Healthers - apaixonados pela saúde - número 10 - Outubro de 2014
Ano 2 | Número 10 Outubro de 2014
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O Hospital São José reafirma sua posição na lista dos hospitais mais exclusivos do mundo.
Rua Martiniano de Carvalho, 965 - Bela Vista - São Paulo - SP- Tel: 11 3505-6000 - www.hospitalsjose.org.br
Joint Commission International
Responsável técnico: Dr. Luiz Eduardo L. Bettarello –CRM 23706
Excelência é uma obsessão, uma luta diária para fazer mais e melhor. Esse é o dia a dia do Hospital São José, o hospital premium da Beneficência Portuguesa de São Paulo, a maior instituição hospitalar privada da América Latina. O Hospital São José novamente foi acreditado pela JCI, Joint Commission International, o mais importante órgão certificador de padrões de qualidade em organizações de saúde no mundo. O certificado renova todos os nossos esforços em segurança e qualidade no atendimento hospitalar e nos insere em uma lista restrita de estabelecimentos de classe mundial.
Nós da Beneficência Portuguesa de São Paulo estamos com os olhos voltados para o futuro. Sempre evoluindo e desenvolvendo novas ofertas de serviço, com inovação tecnológica e ampliação dos nossos hospitais. Esse é o nosso compromisso com a sua saúde.
Beneficência Portuguesa de São Paulo. Uma cidade dedicada à saúde. @Beneficencia_SP
/Beneficencia.SP
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Rua Maestro Cardim, 769 - Bela Vista - São Paulo - SP - Tel: 11 3505-1000 - www.beneficencia.org.br
Responsável técnico: Dr. Luiz Eduardo L. Bettarello –CRM 23706
Oferecer um futuro com ainda mais saúde. Esse é o nosso compromisso.
EXPRESSA:
30 ANOS DISTRIBUINDO SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA. Em 1984 nascia a Expressa. O objetivo original de viabilizar o acesso aos melhores produtos e práticas do mercado de medicamentos hospitalares guiou a empresa durante seus 30 anos de atuação e fez dela uma referência no segmento. O que nos estimula a ir cada dia mais longe é a satisfação de contribuir para a melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas.
1984
2001
Inauguração da Farmácia Santa Paula, embrião da Expressa, em Salvador - BA
2014
Abertura da regional de Recife.Primeira regional da Expressa
1989 Começamos a distribuir para o norte / nordeste
Expressa completa 30 anos
2011
Transferência da Matriz de Salvador para São Paulo.
ÍNDICE
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Em entrevista exclusiva, Patch Adams fala sobre amor, justiça, igualdade e humanização O fotografo André François conta sua história e o que viu em
"# mais de 20 anos fotografando diferentes realidades sobre o setor de saúde ao redor do mundo
*'")"+)( importante quanto um bom planejamento, fazer o controle $# Tão de riscos é vital para a sobrevivência das empresas
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$% Suas informações estão realmente seguras? 23
Entrevista com
Patch Adams
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que ainda falta para medirmos e diminuirmos a ineficiência &# O nos serviços de saúde?
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realmente sabe como fazer um bom planejamento de &' Você marketing para seu hospital?
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(" Qual é o perfil do profissional de vendas do segmento de saúde? 89.:$)(
big Brother dos medicamentos. O que muda com a nova )" O regulamentação sobre rastreabilidade?
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Artigos
Para melhor cuidas. Grupos de apoios, contadores de histórias e
%" animais de estimação, tudo isso dentro dos hospitais para melhorar e humanizar o atendiment
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Humanização: Onde o público avança sobre o privado
>?$%1'#)+=9 vez mais reconhecida pelo setor, acreditações avançam no !#" Cada País, mas não na velocidade que deveria
@"?9A96') investem cada vez mais em oncologia, mas negligenciam !!' Instituições outras especialidades
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!$# Trabalho e qualidade de vida. Sim, é possível! !$( 2º Fórum de Finanças para a Saúde. Economia em foco !'# Encontros Healthers – Nem tudo que acaba em pizza é ruim 8)(%(
!'' Hospitais de baixo custo. Uma realidade perfeitamente possível !&" NHS superando desafios e oncologia. Hospital Santa Paula cria rede social !&' Humanização para auxiliar pacientes com câncer
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EDITORIAL
!"#$%$&'"(#"(%$#)*"(+, É comum nos perguntarmos como podemos oferecer a melhor assistência possível ao paciente. Fazer com que, ao entrar em um hospital ou consultório, ele sinta segurança, IKWTPQUMV\W M KWV^QKtrW LM Y]M [MZn I\MVLQLW LI UMTPWZ NWZUI XW[[y^MT XWZ ]U XZWÅ[sional ético, competente e, acima de tudo, humano. Cada vez mais, encontramos executivos do setor orgulhosos por realizar grandes incorporações tecnológicas, construir grandes centros oncológicos, ao custo de dezenas de milhões de reais, ou por ter aprimorado seus sistemas de compras e economizado milhões. Sem dúvida alguma, essas movimentações são vitais para a sustentabilidade do setor de saúde, mas não podemos esquecer do porque estamos aqui. E essa resposta é muito simples. Estamos nesse segmento para prover a melhor assistência possível ao paciente, independente da tecnologia ou infraestrutura disponíveis. )KWTPMZ W XIKQMV\M M \ZI\I TW LM NWZUI UIQ[ MÅKQMV\M M P]UIVI XW[[y^MT u ]UI WJZQOItrW LW XZWÅ[[QWVIT LM [I LM QVLMXMVLMV\M LM Y]MU [MRI UuLQKW MVNMZUMQZW \uKVQKW MU MVNMZUIOMU X[QK~TWOW W] Å[QW\MZIXM]\I Ao longo dos anos aprendemos muito com pessoas e organizações que mudaram a forma da assistência à saúde no mundo. Um exemplo é o médico Hunter Patch Adams, M\MZVQbILW XMTW ÅTUM M[\ZMTILW XMTW I\WZ :WJQV ?QTTQIV[ MU !! M Y]M Pn IVW[ defende o amor e atenção integral ao paciente como parte vital de uma boa assistência. Danilo Ramos
A maior lição que podemos aprender com Patch Adams, e que vocês encontrarão na entrevista das próximas páginas é que não basta ser médico, é necessário ouvir os pacientes, entender seus problemas e suas queixas, atende-los com calma e, acima de tudo, com amor. Em um mundo onde até o atendimento à saúde tornou-se uma linha de produção, é LQNyKQT MVKWV\ZIZUW[ UuLQKW[ Y]M I\MVLIU [M][ XIKQMV\M[ MU UIQ[ LM UQV]\W[ LM NWZma humanizada. Vale lembrar também, que a humanização do atendimento vai muito ITuU LM [WZZQ[W[ M JWU P]UWZ LW[ XZWÅ[[QWVIQ[ LM [I LM Pensem nisso! Boa leira...
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Publisher Alberto Leite | alberto@healthers.com.br Diretora Comercial Gabriela Marcondes | gabriela@healthers.com.br Editor Chefe Guilherme Batimarchi | guilherme@healthers.com.br Repórter Isadora Mota | isadora@healthers.com.br Claudia Rocco | redacao@healthers.com.br Maristela Orlowski | redacao@healthers.com.br Ana Luiza Petry | redacao@healthers.com.br Sérgio Spagnuolo | redacao@healthers.com.br Vanessa Sulina | redacao@healthers.com.br Thais Araujo | redacao@healthers.com.br Arte e Ilustração Rodrigo Dias | rodrigo@healthers.com.br Fotografia Danilo Ramos | daniloramosfoto@gmail.com Simone Ezaki | simoneezaki@gmail.com Executiva de Negócios Rosana Alves | rosana@healthers.com.br Administrativo e Financeiro Julio Portello | julio@healthers.com.br Coordenadora de Operações Ana Paula Savordelli | ana@healthers.com.br Operações Beatriz Fiore | beatriz@healthers.com.br Conselho Editorial Claudio Tonello Carlos Marsal Marília Ehl Barbosa Carlos Suslik HEALTHERS é uma revista direcionada aos executivos do setor de saúde brasileiro, cujo objetivo é compartilhar conhecimento técnico e prático para comunidades de marketing, TI em saúde, RH, Compra, Venda, Finanças e CEOs. A publicação traz, também, conteúdo acadêmico e artigos escritos por especialistas, além de cases internacionais. As informações contidas nas mensagens publicitárias publicadas pela revista são de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes. Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos editores da revista. Todo o conteúdo da HEALTHERS, revista e portal, é de livre reprodução, sendo necessária a citação da fonte, conforme legislação de direitos autorais. Marketing e Audiência Saiba como promover e valorizar sua marca, seus produtos ou serviços na HEALTHRES | revista e portal. Solicite nosso Mídia Kit pelo e-mail gabriela@healthers.com.br ou pelo telefone: (11) 4327-7007 Editorial: Para falar com a redação da HEALTHERS ligue: (11)4327-7007 ou envie suas notícias para redacao@healthers.com.br Publicidade: Para anunciar na revista, no portal HEALTHERS, ou discutir uma estratégia de comunicação para aumentar as vendas de seu produto ou serviço, ligue para (11) 4327-7007 ou gabriela@healthers.com.br. Distribuição Nacional: Treelog Impressão: Elyon HEALTHERS - Apaixonados pela Saúde. Rua Doutor Nelson Líbero, 103 - Cidade Monções - CEP 04567-010 - São Paulo - SP www.healthers.com.br
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ENTREVISTA
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REVOLUÇÃO do amor
Roupas e cabelos coloridas, nariz de palhaço, alegria e muito humor. Essas são algumas das ferramentas usadas há mais de 40 anos por um dos precursores da humanização na assistência à saúde, Patch Adams. Formado em medicina pela Virginia Medical University, em 1972, e fundador do Gesundheit Institute, Adams foi eternizado nas telas de cinema com o filme que leva seu nome como título. Porém, como ele mesmo defende, a ilusão de Hollywood pouco mostrou sobre seu trabalho, que vai muito além das palhaçadas dentro das instituições de saúde. Em entrevista exclusiva para a Healthers, Patch Adams fala sobre humanização, amor, alegria como parte do processo de cura, sua trajetória ao longo da história e desconstrói o atual modelo de assistência à saúde, baseado no lucro e na falta de amor.
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ENTREVISTA
Healthers Como podemos melhorar o sistema de saúde para que ele tenha o “bem estar do paciente” como foco e não a doença? Patch Adams Nenhuma faculdade de medicina ensina bem-estar. Em meus quatro anos de estudo, nunca foi ensinado saúde. O que vi foi a definição, “saúde é a ausência da enfermidade”. Que mentalidade é essa? “Outro dia sem câncer”? (ironiza Adams). Essa é a visão sobre saúde. Nunca se fala em prevenção, práticas de exercícios físicos, dietas, sentimentos e muito menos amor. Na verdade, em minha época de faculdade, falou-se muito em não falar sobre amor.
Healthers Suas práticas já são reconhecidas ou aplicadas no mundo acadêmico? Patch Adams Entrei na faculdade de medicina para fazer uma revolução. Eu sabia que nunca seria igual aos médicos que me ensinaram medicina. Um exemplo disso foi quando vi médicos grosseiros em visita reunindo-se ao redor do paciente, e a maioria deles, meus professores, menosprezavam os alunos com o objetivo de se sentirem importantes, humilhavam os alunos em público. E eu dizia em alto e bom som: “Muito bem Doutor! Quero ser grande e forte como o senhor quando eu crescer”. Isso porque, não podemos nos calar diante de algo que está errado. Acredito que, quando nos omitidos di14
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ante de uma injustiça, seja ela qual for, uma parte de nós morre. Estou aqui para incentivar as pessoas a ser a revolução na vida delas mesmas. Uma revolução cordial. Nenhuma escola no mundo ensina o amor, a cordialidade e a humanidade para seus alunos. Seja no ensino fundamental, médio ou na universidade. Um aluno passa cinco horas por semana estudando matemática de forma mecânica e nem um minuto aprendendo a amar o próximo. Se essa situação fosse inversa, ao atingir a fase adulta, esse aluno teria milhares de chances a menos de maltratar outra pessoa, ao contrário, teríamos cidadãos mais conscientes, cordiais e que respeitariam e amariam o próximo, não só nas escolas de medicina, mas em todos os cursos.
Healthers Qual foi sua maior vitória durante sua carreira? Patch Adams Não costumo pensar nesse tipo de coisa. Acho que a resposta para essa pergunta é que tenho me esforçado muito, durante minha vida toda, para ser uma boa pessoa. Um bom amigo. Tenho dedicado minha vida para levar a paz, a justiça e o cuidado para todos com quem tenho contato. Seja em workshops ao
redor do mundo ou na assistência à saúde. Minha profissão, nos EUA, é um dos negócios mais mesquinhos que tenho. Por exemplo, 19% de nosso faturamento vem de pessoas de classe média, com condições de arcar com os custos de uma assistência à saúde. Pensando nisso, há cerca de 40 anos, idealizamos um hospital, o Gesundheit Institute, que eliminaria grande parte dos custos para tornar o acesso à saúde mais viável. Nessa instituição, toda a equipe envolvida no cuidado ao paciente viveria em uma ecovila comunitária onde a pessoa encarregada da limpeza e o cirurgião do hospital ganhariam o mesmo salario, de US$ 300 por mês. Essa prática elimina 90% dos nossos custos. Outra prática incomum, e que aplicamos no Gesundheit Institute, é a entrevista inicial feita pelo médico com o paciente que, em qualquer instituição, dura em média 10 minutos, em nosso hospital ela dura cerca de 4 horas, além de ser gratuita. Nosso hospital é nosso lar, por isso, quando o paciente precisa de atendimento médico ele passa a morar conosco, com nossas famílias. Nós não somos nem um pouco práticos, ou o negócio não é viável executando esse tipo de gestão. Porém, as palavras prático, e viável, ao meu ver, foram corrompidas pelo
Patch Adams: Tenho dedicado minha vida para levar a paz, a justiça e o cuidado para todos com quem tenho contato. Seja em workshops ao redor do mundo ou na assistência à saúde.
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ENTREVISTA
mundo dos negócios para ilustrar operações que são sinônimo de dinheiro. Hospitais ricos não são alegres porque são desenhados para serem ambientes de negócios, que geram lucro, e não amor e alegria.
Fizemos um projeto que durou 12 anos, onde nossas atividades seriam em uma grande casa comunitária. Trazemos profissionais de saúde e alunos de medicina de diversos países do mundo para o nosso espaço em West Virginia para fazerem cursos de capacitação.
Fazendo isso, mostramos que, cirurgiões que podem ganhar até 2 milhões de dólares ao ano, nos EUA, podem descobrir que também é prático e viável ganhar cerca de 3 mil dólares ao ano atendendo em nossa instituição. Outras iniciativas que fizemos, além desse modelo estranho de assistência, foram as “Clowning trips” (visitas da equipe de palhaços do Gesundheit Institute), visitando hospitais em mais de 120 países nos últimos 50 anos.
“Hospitais ricos não são alegres porque são desenhados para serem ambientes de negócios, que geram lucro, e não amor e alegria” – Patch Adams
Healthers Atualmente, há uma fila com centenas de profissionais de saúde esperando uma oportunidade para trabalhar em seu hospital. Pensando nisso, você pretende expandir as atividades do Gesundheit Institute? Patch Adams Uma curiosidade que vou lhes contar é que nosso hospital não foi construído. Quando começamos as atividades em 1971, tinha a certeza de que ele seria construído em quatro anos, e 40 anos depois, ele ainda não saiu do papel. 16
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Muitos dos profissionais que passam pela instituição, tempos depois, escrevem para nós dizendo que abriram suas próprias clínicas inspiradas em nosso trabalho, ou que foram atuar como voluntários em outras instituições ou locais onde havia escassez de mão de obra em saúde. De acordo com esses relatos, notamos que cerca de 3 mil projetos foram inspirados naquilo que os médicos que passaram pelo instituto aprenderam. Essas iniciativas criadas ao redor do mundo multiplicaram o que fazemos aqui.
Sei que as coisas ficarão muito diferentes quando as instalações de nosso hospital forem concluídas. Sei que muita gente me acha um louco por ainda tentar, após 44 anos, construir um hospital, mas esse é um sonho do qual não desisto. Para trabalhar conosco, minha equipe deve atender seis requisitos. Eles precisam ser alegres, engraçados, amorosos, cooperativos, criativos e atenciosos. Se os profissionais de
mi n ha e qu ip e p e r mane nte nã o e st ive re m ate nd e nd o e st as e x i gê nc i as el e s nã o tê m cond i ç õ e s d e c ont i nu ar t r ab a l hand o conos co, p ois , p ar a nó s , é mu ito i mp ort ante mo st r ar o e fe ito d e ss as qu a l i d a d e s no ambi e nte ass iste nc i a l.
