Revista PORKWORLD ED.78

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Mercado Matéria especial com o relatório oficial sobre as projeções para o agronegócio até 2023 Produtividade Artigo exclusivo aborda pontos-chaves para alcançar 35 leitões desmamados por fêmea ano

JBS

Após comprar a Seara, o JBS se prepara para atacar o mercado da BRF, líder absoluta em frangos e suínos no Brasil


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EDITORIAL

O

mercado da suinocultura está em ebulição! As notícias ‘pipocam’ todos os dias! JBS crescendo! Ferrenha disputa entre os gigantes do agronegócio envolvendo a BRF, JBS, Marfrig... E tem ainda os promissores embarques da carne suína produzida em Santa Catarina para o Japão. Esta, inclusive, uma das melhores notícias veiculadas nos últimos tempos! Um dos mais exigentes mercados se abriu à nossa carne suína! E vem muito mais por aí com as negociações com a Ucrânia, também! Vale lembrar que no ano passado, o volume exportado para a Ucrânia foi de 139 mil toneladas. A suinocultura está crescendo, se desenvolvendo e, acima de tudo, o setor está se profissionalizando ainda mais! Quando vemos as notícias de grandes disputas pela fatia do mercado, por grandes corporações, podemos vislumbrar o quão grande é este mercado e o quanto ainda podemos crescer, interna e externamente. É como relatou Jurandi Soares Machado, diretor de mercado interno da Associação da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, a Abipecs: “A abertura de novos mercados está gerando

FLAVIA ROPPA PRESIDENTE

uma expectativa de enxugamento dos estoques e de recuperação dos volumes exportados e dos preços, tanto no mercado externo como nos internos”. Mesmo com toda esta “efervescência”, o produtores estão na expectativa da evolução mercadológica da suinocultura, na luta de sempre pelos melhores preços e ajustes entre a oferta e a demanda. É como relatou Losivanio Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos: “os suinocultores aguardam o retorno dos investimentos, já que todas as melhorias em sanidade e qualidade dependem quase que exclusivamente desses empresários que precisam receber de forma justa pelo seu trabalho”. As vitórias internacionais são o reflexo do trabalho do homem do campo! Do suinocultor que cuida de sua produção, que a adequou aos mais rígidos padrões produtivos e que faz, da sua granja, sua empresa, seu negócio! É para você, suinocultor, que este auditório no Japão, bateu palmas na recente visita da comitiva brasileira àquele país. E nós, aqui da Porkworld, refletimos para vocês, estas palmas! Parabéns, suinocultores!


EXPEDIENTE Safeway | Grupo AW | Uma referência no Agronegócio com uma proposta de informação atualizada e de alto nível. O Grupo AW hoje é referência de know-how em suinocultura e avicultura, aproximando empresas, técnicos, produtores, universidades, executivos e gestores do agronegócio brasileiro e mundial.

DIRETORES Estevão Ferraz Pieroni | Diretor Comercial estevao@sspe.com.br Flavia Roppa | Diretora de Comunicação e Marketing flavia@grupoaw.com.br REDAÇÃO Carolina Sibila Imprensa@sspe.com.br Fernanda de Paulo jornalismo@sspe.com.br Renata Cunha agroassessoria@sspe.com.br Jornalistas colaboradores Giovana de Paula Giovani Hamada Carla Vido ATENDIMENTO COMERCIAL Camila Urias | Executiva de Contas Mídias u.comercial@sspe.com.br Valcir Callogeras | Executivo de contas Mídias comercial@sspe.com.br Daniel Diniz | Executivo de contas Projetos de Estandes atendimento@sspe.com.br Fernanda Colucci Malagodi | Executiva de contas | Comunicação e Eventos c.comercial@sspe.com.br PROJETO GRÁFICO Designer Gráfico Guilherme Neptune Marcon gneptune@gmail.com PUBLICAÇÕES

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06

ENTREVISTA Parceiros do Mercosul decepcionam país

18

PORK NEWS As principais notícias da suinocultura brasileira e mundial e as novidades corporativas

28

FRASES As frases de destaque do mundo do agronegócio

30

CAPA JBS bate de frente com a BRF

32

Especial Japão: tudo pronto para o embarque


38

MERCADO Projeções para o agronegócio 2023

46

Empresas Choice Genetics: nasce uma nova empresa com mais de 100 anos de experiência

62

Nutrição A obtenção de animais sadios. Parte 1

68

Manejo Pontos-chaves para melhorar a qualidade dos leitões

76

Produção Embutidos Pagan: granja muda o foco e cresce com a fabricação de produtos

84

Personalidade Everton Gubert se destaca pela inovação na Gestão da Informação

88

Colunistas A voz das ruas e o PIBinho, por Ricardo Amorim. Mercado chinês oferece novas oportunidades de comercialização no país, por Marcos Fava Neves e Tássia Gerbasi

94

WSPA News Bem-estar animal na cadeia produtiva

98

ABRA News A internacionalização da Reciclagem Animal brasileira

102

Estatísticas Perspectivas positivas para o segundo semestre

106

Pregão Panorama macroeconômico

112

EVENTOS Eventos paralelos marcam a programação da PorkExpo 2014

114

Agenda e Cartas Fique antenado sobre os principais eventos do setor e confira a opinião dos leitores

116

Receita Carré de Suíno ao molho de mostarda com gergelim


ENTREVISTA

Parceiros do Mercosul decepcionam país

Barreiras não comerciais aplicadas pela Argentina dificultam a exportação brasileira e prejudicam o setor por CARLA OLIVEIRA

foto Divulgação

P

aíses do Mercosul desapontam o Brasil em relação às indústrias de processamento de carne suína e o país deve começar a pensar em alternativas mais viáveis. A Argentina, por exemplo, adotou algumas medidas que estão dificultando a exportação da carne suína brasileira. O processo tem sido tão complicado e burocrático que tem desmotivado a compra da carne nacional por clientes. Segundo informações divulgadas pelo Sindicarne (Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina) o Brasil vende hoje 33,0% do que vendia para a Argentina em 2011 em carne suína.Para Clever Pirola Avila, 54, formado em engenharia química, presidente do Sindicarne e atual Diretor de Desenvolvimento Sustentável e Tecnologia a nível mundial da Marfrig, a burocracia criada pela Argentina se deve à necessidade do país em equilibrar sua balança comercial e segundo ele o Brasil deveria procurar medidas para não ficar na dependência da Argentina buscando novos parceiros a nível mundial para exportação de carne suína. O presidente do sindicato ainda diz que Santa Catarina é um dos estados brasileiros que servem de exemplo de Planejamento a longo prazo e para acreditarmos que podemos construir um futuro diferente. “Santa Catarina é o único Estado do Brasil com “status sanitário” diferenciado, fruto de parceria efetiva entre Governo Federal (Ministério 6


da Agricultura – Sanidade , Laboratórios, DIPOA, SIPOA, SIF e Embrapa), Governo Estadual (Secretaria da Agricultura, Secretaria da Fazenda, Cidasc, Fapesc), Setor Privado (Agroindústrias), Entidades Setoriais (Sindicarne, ICASA, CEDISA, ABIPECS), os quais aplicaram esforços e conhecimento conjunto na busca de novos mercados”, afirma Avila ao falar com orgulho do estado. Com 30 anos de experiência na área e com alto grau de conhecimento, ele dá entrevista. exclusiva para a Pork World e fala sobre os problemas enfrentados pelo Brasil devido a burocracia adotada pela Argentina em relação a exportação brasileira e também sobre as soluções que deveríamos adotar. Veja os principais trechos da entrevista: Porkworld - A exportação de carne suína para Argentina tem diminuído ano a ano. A que se dá esta diminuição? Clever Pirola Avila – A Argentina está necessitando ajustar sua balança comercial com o Brasil e decidiu adotar barreiras não comerciais, aplicando bu-

na dependência da Argentina e países vizinhos? Como o setor poderia minimizar ou evitar este tipo de problema? Clever Pirola Avila – O Brasil deveria seguir seu caminho individualmente, como fizeram Chile e México e buscar outros parceiros comerciais a nível mundial. Porkworld - Quais são os principais riscos que corremos? Clever Pirola Avila – Nosso setor depende de visão a longo prazo em função do ciclo natural da cadeia produtiva. Portanto lidar com Países Importadores instáveis, coloca em risco todo um planejamento produtivo e comercial – que deveria estar embasado em parcerias duradouras. Porkworld - O senhor diz que o bloco econômico não evoluiu como deveria. O que não foi atendido?

“O Brasil deveria seguir seu caminho individualmente, como fizeram Chile e México e buscar outros parceiros comerciais a nível mundial.” rocracias adicionais na emissão das licenças de importação. O processo é tão moroso que desmotiva os clientes a comprar do Brasil. Porkworld - Em algumas matérias que saíram na mídia foi dito que a imaturidade e falta de visão de longo prazo dos parceiros comerciais do Brasil, especialmente a Argentina criam entraves ao livre comércio. Qual é o maior problema entre Brasil e Argentina?

Clever Pirola Avila – Na realidade as metas ambiciosas deste bloco comercial não foram atingidas pela realidade diferenciada em cada País: tipo de Governo, Economia, Infraestrutura, entre outros. E o que mais os prejudica é que este acordo dificulta a busca de alternativas individuais de cada País. Porkworld - O consumo interno seria uma solução para não dependermos de outros países?

Clever Pirola Avila – Deveríamos aplicar a mesma moeda para os produtos importados da Argentina.

Clever Pirola Avila – A natureza mais adequada é certamente fortalecer o mercado interno e após fazer a busca de mercados externos. Em função de fatores internos do Brasil no passado (baixo poder aquisitivo da maioria da população, inflação, câmbio, incentivos do Governo, etc.) passamos a fazer esforços na busca de exportar. Neste momento estamos dando maioratenção para o Mercado Interno, lançando novos produtos e serviços e tentando ampliar a base de consumo do Brasil.

Porkworld - A diminuição da exportação prejudica o Brasil, há alguma solução para que o país não fique

Porkworld - Quando o senhor acha que a exportação da nossa carne suína ficará estável?

Clever Pirola Avila – Na realidade é o acordo do Mercosul, que impõem regras para o Bloco e dificulta outros acordos bilaterais. Porkworld - Em sua opinião como isso pode ser resolvido?

agosto 2013 / edição 78

7


ENTREVISTA Clever Pirola Avila – Depois de onze anos de trabalho incansável, o Estado de SC conseguiu habilitar mercados importantes para estabilização e crescimento sustentável da carne suína.Podemos agora exportar também para mercados mais maduros, como China, USA e principalmente Japão. Oxalá ainda possamos obter no final do ano a habilitação para a Coréia do Sul.

Daqui há uma década estaremos comemorando certamente como sendo um dos maiores players de carne suína do mundo. Porkworld - Por que o senhor acha que o compromisso dos quatro países (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) para harmonizar as legislações ficou incompleta?

“Deveríamos aplicar a mesma moeda para os produtos importados da Argentina.” Porkworld - Tem uma estimativa da exportação dos últimos anos e previsão para os próximos? Clever Pirola Avila – O sucesso obtido com exportação de carne de frango nas últimas 4 décadas, acredito que agora possamos reproduzir para a carne suína.

Clever Pirola Avila – Como realmente há um desnivelamento entre os Países, a solução encontrada foi adotar o “mínimo necessário”. Nesta linha encontramos situações incompletas e que certamente impedem uma evolução mais efetiva do bloco.

Abaixo relatório divulgado no site da ABIPECS em relação a exportação nacional

Principais destinos da Carne Suína brasileira - JAN/MAI 2013

8

PAISES

TON

PARTICIPAÇÃO

US$ MIL

PARTICIPAÇÃO

RUSSIA, FED.DA

56.298

28,16

28,16

28,16

HONG KONG

49.100

24,56

24,56

24,56

UCRANIA

25.097

12,56

12,56

12,56

ANGOLA

14.372

7,19

7,19

7,19

CINGAPURA

11.365

5,69

5,69

5,69

URUGUAI

9.049

4,53

4,53

4,53

ARGENTINA

7.331

3,67

24.125

4,54

GEORGIA, REP.DA

4.488

2,25

9.216

1,73

ARMENIA

3.105

1,55

6.728

1,27

EMIR.ARABES UN.

2.370

1,19

6.284

1,18

OUTROS

17.313

8,66

33.701

6,34

TOTAL

199.889

100,00

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ENTREVISTA

Acordo entre EUA e Europa prejudica Brasil

Negociações para acordo de livre comércio pode tirar país de um de seus principais mercados por CARLA OLIVEIRA foto divulgação 10


O

possível acordo entre Estados Unidos e União Europeia de livre comércio pode resultar na maior zona livre comércio do mundo e pode trazer impacto negativo para o Mercosul. Há dez anos as questões agrícolas e industriais estão em pauta nas conversas entre a União Europeia e Estados Unidos, mas não chegaram ainda a um acordo. A primeira discussão sobre o assunto começou no início do mês de Julho entre o representante norte-americano de Comércio Exterior e o chefe das negociações europeu, porém, sem a presença de jornalistas. Outras reuniões também foram realizadas durante o mês. José Zeferino Pedrozo, ex-presidente da Coopercentral Aurora e grande incentivador do agronegócio brasileiro, foi à Europa com a Senadora Kátia Abreu para entender um pouco mais sobre o possível acordo e conta para a PorkWorld como foi esta visita e qual a relação do Brasil neste processo.

ACORDO EUA-EUROPA PorkWorld - Poderia nos falar sobre o acordo EUA-Europa? José Zeferino Pedrozo: Retornei preocupado da missão à Europa, que foi organizada pela presidente da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) e Senadora, Kátia Abreu. Os Estados Unidos e a União Europeia preparam um grande acordo de cooperação e livre-comércio que pode retirar do Brasil um de seus principais mercados. PorkWorld - wQual a participação da Europa nas exportações do Brasil? José Zeferino Pedrozo: A Europa absorve 20% das exportações brasileiras – grande parte ancorada em produtos do agronegócio, como carnes e grãos – e eventual perda desse mercado representará bilhões de reais em prejuízo. Os principais contatos da missão à Europa foram mantidos em Genebra (Suíça) e Bruxelas (Bélgica). PorkWorld - Qual a raiz do problema em sua opinião? José Zeferino Pedrozo: O mal amarrado acordo do Mercosul, em razão do protecionismo incentivado por alguns países desse bloco sul-americano. Kátia e eu voltamos convencidos que o Mercosul é um entrave nas negociações de liberalização do comércio com a União Europeia. Por isso, utilizarão todos os ins-

trumentos legais e democráticos para mudar o acordo no Mercosul. PorkWorld - O que o Senhor mais teme neste processo? José Zeferino Pedrozo: Temo que eventual aprovação de um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia represente o surgimento de novos desafios internacionais para o Brasil. O objetivo declarado de americanos e europeus é chegar o mais perto possível de uma área “transatlântica” de livre comércio e usar essa integração para impulsionar a geração de empregos e crescimento econômico. O dirigente aponta que o resultado pode ser a maior zona de livre comércio do planeta - um gigante reunindo metade do PIB e um terço de todas as trocas comerciais globais. PorkWorld - Até qual ponto podemos nos prejudicar com este acordo? José Zeferino Pedrozo: Ainda é cedo para entender até que ponto o acordo poderia fazer produtores de outros países perderem mercados americanos e europeus para concorrentes locais. No caso do Brasil, há muita convergência nas pautas de exportação brasileiras para os EUA e para a Europa - o que limitaria o impacto do acordo. É possível que setores específicos possam sofrer com a concorrência de rivais do Norte nesses mercados, dependendo dos termos e perfil do acordo. PorkWorld - Neste processo há mais algum ponto importante a destacar? José Zeferino Pedrozo: Sim. Além das tarifas, EUA e Europa também pretendem reduzir as barreiras não tarifárias ao comércio (regulamentações que encarecem os negócios) e facilitar investimentos bilaterais.

CONHEÇA MAIS SOBRE JOSÉ ZEFERINO PEDROZO PorkWorld - Poderia fazer um resumo de sua trajetória profissional? José Zeferino Pedrozo: Sou um homem simples, mas com uma jornada que tenho orgulho. Minha vida está umbilicalmente vinculada às estruturas associativas agosto 2013 / edição 78

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ENTREVISTA do setor primário da economia catarinense. Sou empresário, produtor rural, dirigente sindical e líder cooperativista, além de ex-vereador e ex-deputado. PorkWorld - Como iniciou sua carreira pública e no agronegócio? José Zeferino Pedrozo: Minha vocação para os assuntos da coletividade me conduziram, na década de 1960, à Câmara de Vereadores de Campos Novos e a prefeito provisório de Erval Velho e minha identificação com o agronegócio e o associativismo emergiu com todo vigor na década de 1980 quando, sucessiva ou cumulativamente, presidi o Sindicato Rural de Joaçaba, a Cooperativa Rio do Peixe e a Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, além de ocupar a vice-presidência do conglomerado Coopercentral Aurora, de Chapecó. Em nome desse associativismo, Pedrozo cumpri dois mandatos de deputado estadual no período 1986/1994, os quais deu por encerrada minha participação na vida pública, sem buscar uma terceira legislatura, voltando a dedicar-se ao cooperativismo e ao sindicalismo patronal rural. PorkWorld - Qual a participação do Senhor em relação a Coopercentral Aurora? José Zeferino Pedrozo: Ao lado do pioneiro Aury Luiz Bodanese, desaparecido em 2003, ajudei a conceber, projetar e construir a Cooperativa Central Oeste Catarinense, a Coopercentral Aurora, hoje um conglomerado com mais de 11.000 empregados e receita operacional bruta superior a R$ 2 bilhões de reais, pertencente a 17 cooperativas singulares que, juntas, representam 79.000 produtores rurais. PorkWorld - Exerceu por quanto tempo a vice-presidência da Aurora? José Zeferino Pedrozo: Exerci minha função na Aurora de 1983 a 2002, compondo uma formidável parceria com Bodanese. PorkWorld - Como foi que passou de vice-presidente a presidente da Coopercentral? José Zeferino Pedrozo: Quando uma sucessão de problemas de saúde impediram Bodanese de permanecer à frente do conglomerado, em 2002, fui catapultado à presidência. PorkWorld - Quais foram os avanços em sua gestão?

12

José Zeferino Pedrozo: Nos quatro anos de meu mandato, que agora se encerra, acredito que tenha modernizado a gestão. Ampliei as plantas industriais, intensifiquei a ampliação das linhas de produção, lancei centenas de novos produtos e levei a Coopercentral a ingressar na área de lácteos e de massas. Enfim, elevei os indicadores de competitividade, com a consciência de que a natureza cooperativista. PorkWorld - Como encerrou sua contribuição ao cooperativismo? José Zeferino Pedrozo: Entreguei o comando da Aurora ao meu sucessor, Mário Lanznaster. Saí altivo, com o coração leve pela certeza do dever cumprido. A empresa, bem posicionada nos mercados interno e externo, o processo sucessório democraticamente encaminhado, os indicadores de desempenho saudáveis, os resultados empresariais positivos e o clima organizacional resplandecendo harmonia, confiança e entusiasmo, atestam o sucesso de sua administração.

“Nos quatro anos de meu mandato, que agora se encerra, acredito que tenha modernizado a gestão. Ampliei as plantas indus­triais, intensifiquei a ampliação das linhas de produ­ção, lancei centenas de novos produtos e levei a Coo­percentral a ingressar na área de lácteos e de massas. Enfim, elevei os indicadores de competitividade, com a consciência de que a natureza cooperativista”.


agosto 2013 / edição 78

13


ENTREVISTA

‘Complexo carnes’: oferta equilibrada e baixos custos de produção dão o tom do segundo semestre no Brasil

O

equilíbrio entre oferta e demanda e os baixos custos de produção serão a tônica do “complexo carnes neste segundo semestre no Brasil. É o que aponta em entrevista exclusiva à Porkworld, Elias José Zydek, Diretor Executivo da Frimesa Cooperativa Central. Porém, Zydek faz uma ressalva: os custos de produção sofrerão outros aumentos provocados pelo custo da mão de obra, logística, embalagens e tributos. 14

Já em relação aos preços praticados no mercado de grãos, que impactam diretamente o ‘complexo carnes’, ele aponta uma manutenção dos valores atuais. “O preço dos grãos no Brasil caiu devido à boa safra colhida e a expectativa de excelente “safrinha” de milho. Essa queda deverá manter os preços baixos durante todo ano de 2013”, destacou. Acompanhe os principais trechos da entrevista de Elias José Zydek, Diretor Executivo da Frimesa:


Porkworld - Como o Sr. avalia o fato de que os preços mundiais dos alimentos subiram em média 1% em abril em comparação com março deste ano e também em relação a abril de 2012, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)? O índice de preços da FAO, que reúne os custos de uma cesta de commodities, ficou em 215,5 pontos no mês. Nesse nível, o índice é apenas 9% inferior ao pico alcançado em fevereiro de 2011. Elias José Zydek - Os preços mundiais dos alimentos são sensíveis ao movimento de oferta e demanda. A seca para os grãos americanos e para a produção de leite da Nova Zelândia e Austrália reduziu a oferta, ocasionando Porkworld - Já o índice que mede o preço dos grãos caiu 4,1% no mês, para 234,6 pontos, principalmente pelo declínio no preço do milho, dada a expectativa de aumento da produção em 2013. O senhor acredita que este declínio irá se manter no segundo semestre deste ano? Elias José Zydek - O preço dos grãos no Brasil caiu devido à boa safra colhida e a expectativa de excelente “safrinha” de milho. Essa queda deverá manter os preços baixos durante todo ano de 2013. Porkworld - Quais são as projeções para este segundo semestre para o ‘complexo carnes’ e sua relação com os preços praticados no mercado de grãos? Elias José Zydek - Os preços dentro do ‘complexo carnes’ deverão seguir uma estabilidade, havendo uma manutenção dos valores praticados atualmente devido ao equilíbrio entre a oferta e a demanda. Além deste fator, outro detalhe será o custo de produção, que tenderá a permanecer mais baixo, puxados pelos grãos. Uma ressalva é o registro dos aumentos provocados pelo custo da mão de obra, logística, embalagens e tributos. Porkworld - A participação brasileira no Salão internacional de Alimentação de Xangai (SIAL), a maior feira do setor da China, foi um sucesso, como apontou o diretor de Promoção Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Marcelo Junqueira. Em três dias de exibição o Brasil apresentou diversos produtos agropecuários processados, como vinhos, própolis, cafés gourmet e carnes. Os negócios podem chegar a US$ 15 milhões, apenas na feira. O Senhor vê como positivo este estreitamento com o mercado asiático e como o Brasil terá de se preparar para suportar a demanda?

Elias José Zydek - O mercado internacional para as carnes brasileiras ainda apresenta restrições e continua discriminatório. Todas as iniciativas públicas e privadas são válidas para romper as barreiras atuais. Não acreditamos numa demanda expressiva em um curto prazo. Porkworld - O produto brasileiro é altamente competitivo em vários segmentos do Agronegócio, como o de carnes. Que caminhos o Brasil deve trilhar para manutenção e melhoria deste status? Elias José Zydek - O Brasil está perdendo competitividade no segmento carnes. As causas são a alta carga tributária, a legislação trabalhista improdutiva, a péssima infraestrutura de logística, a interferência legalista do estado, a incerteza quanto aos marcos regulatórios (trabalhistas, tributários, de propriedade, ambientais) e a insegurança econômica e política. Esses obstáculos precisam ser removidos urgentemente porque hoje produtos brasileiros já custam mais que dos países competidores. Porkworld - Como podemos melhorar a marca dos produtos brasileiros internacionalmente? Elias José Zydek - A marca das commodities chama-se preço e qualidade, se tivermos, venderemos. Esse será o caminho. Porkworld - Quais são os caminhos que a política brasileira deve trilhar para um ajuste entre Sindi catos, governo e empresas que atuam no Agronegócio? Quais são os detalhes que faltam nesta relação? Elias José Zydek - A relação dos políticos, governo, sindicalismo e setor produtivo é passiva e desproporcional. O agronegócio produtivo está fora das definições políticas governamentais. Estes agem popularmente e eleitoralmente enquanto o agronegócio surfa nas oportunidades proporcionadas pelos mercados. Não existe consistência de políticas de longo prazo, de infraestrutura, de relações comerciais internacionais estáveis. As ameaças internas com a criação de novas leis, insegurança patrimonial, instabilidade institucional, hipertrofia assustadora do estado e domínio do sindicalismo clientelista, poucas chances de progresso nas relações deverá ocorrer. A questão fundamental está no modelo equivocado estabelecido atualmente no Brasil. O sufoco do setor produtivo começa a apresentar sinais de insustentabilidade.

junho 2013 / edição 76

15


PORK NEWS

Negócios C. Vale se destaca e conquista Melhores do ano em suínos e Aves da Revista Exame

A

C. Vale Cooperativa Agroindustrial, com atuação nos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enfrentou vários percalços em 2012. A estiagem no Paraná prejudicou a safra de soja – os associados só não perderam o ano por causa dos bons preços do milho. Na Avicultura a C.Vale sofreu o impacto de um incêndio que atingiu seu abatedouro em 2011 e reduziu a capacidade de abate para 320.000 frangos por dia. Mesmo assim a cooperativa reagiu. “Hoje abatemos 350.000 frangos por dia. No próximo ano, queremos chegar a 600.000” diz Alfredo Lang, presidente da C.Vale. “Com diversificação de produtos e mercados, nos últimos 18 anos temos dobrado a receita a cada quatro anos”, afirma Lang.

Vendas Líquidas

Lucro Líquido Ajustado (em US$ milhões)

Patrimônio líquido ajustado (em US$ milhões)

Margem de Vendas (em %)

Riqueza criada por empregado ( em US$ mil)

Ações na Bolsa

Ações na Bolsa

milhões de reais

milhões de dolares

Ordem 400 Maiores

C.Vale / PR

3.270,8

1.600.6

33

19.1

428.8

1.2

34.6

Não

Brasileiro

505

Nutriza /GO

438.1

214.4

193

13.6

85.2

6.3

14.1

Não

Brasileiro

3

460

Superfrango/GO

504.1

246.7

169

19.0

94.2

7.7

22.3

Não

Brasileiro

4

455

Frangos Canção/PR

895.1

438.0

96

19.3

100.8

4.4

20.6

Não

Brasileiro

5

455

Pamplona/SC

672.1

328.9

134

15.1

106.8

4.6

47.2

Não

Brasileiro

6

435

Copérdia/SC

628.2

307.4

144

8.1

55.3

2.6

28.3

Não

Brasileiro

7

425

Aurora Alimentos/SC

4.286.9

2.097.8

24

63.7

425.0

3.0

NI

Não

Brasileiro

8

410

Saudali/MG

191.1

93.5

346

3.0

17.8

3.2

24.9

Não

Brasileiro

9

390

Frimesa/PR

1.269.4

621.2

73

14.1

118.3

2.3

31.3

Não

Brasileiro

10

390

Copacol/PR

1.576.4

771.4

58

26.4

288.5

3.4

25.2

Não

Brasileiro

Ordem em 2012

Pontos

Empresa/Sede

1

510

2

grãos USDA: Plantio americano surpreende, e grãos têm queda

O

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) surpreendeu o mercado e derrubou os preços internacionais dos grãos. Em relatório divulgado, o USDA informou que os agricultores americanos plantaram neste ano (safra 2013/14) 39,4 milhões de hectares com milho, a maior área dedicada ao cereal desde 1936. O número ficou ligeiramente acima da primeira projeção do próprio USDA, de 39,37 milhões de hectares, divulgada em março, ainda antes de os produtores irem a campo. Na média, analistas de mercado esperavam uma redução para 38,6 milhões. Na avaliação de Steve Cachia, analista da Cerealpar, os números indicam que a determinação do produtor americano em plantar milho a todo custo foi “levada ao pé da letra”. “Muitos plantaram fora do período recomendado, que seria integralmente coberto pelo seguro.” De acordo com as novas estimativas do USDA, a soja deverá ocupar 31,4 milhões de hectares em 2013 - um novo recorde. A área é 0,7% maior que a registrada no ano passado e também superior à projeção inicial do USDA, de 31,2 milhões de hectares. Ainda assim, frustrou as expectativas. Na média, analistas previam 31,6 milhões de hectares.

