas vistas para as carnes suína (29,4%) e bovina (28,9%) no país. • Segundo dados da Embrapa, nos próximos 35 anos a África Subsaariana responderá por cerca de 50% do crescimento populacional do planeta, seguida da Ásia (40%) e América do Sul (7%). Para suprir a demanda por alimentos desse novo montante populacional, devem ser feitos investimentos em áreas 122

que atualmente apresentam baixa produtividade. Nesse cenário de intensivo mercado internacional de alimentos, questões como segurança alimentar, rastreabilidade e certificação ganharão maior destaque. • O consumo de carne no Brasil passou de 36 kg por pessoa em 2010 para atuais 42 kg por pessoa, mostrando que o Brasil continua sendo uma boa opção de mercado. • Segundo relatório da FAO, o preço global de carnes exportadas cresceu cerca de 2% no mês de junho. • Estimativas indicam que a produção de carne bovina aumentará 47% até 2050. Esse crescimento acompanhará o aumento da demanda pelo produto, impulsionado pela maior renda populacional que terá crescimento real de 84% no mesmo período. Para reflexão: a partir destes fatos descritos nesta análise, quais são os impactos e as oportunidades que se abrem à sua organização? Que atos devem ser tomados?

Tássia Gerbasi é pesquisadora do Markestrat e mestranda da FEA/USP


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ABRA NEWS

Reciclagem animal marca presença no SIAV

Evento acontecerá entre os dias 27 e 29 de agosto no Parque de Exposições Anhembi em São Paulo por ABRA

O

Congresso Brasileiro de avicultura é um dos eventos mais importantes para a cadeia produtiva de avicultura no país e neste ano ganha um novo status e nome: Salão Internacional de Avicultura – SIAV, evento promovido pela União Brasileira de Avicultura – UBABEF. Para promover maior integração entre o setor avícola e setor e o da Reciclagem Animal, a Associação Brasileira de Reciclagem Animal – ABRA estará presente no evento como expositora e também realizará o II Seminário Internacional de sustentabilidade. O Brasil é o terceiro maior produtor avicultura e o primeiro em exportação. Para 2013, são estimados cerca de 4,5 milhões de

toneladas de resíduos resultantes do processamento de abate de aves. Este processamento resulta na produção da farinha de vísceras, a farinha de penas e também o óleo de vísceras, que são comercializados no mercado interno e externo pelas indústrias de nutrição animal (aves e suínos, peixes e PET FOOD). De toda a produção brasileira de Reciclagem Animal, estes produtos são os mais exportados, sendo responsáveis por 38,75% da destinação da produção. Os principais mercados internacionais são o Chile, Vietnã a África do Sul e a Turquia. Além da integração dos setores, a ABRA também levantará o tema sustentabilidade que terá um dia dedicado para a cenário brasileiro de Reciclagem Animal.

II Seminário Internacional de Sustentabilidade Sobre a temática: Os desafios das lideranças na cadeia produtiva de Proteína Animal, o II Seminário Internacional de Sustentabilidade será realizado em paralelo com o evento nos dias 28 e 29. A participação no seminário é parte do projeto Brazilian Renderers, desenvolvido entre a ABRA e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos – APEX- Brasil para promover as farinhas e gorduras de origem animal produzidas no Brasil no mercado externo. No dia 28, serão debatidos o Marketing e a Sustentabilidade no Agronegócio pelo Sr. José Luiz Tejon, presidente da TCA Internacional e também a Sustentabilidade como Diferencial Competitivo, pelo Sr. Michel Henrique, gerente de 124

assuntos coorporativos e sustentabilidade da Bunge. A programação do dia 29 é dedicada a Reciclagem Animal. O Sr. José Eduardo Borges Malheiros, diretor da ABRA abrirá as apresentações falando sobre a “Evolução da Indústria de Reciclagem Animal” e o coordenador técnico da ABRA, Sr. Lucas Cypriano que falará sobre “A Reciclagem Animal como solução para os resíduos”. As palestras em ambos os dias começarão a partir das 13h30min e terminarão após o debate e mesa redonda que será iniciada às 16 horas. Os visitantes que estarão no SIAV poderão prestigiar o estande da ABRA que será o número 50. O horário de funcionamento da feira será das 11h até às 17 horas.