Healthers Como foi sua experiência em países como Bósnia e Afeganistão? Patch Adams Quando se está tratando uma pessoa, não faz diferença se estamos em uma zona de guerra ou em um país que está em paz. O ambiente de brincadeira, de amor, deve ser o mesmo quando falamos em relações humanas. Atuar em zonas de conflito armado faz com que eu trabalhe com muito mais amor e dedicação como ativista da paz para interromper essas guerras. Posso estar em um elevador, por exemplo, em algum lugar dos EUA, com um executivo vestindo terno e gravata e ver tanta dor nesse homem quanto vejo nas pessoas que vivem em áreas de conflito. Uma coisa interessante para dizer é que nenhuma escola de medicina no mundo ensina compaixão aos seus alunos. Entre abril de 1992 e dezembro de 1995, quando tentei levar um grupo de palhaços para atuar na assistência à saúde durante a guerra na Bósnia, as Nações Unidas levaram
sete meses para emitir a permissão sob o argumento de que palhaços não combinam com conflitos. Eles me disseram: “como pode querer levar palhaços para uma guerra? Isso não é engraçado...” Após o lançamento do filme, em 1998, fiz o mesmo pedido e, sem contestação alguma, a permissão de trabalho foi emitida em quatro dias. Isso diz muita coisa. Healthers Porque a humanização é tão pouco difundida dentro das escolas de medicina? Patch Adams A medicina começou como uma profissão onde apenas homens exerciam o ofício, o que torna a relação entre médico e paciente mais impessoal. Me correspondo com médicos de 120 países, e todos eles comentam comigo que alguns dos perfis dessa profissão são a arrogância e o senso de hierarquia, e isso é um problema para eles. Acredito que muitos estudantes de medicina ingressam na faculdade cheios de idealismos, mas quando chegam na instituição de ensino e encontram uma atmosfera de arrogância e superioridade, se não se protegerem, eles se tornarão iguais aos que lá estão. Os homens precisam resistir à fome de poder sobre outras pessoas, pois só assim eles serão mais humanos. Se analisarmos a história da humanidade veremos que muitos dos nossos problemas OUTUBRO DE 2014
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ENTREVISTA
ocorreram por causa dessa relação de poder um sobre o outro.
Healthers Um dos pilares de sua filosofia de tratamento é o amor ao próximo. Como você transmite esse sentimento para membros de sua equipe e outros profissionais envolvidos na assistência à saúde? Patch Adams Uma das formas onde ensinamos o ato de amar é organizando viagens por vários países do mundo com nossa equipe de palhaços. Chamamos essas viagens de “Clowning trips”. Nessas viagens, todos são bem vindos, sejam profissionais de saúde ou não. Aceitamos pessoas entre oito e 88 anos de idade. Fazemos essas viagens visitando zonas de guerra, campos de refugiados, áreas de extrema pobreza e muitos outros lugares que consideramos nosso trabalho necessário.
– Patch Adams
Para toda parte que olhamos, vemos pessoas precisando de mais amor. O que seria necessário para uma pessoa usar uma placa OUTUBRO DE 2014
Imagine estar disponível todos os dias de nossas vidas para ajudar o próximo? Como todos sabem, sou médico da família, e em 48 anos exercendo essa profissão eu nunca prescrevi um medicamento psiquiátrico, provavelmente sou o único médico de família, nos EUA, que possa dizer isso.
“Eu quero um mundo, onde, ninguém vivo, saiba o que significa Y hYdYnjY _m]jjY & =m quero um mundo livre \] nagd¯f[aY ] afbmkla¬Y& Onde todos são iguais”
Já tive em meus braços mais de 2 mil crianças no dia em que elas morreram de fome. Vocês não sabem como é horrível segurar nos braços uma criança que está morrendo de fome. Mesmo sendo trágico e triste, coisas como essa me dão força e me fazem trabalhar.
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ou sinal que dissesse “eu estou aqui por você”? Quando digo para você que respondo cada uma das cartas que recebo pelo correio, espero que que as pessoas saibam que, caso estejam sentindo-se sozinhas, ou sem amigos, estou oferecendo a elas eu mesmo. O que seria necessário para vivermos nossas vidas servindo ao próximo por amor?
Eu já ouvi e estive presente em uma quantidade enorme de sofrimento. Nos EUA, presumo que todo cidadão americano adulto toma ou já tomou algum tipo de medicamento psiquiátrico.
Eu quero um mundo, onde, ninguém vivo, saiba o que significa a palavra ‘guerra’. Eu quero um mundo livre de violência e injustiça. Onde todos são iguais. Há 7 mil anos, o homem escolheu adorar o dinheiro e o poder sobre o outro. É por isso que nenhum sistema político funciona. Porque o sistema de valores é o dinheiro e o poder. Esse tem sido nosso Deus, o deus do oeste e do leste por 7 mil anos. Isso é um longo tempo.
HOSPITAIS PRIVADOS
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ENTREVISTA !"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
O olhar por trás das lentes 20
Há mais de 20 anos registrando a realidade do setor de saúde ao redor do mundo, o fotografo André François, da ImageMagica, coleciona não apenas retratos, mas também história e lições que busca compartilhar com todos. O objetivo disso? Tornar a saúde mais humana e mostrar que, independente de onde estivermos, podemos aprender uns com os outros
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Healthers: Qual é o trabalho da ImageMagica?
p a r a r e a l i z a r e s s e t i p o d e t r a b a l h o.
André François: A ImageMagica é uma
Na á r e a d o c u m e n t a l , o t r a b a l h o d a
OSCIP, uma organização não governamen-
ImageMagica está mais focado em mim,
tal, que foi fundada há cerca de 20 anos e
onde
hoje possui dois núcleos de trabalho, um
tema dentro da área de saúde, da qual
educacional e outro documental.
g o s t o m u i t o.
A ImageMagica lança um olhar muito
escolhemos,
Atu a l me nte
periodicamente,
e stou
t r ab a l hand o
um
em
profundo na questão da transformação do
u m l iv ro s obre hans e n í as e no Br as i l, qu e
mundo. Procuramos perceber coisas boas e
d e ve s e r l anç a d o no f i na l d e ss e ano. Gr a ç as
ruins e propor mudanças. Essa é a essência
a e ss e t r ab a l ho, e stou apre nd e nd o mu ito
da organização.
s obre e ss a d o e nç a e s e us pre c onc e ito s . Iss o me f a z c re s c e r e c ol ab or a p ar a me u
No núcleo educacional, fazemos projetos
t rab a l ho como foto g rafo.
ligados a escolas com essa mesma visão, onde propomos que, alunos e professores lancem um novo olhar sobre o ambiente onde estão,
Healthers: C omo você enxerga a questão do acesso à saúde no Brasil?
enxerguem as coisas que não estão legais, o que pode ser feito para melhorar e também enxerguem as coisas boas.
André François: Acho o SUS um modelo de saúde maravilho na teoria, mas com um grande problema de acesso. Na prática ele
Tr a b a l h a m o s c om d i v e r s o s t e m a s . D e n -
ainda está tentando transformar essa teoria
t ro d e s s e p ont o d e v i s t a p o d e m o s t r a b a l h a r
em realidade e estamos no caminho cer to.
a s s u nt o s c om o, m e i o a m bi e nt e , e du c a ç ã o,
Estamos aprendendo muito e crescendo cada
d e s e nv o l v i m e nt o hu m a n o, q u a l i d a d e d e
vez mais.
vida etc. O SUS é um sistema de saúde muito novo, Na área da saúde, também atuamos no
com pouco mais de 20 anos para atender
campo da educação, levando a fotograf ia
uma população de quase 200 milhões de
para dentro dos hospitais e fazendo com
habitantes com realidades completamente
que pacientes, familiares e equipes de saúde
diferentes umas das outras.
participem lançando esse mesmo olhar no cotidiano da assitência. Usamos a mesma
Qual o grande desafio do SUS? Quando
metodologia, que é lúdica, linda, as pessoas
se está no interior do Acre, e você tem uma
gostam, mesmo dentro do hospital.
pessoa doente, é preciso pegar um avião para transportar esse paciente até um centro de
Quando iniciamos as atividades den-
saúde. Essa operação pode custar cerca de
tro das instituições de saúde, não achá-
R$12 mil. Em contrapartida, se essa mesma
v a m o s q u e d a r i a c e r t o, p o i s a r o t i n a d o s
pessoa estivesse na cidade de São Paulo,
profissionais e das unidades de saúde são
ela precisaria de uma ambulância, que cus-
m u i t o d i n â m i c a s e a g i t a d a s . Pa r a s e t e r
taria algo em torno de R$500. Essas são
uma ideia, desde 2006, quando iniciamos
as diferenças que tornam os desafios do SUS
o p r o j e t o, j á a t e n d e m o s m a i s d e 7 5 h o s p i -
grandes desafios, esses extremos. Sem con-
t a i s e m t o d o o B r a s i l . Ho j e , j á s o m o s c o -
tar uma pequena parcela da população que
nhecidos e as instituições nos procuram
nem acesso ao SUS tem, como comunidades OUTUBRO DE 2014
21
ENTREVISTA ribeirinhas no interior do Amazonas,
se ele for menos médico, ele irá conseguir
p or exemplo.
mais informações, mais acesso e suprirá as
Porém, em cid ades c omo S ã o Pau l o, t amb ém temos problemas d e a c e ss o qu e nã o s ão ge og ráf icos. Muit as ve z e s , qu and o u m p a ci e nte est á em consu lt a mé d i c a , a o pres cre ver uma me dic aç ã o, o prof iss i ona l d e s aúde nem ol ha na c ar a d o p a c i e nte, el e não quer nem s ab er c omo o c id a d ã o c ons e g u i r á o remé dio que l he e st á s e nd o i nd ic ado, p ois, te or ic amente, el e e st á f a z e nd o o t rab a l ho dele. O u pior qu e iss o, o mé d i c o p o de p erceb er que o p a c i e nte
necessidade do profissional de saúde por dados. Acho que o médico ainda é carente desse tipo de aprendizado, só que ele é uma pessoa comum, igual a você ou eu. Os mel hore s mé d i c o s qu e c on he c i dur ante m i n ha c ar re i r a tê m a l go e m c omu m . To d o s s ã o mu ito s i mpl e s , br i nc a l hõ e s , a ce s s íve is e, qu and o c onve rs amo s
não est á entendendo o qu e e st á aconte cendo na consu lt a e qu e é a v id a d a p ess o a que e st á e m j ogo e que uma or i e nt a ç ã o, uma simples or ient aç ã o, f ar i a to d a a diferenç a p ar a a qu el e p aciente. Pouc as p a l av r as a mais p o dem fazer a d i fe re nç a d aquel a p ess o a p egar a qu el a re ceit a e fazer tudo ac onte c e r. Iss o tudo t amb ém é ac ess o. He a lthers:
C om
su a
ex -
p er iênci a e cont ato c om d i vers as re a lid ades, como vo c ê ava li a
a
humaniza ç ã o
no
ate ndimento hospit a l ar ? André François: Acho
que
“Quando se está em uma situação de calamidade as pessoas mudam. Tanto no Japão, quanto no Haiti, você vê um cenário onde as pessoas se comportam de maneira mais solidária. E esse é um sentimento, mesmo pra mim, como fotografo, muito comovente” – André François, da ImageMagica
c om el e s , nã o p are c e qu e e st a mo s f a l and o c om u m mé d i c o, e iss o é i nc omu m e m g r and e s ou p e qu e no s ho spit ais . E ss e é u m p a d r ã o qu e e nc ont re i nas e qu ip e s mé d i c as qu e go sto d e chamar d e e qu ip e s i lu m i na d as . Healthers: Você teve oportunidade
de
organizações
trabalhar médicas
com como
os Expedicionários da Saúde, Cr uz
Vermelha
e
Médicos
sem Fronteira, viu realidades completamente diferentes em p aís e s
de
e x t re ma
p obre z a
c omo o Hait i e p aís e s r i c o s c omo o Jap ã o, qu e s of re r am g r and e s c at ást rofe s c omo o s
falta um pouco de formação
te r re moto s qu e ab a l ar am amb o s o s p aís e s .
na academia. Apesar de possuir um pouco
O qu e vo c ê v iu ne ss e s p aís e s qu e l he
desse aspecto na formação, acho que ainda
chamou mu ito su a ate nç ã o ?
é um método muito car tesiano. Quando falamos
em
medicina,
estamos
falando
também em pessoas. Acho que essa abordagem é ainda um pouco imatura nos cursos de medicina. No fundo, o médico não está sendo preparado. Precisamos dizer ao médico: “doutor, por favor, seja mais humano e menos médico”, pois, em alguns momentos,
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OUTUBRO DE 2014
André François: Minha ida ao Japão e ao Haiti faz parte de um trabalho chamado Projeto Vida, que faço desde 2008, sobre educação e promoção de saúde e faz par te de um projeto mundial junto à ONU, OMS, Médicos S em Fronteira e outras organizações. Traçar um paralelo entre o Haiti e o Japão foi
André François incrível, pois existe uma diferença financeira
quanto no Haiti, você vê um cenário onde
entre esses dois países que é evidente, porém,
as pessoas se compor tam de maneira mais
existe outra diferença que é na promoção de
solidária, é um sentimento, mesmo para
saúde que falta no Haiti e sobra no Japão.
mim, como fotografo, muito comovente.
Para se ter uma ideia, no terremoto que houve no Haiti, em 2010, foi de 7.4 graus na escala Richter, e somou cerca de 650 mil mortes, de acordo com dados of iciais. No Japão, em 2011, esse mesmo fenômeno, de 9.4 graus na escala Richter, matou cerca
No Japão, essa solidariedade chega a um extremo capaz de impressionar. Quando eu estava lá, andando sobre as pilhas de escombros deixadas pelo terremoto, em pequenos vilarejos completamente destruídos, próximos a S endai, a 100 Km de Fukushima, eu comecei a perceber que haviam pequenas
de 30 mil pessoas. Essa diferença torna-
pilhas de objetos pessoais próximas aos
se gritante por uma série de motivos. As
restos das casas. Elas estava estragas, mas
construções no Japão são projetadas para
era perceptível que alguém ou algumas pes-
aguentar catástrofes desse por te, o país tem
soas haviam organizado aquilo.
mais recursos etc. Porém, a grande diferença está justamente na promoção a saúde, ou seja, os japoneses se preparam para isso constantemente e essa educação fez com que eles fossem mais capazes de sobreviver. Quando se está em uma situação de calamidade as pessoas mudam. Quando se entra em um ambiente desses, tanto no Japão
Intrigado eu perguntei a algumas pessoas o que signif icavam aquelas pequenas pilhas de objetos e eles responderam que, ao andar em meio aos escombros, era comum encontrar objetos pessoais dos moradores que tiveram suas casas destr uídas e que, de uma forma ou de outra, poderia ser algo valioso para seu dono. Então as pessoas juntavam aqueles objetos, que poderiam ser, desde OUTUBRO DE 2014
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AGOSTO DE 2014
Paula Poleto
André François após os terremotos ocorridos no japão
AGOSTO DE 2014
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ENTREVISTA joias até simples fotografias, junto aos restos das casas para que, quando voltassem, os donos da propriedade, pudessem reaver alguma coisa. Eu via pequenos montinhos de coisas que continham relógios de ouro, ursinhos de pelúcia, álbuns de família, qualquer coisa, pois em algum momento os donos daqueles objetos voltariam para suas casas e tentariam recuperar algo. Eu não vi esse tipo de compor tamento em mais n e n hu m a p a r t e d o mu n d o. Acho que meu trabalho é muito legal por ter a oportunidade de ver, aprender e poder registrar esse tipo de coisa, compar tilhar com todos esse tipo de conhecimento. Healthers: Atualmente em quantos projetos você e a ImageMagica estão envolvidos na área da saúde? André François: Em 2014 estamos envolvidos com cerca de sete hospitais no Brasil realizando nossos projetos educacionais, que são trabalhos continuados. Na área de documentação fotográf ica temos o livro sobre hanseníase e o Projeto Vida, que ainda tem mais dois anos pela f rente, sendo que iniciamos ele em 2009. O Proj eto Vid a, p or s er u m proj eto mu n di a l, tor na-s e um p ou c o mais d e s af i a d or
ImageMagica andem, de leito em leito,
e complic ado, p or s e r mais d e mor a d o e
auxiliem os pacientes que estão internados
dif íci l. Ano p ass ado u ma d as v i age ns foi
a se comunicarem com pessoas queridas
p ara a C hina, onde f i qu e i p or t rê s me s e s e
por meio desses car tões, ou mesmo por uma
foi muito complic ad a.
simples foto ou car ta.