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CONSUMO Brasileiro eleva consumo de carne para 42 quilos por ano, aponta CNA

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residente da entidade afirma que o foco do Brasil é estreitar as relações comerciais com a China e aumentar a cultura do consumo de carne naquele país. O consumo de carne no Brasil cresceu de 36 quilos por pessoa por ano em 2010 para 42 quilos neste ano, confirmando que o Brasil é uma boa opção de mercado. A afirmação é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, durante palestra “A visão do setor produtivo”, apresentada para cerca de mil empreendedores rurais de 11 países, no final do mês de junho, no Congresso Internacional da Carne, em Goiânia. “Estamos bem no mercado externo, a Europa é um exemplo disso. De tudo o que importam, 20% sai do Brasil. Mas nosso foco tem sido a China, queremos aumentar a cultura de consumo de carne naquele país e estamos agindo nesse sentido, sem desvalorizarmos o consumo dos brasileiros, que faz toda a diferença”, afirmou Kátia Abreu. Para o diretor de relações institucionais da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Rogério Beretta, o acréscimo no consumo é reflexo dos gastos com a produção. “As tecnologias desenvolvidas no Brasil deixam os custos de produção mais baratos do que em outros países, fazendo com que o preço para o consumidor seja mais atrativo”, afirma Beretta, ao comparar o custo de produção da carne do Brasil, que chega a US$ 3 por quilo, com a carne da Europa, que pode custar US$ 6.

PERspectivas Relatório projeta crescimento de 35% para carne brasileira

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rojeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicam perspectivas positivas para o agronegócio brasileiro nos próximos dez anos. Além da ampliação das lavouras e do crescimento da produção de grãos, é destaque o aumento da produção de carnes – bovina, suína e aves. Segundo o relatório Projeções do Agronegócio - Brasil 2012/23 a 2022/23, lançado no final de junho, a produção de carnes deverá crescer 35% no período. De acordo com o estudo, o responsável pela expansão será o crescimento do consumo, sobretudo interno. Pelas previsões, em relação aos números deste ano, mais 9,3 milhões de toneladas de carnes serão produzidas no país em dez anos, com o total passando de 26,5 milhões de toneladas para 35,8 milhões de toneladas. Quanto ao consumo de carnes, o relatório projeta aumento de 3,6% ao ano, no período 2013-2023. As carnes fazem parte de uma cesta mais diversificada, que começa a se formar com o aumento de renda das populações, tanto da população mundial quanto da população local, disse o coordenador geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. “O produto está diretamente relacionado ao aumento da renda: se a renda aumenta, aumenta também o consumo de carne”, explicou Gasques. No que diz respeito à exportação, as projeções indicam aumento de 13,7% a 59,5% para o frango, de 28,9% a 110,5% para a carne bovina e de 29,4% a 87,3% para suína. O relatório diz que os principais compradores deverão ser os Estados Unidos, seguidos de países africanos, da Rússia e do Japão.

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Mercado Assinatura oficializa exportação de carne suína catarinense ao Japão

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assinatura do acordo entre Santa Catarina e Japão oficializou a exportação da carne suína catarinense ao país oriental. Os primeiros embarques da carne suína catarinense deixaram o estado em julho e devem chegar aos compradores japoneses em agosto. A partir do dia 24 de maio deste ano, os produtores catarinenses foram liberados para exportar carne suína ao Japão. Em novembro do ano passado, Raimundo Colombo esteve no Ministério da Agricultura do Japão para mostrar como Santa Catarina estava preparada para exportar o produto e como eram os controles sanitários no estado. Para selar a parceria, uma comitiva do governo do estado no final de junho, em Tóquio, de um seminário que reuniu lideranças do agronegócio e empresários catarinenses e japoneses. Em seguida, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, visitou o Ministério de Agricultura, Floresta e Pesca japonês, onde assinou e entregou documento confirmando que Santa Catarina atenderá as exigências necessárias para dar início às exportações.

consumo Projeto visa incluir carne suína na merenda escolar

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stá em fase final o projeto de inserção da carne suína na merenda escolar de crianças de Tapurah, no norte de Mato Grosso. A iniciativa é da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) em parceria com a prefeitura da cidade e visa diversificar a alimentação dos alunos. Tapurah é o município que possui o maior plantel em Mato Grosso, por isto a cidade vai receber um certificado da Acrismat. Na ocasião também será realizada um reunião entre membros da prefeitura e da associação de criadores para acertar detalhes do projeto. O diretor-executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, disse que o projeto é piloto, mas pretende incentivar o consumo da carne suína e fomentar o setor de produção no estado. “A carne de porco é mais barata que a bovina, possui menos sódio e também é mais digestiva que as convencionais. Estes benefícios devem atrair cada vez mais novos consumidores. Quando se aplica um projeto deste como as crianças, e elas gostam, é uma forma atrair novos consumidores”.

estatísticas Abate de suínos subiu 1,7% no primeiro trimestre de 2013

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abate de bovinos no primeiro trimestre de 2013 foi o maior já registrado para o começo do ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A entidade divulgou hoje as Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais e Aquisição de Leite, Couro e Produção de Ovos, cuja série histórica começou em 1997. Nos três primeiros meses deste ano, foram abatidas 8,1 milhões de cabeças, um crescimento de 12,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O peso acumulado chegou a 1,9 milhão de toneladas, valor 13,2% maior que o do mesmo período de 2012. Apesar disso, houve recuo de 2,4% na comparação com o último trimestre do ano passado. O crescimento do abate ocorreu em todas as regiões do país. O Sudeste teve a maior alta, de 18,1%, seguida pelo Centro-Oeste, com 17,5%. Norte (6,2%), Sul (8%) e Nordeste (2,3%) avançaram menos que a média nacional. Entre os Estados, destacou-se Mato Grosso — além de ser o maior produtor, teve alta de 20,5%. O abate de suínos subiu 1,7% em relação ao primeiro trimestre de 2012, para 8,9 milhões de cabeças, mas caiu 1,9% frente ao último período de 2012. O Sul também concentra a maior parte da produção do setor, com 65,8%.

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expectativa Produtores esperam recuperar exportações no 2º semestre

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xportadores de carne suína estão otimistas e esperam recuperar as vendas a partir do segundo semestre. Com a abertura do mercado japonês e o retorno dos pedidos da Ucrânia, o mercado suinocultor acredita em dias melhores. O Japão já deu sinal verde para que a carne produzida em Santa Catarina seja comprada. O Estado é o único livre de aftosa sem a necessidade de vacinação, e por isso, já pode fechar negócios. A esperança dos empresários é recuperar o que foi perdido no primeiro semestre deste ano, que apresentou números abaixo do esperado. A aprovação para que os brasileiros pudessem exportar levou cerca de sete anos para sair, dentro dos pré-requisitos que o Japão pedia. Isso vai favorecer a negociação com outros países, como a Coreia do Sul, segundo maior importador mundial. Outra notícia que anima o setor é a volta das importações da Ucrânia, que representavam cerca de 20% de tudo que era exportado pelo Brasil. O embargo à carne suína brasileira foi feita há cerca de três meses, quando foi encontrada a bactéria Listeria. No período de janeiro a maio deste ano, o volume exportado pelo Brasil ficou 12% abaixo do que no mesmo período do ano passado.

negociação Primeiro lote de carne suína de SC aterrissa no Japão

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tão esperada estreia de embarques de carne suína catarinense ao mercado japonês após a abertura concretizada dia 30 de maio foi feita pela maior empresa do Estado, a BRF, de forma diferente. A companhia transportou por avião, da unidade de Campos Novos, um pequeno lote que chegou a Tóquio em junho para a realização do evento comemorativo da conquista do mercado. Tudo indica que a dona da Sadia e da Perdigão será pioneira também no embarque de contêineres. O diretor da companhia para a região da Ásia, Lio Cesar de Macedo Junior, diz que o primeiro chegar ao país em agosto. A Coopercentral Aurora está recebendo importadores, preparando os cortes e pretende iniciar os embarques em agosto, informou o gerente de exportação da organização, Dilvo Casagranda, que acompanha os eventos do setor em Tóquio. Com a abertura do mercado japonês para Santa Catarina, o Estado será o único do Brasil autorizado a exportar carne suína ao país asiático.


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EQUIPE Leonardo Costa é a nova contratação da MSD Saúde Animal

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eonardo Costa foi promovido a Diretor de Assuntos Regulatórios América Latina e Brasil, em junho. O profissional será responsável por todas as questões de assuntos regulatórios dos países da América Latina, juntamente com o time Global de Assuntos Regulatórios, para assegurar uma boa comunicação e agilizar as aprovações dos registros nos países da região. Ele também trabalhará próximo aos times de Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing Global para ajudar na busca de soluções para as necessidades dos países e da região. Leonardo Costa iniciou sua carreira em 2003 como Assistente de Marketing responsável por farmacovigilância da MSD Saúde Animal. Em 2005 foi promovido a Gerente de Assuntos Regulatórios e, em 2010, assumiu a posição de Diretor de Assuntos Regulatórios e Pesquisa e Desenvolvimento para o Brasil. Costa é formado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo/ USP, MBA em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing/ESPM e Pós-graduação em Engenharia Farmacêutica pelo Instituto Racine.

equipe Reforços na equipe de Suínos da Vetanco

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eforçando o conceito de relacionamento e de Assistência Técnica presente junto ao setor produtivo de suínos brasileiro, a Vetanco do Brasil apresenta para o mercado novos reforços da equipe de suínos: Lucas Piroca, Assistente Técnico Comercial – Suínos, que irá atuar em todo o estado de Santa Catarina, na área técnico/comercial gerenciada pelo M.V. Joaquim Bayalard. Felipe Koller, que assume a função de Coordenador Técnico – Suínos, no recentemente criado Departamento Técnico, gerenciado pelo M.V. Marcelo Dalmagro. A Vetanco do Brasil está investindo fortemente no setor de suínos, tanto em seu mix de produtos, quanto na sua equipe técnico/comercial. Esse ano o mix de produtos dobrou e muitas novidades ainda estão para acontecer. Conheça mais sobre os novos colaboradores: Felipe Leonardo Koller: Mestre em Ciências Veterinárias, com foco em sanidade de suínos, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Médico Veterinário desde 2003, formado pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC. Lucas Piroca: É Médico Veterinário desde 2010, formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Campus Toledo. Também é Técnico em Agropecuária pelo Centro de Educação Profissional 22


nutrição Novus lança enzima única para nutrição animal

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o início deste ano, a Novus International e a Verenium Corporation, que estão juntas em uma parceria para o desenvolvimento de enzimas para a nutrição animal desde 2011, anunciaram um progresso significativo para a comercialização da mais nova enzima de próxima geração para nutrição animal. No final de março as duas empresas anunciaram a seleção do pacote de enzimas a ser desenvolvido com o objetivo de melhorar a digestibilidade dos alimentos em dietas de monogástricos. A Novus informou que espera que estes produtos sejam lançados dentro do biênio 2014 - 2016. O diretor global de negócios da Novus para produtos fermentados, explica que a nova fitase tem uma intrínseca característica de termoestabilidade muito elevada que a permite suportar os processos de peletização em altas temperaturas e garante a entrega mais rápida e mais eficiente da enzima para o animal do que as alternativas existentes atualmente no mercado. Estas alegações são apoiadas por estudos de pesquisa, demonstrando que o produto oferece benefícios exclusivos para nutricionistas e consultores que buscam uma vantagem competitiva na alimentação de aves e suínos.

expansÃO Biorigin dobra sua capacidade produtiva

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Biorigin, multinacional brasileira que atua na produção de ingredientes naturais para alimentação humana e nutrição animal, dará início ao plano de expansão de sua unidade localizada na cidade de Quatá (SP), com o objetivo de dobrar sua capacidade produtiva. Com investimentos na ordem de U$120 milhões e início previsto para junho de 2013, o projeto contemplará as áreas de fermentação, cultura pura, autólise e secagem e apresentará os primeiros resultados no aumento da capacidade produtiva já em 2014. De acordo com Mario Steinmetz, diretor geral da Biorigin “Este investimento proporcionará à Biorigin a continuação de seu processo de crescimento sustentável nos mercados de Ingredientes Alimentícios e Nutrição Animal, possibilitando também continuarmos inovando em produtos e serviços, assim como temos feito nos últimos 10 anos.” Como unidade de negócios da Zilor, um dos maiores grupos sucroalcooleiros do Brasil, a Biorigin possui um set up único, onde a principal matéria-prima e as utilidades são produzidas de forma sustentável e com controle total da cadeia produtiva. agosto 2013 / edição 78

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genética Biogenic e Excentials BV estabelecem parceria para atuação no mercado brasileiro

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Biogenic e a Excentials BV, do Grupo europeu Orffa, estabeleceram uma parceria para atuação no mercado brasileiro. O Diretor da Biogenic, Ki Wan Jo, e o CEO da Orffa, Eddy Ketels, reuniram-se na sede da Biogenic, em Taboão da Serra, São Paulo, para acertar todos os detalhes. Segundo Wan Jo, será uma satisfação e honra atuar em conjunto com a Orffa. “A empresa é reconhecida internacionalmente e desenvolve um grande trabalho nos principais mercados de produção de proteína animal. A Orffa é diferenciada e tem referência técnica”, destacou Jo. Segundo Ketels, a empresa ficou muito impressionada com o nível de qualificação técnica da Biogenic, com a inovação de sua linha de produtos e com a experiência internacional da empresa. “É uma companhia que atua com transparência, possui conhecimento quanto ao mercado brasileiro e será um grande suporte à entrada da Orffa no Brasil”, afirmou.

PARCERIA Suiaves e DuPont fecham parceria para distribuição de importante solução para o mercado de aves e suínos

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divisão de Soluções Químicas da DuPont Brasil comunica que a Suiaves Comércio de Produtos Veterinários Ltda. é o distribuidor oficial para a comercialização da linha de desinfetantes DuPontTM Virkon® S, dirigida para o mercado de aves e suínos. O produto foi um dos primeiros desinfetantes oxidantes para uso agrícola, recomendado para o combate de mais de 500 patógenos causadores de doenças, principalmente nos locais dedicados para acriação animal. “Para oferecer o melhor atendimento aos clientes, optamos por centralizar a distribuição e comercialização em uma única empresa, que possui o know how e a estrutura necessária para atender todas as regiões do país”, explica Pedro Dias Jorge, gerente de Negócios para o segmento de Soluções Químicas da DuPont. Presente no mercado há 25 anos, a segurança oferecida por DuPontTM Virkon® S estabeleceu novos padrões em diversos aspectos da biosseguridade.

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RELACIONAMENTO Farmabase recebe a visita de parceiros catarinenses

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Farmabase recebeu a visita de profissionais da Copérdia, Sul Valle Alimentos e Cooper Auriverde em sua sede, em Jaguariúna (SP), no mês de junho. A iniciativa faz parte do Programa Portas Abertas cujo objetivo é levar os clientes para conhecer a sede da Farmabase, os procedimentos de produção, o controle de qualidade de seus produtos e as pessoas que fazem parte da empresa. Participaram do Portas Abertas o comprador Juliano Piovesan e o gerente de suinocultura da Copérdia Arlan Lorenzetti; o gerente de suinocultura da Sul Valle Alimentos, Rondinele Luft; e o Gerente de Agroveterianária da Cooper Auriverde, Fernando Fabris. Na ocasião, os visitantes também conheceram a nova identidade visual da Farmabase e as novas embalagens dos produtos durante a apresentação institucional da empresa realizada pelo gerente comercial, Vitor Franceschini. Logo após, o grupo de visitantes conheceu os conceitos de garantia de qualidade com a diretora de desenvolvimento e qualidade, Márcia Richena Pirágine. O diretor de operações, Alexandre Machado, conduziu uma visita à fábrica para os clientes conhecerem as instalações e linhas de produção da Farmabase, momento no qual foi possível os clientes verem na prática os cuidados da empresa para prevenção de risco de contaminação cruzada.

genética TOPIGS do Brasil realiza 3° Simpósio

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conteceu entre os dias 13 e 14 de junho na cidade de Chapecó, o 3° Simpósio TOPIGS – Atualização técnica: Rentabilidade e Eficiência na Granja. Participaram dos dois dias de evento mais de 100 pessoas entre suinocultores, clientes e parceiros da TOPIGS do Brasil. O objetivo do simpósio é integrar e atualizar os participantes sobre as ações de eficiência para os produtores de suínos. No segundo dia foram abordados temas como a otimização do uso dos reprodutores da central de sêmen, ministrado pelo convidado Pedro Ivo Quadros, Diretor Técnico Comercial da Bretanha Suínos; orientações sobre o peso ao nascimento e viabilidade do leitão, por Everton Silva, Suporte Técnico Sênior da TOPIGS do Brasil, e o convidado Dirceu Zotti, Gerente de Suinocultura da Cooperativa Lar, finalizou o evento falando do tema otimização de recursos e processos na suinocultura. agosto 2013 / edição 78

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governo Projeto que garante preço mínimo para a carne suína pode ser votado

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om a lei, o Governo poderá agir de três formas: primeiro sob concessão de subvenção econômica nas operações de crédito rural, onde o Poder Executivo poderá atuar diretamente no mercado, promovendo leilões e contratos de opções, para que os preços atinjam patamares melhores. O Executivo poderá também rever os juros pagos pelos produtores rurais, para que haja uma compensação com o valor recebido pelo suinocultor na venda de seu produto. E uma terceira opção seria a execução das operações de financiamento ou aquisição de produtos agropecuários com a fixação de preço mínimo, onde o próprio Executivo comprará a carne suína pelo preço mínimo - fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

comunicação AB Vista® abre canal de comunicação no Brasil

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AB Vista®, fornecedor global da nova geração de micro ingredientes para a indústria de ração animal, acaba de colocar à disposição de seus clientes um novo canal de comunicação com a empresa, especialmente para o Brasil. O e-mail marketing.br@abvista.com está pronto para receber sugestões e apresentar soluções para as dúvidas que possam aparecer sobre os produtos. Todo o retorno será feito em português, facilitando a tomada de decisões e a melhoria de interação entreempresa e cliente. “Estamos criando novos canais de comunicação para melhorar nossa parceria com clientes antigos e também gerar novas parcerias. O e-mail do Brasil é o primeiro passo para que possamos atingir um número cada vez maior de pessoas”, revela o gerente de marketing das Américas, Saint Clair Martins Filho.

lançamento Auster Nutrição Animal lança zinco encapsulado

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Auster Nutrição Animal lança mais um produto para alimentação de suínos. Trata-se do uso do zinco encapsulado, uma nova tecnologia promissora feita por um aditivo, que diminui os problemas entéricos, melhora o desempenho e reduz o uso de medicamentos. O produto Primazinco foi desenvolvido pela Auster para um tratamento eficiente e alternativo para conter a diarreia em leitões pós desmame, causada pela ineficiência do processo digestivo dos animais jovens e do seu sistema imune ativo. Os desafios pós desmame são normalmente causados pelamudança no tipo de dieta, pelas variações no ambiente, pela separação da mãe, entre outros desafios, e vem sendo exacerbados pelo aumento da prolificidade em suínos e quedas consideráveis nos pesos a desmama. O micro encapsulamento do zinco é uma nova tecnologia usada nas indústrias de ração, gerando um uso menor desse mineral, diminuindo custos ao produtor e garantindo os mesmos resultados. Desta maneira, também diminuem-se os efeitos indesejáveis do uso do óxido de zinco, especialmente sobre o consumo mas também na contaminação ambiental. O Zinco encapsulado de Primazinco passa pelas partes proximais do trato gastro-intestinal e é lentamente liberado no intestino, aonde deve ter sua ação. Ademais o produto é de fácil manuseio, ao contrário do Óxido de zinco, que é um pós de características de difícil manuseio.

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EMPRESAS

Evialis passa a se chamar InVivo Nutrição e Saúde Animal Iniciando sua estratégia de fortalecimento global, a empresa altera sua marca corporativa

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om o objetivo de alinhar internacionalmente sua identidade corporativa, a Evialis, multinacional francesa e uma das líderes mundiais em nutrição animal, passa a partir de agora a se chamar InVivo Nutrição e Saúde Animal. “A InVivo Nutrição e Saúde Animal é uma unidade de negócios do Grupo InVivo, que atua globalmente nas áreas do agronegócio como Trading, Logística e Armazenagem de Grãos, produção de adubos e fertilizantes, produção e melhoramento de sementes, entre outros. Este alinhamento faz parte de um pro-

cesso de reorganização com o objetivo de fortificarmos a imagem da nossa marca”, explica Nilton Perez, presidente da empresa no Brasil. O presidente reforça que a marca corporativa passa a assinar e dar suporte a toda operação brasileira, com um posicionamento global mais claro e objetivo. É importante ressaltar que as mudanças não interferem no que diz respeito às marcas comerciais da empresa no Brasil (Presence, Socil, maltaCleyton e InVivo mix). Todas permanecem com estratégias e objetivos próprios, orientadas de acordo com suas características e canais de distribuição.

Crescimento para 2013 Com uma produção de três milhões de toneladas de rações completas e mais de 20 milhões de toneladas de rações produzidas por terceiros, tendo como bases seus premixes, a InVivo Nutrição e Saúde Animal segue otimista em suas intenções de crescimento global. “Neste momento estamos reorganizando a companhia para atingir objetivos maiores num futuro próximo”, comenta o CEO da empresa, Hubert de Roquefeuil. Focada nos mercados da França, Ásia, África e América Latina, a unidade de negócio de Nutrição e Saúde Animal atua com cinco atividades comerciais sendo eles: alimentos completos, premixes, aditivos, saúde animal e análises laboratoriais. Atualmente, 70% do volume de negócios da InVivo Nutrição e Saúde Animal é gerado por suas atividades de alimentos completos, seguida por Premixes com 24% e os demais 6% são originários de saúde animal e análises laboratoriais. No futuro a em28

presa será mais presente no cenário internacional. O mesmo resultado é esperado para sua atuação geográfica: hoje 44% do volume de negócios está com as operações francesas e os outros 56% de mercados internacionais. Para 2016, o grupo acredita que 70% da receita será do mercado internacional. No Brasil, o faturamento da InVivo é de 700 milhões de reais e a expectativa para os próximos três anos é um investimento de 100 milhões, a partir da transição da marca. No cenário atual, o varejo (pet, equinos e pequenas criações de aves, suínos e coelhos) representa 40%, já o chamado setor de produção (Gado de Corte, Peixes e Camarões) equivale a 60% do faturamento. Até junho de 2014, a expectativa é inaugurar o primeiro centro de pesquisa e investigação cientifica multiespécie fora da França, que será construído em Descalvado (SP).


Expansão na América do Sul Como um dos olhares do grupo é a expansão internacional, a InVivo iniciou seu plano de crescimento na América do Sul, por meio de de sua operação brasileira, que possui uma equipe especializada para buscar parceiros na região. No mês de maio, a em-

presa passa a ter dois distribuidores no Uruguai. Um será responsável pela marca Socil e outro pela Presence. Ainda neste ano, a empresa deverá chegar a outros países como o Paraguai

no BRASIL

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Fábricas

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FRASES “Estamos bem no mercado externo, a Europa é um exemplo disso. De tudo o que importam, 20% sai do Brasil. Mas nosso foco tem sido a China, queremos aumentar a cultura de consumo de carne naquele país e estamos agindo nesse sentido, sem desvalorizarmos o consumo dos brasileiros, que faz toda a diferença”. Presidente da CNA e senadora Kátia Abreu, sobre o aumento do consumo de carne pelo brasileiro. “Muito positiva essa retomada comercial. Mais uma barreira não comercial que foi superada. Só precisávamos da suspensão para retomarmos os negócios”. Presidente do Sindicarne, Clever Pirola Ávila, sobre o fim do embargo da carne suína a Ucrânia. “O país comprador está disposto a adquirir tudo o que a indústria puder fornecer, porque precisa refazer os estoques para enfrentar o rigoroso inverno do Leste Europeu”. Presidente da Coopercentral Aurora, Mario Lanazter, sobre a retomada de vendas para o mercado ucraniano.

“Temos que ter a garantia da produção estável no momento, qualificando cada vez mais os sistemas produtivos para que possamos crescer com estabilidade nos próximos anos”, presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivanio Luiz Lorenzi, sobre a abertura do mercado japonês.

“Uma boa gestão é o ponto de partida para granjas que querem se preparar para o desafio de seleção e retenção de pessoas qualificadas. Sem dúvida alguma, este será nosso principal desafio da produção nos próximos anos”. Sócio diretor da Integrall, Glauber Machado, sobre gestão do tempo nas granjas.

“Superamos um grande obstáculo quando o Japão abriu as portas para a carne suína brasileira. Com essa vitória, entramos num dos maiores mercados compradores e de melhor valor agregado, e juntamente com a reabertura do mercado Ucraniano, que já foi um dos maiores importadores desta proteína, projeta-se um cenário positivo para a cadeia suinícola nacional, já que além das exportações, temos grandes oportunidades de evolução no consumo interno desta proteína.” Diretor da linha de aves e suínos da Ourofino, Amilton Silva. 30


“A abertura do mercado japonês, aliada ao retorno das vendas para a Ucrânia, certamente desenham um cenário de médio prazo interessante para suinocultura brasileira. Essas conquistas, no entanto, somadas ao momento político econômico de instabilidade, não podem diminuir a intensidade de nossas ações de longo prazo para abertura de novos mercados e incentivo ao consumo interno”. Diretor comercial da Farmabase, Vitor Franceschini .

“Os dados revelam como um pequeno Estado em termos territoriais e populacionais transformou-se em um grande Estado em termos econômicos, sociais e de sustentabilidade, pelo fruto do trabalho dos seus empresários, governantes e dos seus trabalhadores, bem com da seriedade e pontualidade com que cumprimos nossos compromissos e da qualidade de nossos produtos e serviços”. Presidente do Sistema Fiesc, Glauco José Côrte, sobre a conquista do mercado japonês por Santa Catarina.

“Hoje vendemos para mercados muito instáveis, o que derruba o preço. Por isso, a suinocultura vive enfrentando crises. Com o Japão, não tenho dúvidas de que vamos estabilizar o mercado, vamos ter um preço melhor e um volume muito maior. É de fato uma oportunidade que a gente nunca teve”. Governador de Santa Catarina, Ricardo Colombo, sobre a abertura do mercado japonês.

O mercado de suinocultura, que vive uma crise muito longa, poderá ter a chance de uma recuperação sobretudo nos preços de venda, visto que a oferta interna deverá diminuir. Gerente da Bayer Unidade Aves, Suínos e Aquacultura, Rogério Petri agosto 2013 / edição 78

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CAPA

JBS bate de frente com a BRF

Após comprar a Seara, o frigorífico JBS monta plano para bater de frente com a BRF, líder absoluta em frangos e suínos no Brasil. Com a Seara, JBS atinge receita de R$ 100 bi e só perde para a Petrobrás.