2O ANOS


PREGÃO

Macroeconomia: Quando a cautela vira aversão ao risco Os eventos que sustentaram os mercados até aqui por XP Agro*

T

erminamos o 1º semestre de 2013 com uma cara diferente do início quando assistimos à uma boa performance dos ativos financeiros globais. Importante relembrar que este movimento de maior apetite por risco teve início em meados de 2012 e foi promovido pela forte atuação dos principais Bancos Centrais do mundo. Na segunda metade do ano passado observamos eventos emblemáticos como o “Whatever it takes” quando o Draghi sinalizou uma possível inflexão à ortodoxia do BC europeu e sugeriu uma maior agressividade pela instituição; tivemos o presidente do Fed lançando um programa de injeção massiva de capital, que ficou conhecido como QEInfinito; e no Japão, já começava a se desenhar o que viria a ser o maior programa de política monetária 126

nãoconvencional que o mundo presenciaria. Tais eventos suportaram a busca por ativos de risco e fundamentaram a boa performance que assistimos até pouco tempo atrás no mundo. Tal performance se fundamentou na antecipação da melhora econômica que supostamente viria, era a aposta de que os estímulos iriam resultar em uma retomada global mais firme e que teríamos um crescimento econômico mais sólido. Com isso, assistimos à um claro descolamento entre os ativos financeiros e os fundamentos da economia global. No entanto, o crescimento aparentemente não veio. Lembramos que a tese de descolamento foi levantado no relatório de janeiro, em que concluímos sugerindo uma postura mais vigilante e alguma cautela, pois entendíamos que tal otimismo antecipado poderia se tornar “perigoso”.


Surpresas do campo macroeconômico No mês de junho, continuamos colhendo estatísticas econômicas mais fracas que o esperado, principalmente das economias emergentes, com destaque, para a China. Aliado a isso tivemos uma importante mudança de sinalização dos Bancos Centrais das duas maiores economias do globo. De um lado, Ben Bernanke foi mais claro quanto as suas intenções sobre o início de redução nos estímulos monetários, sugerindo que possa ser inicializado ainda este ano. Do outro lado, o Banco chinês, emitiu sinais mais claros quanto ao seu atual comprometimento em corrigir as distorções criadas

no último ciclo econômico ao deixar o sistema interbancário passar por um estrangulamento de crédito. Foi uma forte mensagem de que a China está mais focada em contratar um crescimento sustentável e equilibrado para prazos mais longos, mesmo que isto exija algum sacrifício no ritmo de crescimento de curto prazo. Tais “surpresas” que, de que os EUA não sustentarão os politicas acomodatícias indefinidamente e de que a China não crescerá mais a taxas expressivas de crescimento foram muito mal recebidas, principalmente pelas economias emergentes.

Implicações para o Brasil Para a nossa economia, existe o risco de uma combinação frequentemente encontrada na literatura como a “tempestade perfeita”. Os EUA com uma possível retirada dos estímulos financeiros e, do outro, uma China desacelerando e não sendo mais capaz de sustentar os altos preços de commodities que tanto beneficiaram nossas contas correntes e foram fundamentais para o nosso equilíbrio e a nossa “atratividade”. Tais desdobramentos poderão ter impactos relevantes na nossa conjuntura econômica, dado que atravessamos um momento delicado em que carecemos de crescimento estrutural, apresentamos uma inflação altamente pressionada e persistente, um descompromisso com a política fiscal e uma dinâmica preocupante nas contas correntes, tudo isso

aliado a uma condução de política econômica com a credibilidade declinante. Nesse ambiente, estamos observando um comportamento bem adverso nos ativos de risco brasileiros. A bolsa apresentou queda acentuada em junho e no ano; conjuntamente, tivemos uma desvalorização cambial de 10% nos últimos dois meses, mesmo com as atuações do Banco Central e retiradas de entraves como os IOFs na renda fixa e no mercado de derivativos. O mercado de juros também refletiu isso apresentando uma forte aversão aos títulos públicos, o que implicou em altos prêmios nas taxas dos títulos longos e uma precificação de maior austeridade do BC no curto prazo, teoricamente necessária para equilibrar em parte as expectativas de inflação.

Inicia-se o 2º semestre A cara da segunda metade do ano está começando diferente quando comparada ao início da primeira etapa. Não entendemos como crise, mas sim como um movimento que está se realizando de maneira rápida e intensa, em que os ativos financeiros estão tentando se ajustar para um mundo onde as duas maiores economias do globo passarão a ter papeis

bastante diferentes. Quando atravessamos possíveis mudanças de paradigmas quanto ao novo equilíbrio macroeconômico global, é normal assistirmos a um comportamento mais avesso ao risco, dado que os cenários de calda que estavam amplamente mitigados, voltam ao radar dos investidores.