Estamos também mudando a metodologia dos trabalhos que realizamos dentro dos hospitais. Estamos criando um aplicativo
He a l t h e r s : O q u e t e m ot i v a a re a l i z a r esse trabalho?
para celular onde, ao fazerem a fotograf ia, o aplicativo transforma a imagem em um cartão postal e as pessoas poderão enviar esse cartão para seus parentes e amigos. A 26
ideia
é
que
os
educadores
OUTUBRO DE 2014
André François: Poder realizar esse trabalho é um grande presente para mim. Me sinto lisonjeado. Ter a honra em poder fazer um trabalho
da
como esse é, sem dúvida, um grande presente.
André François Lidando com todas essas situações difíceis que
Acho que tem uma coisa que é servir. Quando
encontramos na saúde, lidando muitas vezes com
era moleque trabalhei como garçom e hoje em dia,
a morte ou próximo a ela, começamos a ver a
falo para as pessoas que essa foi uma das maiores escolas no trabalho que faço hoje, pois servir uma
vida de outra maneira, a respeitar coisas que pas-
pessoa ou servir uma causa pode ser considerado
sam desapercebidas, começo a valorizar a vida e
uma dádiva. A chance de poder servir, na verdade,
a própria saúde diariamente. Aprendi a ser mais
te ajuda a ser alguém mais leve, mais feliz.
leve e uma pessoa mais divertida. Por isso talvez
O ato de servir, não é fácil, mas é uma grande
vemos um pouco de loucura no Patch Adams,
dádiva dada a nós. E o trabalho do médico tam-
por ele ser tão divertido e fora do comum. Ele já
bém. Ele pode estar fazendo aquilo por obrigação,
viu coisas e sabe que a vida merece ser mais livre, mais colorida e solta.
por dinheiro, não importa, mas se estiver dentro dele, que ele está servindo uma pessoa, ele será mais humilde, e servir é um ato de humildade. OUTUBRO DE 2014
27
FINANÇAS
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30
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
N
ão é mais novidade que
médico do Hospital Samaritano de São Paulo,
empresas
colo-
Dr. Dario Ferreira, atualmente, não são mui-
cam a gestão de riscos
tos os hospitais que gerenciam seus riscos.
como uma prática a
“A maioria dos gestores hospitalares não têm
ser priorizada e levada a sério dentro da or-
consciência da gravidade dos danos que a as-
ganização têm como resultado balanços posi-
sistência, que devia prolongar e melhorar a
tivos na sua performace financeira - motivo
qualidade de vida, causa.”
que
pelo qual trabalham diariamente os gestores de todas as instituições do sistema capitalista.
“Estima-se que o número de mortes relacionadas a estes eventos adversos cor-
Um estudo realizado pela empresa de con-
responda à queda de um Jumbo 747 por dia
sultoria e auditoria Ernst & Young recente-
nos Estados Unidos. No Brasil, Dr. Lucas
mente, intitulada “Turning Risks into Results”
Zambon, em tese apresentada à Faculdade
analisou como empresas líderes de mercado
de Medicina da USP mostrou que 81,7%
utilizam a gestão de riscos para melhorar o
dos pacientes internados na UTI de um
seu desempenho e os resultados mostraram
hospital terciário universitário sofriam
que, quanto melhor a performance financeira
pelo menos um evento adverso, a incidên-
de uma empresa, maior é o nível de investi-
cia de dano permanente em 8,4% das ocor-
mento desta organização na gestão de riscos.
rências e morte em 6,6%. É absolutamente necessário que mudemos esta realidade,
No entanto, no setor de saúde brasileiro,
não podemos mais continuar perdendo
este ainda é um cenário que precisa ser con-
vidas, causando sequelas e desperdiçando
struído. De acordo com o superintendente
recursos como fazemos hoje”, completa. OUTUBRO DE 2014
000
FINANÇAS
Os desafios na implementação e no
mudanças não são percebidas de forma
fortalecimento de um processo efetivo de
imediata, uma vez que as organizações
gestão de riscos em seu dia-a-dia são os
precisam dedicar investimentos a fim de
pontos destacados por André Gargaro e
estabelecer uma estrutura formal com
Danilo Santos, sócio e gerente sênior da
procedimentos, áreas, sistemas e pessoas
área de Gestão de Riscos Empresariais da
dedicadas a executar funções relaciona-
Deloitte, para o atual cenário do setor da saúde. “Um desses obstáculos é a própria falta de maturidade do setor quanto à governança corporativa”.
Mas, para eles, esta realidade já passa por mudanças, alinhada a uma tendência mundial. “A percepção das organizações
das à gestão de riscos”.
“A gestão de riscos com foco em performance tem trazido diversas melhorias, principalmente no que tange a custos” – Gargano e Santos, da Deloitte
brasileiras é a de que este é um
Já para o superintendente do Hospital Samaritano, as crenças existem entre os gestores hospitalares de que processos de qualidade e gerenciamento de risco custam caro e reduzem a rentabilidade
da
instituição,
são os principais paradigmas a serem quebrados.
tema cada vez mais importante e estratégico em sua busca por aceleradores de
“Vários estudos já mostraram que isso
crescimento, que estão atualmente entre
é uma inverdade. O aumento de custo
os principais diferenciais de mercado.
gerado por processos de qualidade e seg-
No entanto, esse processo é lento e as
urança, na grande maioria das vezes está
000
OUTUBRO DE 2014
relacionado à obrigação das instituições cumprirem as leis, regulamentações e melhores práticas. Ser eficaz aumenta a rentabilidade pelo melhor uso dos recursos, particularmente dos leitos hospitalares e pela redução do desperdício. Tem a capacidade de melhorar o relacionamento entre os stakeholders do sistema de saúde, particularmente com o relacionamento com o agente pagador”, afirma.
“Não existe mais espaço para um mercado baseado no ganho exclusivo d e u m a p e s s o a o u i n s t i t u i ç ã o . Ap enas num mercado de ganhos compartilhados
podemos
encontrar
a
sobrevivência do sistema, todos devem ganhar: hospitais, operadoras de saúde, fornecedores de insumos e, fundamentalmente, o paciente que é o objetivo de toda a prática assistenc i a l ”, p o n t u a F e r r e i r a .
André Gargaro: Um dos obstáculos é a própria falta de maturidade do setor quanto à governança corporativa
OUTUBRO DE 2014
000
FINANÇAS
De acordo com os executivos da De-
demonstrar o valor da prevenção é sem-
loitte, a chave está em reconhecer a
pre uma tarefa difícil, principalmente,
contribuição potencial da gestão de
quando se trata de eventos futuros sem
riscos como um instr umento de gestão
a fundamentação dos dados históricos”,
empresarial e não apenas de risco. “Ao
explicam Gargano e Santos.
melhorar a inteligência sobre risco da organização, o valor existente pode ser protegido e o novo pode
ser
criado.
Assim,
as
gestões de performance e estratégica e as decisões de alocação de capital devem integrar sistematicamente análise de risco.”
“Não existe mais espaço para um mercado baseado no ganho exclusivo de uma pessoa ou instituição” – Dario Ferreira, do Hospital Samaritano
Pa r a qu e o c e n á r i o c om e c e a mu d a r, Fe r re i r a s u g e re qu e s e p a r t a d o c omprom i s s o d a a lt a g e s t ã o e m of e re c e r u m a a s s i s t ê n c i a s e g u r a , e f i c a z e c om a p a r t i c ip a ç ã o d o p a c i e nt e e f a m i l i a re s n a s d e c i s õ e s s o bre t r at a m e nt o s .
“E l i m i n a r
ou
re du z i r r i s c o s d e f or m a s i s -
“Quando o elo de valor entre a gestão de riscos e a melhoria de
t e m át i c a , ut i l i z a n d o f e r r a m e nt a s h á
desempenho for evidente, a gestão de
mu it o j á ut i l i z a d a s p e l a s i n dú s t r i a s d e
riscos terá começado a contribuir mais
a lt o r i s c o c om o a s u s i n a s nu c l e a re s , a
signif icativamente
benef ício
av i a ç ã o c i v i l , i n dú s t r i a p e t ro qu í m i c a ,
Porém,
f orç a s m i l it a re s e nt re out r a s . Te m o s
competitivo
000
da
para
o
organização.
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qu e t om a r c on s c i ê n c i a d e q u e h o s pit a i s s ã o or g a n i z a ç õ e s d e a lt o r i s c o q u e pre c i s a m t r a n s f or m a r- s e e m or g a n i z a ç õ e s d e a lt a c on f i a bi l i d a d e .”
Os benef ícios estão ligados a uma área que interessa a todo e qualquer gestor, a f inanceira. “De forma geral, a gestão de riscos com foco em performance tem trazido diversas melhorias, principalmente no que tange a custos. As organizações do setor de saúde com base na gestão de riscos vem reduzindo atividades redundantes, otimizando a produtividade do processo e até mesmo do prof issional. Outra questão importante é a racionalização de controles, ou seja, a otimização focando em controles chaves para a organização”, f inalizam os executivos da Deloitte.
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000
FINANÇAS
Os resultados que podem ser obtidos com a integração do orçamento à estratégia
Com o refinamento e constante aprimoramento dos modelos de gestão nas instituições, um dos grandes desafios é aprimorar o processo de integração entre a estratégia e o orçamento. É evidente que quanto maior o alinhamento organizacional melhor será o acompanhamento da execução, o reposicionamento e também as possibilidades de atualização face as frequentes mudanças de contexto. Como é sabido, o orçamento pode ser conceituado como um instrumento empresarial que possibilita consolidar e quantificar intensões e objetivando prever os resultados de curto, médio ou longo prazo. A elaboração da peça orçamentária possibilita clarificar os desafios financeiros, assim, quanto maior a transparência dos desafios, maior será a possibilidade do alcance e superação. Existem muitas maneiras e elaborar uma peça orçamentária, ela pode ser definitiva ou sujeita a revisões e ajustes, pode ser baseada em metas e tendências de longo prazo, pode também ser feita com “base zero”, dentre outros formatos. O importante é que ele ajude na clarificação dos desafios globais e das contribuições de cada área ou ator para atingimento dos resultados. Por outro lado, o orçamento também propicia um exercício constante de aprendizagem. Sistematicamente temos que viabilizar iniciativas visando atingir o melhor nível de controle e execução que devem possibilitar redução de erros e imperfeições. O desempenho orçamentário, pela sua própria essência, deve ser alimentado com informações provenientes da gestão estratégica e vice versa. O orçamento traz em seu mais legítimo significado um compromisso essencialmente financeiro, mas será que é esta a sua única contribuição à organização? Conforme já exploramos, a programação financeira é fundamental, contudo, há um grande subproduto em sua organização que é a identificação e sistematização de todas as contribuições táticas visando à obtenção dos resultados. Em muitas organizações o orçamento é um das primeiras iniciativas do modelo de gestão, mas, o que de fato alimenta as expectativas de resultado? Não podemos esquecer que, antes dos números, existem intensões, rotinas ou iniciativas que após a devida validação devem se transformar nos resultados propriamente ditos. É a partir do planejamento estratégico que se desenvolve o orçamento empresarial, ele deve consolidar recursos materiais, operacionais, humanos, financeiros, tecnológicos e mercadológicos para o
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!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
.%(&+)/0%()%&* 1*+-%).2',)'0)',)*0)****** ĐŽŶƚƌŽůĂĚŽƌŝĂ Ğ ĮŶĂŶĕĂƐ ĚŽ 3#+%2,&4*56.2#7829&':+
atingir os dos objetivos institucionais. Conforme já exploramos, o orçamento empresarial preferencialmente deve ser uma consequência da estratégia da organização. Tem a finalidade de detalhar de forma analítica os números e valores correspondentes ao orçamento estratégico. A correta formulação do planejamento define intenções que após serem devidamente validadas viram perspectivas de resultado financeiro. Estas intensões podem se configurar simplesmente no financiamento das atividades cotidianas da organização (gerar receitas para financiar a operação), mas também podem ser expressas na forma de planos táticos, projetos estratégicos ou investimentos. Um dos grandes desafios da gestão é consagrar o planejamento estratégico e a partir dele, desdobrar ações táticas e operacionais que conduzam a empresa a melhor produtividade, eficiência e atingimento de seus objetivos. A compatibilização da estratégia à operação somente poderá ser alcançada através da utilização de ferramentas que possam nortear e ao mesmo tempo controlar as atividades empresariais. Existem diversas ferramentas no mercado que ajudam nesta integração. Sempre destaco a aplicação do balanced scorecard cujos fundamentos são relativamente rígidos, contudo, facilitam muito a gestão e acompanhamento da execução estratégica e por consequência a assertividade do processo orçamentário. Fica claro que a adoção de uma ferramenta para o processo de gestão estratégica facilita muito a gestão orçamentária, a ferramenta contribui para dinamizar o processo e redirecionar as organizações frente aos seus aspectos internos (forças e fraquezas) e externos (oportunidades e ameaças) integrando a peça orçamentária. Percebemos que em muitas organizações, este reposicionamento é feito de forma lenta e sem integração gerando desconexão entre a proposta de planejamento e o orçamento. É fato que todas as organizações se mobilizam na busca da melhoria continua de seus processos e de suas práticas de gestão e de seus processos. Apesar da racionalidade das etapas que permitem a geração de valor na organização, ainda existem grandes oportunidades no que se refere ao alinhamento organizacional. Se reposicionar rapidamente frente a riscos e oportunidades é um grande fator de diferenciação e pode ser determinante para o sucesso. Priorizar a integração do planejamento ao orçamento e buscar sistematicamente a melhoria continua nestes importantes processos, devem continuamente compor a pauta de desenvolvimento das organizações.
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TI FINANÃ&#x2021;AS
!"#$%&'(#')%*$'"&+,*-.$/'.$'0.1.$'$*$,#)%$'(#'2#$,3.'03.'$3.'.$')%*$' VHJXURV e R TXH DÃ&#x20AC;UPDP HVSHFLDOLVWDV GH 7, FRQVXOWDGRV SHODV +HDOWKHUV H DGYHUWHP SDUD R IDWR GH TXH RV KRVSLWDLV EUDVLOHLURV GHYHP SUHVWDU PDLV DWHQomR QD VHJXUDQoD GD LQIRUPDomR GH VHXV SDFLHQWHV !"#$%&#'(%)# 38
OUTUBRO DE 2014
E
la chegou mais rápi-
A resolução nº 1997/2012 do Con-
do do que imaginá-
selho
vamos,
bateu
c o n s i d e r a q u e “a s i n f o r m a ç õ e s c o n -
portas
stantes no prontuário médico pos-
e já foi entrando, tomou conta de
suem amparo constitucional, pois se
em
mal
nossas
tudo, dominou nossas casas, noss os trabalhos e agora é impossível viver sem ela. Seja bem vinda tecnologia!
Por mais que a lguns relutem, a vida de qualquer ser vivo desse planeta está em rede. A vida circula por fios, cabos de conexões e sinais de satélites, nunca estivemos tão expostos como estamos agora. Hoje, todos
Federal
de
Medicina
(CFM)
ligam à ideia de preser vação da intimidade, de viabilização do exercício profissional, bem como do sigilo p r o f i s s i o n a l ”. O u s e j a , t a n t o o m é d i c o como as instituições tem a obrigação legal de proteger os dados de seus pacientes, estejam online ou offline.