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por JOÃO WERNER GRANDO/Abril Comunicações S/A e Giovana de Paula foto divulgação

os últimos anos, o mercado brasileiro viu nascer dois gigantes da indústria de carnes: a BRF e o JBS. Apesar de estar entre os maiores do planeta, seus caminhos nunca haviam se cruzado de verdade. A BRF, criada após a fusão da Sadia com a Perdigão em 2009, virou líder absoluta no mercado brasileiro de frangos e suínos e também uma das maiores exportadoras globais desses produtos. Após uma série de aquisições, o JBS, comandado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, lidera o mercado mundial de carne bovina. Apesar de seus tamanhos, JBS e BRF nunca foram adversários. A BRF até processa carne bovina, mas principalmente para rechear suas lasanhas e fazer seus hambúrgueres. O JBS abate milhões de frangos por dia, mas quase tudo nos Estados Unidos e para abastecer o mercado doméstico americano. Cada um, portanto, nadava 32

em sua raia. Até que, no dia 10 de junho, os caminhos se cruzaram. Após assumir dívidas de 5,85 bilhões de reais, o JBS comprou a Seara, divisão de alimentos processados do fabricante de alimentos Marfrig e vice-líder no mercado brasileiro de frangos e suínos. De uma hora para a outra, portanto, virou o maior e mais ameaçador concorrente da BRF. “Será briga de gente grande”, diz Joesley Batista, presidente do conselho de administração do JBS. A compra mudou o que, até o dia 10 de junho, parecia um cenário para lá de promissor para a BRF. Em abril, o empresário Abilio Diniz, antigo controlador do Grupo Pão de Açúcar, havia assumido a presidência do conselho de administração da empresa. Conhecido pela forma agressiva de conduzir os negócios, Abilio tinha uma missão muito clara, dada a ele pelos maiores acionistas da BRF: pisar no acelerador. Na opinião dos fundos Tarpon e Previ, acionistas que


o conduziram até o posto, a BRF havia se tornado uma líder dócil demais. Apesar de dominar 60% do mercado doméstico, hesitava em apertar varejistas e fornecedores, crescia pouco, tinha margens menores do que poderia. E, mesmo pouco endividada, não avançava para fora do país por meio de aquisições. Caberia a Abilio dar uma injeção de ambição na BRF e fazer dela uma empresa global como a multinacional Nestlé. Pelos planos, a BRF poderia facilmente captar dinheiro para fazer aquisições

no exterior e dobrar seu faturamento em três anos. Dona de mais da metade do mercado nacional, sua margem operacional poderia subir para 19%, bem acima dos 9% atuais. A falta de concorrente só facilitava esse plano. O Marfrig estava às voltas com dívidas impagáveis e havia praticamente zerado os investimentos em marketing e inovação. Era, enfim, o mercado e a concorrência que Abilio e seus sócios pediram a Deus. Mas a família Batista, controladora do JBS, resolveu dificultar as coisas.

A compra da Seara Brasil, divisão da Marfrig para aves, suínos e processados, levará a JBS à liderança no mercado global de aves. O Grupo já é o maior do mundo em carne bovina Comparação do peso Global das duas empresas JBS - Vendas (em bilhões de reais)

BRF - Vendas (em bilhões de reais)

90 bilhões

28.5 bilhões

Produção (em abates por dia)

Produção (em abates por dia)

Bovino

63.000

Bovino

2.500

Aves

10 milhões

Aves

6.8 milhões

Suínos

52.000

Suínos

39.000

Agora, a BRF terá de enfrentar um concorrente muito maior do que ela mesma — e que, ao contrário do combalido Marfrig, está em boa forma e com fôlego para investir. O JBS, criado pela família Batista em Goiás nos anos 50, é o maior processador de carnes do mundo. Após a compra da Seara, deve faturar cerca de 90 bilhões de reais em 2013 — mais de três vezes as vendas anuais da BRF. Seu abate de bois é incomparavelmente maior (veja quadro). Mesmo em frangos, setor em que Sadia e Perdigão se destacam, a produção do JBS é 50% maior graças à operação que possui nos Estados Unidos com a marca Pilgrim’s Pride. No Brasil, a companhia havia estreado nesse mercado no ano passado com a compra de três empresas, mas, graças à aquisição da Seara, sua operação quadruplicou. “Ficamos agora entre as maiores processadoras de frangos dos

Estados Unidos e do Brasil, que respondem por 70% da exportação do produto no mundo”, afirma Wesley Batista, presidente executivo do JBS. “Isso nos dá escala para ser um competidor muito mais forte aqui e lá fora.” Para dificultar ainda mais a vida da BRF, o JBS não é apenas grande, mas extremamente agressivo. Os irmãos Batista nunca entraram para ser coadjuvantes em um mercado. Sua empresa de papel e celulose, a Eldorado, inaugurou recentemente em Mato Grosso do Sul a maior fábrica do planeta. A Flora, seu braço de produtos de higiene e limpeza, nasceu com ambição de se tornar a “Unilever brasileira”. Os planos nem sempre saem conforme o esperado, e a empresa dá suas trombadas de vez em quando, mas isso pode ser um risco a mais para a BRF. Acostumados a uma histórica disputa entre Sadia e Perdigão, seus executivos nunca tiveram um agosto 2013 / edição 78

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CAPA concorrente tão imprevisível.Aforma como o negócio foi selado ajuda a entender como os Batista tomam suas decisões. O JBS comprou a Seara sem auditar seus números ou passar um pente-fino nas fábricas da companhia. Esse processo só começará agora, depois da assinatura do contrato. A americana Tyson Foods, segunda maior processadora de frangos do mundo, chegou a avançar na negociação para comprar a Seara, mas antes de sacar a caneta do bolso quis fazer uma auditoria na operação — como, aliás, é praxe em

transações desse tipo. (Oficialmente, a empresa não comenta a informação.) O JBS entendeu que pressa era um componente fundamental na negociação. A valorização de 10% do dólar nos últimos três meses fez a dívida do Marfrig, que já beirava o impagável: aumentar 500 milhões de reais. Se esperasse mais alguns dias, a empresa corria o risco de ficar sem dinheiro para pagar as contas. Não havia alternativa senão vender ativos — e rapidamente.

Alternativa na Bolsa A primeira opção foi se desfazer das fábricas da subsidiária Keystone na China para a BRF. Como o negócio, estimado em 1 bilhão de reais, não tapava todo o buraco, a saída foi partir para algo maior. “A transação pareceu feita às pressas”, escreveu o analista Alan Alanis, do banco JP Morgan. “Os detalhes do negócio foram poucos. Não foram reveladas as margens operacionais da Seara nem os investimentos necessários.” O dado curioso é que, para evitar que a Seara caísse nas mãos de um concorrente parrudo, a BRF chegou a topar fazer um negócio que não queria: comprar, além da operação na Ásia, a unidade do Marfrig na Europa. Nesse caso, pagaria aproximadamente 2 bilhões de reais. Apesar da pressa com que a aquisição foi concluída, os planos do JBS para a Seara são claros. O objetivo dos irmãos Batista é criar uma empresa capaz de atacar todas as fortalezas da BRF. Os Batista estudam juntar a Seara à Vigor, empresa de laticínios da família, que já é listada na BM&F Bovespa. O movimento separaria a Seara da empresa de carne bovina — produzir alimentos com marca, como é o caso da Seara, pode render margens maiores que a compra e a venda de carne. Uma vez na bolsa, isso a faria valer muito mais do que escondida sob os ativos do frigorífico. Ao fim do processo, seria criada uma estrutura muito semelhante à da BRF — que é dona de marcas de leite e derivados, como Batavo e Elegê. Com uma estrutura parecida, a Seara poderia se transformar em uma alternativa aos investidores, que hoje só têm a BRF como opção na bolsa brasileira. Atualmente, Vigor e Seara faturam, somadas, cerca de 13 bilhões de reais, ou quase metade das vendas da BRF. Se conseguisse valer na bolsa pouco menos da metade do que a líder vale, essa nova empresa seria avaliada em até 20 bilhões de reais. Isso, claro, no mundo dos planos, já que a BRF tem todos os benefícios de ter uma operação azeitada por anos de experiência. “Estamos avaliando essa possibilidade, 34

mas não há nada definido”, diz Wesley Batista. A outra parte do plano é usar a Seara para lançar produtos com marca e cobrar mais caro por isso — algo que é especialidade da BRF, mas que o JBS nunca conseguiu fazer em seus mercados tradicionais. Até o final deste ano, o JBS deverá trazer para o Brasil a Swift, sua marca de carnes nobres e alimentos processados nos Estados Unidos. A ideia é usá-la para brigar com a Sadia, no segmento de produtos mais caros e manter a Seara como marca de combate, com preço mais baixo. Os irmãos Batista reconhecem ter pouca experiência com produtos de maior complexidade, mas já começaram a se armar. O presidente da Seara será Gilberto Tomazoni, que comandou a Sadia por quatro anos. No mesmo dia do anúncio da aquisição da Seara, comunicaram a contratação do egípcio Tarek Farahat, presidente da fabricante de produtos de consumo americana Procter&Gamble na América Latina, para ser membro do conselho de administração do JBS. À frente da operação no Brasil nos últimos seis anos, Farahat foi o responsável por fazer a companhia dobrar de tamanho e encurtar a distância em relação à líder de mercado Unilever. Sua receita? Multiplicar o investimento em publicidade principalmente, com celebridades da TV para promover os produtos. No JBS, ele ficará à frente do recém-criado comitê de marketing e inovação. Será uma mudança e tanto. O Marfrig estava tão encurralado pelas dívidas que foi obrigado a abandonar investimentos em marketing. Perdeu, inclusive, o contrato de patrocínio da seleção brasileira. Às vésperas da Copa das Confederações, os jogadores da seleção treinaram com esparadrapos na camisa para esconder o logotipo da Seara. O plano é mudar isso, com exposição na internet, na TV, nos jornais e nas revistas.


A briga vai começar A mudança na concorrência acontece enquanto Abilio Diniz conclui seu diagnóstico sobre a situação da BRF. Logo após chegar à companhia, contratou o consultor Claudio Galeazzi para avaliar cortes de custos e redução do quadro de pessoal. Em paralelo, passou a analisar oportunidades de aquisição para a BRF no exterior. Ele assumiu sem precisar se preocupar com a concorrência e com objetivo único de avançar no exterior e de ampliar a margem no Brasil. Agora, terá de olhar também pelo retrovisor. Dado seu histórico no mundo dos negócios, é difícil imaginar que ele vá assistir parado ao avanço da concorrência. O primeiro embate da guerra entre BRF e JBS pode ocorrer já nas próximas semanas. Quando vendeu marcas e fábricas para o Marfrig por exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no ano passado, a BRF exigiu que as marcas não fossem passadas adiante por, pelo menos, cinco anos. Ou seja, uma operação como a anunciada no dia 10 teria de passar por sua aprovação — o que não aconteceu. As marcas acabaram sendo vendidas para o JBS com o resto. De acordo com executivos que acompanham a negociação, dentro das próximas semanas a BRF deverá discutir a questão com o Marfrig e o JBS. Em jogo também está o pagamento que o Marfrig tem de fazer à BRF pela compra dos ativos no valor de 350 milhões de reais — que foi parcelada em cinco anos. Em caso de venda, o pagamento teria de ser antecipado. Dependendo de como a conversa

evoluir, a companhia não descarta contestar a venda da Seara na Justiça. O Marfrig diz que não rompeu o contrato e que a dívida foi passada ao JBS. “Como vendemos toda a Seara e não partes da empresa, entendemos que não há restrições”, afirma Sergio Rial, presidente do Marfrig. A BRF não concedeu entrevista. A Seara é a nova esperança dos irmãos Batista de, enfim, começar a ter lucros consistentes com sua gigantesca empresa de carnes. Apesar de ter multiplicado por 30 seu faturamento desde 2004, o JBS ainda sua para dar dinheiro. Depois de dois anos de prejuízos, a companhia deu um lucro de 763 milhões de reais em 2012 — uma margem de 1% sobre o faturamento. Isso ajuda a explicar por que, apesar de ser três vezes maior, o JBS vale menos da metade da BRF na bolsa. Se naquilo que sabem fazer melhor já não está fácil, é possível imaginar o desafio de entrar em um negócio totalmente novo. Marcas como Sadia e Perdigão se tornaram as preferidas dos consumidores após décadas de investimentos. Isso para não falar de outros pontos-chave para o sucesso nesse mercado, como logística. “Os retornos do investimento em marca não vêm em um ano ou dois”, afirma Daniela Khauaja, coordenadora da área de marketing da pós-graduação da ESPM. Para o JBS, esse é um mundo novo. Com a venda da Seara, a BRF ganha seu primeiro concorrente de peso. Ele vai incomodar de verdade daqui para a frente? É esperar para ver.

A Seara Brasil acrescentará ao faturamento anual da JBS cerca de 10 bilhões de reais. Com o negócio comprado da Marfrig, o faturamento anualizado da JBS se aproxima de 100 bilhões de reais. Inicialmente, com a integração de aves e suínos, a JBS estava prevendo entre 89 e 90 bilhões de reais. No ano passado, a JBS encerrou o ano com receita de quase 75 bilhões de reais Acompanhe o desenvolvimento do JBS O JBS não está realmente para ‘brincadeiras’. Quando entra em uma disputa, o Grupo ‘pega pesado’, investe e toma rumos para seu crescimento.

Nos últimos anos, o histórico do Grupo aponta a compra - além da recém aquisição da Seara, que poderá elevar o faturamento do grupo para R$ 100 agosto 2013 / edição 78

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CAPA bilhões em 2013 - da Swift na Argentina, grande ‘start’ das compras do Grupo em 2005. As exportações combinadas das duas empresas somariam 900 milhões de dólares. A Swift exportava para 70 países, sendo dos Estados Unidos o seu maior mercado. Na sequência, a empresa divulgou sua parceria com a marca italiana Cremonini, adquirindo 50% da Inalca, por 225 milhões de Euros. O objetivo era conseguir acesso a grandes multinacionais de fast food, redes varejistas, entre outros. O acordo, porém, não deu certo. A Cremonini, sua sócia na Inalca, dificultou a vida dos brasileiros na gestão da Inalca, até a parceria ser desfeita, em março de 2011. O próximo lance deste jogo foi dado em 2007, quando, impulsionado pelos 1,6 bilhão de reais que havia captado em sua abertura de capital, em março de 2007, o JBS surpreendeu o

mercado, ao bater gigantes como a Tyson Foods e a Cargill: a aquisição da centenária Swift dos Estados Unidos, por 1,4 bilhão de dólares. O JBS, enfim, conseguiu atingir seu objetivo e tornou-se o maior processador de carne bovina do mundo. Já em 2009, a JBS adquiriu a Pilgrim’s Pride, líder em aves nos Estados Unidos. As ações da Pilgrim’s estavam em torno de 5 dólares na época da aquisição, mas agora estão sendo negociadas na casa dos 14 dólares. A JBS entrou no segmento de aves no Brasil em meados do ano passado, com ativos da Doux Frangosul no Brasil. Este foi um indicativo da intenção de crescer em aves, suínos e processados; um movimento estratégico para o grupo ampliar sua participação em segmentos de alto valor agregado e, logicamente, de suas margens.

BRF e JBS: gigantes na disputa O JBS comprou a Seara Brasil por 5,8 bilhões de reais. Todo o valor pago pela operação será feito por meio de assunção de dívidas do Marfrig, que somaram quase 13 bilhões de reais no final do primeiro trimestre do ano. As dívidas têm vencimento até o ano de 2017. A partir de agora, todos os ativos adquiridos da BRF – que pertenciam à Seara Brasil – passam a pertencer ao JBS, o que torna o Grupo o segundo maior fabricante de alimentos processados do país, atrás somente da BRF, e com grande chance de somar ao seu faturamento cerca de 10 bilhões de reais neste

ano. Segundo Sérgio Rial, presidente da Seara Foods, os ativos da BRF representam cerca de 40% deste total. No primeiro trimestre deste ano, a receita da Seara Brasil cresceu quase 50% na comparação com o mesmo período de 2012, totalizando mais de 2 bilhões de reais. “Os ativos adquiridos pela BRF já apresentaram utilização de capacidade. É estimado um faturamento entre 9 e 10 bilhões de reais para neste ano com essa operação”, afirmou o executivo, em teleconferência com analistas para comentar a negociação com o JBS.

Mercado de aves Além de figurar como a segunda maior fabricante de alimentos processados, o JBS se torna líder global no mercado de aves, com faturamento que próximo a 100 bilhões de reais. O Grupo possui operações nos Estados Unidos, México, Porto Rico e, a partir de

agora no Brasil, via Frangosul e Seara, passará a ter uma capacidade de abate diário de 12 milhões de aves por dia. Somente a Seara Brasil tem capacidade de abate de 2,6 milhões de aves diariamente.

O homem à frente do negócio: Gilberto Tomazoni presidirá divisão de aves e suínos da JBS no Brasil

O presidente da JBS, Wesley Batista, informou que Gilberto Tomazoni, que preside a JBS Aves, assumirá a presidência da unidade de aves, suínos e industrializados da companhia no País, agora que conta com a Seara Brasil. Tomazoni tem ampla experiência no setor, tendo trabalhado por 27 anos na Sadia. Ele participou do processo de internacionalização da empresa durante os quatros anos em que atuou como diretor-presidente. Nos últimos três anos, o executivo esteve na vice-presidência da Bunge Alimentos, na área de alimentos e ingredientes, respondendo também como diretor-executivo para América do Sul e Central.

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ESPECIAL

Japão: tudo pronto para o embarque Missão avalia a viagem ao Japão para abertura das vendas de carne suína por Giovana de Paula

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fotos Divulgação


O

Estado de Santa Catarina é líder nacional em produção de carne suína (média de 800 mil toneladas por ano) e o único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação. Este status fez com que o estado conseguisse recentemente a abertura do mercado japonês para a carne suína produzida em terras catarinenses. Este é um marco na história da suinocultura e abre frentes para que outros estados também possam adquirir tal confiabilidade internacional em busca de novos mercados. Historicamente, os japoneses só importavam carne suína quando todo o país de origem possuía o status de área livre de aftosa, mas foi aberta uma exceção para Santa Catarina, diante da qualidade do trabalho sanitário – o governo catarinense mantém uma barreira sanitária em cada fronteira do Estado (são 67 em operação atualmente). A última ocorrência de febre aftosa em Santa Catarina foi em 1993. O estado suspendeu a vacinação

Santa Catarina possa a vir responder por 10% deste mercado, ou seja, 120 mil toneladas por ano, o que faria a exportações do Estado crescerem para 327 mil toneladas por ano. Oito frigoríficos catarinenses foram habilitados para exportar para os japoneses. Mas as negociações específicas de compra, venda e de embarque de mercadoria para o Japão não serão feitas nesta viagem. A programação da Missão Econômica previu a participação em dois seminários. O primeiro, “Brasil-Japão: Parceria Global para o Desenvolvimento Inclusivo e Sustentável”. O segundo seminário foi promovido pela Fiesc. O evento “A Carne Suína de Santa Catarina/Brasil no Japão” foi realizada no Imperial Hotel Tokyo e foi aberto pelo governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, pelo embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, pelo ministro da Embaixada do Brasil no Japão, Alexandre Porto, e pelo presidente do Sistema Fiesc, Glauco José Côrte. Foram realizadas palestras do presidente da Associa-

Após o ‘sinal verde’ para a abertura das negociações com a indústria japonesa, uma missão brasileira se destinou ao país oriental para selar o acordo de exportação da carne suína de Santa Catarina para aquele país, que poderá representar 60% de aumento no total do que o Estado exporta atualmente 207,7 mil toneladas por ano. em 2001 e, em 2007, garantiu a certificação com área livre de febre aftosa sem vacinação, emitida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). O Japão é um mercado especialmente importante, pois, além de ser o maior importador do mundo, é uma referência internacional no setor. Ou seja, o aval dos japoneses deve agilizar a negociação para venda de carne suína catarinense para novos destinos, como Coreia do Sul e União Europeia, que já estão em negociações com o Governo do estado. Após o ‘sinal verde’ para a abertura das negociações com a indústria japonesa, uma missão brasileira se destinou ao país oriental para selar o acordo de exportação da carne suína de Santa Catarina para aquele país, que poderá representar 60% de aumento no total do que o Estado exporta atualmente – 207,7 mil toneladas por ano. De acordo com a Cidasc, o Japão é o maior comprador de carne suína do mundo, importando cerca de 1,2 milhão de toneladas por ano. A expectativa da Cidasc é de que

ção Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Eduardo Saldanha Vargas, do diretor do Sindicarne/SC, Ricardo de Gouvêa, do vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello Neto, do gerente regional do Banco do Brasil para a Ásia, João Paulo Poppi, do gerente do BB no Japão, Caio Neves e de um representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. Segundo o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, a abertura do mercado japonês para a carne suína de Santa Catarina é um certificado que representa um exame muito rigoroso das condições de sanidade e da qualidade do nosso produto. “Já temos participação expressiva na venda de frango catarinense para o Japão e, agora, buscaremos o mesmo sucesso com a carne suína”, avalia. Rui Eduardo Saldanha Vargas, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), avaliou como agosto 2013 / edição 78 39


ESPECIAL extremamente positiva a viagem da comitiva ao Japão. “Minha leitura da viagem da comitiva brasileira ao Japão, de 24 a 29 de junho, é promissora. Houve um primeiro contato com importadores japoneses de carne suína. Foi tudo muito positivo: a ida do governador e da comitiva de Santa Catarina e a participação da Abipecs. Fizemos bons contatos e o seminário, com 90 participantes, foi enriquecedor para o conhecimento dos japoneses sobre a carne suína do estado”, destacou. A embaixada brasileira esteve presente em todos os eventos e realizou contatos com a associação dos importadores de carne suína e com a Jetro – Japan External Trade Organization. “Podemos esperar uma aceleração do processo da entrada da carne suína brasileira ao Japão. Talvez consigamos adiantar embarques neste ano e, a médio prazo, esperamos atingir níveis consideráveis de exportação de Santa Catarina para o Japão”, disse. Ainda segundo Vargas, a entidade Japan Meat Traders apresentou seus membros e os números da importação japonesa de carne suína. Em 2012, os Estados Unidos e todo o mundo exportaram para o Japão 518 mil toneladas de carne suína congelada. Este é o mercado em que

desenvolviam gestões diplomáticas e comerciais com esse objetivo. “O Japão é um dos maiores compradores mundiais e é a melhor alternativa para a carne suína. A decisão do Japão em comprar a carne de Santa Catarina levou em consideração a estrutura de produção no campo e nas indústrias e o sistema de controle da sanidade animal. Uma comitiva japonesa virá ao Brasil para visitar as indústrias do estado e orientar que tipos de cortes os japoneses desejam”, destacou. A unidade FACH1 da Aurora, em Chapecó, já está habilitada para exportação para o Japão. Serão necessárias algumas adequações na planta industrial para atender as especificidades dos cortes que o mercado japonês exige. Além disso, os profissionais serão preparados para fazer os cortes solicitados pelos japoneses. “Produto, apresentação e preço serão determinantes no fechamento dos negócios. Os japoneses querem cortes nobres, como pernil, paleta, sobrepaleta e carré. Os clientes da Aurora no Japão, que há décadas compram carne de frango (especialmente peito, coxa e sobrecoxa desossada), já estão mantendo contatos para a negociação com a carne suína”, explicou Lanznaster. Ele destacou

O Japão é um mercado especialmente importante, pois, além de ser o maior importador do mundo, é uma referência internacional no setor. Ou seja, o aval dos japoneses deve agilizar a negociação para venda de carne suína catarinense para novos destinos, como Coreia do Sul e União Europeia, que já estão em negociações com o Governo do estado. o Brasil vai entrar, ou seja, de carne congelada. “Se o País conseguir entre 10% e 20% desse volume será muito bom. Já houve embarques de amostras de Santa Catarina neste ano. Espera-se que até o final do ano se consiga atingir algum volume. Estados Unidos, Canadá e Dinamarca exportam carne congelada. O México e o Chile exportam mais ou menos o que gostaríamos de exportar. Os “others” exportam 77 mil toneladas. Também podemos entrar nesse volume. O ideal seria o Brasil exportar 70 mil toneladas por ano”, destacou Rui Vargas. Para o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, a abertura do mercado japonês para a carne suína de Santa Catarina cria expectativas positivas para a agroindústria barriga-verde, pois há cerca de dez anos as indústrias, os produtores rurais e o governo 40

que ainda não há estimativa de vendas. “O Japão exige absoluto rigor sanitário e eficiente controle do processo produtivo. A principal exigência é que os suínos sejam nascidos, criados e abatidos em território catarinense, tenham nutrição de alto padrão e registro de todos os medicamentos ministrados durante a vida do animal em boletim veterinário. A abertura do Japão beneficiará os produtores que participam do regime de integração das agroindústrias e das cooperativas agropecuárias, porque esses criadores já cumprem todas as normas e exigências do mercado nipônico”, disse. Durante a viagem ao Japão, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos foi representada pelo seu presidente, Losivanio Luiz de Lorenzi. Para ele, a participação da ACCS é um marco para o setor produtivo. “Demonstra que todo o setor


está unido em busca do objetivo de abrir mercados e ampliar as vendas de carne suína”, disse. Lorenzi pede aos produtores de suínos terem cautela quanto à produção. “A informação que nos foi repassada é de Santa Catarina estará competindo com a menor fatia do mercado japonês. Sobre o retorno ao rendimento do suinocultor, com a abertura do mercado japonês, o presidente afirma que a ACCS estará cobrando ações do Governo do estado de Santa Catarina e das Agroindústrias, para que os suinocultores também sejam beneficiados com esta conquista no mercado oriental. “É o terceiro momento. O primeiro está sendo vivenciado devido aos esforços do Governo

catarinense e da qualidade do setor em abrir o mercado do Japão para a carne suína. O segundo momento será de fato a venda da carne suína catarinense, por parte das agroindústrias, ao mercado do Japão. E o terceiro, finalmente, será o retorno do investimento dos produtores, já que todas as melhorias em sanidade e qualidade dependem quase que exclusivamente desses empresários que precisam receber de forma justa pelo seu trabalho”, completa Lorenzi. “Precisamos sim comemorar essa conquista, mas com os pés no chão e temos de unir todos os esforços para que, de fato, o retorno ao produtor seja uma realidade”, finaliza o Presidente da ACCS.

“O reflexo desse trabalho com o Japão vai chegar à ponta da cadeia, traduzido em mais empregos e melhor renda para quem vive da Suinocultura”, afirma o Governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo

Porkworld - Qual o posicionamento do Governo de Santa Catarina sobre a abertura do mercado japonês à carne suína brasileira, em especial a do estado?

pram cortes sem osso. Porkworld - Quais sãos as projeções para avanço do mercado para a Suinocultura brasileira?