Futuros & Commodities: Diferentes motivos, uma única tendência - baixa Quem nunca ouviu dizer que o Brasil é o “celeiro do mundo” ou que somos um país agrícola? Para um país que exporta para a China e compete com os EUA na produção e exportação de commodities não é surpresa ver uma performance negativa na Bolsa de

Valores. A Bolsa brasileira tem duas empresas que influenciam fortemente o índice e são do setor de commodities: Petrobras (petróleo) e Vale (minério de ferro).

agosto 2013 / edição 65 127


PREGÃO

Índice de Commodites CBR

Com o cenário macro conturbado, o sobe e desce do mercado com retração do PIB chinês e preocupações em torno da continuidade de estímulos econômicos nos EUA impactam nas cotações. Diferente do setor de energia e metais, as commodities agrícolas ainda oscilam muito mais por questões climáticas e sazonais do que simplesmente oferta e demanda. No Brasil, as exportações de carne, embora tenham caído no mês de junho, indicam que podem voltar a melhorar no segundo semestre. O preço da carne ainda mantém as margens das indústrias positivas, pelo menos por enquanto. Já o mercado de grãos manteve-se sustentado com oferta escassa de curto prazo e firme demanda chinesa, especialmente para a soja. Os estoques apertados nos EUA fizeram com que os preços no mercado físico atingissem patamares recordes e, claro, influenciando a precificação do produto por aqui, que, aliás, continua apresentando problemas logísticos. Os prêmios estão negativos para o produtor e o tempo de espera de um navio atracado no porto chega há 70 dias. Com estimativa de safra recorde, qual é o país que vai pedir produto que tenha grande chance de não ser entregue no tempo? O resultado disso é pressão nos preços do mercado interno, pois se tem oferta abundante sem escoamento, refletindo no PIB brasileiro. A realidade é que os produtores investiram em tecnologia agrícola, aumentando a produtividade e a produção, mas o governo não investiu em tecnologia logística. Faltam silos, falta segurança, falta agilidade. Quando isso acontece o governo tem que intervir e garantir os preços aos produtores. Com este cenário, vale a pena observar as oportunidades de venda para milho, trigo e soja no mercado de futuros. Fiquem atentos também às oportunidades em ações de empresas do setor agrícola, que podem aparecer com a influência dos preços das commodities. Para os produtores, atenção à oportunidade de fazer hedge. Não devemos 128

esquecer que a Bolsa de Mercadoria e Futuros foi criada como mecanismo para proteção dos preços. O vencimento novembro está especialmente interessante para quem quer se proteger da queda dos preços. Sem sair da expectativa de preços baixos, mas falaremos agora de outro grão, o café. Este ano, foi muito além da queda que se esperava. Nem mesmo fungos atacando lavouras na América Central foram capazes de evitar a queda dos preços e os cafeicultores têm sofrido muito com isso. Ultimamente a alta do dólar não tem ajudado em nada, pois estimula as exportações. Sem ter para onde fugir, o produtor executa as vendas, e do lado dos especuladores venda também, puxando para baixo as cotações. O grande vilão dessa queda toda é o Vietnã, que com safra cheia “inundou” o mercado de café, provocando um comportamento vicioso e prejudicial ao preço da bebida: Os produtores seguravam seus lotes, evitando negociá-los a preços baixos. Isso aumenta o sentimento de oferta abundante (por causa do aumento de estoques) gerando venda especulativa e, com o tempo, a necessidade de caixa obrigava a executar vendas. Não há nada mais baixista do que produtor segurando lote. O que temos hoje? Temos o Brasil – maior produtor e exportador mundial de Arábica – em plena colheita, com dólar em alta e sem perspectiva de preços em tendência positiva, ainda que este ano seja de ciclo de produção fraca. Ano que vem é ano de safra cheia, o que joga a perspectiva de melhora de preços somente para 2015. Café está barato? Sim! Está na hora de comprar? Penso que não. O mercado já mostrou verdadeira a máxima que diz “não há nada que tenha caído tanto que não possa cair mais”. Compras com objetivos curtos podem ser interessantes sim, mas a tendência de queda é clara. *Os textos e gráfico são de autoria da XP Investimentos


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RECEITAS

Risoto de Frango Ingredientes: 1 colher (sopa) de manteiga 1/2 xícara (chá) de azeite 1 colher (sopa) de alho picado 3 colheres (sopa) de cebola picada 500 g de peito de frango cortado de forma irregular (1 1/2 peitos) 3 xícaras (chá) de arroz arbóreo 1 copo (americano) de vinho branco 2 litros de água fervente com 4 tabletes de caldo de galinha dissolvidos 1 1/2 xícara (chá) de queijo ralado

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1 colher (sopa) de manteiga Sugestão: 2 colheres (sopa) creme de leite fresco no final

Modo de preparo Coloque a manteiga e o azeite na panela. Leve ao fogo e deixe aquecer bem (quase queimando). Doure primeiro a cebola e depois o alho, junte o frango. Adicione o vinho e deixe evaporar. Vá pingado o caldo de galinha e mexendo, pingando e mexendo, pingando e mexendo. Quando o arroz estiver cozido, misture o queijo e finalize com a manteiga.




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