S e g u n d o a a d v o g a d a S a n d r a To m a z i We b e r, e s p e c i a l i s t a e m D i r e t o D i g i t a l e s ó ci a do es cr itór io Pat r ici a Pe ck
os dados de um indivíduo estão em
Pinheiro
rede, fazemos transações bancárias
de saúde tem a obrigação de arma-
via internet, divulgamos nosso dia
z e n a r, c o m s e g u r a n ç a o s d a d o s d o s
a dia nas redes sociais e até nossas
pacientes pelo prazo de 20 anos, se
informações de saúde já estão cir-
for um documento em papel, e per-
culando nesse novo mundo online,
manentemente se for digital, de acor-
através de cadastros nos em pron-
do com as normas estabelecidas pela
tuários eletrônicos.
resolução nº 1.821, de 11 de julho de
Advogados,
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a
instituição
39
TI
Divulgação
Sandra Weber: a instituição de saúde tem a obrigação de armazenar, com segurança os dados dos pacientes pelo prazo de 20 anos, se for um documento em papel, e permanentemente se for digital, de acordo com as normas estabelecidas pela resolução CFM
2007, do CFM. E ss a res oluç ão est a-
sil, ainda é muito incipiente, assim
belece uma série de normas para
como a quest ão da TI em um to do.
o armazenamento digital de dados de saúde, bem como a criação de
“Os hospit ais hoj e p or mais que
um selo de qualidade dos sistemas
ofereçam serviços de alta qualidade
informatizados expedido conforme
ainda são pouco profissionais em
as regras do Manual de Certifi-
q u e s t õ e s a d m i n i s t r a t i v a s ”, d i z G a r -
cação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde aprovado na mesma publicação.
C ontudo, as
mesmo
determinações
ciais,
com judi-
especialistas
afir-
mam que as instituições de saúde ainda não estão suficientemente
garo. O executivo lembra
“O hospital tem que se preocupar tanto com a segurança do seu sistema, quanto com a capacitação da equipe e governança do corpo administrativo para casos de divulgação das informações dos pacientes”
também que a tecnologia
– Sandra Tomazi Weber, Patricia Peck Pinheiro Advogados
sileiros não estão total-
é um sistema vulnerável por à
si
baixa
gestão
só.
Isso,
aliado
maturidade de
riscos,
da nos
permite dizer que os dados
dos
pacientes
bra-
mente seguros.
atentas
para as questões de segurança das in-
K laiton Luís Fer rett i Simão, CIO da
formações que circulam dentro dos
rede São Camilo de hospitais, alerta
hospitais. O sócio da área de Gestão
para o fato de que todos os dados são
de Riscos Empresariais da Deloitte,
vulneráveis, mas talvez os da saúde
André Gargaro, af ir ma que a quest ão
s e j am o s m ai s c r ít i c o s . “O probl e m a
de segurança na saúde, hoje, no Bra-
da saúde é que estamos lidando com
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dados de altíssima confidencialidade
sos de divulgação das informações
que dizem respeito ao que é demais
d o s p a c i e n t e s .”
intimo de uma pessoa que é sua cond i ç ã o d e s a ú d e”.
Ainda de acordo
Segundo o Manual de Publicidade
com ele, vemos pouca preocupação
Médica, estab elecido p ela resolução
das organizações de saúde em relação
nº 1974/11 do CFM, o corpo clinico
a iss o. E las est ão menos atent as aos
está proibido de divulgar nas redes
riscos aos quais estão expostas do
sociais, informações, vídeos e fotos
que as organizações financeiras, ou
que possam identificar os pacientes
da indúst r ia de t ransfor mação.
do hospital. Casos desse tipo não são
!"#$%&'!()*%&%'
raros, um exemplo recente foi o caso da enfermeira que gravou e publicou um vídeo do jogador Neymar chegan-
Sandra alerta que um dos maiores
do ao hospital no Ceará, após a lesão
problemas de segurança da infor-
sofrida no jogo contra a Colômbia na
mação
C o p a d o M u n d o . Ap ó s a d i v u l g a ç ã o
nas
instituições
de
saúde
brasileiras, não está nos sistemas
do vídeo a enfermeira foi demitida.
de gestão dos hospitais, mas sim no vazamento de informações nas
“A g e n t e n ã o c o n s e g u e d i s s o c i a r
r e d e s s o c i a i s . ”O h o s p i t a l t e m q u e
o indivíduo da organização, ou s eja,
se preocupar tanto com a segurança
um enfer meiro da re de São C ami lo,
do seu sistema, quanto com a ca-
mesmo que o perfil no Facebook seja
pacitação da equipe e governança
dele, esse profissional trabalha em
do corpo administrativo para os ca-
u m a r e d e h o s p i t a l a r. E n t ã o e l e n ã o
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TI
0562$")23)"4/3.073%,") 0.2 )") 34 "-0 (( )20 "( $01 '/ .( )-" ," *+ VHMD GHOH HOH QmR SRGH RN HER DF ) QR Ă&#x20AC;O SHU R XH R T VP PH
H XP SDFLHQWHÂľ XVDU HVVH SHUĂ&#x20AC;O SDUD SRVWDU IRWRV G LOR
.ODLWRQ 6LPmR GD 5HGH 6mR &DP
pode usar esse perfil para postar fotos
de
um
paciente,
ou
!"#$%&'()
divul-
gar informaçþes sobre o estado de
Os hospitais devem ficar atentos aos
saĂşde de uma eventual celebridade
mĂnimos detalhes quando o assunto ĂŠ se-
q u e e s t e j a s o b o s n o s s o s c u i d a d o s â&#x20AC;?,
gurança da informação. Uma conversa de
acrescenta SimĂŁo.
elevador entre dois profissionais, um prontuĂĄrio exposto encima de um balcĂŁo, ou
Um a d a s m a n e i r a s d e t e n t a r e v i t a r
uma tela de computador aberta, tudo isso
esse tipo de problema ĂŠ desenvolver
diz respeito a segurança à privacidade do
um programa de polĂticas e diretrizes
paciente. Para isso, os especialistas apon-
institucionais
um
tam a importância de uma polĂtica de
comportamento esperado pelos co-
governança institucional que abrace todo
laboradores.
o corpo clĂnico e administrativo da insti-
que
Nesse
determinam
momento
entra
e m a ç ã o o s e c u r i t y o f f i c e r, c u j a f u n -
tuição de saúde.
ção ĂŠ elaborar submeter a aprovação e garantir o cumprimento das polĂti-
Em relação à segurança de dados dos
cas da infor mação. â&#x20AC;&#x153;D o p onto de vis-
pacientes, o maior problema estĂĄ no
t a tĂŠ cnico, nĂŁo hĂĄ como e vit ar que
â&#x20AC;&#x153;querer investirâ&#x20AC;?. â&#x20AC;&#x153;As soluçþes existem no
isso aconteça, ĂŠ polĂtica, vocĂŞ deixa
mercado, mas os hospitais preferem in-
c l a r o o q u e p o d e o u n ĂŁ o f a z e r. E c a s o
vestir apenas na adesĂŁo das tecnologias
n ĂŁ o c u m p r a m v e m a s s a n ç Ăľ e s l e g a i sâ&#x20AC;?,
e negligenciam a questĂŁo da segurançaâ&#x20AC;?,
af ir ma SimĂŁo.
destaca Gargaro. Para garantir a segu-
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OUTUBRO DE 2014
rança de dados é importante que a instituição tenha uma estrutura de hardware e software adequada, ter backup, firewall, antivírus, antispam, uma unidade dez storage, ser vidor, uma equipe.
A questão da equipe, ainda é um desafio para garantir um serviço de qualidade aos usuários, pois, segundo os especialistas consultados pela Healthers, ainda faltam profissionais qualificados no mercado de TI. “O mercado está carente de profissionais de segurança de dados, tanto em saúde, quanto no mercado de TI como um todo. Segurança da informação é a área que está crescendo, mas, mesmo assim está muito aquém do necessário para cobrir essa lacuna nos hospitais e nas operadoras de saúde”, diz o CIO da Rede São Camilo de Hospitais. “São poucas as instituições de ensino que estão preocupadas com essa área de formação”, completa o executivo da Deloitte.
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TI
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,GHQWLÀFDU H DXWHQWLFDU WRGD SHVVRD GHYH VHU DQWHV GH TXDOTXHU DFHVVR D GDGRV GR 6 5(6
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Fonte: Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde 2013(S-RES)
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CARDIOLOGIA DE ALTA COMPLEXIDADE E PADRÃO INTERNACIONAL . O Hospital Pró-Cardíaco trabalha para sempre oferecer assistência de altíssimo nível aos seus pacientes. Por isso, se orgulha da acreditação canadense conquistada por contribuir para que o Brasil se tornasse o 3º país do mundo a possuir a distinção de atendimento ao paciente com AVC. Praticar medicina de alta complexidade com sustentabilidade, segurança e com abordagem multidisciplinar, caracteriza os conceitos adquiridos nas certificações de qualidade conquistadas.
Dr. Marcus Vinícius Martins Diretor Técnico CRM: 52.615157
TI EM SAÚDE
Segurança da informação À medida que avançam as conversas sobre a presença da tecnologia na vida cotidiana, o tema segurança da infor mação ganha novos contor nos, em geral, expandidos. Interoperabilidade, big data, wearable devices, social media, inter net das coisas, prontuário eletrônico etc., compõem um cenário de futuro – e presente - que nos fazem esquecer os riscos mais simples do e-mail, sites na web e dos vírus. Interessante como na falta de uma linguagem adequada, e sem tempo para desenvolvê-la, buscamos no léxico da saúde as expressões para descrever os eventos que aconteciam nos computadores e programas. Eles ficam contaminados, precisam de vacinas e de antivírus para ficarem imunizados. Enfim, estes eventos se tor na!"#$%&'()*%
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ram tão comuns, que basta cuidar mos da saúde dos computadores e reduzir a exposição ao risco. Muitas vezes fazemos isso com a mesma ciência que prevenimos resfriados ao não andar descalços no chão frio ou não dor mir com o cabelo molhado. A efetiva segurança da infor mação costuma ser mais cuidadosa. Em seus fundamentos está a tríade CID, não a da classificação inter nacional de doenças, mas confidencialidade, integridade e disponibilidade. Todos os sistemas de infor mação devem, obrigatoriamente, entregar isso. A infor mação deve ser exposta apenas aos destinatários corretos (confidencialidade), deve ser garantida contra alterações (integridade) e estar disponível quando necessária. Um sistema imunizado protege a infor mação contra contaminações que alterem seu conteúdo, restrinjam o acesso e evitam que ela seja divulgada a quem não deveria. Como sempre, por mais eficiente que o sistema imunológico seja, sempre tem alguém sem agasalho. Descuidamos do uso adequado
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dos equipamentos e senhas. Deixamos o smartphone ou o computador sem bloqueio. Ou criamos senhas fáceis demais. E com isso criamos a necessidade de dispositivos adicionais, como os cartões de contrassenha, tokens e certificados digitais. O certificado digital é como o carimbo com o CRM. Um pouco mais seguro, porque não pode ser copiado, mas é um carimbo, como aquele aonde o médico assina em cima. No caso do certificado vai uma senha, às vezes chamada de assinatura digital. A resistência institucional à implementação de sistemas eletrônicos geralmente esbarra na questão da segurança da infor mação. Muitas vezes este processo para sob comprovação da identidade de quem assina um deter minado pedaço de papel. Mesmo que esse pedaço de papel fique sobre mesas, exposto a qualquer um ou ao seu desaparecimento. Ou seja, à luz da integridade, arriscamos a confidencialidade e à disponibilidade. Ainda assim, falamos de uma identidade comprovada por uma assinatura que pode ser falsificada na folha de ponto. Então, adicionamos o carimbo, na esperança de que ele traga mais segurança ao processo. Em tempos de implementação de prontuário eletrônico com a assinatura por certificado digital, como o e-CPF, devemos tomar mais cuidado com as senhas. A equipe de tecnologia trabalha arduamente para garantir a CID. Gasta boa parte do orçamento da área em sistemas de segurança. Monitora eventos, identifica ameaças e atua. Mas tem limitações para evitar que os próprios usuários coloquem as infor mações em situação de risco. Então, a senha merece ser criada e protegida com cuidado. E o certificado é mais um dispositivo pessoal e intransferível. Usar o e-CPF para assinar um prontuário não será tão seguro quando o e-CPF ficar com a secretária para ajudar na declaração do IR.
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HOSPITAIS PRIVADOS
twitter.com/aacd facebook.com/ajudeaacd 000 OUTUBRO DE 2014
QUal foi o passo mais importante da hist贸ria? Para N贸s da AACD foi o primeiro passo do Rafael.
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OUTUBRO DE 2014
S
eja sob o ponto de vista de geração de lucro ou sob o enfoque da qualidade do atendimento e gestão dos recursos de hospitais privados, públicos e filantrópicos, o caminho que as instituições brasileiras têm a percorrer para alcançarem produtividade e eficiência ainda é longo. Os exemplos de demora no atendimento, falta de pagamento de fornecedores, contas que não fecham e desperdícios de verbas são inúmeros. Mas será que estamos sozinhos nesse desafio de fazer mais e melhor com menos recursos? As consequências da baixa produtividade dos hospitais é a destruição de valor, consumindo recursos que poderiam ser aplicados em conceder maior acesso à saúde para a população, além dos longos tempos de espera em serviços ineficientes, e das longas filas de espera para cirurgias. “Do ponto de vista de eficiência, a indústria da saúde é uma indústria que destrói valor. Cerca de uma terça parte do que é investido na saúde é desperdiçado”, diz o especialista em Excelência em Gestão de Saúde e líder da prática de Saúde da consultoria A.T. Kearney, Joaquim Cardoso. Um estudo recente do Instituto de Medicina dos Estados Unidos estimou a ineficiência do Sistema de Saúde Americano em 34%, o que corresponde a um desperdício anual de U$ 750 bilhões de dólares. Ou seja, o desperdício do Sistema de Saúde Americano de três anos é equivalente ao PIB do Brasil de um ano. Outros estudos apontam que o desperdício do Sistema Americano chega a 50%, levando em conta que o gasto com saúde nos Estados
Unidos está na faixa do dobro do gasto em outros países desenvolvidos. A ineficiência do sistema de saúde também acontece em outros países ao redor do mundo. A partir da crise de 2008 diversos países europeus, e em particular a Inglaterra, iniciaram programas de melhoria da eficiência na saúde. O Sistema de Saúde inglês, por exemplo, iniciou um programa de melhoria da produtividade com objetivos de atingir 21 bilhões de libras de economia, o equivalente a 6% de ganho por ano, ao longo de seis anos. No Brasil, entretanto, estudos de medição da eficiência hospitalar são raros. O relatório do Banco Mundial de 2008 analisou a produtividade de 403 hospitais públicos e públicoprivados e identificou que uma alta ineficiência entre os hospitais da amostra. “Dos 428 hospitais com 25 leitos ou mais, 25 eram eficientes, enquanto os 403 remanescentes apresentaram um índice de eficiência médio de 0,341, o que corresponde a um desperdício de quase dois terços”, ressalta Cardoso. O especialista explica que um dos fatores da baixa produtividade é o tamanho pequeno dos hospitais, que impedem a apropriação de ganhos de eficiência. Outro fator de eficiência é quanto à propriedade das instituições – hospitais privados tendem a ser mais eficientes que hospitais privados filantrópicos, enquanto hospitais públicos tendem a ser menos eficientes. “Entretanto, há casos na literatura internacional onde hospitais públicos apresentam uma boa performance quando comparados com hospitais privados”, acrescenta. OUTUBRO DE 2014
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“É necessário usar ferramentas de gestão que melhorem: a alocação dos recursos, os processos de produção e a maior eficiência na utilização dos recursos”
RH
– Joaquim Cardoso, da A.T. Kearney
Dois dos principais métodos para medir a eficiência hospitalar são o DEA (Data Envelopment Analysis – Análise Envoltória de Dados) e Benchmarking. “Porém, a sua utilização ainda é bastante baixa nos hospitais do Brasil”, diz Cardoso. A Análise Envoltória de Dados é uma ferramenta não-paramétrica que avalia a eficiência técnica relativa de unidades produtivas, chamadas de Unidades tomadoras de decisão (DMU, da sigla em inglês Decision Making Units), comparando entidades que realizam tarefas similares e se diferenciam pela quantidade de recursos utilizados (inputs) e de bens produzidos (outputs). “DEA é uma ferramenta adequada tanto para avaliar a eficiência relativa das DMUs quanto para o estabelecimento de metas para DMUs consideradas ineficientes. O Benchmarking faz o comparativo entre unidades semelhantes, e identifica as lacunas existentes, com oportunidades de melhoria”, explica. De acordo com os executivos da Deloitte, a chave está em reconhecer a contribuição potencial da gestão de riscos como um instrumento de gestão empresarial e não apenas de risco. “Ao melhorar a inteligência sobre risco da organização, o valor existente pode ser protegido e o novo pode ser criado. Assim, as gestões de performance e estratégica e as decisões de alocação de capital devem integrar sistematicamente análise de risco.” “Quando o elo de valor entre a gestão de riscos e a melhoria de desempenho for evidente, a gestão de riscos terá começado 52
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a contribuir mais significativamente para o benefício competitivo da organização. Porém, demonstrar o valor da prevenção é sempre uma tarefa difícil, principalmente, quando se trata de eventos futuros sem a fundamentação dos dados históricos”, explicam Gargano e Santos. Para que o cenário comece a mudar, Ferreira sugere que se parta do compromisso da alta gestão em oferecer uma assistência segura, eficaz e com a participação do paciente e familiares nas decisões sobre tratamentos. “Eliminar ou reduzir riscos de forma sistemática, utilizando ferramentas há muito já utilizadas pelas indústrias de alto risco como as usinas nucleares, a aviação civil, indústria petroquímica, forças militares entre outras. Temos que tomar consciência de que hospitais são organizações de alto risco que precisam transformar-se em organizações de alta confiabilidade.” Os benefícios estão ligados a uma área que interessa a todo e qualquer gestor, a financeira. “De forma geral, a gestão de riscos com foco em performance tem trazido diversas melhorias, principalmente no que tange a custos. As organizações do setor de saúde com base na gestão de riscos vem reduzindo atividades redundantes, otimizando a produtividade do processo e até mesmo do profissional. Outra questão importante é a racionalização de controles, ou seja, a otimização focando em controles chaves para a organização”, finalizam os executivos da Deloitte.