Raimundo Colombo - A abertura do mercado japonês é exclusivamente para a carne suína de Santa Catarina. Foi um contrato histórico. A tradição japonesa é fechar acordo com todo o país, quando este atende ao padrão sanitário exigido. Mas, pela primeira vez, o governo japonês aceitou fazer a parceria com um único estado, diante do status sanitário diferenciado de Santa Catarina. Somos o único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação e o governo catarinense mantém uma barreira sanitária em cada fronteira do Estado (são 67 em operação atualmente). Essa é uma grande conquista para toda a suinocultura catarinense, garantindo estabilidade e bom preço para o setor, já que os japoneses fazem contratos de longo prazo e pagam melhor, pois com-

Raimundo Colombo - Santa Catarina já é o maior produtor nacional de carne suína, respondendo por um quarto do total produzido no país. Da média de 800 mil toneladas produzidas por ano no Estado, o mercado internacional consome cerca de 200 mil toneladas. O Japão é o maior importador de carne suína do mundo, comprando o equivalente a 1,2 milhão de toneladas por ano. A nossa expectativa é de que, em uma primeira etapa, Santa Catarina responda por 10% desse mercado, ou seja, cerca de 120 mil toneladas. O montante representaria um ganho da ordem de 60% nos embarques de carne suína de Santa Catarina para o exterior. Ao longo dos anos, essa participação catarinense no mercado japonês deverá au mentar cada vez mais. agosto 2013 / edição 78

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ESPECIAL Porkworld - Em sua opinião, como se estruturar para que o Brasil mantenha os contratos em vigor? Raimundo Colombo - As empresas catarinenses já estão situadas e bem consolidadas no Japão, porque já vendem carne de frango lá. Então, a estrutura de logística e de marcas já existe e é reconhecida pelos japoneses. Hoje, 90% da carne de frango consumida no Japão é brasileira, sendo que cerca de 60% é catarinense. Nossa expectativa é de que quem já compra carne de frango também passe a comprar a carne suína. Porkworld - O Brasil está ampliando e crescendo no mercado internacional. O que muda para o produtor brasileiro? Raimundo Colombo - Santa Catarina, especificamente, tem uma tradição muito forte no agronegócio. Mesmo com apenas 1,1% do território nacional, o estado é o maior produtor de carne suína do Brasil, o segundo maior produtor de carne de frango e o quarto maior produtor de leite. Nossos pequenos produtores rurais mantém uma relação especial com as nossas indústrias pelo sistema de produção integrada. Todo o reflexo desse trabalho com o Japão vai chegar à ponta da cadeia, traduzido em mais empregos e melhor renda para quem vive da suinocultura. Porkworld - O que se muda no cenário nacional para a suinocultura? Raimundo Colombo - Nesse momento, Santa Catarina vai representar o país nessa parceria com o Japão e os reflexos mais claros serão no estado, pois, como dito, a parceria com o Japão envolve exclusivamente a carne suína catarinense, diante do nosso status sanitário diferenciado. Porkworld - Qual deve ser a postura do produtor brasileiro frente às novas possibilidades internacionais? Raimundo Colombo - As empresas já estão estudando e se adaptando ao paladar do japonês para conquistar os consumidores daquele país, assim como já fizeram com a carne de frango. O produtor faz parte deste processo de adaptação. E o nosso trabalho continua em oferecer um controle muito preciso e diferenciado, que seguirá tendo nossa atenção e dedicação. Porkworld - Em sua opinião, como mais estados brasileiros, não somente Santa Catarina, podem se 42

preparar para ganhar mercados no exterior? Raimundo Colombo - A produção integrada, com essa parceria tão consolidada entre produtores e empresas, e o comprometimento do controle sanitário são medidas catarinenses que podem servir de exemplo para outros estados que querem marcar presença junto aos grandes compradores internacionais. Porkworld - Em sua opinião, quais são os diferenciais dos produtos brasileiros, relativos à proteína animal, que o fazem tão competitivos? Raimundo Colombo - Nossa produção tem reconhecimento nacional e internacional pela sua qualidade. No mercado externo, o status sanitário da região de origem é uma grande exigência na hora de escolher os fornecedores. E nesse quesito, Santa Catarina é muito diferenciada. Porkworld - O que ainda precisa ser feito, em termos estruturais para ganharmos mais mercados? Raimundo Colombo - O Japão, além de maior importador de carne suína do mundo, é uma grande referência no setor. Com o aval japonês, estamos aguardando uma resposta positiva da Coreia do Sul também anunciando a abertura do seu mercado. Santa Catarina também negocia a venda para países da União Europeia. Além de promover tratativas diretas com estes países, temos um forte cronograma de investimentos nos nossos portos e nas rodovias de acesso a estes portes. E mantemos total atenção e dedicação ao controle sanitário. Porkworld - Que análise o Sr. faz da missão que foi ao Japão para tratar do assunto? O Sr. poderia me dar detalhes dos encontros? Quais seriam os seus destaques? Raimundo Colombo - O saldo é muito positivo. Tivemos encontros com representantes do governo japonês, da embaixada brasileira em Tóquio, da equipe do Banco do Brasil em Tóquio e, o mais importante, participamos do seminário com representantes da indústria catarinense e empresários japoneses interessados em comprar a carne suína catarinense. Os primeiros embarques do produto deixam Santa Catarina em julho e devem chegar ao Japão já em agosto.


“Novos mercados se abrem para a Carne suína brasileira. Ampliação do consumo interno também é o caminho”

Acompanhe a entrevista exclusiva com Jurandi Soares Machado, Diretor de Mercado Interno da Associação da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína – ABIPECS. Porkworld - Ao lado da abertura do Japão, a reabertura da Ucrânia é a notícia mais comemorada no setor. Qual estimativa para este segundo semestre com a volta da exportação de carne suína? Jurandi Soares Machado - A abertura de novos mercados está gerando uma expectativa de enxugamento dos estoques e de recuperação dos volumes exportados e dos preços, tanto no mercado externo como no interno. Porkworld - No ano passado, qual foi o volume acumulado das exportações para o país? Jurandi Soares Machado - No ano passado, o volume exportado para a Ucrânia foi de 139 mil toneladas. Grande parte desse volume foi deslocado para outros mercados. Porkworld - Desde quando o Brasil tem relações de compra com a Ucrânia? Jurandi Soares Machado - Desde o final da década de 1990.

Jurandi Soares Machado - O embargo foi anunciado no final de abril, alegando contaminação pela bactéria listéria. Esta questão tem a ver com interpretações técnicas equivocadas. No comércio internacional, a listéria não tem importância como barreira sanitária. A Ucrânia coloca essa barreira técnica também para outros países fornecedores. Porkworld - O que essa reabertura representa? Qual foi o motivo? Jurandi Soares Machado - A retomada da exportação de volumes expressivos para a Ucrânia deve mudar o humor do mercado, principalmente neste momento, em que o consumo interno está em queda, de um lado, pela situação econômica do Brasil e, de outro, pela concorrência dos preços baixos do frango no varejo. Porkworld - Como foi o processo da reabertura? Quais foram as exigências feitas pelas autoridades ucranianas? Jurandi Soares Machado - A missão ucraniana veio ao Brasil para auditar o serviço veterinário brasileiro e as fábricas, tendo constatado que o problema alegado (listéria) não existe. Porkworld - Quais são os frigoríficos autorizados para exportação? Algum foi excluído da lista?

Porkworld - Quando foi anunciado o embargo? Por qual motivo? agosto 2013 / edição 78 43


ESPECIAL Jurandi Soares Machado - Cinco plantas foram autorizadas e mais seis devem ser liberadas nos próximos dias. Porkworld - Antes a Ucrânia era o principal destino da carne suína brasileira. Agora com o Japão –que também abriu o mercado para o produto— é possível estimar qual vai ser o principal país importador? Jurandi Soares Machado - Os volumes a serem colocados no Japão crescerão paulatinamente. Os japoneses são clientes fiéis, mas precisam conhecer melhor o produto e o seu potencial. Agora começa a fase de produzir o produto adaptado ao consumidor japonês. O marmoreio, a cor, a textura e o tipo de corte ainda serão definidos entre o Brasil e os importadores. Há um tempo de espera para a maturação desse mercado, portanto, ainda é cedo para fazer estimativas de volumes e valores. Trabalhamos no sentido de ter uma participação maior no mercado mundial, de forma equilibrada, sem ter ou criar dependência de mercados. Porkworld - Do ponto de vista sanitário, quais são os obstáculos que vamos enfrentar daqui para frente? Jurandi Soares Machado - Muitos. Por Exemplo: Serviço Veterinário Brasileiro precisa se modernizar e ser mais transparente aos olhos do mundo; muitos estados produtores não possuem serviço veterinário com foco na carne suína; mais estados precisam tirar a vacina de febre aftosa , etc. Porkworld - Sobre o mercado, como o Sr. avalia a logística brasileira? Quais pontos precisam ser melhorados para que o Brasil não perca a competitividade no mercado de exportação? Jurandi Soares Machado - Devido à deficiência e aos altos custos de logística, a carne suína brasileira já perdeu competitividade frente ao nosso principal concorrente, os Estados Unnidos. Até os nossos custos de produção no campo já são muito semelhantes. Porkworld - O último balanço feito pela Abipecs, relata que o brasileiro consome cerca de 15 kg de carne suína/ano, enquanto que em Hong Kong o consumo chega a ultrapassar 60 kg/ano. O que precisa ser feito para esse consumo interno aumente? Quais medidas podem ser tomadas pelo Governo para que haja um incentivo do consumo? Jurandi Soares Machado - Estimular o consumo não é um papel do governo. Hong Kong não consome 44

60 kg per capita. Compra muito para vender para os demais países asiáticos e seu consumo interno é em torno dos 16kg. A urbanização mudou o padrão de consumo e tem facilitado a ampliação das vendas de produtos industrializados. Toda indústria de alimentos se viabiliza se ela agrega valor. A suína não é diferente. Se fosse diferente, ela não teria se concentrado em grandes marcas. Aumentar mais o consumo de cortes in natura, congelados e temperados não é uma questão de tecnologia ou de logística e, sim, de qual o preço que o mercado está disposto a pagar pelo produto diferenciado. As experiências recentes continuam a confirmar que o mercado de carne suína fresca não remunera de forma adequada. Com a abertura do Japão, investimentos terão de ser feitos, que podem contribuir para a oferta de cortes, no mercado interno, a preços mais equalizados, por exemplo, com o frango. Também, a utilização das chamadas ‘’ embalagens inteligentes’’ devem contribuir para a maior presença da carne suína fresca no varejo brasileiro. Porkworld - O Brasil é conhecido por ser um grande fornecedor de commodities e não de valor agregado. Como é possível reverter essa impressão que o país tem? A abertura dos mercados vai incentivar de algum modo essa situação? Jurandi Soares Machado - Exportar mais carne suína é uma maneira de agregar valor ao milho e à soja.

“A retomada da exportação de volumes expressivos para a Ucrânia deve mudar o humor do mercado, principalmente neste momento, em que o consumo interno está em queda, de um lado, pela situação econômica do Brasil e, de outro, pela concorrência dos preços baixos do frango no varejo”.


agosto 2013 / edição 78 45


MERCADO

Projeções do Agronegócio Brasil

2012/2013 – 2022/2023 A produção total de carnes deve crescer 34,9% em 10 anos

O

por Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

agronegócio brasileiro caminha para a próxima década com foco na competitividade e na modernidade, fazendo da utilização permanente da tecnologia um caminho para a sustentabilidade. Os números desta publicação atualizam o potencial de 26 atividades produtivas prósperas, seguras e rentáveis. Em um cenário promissor, os resultados das projeções do Mapa mostram crescimento do setor agropecuário e florestal no período 2012/13-2022/23, o que nos permitirá abastecer anualmente um total de 200 milhões de brasileiros e gerar excedentes exportáveis para algo em torno de 200 países. O saldo é um mercado agrícola e pecuário interno forte e uma balança comercial que gera mais de 100 bilhões de dólares a cada ano. A questão principal a ser respondida é: quais os fatores que levam o Brasil a invejável posição internacional de ser um dos principais fornecedores de alimentos e matérias primas para o mundo? Em primeiro lugar, pela disponibilidade de área para a produção de grãos, carnes e plantações de florestas comerciais. Em seguida, por possuirmos entre 12 e 18% da água doce do planeta, assim como insolação e chuvas regulares na maioria das regiões brasileiras. A política agrícola, 46

seja como crédito de investimento, custeio e comercialização, associada à defesa sanitária animal e vegetal, igualmente dá sustentação para o desenvolvimento de todas as cadeias produtivas. Outro fator é a utilização de tecnologias que aproveitem melhor o solo, reduzam o uso de agroquímicos e diminuam uma parcela importante dos gases de efeito estufa que causam aquecimento global. Finalmente, temos produtores engajados no aumento produtivo a partir da modernização nos campos brasileiros. Este trabalho é uma atualização e revisão do estudo Projeções do Agronegócio – Brasil 2011/12 a 2021/22, Brasília – DF, 2012, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Revisões periódicas nas projeções são necessárias em face do ambiente interno e externo, que levam a mudanças nos cenários das projeções e por consequência nas estimativas apresentadas. Por este motivo, instituições que trabalham com a visão de longo prazo têm a preocupação de atualizar sistematicamente suas projeções. As projeções deste relatório foram preparadas entre janeiro e junho de 2013. O trabalho tem como objetivo indicar possíveis direções do desenvolvimento e fornecer subsídios aos formuladores de políticas públicas quanto às tendências


dos principais produtos do agronegócio.Os resultados buscam, também, atender a um grande número de usuários dos diversos setores da economia nacional e internacional para os quais as informações ora divulgadas são de enorme importância. As tendências indicadas permitirão identificar trajetórias possíveis, bem como estruturar visões de futuro do agronegócio no contexto mundial para que o país continue crescendo e conquistando novos mercados. O trabalho Projeções do Agronegócio – Brasil 2012/13 a 2022/23, é uma visão prospectiva do setor, base para o planejamento estratégico do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para sua elaboração foram consultados trabalhos de organizações brasileiras e internacionais, alguns deles baseados em modelos de projeções. Dentre as instituições consultadas destacam-se os trabalhos da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Food and Agricultural Policy Research Institute (FAPRI), International Food Policy Research Institute (IFPRI), Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD), Organização das Nações Unidas (ONU), United States Department of Agriculture (USDA), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Insti-

tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Embrapa Gado de Leite, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), STCP Consultoria, Engenharia e Gerenciamento, Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE) e Associação Brasileira do Agribusiness (ABAG). O trabalho foi realizado por um grupo de técnicos do Ministério da Agricultura e da Embrapa, que cooperou nas diversas fases da preparação deste. Beneficiou-se, também da valiosa contribuição de pessoas/instituições que analisaram os resultados preliminares e informaram seus comentários, pontos de vista e ideias sobre os resultados das projeçõesAs observações referentes a essas colaborações foram incluídas no Relatório, sem, nominar os colaboradores, mas sim as instituições a que pertencem.

agosto 2013 / edição 78

47


MERCADO

O CENÁRIO DAS PROJEÇÕES EM 2013 As projeções realizadas em 2012 tinham como cenário preços agrícolas crescentes e crise em economias europeias, especialmente em Portugal, Grécia, Espanha e Itália. Com relação a este cenário, especialistas apontam para 2013 uma possibilidade da atividade econômica acomodar-se à sua tendência de crescimento de longo prazo, acompanhado pelo menor risco de eventos extremos (Bradesco, Boletim Diário Matinal de 15/01/2013). O cenário de preços

em elevação deve permanecer em 2013. A figura 1 mostra uma comparação entre índices de preços recebidos pelos agricultores nos Estados Unidos. A linha referente a 2012 é crescente e situa-se em uma posição superior a observada em 2011. Entretanto, há certa redução de preços nos três últimos meses de 2012. Mas, mesmo assim, os índices são superiores aos que se verifica em 2011 para os mesmos meses durante todo o ano.

Figura 1 - Preços recebidos pelos agricultores nos Estados Unidos

Os preços internos no Brasil também têm mostrado tendência de elevação. Isso pode ser visto na tabela 1. Para um conjunto representativo de produtos agrícolas (trigo, soja, milho, arroz, boi e algodão), os preços têm apresentado tendência de crescimento. Observa-se que os preços para esses produtos em

2013, são maiores que os preços históricos e também dos preços de 2012. A soja tem o preço estimado para 2013, abaixo do preço de 2012. O Brasil espera uma safra recorde de grãos em 2013, estimada entre 184 e 186 milhões de toneladas.

Tabela 1 - Preços recebidos pelos produtores no Brasil UNIDADE

HISTÓRICO

2012

2013

Trigo

R$/t

491,4

496,8

623,1

Soja

R$/SC 60kg

47,6

68,7

59,5

Milho

R$/SC 60kg

23,6

29,8

29,5

Boi

R$/@

61,8

97

100,6

Arroz

R$/SC 50kg

25,9

31,3

32,9

Algodão

Cent./libra peso

132,2

159,4

192,8

Fonte: Cepea, 2013, posição 4/06/2013

48

PRODUTO


RESULTADOS DAS PROJEÇÕES BRASIL Grãos As projeções de grãos referem-se aos 15 produtos pesquisados mensalmente pela CONAB, como parte de seus levantamentos de safra. Esse conjunto de produtos denominado grãos, pela Conab, corresponde ao que o IBGE chama de cereais, leguminosas e oleaginosas em suas pesquisas mensais de safra. Como neste mês de maio já se tem os dados referentes ao sétimo levantamento de safra, para produtos do complexo soja, milho e outros produtos, usou-se para a safra 2012/2013 os dados divulgado pela Conab para

os seguintes produtos: soja-grão, óleo de soja, farelo de soja, milho, feijão, carnes (bovina, de frango, suína), e para cana de açúcar, IBGE. Deste modo, os dados de 2012/2013 são as projeções da Conab.As projeções deste relatório para esses produtos iniciam em 2013/2014. As estimativas de produção de grãos apontam para uma safra em 2013 de 184,2 milhões de toneladas, numa área de 53 milhões de hectares. Essas duas variáveis são as maiores que foram alcançadas no Brasil ao longo dos anos.

Milho A produção nacional do milho é relativamente dispersa no país. Os principais estados produtores, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul devem responder em 2013 por 80,7% da produção nacional. As maiores regiões produtoras são o Sul, com 34,1% da produção nacional

MILHO Produção Nacional

Ano Safra 2012/2013

%

78.468,3

100,0

(mil toneladas)

e o Centro Oeste com 42,0%. No Sul a liderança é do Paraná, e no Centro Oeste, Mato Grosso. Estes são atualmente os principais produtores de milho do país. Mas Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul também respondem por importante parte da produção nacional como se observa no mapa.

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES PR

18.419,4

23,5

MT

17.978,2

22,9

MG

7.419,1

9,5

GO

7.339,1

9,4

MS

6.784,0

8,6

RS

5.383,5

6,9

agosto 2013 / edição 78 49


MERCADO

A projeção de produção de milho no Brasil indica uma produção estimada de 78,5 milhões de toneladas neste ano de 2013. Para 2013/14 a projeção de produção situa-se entre 78,8 e 89,0 milhões de toneladas. Para 2022/23 a produção projetada é de 93,6 milhões de toneladas. Como se sabe, no Paraná e Mato Grosso, maiores produtores, as áreas de soja liberam espaço para o plantio do milho. No Mato Grosso geralmente planta-se a soja por volta de 15 de setembro e colhem em janeiro para em seguida iniciar o milho de segunda safra. O limite para esse plantio é fevereiro porque os riscos de perdas com a estação seca são grandes se for ultrapassado esse período. A produtividade média projetada para o milho para os próximos 10 anos situa-se entre 5,0 e 6,4 toneladas por hectare. Mas essa projeção é considerada baixa pela Conab. A área de milho deve ter um acréscimo de 6,3% entre 2012/13 e 2022/23, passando de 15,7 milhões de hectares em 2012/13 para 16,7 milhões, podendo

chegar a 21,6 milhões de hectares em 2022/23. Não haverá necessidade de novas áreas para expansão dessa atividade pois as áreas de soja liberam a maior parte das áreas requeridas pelo milho. O aumento de área projetado de 6,3% está abaixo do crescimento havido nos últimos 10 anos, que foi de 15,3%. Mas o milho teve nos últimos anos elevados ganhos de produtividade resultando em menor necessidade adicional de áreas. O consumo interno de milho que em 2013 representa 66,7% da produção deve continuar nos próximos anos para 66,9%, tendo, portanto, um ligeiro aumento. As exportações de milho devem passar de 18 milhões de toneladas em 2013 para 24,74 milhões de toneladas em 2022/23. Para manter o consumo interno projetado de 62,6 milhões de toneladas e garantir um volume razoável de estoques finais e o nível de exportações projetado, a produção projetada em 93 milhões de toneladas atende a demanda em 2023.

Tabela 2 - Preços recebidos pelos produtores no Brasil

ANO

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

77.998

-

52.054

-

18.023

23.357

2013/14

78.784

89.032

53.112

55.913

19.521

26.060

2014/15

80.586

93.709.

54.170

58.131

19.863

27.653

2015/16

82.199

97.727

55.228

60.080

20.541

29.345

2016/17

83.825

101.466

56.285

61.888

21.122

30.851

2017/18

85.462

104.961

57.343

63.607

21.731

32.300

2018/19

87.091

108.297

58.401

65.263

22.331

33.680

2019/20

88.724

111.505

59.459

66.871

22.934

35.012

2020/21

90.355

114.611

60..517

68.440

23..537

36.301

2021/22

91.987

117.632

61.575

69.979

24.139

37.556

2022/23

93.619

120.582

62.633

71.491

24.742

38.780

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

50

Produção

20,0%

Consumo

20,3%

Exportação

37,3%


agosto 2013 / edição 78

51


MERCADO

Complexo Soja Soja Grão A produção de soja no Brasil é liderada pelos estados de Mato Grosso, com 29,0% da produção nacional; Paraná com, 19,5%, Rio Grande do Sul com 15,4%, e Goiás, 10,5%. Mas, como se observa no mapa, a

SOJA GRÃO Produção Nacional

Ano Safra 2012/2013

%

81.281,4

100,0

(mil toneladas)

produção de soja está evoluindo também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em 2012/13 respondem por 8,4% da produção brasileira.

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES MT

23.532,8

29,0

PR

15.855,3

19,5

RS

12.534,9

15,4

GO

8.562,9

10,5

MS

5.809,0

7,1

MG

3.285,1

4,0

BA

2.692,0

3,3

SP

2.051,1

2,5

MA

1.685,9

2,1

TO

1.545,3

1,9

SC

1.518,0

1,9

A produção de soja no Brasil está distribuída em 11 estados, sendo que Mato Grosso e Paraná devem produzir 48,5% do produto em 2013. Outros dois importantes produtores são Goiás e Rio Grande do Sul, com 25,8% da produção esperada para 2013. A região denominada de Matopiba, formada por municípios situados em Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia deve responder em 2013 por 9,2% da produção. Essa é uma região situada no Centro Nordeste do país, e que vem apresentando acentuado potencial de produção de grãos. A produção prevista em 2013 é 52

de 81,3 milhões de toneladas. A produtividade média projetada para os próximos anos é de 3,3 toneladas por hectare. Esse número é praticamente o mesmo que deve ocorrer neste ano. Mas técnicos da Conab acreditam que a produtividade pode crescer e ficar acima do projetado neste estudo. A produção de soja projetada para 2023 é de 99,2 milhões de toneladas. Esse número representa um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013. Mas é um percentual que se situa abaixo do crescimento ocorrido nos últimos 10 anos no Brasil, que foi de 66,0% (Conab, 2013).


As projeções de consumo indicam que deve haver um grande aumento da demanda de soja no mercado internacional e no mercado interno. Neste mercado, além da demanda de rações animais, esperasse aumento forte do consumo de soja para a produção de Biodiesel, estimada em 2013 pela Abiove em cerca de 10 milhões de toneladas. Sabe-se que 80,0% da matéria prima para biodiesel é soja. O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 50,6 milhões de toneladas no final da projeção. O consumo projeta-se aumentar 19,4% até 2023. Essa estimativa está próxima do crescimento observado pela Conab nos últimos anos da ordem de 20% no período de 6 anos. Deve haver um consumo adicional de soja em relação a 2012/13 da ordem de 8,2 milhões de toneladas. Como se sabe, a soja é um componente essencial na fabricação de rações animais e adquire importância crescente na alimentação humana. Para 2014 a projeção deve situar-se entre 80,2 e 88,8 milhões de toneladas. As projeções da Abiove vem indicando para 2020, uma produção entre 104,0 e 105,0 milhões de toneladas. Nossa projeção indica um número entre 93,5 e 113,4 milhões de toneladas em 2020. A área de soja deve

aumentar cerca de 6,7 milhões de hectares, chegando em 2023 com 34,4 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 24,3% sobre a área que temos em 2013. Nas novas regiões do Centro Nordeste do Brasil a área de soja deve se expandir muito segundo técnicos da Conab. No Paraná a área pode crescer nos próximos anos tomando áreas de outras culturas. No Mato Grosso a expansão deve ocorrer em pastagens degradadas e em áreas novas. As exportações de soja em grão projetadas para 2022/2023 são de 46,9 milhões de toneladas. Representam um aumento de 10,0 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2012/13. A variação prevista em 2023 relativamente a 2013 é de um aumento nas quantidades de exportações de 27,5%, abaixo do crescimento que temos observado no país nos últimos anos. As projeções de exportação de soja deste relatório são muito parecidas com as projeções do USDA, divulgadas em Fevereiro deste ano. Eles projetam 63,8 milhões de exportações para a soja em grão, farelo e óleo do Brasil, enquanto as projeções do presente relatório somam 65,6 milhões de toneladas no final da próxima década.

Tabela 3 - Soja em grãos (mil toneladas)

ANO

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

81.513

-

42.401

-

36.783

-

2013/14

80.238

88.841

43.458

46.585

36.710

40.440

2014/15

84.096

94.838

43.252

47.373

38.055

42.712

2015/16

85.520

98.700

44.118

49.196

39.200

44.733

2016/17

87.731

102.818

45.794

51.416

40.307

46.499

2017/18

89.579

106.436

46.059

52.293

41.329

48.217

2018/19

91.548

109.987

46.909

53.660

42.507

49.980

2019/20

93.463

113.368

48.110

55.289

43.600

51.608

2020/21

95.396

16.664

48.776

56.403

44.674

53.206

2021/22

97.321

119.872

49.595

57.636

45.803

54.819

2022/23

99.248

123.012

50.608

59.024

46.908

56.378

agosto 2013 / edição 78

53


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

As projeções de expansão de área plantada de soja mostram que a área deve passar de 27,7 milhões de hectares em 2013 para 34,4 milhões em 2023, um acréscimo de 6,7 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 6,7 milhões de hectares em relação à área prevista em 2012/2013. A expansão da produção de soja no país dar-se-á pela combinação de expansão de área e de produtividade. Enquanto o aumento de produção previsto nos próximos 10 anos é de 21,8%, a expansão da área é de 24,3%. Nos últimos anos a produtividade da soja tem se mantido estável em 2,7 toneladas por hectare, e esse número está sendo projetado para 3,0 toneladas por hectare nos próximos 10 anos. Técnicos da Abiove com quem discutimos os resultados, projetam uma produtividade entre 2,8 54

Produção

21,8%

Consumo

19,4%

Exportação

27,5%

e 3,3 toneladas por hectare nos próximos 10 anos. A soja deve expandir-se por meio de uma combinação de expansão de fronteira em regiões onde ainda há terras disponíveis, ocupação de terras de pastagens e pela substituição de lavouras onde não há terras disponíveis para serem incorporadas. A Figura ilustra as projeções de expansão de área em cana de açúcar e soja, que são duas atividades que competem por área no Brasil. Conjuntamente essas duas atividades devem apresentar nos próximos anos uma expansão de área de 8,9 milhões de hectares, sendo 6,7 milhões de hectares de soja e 2,2 milhão de hectares de cana-deaçúcar. As demais lavouras devem ter pouca variação de área nos próximos anos. Mas, estima-se que essa expansão deve ocorrer em áreas de grande potencial


produtivo, como as áreas de cerrados compreendidas na região que atualmente é chamada de Matopiba, por compreender terras situadas nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O Mato Grosso deverá perder força nesse processo de expansão de novas áreas, devido principalmente aos preços de

terras nesse estado que são mais que o dobro dos preços de terras de lavouras nos estados do Matopiba (FGV - FGVDados). Como os empreendimentos nessas novas regiões compreendem áreas de grande extensão, o preço da terra é um fator decisivo.

Área plantada de soja e canade-açúcar

Farelo de soja O farelo de soja mostra moderado dinamismo nos próximos anos. As exportações de farelo devem aumentar 12,2% entre 2013 e 2023 . As exportações se

ANO

apresentam nos próximos anos mais dinâmicas que o consumo interno. O consumo de farelo de soja deverá aumentar 28,1% nos próximos 10 anos.

PRODUÇÃO

CONSUMO

EXPORTAÇÃO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2012/13

29.740

-

14.325

-

14.925

-

2013/14

29.245

32.201

14.855

15.363

15.156

17.160

2014/15

30.162

33.871

15.240

16.187

15.230

17.981

2015/16

30.571

34.917

15.647

16.934

15.435

18.769

2016/17

31.220

36.087

16.031

17.607

15.605

19.431

2017/18

31.778

37.118

16.419

18.244

15.798

20.060

2018/19

32.378

38.148

16.804

18.850

15.983

20.641

2019/20

32.961

39.133

17.190

19.435

16.173

21.195

2020/21

33.552

40.099

17.575

20.004

16.361

21.723

2021/22

34.140

41.043

17.960

20.559

16.550

22.232

2022/23

34.729

41.970

18.345

21.105

16.739

22.723

agosto 2013 / edição 78

55


MERCADO

Para o farelo de soja, cerca de 52,8% deverão ser dirigidos ao consumo interno, e 47,0% destinados às exportações.

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23 Produção

16,8%

Consumo

28,1%

Exportação

12,2%

Carnes Antes de apresentar as projeções de carnes, procurase ilustrar a atual distribuição no Brasil do rebanho bovino, no que se refere ao número de animais abatidos em 2012. Nesse ano foram abatidos 31,1

BOVINOS

Animais abatidos 2012* (cabeças)

%

Produção Nacional

31.117.549

100,0

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES

56

MT

5.015.717

16,1

MS

3.988.813

12,8

SP

3.348.472

10,8

GO

2.922.751

9,4

MG

2.480.113

8,0

PA

2.177.806

7,0

RO

2.046.868

6,6

milhões de cabeças em todo o país, sendo que Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Pará e Rondônia, lideram os abates, com 70,6% dos abates no país.


As projeções de carnes para o Brasil mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, as que projetam maiores taxas de crescimento da produção no período 2013 a 2023 são a carne de frango, que deve crescer anualmente a 3,9%, e a bovina, cujo crescimento projetado para esse período é de 2,0% ao ano. A produção de carne suína tem um crescimento projetado de 1,9% ao ano, o que também representa

um valor relativamente elevado, pois consegue atender ao consumo doméstico e às exportações. Essas taxas correspondem a acréscimos na produção entre 2013 e 2023, de 46,4% na carne de frango, 22,5% na carne bovina e de 20,6% na carne suína. A produção total de carnes deve passar de 26,5 milhões de toneladas em 2013 para 35,8 milhões em 2023, um acréscimo de 34,9%.

Tabela 5 - Carnes Produção (mil toneladas) BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

8.930

-

3.553

-

14.058

14.620

2014

9.130

10.047

3.626

3.998

14.898

15.480

2015

9.331

10.627

3.700

4.225

15.195

16.041

2016

9.531

11.118

3.773

4.416

16.085

17.105

2017

9.732

11.564

3.846

4.589

16.708

18.028

2018

9.932

11.981

3.920

4.750

17.326

18.808

2019

10.133

12.377

3.993

4.902

17.916

19.801

2020

10.333

12.757

4.066

5.048

18.750

20.850

2021

10.534

13.125

4.140

5.190

19.206

22.232

2022

10.734

13.483

4.213

5.327

19.984

22.723

2023

10.935

13.832

4.286

5.460

20.576

23.745

Fonte: Elaboração da AGE/Mapa e SGE/Embrapa com dados da CONAB. Modelos utilizados: Para a Carne Bovina modelo e para carne suína modelo PA, e para carne de frango modelo Arma.

ANO

agosto 2013 / edição 78

57


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

As projeções do consumo mostram a preferência dos consumidores brasileiros pela carne bovina. O crescimento projetado para o consumo da carne é de 3,6% ao ano no período 2013 a 2023. Isso significa um aumento de 42,8% no consumo nos próximos 10

Produção

22,5%

Consumo

20,6%

Exportação

46,4%

anos. A carne de frango passa para o segundo lugar no crescimento do consumo com uma variação de 26,2% nos próximos anos. Em nível inferior de crescimento situa-se a projeção do consumo de carne suína, com aumento projetado de 18,9% para 2022/23.

Tabela 6 - Carnes Consumo (mil toneladas) ANO

58

BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

7.233

-

2.947

-

9.164

-

2014

7.495

8.871

3.003

4.254

9.404

9.916

2015

7.767

9.857

3.058

4.828

9.643

10.367

2016

8.049

10.777

3.114

5.281

9.883

10.770

2017

8.341

11.684

3.169

5.672

10.123

11.147

2018

8.644

12.599

3.225

6.023

10.362

11.507

2019

8.958

13.534

3.280

6.346

10.602

11.856

2020

9.283

14.497

3.336

6.647

10.842

12.196

2021

9.619

15.492

3.391

6.931

11.081

12.529

2022

9.968

16.525

3.447

7.201

11.321

12.857

2023

10.330

17.599

3.502

7.460

11.561

13.180


Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados. As estimativas projetam um quadro favorável para as exportações brasileiras. As carnes bovina e suína, lideram as taxas de crescimento anual das exportações para os próximos anos – a taxa anual prevista para carne de frango é de 1,6%, e para a carne suína de 2,6%. As exportações de carne bovina devem situar-se numa média anual

de 2,5%. As exportações de carnes tem-se dirigido para numerosos países. Em 2012 a carne bovina foi destinada a 142 mercados, sendo o principal a Rússia; a carne de frango foi destinada a 152 países, sendo a Arábia Saudita o principal comprador e, finalmente a carne suína teve 75 países de destino, tendo como principal a Rússia. A expectativa é que esses mercados se consolidem de forma crescente para que sejam factíveis as projeções realizadas.

Tabela 7 - Carnes Exportação (mil toneladas)

ANO

BOVINA

SUÍNA

FRANGO

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

Projeção

Lsup.

2013

1.769

-

620

-

4.114

-

2014

1.832

2.131

638

752

3.978

4.260

2015

1.886

2.396

656

817

4.078

4.543

2016

1.937

2.621

675

871

4.181

4.788

2017

1.986

2.818

693

920

4.169

4.965

2018

2.036

2.995

711

965

4.268

5.247

2019

2.085

3.158

729

1.008

4.403

5.543

2020

2.134

3.310

747

1.048

4.353

5.706

2021

2.183

3.454

766

1.087

4.572

6.089

2022

2.232

3.592

784

1.125

4.591

6.290

2023

2.280

3.724

802

1.161

4.675

6.561

agosto 2013 / edição 78 59


MERCADO

VARIAÇÃO % 2012/13 a 2022/23

60

Produção

28,9%

Consumo

29,4%

Exportação

13,7%


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Facilidade e tecnologia em alimentação líquida para suínos. Mais vantajoso que sistemas de alimentação seca, destaca-se por sua versatilidade, tecnologia e economia. Adaptável às necessidades nutricionais de cada animal e a todo tipo de produção, o sistema líquido tem baixo custo de manutenção e vida útil prolongada. O Hydromix vem trazendo inúmeros benefícios aos produtores que aderiram ao uso do sistema: mão-de-obra reduzida, melhor eficiência na dosagem do arraçoamento no caso de restrição alimentar e total controle da granja.

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61


EMPRESAS

Nasce uma nova empresa com mais de 100 anos de experiência

Com fusão de empresas de quatro continentes diferentes, a antiga Pen Ar Lan virou uma companhia global de genética suína, a Choice Genetics por Fernanda de Paulo e Carla Vido

U

foto divulgação

ma nova marca, única e forte a nível mundial. Esses são alguns dos valores que envolvem a Choice Genetics para se tornar líder em inovação e tecnologias e levar valores aos produtores de suínos. A Choice Genetics é o nome da nova divisão de genética suína do Groupe Grimaud, que reagrupa as marcas Pen Ar Lan e Newsham, e surgiu como resultado da fusão recente das empresas Monsanto Choice Genetics, Newsham e Pen Ar Lan que têm origem de diferentes

continentes. Conhecido por ser o maior de genética animal multiespécies no mundo, o Groupe Grimaud tem um faturamento de 243 milhões de Euros ao ano e 1.700 funcionários de mais de 30 nacionalidades. Entre suas atividades estão: seleção genética, com a produção e comercialização de animais reprodutores como frango de corte e postura, suíno, patos, ganso, angola, coelho, pombo e peixes; e biofarmácia com vacinas, proteínas e soros farmacêuticos, entre outros, para saúde humana e animal.

O melhor suíno Choice Genetics significa “escolha do melhor animal”, uma referência ao cotidiano da empresa de genética e seu cuidado pela melhoria dos animais. É também um legado da empresa Monsanto graças a qual Choice Genetics é hoje líder na seleção assistida por marcadores. Quem está a frente da companhia é o diretor Yves Naveau, que desde 1997 trabalha na antiga Pen Ar Lan. Na opinião dele, uma boa escolha genética, a qualidade da seleção dos animais e assistência ao produtor são alguns dos ingredientes para uma gestão empresarial de sucesso. “Trabalhar com animais vivos não é fácil, é preciso ter excelência. É um grande desafio conseguir esses pilares trabalhando com animais vivos”, afirma. Yves define a Choice Genetics como uma empresa global, pois não há em si um país de origem, devido às fusões entre a france62

sa Pen ar Lan, as americanas Newsham e a Monsanto Choice Genetics. “Na verdade não podemos falar que temos um país de origem. O que é possível afirmar é que agregamos uma experiência acumulada de 100 anos”, explica. Segundo o diretor, o Brasil é um grande produtor de grão e carne, e existe uma grande oportunidade crescente de produção. “O Grupo Grimaud investiu no país, pois queria estar presente tanto na parte de frango quanto na parte de suínos”, afirmou. Entre as vendas mundiais das empresas do Grupo estão 600.000 fêmeas vendidas por ano, sendo 450.000 da Newsham e 150.000 da Pen Ar Lan. Em suas granjas de seleção espalhadas pelos Estados Unidos, França e Brasil são totalizadas 9.150 matrizes, sendo 1.200 no Brasil, em granjas de São Paulo e Santa Catarina.


agosto 2013 / edição 78

63


EMPRESAS

De Pen Ar Lan a Choice Genetics A história da Choice Genetics está ligada com a da Pen Ar Lan, empresa que chegou ao Brasil em 1997. “Eu estive no Brasil de 1997 até 2007 quando voltei para a França e assinamos a fusão com o Groupe Grimauld. Em 2011, a Pen Ar Lan ingressou na divisão do grupo de genético do Groupe Grimaud. Esses dois últimos anos foram anos utilizados para avaliações dos projetos de cada empresa”, conta. O diretor conta que os processos foram unificados. “Foram feitos testes comparativos, análises de metodologias e elaboração de estratégias genéticas. Hoje toda a parte de decisão genética já foi tomada. Os dois serviços de pesquisa das empresas foram unificados em uma direção única. Está sendo criada uma base de dados de genética com uma metodologia unificada e os caracteres selecionados

prolificidade da Europa, ou seja, queremos populações selecionadas nos dois continentes”, contou Yves. O diretor também ressalta as diferentes condições entre Estados Unidos e Europa. “Nos EUA o milho e soja são iguais ao Brasil, há integrações entre as granjas, o peso de abate é alto, e isso é um contexto muito favorável para selecionar a conversão alimentar. Já na Europa estão granjas menores que geralmente pertencem a produtores que trabalham dentro da granja”, disse. Ele ressalta que na Europa o peso de abate é menor, vai de 100 kg a 120/118, e nos EUA acima de 115/130 kg. “Nos EUA a seleção da conversão alimentar é muito mais eficiente devido ao peso de abate e também devido a ração de alta energia. Na Europa a seleção para caracteres reprodutivos é mais eficiente, a expressão é

“Trabalhar com animais vivos não é fácil. É preciso ter excelência” foram uniformizados. Usamos o melhor de cada empresa para acrescentar novos critérios de caracteres. Então, hoje, na parte de melhoramento genético de pesquisa, somos apenas uma empresa”, ressalta. E foi neste contexto que surgiu a necessidade mudar o nome da empresa de Pen Ar Lan para Choice Genetics. “Achamos conveniente mudar a marca de empresa para trazer essa nova realidade a companhia. Numa empresa de genética a base é as populações, os serviços de melhoramentos genéticos e depois a parte comercial”, afirmou. A Choice Genetics atua nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, França, Polônia, Alemanha e Vietnam, trabalha com o conceito de um programa genético unificado, mas com animais selecionados dos Estados Unidos e da Europa. “Trabalhamos no Brasil, mas nossos principais centros de melhoramento continuam nos Estados Unidos e Europa. Queremos pegar para nossa linhagem o melhor de cada mundo com a conversão alimentar e carcaça dos EUA e a

mais fácil do que nos EUA devido as granjas menores”, afirma. Um dos diferenciais da Choice Genetics é que agora a empresa é multiespécies, gerando sinergias em termos de pesquisa e desenvolvimento. “Dentro do grupo há também grupos transversais de trabalho sobre alguns assuntos, como por exemplo genética molecular, comportamento, tecnologias RFID, tecnologia de base de dados. A empresa que está mais avançada numa tecnologia transmite para as demais do grupo”, diz. Outro interesse de um grupo multiespécie são as sinergias comerciais “Nos EUA e no Brasil, muitas empresas trabalham ao mesmo tempo com com frangos e suínos. Na Ásia, às vezes também com pato e postura”. Fazer parte de um grupo multiespécie com toda essa sinergia só veio a agregar”, afirma. Outra grande vantagem da fusão das empresas, segundo Yves, é fazer parte de um grupo com bastante possibilidade financeira. “Isso permite que investir em tecnologia que antes sozinhos não conseguíamos”, afirmou.

Estrutura e produtos A estrutura de produção da Choice Genetics no Brasil conta com uma granja núcleo próprio, duas granjas núcleo de parcerias e oito granjas em multiplicação Naïma, o produto mais vendido no país pela empresa. A matriz Naïma é uma fêmea independente, com excepcional potencial de desmame, instinto materno 64

desenvolvido e alta produção de leite. “A matriz Naïma conta também com uma boa qualidade de carcaça é uma matriz bastante completa. Os últimos trabalhos que estamos desenvolvendo para selecionar de maneira mais eficiente a carcaça e a conversão alimentar vão tornar a Naïma uma fêmea ainda mais competitiva


no futuro”, conta Yves. Outros destaques são os machos P76 e o NK75, ambos livres do gene halotano de sensibilidade ao estresse e do gene RN de baixo rendimento da carne no cozimento. “Os descendentes do NK75 possuem 62% de carne magra, ótima conformação e excelente conversão alimentar. Este

produto é voltado mais para o rendimento industrial, baixo toucinho, valor agregado e com bons resultados de conversão alimentar. Já o P76 é o reprodutor para produzir a melhor qualidade de carne com melhor crescimento, com também baixa espessura toucinho e boa conversão alimentar”, afirma Yves.

Novas tecnologias e investimentos Um dos objetivos da Choice Genetics é inovar para o benefício do produtor de suínos, não só no Brasil, mas no mundo. Por isso, a empresa investe em novidades tecnológicas, como a tomografia computadorizada. Esse trabalho é feito através de um equipamento comprado nos Estados Unidos que permite com uma fotografia completa do animal em 3D, não só selecionar a gordura em apenas um ponto, mas também em toda a carcaça. “O aumento da porcentagem da carne magra

vai também melhorar a conversão”, conta Yves. Outro foco é a genômica que permite selecionar critérios mais difíceis de medir como a qualidade de carne ou a resistência as doenças. Para o futuro, Yves afirma que as estratégias da empresa já foram implantadas nos Estados Unidos e está em fase de implantação na Europa. “Nossas linhagens no Brasil vão se beneficiar destes trabalhos. Queremos nos tornar líder na inovação para levar valores aos produtores”, conclui.

A Choice Genetics em números no mundo

A Choice Genetics no Brasil

Operação em 7 países

Presidente Brasil: Yves Naveau

Comércio de produtos em mais de 20 países

Presente no país desde 1997

174 colaboradores

32 colaboradores Produtos: Matrizes Naïma, reprodutores avós

Faturamento de U$: 70 milhões em 2012

Redone e Gallia, machos P76 e NK75

100 anos de experiência acumulada pelas empresas

O Brasil é o 3° mercado atrás apenas de

que lhe deram origem

Estados Unidos e França

Granjas de seleção Choice Genetics no mundo

Estados Unidos (5.900 matrizes)

França (1.350 matrizes)

BRASIL (1.200 matrizes)

• • • •

1.800 matrizes (Gateway) – Kansas 1.250 matrizes (NewKan) – Kansas 1.050 matrizes (Hillside) – Colorado 500 matrizes (Nichols) – Tennessee

• • • •

500 matrizes (Maxent) 500 matrizes (Champfleury) 350 matrizes (Locmaria) 600 (Chiron – Rolland – Hurlevent)

• •

600 matrizes (Semesa) – São Paulo 600 matrizes (Carboni) – Santa Catarina Total 9.150 matrizes

agosto 2013 / edição 78 65


EMPRESAS

Estrutura de produção no Brasil

Linha do tempo Choice Genetics Fusão de 4 empresas:

Mais de 100 anos de experiência acumulada

criação da DEKALB nos EUA

criação da PEN AR LAN na França

66

MONSANTO adquire a DEKALB

NEWSHAM HYBRIDS criada nos USA

MONSANTO CHOICE GENETICS investe na seleção assistida por marcadores

NEWSHAM GENETICS adquire MONSANTO CHOISE GENETICS

Aliança entre NEWSHAM GENETICS e o Grupo GRIMAUD

O Grupo GRIMAUD adquire a maioria do capital da PEN AR LAN



NUTRIÇÃO

Obtenção de animais sadios Parte 1: uma conquista para a nossa pesquisa!

por Alessandra M. M. G. de Castro1; Fernando G. de Castro Jr2; Josete G. Bersano3; Renato A. Ogata3

68


agosto 2013 / edição 78 69


NUTRIÇÃO

A

produção de suínos é dominada por uma crescente dicotomia dos sistemas de produção, refletido pela produção dos pequenos produtores tradicionais (familiar e de subsistência), contrastando com os sistemas altamente especializados, compostos por sistemas integrados verticalmente com a industrialização. Apesar das grandes conquistas obtidas sobre o controle e prevenção de doenças, o setor de suínos ainda enfrenta a propagação, persistências e ameaças de enfermidades existentes e emergentes, exigindo esforços para minimizar os impactos negativos das mesmas. Ressalta-se, ainda, que as consequências das enfermidades no setor suinícola, refletem não só sobre a saúde animal, mas também sobre o produtor e o consumidor local e global (4). Mundialmente, as pesquisas são direcionadas para os microrganismos que desencadeiam enfermidades que comprometem a cadeia suinícola com objetivo de atender a demanda do produtor. No Brasil não é diferente e há uma busca pelo conhecimento sobre a patogenicidade de microrganismos isolados em território nacional. No entanto, um dos quesitos para realizar esse tipo de pesquisa é a disponibilidade de animais negativos para os mesmos. Embora a terminologia utilizada para descrever o status sanitário de um rebanho suíno permita ampla interpretação, cinco termos são comumente descritos na literatura(7): 1 • Axênicos: os animais são totalmente livres de infecção por patógenos. São obtidos por cesariana em condições totalmente estéril e, posteriormente, mantidas em isoladores, livres de germes. 2 • Gnotobiótico: os animais que nasceram livres de germes, ou estão infectados com um microrganismo conhecido. 3 • Rebanho livre de germes patogênicos específicos (SPF do inglês Specific Pathogen Free): os animais, conforme o próprio termo define, são livres de patógenos específicos. Os animais são obtidos de forma estéril e então alocados num ambiente não-estéril, permitindo sua infecção com os microrganismos presentes naquele ambiente. Esses animais são geralmente utilizados para experimentação ou para iniciar um novo rebanho. 4 • Rebanho de mínima doença: esse termo é um variante do SPF, em que os animais estão livres das principais enfermidades que acomete o suíno. Muitas vezes esse termo é interpretado erroneamente, dando a entender que os animais são livres de todas as doenças. 5 • Rebanho com alto status sanitário: descreve um rebanho em que os animais estão livres das principais doenças infecciosas conhecidas dos suínos. Nos Estados Unidos e Europa, esses procedimentos foram utilizados para estabelecimento de granjas com

70

animais livres de germes patogênicos específicos (SPF do inglês specific pathogen free) ou em programas de repopulação (3, 9). Com o intuito de evitar o procedimento cirúrgico, foi desenvolvido o sistema de desmame precoce segregado medicado (MEW do inglês medicated early weaning). Nesse sistema, grupos pequenos de porcas são vacinados entre a quarta e sexta semanas de gestação. Porcas e leitões são medicados com altas doses de antibiótico durante a permanência na unidade de parição. Os leitões são desmamados aos cinco dias de idade e transferidos para unidade isolada da creche (1). Esse sistema foi utilizado com sucesso para eliminar Mycoplasma hyopneumoniae, Pasteurella multocida, Bordetella bronchiseptica, Actinobacillus pleuropneumoniae, Haemophilus parasuis, Streptococcus suis, Serpulina hyodysenteriae, vírus da gastroenterite transmissível, vírus da diarréia epidêmica suína, vírus da pseudoraiva e vírus da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos. Harris e Alexander (6) modificaram o MEW, desenvolvendo o sistema de desmame precoce segregado medicado modificado (MMEW do inglês modified medicated early weaning). A parição era realizada na própria granja após vacinação contra os patógenos da granja, não sendo medicadas. Os leitões são medicados durante o período de lactação e durante o período de desmame, que ocorre entre oito e 28 dias de idade. Nesse momento, os leitões são transferidos para a unidade isolada de creche e crescimento para, então, compor a nova granja. Independente do sistema utilizado, a sua implementação foi aproveitada para estudar patogenicidade de vários microrganismos. A seguir será descrito a adequação desses sistemas para a obtenção de animais livres de alguns microrganismos responsáveis por enfermidades importantes para a suinocultura.

Descrição do método utilizado para obtenção dos animais: Um resumo do procedimento está esquematizado na figura 1. Porcas (n = 8) e marrãs (n = 8), de uma granja de suíno, foram separadas e vacinas seguindo o esquema comumente utilizado na granja, incluindo a vacinação para o circovírus suíno 2 (PCV2 do inglês Porcine circovirus 2). Essas fêmeas foram acompanhadas e no momento de parição, três foram selecionadas e manejadas separadamente sob a responsabilidade de um único funcionário na própria granja. Dezesseis leitões (L1 a L16) foram separados e durante a permanência na granja receberam o manejo padrão da propriedade. Posteriormente, aos sete dias


de idade (+3) esses animais foram transferidos para a unidade de suinocultura localizada no Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP, onde acompanhados por seis semanas. A instalação, sem abrigar suínos por mais de dois meses, foi desinfetada e os animais receberam banho de água morna com anti-séptico de amplo espectro para degermação da pele a base de Polivinilpirrolidona Iodo (Riodeine Degermante - Rioquímica®). Posteriormente, foram secos com papel toalha, identificados com brincos e cada animal recebeu 0,1 mL/Kg via intramuscular de cloridrato de oxitetraciclina (Terramicina® LA – Pfizer). Os animais foram alocados aleatoriamente em gaiolas suspensas com bebedouro e comedouro individuais, distribuídas numa sala fechada, com ventilação artificial. As gaiolas suspensas apresentavam dimensões de 2,0 x 1,5m, suspensas a 0,6 m de altura, com piso ripado e aquecimento com campânula. Os animais foram inspecionados diariamente para avaliar as condições físicas. A ração, adequada para atender as exigências nutricionais dos animais propostas pelo Nutrition Resource Center (10), foi oferecida três vezes ao dia e água ad libitum. Diariamente, foi realizada a desinfecção com Virkon-S® (Du Pont) e a cada três dias realizouse a pulverização do galpão com Virkon-S® acrescida

de Colosso Pulverização® (Ouro Fino). Durante o período, dos sete aos 49 dias de idade, os animais apresentaram desenvolvimento adequado para a fase e não houve óbito (Fig. 2A - B). Após esse período, 14/16 animais foram transferidos para outra unidade e duas (fêmeas) permaneceram na unidade de pesquisa em Nova Odessa. As duas fêmeas foram acompanhadas durante duas parições (P1 e P2) (Fig. 2C). Da parição 1 (P1) foram selecionadas duas fêmeas para compor o rebanho (Fig. 2D). O manejo desses animais foi independente, realizado por um funcionário, o qual não pode visitar outro local com suíno nesse período. A ração, adequada para atender as exigências nutricionais dos animais propostas pelo Nutrition Resource Center (10), foi oferecida duas vezes ao dia e água ad libitum. Semanalmente e quinzenalmente realizou-se a desinfecção com Virkon-S® (Du Pont) e Virkon-S® acrescida de Colosso Pulverização® (Ouro Fino), respectivamente. As fêmeas não foram vacinadas, sendo medicadas apenas quando necessário. As doses de sêmen foram enviadas pela Unidade de Pesquisa de Desenvolvimento de Itapeva, Itapeva, SP e estas foram testadas, antes de inseminar, para verificar a ausência dos agentes descritos na tabela a seguir.

Resultados dos testes laboratoriais realizados nos animais submetidos ao sistema para obtenção de suínos livre de patógenos.

Reação em cadeia pela polimerase (PCR)1

ELISA

Amostras

PCV-1

PCV-2

TTVSuV-1

TTVSuV-2

PPV

SuHV-1

Mh

Pm

Bb

PCV22

Mh

CFSV 1

Soro

0/14

0/14

0/14

0/14

-

-

-

-

-

0/12

0/12

0/12

Suabe nasal

0/12

0/12

0/12

0/12

-

-

0/12

0/12

0/12

-

-

-

Suabe fecal

0/12

0/12

0/12

0/12

-

-

-

-

-

-

-

-

Pulmão

-

-

-

-

0/3

0/3

0/3

0/3

0/3

-

-

-

Baço

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-

-

-

0/3

0/3

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-

-

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-

Linfonodo hepatogástrico

-

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-

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0/3

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-

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-

-

Linfonodo inguinal

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0/3

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Linfonodo mediastínico

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0/3

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Sêmen

0/6

0/6

0/6

0/6

0/6

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PCV-1 = Circovírus suíno 1; PCV-2 = Circovírus suíno2; TTVSuV-1= Torque teno vírus suíno 1; TTVSuV-2= Torque teno vírus suíno 2; PPV = Parvovírus suíno; SuHV-1 = Herpesvírus suíno tipo 1; Mh = M. hyopneumoniae; Pm = P. multocida; Bb = B. bronchiseptica; CFSV = vírus da peste suína clássica.

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NUTRIÇÃO

Coleta de amostras e testes laboratoriais realizados Durante o período de 2010-2013, foram testadas amostras de soro, suabe nasal, suabe fecal e tecidos (Tab.1).