!"#$%&'(&)$*+(,&-(*#.+"%",&/"&#,('0+.1.'"'$ Por sua função estratégica na instituição, o papel dos gestores é fundamental para a melhoria da eficiência hospitalar. “É preciso que a liderança coloque o tema da produtividade e eficiência hospitalar na agenda, e que a governança dos hospitais e sistemas de saúde cobre os resultados nessa área”, destaca Joaquim Cardoso. O especialista explica que, para iniciar um Programa de Melhoria da Eficiência, é necessário começar pela medição da performance, identificar os gaps de desempenho e, a seguir, traçar um plano de melhoria. “Para isso, é necessário usar ferramentas de gestão que melhorem: a alocação dos recursos, os processos de produção (eficiência técnica) e a maior eficiência na utilização dos recursos (eficiência econômica)”.
Um a d a s pre o c up a ç õ e s qu e s u r g e m q u a n d o s e f a l a e m au m e nt o d a e f i c i ê n c i a e pro dut i v i d a d e é q u e a c on s e q u ê n c i a s e r á a p e rd a d e qu a l i d a d e . “Is s o p o d e a c ont e c e r s i m , qu a n d o f e it a s e m c r it é r i o s . Por out ro l a d o, a e x p e r i ê n c i a i nt e r n a c i on a l m o s t r a q u e é p o s s í v e l au m e nt a r a e f i c i ê n c i a e m e l h or a r a qu a l i d a d e a o m e s m o t e mp o, at é p orqu e , p a r a m e l h or a r a e f i c i ê n c i a é n e c e s s á r i o m e l h or a r o s pro c e s s o s , o qu e t r a z c om o c on s e qu ê n c i a a m e l h or i a d a qu a l i d a d e”, d i z o l í d e r d a A . T. Ke a r n e y. E m c ont r a p a r t i d a , ap e n a s au m e nt a r o f i n a n c i a m e nt o d a s aú d e n ã o é g a r a nt i a d e m e l h or i a d a qu a l i d a d e . “O s E s t a d o s Un i d o s s ã o u m e x e mp l o t ípi c o d i s s o - g a s t a m o d o bro d o s p a í s e s d e s e nv o l v i d o s , e n e m p or i s s o t ê m o d o bro d a qu a l i d a d e”.
(ÀFLrQFLD QRV KRVSLWDLV EUDVLOHLURV As iniciativas no Brasil para melhoria da eficiência ainda são tímidas. Cardoso explica que alguns hospitais têm programas de melhoria de processos, mas normalmente feitos de maneira pontual, sem a existência de um programa amplo de melhoria da eficiência, com foco na excelência operacional. “Gasta-se tempo e recursos
,QLFLDWLYD GH VXFHVVR
em Planejamento Estratégico, mas na continuação não se faz o mesmo investimento para o desdobramento e operacionalização desses planos, com foco na operação do hospital. Muitos hospitais americanos e europeus hoje têm um diretor de Operações, o que ainda é raro entre os hospitais brasileiros”, completa.
Um case de sucesso internacional é o Hospital de Nottingham na Inglaterra, que desenvolveu um Programa de Melhoria da Eficiência Hospitalar, e vem atingindo resultados de 5% ao ano, ao longo de anos seguidos. Nesse caso, para poder gerir centenas de projetos de melhoria, além de um programa de Gestão de Operações e Processos, também foi necessário, após a elaboração do Planejamento Estratégico, o desenvolvimento de um Programa Estratégico de TI. “Para atingir as metas definidas no programa, foi desenvolvido um Programa Amplo de Transformação Hospitalar, endereçando também os fatores humanos na gestão da mudança, e a remuneração por performance”, conta Joaquim Cardoso.
OUTUBRO DE 2014
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MARKETING
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A
o contrário do que al-
p e ci a list a, most ra mel hor a situ aç ão re a l
guns
d a e mpre s a, j á qu e come ç a com u m di-
ainda
empreendedores imaginar,
ag nóst ico, e t amb ém deixa mais cl aro o
investir em um plano de
podem
ce nár i o e m que el a i rá comp e t i r e o s re-
marketing não é uma despesa, mas uma
su lt ados que p o de obter. “Faz com que s e
ação necessária e estratégica que, feito da
t rab a l he com d ados e met as re ais, com
maneira correta, pode posicionar positi-
um c am i n ho j á t raç ado.”
vamente produtos , ser viços e a própria imagem da empresa no mercado. E não
E isso pode ser aplicado em qualquer
pensem que isso vale apenas para grandes
área, sempre levando em consideração as
organizações; pelo contrário, qualquer
necessidades dos clientes e públicos de in-
tipo de empresa, grande ou pequena, ou
teresse. Nos casos onde a saúde é o foco
mesmo um profissional liberal pode pen-
principal, Pontes lembra que o maior de-
sar estrategicamente no marketing de seu
safio das empresas é tornar tangível, aces-
negócio ou ser viço.
sível, o que se oferece ao cliente. Além disso, as pessoas que procuram por ser viços
De acordo com Marcelo Pontes, líder de
de saúde não o fazem por desejo, mas ne-
Marketing da Escola Superior de Propa-
cessidade. Elas estão procurando a cura ou
ganda e Marketing (ESPM), de São Paulo,
o alívio de algo e não gostariam de estar
o plano de marketing é algo que deve ser
naquela situação.
feito, levando-se em consideração não apenas as condições de mercado, mas
“As empresas, obrigatoriamente, têm de
também as possibilidades e restrições da
levar em conta essa questão na hora de se
empresa. Ou seja, deve-se trabalhar com
desenvolver um plano. A humanização, a
dados e informações reais, sob o risco de
compreensão do desconforto do paciente
se desenvolver não um plano, mas uma
e as ações para minimizar ou eliminar
carta de intenções fantasiosa que, por isso
essa sensação são grandes ferramentas.
mesmo, não será implantada.
A infraestrutura para o atendimento, que passe confiança, também é importante”,
“Pl ane j ar é p e ns ar ante s d e f a z e r. Um
avalia o especialista.
b om pl ane j ame nto, ante s d e tu d o, e v it a o i mprov is o, o ‘pu x a d i n ho’, as d e c is õ e s
E atenção: se o mundo está mudando,
toma d as p or fe el i ng , ou s e j a , a qu el as
os players de mercado também devem
s e m ne n hu m arg u me nto r a c i ona l e re a l”,
mudar. “Isso significa não ficar preso ao
re ss a lt a . Um b om pl ano, s e g u ndo o e s -
passado; o que funcionou anos atrás não OUTUBRO DE 2014
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MARKETING !"#$%&#$'()*+,)#+*-&.$)*-+/$0+$#)1/$*)0).$+21-)$&$1#'3&21/&.$ +21-)$&$4'56)01*7&8.$+21-)$0+91/:+/$-&#)0)/$'&3$;++(1*<.$&5$/+,).$ 0+91/:+/$-&#)0)/$/+#$*+*75#$)3<5#+*-&$3)91&*)($+$3+)(= $>$?)39+(&$@&*-+/.$0)$AB@? necessariamente continuará funcionando”,
o comp or t ame nto ve m mud ando. “ To -
diz Pontes. Por isso, vale ficar atento às
d as as mud anç as t razid as p el a inter net
mudanças e evoluções que ocorreram e vêm
e cone c t iv id ade de vem s er considerad as.
ocorrendo na área de marketing e do pró-
O comportamento das pessoas, a forma
prio mercado de saúde nos últimos anos.
como elas acessam os ser viços e a agilidade que esperam no mundo são pi-
Na áre a d os s egu ro s s aú d e, p or e xe mplo, c on for me ana l is a o l í d e r d a E SP M ,
lares para qualquer plano estratégico d e m a r k e t i n g ”, c o n s i d e r a .
houve mai or c onc or rê nc i a , pro c e ss o s d e f us õ e s e a qu is i ç õ e s , au me nto d o c ont rol e
O ut ro p onto é di mensi onar cor ret a -
p or p ar te d a agê nc i a re g u l a d or a – e tu d o
mente os invest imentos em mídi a dig it a l
iss o i n f lu e nc i a . Já no l a d o d o s ho spit ais ,
e convenciona l, p at ro cínios, e ventos etc.
a re d e públ i c a c ont i nu a c om
“É fáci l s e enc ant ar com um
tor d e Marke t i ng d a Am i l, a
K]e Y [gfÚYf¬Y \gk [da]fl]k$ f]f`meY afklalma¬ªg kgZj]nan] fg e]j[Y\g& Gm k]bY$ Y j]hmlY¬ªg Y YdeY \g f]_¶[ag
for te re g u l a ç ã o d o s e tor d e
Jgk]jdq @]jfYf\]k$ \g Kªg ;Yeadg to e quivo c ado p o de gerar um
s aúde supl e me nt ar ge rou u ma
g rande desp erdí ci o de re c ur-
p ercep ç ã o d e qu e to d as as e m -
s os e, aind a mais g rave, p o de
probl e mas e a pr iv a d a ve m invest i nd o
p e s a d ame nte
em
difere nte s f re nte s , i nclu i nd o açõ es d e hospit a l id a de. Para R o dr igo R o cha , d i re -
su ce ss o p ontu a l ou u ma nov id ade e e s qu e ce r qu e o s públ icos s ão muito abrangentes e que o conjunto cer to de açõ es vai deter minar o êxito de uma est ratég i a”,
diz
R o cha,
que
acre s ce nt a: “Um pl ane j ame n -
pres as ofe re c e m a me s ma c ois a . Por iss o,
preju di c ar a forç a d a marc a, o qu e i m -
t rab a l har a marc a tor nou - s e u m f ator
p a c t a de for ma negat iv a no s resu lt ado s”.
ai nd a mais d e c is ivo p ara mante r e c on quist ar cl i e nte s . A l é m d iss o, i nve st i r no
R o s e rly Fe r nande s , ge re nte de C omu-
atend i me nto, na mel hor i a d e pro c e ss o s e
n i c aç ão e Marke t i ng d a R e de de Ho spi -
na cr i a ç ã o d e d i fe re nc i ais qu e re a l me nte
t ais São C ami lo de São Pau lo, acre dit a
fazem d i fe re nç a na rel a ç ã o d as p e ss o as
qu e, s em a conf i anç a dos clientes, ne-
com a comp an h i a é c a d a ve z mais v it a l.
n huma inst ituiç ão s obre v ive no merc ado.
S eg u nd o o e xe c ut ivo, é i mp or t ante
“A re put aç ão é a a l ma d o ne gó c i o e e st a-
ter em me nte qu e o mu nd o e st á s e mov i-
mo s v ive ndo hoj e um mome nto que, s e -
ment and o d e for ma mu ito r ápi d a e qu e
g u ndo a lguns esp e ci a list as, denomina-s e
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OUTUBRO DE 2014
Marke t i ng 3 . 0 , ond e o me i o d i g it a l aju d a a au me nt ar a c re d ibi l i d a d e d as e mpre s as nu ma prop orç ã o mu ito mai or e m rel a ç ã o às m íd i as t r a d ici onais”, c ome nt a . S e g u nd o el a , a c a d a d i a , p e rc eb e - s e mais a i mp or t ânc i a d as re d e s s o c i ais e, com iss o, d ire ciona - s e mais i nve st i me nto s p ar a o d e s e nvolv i me nto d e a ç õ e s d e marke t i ng qu e e nvolve m SE O, G o o g l e Ad Words, pres enç a e m d i fe re nte s pl at afor mas d e m í d i as s o c i ais e out r as for mas de d ivu l ga ç ã o que, às ve z e s , p are c e m i n f in it as e e x t r ap ol am o t r a d i c i ona l s ite cor p or at ivo. A ge re nte l e mbr a ai nd a qu e as a ç õ e s d e marke t i ng d e s e r v i ç o s s ã o mais c ompl exas qu ando s e t rat a do s e g me nto ho spit a l ar, ond e to d a d iv u l g a ç ã o de ve s er reg id a p or pr i nc ípi o s é t i c o s . Os v ár i o s el e me nto s qu e for mam e ss a c ad ei a d e prest a ç ã o d e s e r v i ç o s ã o c ompl e xo s e d e p e nd e nte s . “Ne ss e c onte x to, o market ing é u ma fe r r ame nt a i mp ort ante d e re c on he c i me nto d o s at r ibuto s d a marc a , mas , s e e fe t iv ame nte e ss e s di fe re nc i ais nã o fore m t ang íve is – p or me i o d e u ma ampl a c ar te i r a d e c onvê n i o s qu e p o ss ibi l ite o a c e ss o a o ate nd i me nto, e qu ip es mé d ic as re noma d as e c ap a c it ad as , b o a i n f r a e st r utu r a e c ol ab or a d ore s s at is fe ito s – d e na d a a d i ant ar á u ma b o a c amp an ha publ i c it ár i a , p or e xe mpl o”,
Rodrigo Rocha: é importante ter em mente que o mundo está se movimentando de forma muito rápida e que o comportamento vem mudando.
re ss a lt a a ge re nte. OUTUBRO DE 2014
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MARKETING
Passos para estruturar um plano de marketing: 2
Análise externa: ambiente, concorrência, consumidores, mercado
1
Análise interna da empresa
3
Diagnóstico
4
Definição de objetivos
5
Definição estratégica: Segmentação de Mercado, definição de um alvo, e posicionamento
6
Estratégias a serem adotadas para o produto/serviço, preços, comunicação e distribuição/local
7
Plano de ação
8
Custos
9
10
Avaliação
Cronograma
Fonte: Marcelo Pontes, líder de Marketing da ESPM
ERROS COMUNS: Não fazer um plano, deixando que o improviso tome decisões que, por isso mesmo, não obedecem nenhuma coerência
Desenvolver um plano em que as estratégias sugeridas não sejam desenvolvidas até o seu plano operacional. Ou seja, os planos de marketing devem deixar claro quem vai fazer, o que será feito, como será feito, quando será feito, que processos serão criados/melhorados/desenvolvidos, porque será feito, etc.
“Um plano de marketing não pode ser superficial, com ideias clichês.” Fonte: Marcelo Pontes, líder de Marketing da ESPM 58
OUTUBRO DE 2014
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HOSPITAIS PRIVADOS
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OUTUBRO DE 2014
OUTUBRO DE 2014
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U
prof i s s õ e s
Na áre a da s aúde t amb ém é assim.
q u e e s t á pre s e nt e n a
To das as organizaçõ es do s etor s ejam
m a i or i a d o s re g i s -
hospit ais,
t ro s h i s t ór i c o s , d e s -
ou op eradoras precis am de uma equip e
d e o s pr i m órd i o s d a hu m a n i d a d e , é a d o
alt amente preparada e capacit ada para
ma
das
v e n d e d or. A at i v i d a d e d e v e n d a f oi d a t a d a p e l a pr i m e i r a v e z n o a n o 4 . 0 0 0 a . C . p or m e rc a d ore s m e s op ot â m i c o s , s e u d e s e nv o l v i m e nt o n o s m i l ê n i o s s e g u i nt e s f oi e s s e n c i a l p a r a a c on s t r u ç ã o d o s i s t e m a c apit a l i s t a e s t a b e l e c i d o c om o c o n h e c e m o s e v i v e m o s h oj e .
far macêuticas,
lab oratór ios
exercer a f unção de vendedores. Por i s s o, a bu s c a p or prof i s s i on a i s qu a l i f i c a d o s é i n c e s s a nt e e o re l a c i on a m e nt o c om o s g e s t ore s é u m p ont o c h av e p a r a o s u c e s s o n o s re s u lt a d o s .