Constastações O primeiro desafio foi desmamar os leitões aos sete (+ 3 dias). Os animais permaneceram saudáveis e apresentaram desenvolvimento adequado, dentro do esperado para a fase (Fig. 3A). O sistema utilizado foi o MMEW onde alguns aspectos devem ser ressaltados com relação ao status da granja utilizada para iniciar a seleção dos animais para compor o rebanho: 1 • O sistema de vacinação deve ser contínuo e estar dia. 2 • Verificar a circulação de agentes para os quais não há vacina disponível. No presente trabalho, os agentes testados foram o Torque teno vírus suíno 1 (TTVSuV-1 do inglês Torque teno sus virus 1) e Torque teno vírus suíno 2 (TTVSuV-1 do inglês Torque teno sus virus 2). Assim, os anticorpos adquiridos pelo esquema de vacinação e/ou contato prévio com o agente, será transferido passivamente para os leitões, mantendo-os protegidos durante o período de permanência na propriedade. A transferência dos animais para um ambiente livre de microrganismos e com um sistema de biosseguridade continua fez com que, durante a queda da imunidade passiva, os animais não desenvolvessem uma resposta imune. Durante os primeiros 80 dias de isolamento, o monitoramento dos animais deve ser mais frequente, pois permite detectar as falhas do procedimento através de sinais clínicos e/ou soroconversão para algum agente. Nesse estudo, o agente escolhido para monitorar os animais foi o PCV2, o qual pode infectar os fetos durante a gestação quando o nível de anticorpo anti-PCV2 materno está baixo e/ou a porca apresentar viremia (11). Adicionalmente, a infecção pelo PCV2 é ubíqua em suínos domésticos, o vírus é resistente no ambiente e foi detectado em roedores, sendo ainda, descrito a sua disseminação por moscas domesticas mecanicamente (2,12). Estudo experimental e a campo demonstraram, que dependendo do nível da imunidade passiva, os animais soroconvertem durante os primeiros 80 dias (5,11). Portanto, o acompanhamento dos animais por sorologia mostrou diminuição dos níveis de IgG anti-PCV2 (imunidade passiva), ausência de soroconversão e níveis negativos de IgM anti-PCV2 até 49 dias após o nascimento, indicando ausência de infecção recente (Fig. 3B-C). Após esse primeiro período, as duas fêmeas separadas foram inseminadas originando animais negativos para os agen72

tes testados. Com isso, duas fêmeas da primeira geração foram selecionadas, ampliando o plantel. O teste do sêmen no momento da inseminação foi outra estratégia importante, pois muitos vírus apresentam eliminação intermitente. Os testes utilizados no presente trabalho foram direcionados para detecção de anticorpos e antígenos específicos dos respectivos agentes, no caso o teste imunoenzimático (ELISA do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) e a reação em cadeia pela polimerase (PCR do inglês Polymerase Chain Reaction), respectivamente (Tab. 1). O objetivo inicial do trabalho foi obter animais negativos para PCV2. No entanto, sabe-se que o PCV2 é necessário, mas não suficiente para desencadear a circovirose suína (PCVAD do inglês PCV2-associated diseases) necessitando de co-agentes (11). Diante disso, os animais foram monitorados para os principais agentes envolvidos no desencadeamento da circovirose suína em associação com o PCV2, dentre eles o parvovírus suíno (PPV do inglês Porcine parvovirus), Torque teno vírus suíno 1 (TTVSuV-1 do inglês Torque teno sus virus 1) e Torque teno vírus suíno 2 (TTVSuV-1 do inglês Torque teno sus virus 2) e Mycoplasma hyopneumoniae. Outros agentes, para os quais dispúnhamos de sorologia e/ou PCR, também foram testados, dentre eles, Herpesvírus suíno tipo 1 (SuHV-1 do inglês Suid herpesvirus 1), Circovírus suíno 1 (PCV-1 do inglês Porcine circovirus 1), vírus da peste suína clássica (CFSV do inglês Classical swine fever virus), Pasteurella multocida e Bordetella bronchiseptica. A negatividade para vários agentes ampliou o seu leque de utilização dentro da pesquisa nacional. Os animais, além de poderem ser utilizados para estudo de infecção experimental, amostras de tecidos, excreções e secreções podem ser utilizadas na padronização de testes ou como controle negativo por outras instituições de pesquisa. Concluindo, o uso do MMEW com o monitoramento do esquema de vacinação da granja doadora e verificação da circulação alguns microrganismos para os quais ainda não há vacinação, permitiu a obtenção de animais negativos para alguns patógenos que acomete os suínos. Esquema da adequação do sistema de desmame precoce o sistema de segregado medicado modificado para obtenção de animais negativos para alguns patógenos de suínos.


GRANJA - ACOMPANHAMENTO (16 reprodutoras)

Acompanhamento da parição de três reprodutoras - seleção de 16 leitões (L1-L16) L1-L16: 13 Machos e 2 Fêmeas

Seleção de 2 marrãs

Parição 1

Testes: PCR

Inseminação

Seleção de 2 fêmeas

Inseminação

Amostras: SO; SN; SF Testes: ELISA e PCR

Parição 2

Amostras: Tecido e SO ELISA e PCR

3 animais testados

Disposição dos animais e baia onde os animais permaneceram dos 7 aos 49 dias após nascimento (A). Instalação onde os animais permaneceram dos sete aos 49 dias de idade (B). Instalação de permanência das fêmeas negativas. A instalação encontra-se toda telada para facilitar o controle de moscas (C). Leitões negativos da P1 (D).

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NUTRIÇÃO Ganho de peso médio dos leitões (n=16, L1 a L16) durante o período de sete a 49 dias de idade (A). Valores (médio desvio padrão) da densidade óptica (DO) (450 nm) para IgG anti-PCV2 (B). Valores (médio desvio padrão) da DO (450 nm) para IgM anti-PCV2 (C). Linha tracejada corresponde ao valor médio da DO (450 nm) de corte obtida nas leituras realizadas no período.

Pesquisadores participantes do projeto: PqC-V Fernando G. de castro Jr. (CDPZD/IZ/ APTA/SAA) – responsável técnico pelo manejo geral do projeto e condições dos animais. Adequação do sistema e formulação da ração utilizada para os leitões. Contato: castrojr@iz.sp.gov.br; PqC-V Dr. Fábio E. Lemos (CDPZD/IZ/APTA/SAA) – responsável técnico pela nutrição dos animais na fase de reprodução. Contato: fbudino@iz.sp.gov.br; Prof. Dr. Leonardo J. Richtzenhain (VPS/FMVZ/USP) – consultor para assuntos relacionados ao diagnóstico e condições dos animais do projeto. Contato: leonardo@usp.br; Prof. Dr. Paulo E. Brandão (VPS/FMVZ/USP) – consultor para assuntos relacionados ao diagnóstico molecular do projeto. Contato: paulo7926@usp.br; PqC-VI Josete G. Bersano (LDSWS/CPDSA/B/APTA/SAA): responsável técnico pelos exames anatomopatológicos dos animais. Responsável técnico do laboratório onde

foram executadas as PCRs. (http://www.biologico. sp.gov.br/exames_animal.php). Contato: bersano@ biologico.sp.gov.br; MSc Renato A. Ogata (LDSWS/ CPDSA/B/APTA/SAA): execução dos ELISAs. Contato: renato@biologico.sp.gov.br; Prof. Dr. João P. A. Jr (IB/UNESP, Botucatu, SP): responsável pelo desenvolvimento do ELISA indireto com anticorpo de captura para PCV2 e chefe do laboratório onde o teste foi executado. (http://www.ldmvet.com.br/ servicoSuino.aspx). Contato: jpessoa@ibb.unesp. br; Dra. Tais F. Cruz (IB/UNESP, Botucatu, SP): responsável pelo desenvolvimento do ELISA indireto com anticorpo de captura para PCV2 e executor dos testes nesse projeto. Contato: tfcruz@yahoo.com.br; PqC-IV José Carlos de M. Camargo (UPD-Itapeva/ APTA/SAA): responsável técnico da unidade que forneceu sêmen. Contato: upditapeva@apta.sp.gov.br

1 Testes realizados no LDSWS/CPDSA/B/APTA/SAA. 2Testes realizados IB/UNESP, Botucatu, SP. *1 Jovem Pesquisadora - VPS/FMVZ/USP, São Paulo, SP (Coord. do Projeto FAPESP 2007/57115-3). Contato: almarnie@yahoo.com 2 Centro de Pesquisa em Zootecnia Diversificada (IZ/APTA/SAA) – Nova Odessa, SP. 3 Laboratório de doenças de suínos “Washington Sugay” - CPDSA – (IB/APTA/SAA) - São Paulo, SP. 74


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MANEJO

Hiperprolificidade e maximização de desmamados/fêmea/ano

Experiência prática para aumentar a sobrevivência e qualidade dos leitões

A

por Djane Dallanora – Integrall Soluções em Produção Animal

hiperprolificidade é uma característica consistente no rebanho brasileiro e a discussão sobre os reais benefícios desse tema está presente no dia a dia dos profissionais e em todos os eventos relevantes do negócio suíno. Em dados brasileiros, pode ser observado um aumento médio de 0,30 leitões nascidos totais/ano nos últimos cinco anos, sendo que esse aumento é duplicado nas melhores granjas, onde foi registrado um aumento anual de 0,66 nascidos totais no mesmo período (1). Chama a atenção o excelente número de 37 leitões nascidos totais/matriz/ano e 32 desmamados/matriz/ano nas 10 melhores granjas (13,5% de perdas entre o nascido total e o desmamado). Além disso e não menos importante, há uma diferença considerável de 6 desmamados/ matriz/ano entre a média e os melhores (25,91 e 31,96 leitões, respectivamente), o que deve nos fazer refletir a respeito das oportunidades que se apresentam, as quais estão sendo aproveitadas apenas por alguns

fotos Divulgação

sistemas. O principal foco das unidades produtoras de leitões deve ser o número de desmamados/fêmea/ano com peso compatível com a idade e boa saúde geral. Esse conjunto de características é o mais adequado, pois contempla também o número de kg desmamados/ matriz, já que considera o peso compatível com a idade. Sendo assim, é fundamental falarmos sobre o número de nascidos, pois é ponto de partida para atingir esse objetivo. O potencial genético atual permite que as metas das granjas sejam definidas com taxa de parição acima de 90% e número de nascidos totais superior a 14,5 leitões, gerando aproximadamente 12,5 desmamados (considerando perdas de 14% com natimortos + mumificados + mortalidade na lactação). Dito isso, o objetivo desse texto é revisar os principais aspectos relacionados a otimização dos resultados das granjas hiperprolíficas, melhorando a sobrevivência e a qualidade dos leitões. De forma prática e generalista, as principais dúvidas que se apresentam em relação à hiperprolificidade estão descritas abaixo:

dificultará o atendimento ao parto (?) aumentará o percentual de natimortos e mumificados (?) aumentará o percentual de nascidos com baixo peso (?) precisará de um número muito maior de funcionários na maternidade (?) diminuirá o peso ao desmame (?) aumentará a mortalidade na lactação (?) aumentará efetivamente o número de desmamados (?) aumentará o custo com alimentação da matriz (?) piorará o desempenho das minhas creches e terminações (?)

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Todas essas dúvidas são advindas de um quadro transitório quase que invariavelmente visto durante a adaptação ao novo patamar de produtividade, onde as granjas apresentam queda no peso ao nascer, aumento

da variabilidade, aumento das perdas de maternidade (ao parto e durante a lactação) e piora no ganho de peso diário do lactentes.

Esse momento de transição deve ocorrer de forma cuidadosa, pois é fato que existem alternativas de trabalho para aproveitar todos os benefícios da hiperprolificidade e seu real impacto positivo no desempenho financeiro das unidades.

Aprendendo a trabalhar com 30% a mais de leitões nas instalações... Muitas vezes, os sistemas de produção não atentam para esse fato tão significativo: passaram a trabalhar com aproximadamente 30% a mais de leitões dentro da mesma situação de manejo e instalações. Em granjas

hiperprolíficas, o trabalho para conseguir qualidade dos leitões inicia na gestação e passa por momentos cruciais durante o atendimento ao parto e aos primeiros dias de vida dos leitões.

O peso ao nascer Os leitões com baixo peso ao nascer são a categoria que apresenta as menores chances de sobrevivência, pois têm um menor nível de energia corporal, alta sensibilidade ao frio, demora em realizar a primeira mamada e dificilmente conseguem disputar pelas

melhores tetas (2,3). Por isso, é preciso considerar os fatores relacionados à nutrição da fêmea gestante e aos mecanismos de chegada desses nutrientes até o feto (vascularização placentária e aréolas placentárias = eficiência placentária).

Vascularização placentária e presença das aréolas (ponto de abertura das glândulas uterinas)

Embrião suíno e presença de vasos sanguíneos na placenta (Foto – Jéssica Marcon)

A disponibilidade de nutrientes durante a vida fetal é o fator que limita a sobrevivência, o crescimento e a uniformidade dos fetos em cada leitegada. A inclusão de características de eficiência placentária e de capacidade uterina nos programas de melhoramento genético parece fundamental, embora não se apresente como uma característica fácil de ser trabalhada. De forma prática, em todos os pontos da pirâmide de melhoramento genético,

deve-se buscar a seleção de fêmeas provenientes de leitegadas numerosas e com peso uniforme, além de considerar o peso individual ao nascimento. Mesmo que um tanto empírico, esse pode ser considerado um bom ponto de partida, especialmente com o crescimento do número de sistemas de produção com reposição interna e menos especializados e familiarizados com

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MANEJO os procedimentos de seleção. Sobre a presença de leitões nas categorias de baixa viabilidade, é preciso conhecer a real situação de cada sistema, já que os softwares frequentemente oferecem a informação de percentual de leitegadas e não percentual de leitões nessa categoria, o que subestima o problema. É importante considerar a uniformidade dos leitões dentro de cada leitegada. Um sistema que tem um coeficiente de variação de peso ao nascer dentro de cada leitegada superior a 25% terá mais dificuldade de administrar a maternidade do que um sistema que tem uma variação de 18%. Na prática, é menos problemático que a granja tenha algumas leitegadas com baixo peso ao nascer do que tenha presença de leitões de baixa viabilidade e alta variabilidade

dentro de todas as leitegadas. A duração da gestação também pode influenciar diretamente no peso ao nascer. Estimativas de ganho de peso dos fetos durante a gestação indicam um ganho de até 36g/dia nos últimos 4 a 5 dias de gestação. Nesse sentido, a indução de partos deve ser avaliada cuidadosamente, de acordo com a duração natural da gestação de cada granja e genótipo utilizado. A prática da indução de partos apenas para “fechar” as salas é uma ótima alternativa, já que permite manter uma variação máxima de 2-3 dias na idade de desmame e permite que a ampla maioria dos partos ocorra de forma natural. Esse manejo tem melhorado de forma significativa o peso e a vitalidade dos leitões.

A nutrição das matrizes gestantes A nutrição das matrizes gestantes deve ser adequada ao patamar de produtividade em que se encontram e à fase da gestação. Em especial as leitegadas de matrizes jovens (no primeiro e segundo partos) apresentam um menor peso médio ao nascer e essas matrizes podem ser tratadas de forma diferente dentro do sistema. Algumas alterações no padrão de condição corporal têm sido utilizadas, sendo necessário trabalhar com matrizes mais magras durante o terço médio da gestação. Essa é a alternativa encontrada para poder utilizar uma quantidade maior de alimento no terço final da gestação, sem correr risco de promover

edemas e obesidade, direcionando os nutrientes para o crescimento fetal e preparação da glândula mamária para a próxima lactação. Para isso, a reorganização das curvas de alimentação durante toda a gestação tem se apresentado como uma boa ferramenta. A realidade de campo mostra uma grande variedade de manipulação das dietas sendo realizadas individualmente nas empresas, utilizando diferentes níveis de energia e aminoácidos, porém poucos dados científicos têm sido produzidos a respeito. Uma intensa interação entre as equipes de manejo, genética e nutrição é essencial nessa discussão e nas definições de cada sistema.

Atendimento ao parto e manejos após o nascimento No que tange aos manejos após o nascimento, a especialização do atendimento ao recém-nascido, a ingestão de colostro, a uniformização e o uso de mães-de-leite/decks de alimentação são os principais pontos a serem discutidos. Nas granjas hiperprolíficas, temos visto que a especialização da mão-de-obra para as principais tarefas tem dado excelentes resultados.

Trabalhar com uma equipe de atendimento ao parto e uma equipe de primeiros dias de vida, garantindo todo o atendimento do recém nascido, mamada de colostro e uniformização, permite a otimização dos resultados no período mais crítico (até 4 dias de vida, em geral) e assegura a qualidade do leitão que será entregue ao funcionário que cuidará da sala até o desmame.

A ingestão de colostro A ingestão do colostro deve ser realizada de forma uniforme dentro da leitegada. Trabalhos indicam que 250g nas primeiras 24h foi o mínimo de colostro necessário para a sobrevivência dos leitões (5). O manejo deve contemplar o atendimento às leitegadas numerosas, onde o ideal é garantir que os primeiros 8-10 leitões nascidos mamem o colostro e, após isso, 78

marcá-los com um bastão/pincel (figura 1 e 2). Durante o transcorrer do parto, os primeiros serão fechados no escamoteador, mantendo no máximo dez leitões mamando até o término. Desta forma evita-se disputa por tetos e garante-se uma melhor ingestão de colostro da mãe biológica em 100% dos leitões.


Sob o ponto de vista nutricional, o leitão deve ingerir colostro até 20 minutos após o nascimento. Sob o ponto de vista imunológico, o ideal é que seja nas primeiras 6 h após o parto. Por isso, a ingestão não pode ser adiada – deve ser imediata! Um manejo que deve ser feito com cuidado é a prática de aquecer o leitão no escamoteador, logo após o nascimento e

antes de colocá-lo para mamar o colostro. Se esse período for maior que 20 minutos (o que é muito fácil de acontecer na prática), inicia a mobilização de reservas corporais para manter a atividade física, mantença e termorregulação, prejudicando o leitão. O quadro 1 apresenta as principais variáveis que interferem na ingestão do colostro.

Quadro1 - Fatores que interferem na ingestão de colostro (adaptado de 6). Peso ao nascer

Os leitões de baixo peso ao nascer são mais predispostos ao estresse pelo frio, demoram mais a alcançar o aparelho mamário.

Ordem de nascimento

Os últimos leitões a nascer estão predispostos ao baixo consumo de colostro, pois há uma quantidade significativa de leitões já ocupando o aparelho mamário e já mais ativos e fortes nas disputas.

Estresse pelo frio

Os leitões que perdem temperatura corporal por estarem expostos ao frio ingerem menor quantidade de colostro, independentemente de seu peso ao nascer.

Nascimento pré-maturo

Os partos naturalmente precoces ou partos induzidos aumentam as chances de termos leitões com baixa vitalidade.

Hipóxia

Leitões que nascem com cordão umbilical rompido, desacordados podem ter um quadro de hipóxia cerebral estabelecido e terem sua vitalidade comprometida.

A presença de leitões além do número de tetas viáveis na matriz predispõe à ingestão inadequada de colostro e leite. Por isso, durante e logo após o parto, deve-se fazer rotação de mamadas nas leitegadas numerosas. Dividir a leitegada em dois grupos e alternar a mamada durante 4 a 6 vezes após o fechamento do

parto (utilizando o manejo 40-20) garante uma boa ingestão de colostro da mãe biológica. Isso significa que todos os leitões ficarão aproximadamente 6 horas com a mãe biológica. Posteriormente a isso, a uniformização deve ser realizada, para evitar um consumo restrito de colostro

Uniformização Estima-se que o ideal é que não sejam movimentados mais que 30-35% dos leitões recém nascidos, ou seja, que sejam retirados das leitegadas apenas as exceções de tamanho e o excesso de leitões em relação ao número de tetas. Para discutirmos a uniformização de uma forma bem simples, temos utilizados cinco categorias

de leitões nas granjas: bem leves (baixa viabilidade), leves, médios, pesados e bem pesados. A uniformização adequada inicia pela escolha de uma ou mais matrizes (de acordo com a necessidade) com aparelho mamário compatível para receber os leitões mais leves da sala. Isso é indispensável para seu bom desempenho e agosto 2013 / edição 78

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MANEJO sobrevivência. Posteriormente, as demais categorias de leitões devem ser distribuídas de acordo com seu tamanho, podendo manter na mesma leitegada leitões leves/médio e médios/pesados nas mesmas leitegadas. Outra constatação prática é que não há benefícios em deixar mais que 13,5 leitões mamando em média desde o dia do parto. Considerando que 70% das mortes acontecerão até o 3º dia de vida, cada matriz estará com aproximadamente 13 leitões quando a sala for entregue ao funcionário que vai trabalhá-la até o desmame. Apesar da quantidade de leite produzida por cada glândula mamária ser alterada de acordo com o grau de estímulo, o volume máximo total produzido

por cada fêmea é determinado geneticamente, ou seja, a produção total de leite será dividida entre o total de lactentes. Em diversos casos práticos, muitos sistemas já perceberam que há uma limitação de ganho de peso diário nas maternidades onde foram deixados mais que 13 leitões por matriz, além de uma maior refugagem e desuniformidade ao desmame. Assim, em granjas com mais de 13 nascidos vivos, provavelmente será necessário lançar mão da estratégia de mães-deleite para acomodar adequadamente todos os leitões, priorizando o uso preventivo das mesmas, ou seja, utilizar a mãe-de-leite antes que a refugagem ocorra.

O uso das mães-de-leite ou decks de alimentação

80

Consideramos mãe-de-leite aquela matriz que já pariu em outro grupo e que será utilizada na sala de parto (com idade de lactação que será discutida posteriormente). As granjas mais eficientes nesse manejo utilizam em média 8% de mães-de-leite e estão desmamando mais de 13 leitões em média. O principal fator que impacta numa quantidade muito grande de mães-de-leite é a qualidade do aparelho mamário das matrizes nos grupos de parição (número de tetas viáveis de fato) e a produção de leite da granja. A estratégia de melhor resultado é trabalhar com espaço na sala de parto para acomodação dessas matrizes que serão as mães adotivas. Para adotar os recém-nascidos, devem ser utilizadas

matrizes com máximo de 4 a 5 dias de lactação e estas deverão adotar os mais pesados. Isso se deve ao fato das matrizes já apresentarem uma produção de leite maior, a qual superaria a demanda dos leitões pequenos, podendo gerar problemas de disgalactia (secagem de tetas ou até secagem de aparelho mamário). Para adotar os leitões de 4 a 5 dias dos quais foi retirada a mãe, podemos utilizar uma matriz de descarte ou uma matriz que tenha uma leitegada de bom desempenho na semana de desmame. Para esses leitões, outra estratégia que se apresenta pode ser o uso dos decks de aleitamento, que ainda não estão em uso no Brasil, mas que já apresentam bons resultados fora do país.

Vista interna do deck

Vista externa, na sala de maternidade.

Para os leitões que falham no seu desenvolvimento durante a lactação (seja por falta de leite ou por problema sanitário), devemos realizar uma nova mãe adotiva. Não é adequado trocar indiscriminadamente leitões entre leitegadas após o 2º dia de vida, pois a definição de tetas já foi feita e haverá muitas brigas,

aumentando a refugagem. Essa matriz deve ser proveniente da última semana de lactação e pode ser até uma matriz de descarte, desde que esteja em boas condições.


O cuidado com os leitões bem leves e com os últimos a nascer Dentro das categorias de maior chance de morte, temos os leitões mais leves e os últimos a nascer (6). A técnica da suplementação de colostro utilizando a sonda orogástrica tem se apresentado como uma alternativa de fácil aplicação e excelentes resultados. Na prática, tem sido definido que são suplementados: - os últimos 2 leitões a nascer nas leitegadas com mais de 15 nascidos durante o parto; - os leitões que nascerem com menos de 1 kg durante o parto. - a leitegada de baixa viabilidade durante um ou dois

dias após o nascimento. A quantidade utilizada na suplementação durante o parto é de até 20 mL de colostro da mãe biológica nos leitões maiores e 15 mL nos leitões pequenos. Para os leitões no primeiro dia de vida, podem ser utilizados 20 mL de leite, quatro vezes no dia, desde que coletado em matrizes com idade de lactação compatível. O treinamento para uso da sonda pode ser feito utilizando leitões natimortos, o que facilita muito o entendimento do procedimento por parte de quem vai realizá-lo.

Utilização de leitão natimorto para treinamento das equipes (Foto: Scheila Silva)

Momento da suplementação de colostro com sonda orogástrica (Foto: Scheila Silva)

De fato, não há necessidade de aumento do número de pessoas na maternidade. Apenas precisamos especializar a equipe de atendimento ao recémnascido. Além do uso da sonda, a leitegada leve deve ser estimulada durante o dia a sair do escamoteador e procurar o aparelho mamário, pois há uma tendência de maior sonolência nessa categoria.

As perdas por esmagamento Provavelmente, nas granjas construídas a mais de 5 anos, já estejamos convivendo com um espaço subestimado para os leitões lactentes nas baias de maternidade. Alguns indicadores positivos em relação à redução da mortalidade por esmagamento

têm nos mostrado que a dimensão dessa instalação precisa ser revista de acordo com o número de nascidos. A estrutura de escamoteador deve ser adequada para

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MANEJO a permanência dos leitões em seu interior, devendo ser seco, iluminado e com temperatura adequada. Nos primeiros dias de vida, o ideal é que os leitões sejam fechados várias vezes ao dia, logo após as mamadas, assim que começarem a dormir, para que sejam condicionados a fazer isso voluntariamente. Nos momentos do arraçoamento das matrizes, também devem ser fechados no escamoteador, sendo liberados assim que as matrizes deitarem. Além

disso, avaliações de necropsia de leitões esmagados têm mostrado que, independetemente do seu peso, os esmagados nos primeiros dias de vida apresentam pouco ou nenhum conteúdo de leite no estômago ou intestino. Esse indicador é importante sob o ponto de vista de revisar os manejos de ingestão de colostro, uniformização e treinamentos de mamadas e uso de escamoteador.

Leitões deitados próximo à matriz com alto risco de esmagamento

Leitões dormindo no escamoteador, em ambiente adequado.

Existem muitas experiências interessantes em andamento nos diversos sistemas de produção, procurando as adequações necessárias para aumentar a qualidade dos leitões ao nascimento e as estratégias de sobrevivência desses leitões. O que há de positivo é que há ferramentas a serem utilizadas e o principal fator envolvido é o entendimento da nova situação da granja e a disponibilidade das pessoas envolvidas. É fundamental que as instalações sejam dimensionadas adequadamente, que a lotação da

granja seja respeitada, que seja realizado o ajuste das curvas de alimentação das matrizes e que a qualidade do aparelho mamário seja focada. A reorganização das atividades e atenção aos pontos acima discutidos não aumentam a necessidade de pessoas na maternidade e asseguram a redução das perdas e a qualidade dos desmamados. São todas atividades de fácil implementação e aplicabilidade prática e que podem ser adequadas à realidade de cada granja.

Avaliação de conteúdo estomacal de leitões mortos por esmagamento (Foto: Jéssica Marcon)

1. www.melhoresdasuinocultura.com.br 2. LAY et al. (2002) 3. QUINIOU et al. (2002) 4. PANZARDI et al. 5. QUESNEL, H. (2011). 6 THORUP, (2004). 82


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PRODUÇÃO

Os irmãos Horacílio, Edson, Nelson e José Antonio Pagan

Granja muda o foco e cresce com a fabricação de embutidos

Há 10 anos os irmãos Pagan procuram orientação técnica e aprenderam novas formas de manejo, cortes, defumação, técnicas de vendas e investiram na fabricação de embutidos artesanais por Giovani Hamada 84

fotos Divulgação


O

custo de produção elevado e o preço da arroba do suíno terminado em baixa, fez com que uma pequena granja de suínos da cidade de Amparo, interior de São Paulo, quase encerrasse suas atividades. O cenário, que poderia se encaixar na condição de muitos suinocultores nos dias de hoje, foi a situação pela qual passou a Granja Pagan há pouco mais de 10 anos. Porém, os donos da propriedade familiar perceberam que era preciso fazer algo para sair daquela situação e buscaram auxílio e orientação de técnicos a fim de encontrar uma nova maneira de tornar a propriedade rentável. Foi então que a granja mudou o foco de suas atividades. Ao invés de vender suínos terminados, investiu na fabricação e comercialização de embutidos artesanais com marca própria, dando origem a “Embutidos Pagan – produtos artesanais”. A Chácara Santa Luzia, propriedade rural localizada no Distrito de Três Pontes, em Amparo, que abriga uma pequena fábrica de embutidos e a granja de suínos, pertence à família Pagan há mais de 70 anos. E é de lá que os quatro irmãos Horacílio, Nelson, José Antônio e Edson Pagan e mais três sobrinhos tiram o sustento de suas famílias. Além deles, outros 20 funcionários trabalham na desossa, beneficiamento, transporte e comercialização da carne. A empresa tem o registro do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), um selo de controle de qualidade, sanidade e vistoria técnica da prefeitura de Amparo. Cada proprietário exerce uma atividade e é responsável por um setor. Horacílio, o irmão mais velho, é o coordenador geral, Nelson e Edson são responsáveis pelas granjas e fábrica de ração e José Antônio junto com os sobrinhos Leonardo,

Leandro e Juliano, gerenciam a fábrica de embutidos. José Antônio diz que além de vender na região de Amparo para supermercados de pequeno e grande porte e demais comércios, o turismo também atrai clientes que garantem uma participação significativa nas vendas. Por isso, a propriedade também virou atrativo. Para chegar na Chácara Santa Luzia, que fica na estrada entre Amparo e Monte Alegre do Sul, placas da cor marrom, que identificam pontos turísticos, indicam a localização e facilitam a chegada à propriedade, que fica a aproximadamente uns três quilômetros da pista. E o turismo atrai muita gente porque a cidade está inserida no “Circuito das Águas Paulista”. Sua geografia montanhosa, história arquitetônica e fazendas antigas estimulam o turismo rural. “Essa é uma região que recebe muitos turistas, principalmente nos fins de semana. Tem muita gente de passagem e também muitos proprietários de chácaras e fazendas por aqui. Muitos visitam a propriedade para comprar nossos produtos. Eles ainda têm a oportunidade de conhecer parte das instalações e ver a criação de suínos de perto. Para muitos que vivem na cidade grande isso é uma novidade, a maioria nunca viu um porco vivo de perto”, comenta José Antônio. Mesmo atendendo apenas o mercado regional, José acredita que ainda há espaço para crescer. “Nosso foco é regional, principalmente a cidade de Amparo e o turismo. Até porque a nossa certificação é municipal e não podemos sair dessa fronteira. Mas espaço para crescer existe, porém, acredito que agora é a vez dos mais novos começarem a projetar isso. Afinal, é um negócio vai ficar para eles”, disse se referindo aos três sobrinhos.

Demanda Leonardo, que junto ao tio gerencia a fábrica de embutidos, conta que há projetos para ampliação. Ele relata que quando a fábrica começou, há cerca de 10 anos, eles comercializavam entre sete a oito produtos e o mais vendido, a linguiça caseira sem conservantes, tinha uma saída de menos de 200 quilos por semana. “Hoje, oferecemos mais de 40 produtos para nossos clientes e somente a linguiça caseira, que é o nosso carro chefe, vende cerca de mil quilos por semana. Foi um grande salto nos últimos dez anos”, afirma. Para atender a demanda, 100 suínos são abatidos por semana. Leonardo diz que semanalmente são enviados 50 animais de criação própria para o abate no frigorífico e abatedouro Transui, na cidade de Artur Nogueira, a 60 quilômetros da cidade de Amparo, e outros 50 são comprados já abatidos. “Às

vezes compensa comprar o porco já abatido. Mas não podemos depender apenas do mercado e de suas oscilações de preço e oferta, temos que garantir a nossa carne. Por isso mantemos 100 matrizes em nossa granja. Assim enviamos metade do que precisamos e compramos a outra parte”. Ele também garante que a carne é inspecionada e enviada para análise regularmente e a propriedade funciona de acordo com todas as exigências sanitárias e ambientais. A pequena fábrica de embutidos conta com cinco câmaras frias, uma sala de desossa, cozinha, uma sala para a fabricação de embutidos e um espaço para atender os clientes, principalmente turistas. Além disso, na propriedade também há uma fábrica de ração que produz uma média de 60 toneladas de ração por mês para consumo próprio. agosto 2013 / edição 78

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PRODUÇÃO

Diversificação

Acima, linha de embutidos

Ajuda técnica deu início à fabricação de embutidos De uma família de onze irmãos, os quatro proprietários dos Embutidos Pagan são os que continuam na propriedade para dar sequência às atividades exercidas pelos pais. Com os filhos do Horacílio, Leonardo e Leandro, e o Juliano, que é filho do Nelson, esta é a terceira geração da família vivendo da suinocultura.Mas, José Antônio conta que nem sempre a situação foi fácil. Os irmãos perceberam que era preciso fazer algo para aumentar a lucratividade e tirar a granja do vermelho. “Hoje a situação melhorou, mas a granja estava quebrada. Chegamos a perder 80% do plantel. Há alguns anos havia umas dez granjas aqui nas proximidades, hoje sobraram apenas nós e mais uma ou duas granjas. Foi graças à orientação da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) que buscamos novas formas de agregar valor ao nosso produto. Fizemos cursos e aprendemos novas técnicas de manejo, cortes, defumação e técnicas de venda. Além de investir em material, equipamentos e novas câmaras frias. Tudo isso foi essencial para o negócio dar certo”, afirma. Segundo ele, a ajuda técnica possibilitou conhecerem melhor o novo mercado em que iriam se arriscar e os irmãos aprenderam a como trabalhar com essa nova atividade. Com o aprendizado de novos cortes e temperos, eles conheceram como aproveitar melhor as partes do animal e como agregar valor para aumentar os lucros, oferecendo no mercado regional uma variedade maior de produtos e aumentando a procura por eles. Além disso, eles foram atrás de orientação para aprenderem como inserir seus produtos no mercado através de técnicas de vendas e comercialização.

86

Com o tempo, a família Pagan também aprendeu, como definiu o próprio José Antônio, que “colocar os ovos numa única cesta” é arriscado quando se trabalha com a atividade rural. Por isso, paralelo à suinocultura, a família Pagan também trabalha com a criação de aves no sistema de integração com a Marfrig. Edson, um dos irmãos responsáveis por tomar conta das granjas, conta que a família possui um espaço na Chácara Santa Luzia destinado à criação de aves e também possui uma segunda propriedade nas proximidades que é destinada apenas à avicultura, totalizando uma capacidade para 110 mil frangos. “Mas esse número costuma variar. Quando pegamos frangos para exportação o número de aves aumenta, porque elas são abatidas com um tamanho menor, então cabem mais. Para o mercado interno as aves são maiores, então precisam de mais espaço. Consequentemente o número delas dentro da granja é menor”, comenta. Para José Antônio, o bom de diversificar é que a propriedade consegue se manter quando uma das atividades vai bem e outra não. “Assim você perde aqui, mas ganha dali e consegue ir levando a situação. Assim uma atividade auxilia a outra. Porque hoje é difícil apostar na pecuária em um único setor. Mas posso dizer que o bom mesmo é quando tudo está indo bem”, ressalta.

Acima, Leonardo Pagan


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PERSONALIDADE

Everton Gubert se destaca na Suinocultura pela inovação na Gestão da Informação Conheça o empresário de Santa Catarina que se tornou referência para a suinocultura por Giovana de Paula

fotos Divulgação

C

onhecer a cadeia produtiva de suínos profundamente. Estruturar análises, traçar perfis, como um ‘raio x’ da granja, ou seja, transformar os números gerados nas granjas em bons negócios. Se você conhece os números de sua empresa, com certeza você sabe melhor por onde caminhar e quais estratégias ter em mente para o seu desenvolvimento. Simples, óbvio, mas como ‘desenhar’ este projeto? Foi assim que, em 2001, com um sonho na cabeça, uma meta traçada e um objetivo muito definido, Everton Gubert fundou a Agriness. A empresa se tornou referência em soluções e modelos de gestão da informação para o agronegócio, com forte atuação na suinocultura brasileira, tornando-se líder de mercado no setor. Gubert nos conta que se formou em 1999 em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Ele, natural de Xanxerê (SC), sempre teve contato com a suinocultura, até mesmo pelo perfil da cidade no oeste catarinense. “Meus pais produziam alguns suínos, mas somente para subsistência. Tenho a suinocultura fixada em minhas veias e sempre tive o desejo de auxiliar o setor, ajudar aos produtores a melhorarem enquanto empresários”, explicou. A Agriness teve seu início meio que ‘por acaso’, conta Everton Gubert. “Quando me 88

formei pensei em uma empresa de desenvolvimento de software por encomenda. Tive a demanda pelo produto e o negócio foi se estabelecendo”, afirmou. “Em uma viagem à Xanxerê, estive em uma metalúrgica de um primo meu que produzia equipamentos para suinocultura, e ele tinha um sócio que também era suinocultor e eles me explicaram dessa demanda pela sistematização no setor. Pensei, então, em estruturar um software específico para a suinocultura e deu certo! Hoje o volume está crescendo muito! Era um mercado com um potencial enorme, o que se confirmou mais tarde. Nada era informatizado nas granjas, a coleta de dados era muito difícil, feita manualmente, isso quando se fazia essa coleta. Não havia uma cultura de gestão no campo. A maioria das decisões eram tomadas apenas com base na experiência e subjetividade. E o detalhe: nosso produto também auxilia o pequeno produtor, que não tinha acesso à tecnologia, ele não foi pensado somente para grandes propriedades. Dessa forma, atingimos hoje 80% do mercado”, explicou Everton Gubert. Ele conta que atualmente, tanto a Embrapa Suínos e Aves e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), utilizam os dados gerados pela Agriness para traçar um perfil da suinocultura. “Com o registro dos dados, o trabalho do Governo fica facilitado para entender as necessidades


dos produtores e de toda a cadeia produtiva”, disse. “E também, os produtores tem acesso aos dados de outros produtores, para que eles entendam o seu negócio, e pensem: ‘o que eles fazem melhor do que eu? Onde devo melhorar’? Assim, geramos uma evolução constante do segmento. Afinal, crescemos também pela competitividade”, disse. Em 2007, com a intenção de contribuir com o setor, a empresa criou o “Campeonato Melhores da Suinocultura Agriness”. Uma competição saudável entre os produtores de todo o Brasil que mede a produtividade da suinocultura no país. No fundo, o que interessa não é ganhar mas, sim, participar de um benchmarking que ajuda o produtor a saber onde pode chegar. Temos até uma premiação do Leitão de Ouro, de Prata e de Bronze, para as Granjas que apresentam os melhores índices zootécnicos. É uma satisfação muito grande quando obtemos algumas informações que nos chegam que alguns consultores do setor utilizam as informações geradas pela Agriness também para o seu negócio, por exemplo, ‘em alguns meses eu te coloco na lista de 50 melhores granjas dentro do sistema da Agriness’. É uma satisfação hoje quando percebemos que construímos uma referência em informação para a suinocultura. O meu objetivo foi ajudar o setor, e hoje, percebo que fiz mais. Acabei ajudando o desenvolvimento do Brasil”, explicou

Acima, junto ao vencedor da 5ª Edição do Melhores da Suinocultura Agriness. Na foto (E): Everton Gubert, Mateus Simão, Marcello Simão, Ricardo Schimidt e Fabiano Coser. Ao lado, Em visita a clientes (combustível para nossas inovações).

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PERSONALIDADE

Comemoração aos 10 anos da empresa juntos aos sócios. Na foto (E): Everton Gubert, Junior Salvador, Cristina Bittencourt e Elton João Gubert.

“Estruturar análises, traçar perfis, como um ‘raio x’ da granja, ou seja, transformar os números gerados nas granjas em bons negócios. Assim nasceu a Agriness” A primeira linha “Tenho um segredo que agora quero compartilhar. Quando fui escrever a primeira linha da programação do Software, eu escrevi: ‘aqui nasce o melhor software da suinocultura para o Brasil’. Essa foi uma motivação pessoal minha. Não imaginava fazer tanto pelo setor,

nem pelo país. Mas com o trabalho feito com muita paixão, muito amor e sentimento em cada ação, o resultado foi esse. Afinal, a suinocultura é uma ‘cachaça’ e minha maior motivação é ajudá-la, é fazer diferente. Acho que consegui”.

“Queremos ser uma das melhores empresas para se trabalhar no mundo” “Nosso processo de seleção na Agriness é muito rigoroso. Temos uma ideia de que para reter os talentos é preciso fazer mais e melhor por nossa equipe visando a máxima produtividade. Quem constrói o nosso sucesso no dia a dia é nossa equipe! Tenho sim a audácia em afirmar que queremos ser uma das melhores empresas para se trabalhar no mundo. Sim, no mundo! E tenho certeza que conseguiremos 90

pois temos uma visão focada em fazer diferente! Fazer melhor! Ajudar e contribuir com o mundo no qual vivemos. Quando eu não estiver mais aqui, gostaria que ficasse a marca: ‘puxa, esse cara esteve aqui e fez isso!’ Temos uma obra para construir. Uma suinocultura para melhorar. Gostaria que a ‘segundafeira’ de meus colaboradores seja o melhor dia da semana, e não um dia de ‘tortura’, gostaria que eles


sintam que fazem parte de algo maior, e não somente a busca pelo dinheiro. Temos que trabalhar em algo que faz sentido para nós, com motivação, onde a

realização financeira não é o fim em si, somente uma consequência”.

Uma palavra que rege minha vida: perseverança “Meu defeito é ser muito, muito focado, determinado e pensar muitas vezes que sou eu quem estou fazendo determinado projeto e não meus colaboradores. Sou muito ‘chato’, detalhista. O exagero neste aspecto não é bom. Preciso entender que cada um tem um ritmo, uma forma de atuação. Estou me policiando e me

trabalhando para melhorar neste aspecto. É uma tarefa diária. Ao mesmo tempo, essa característica também é uma virtude, pois tenho muita força de vontade. O que precisa melhorar é a intensidade, o equilíbrio. Mas, sem dúvida, a palavra que rege minha vida é perseverança”.

“Meu sonho para a Suinocultura é que os produtores sejam verdadeiramente bem remunerados pelo seu produto e que o setor tenha maior estabilidade econômica. Sonho com um país que tenha um plano agrícola eficiente e que pense o Agronegócio dentro de uma visão estratégica”. Agronegócio com visão estratégica para o país “Meu sonho para a suinocultura é que os produtores sejam verdadeiramente bem remunerados pelo seu produto e que o setor tenha maior estabilidade econômica. Sonho com um país que tenha um plano agrícola eficiente e que pense o agronegócio dentro de uma visão estratégica. Entra governo e sai governo e muda tudo! Não pode! Precisamos que o Brasil seja conduzido por uma visão de Estado e não só de Governo. Senão, a cada quatro anos temos que começar tudo do zero. O Estado tem que estar mais bem preparado com políticas estruturantes bem definidas e de longo prazo, independentemente de

quem estiver governando. Como está hoje o resultado é muito abaixo do que precisamos. Pense bem: se o nosso setor que é responsável por 1/3 do Produto Interno Bruto já sofre com estas questões políticas, imaginem os setores menos representativos dentro da economia nacional. Estão abandonados. Quero que o filho do produtor queira continuar o trabalho no campo, que seja bem remunerado por isso. O agronegócio é uma potência no Brasil, precisamos valorizar os profissionais que constroem essa história dia a dia e que são responsáveis por colocar o pão, o leite e a carne em nossas mesas”.

Valores humanos e resultados “Vejo nossa vida sempre misturada, entre as questões pessoais e profissionais. Não dá para ligar um botão ‘liga e desliga’. Procuro ser na empresa o que sou fora. A mesma pessoa, com a minha base de valores.

Dois pilares regem minha vida: valores humanos e resultados. Tenho inclusive muito contato com o campo para que eu jamais perca minhas origens, minhas raízes”.

“Finalmente surge algo diferente e inovador no setor” “Uma das minhas maiores satisfações foi ouvir o depoimento do Jurandi Machado, da Abipecs, referindo-se à Agriness, que finalmente tinha algo diferente e inovador no setor’. Hoje o produtor é um

profissional preparado, ele tem informação, mede e tem as respostas sobre o seu negócio e suas tarefas. Essa é a nossa obra. A nossa contribuição para o setor”.

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PERSONALIDADE

Junto a equipe Agriness em trabalho de definição quanto a visão e propósitos da empresa.

“Quem constrói o nosso sucesso no dia a dia é nossa equipe! Tenho sim a audácia em afirmar que queremos ser uma das melhores empresas para se trabalhar no mundo. Sim, no mundo!” Everton Gubert “Quanto mais me conheço, mais posso auxiliar o próximo” “Gosto muito de estar com minha família, com os meus amigos, fazer um bom churrasco (de carne suína, é claro! rsrsrsr), sou casado com a Christiany e estamos aguardando o nosso primeiro filho, Joaquim! Adoro ler sobre negócios, gerenciamento, gestão de pessoas e questões de desenvolvimento pessoal. 92

Utilizo esta literatura inclusive para me conhecer melhor e evoluir como empresário e como ser humano. Pratico também Danças Circulares, um tipo de dança sagrada praticada por povos milenares. Tudo isso para me conhecer melhor. Afinal, quanto mais me conheço, mais posso auxiliar o próximo”.


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COLUNISTAS

A voz das ruas e o PIBinho

RICARDO AMORIM é economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam

por RICARDO AMORIM* foto RICARDO CORREA

A

proporção alcançada pelo tsunami de protestos no país nas últimas semanas surpreendeu o Brasil e mundo. R$ 0,20 abriram a caixa de Pandora das indignações. Para desespero dos governantes, R$ 0,20 não conseguiram fechá-la.As razões de fundo das manifestações ainda não estão claras, mas parecem passar por insatisfação com a classe política, má qualidade dos serviços públicos, corrupção, preços elevados, inflação crescente e, mais recentemente, queda da capacidade de consumo da população. Ainda é muito cedo para saber a real dimensão histórica que as manifestações tomarão, mas paradoxalmente, algumas de suas consequências políticas e econômicas já são óbvias. Os protestos já conseguiram conquistas importantes, incluindo reduções de tarifas de transporte, cancelamento de aumentos de pedágios, o fim da PEC 37, a primeira prisão de um congressista condenado por corrupção desde a redemocratização, a destinação dos recursos do pré-sal para educação e saúde e o Presidente da Câmara rapidamente pagando por passeio aéreo às custas da FAB. Mais importante, os administradores públicos sabem que seus atos e decisões estão sob o crivo da opinião pública. Porém, tudo na vida tem dois lados. Refletindo uma forte aversão a políticos e partidos estabelecidos, os movimentos são politicofóbicos e partidofóbicos. O perigo é abrir espaço para falsos salvadores da pátria. Lembra-se da caça aos marajás? Há ainda custos econômicos significativos. Muita gente tem evitado sair de casa ultimamente, o que reduz a atividade econômica. Questionar-se a conveniência e o montante dos gastos com a organização de 94

megaeventos esportivos é absolutamente legítimo. Por outro lado, tais eventos deveriam impulsionar o turismo no país antes, durante e depois deles e proporcionar à “marca” Brasil uma visibilidade positiva que impulsionasse negócios e desenvolvimento. Agora, até o super-homem, o ator Henry Cavill, teve medo de vir ao Brasil promover seu filme. Os ônus da Copa e das Olimpíadas já são garantidos, mas boa parte dos bônus tornou-se incerta. Os protestos coagem administradores públicos a zelar pelo bom uso dos recursos, evitando desperdícios e desvios de verbas. Isto é ótimo. Entretanto, requisições como transporte público gratuito, elevação dos recursos para educação a 10% do PIB e outras sugerem uma crença de que, coibidas a corrupção e a má utilização dos recursos públicos, teríamos dinheiro para tudo. Infelizmente, isto não é verdade. Temos, sim, de expandir e melhorar a eficiência dos investimentos em transporte público, saúde, educação, infraestrutura e segurança, mas respeitando nossas restrições orçamentárias. Aliás, qualquer choque de gestão pública no Brasil digno do nome deveria cortar os gastos públicos totais, permitindo a redução e eliminação de impostos. O Brasil tem hoje a terceira carga tributária mais alta entre 156 países emergentes. Por fim, investimentos tem sido postergados em função das atuais incertezas econômicas e políticas. A expansão da oferta já não conseguia acompanhar o crescimento da demanda, gerando pressões inflacionárias. Menos investimentos são a última coisa que o país precisa. Não sei até que ponto os recentes PIBinhos colaboraram para os protestos, mas não tenho dúvidas que os protestos colaborarão para mais um PIBinho esse ano.


ESTÁ CHEGANDO O DIA PARA INSPIRAR VOCÊ A SER AINDA MELHOR! Relembrando alguns índices publicados na edição de 2012

33,95

desmamados/fêmea/ano foi o índice do primeiro colocado no campeonato.

6ª Edição do Melhores da Suinocultura Agriness Convidamos você para, em outubro de 2013, conhecer os vencedores e todos os dados consolidados da 6ª edição do Melhores da Suinocultura Agriness. Venha prestigiar esta grande comunidade de mais de 800 produtores que a cada ano ajuda a construir uma suinocultura brasileira mais produtiva.

12,91

foi a média de desmamados das TOP 10, contra 10,94 da média Brasil.

+1,52

desmamado/fêmea/ano foi o ganho de produtividade do Brasil nos últimos 5 anos.

Para mais informações sobre a cerimônia de premiação do campeonato acesse www.melhoresdasuinocultura.com.br

O Melhores da Suinocultura Agriness mostra todos os anos à suinocultura brasileira qual o seu verdadeiro potencial produtivo. Utilizando-se de um bem maior chamado informação, sempre transparente e confiável, este projeto possibilita que todo produtor busque inspiração através da comparação da sua eficiência com a das melhores granjas do país.

Compare-se! Inspire-se! Melhore!

Idealização e Realização

Para Informações e Inscrições

Instituições Apoiadoras da 6ª Edição

www.melhoresdasuinocultura.com.br contato@melhoresdasuinocultura.com.br 55 (48) 3028-0015

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COLUNISTAS

Mercado chinês oferece novas oportunidades de comercialização no país

E

Marcos Fava Neves é professor titular da FEA/USP e coordenador científico do Markestrati

por MARCOS FAVA NEVES e TÁSSIA GERBASI

sta análise mostra por meio de fatos e números recentes como está a dinâmica do mercado consumidor de alimentos no mundo e quais os impactos que estas tendências podem trazer. Ao final, uma reflexão para seus possíveis atos (projetos). • Segundo relatório Perspectivas Agrícolas 20132022 da OCDE e FAO, em 2022 a China terá o maior consumo per capta de carnes suínas do planeta, ultrapassando a União Europeia, primeira colocada atualmente. Suas importações do produto devem sofrer aumento de cerca de 1,5 milhões de toneladas. • Segundo mesmo relatório, o consumo de carnes e grãos deve aumentar até 2022 principalmente nos países em desenvolvimento. O ritmo de crescimento observado será menor que aquele visto na década anterior, porém significante. • Previsões indicam que em 2022 mais de 75% dos consumidores chineses terão renda anual entre US$9.000,00 e US$ 34.000,00 com a expansão da classe média do país. Com uma classe média mais numerosa, rica, jovem e sofisticada, as organizações terão que alterar suas estratégias para atender esse novo segmento. • Em estudo da Comissão Europeia, o consumidor europeu precisa de mais informações a respeito o mercado de carnes para que seu consumo seja maior. Segundo o Índice de Desempenho de Mercados da Europa, o mercado de carnes ficou em 17° lugar dentre 19 mercados avaliados, sugerindo que este mercado não está funcionando corretamente para o consumidor. A principal lacuna observada é a falta de informações, que levam o consumidor a optar por 96

outros produtos na sua alimentação. • Segundo Henrique Meirelles, atual presidente do conselho consultivo da J&F, o consumo de carne bovina na China irá crescer cerca de 7,5% de 2010 até 2020. O mercado brasileiro deve estar pronto para se beneficiar desse aumento e somente com investimentos na expansão da sua produção ele fará frente ao crescimento competitivamente. • Atualmente a China figura como um dos maiores produtores e consumidores de carne suína do mundo. Apesar da grande produção, suas importações vêm aumentando ano a ano. Em 2012 as importações de carne suína cresceram cerca de 12% em volume e 16% em valor, indicando grande oportunidade para exportadores de suínos que desejam expandir seus mercados. Para reflexão: a partir destes fatos descritos nesta análise, quais são os impactos e as oportunidades que se abrem à sua organização? Que atos devem ser tomados?

Tássia Gerbasi é pesquisadora do Markestrat e mestranda da FEA/USP



WSPA NEWS

Bem-estar animal na cadeia produtiva Experiências internacionais, perspectivas globais e a busca por soluções de problemas na suinocultura foram discutidos durante Workshop por WSPA

98


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WSPA NEWS

P

esquisadores nacionais e internacionais discutiram o impacto do bem-estar animal na cadeia produtiva, perspectivas globais para o mercado e as experiências internacionais adquiridas com a aplicabilidade de legislações durante o Workshop Internacional de Bem-estar dos Animais de Produção reuniu cerca de 400 participantes entre 11 e 13 de junho, em São Pedro, São Paulo. Um dos principais objetivos foi unir as instituições responsáveis pela área de bem-estar dos animais de produção (agroindústrias, órgãos fiscalizadores, instituições de pesquisa e ensino e ONGs) com o objetivo de desenvolver um trabalho pró-ativo na busca de soluções para os problemas que encontramos nos sistemas de produção (granjas), transporte e frigoríficos que abatem suínos. Foram realizadas sessões paralelas para discutir importantes temas, como a questão da gestação em grupo para matrizes, onde participaram Andrew Houston (MPS-Agri- Reino Unido), Paolo Dalla Villa (Comissão Europeia- Bruxelas), Glauber Machado (Integrall- Brasil) e Juliana Ribas (Seara Alimentos- Brasil). Para Glauber Machado, são inúmeras as vantagens de se implemen-

tar a gestação em grupo com estação de alimentação: rápida localização da fêmea (chip eletrônico), fácil operacionalização, melhor controle individual da alimentação das fêmeas com precisão dos dados, maior uniformidade da leitegada, redução e qualificação da mão de obra nas granjas. Andrew Houston na mesa redonda, enfatizou que a suinocultura brasileira não precisará cometer os mesmos erros que ocorreram na União Europeia (UE), quando em 1999 entrou em vigor no Reino Unido a proibição das gaiolas, e em janeiro de 2013 em todos os países membros da UE. Foi um processo longo de adequações, iniciamos em toda UE em janeiro de 2003, aplicando os requisitos somente para projetos em granjas novas ou em reforma. Nestes 10 anos muito investimento financeiro foi realizado na ciência, para o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de solucionar os problemas que foram enfrentados durante a transição dos sistemas de produção, como o estabelecimento das estações de alimentação com maior precisão do arraçoamento para as fêmeas suínas. Hoje muitas granjas na UE estão produzindo adequadamente e adaptadas ao sistema de gestação em grupo, conforme quadro abaixo.

Panorama atual da adesão dos Estados-membros da União Europeia em relação a proibição das gaiolas durante a gestação PAÍSES

Percentual

Países

Percentual

Países

Percentual

Áustria

100%

Bulgária

99%

Suécia

33.558

Bélgica

45%

Estônia

100%

Holanda

28.149

República Checa

96%

Grécia

83%

Eslováquia

9.090

Dinamarca

85%

Lituânia

97%

Chipre

6.048

França

33%

Luxemburgo

100%

Dinamarca

5.406

Espanha

70%

Hungria

91%

Áustria

2.114

Irlanda

57%

Malta

75%

Finlândia

1.963

Eslovênia

72%

Itália

69%

Portugal

1.830

Holanda

63%

Romênia

98%

Para Juliana Ribas, a gestação em grupo é uma alternativa viável para a suinocultura brasileira e as indústrias brasileiras, já estão implementando instalações que atendam os requerimentos de bemestar durante a gestação das fêmeas suínas. Produtores europeus e americanos apontam que o custo, para converter o sistema tradicional de gaiolas para o coletivo, fique em torno de US$200 a US$400 por matriz alojada, variando de acordo com o sistema de 100

alimentação implantado: eletrônico, semiautomático, em boxes ou manual. Hoje, estima-se que para fazer a conversão do sistema de alimentação no Brasil seja necessário um investimento de R$ 800,00. “Para construções de granjas novas, comparando-se o custo do sistema convencional e coletivo com alimentação eletrônica, teríamos um incremento de R$200, por fêmea alojada, de acordo com estudo feito por Nilson do Amaral para a Seara-Alimentos S/A.