Para Patrícia Holland, diretora comercial da Philips Healthcare no Brasil, um bom vendedor hoje é cada vez mais au-
O s v e n d e d ore s at u a m e m t o d a s a s
tossuficiente no seu papel. “Ele se coloca
á re a s e s e t ore s d a s o c i e d a d e . Po d e m o s
como referência para determinado assunto,
e n c ont r a r e s t a f i g u r a - q u e j á f oi c a -
reconhecendo de forma global o ambiente
r a c t e r i z a d a c om o s e n d o u m a p e s s o a
de compras dentro do cliente e posicio-
s i mp át i c a , f a l a d or a , pi a d i s t a e at é e n g a -
nando a empresa de forma diferenciada.”
n a d or a a o l on g o d e t o d a a h i s t ór i a - e m t o d a e q u a l q u e r i n s t it u i ç ã o c om e rc i a l .
“As
pr incipais
carac ter ísticas
de
E l e s s ã o o s e n c a r re g a d o s prof i s s i on a i s
um b om f uncionár io de vendas hoje
p or t r a z e re m p a r a a s e mpre s a s o t ã o e s -
s ão
p e r a d o lu c ro !
bus cando novas for mas de s e atualizar,
não
se
acomo dar,
OUTUBRO DE 2014
est ar
s empre
63
VENDAS
ter energ ia e disp osição p ara bus car o
compra não acontece, dar ideias e não s er
melhor resu lt ado e, pr incip a lmente, ter
ap enas um entregador de prop ost as. Iss o
voz at iva dent ro da empres a p ara fazer
tudo é f undament al. É precis o entender
com que as ne cessidades do cliente s ejam
que ajudando a cres cer, s e cres ce junto.”
le vadas em consideração. Ainda, o engajamento do f uncionár io com a caus a da
“Não s e trat a ap enas de vendas, noss os
empres a, conduzir negó cios com integ r i-
f uncionár ios de vem entender o cliente.
dade e, p ara dentro da empres a, ent regar resu lt ado, inspirar os out ros e atuar com fo co na sua car teira de clientes s ão carac ter íst icas de f undament a l imp or t ância”, p ontua Patr ícia.
A humi ldade é o pr incip a l
Entender
“O gestor deve saber direcionar o trabalho e oferecer ferramentas para que a equipe possa fazer um bom trabalho”
as
carac ter ísticas
demográf icas, s ab er os p er f is diferentes de cada um deles, avaliar pre viamente o histór ico do cliente, us ar a sua s ensibi lidade e p ens ar como o cliente. Sab er, p or exemplo, qual é a melhor for ma de chegar a
p onto dest acado p or Eudem-
– Patrícia Holland, da Philips um cliente e ut i lizar a te cno-
b erg Si lva, diretor comercia l
logia cor ret a. Temos milhares
da GE He a lt hcare Brasi l. Para
de for mas de nos comunicar, a
ele, o fato de um f uncionár io admit ir que
te cnologia p o de ajudar e muito, quando
não tem con he cimento completo e s e pre-
s ab emos p er feit amente, como utilizá-la”,
parar p ara cada reunião é um diferencia l.
explica Si lva.
“Quem admite que não s ab e de tudo, p o de ampliar os s eus con he cimentos to dos os
Patr ícia p ontua três p er f is de vende-
dias. Além diss o, c umpr ir promess as, es-
dores mais pres entes no mercado atual.
t ar do lado do cliente mesmo quando uma
“D e for ma genér ica, p o demos falar em
64
OUTUBRO DE 2014
Patrícia Holland: A transparência nos processos e na comunicação das estratégias da empresa, incluindo as metas, as bonificações e as cotas, é essencial para motivar a equipe e garantir o alinhamento do conjunto
um p er f il mais té cnico, fo cado no co-
s ab e como chegar até o cliente na hora
nhe cimento
um
cer t a. Utiliza o comput ador, celular e
p er f il mais vende dor, fo cado na comu-
divers os aplicativos, quando necess ár io,
nicação com o comprador. No ent anto,
mas t amb ém s ab e identif icar a hora de
cada ve z mais, o mercado de s aúde tem
marcar um encontro, p ess oalmente. Pois
demonst rado maior af inidade e interess e
é imp or t ante entender que a tecnologia
p or um p er f i l consu lt ivo, que reúne em
ajuda, mas é o s er humano que tem a s en-
uma única p ess o a o b om con he cimento
sibilidade e que precis a s ab er analis ar o
de questõ es té cnicas e a habi lidade de
que é necess ár io em cada momento.”
té cnico-esp e cíf ico,
e
compre ender e atender às ne cessidades do cliente.”
Mas, o pap el dos gestores é de f undament al imp or t ância para o b om de-
O gerente da GE He a lt hcare comple-
s emp enho deste s etor. “A transparência
t a o ú ltimo p er f i l, fa lando s obre a im-
nos pro cess os e na comunicação das es-
p or t ância da uti lização dos novos mei-
tratég ias da empres a, incluindo as me-
os de comunicação. “O terceiro p er f i l
t as, as b onif icaçõ es e as cot as, é ess en-
é aquele cara ligado à te cnolog ia, que
cial para motivar a equip e e garantir o OUTUBRO DE 2014
65
VENDAS
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alinhamento do conjunto. Outro ponto
O foco das instituições no setor
impor tante é o gestor saber direcionar o
de vendas têm boas justificativas.
trabalho e oferecer ferramentas para que
“O c l i e n t e i n s a t i s f e i t o e a b a i x a p r e -
a equipe possa fazer um bom trabalho”,
visibilidade da carteira de vendas, o
afirma Patrícia Holland.
que é bastante crítico quando falamos de uma empresa multinacional,
S e r e x i g e nt e e a o m e s m o t e mp o s a -
impacta diretamente na sustenta-
b e r ou v i r é a p o s i ç ã o q u e d e f e n d e s e r
bi lid ade do negó cio, prejudic ando
a m a i s e f e t i v a d e a c ord o c om a opi n i ã o
decisões
d e Eu d e n b e r g S i l v a . “É pre c i s o s e r du ro,
exemplo, o va lor de invest imento em
m a s s e mpre re s p e it a n d o c a d a i n d i v í du o.
u m a d e t e r m i n a d a a ç ã o o u p e r í o d o”,
D e v e s e r u m a re l a ç ã o biu n í v o c a . E , c a s o
p ontua Patrícia Holland.
importantes
como,
por
o g e s t or n ã o e s t e j a s at i s f e it o c om o d e s e mp e n h o d e u m v e n d e d or, u m a c on -
“Clientes satisfeitos é a diferen-
v e r s a p a r t i c u l a r, p a r a e nt e n d e r o q u e
ciação da empresa no mercado”, diz
a c ont e c e p a r a of e re c e r p o s s í v e i s aj u d a s
a gerente da Philips Healthcare. “A
e t e r re s u lt a d o s m e l h ore s p o d e s e r u m a
conquista de clientes a curto, médio
b o a s o lu ç ã o p a r a t o d o s , i n c lu s i v e p a r a a
e longo prazo e resultados confiáveis
e mpre s a . Um a re l a ç ã o d e a m i z a d e e re s -
são garantidos com uma boa equipe de
p e it o é f u n d a m e nt a l .”
vendas”, finaliza Eudenberg.
66
OUTUBRO DE 2014
Eudemberg Silva: é importante entender que a tecnologia ajuda, mas é o ser humano que tem a sensibilidade e que precisa saber analisar o que é necessário em cada momento
OUTUBRO DE 2014
68
PESQUISA
Miopia e marketing em saúde É sempre muito importante ler e reler textos clássicos. Uma vez nunca é o
bastante, pois cada vez aprendemos algo novo e fascinante. Some isso aos anos de experiência profissional e pessoal, o resultado é maravilhoso. Em marketing, meu texto clássico preferido é “Miopia em Marketing” de Theodore Levitt. Ao ser escrito, em 1960, colocou toda a comunidade em atenção ao tratar do assunto de forma a nos fazer pensar que as empresas, ao não entenderem a totalidade do funcionamento de seus mercados, seus processos e transformações, estariam fadadas ao fracasso. Os exemplos são fartos e claros. Em 2002 os autores Anselmo Carrera Maia, professor do curso Especialização em Administração Hospitalar e o co-autor Prof. Dr. Antonio Carlos Gil, sociólogo, doutor em Ciências Sociais e em Saúde Pública escreveram a adaptação “Miopia em Marketing para o Segmento Hospitalar Brasileiro” que parte de pré-supostos interessantes. Para os hospitais, o texto clássico se encaixa perfeitamente uma vez que seus administradores, ao não enfatizarem e aprofundarem suas relações com os mercados em que atuam estariam fadados a desaparecer. Mesmo sendo de 2002, as análises dos autores do cenário da saúde pública e privada é coerente e atual. Com o final da chamada “ciranda financeira”, que marcou presença durante as décadas de 80 e até os primeiros anos da década de 90, tanto os administradores de planos de saúde quanto os hospitais tiveram que se adequar rapidamente a tirar seus lucros da atividade que desenvolvem e não do “lucro” proporcionado pelo mercado financeiro. Isso causou uma profunda mudança na maneira de gerir o negócio, que ficou centralizado na perfeita gestão dos recursos Segundo estudos citados no texto, os hospitais não estão preparados para 68
OUTUBRO DE 2014
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enfrentar esses problemas e têm tido grandes dificuldades em alavancar processos de mudança organizacional compatíveis com a atual competitividade do mercado. Outro fator que chama a atenção é a crença de que apenas médicos estão habilitados para gerir negócios na área da saúde, que traz a falta de profissionais especializados sem o perfil de administradores hospitalares. E para complicar a situação, os altos investimentos em tecnologia encarecem ainda mais os serviços prestados, com destaque para os exames laboratoriais e cirúrgicos. E , ao contrário dos demais ramos da economia - que tem no investimento tecnológico um fator de diminuição da mão de obra -, na saúde acontece justamente o inverso: quanto mais avanço, mais necessidade de pessoal especializado e treinamento. O objetivo maior de um hospital sempre será cuidar das pessoas, mas isso não pode servir como desculpa para o descuido em tentar satisfazer as outras necessidades dos seus pacientes. A satisfação do consumidor é o assunto mais complexo dentro do marketing e é fundamental entender e satisfazer às necessidades dos pacientes, estudando suas percepções, preferências e comportamento de “compra”. O texto “Miopia em Marketing” deixa claro que as organizações de saúde tem que aprender a considerar sua função básica que é atender das necessidades de seus clientes. Hoje, quando um paciente busca um hospital, ele deseja um lugar agradável, moderno, humano e que lhe dê status. Clientes satisfeitos são a essência de qualquer empresa bem sucedida. Com as mudanças que ocorrem constantemente, o mercado da saúde deve estar devidamente enquadrado nessa nova tendência que focar no cliente e não na doença. OUTUBRO DE 2014
69
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72
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
G
arantir a segurança do
RDC 59/2009 e RDC 54/2013), que terão de
paciente e a autentici-
ser implementadas até o fim de 2016. Até lá, as
dade dos medicamentos
embalagens dos remédios deverão conter uma
tem sido uma preocu-
identificação única – o Identificador Único
pação constante no Brasil e no mundo. Não
de Medicamento (IUM) –, capaz de revelar
é à toa. Segundo estimativa da Organização
todo o histórico do produto, além de garantir a procedência e a legalidade. A me-
Mundial da Saúde (OMS), 10% dos remédios
consumidos
mundial-
mente são falsificados. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, esse índice salta para 30% - o que gera um prejuízo anual em torno de R$ 15 bilhões. Além disso, o consumo desse tipo de produto compromete o tratamento médico e a
“Os medicamentos representam o terceiro tipo de carga mais roubada no Brasil, atrás apenas de eletroeletrônicos e cigarros” - Marcelo Liebhardt
dida permite o rastreamento de todo medicamento fabricado, dispensado e vendido no país.
Para o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Marcelo Liebhardt,, a iniciativa é fundamental para
saúde do usuário, elevando o risco
combater a falsificação, o roubo e
de complicações e até mesmo morte.
o contrabando de medicamentos, crimes que ameaçam a vida das pessoas e causam prejuí-
A corrida para mudar esse cenário já
zos às empresas e à economia do País. “Para
começou. No final de 2013, a Agência Nacio-
se ter uma ideia, os medicamentos represen-
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou
tam o terceiro tipo de carga mais roubada
as regras finais do Sistema Nacional de Con-
no Brasil, atrás apenas de eletroeletrônicos e
trole de Medicamentos (Lei nº 11.903/2009,
cigarros”, conta. OUTUBRO DE 2014
73
COMPRAS Com o novo sistema de rastreamento isso
em 100% da cadeia até dezembro de 2016,
deve mudar, pois haverá maior controle em
conforme determinação da Anvisa, mas, até
toda a cadeia, desde a produção na indús-
o fim de 2015, todas as empresas precisarão
tria até a entrega ao consumidor. Isso será
rastrear três lotes diferentes de medicamen-
possível porque, ao contrário do código
tos. No geral, cerca de 500 empresas far-
de barras comum, que contém apenas o
macêuticas deverão se enquadrar às novas
número de identificação do produto, o
medidas, assim como 60 mil drogarias e 7
bidimensional também armazenará in-
mil hospitais e clínicas espalhados por todo
formações variáveis como lote, validade,
o País. O Sindicato da Indústria de Produtos
número serial e registro da Anvisa.
Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) estima que projetos de implan-
A ferramenta também garantirá suporte, automação e visibilidade ao rastreamento,
tação desse novo sistema deve movimentar R$ 1,4 bilhão até o fim do prazo.
assim como a integração dos sistemas de informação e a interoperabilidade na cadeia.
Levantamento
realizado
recente-
mente pela Interfarma com 55 far-
!"#$%# A largada já foi dada. A indústria farmacêutica precisa adotar a rastreabilidade
macêuticas associadas mostrou que 30 já compraram ou encomendaram equipamentos para cumprir a determinação da Anvisa. Para Liebhardt, não é um
desafio simples, mas necessário. “Essa
Há quem já esteja fazendo sua parte.
é uma tendência mundial, que garante
É o caso, por exemplo, dos laboratórios
mais segurança à saúde do consumidor,
Eurofarma, Isofarma, Baxter, dos hos-
bem como transparência na cadeia far-
pitais Albert Einstein, Sírio-Libanês,
macêutica e vantagens em arrecadação
Alemão Oswaldo Cruz e Santa Joana
tributária”, diz.
Pro Matre, em São Paulo, e Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Todos já im-
Segundo a coordenadora de Negó-
plantaram projetos de identificação de
cios da Associação Brasileira de Au-
embalagens de medicamentos com o
tomação – GS1 Brasil, fabricante do
código DataMatrix para prevenção de
GS1 DataMatrix, Ana Paula Maniero,
falsificação de medicamentos, aumento
ainda há relutância no setor na automa-
da eficiência em operações hospitalares
tização da cadeia e implantação da tec-
e segurança do paciente.
nologia por conta dos custos. “Nosso papel é disseminar a tecnologia e suas
A Healthers entrou em contato com
boas práticas. O trabalho do lado de
algumas farmacêuticas, como Apsen,
indústria farmacêutica, governo, labo-
Bayer e Eurofarma, para saber como
ratórios, clínicas e hospitais também é
está o processo de implantação da ras-
decisivo”, diz. “No Brasil, muitas em-
treabilidade de medicamentos, mas, até
presas não mudam pelo amor. Tem que
o fechamento dessa edição, não obteve
ser pela dor.”
um posicionamento das empresas.
COMPRAS
Rastreabilidade: !"#$%&'%()#$)#*+,%'-(' Uma recente pesquisa divulgada pela
agentes de saúde. Existem ferramentas e
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) traz
processos capazes de prevenir a grande
à tona dados alarmantes. O estudo revela
maioria desse tipo de erro, e a au-
que até 73% das falhas registradas nos
tomação e rastreabilidade são caminhos
hospitais brasileiros poderiam ser evita-
mais eficazes para garantir a adoção de
das. Isso inclui, por exemplo, medicações
um controle efetivo.
trocadas, danos por falha de tratamento e vários outros tipos de problemas. Para
O uso de sistemas automatizados que
se ter uma ideia, significa que, em 2008,
garantem a rastreabilidade permite saber
562 mil pacientes – de um total de 11,1
todo o percurso que o produto fez até che-
milhões de pessoas internadas pelo SUS –
gar ao destino final, pois possibilita con-
foram vítimas de erros evitáveis. Esse é o
hecer a precisa identificação de cada item,
número daquele ano, quando o estudo foi
sua proveniência e localização.
realizado. Imaginemos hoje.