Orçamento: Gestação Coletiva x Estação de Alimentação (UPL- com 600 fêmeas climatizadas com pressão negativa). Tipo

Valor

Gestação em gaiola

R$ 424.894,96

Gestação coletiva com sistema de alimentação eletrônica

R$ 573.700,00

Maternidade

R$ 544.927,18

Valor por fêmea (gestação em gaiola)

R$ 1.616,37

Valor por fêmea (gestação coletiva)

R$ 1.864,37

Paolo Dalla Villa, ressalta o esforço que a Comissão Europeia- DG Sanco tem realizado para implementar a Diretiva 120/2008 (http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2009:047:0005:0013:E N:PDF) em todos os países-membros, através de fiscalizações. Até o momento, apenas 12 países-membros estão cumprindo totalmente com os requisitos da UE. Em 6 países-membros, mais de 95% dos alojamentos estão seguindo as regras. A Comissão Europeia tem emitido procedimentos de infração contra 9 países-membros, onde o sistema de fiscalização tem falhado. De acordo, com Dalla Villa a Comissão tem incentivado a adesão a prática que incentivem um melhor grau de bem-estar. Atualmente estamos realizando diversos seminários e workshop para evitar a castração cirúrgica de suínos sem analgesia prolongada e/ou anestesia, que deve ser banida até janeiro de 2018. Desde 2010 as principais organizações do

setor da carne suína emitiram declarações aderindo à iniciativa da Comissão. A WSPA Brasil, em colaboração com diversas instituições de pesquisa (Embrapa Suínos e Aves, USP, UNB, UFF e UFRJ) está realizando projetos de pesquisa na Fazenda Miunça, gerenciada pelo proprietário Rubens Valentini, localizada no PAD-DF, região rural do Distrito Federal. A fazenda implementou um projeto pioneiro no Brasil em escala comercial com o alojamento de mais de 800 fêmeas em gestação em grupo. “Os resultados avaliados de janeiro a junho (2013) demonstraram que os índices de produtividade do sistema de gestação em grupo, que proporciona melhor grau de bem-estar para as matrizes em gestação, quando comparado ao alojamento do sistema convencional da granja em gaiolas (quadro abaixo), são superiores quanto à produtividade (número de leitões por fêmeas ao ano, uniformidade da leitegada, e média de peso durante o desmame).

Valores médios dos índices de produtividade entre a gestação em grupo em relação a gestação em gaiolas (dados de janeiro a junho de 2013). Gestação em grupo

Gestação em gaiolas

Aborto

0,85

0,61

Média de leitões desmamados por mês

13,39

11,95

Quantidade de leitões desmamados por fêmea por ano

31,71

29,03

Mortes relacionadas ao desmame

8,05

11,12

Mumificados

2,69

2,97

Quantidade de leitões nascidos totais

15,78

15,12

Natimortos

6,32

7,94

Número de partos por fêmea ao ano

2,37

2,43

Peso do leitão ao desmame

6,27

5,36

Repetição de cio

3,04

4,74

Taxa de parição

91,59

90,35

agosto 2013 / edição 78 101


ABRA NEWS

Brazilian Renderers: A Internacionalização da Reciclagem Animal brasileira Indústrias brasileiras de Reciclagem Animal ganham força para aumentar exportação por ABRA

2013

marca o início das ações internacionais para a promoção das farinhas e gorduras de origem animal produzidas no Brasil. Desde o início do projeto, denominado Brazilian Renderers e desenvolvido pela Associação Brasileira de Reciclagem Animal – ABRA através de um convênio assinado com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos – APEX-Brasil, as indústrias brasileiras de Reciclagem Animal ganharam força para aumentar o número do volume exportado e também para incentivar a exportação para as plantas que ainda não estão no mercado externo. As atividades foram pensadas de forma estratégica para diversificar os países que poderão ser potenciais compradores. Já no início do ano, o Brazilian Renderers começou a cumprir a agenda de eventos internacionais e nacionais programados para o decorrer do ano. Em janeiro, a ABRA levou o projeto a International Production & Processing Expo – IPPE, é a maior feira do mundo e contou com mais de 26.300 visitantes estrangeiros de mais de 110 países. Em março, o Brazilian Renderers participou também como expositor da VIV Ásia, que aconteceu em Bangkok na Tailândia. Nesse evento também estiveram presentes empresários brasileiros que puderam conhecer melhor o mercado asiático, já que este possui países que são bons compradores, como exemplo, o Vietnã, segundo maior destino 102

para exportação de nossos produtos. Em abril, a ABRA abriu as portas para os compradores internacionais com o Projeto Comprador. Durante a Feira Internacional das Graxarias - Fenagra, realizada em São Paulo, empresários da Malásia e do México estiveram em contato com os empresários brasileiros com a finalidade de realizar negócios. O projeto resultou na compra de várias toneladas de farinhas de origem animal brasileiras pelos malaios e despertou o interesse dos mexicanos, que por barreiras comerciais estão temporariamente impedidos de comprar. O Brazilian Renderers tem trazido além das boas negociações com outros países, a repercussão pela imprensa internacional, que tem reconhecido o trabalho da ABRA. Um exemplo disso,foi o convite que a Associação Australiana de Reciclagem Animal (Australian Renderers Association) fez para que a ABRA estivesse presente em seu tradicional Simpósio que chegou a 12ª edição em julho. Em outubro a ABRA também participará da 80ª Convenção Anual da Associação Nacional de Reciclagem Animal dos Estados Unidos – (National Renderers Association) o evento vinculará ainda mais o setor brasileiro com outras entidades, o que trará mais experiência técnica e também outras perspectivas de mercado que poderão ser aplicadas para o aprimoramento da produção no Brasil.


julho 2013 / edição 77 103


ESTATÍSTICAS

Perspectivas positivas para o segundo semestre por ABIPECS

O

Brasil exportou 40.626 toneladas de carne suína em junho, queda de 7,49% em relação a junho de 2012. A receita foi de US$ 98,49 milhões, retração de 9,14%. O preço médio também caiu 1,79% no período. No acumulado do ano, as vendas externas atingiram 240.515 toneladas, redução de 10,52% se comparado com o mesmo período de 2012. O Brasil faturou US$ 630,26 milhões de janeiro a junho, queda de 8,31% em relação ao mesmo período de 2012. Rússia, Hong Kong e Ucrânia – Nos seis primeiros meses do ano, a Rússia foi o principal destino da carne suína brasileira e respondeu por 28,71% das exportações, seguida por Hong Kong, com 25,30%, e Ucrânia, com 10,55%. Com relação ao faturamento, a sequência é a mesma: Rússia em primeiro lugar, com 31,93% da receita, Hong Kong com 23,73%, e Ucrânia com 11,62%. No mês de junho, a Rússia liderou o ranking e respondeu por 31,40% das exportações. Hong Kong teve participação de 28,92%. Perspectiva positiva para o 2º semestre - “Os números estão refletindo a suspensão temporária, a partir de 20 de março, pela Ucrânia. A retomada da exportação de carne suína para a Ucrânia, desde 19 de junho, deve aparecer em números a partir da segunda quinzena de julho deste ano, e se vislumbra uma perspectiva positiva de recuperação gradativa no decorrer do segundo semestre. A principal alavanca para a recuperação do desempenho das exportações poderá ser o mercado japonês, no qual depositamos boas expectativas a curto, médio e longo prazo”, afirma Rui Eduardo Saldanha Vargas, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS). Missão veterinária da Rússia - Outro aspecto a ser ressaltado, segundo ele, “é um resultado positivo de desempenho do setor frente ao mercado russo, em razão da missão veterinária que estamos recebendo este mês”. 104

A Rússia é um destino que responde bem nos momentos críticos. “A retomada gradativa das exportações nos permite estimar um cenário favorável para o segundo semestre. Esse quadro deve ajudar a melhorar os números defasados do mercado interno em termos de preços e volumes”, comenta Vargas. Mercado Russo – Em junho, o Brasil vendeu 12.757 t de carne suína para o mercado russo, crescimento de 9,75% em volume, e 2,40% em valor (US$ 33,56 milhões). De janeiro a junho, o País exportou para a Rússia 69.055 toneladas (mais 23,91% em relação a igual período de 2012) e US$ 201,27 milhões (variação de 20,39%). Vendas para a Ucrânia - no mês passado, foram exportadas 288 t (US$ 565 mil) para a Ucrânia, que recentemente reabriu seu mercado à carne suína brasileira. Houve uma queda de 97,59% no volume de vendas brasileiras à Ucrânia, em junho, ante o mesmo período de 2012. Nos seis primeiros meses do ano, foram realizados embarques de 25.385 t para a Ucrânia, retração de 60,82% na comparação com o primeiro semestre de 2012.. Aumento nos embarques para Hong Kong - Em junho, o Brasil exportou 11.747 t para Hong Kong, crescimento de 60,64% em relação a junho do ano passado. De janeiro a junho deste ano, no entanto, houve uma queda em volume de 3,84% nos embarques para Hong Kong e de 2,63% em valor.. Queda nas exportações para a Argentina - Houve uma retração de 7,05% nas vendas de carne suína para a Argentina, em junho: 662 t, em relação a 713 t em junho do ano passado. No acumulado do ano, houve um crescimento de 21,16% em volume (7.994 t) e 27,42% em valor (US$ 25,96 milhões).


Principais destinos em Junho

Principais destinos em 2013

PAISES

TON

PARTICIPAÇÃO

PAISES

TON

RUSSIA, FED.DA

12.757

31,40%

RUSSIA, FED.DA

69.055

PARTICIPAÇÃO 28,71%

HONG KONG

11.747

28,92%

HONG KONG

60.847

25,30% 10,55%

ANGOLA

4.408

10,85%

Ucrânia

25.385

CINGAPURA

2.012

4,95%

Angola

18.781

7,81%

URUGUAI

1.989

4,90%

Cingapura

13.377

5,56%

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA

ÚLTIMOS 12 MESES

12 MESES ANTERIORES

MÊS

TON

US$ MIL

MÊS

TON

US$ MIL

JUL/12

44.243

108.275

JUL/11

36.104

93.854

AGO/12

54.717

134.425

AGO/11

45.887

122.093

SET/12

60.442

157.648

SET/11

41.405

113.852

OUT/12

61.742

166.388

OUT/11

46.200

135.236

NOV/12

51.094

137.319

NOV/11

43.039

130.623

DEZ/12

40.456

103.651

DEZ/11

36.931

103.747

JAN/13

40.119

104.638

JAN/12

38.177

97.413

FEV/13

41.048

108.648

FEV/12

37.768

96.392

MAR/13

39.249

105.329

MAR/12

47.787

121.552

ABR/13

35.619

99.097

ABR/12

47.734

125.216

MAI/13

43.854

114.060

MAI/12

53.404

138.382

JUN/13

40.626

98.493

JUN/12

43.913

108.397

TOTAL

553.209

1.437.971

TOTAL

518.349

1.386.757

Principais destinos da Carne Suína brasileira - JUNHO 2013 PAISES

TON

PARTICIPAÇÃO

US$ MIL

PARTICIPAÇÃO

RUSSIA, FED.DA

12.757

31,40

33.558

34,07

HONG KONG

11.747

28,92

28.149

28,58

ANGOLA

4.408

10,85

9.090

9,23

CINGAPURA

2.012

4,95

6.048

6,14 5,49

URUGUAI

1.989

4,90

5.406

GEORGIA, REP.DA

922

2,27

2.114

2,15

MOLDAVIA, REP. DA

872

2,15

1.963

1,99

ARMENIA

749

1,84

1.830

1,86

ARGENTINA

662

1,63

1.476

1,50

CHILE

575

1,41

1.363

1,38

OUTROS

3.931

9,68

7.496

7,61

TOTAL

40.626

100,00

98.493

100,00

Principais destinos da Carne Suína brasileira - JAN/JUN 2013 PAISES

TON

PARTICIPAÇÃO

US$ MIL

PARTICIPAÇÃO

RUSSIA, FED.DA

69.055

28,71

201.268

31,93

HONG KONG

60.847

25,30

149.538

23,73

UCRANIA

25.385

10,55

73.252

11,62

ANGOLA

18.781

7,81

41.553

6,59

CINGAPURA

13.377

5,56

37.325

5,92

URUGUAI

11.037

4,59

31.599

5,01

ARGENTINA

7.994

3,32

25.955

4,12

GEORGIA, REP. DA

5.410

2,25

11.179

1,77

ARMENIA

3.854

1,60

8.204

1,30

EMIR. ARABES UN.

2.903

1,21

7.647

1,21

OUTROS

21.871

9,09

42.746

6,78

TOTAL

240.515

100,00

630.265

100,00

agosto 2013 / edição 78 105


Pregão

Macroeconomia: Quando a cautela vira aversão ao risco Os eventos que sustentaram os mercados até aqui por XP Agro*

T

erminamos o 1º semestre de 2013 com uma cara diferente do início quando assistimos à uma boa performance dos ativos financeiros globais. Importante relembrar que este movimento de maior apetite por risco teve início em meados de 2012 e foi promovido pela forte atuação dos principais Bancos Centrais do mundo. Na segunda metade do ano passado observamos eventos emblemáticos como o “Whatever it takes” quando o Draghi sinalizou uma possível inflexão à ortodoxia do BC europeu e sugeriu uma maior agressividade pela instituição; tivemos o presidente do Fed lançando um programa de injeção massiva de capital, que ficou conhecido como QEInfinito; e no Japão, já começava a se desenhar o que viria a ser o maior programa de política monetária 106

nãoconvencional que o mundo presenciaria. Tais eventos suportaram a busca por ativos de risco e fundamentaram a boa performance que assistimos até pouco tempo atrás no mundo. Tal performance se fundamentou na antecipação da melhora econômica que supostamente viria, era a aposta de que os estímulos iriam resultar em uma retomada global mais firme e que teríamos um crescimento econômico mais sólido. Com isso, assistimos à um claro descolamento entre os ativos financeiros e os fundamentos da economia global. No entanto, o crescimento aparentemente não veio. Lembramos que a tese de descolamento foi levantado no relatório de janeiro, em que concluímos sugerindo uma postura mais vigilante e alguma cautela, pois entendíamos que tal otimismo antecipado poderia se tornar “perigoso”.


Surpresas do campo macroeconômico No mês de junho, continuamos colhendo estatísticas econômicas mais fracas que o esperado, principalmente das economias emergentes, com destaque, para a China. Aliado a isso tivemos uma importante mudança de sinalização dos Bancos Centrais das duas maiores economias do globo. De um lado, Ben Bernanke foi mais claro quanto as suas intenções sobre o início de redução nos estímulos monetários, sugerindo que possa ser inicializado ainda este ano. Do outro lado, o Banco chinês, emitiu sinais mais claros quanto ao seu atual comprometimento em corrigir as distorções criadas

no último ciclo econômico ao deixar o sistema interbancário passar por um estrangulamento de crédito. Foi uma forte mensagem de que a China está mais focada em contratar um crescimento sustentável e equilibrado para prazos mais longos, mesmo que isto exija algum sacrifício no ritmo de crescimento de curto prazo. Tais “surpresas” que, de que os EUA não sustentarão os politicas acomodatícias indefinidamente e de que a China não crescerá mais a taxas expressivas de crescimento foram muito mal recebidas, principalmente pelas economias emergentes.

Implicações para o Brasil Para a nossa economia, existe o risco de uma combinação frequentemente encontrada na literatura como a “tempestade perfeita”. Os EUA com uma possível retirada dos estímulos financeiros e, do outro, uma China desacelerando e não sendo mais capaz de sustentar os altos preços de commodities que tanto beneficiaram nossas contas correntes e foram fundamentais para o nosso equilíbrio e a nossa “atratividade”. Tais desdobramentos poderão ter impactos relevantes na nossa conjuntura econômica, dado que atravessamos um momento delicado em que carecemos de crescimento estrutural, apresentamos uma inflação altamente pressionada e persistente, um descompromisso com a política fiscal e uma dinâmica preocupante nas contas correntes, tudo isso

aliado a uma condução de política econômica com a credibilidade declinante. Nesse ambiente, estamos observando um comportamento bem adverso nos ativos de risco brasileiros. A bolsa apresentou queda acentuada em junho e no ano; conjuntamente, tivemos uma desvalorização cambial de 10% nos últimos dois meses, mesmo com as atuações do Banco Central e retiradas de entraves como os IOFs na renda fixa e no mercado de derivativos. O mercado de juros também refletiu isso apresentando uma forte aversão aos títulos públicos, o que implicou em altos prêmios nas taxas dos títulos longos e uma precificação de maior austeridade do BC no curto prazo, teoricamente necessária para equilibrar em parte as expectativas de inflação.

Inicia-se o 2º semestre A cara da segunda metade do ano está começando diferente quando comparada ao início da primeira etapa. Não entendemos como crise, mas sim como um movimento que está se realizando de maneira rápida e intensa, em que os ativos financeiros estão tentando se ajustar para um mundo onde as duas maiores economias do globo passarão a ter papeis

bastante diferentes. Quando atravessamos possíveis mudanças de paradigmas quanto ao novo equilíbrio macroeconômico global, é normal assistirmos a um comportamento mais avesso ao risco, dado que os cenários de calda que estavam amplamente mitigados, voltam ao radar dos investidores.

Futuros & Commodities: Diferentes motivos, uma única tendência - baixa Quem nunca ouviu dizer que o Brasil é o “celeiro do mundo” ou que somos um país agrícola? Para um país que exporta para a China e compete com os EUA na produção e exportação de commodities não é surpresa ver uma performance negativa na Bolsa de

Valores. A Bolsa brasileira tem duas empresas que influenciam fortemente o índice e são do setor de commodities: Petrobras (petróleo) e Vale (minério de ferro).

agosto 2013 / edição 78 107


Pregão

Índice de Commodites CBR

Com o cenário macro conturbado, o sobe e desce do mercado com retração do PIB chinês e preocupações em torno da continuidade de estímulos econômicos nos EUA impactam nas cotações. Diferente do setor de energia e metais, as commodities agrícolas ainda oscilam muito mais por questões climáticas e sazonais do que simplesmente oferta e demanda. No Brasil, as exportações de carne, embora tenham caído no mês de junho, indicam que podem voltar a melhorar no segundo semestre. O preço da carne ainda mantém as margens das indústrias positivas, pelo menos por enquanto. Já o mercado de grãos manteve-se sustentado com oferta escassa de curto prazo e firme demanda chinesa, especialmente para a soja. Os estoques apertados nos EUA fizeram com que os preços no mercado físico atingissem patamares recordes e, claro, influenciando a precificação do produto por aqui, que, aliás, continua apresentando problemas logísticos. Os prêmios estão negativos para o produtor e o tempo de espera de um navio atracado no porto chega há 70 dias. Com estimativa de safra recorde, qual é o país que vai pedir produto que tenha grande chance de não ser entregue no tempo? O resultado disso é pressão nos preços do mercado interno, pois se tem oferta abundante sem escoamento, refletindo no PIB brasileiro. A realidade é que os produtores investiram em tecnologia agrícola, aumentando a produtividade e a produção, mas o governo não investiu em tecnologia logística. Faltam silos, falta segurança, falta agilidade. Quando isso acontece o governo tem que intervir e garantir os preços aos produtores. Com este cenário, vale a pena observar as oportunidades de venda para milho, trigo e soja no mercado de futuros. Fiquem atentos também às oportunidades em ações de empresas do setor agrícola, que podem aparecer com a influência dos preços das commodities. Para os produtores, atenção à oportunidade de fazer hedge. Não devemos 108

esquecer que a Bolsa de Mercadoria e Futuros foi criada como mecanismo para proteção dos preços. O vencimento novembro está especialmente interessante para quem quer se proteger da queda dos preços. Sem sair da expectativa de preços baixos, mas falaremos agora de outro grão, o café. Este ano, foi muito além da queda que se esperava. Nem mesmo fungos atacando lavouras na América Central foram capazes de evitar a queda dos preços e os cafeicultores têm sofrido muito com isso. Ultimamente a alta do dólar não tem ajudado em nada, pois estimula as exportações. Sem ter para onde fugir, o produtor executa as vendas, e do lado dos especuladores venda também, puxando para baixo as cotações. O grande vilão dessa queda toda é o Vietnã, que com safra cheia “inundou” o mercado de café, provocando um comportamento vicioso e prejudicial ao preço da bebida: Os produtores seguravam seus lotes, evitando negociá-los a preços baixos. Isso aumenta o sentimento de oferta abundante (por causa do aumento de estoques) gerando venda especulativa e, com o tempo, a necessidade de caixa obrigava a executar vendas. Não há nada mais baixista do que produtor segurando lote. O que temos hoje? Temos o Brasil – maior produtor e exportador mundial de Arábica – em plena colheita, com dólar em alta e sem perspectiva de preços em tendência positiva, ainda que este ano seja de ciclo de produção fraca. Ano que vem é ano de safra cheia, o que joga a perspectiva de melhora de preços somente para 2015. Café está barato? Sim! Está na hora de comprar? Penso que não. O mercado já mostrou verdadeira a máxima que diz “não há nada que tenha caído tanto que não possa cair mais”. Compras com objetivos curtos podem ser interessantes sim, mas a tendência de queda é clara. *Os textos e gráfico são de autoria da XP Investimentos


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EVENTOS

Eventos paralelos marcam a programação da PorkExpo 2014 Atrações posicionam a feira como o mais completo evento da suinocultura mundial e geram conhecimento e oportunidades de negócio

O

por FERNANDA DE PAULO

maior evento da suinocultura mundial, a PorkExpo, conta com diversas atrações para os visitantes e empresas expositoras na sua próxima edição em 2014. Além das palestras do VII Fórum Internacional de suinocultura, os participantes da feira poderão ter acesso a uma série de eventos paralelos que possibilitam novos conhecimentos e oportunidades de negócio. Entre as atrações estão o Fórum Técnico de Especialização, uma oportunidade única de assistir a um curso intensivo proferido por especialistas em Manejo, Nutrição e Sanidade. Outro destaque é o PorkSummit, evento restrito para convidados das empresas palestrantes e que apresenta palestras ministradas pelos maiores players de mercado nacional e internacional sobre Economia, Mercado Global, Gestão de Marketing, Estratégia, Consumo e Logística. Em uma área de 4.000 m2, a Feira de Negócios é a chance de se promover a integração das empresas com os participantes do evento. Na Feira estão presentes as maiores e melhores empresas de equipamentos, genética, nutrição, processamento, reprodução, instalações e de Saúde Animal. A grande novidade desta nova edição será a realização do Prêmio TOP OF MIND da suinocultura. Em uma parceria com a Kleffmann é uma empresa multinacional alemã de soluções de informação, com atuação em mais de 60 países e líder mundial em pesquisas de mercado no Agronegócio a Safeway realizará uma pesquisa inédita e num jantar de gala fará a premiação das empresas e entida110

des que são TOP OF MIND da suinocultura. Muitas outras atrações poderão ser conferidas durante os 3 dias de evento, entre elas a premiação de trabalhos de pesquisa elaborados por técnicos nacionais e internacionais apresentados em pôsters, sendo que os melhores serão publicados posteriormente na revista PorkWorld. Já o Prêmio PorkWorld da suinocultura volta a programação do evento como uma homenagem aos representantes da suinocultura brasileira.

Para saber mais sobre a PorkExpo entre em contato pelo telefone 19 2932-5625 e curta nossa página no Facebook www.facebook.com/Porkexpo A PorkExpo 2014 é organizada pela Safeway Soluções em Comunicaçõe e Eventos.


agosto 2013 / edição 78

111


AGENDA/CARTAS

JULHO

SETEMBRO

05/11 a 08/11/2013

31/07 a 02/08/2013

10/09 a 12/09/2013

1º Fórum de Suinocultores do Centro Oeste durante o XVI Congresso da Abraves 2013

XV Seminário Nacional de I Ciclo de palestras de Desenvolvimento da Suinocultura aves e suínos

Realização: ABCS Local: Gramado (RS) Tel. (61) 3961-9333 E-mail: escritoriobrasilia@abcs.com.br

31/07 a 02/08/2013 III Congresso Iberoamericano de Suinocultura (Oiporc) Realização: Oiporc/ABCS Local: Gramado (RS) Tel. (61) 3961-9333 E-mail: escritoriobrasilia@abcs.com.br

AGOSTO 05/08 a 08/08/2013 Curso de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e formação de auditores internos

Realização: Sindirações Local: São Paulo (SP) Tel. (11) 3541-1212 E-mail: qualidade@sindiracoes.org.br Site: www.sindiracoes.org.br

09/08/2013 Curso sobre Instrução Normativa IN 65

Realização: Sindirações Local: São Paulo (SP) Tel. (11) 3541-1212 E-mail: qualidade@sindiracoes.org.br Site: www.sindiracoes.org.br

21/08 a 22/08/2013 III Sisca - Simpósio de Sustentabilidade e Ciência Animal

Realização: USP/FMVZ - Campus Pirassununga Local: Pirassununga (SP) Tel. (19) 3565-4224 E-mail: lae@usp.br Site: www.sisca.com.br

112

Realização: Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária / CSTR / UFCG – Campus de Patos-PB Local: Auditório “Prof. Paulo Roberto Facin”- UFCG Campus de Patos-PB Contato: Jussier Jurandir Tels. (83)96974989 | (84)91390468 E-mail: jussierjurandir@yahoo.com.br

10/09 a 13/09/2013 Space 2013 - Le Salon International de l’elevage

Realização: Space Local: Rennes Cedex - França Tels. +33 223 482 880 Fax: +33 223 482 881 E-mail: www.space.fr Site: info@space.fr

OUTUBRO 21/10 a 25/10/2013 Semana Acadêmica (Semac) USP/Pirassunga

Realização: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA/ USP) Local: Pirassunga (SP) Tel. (19) 8195-6313 E-mail: mayara.massuda@usp.br

novembro 21/10 a 25/10/2013 XVI Congresso da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves)

Realização: Abraves Local: Cuiabá (MT) Tel. (65) 3549-1136 E-mail: www.abravesmt.com.br

Realização: Acrismat e Abraves Local: Cuiabá (MT) Tel. (65) 3624-8125 E-mail: abraves2013@industriadeeventos.com.br acrismat@acrismat.com.br

03/02 a 07/02/2014 I Ciclo de palestras de aves e suínos

Realização: Coopavel Local: Cascavel (PR) Tel. (45) 3225-6885 E-mail: showrural@coopavel.com.br Site: www.showrural.com.br

08/04 a 10/04/2014 I Ciclo de palestras de aves e suínos

Realização: Núcleo de Estudos em Suinocultura (NESUI) Local: Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG) Tel. (35) 3829-5278 E-mail: simis@nesui.com.br Site: nesui.com.br

28/10 a 30/10/2014 Pork Expo & VII Fórum Internacional da suinocultura

Realização: Safeway Local: Mabu Thermas & Resort – Foz do Iguaçu – Paraná Tel. (19) 2932.5625 E-mail: contato@sspe.com.br Site: www.porkexpo.com.br


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agosto 2013 / edição 78 113


RECEITAS Carré de Suíno ao Molho de Mostarda com Gergelim Ingredientes e modo de fazer: CARRÉ (2 unidades) - Temperar com 2 dentes alho, tomilho e alecrim (com menor quantidade do que o tomilho), sal, e um fio de azeite. - Marinar por uma hora (mínimo) na geladeira. - Colocar num refratário, cobrir com papel alumínio e levar ao forno pré aquecido a 200ºC, por 30 min. Virar de lado aos 15 min. No momento da virada, molhar o carré com o caldo existe na refratária. - Retirar o alumínio, e deixar por mais 15 min em fogo de 225ºC.

MOLHO

- Numa panela, colocar 1 colher de sobremesa de manteiga, acrescentar uma colher de sopa de mostarda de Dijon L’ancienne. Aquecer para dissolver. Desligar o fogo e deixar reservado. - Depois de retirar os Carrés do refratário, acrescentar 200 ml de água para “deglaçar” o caldo que se formou do cozimento. Isso consiste em jogar a água e ir dissolvendo os líquidos e os temperos que restaram no refratário raspando o mesmo. - Coar este caldo, passando ele para a panela com a manteiga e a mostarda. - Aquecer e misturar para formar um caldo homogêneo. - Finalizar com creme de leite fresco ainda no fogo por alguns segundos, mas desligar em seguida, antes de levantar fervura (senão “talha”). Acrescentar por ultimo gotas de limão. Verificar sal.

ASPARGO - cozido por 4 minutos, no vapor e pincelar com pitadas de sal.

LEGUMES - refogar o alho poro em rodela finas com um fio de azeite, acrescentar a cenoura em tiras finas e alguns ramos de tominho, deixar por 3 min, logo em seguida acrescentar abobrinha, berinjela e pimentão, todos cortados em tiras finas.Verificar o sal e finalizar com salsinha. CEBOLA AGRIDOCE - grelhar na

grelha mini cebolas cortadas ao meio, com um fio de azeite em todas as direções. Verificar o sal.

GERGELIM BRANCO - Torrá-los em uma panela (não deixe escurecer muito) para salpicar em cima do prato.

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