A rastreabilidade garante direitos ao paciente: receber o medicamento certo, na
Hospitais e centros de tratamentos são
dose certa, na hora certa, na via correta.
ambientes extremamente complexos, nos quais a atenção deve ser redobrada, pois
Quando os processos logísticos in-
são suscetíveis a falhas humanas. Às vezes,
terferem diretamente na qualidade de
uma dose errada é dada a um paciente. Ou
atendimento no setor de saúde, percebe-se
a medicação não é aquela. Ou o equipa-
o quanto estão presentes na vida de todos.
mento médico errado é utilizado. Episódi-
Os ganhos vão além da redução de erros.
os como esses demonstram a necessidade
É possível diminuir os custos da operação
de o sistema de saúde garantir a segurança
ao reduzir retrabalho, como eliminar o
do paciente tanto com relação à autentici-
processo de etiquetagem interna, já que
dade dos remédios, evitando a pirataria,
a impressão passa a ser feita pelo fabri-
quanto à sua correta administração pelos
cante. O mesmo acontece em relação às
76
OUTUBRO DE 2014
perdas por vencimento, que passam a ser controladas graças ao acompanhamento das datas de validade pelo sistema de gerenciamento de rastreabilidade. Cada vez mais hospitais e laboratórios farmacêuticos buscam a excelência no atendimento, adotam padrões globais e tecnologias para automatizar seus processos como, por exemplo, a separação de medicamentos. E é o código de barras, tão conhecido dos brasileiros na hora das compras, que desempenha esse papel fundamental.
!"#$
!"#$%&'(!)"#$ *"+#,')!"#$ ',+!)-.'&+/& VmR IDOVLÀFDGRV
A falsificação de medicamentos é outro ponto crítico para a cadeia de suprimentos em saúde que pode ser combatido. A tendência é que cada vez se cobre dos governos e das empresas um gerenciamento efetivo das cadeias produtivas, permitindo rastreabilidade e visibilidade dos produtos. Quem faz a lição de casa ganha duas vezes: conquista a confiança do consumidor e abre as portas para o comércio mundial, que também tem sido criterioso
0&%*-$!&$122$&'3%&#-#$ 4-%'-*5,/)*-#$!&6&%7"$#&$ &+8,-!%-%$9#$+"6-#$ '&!)!-#:$-##)'$*"'"$ ;2$').$!%"<-%)-#$&$=$').$ >"#3)/-)#$&$*.?+)*-# $&#3-.>-!"#$3"%$/"!"$"$@-?#
quanto ao controle de origem. OUTUBRO DE 2014
77
HOSPITAIS PRIVADOS
A saúde brasileira no Pronto-Socorro A solução para a reestruturação da saúde brasileira deve ficar concentrada nas mãos dos governantes e órgãos específicos
A saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil e no mundo, representando aproximadamente 9% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, representa cerca de R$ 400 bilhões ao ano, sendo 47% desses recursos provenientes do setor público e 53% do setor privado. Boa parte desses recursos privados não são gastos por hospitais, ou pela saúde suplementar, mas sim pelo próprio usuário. >Q^MUW[ VI [I LM ]U XMZyWLW LM \ZIV[Qt M[ LMV\ZM MTI[ XWLMUW[ KQ\IZ KWUW I[ UIQ[ KZy\QKI[ I \ZIV[QtrW LMUWOZnÅKI (o Brasil está se tornando um país com mais idosos), a transição epidemiológica (as principais causas de mortalidade hoje [rW I[ LWMVtI[ KZ VQKI[ M I \ZIV[QtrW LM ZQ[KW[ QVNMTQbUMV\M ^Q^MUW[ V]U XIy[ ^QWTMV\W -V\rW ÅKI M^QLMV\M Y]M VrW [M NIb boa saúde sem recursos. Embora os gastos em saúde estejam crescendo, o Brasil apresenta um dos menores investimentos do mundo e se assemelha ao LW[ -[\ILW[ =VQLW[ XIy[ MU Y]M I [I LM VrW ÅO]ZI KWUW LQZMQ\W KWV[\Q\]KQWVIT LM IKM[[W ]VQ^MZ[IT )TuU LM [MZ QVNMZQWZ o UuLQI U]VLQIT · ! 7 [M\WZ X JTQKW MVNZMV\I XZWJTMUI[ LM M`MK]trW WZtIUMV\nZQI ]UI ^Mb Y]M XIZ\M QUXWZ\IV\M LW WZtIUMV\W u KWV\QVOMVKQILI 7 ÅVIVKQIUMV\W LW ;Q[\MUI ÙVQKW LM ;I LM ;=; u NZIOUMV\ILW M W[ ZMK]Z[W[ QV^M[\QLW[ XWZ KILI M[NMZI LW /W^MZVW VrW [rW XZWXWZKQWVIQ[ IW[ WZtIUMV\W[ +WU I -UMVLI +WV[\Q\]KQWVIT ! ÅKW] M[\IJMTMKQLW XQ[W UyVQUW LM LI IZZMKILItrW XIZI W[ 5]VQKyXQW[ M LM XIZI W[ -[\ILW[ [MU LMÅVQtrW LW XMZKMV\]IT UyVQUW LI =VQrW -[[I LQNMZMVtI u IKMV\]ILI Y]IVLW KITK]TILW W OI[\W XMZ KIXQ\I ]UI ^Mb Y]M W V UMZW LM JMVMÅKQnZQW[ LW [Q[\MUI XZQ^ILW u UMVWZ Y]M W X JTQKW -U UuLQI ! UQTP M[ LM JZI[QTMQZW[ · W] [MRI KMZKI LM LI XWX]TItrW [rW LMXMVLMV\M[ LW[ [MZ^QtW[ públicos de saúde. O resultado é um gasto público per capita muito inferior ao privado, como demonstram dados da OMS. 8WLMUW[ IÅZUIZ Y]M M[\IUW[ ^Q^MVLW I \MV\I\Q^I LI ZMITQbItrW LM ]U [WVPW LIY]MTM[ Y]M ÅbMZIU I VW[[I KWV[\Q\]QtrW M QLMITQbIZIU W ;=; ) ZMITQLILM M[\n U]Q\W IY]uU M ^MU \WUILI XWZ ]UI QLMWTWOQI Y]M XW]KW KWV\ZQJ]Q XIZI [WT]KQWVIZ W[ XZWJTMUI[ LW KMVnZQW I\]IT -[\M [Q[\MUI VQKW Y]M VrW u VQKW \MU LM [MZ ZM^Q[\W M ZMNWZU]TILW 1[[W [~ [M NIb LM ]UI UIVMQZI" com competência e honestidade, e as duas estão em falta. De um lado esperamos ações ordenadas, estruturadas e politicamente assertivas das autoridades e, principalmente, um KWUXWZ\IUMV\W \uKVQKW LW 5QVQ[\uZQW LI ;I LM XWQ[ I XWTy\QKI u ]UI Y]M[\rW LM \WLW[ ,M W]\ZW M[XMZI [M LW [M\WZ XZQ^ILW ]UI ItrW QO]ITUMV\M \uKVQKI M ZMO]TI\~ZQI KWU JI[M MU XZQVKyXQW[ u\QKW[ LM XZMWK]XItrW KWU W MY]QTyJZQW ÅVIVKMQZW M principalmente, independente. Os atores do sistema brasileiro de saúde devem atuar de forma complementar, cada um com suas funções e pontos fortes M[XMKyÅKW[ 7 [M\WZ XZQ^ILW XW[[]Q ]U UWLMTW nOQT M XIZ\QKQXI\Q^W LM OM[\rW ^WT\ILW o J][KI LI Y]ITQLILM M LI [MO]ZIVtI 42
OUTUBRO DE 2014
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assistencial. Carece, no entanto, de um modelo de organização que o setor público poderia compartilhar. É possível notar que todos os temas estão interligados, mas não é só a saúde pública que está em jogo. A sustentabilidade do setor privado também. Enquanto o número de usuários de planos de saúde cresceu, em média, 5% ao ano, desde 2007, cerca de 5% dos leitos privados em nosso País foram fechados neste mesmo período. As razões para essa redução residem, entre outros motivos, na LQÅK]TLILM LM ZMU]VMZItrW \IV\W XMTW ;=; Y]IV\W XMTW[ XTIVW[ LM [I LM Un OM[\rW M NIT\I LM M[\yU]TW OW^MZVIUMV\IT O atendimento à saúde de qualidade é um direito do cidadão e deve ser entendido como essencial à condição humana. O sistema privado deve resgatar a sua condição existencial, preocupando-se assim com as questões relacionadas à gestão e inovações tecnológicas. Voltar a ser uma opção do usuário e não uma condição para receber os cuidados de saúde que deveriam [MZ WNMZ\ILI[ XMTW ;=; Na tentativa de cobrir possíveis lacunas deixadas pelo setor público, o que se vê são inúmeros questionamentos sobre situações críticas relativas ao atendimento cada vez menos satisfatório para grande parte dos usuários do sistema privado. Esta problemática agrava-se a partir do momento em que as medidas para evitar os transtornos são estudadas depois que W[ XZWJTMUI[ IKWV\MKMU - R][\IUMV\M XIZI KWZZQOQZ M[\M Æ]`W I )VIPX IXZM[MV\I []OM[\ M[ QUXZM[[I[ VW 4Q^ZW *ZIVKW" *ZI[QT ;I LM Em mais de 200 páginas, a Associação traz uma contribuição real para o cenário atual, com alternativas para um sistema de [I LM UIQ[ MÅKQMV\M MTIJWZILI[ I XIZ\QZ LM ]U UQV]KQW[W M[\]LW LW [M\WZ KWU JI[M MU M`XMZQwVKQI[ QV\MZVIKQWVIQ[ )TuU LM UMdidas focadas na organização do sistema, objetivamos estender a visão de saúde não só ao setor público, mas também ao privado, e contribuir com uma discussão institucional focada na resolução dos problemas do cidadão brasileiro, consumidor de saúde. O esforço conjunto é absolutamente fundamental e necessário. É preciso que todos genuinamente interessados na saúde se envolvam em um amplo debate com o objetivo de unir forças entre o sistema público e privado para encontrar soluções viáveis para a saúde brasileira. Hoje, não existe uma política nacional de saúde que integre, efetivamente, esses dois setores. O Estado precisa urgentemente repensar o tratamento dispensado à saúde, planejando o seu desenvolvimento dentro das possibilidades de atendimento. )[ QVQKQI\Q^I[ XZWXW[\I[ VW 4Q^ZW *ZIVKW I[[WKQILI[ IW IVW MTMQ\WZIT [rW N]VLIUMV\IQ[ XIZI U]LIZ I \ZIRM\~ZQI LM LM[KI[W com o sistema de saúde brasileiro e possibilitar condições para o País crescer. É preciso mais coragem para organizar o mercado, I ÅU LM Y]M \WLW[ OIVPMU LW Y]M KWZIOMU XIZI JZQOIZUW[ M \WLW[ [IyZMU XMZLMVLW MVY]IV\W I [I LM JZI[QTMQZI KWV\QV]I VI TWVOI ÅTI LW XZWV\W [WKWZZW )ÅVIT I [I LM VMU u X JTQKI VMU XZQ^ILI UI[ [QU ]U LQZMQ\W LI KQLILIVQI OUTUBRO DE 2014
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ESPECIAL HUMANIZAÇÃO
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Danilo Ramos
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ESPECIAL HUMANIZAÇÃO
I
r ao hospital nunca é bom. Ninguém vai ao hospital a passeio, ou para se divertir. É um lugar que, por si só, é sinônimo de doença, e muitas outras coisas ruins. A situação se agrava quando o paciente precisa passar um tempo nesse lugar, muitas vezes limitado a uma cama, com horários para visita, completamente alheio a sua rotina. Há quem diga que o fato de estar internado é um agravante para o estado de saúde de uma pessoa.
A psicóloga explica que os problemas emocionais, causados pela quebra de rotina, podem desencadear reações e mecanismos defensivos que dificultam a relação com a equipe médica e principalmente a adesão aos tratamentos, pontecializado a ansiedade, gerando mais sofrimento. Para o corpo clínico, o dia a dia também pode ser muito estressante e deprimente, para isso é importante ter um trabalho junto às equipes que possibilite uma troca de experiências, reflexões, reavaliações constantes do trabalho, coesão, humanização e melhora a atuação de todos.
A ideia de humanização já é discutida há muito tempo, mas começou a ganhar força com a diA humanização deve fazer parte vulgação dos trabalhos do médico da política das instituições da americano Patch Adams. A política saúde, mas nem sempre os hospide humanização envolve uma sétais têm um bom plano que supra rie de processos que vão desde a as necessidades dos pacientes e do adequação do espaço geográfico e corpo clínico. Por sorte existem do ambiente físico do hospital, até organizações não governamentais as equipes clinicas e administratique estão dispostas a doar parte vas. É um conjunto de processos, Silvana, Patas Terapeuthas do seu tempo para tentar tornar os onde os valores e princípios da corredores e leitos um lugar mais instituição são delineados com agradável e humano. foco no ser humano tanto aquele que atende como aquele que é atendido.
“Os benefícios não são apenas para os pacientes, são paras os acompanhantes, médicos e enfermeiros”
!"#$%&"'()*&(*+,)$-',%)
“A hospitalização já é um momento difícil, de incertezas, inseguranças e medos. Traz uma separação, certa perda de controle, sentimentos de inferioridade, carência afetiva, instabilidade emocional, diminuição da identidade pessoal, além de ser um grande agente estressor”, diz a psicóloga do Hospital Amaral Carvalho, Viviane da Silva Clemente Totina. 84
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Fundada em 1998, a Associação Viva e Deixe Viver capacita voluntários para contar histórias nos hospitais brasileiros. O programa de capacitação dura cerca de seis meses, durante esse período o candidato assiste uma série de palestras sobre os fundamentos do voluntariado, formação de leitores, ambientação hospitalar, trabalhos
Danilo Ramos
Lucas, 14 anos, apadrinhou o vira-lata Paraná
lúdicos e outros assuntos relevantes para a formação do voluntário. Segundo o presidente e fundador da associação, Valdir Cimino, o objetivo é tirar o voluntariado do amadorismo e torná-lo mais profissional, tornando-o parte da equipe clínica. Essa proposta levou muitos hospitais a repensar a sua forma de voluntariado. “Vamos mostrar que esse voluntário é um capital humano. Ele não tem apenas o curso de capacitação, ele tem todo o lado lúdico, o desenvolvimento das relações interpessoais, veremos que ele não atinge apenas a criança, ele atinge também a família”, diz Cimino. O trabalho do contador de histórias vai muito além do entretenimento e da brincadeira, ele resgata uma memória afetiva da criança, estimula a leitura e melhora o ambiente hospitalar. De acordo com uma pesquisa realizada, em 2007, pela própria associação, 60% das crianças assistidas pelo trabalho do voluntário passaram a se alimentar melhor, a aceitar melhor os tratamentos e se adaptaram ao ambiente hospitalar. Os resultados positivos são reconhecidos por médico e diretores de diversas instituições no documentário “O que a gente faz, conta”, produzido pela OSCIP em parceria com o Ministério da Cultura.
!"!#$%& Um exemplo prático do poder lúdico da história no tratamento médico das crianças é a
história é a do conselheiro da associação no Rio de Janeiro, o médico Paulo Ivo Cortez, que usou da fantasia para melhorar a qualidade de vida de crianças com anemia falciforme. O tratamento para essa doença pode ser muito estressante e doloroso, a cada 15 dias, durante sete ou oito meses, o paciente precisa que passar por uma série de procedimentos cirúrgicos. Valdir conta que para acalmar os pequenos pacientes, ele ressignificou todo o ambiente da cirurgia. Os médicos, vestidos de verdes viraram sapos, os pontos de metal colocados no peito da criança, passaram a se chamar medalhas, e assim por diante, todo o procedimento cirúrgico virou uma grande brincadeira. Como consequência dessa “historinha”, o médico conseguiu reduzir em 60% o uso da sala de cirurgia, diminuiu a quantidade de sedativos e as crianças passaram a entender o procedimento e, consequentemente, sua qualidade de vida melhorou.
'()*!+&!,&-#.(/012&!*)+2,& O hospital não precisa ser um local apenas de pessoas doentes, assim como os tratamentos não devem limitar-se apenas a remédios, idas e vindas dos consultórios e salas de exames. Atendendo a demandas dos próprios pacientes, o Hospital da Aeronáutica de São Paulo (HASP) criou o Grupo de Convivência da Terceira Idade. Em um espaço construído dentro do terreno das instituições militares da reserva, viúvas e dependentes participam, duas vezes por semana, de uma série de atividades que estimulam a convivência e os cuidados com a saúde. OUTUBRO DE 2014
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ESPECIAL HUMANIZAÇÃO
Entre as atividades pratica pelo grupo estão aulas de educação física, fisioterapia, consultas com uma psicóloga e dança circular, todas oferecidas pelos profissionais do hospital. As demais atividades, explica a atual coordenadora e terapeuta ocupacional do grupo, Cel. Margareth, são oferecidas por voluntários. Atualmente apenas voluntários de cromoterapia oferecem seus serviços aos idosos, mas já passaram por ali professores de dança de salão e corais. Passeios e viagens fora do hospital também são oferecidos para os participantes de tempo em tempos. “O grupo traz qualidade de vida, ajuda a curar a depressão e é a única atividade social para muitos dos frequentadores”, diz a coordenadora. Muitos idosos sofrem com o abandono da família, sofrem de depressão pela perda de um companheiro e até tem problemas com familiares que são dependentes financeiramente de suas pensões e aposentadorias. “Com o envelhecimento populacional é preciso prestar mais atenção e cuidar melhor dos idosos”, lembra Margareth. Com oito anos de existência, o grupo conta com 50 idosos, divididos em dois grupos, e uma extensa fila de espera. A melhora do quadro clínico foi tão evidente para alguns idosos que muitos médicos passaram a indicar para seus pacientes. Mesmo sem conhecer a situação anterior dos velhinhos, quem acompanha uma manhã de atividades percebe que ali não a espaço para depressão, até os mais tímidos abrem um sorriso durante as atividades que interessam. Durante 86
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uma atividade de leitura e interpretação de texto, eles exercitam a memória e estimulam a sua criatividade. Mas é no momento do teatro em que todos eles voltam a ser crianças, se divertem com a confusão de papeis, se irritam com a falta de atenção dos companheiros e, como alunos que chamam pela professora, pedem a intervenção da coronel. O efeito da convivência também é visto no depoimento dos frequentadores. Boas de papo as viúvas contam sobre o seu dia a dia, dizem que adoram as manhãs no HASP e das atividades com o grupo. Mas um dos casos mais impressionantes é do sub-oficial Freide, de 60 anos. Viúvo há dois anos, o sub-oficial reclama de maus tratos da filha, com quem mora desde que perdeu a esposa. Ele procurou a Cel. Margareth, por indicação de um amigo, e passou a frequentar o grupo da melhor idade. “Hoje eu sou feliz”, diz o sub-oficial, que com menos de um ano de grupo, já fala em abrir um restaurante italiano e casar-se outra vez.
!"#$%&"'()*+,%'(-%($%*"*( "*(.%-)'()'($%&)' Conviver com outras pessoas é ótimo e essencial para uma vida social saudável, mas quem tem animais de estimação em casa sabe o poder que esses bichos têm de animar o nosso dia, afinal, é um amor incondicional. Porém, o que alguns talvez não saibam, é que eles também possuem um poder terapêutico. Não precisa de muito tempo para comprovar isso, foi só Silvana
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VENDAS
Fedeli Prado, fundadora da OSCIP Patas Therapeutas, aparecer na porta do hospital pediátrico da Santa Casa com o golden retriver Namur e os vira-latas Chanel e Paraná para aparecerem sorrisos na fila de espera por atendimento. As voluntárias da Patas Therapeutas dedicam parte do seu tempo durante a semana, aos finais de semana, para levar seus animais de estimação para visitar hospitais e asilos de São Paulo. Qualquer animal pode ser aceito para realizar esse trabalho, desde se enquadrem em algumas regras. A ONG conta com cães, gatos, coelhos, calopsitas e estudam integrar uma chinchila ao grupo. “Para fazer o trabalho de terapia assistida o animal deve estar com todas as vacinas em dia, ser castrado, ter recebido um adestramento básico, ser socializado e dessensibilizado dos cinco sentidos”, diz Silvana Fideli Prado, superintendente técnica da Patas Therapeutas.
“A política de humanização olha para a parte mais fraca, que é o paciente. Por outro lado, esquecem do profissional da saúde” – Valdir Cimino
O cuidado com a higiene do animal é muito importante, explica Silvana, eles não podem ter tártaros dos dentes, passam por exames parasitológicos a cada três meses e antes de entrar e sair dos hospitais tem as suas patas limpas com lenços umedecidos com adição de clorexidina 2%, um forte bactericida. Após os devidos cuidados, os cães têm livre acesso aos leitos hospitalares, exceto aqueles com risco de contágio. 88
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A presença dos animais muda o clima dos corredores do hospital, médicos e enfermeiros param para tirar fotos e brincar com eles. Nos leitos as crianças ficam ansiosas para tocar nos cachorros. Lucas, de 14 anos, que sofre de Pompe, uma doença neurodegenerativa, já conhece todos os animais e abre um sorriso quando uma das voluntárias coloca o Paraná em cama. Ele até já se nomeou padrinho do vira-lata e diz que adora brincar com ele. “As crianças ganham uma força extra para melhorar. A presença dos animais melhora todo o ambiente”, diz Beatriz Cesar pediatra da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. “Os benefícios não são apenas para os pacientes, são paras os acompanhantes, médicos e enfermeiros”, completa Silvana.
!"#$%&'&("#()"("*+(,%--%(.'/ Cimino lembra que falar em humanização não é apenas discutir práticas para melhorar a
qualidade de vida dos pacientes. Deve haver nos hospitais uma política que também cuide de seus colaboradores, pois o cuidar da saúde do outro deve passar primeiro pelo cuidado com a própria saúde. “A política de humanização olha para a parte mais fraca, que é o paciente. Por outro
lado, esquecem do profissional da saúde. O hospital só vai ser humano, com melhor atendimento, se o profissional da saúde estiver engajado nessa boa prática”, defende o fundador da Viva e Deixe Viver, que fala em uma mudança no currículo das universidades para incluir humanização como disciplina obrigatória e não eletiva, como ocorre normalmente na academia. Silvana também afirma a importância da humanização para a formação do corpo clínico. “Você vê que os médicos não têm essa empatia de ver e receber o paciente de uma maneira mais afetiva . E esse o papel que a gente faz, humaniza e acaba humanizando eles também. É unânime entre os entrevistadores que a questão da humanização hoje no Brasil ainda tem muito que avançar. Ela precisa se tornar uma política hospitalar, deve ser uma ação que venha de dentro para fora e não de maneira inversa como tem ocorrido. Muitas instituições são dependentes dos trabalhos de voluntários para manter a qualidade de vida dos pacientes e o hospital um lugar menos doente. Essa mudança tem que vir da base, da raiz da saúde que está na formação dos profissionais. Desde cedo os médicos devem entender que mais importante que uma cirurgia bem sucedida é o tratamento e o cuidado com o paciente.
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S
e no dia a dia o stress e a ansiedade
“A questão da psicologia hospitalar hoje está
já causam uma serie de danos a sua
em processo de evolução. Cada vez mais é pos-
saúde, imagine em um ambiente
sível entender que esse tipo de trabalho agrega
hospitalar ou em uma situação de
internação. Ao enfrentar doenças graves, como o câncer, que requer tratamentos invasivos e o afastamento de sua rotina, o paciente fica emocionalmente fragilizado o que agrava os efeitos colaterais dos procedimentos. Por esse e outros motivos, é que o cuidado com o paciente deve extrapolar o âmbito físico. As instituições de saúde devem olhar também para o estado emocional de seus assistido. Para isso, é essencial que haja uma política eficiente de psicologia hospitalar e humanização, que possa garantir a saúde mental não apenas de pacientes e familiares, mas também de seus cuidadores. No entanto, no Brasil, assim como a humanização, questões como a psicologia hospitalar ainda são muito incipientes e nem sempre tão valorizadas como deveriam. No que diz respeito a psicologia hospitalar, de acordo com especialistas entrevistados pela Healthers, os hospitais públicos brasileiros estão melhores estruturados que os privados. No sistema público, o psicólogo está inserido na equipe médica mínima do hospital. Já na rede privada há um ou dois profissionais para toda a instituição, ou, muitas vezes, são as próprias famílias que precisam contratar os serviços do psicólogo, seja por meio do plano de saúde ou particular.
valor à instituição, principalmente para obter a acreditação”, diz a psicóloga hospitalar, Débora Genezini. Apesar pesar disso, ela afirma que essa questão, muitas vezes, esbarra em entraves orçamentários. “Em algumas instituições os psicólogos precisam ser contratados por planos de saúde, ou de forma particular pelas próprias famílias. Quando o hospital contrata, são poucos os profissionais”, completa a psicóloga que é única da especialidade para cuidar de toda a instituição onde trabalha.
!"#$%&%'()*+" “Apesar dos avanços tecnológicos, o câncer é uma doença que tem um estigma muito grande e ainda é associado à morte. O que torna o adoecer muito difícil”, lembra Maria Helena, coordenadora de humanização do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). A psicologia está incluída em um trabalho multidisciplinar essencial para a qualidade de vida nos hospitais. A equipe formada por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, entre outros, tem como função orientar os pacientes e familiares sobre os procedimentos e tratamentos da doença. De acordo com a coordenadora, os profissionais envolvidos trabalham com os aspectos emocionais, ajudam a família a entender a doença, preparando-os para encarar situações difíceis. OUTUBRO DE 2014
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HUMANIZAÇÃO
!"#$%&'()*
Quimioterapia: Conforto e cuidado durante os procedimentos Crédito:
Ela explica que o trabalho de humanização deve
compartilhar o que você sente com alguém que
ser feito por todos dentro da instituição, desde o
está passando pela mesma coisa”, diz Débora. A
porteiro até o médico que atendente. O trabalho
psicóloga também cita a eficiência de trabalhos
dos psicólogos dentro do ICESP é de acolhida,
de voluntários como a terapia assistida por ani-
eles explicam a doença para os pacientes e fami-
mais, que ela afirma surtir efeito, principalmente
liares, desmistificam fatos e esclarecem as dúvi-
com idosos que sofrem do mal de Alzheimer
das em relação aos procedimentos e tratamentos.
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A vivência hospitalar afeta a vida e ataca a integridade social, física e emocional do paciente, porque representa uma ruptura da rotina. Para algumas dores físicas existem remédio, já para as emocionais não. “Os tratamentos de câncer são piores, pois são mais prolongados e causam stress e ansiedade”, diz a psicóloga Débora Genezini. “A fra-
Apesar de os avanços tecnológicos, o câncer é uma doença que tem um estigma muito grande e ainda é associado à morte
laterais dos pacientes”, completa.
profissional de saúde também esteja bem. Apesar de se forem sabendo os prós e os contras de sua profissão, médicos e enfermeiros também são seres humanos e sofrem com a perda de pacientes, principalmente daqueles que passaram muitos anos sob seus cuidados. Eles podem não sofrer como os familiares, mas tem o direito de sentir
gilidade emocional afeta o estado físico e o pode agravar os efeitos co-
Para cuidar bem, é preciso que o
– Maria Helena, coordenadora de humanização do ICESP
e sofrer com eles. Com um número pequeno de
Os trabalhos desenvolvidos pelos
psicólogos contratados para trabalhar
psicólogos de hospitais variam de
nas instituições privadas, o corpo clíni-
acordo com as especialidades e conhecimentos
co fica praticamente abandonados. “Os profissio-
dos profissionais. Existem atividades de relaxa-
nais de saúde não têm tempo nem espaço para
mento, atendimentos individuais e terapias em
derramar suas lágrimas”, comenta a psicóloga. Os
grupo, por exemplo, onde os pacientes trocam
enfermeiros são linha de frente no tratamento dos
experiências com pessoas que passam pelos
pacientes, eles são os que têm contato mais íntimo
mesmos problemas. “Esse tipo de atendimento é
com os pacientes, eles sentem muito as perdas
muito rico porque não há nada melhor do que
muitas vezes diárias nos hospitais.
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!"#$%&'()*
Atendimento – Os pacientes recebem atendimento para a orientação e desmistifcação da doença
Maria Helena conta que no ICESP existem
gas nos hospitais para que os futuros profis-
dois grupos de humanização, um focado no
sionais ganham experiência de campo. Os es-
paciente e outro nos colaboradores, onde eles
tudantes precisam de horas a beira leito para
participam de encontros para trocarem ex-
adquirir experiência.
periências e, caso haja necessidade alguns recebem tratamento individual. Mas, na maio-
“Os hospitais privados não abrem espaço
ria das instituições, os colaboradores não
para contratar mais profissionais, muitas ve-
recebem o mesmo tratamento. A realidade é
zes são um ou dois psicólogos para dar conta
que os hospitais não tem um serviço de re-
de toda a instituição”, diz a psicóloga e comple-
cursos humanos (RH) adequado para olhar
ta: “É coisa para inglês ver”. Ter um psicólogo
para os profissionais. Alguns até contam com
no hospital é pré-requisito para conseguir a
um serviço social, que dá um suporte em caso
certificação internacional, mas isso não sig-
de doenças e questões trabalhistas, mas é algo
nifica que o trabalho esteja sendo suficiente
desconectado do dia a dia de trabalho.
para manter um programa de humanização que atenda as necessidades de todos os en-
Para a psicóloga Débora Genezini, é
volvidos no tratamento das patologias.
necessária a realização de um trabalho em grupo, para trabalhar com a prevenção de
De acordo com Débora, as barreiras
danos emocionais dos colaboradores. “Devi-
existentes entre médicos e outros profis-
do ao baixo investimento, o corpo clínico
sionais envolvidos no tratamento já foram
hospitalar fica negligenciado, eles também
superadas e, hoje, as decisões sobre os pa-
sofrem e sentem suas angustias. Em áreas
cientes é mais horizontalizada. Mas ainda
como oncologia e UTI são comuns os afas-
falta entendimento sobre a real função de
tamentos por doenças, depressão e dores
um psicólogo no hospital. “Tem muita gen-
causadas por stress”, completa.
te que acha que você está ali para apagar
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incêndio. Se ninguém consegue resolver, chama o psicólogo”. Outro desafio é que os profissionais tenham mais conhecimento
Diferente de algumas áreas do setor, a
técnico do trabalho da psicologia, que sai-
psicologia hospitalar sofre com a falta de
bam que não é perfumaria. “É preciso mos-
profissionais qualificados. Segundo Débora
trar que as questões físicas e emocionais
Genezini, cada vez mais universitários estão
estão ligadas e que é importante tratar as
se interessando pela área, o que faltam são va-
duas”, completa Genezini. OUTUBRO DE 2014
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RH
Da eficácia à grandeza. O que faz a diferença para as empresas nos dias de hoje?
H o j e vo u p ed i r l i c en ç a a o g r a n d e m estre Steven Covey, que é para mi m a p r i n c i p a l ref er ên c i a em g estã o d e pessoas, e citar alguns novos e “ vel h o s ” co n c ei to s so b re p ro d u ti vi d a d e e g randeza, e como acredito que es s es c o n c ei to s tem f ei to a d i f eren ç a p ara as empresas e profissionais n o s d i as d e h o j e. Faz mais de 15 anos que o best seller “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes” foi escrito e é incrível como a filosofia por trás desse conteúdo continua tão atual e importante para as empresas nos dias de hoje. Na verdade, acredito que eficácia é fator deter minante para garantir sua empregabilidade, promoção, ou sua ida para uma nova empresa/oportunidade. Você pode ter um excelente network, mas sem eficácia não é capaz de se manter por muito tempo em nenhum lugar. Entendido que eficácia é fundamental e não o diferencial nos dias de hoje, qual seria o “pulo do gato” que faz com que o gestor seja desejado e até disputado pelas empresas? Como
Steven
Covey
defende
tão
brilhantemente
em
seu
livro
“O 8º hábito”, acredito que o fator fundamental de um gestor de sucesso nos dias de hoje seja a sua grandeza como ser humano, seus valores, suas atitudes e sua fidelidade à sua missão como gestor. Sua missão é o ponto comum e único de cada um, que liga o seu talento, a sua paixão, a sua necessidade e a sua consciência. Esse gestor é capaz de realizar, executar apaixonadamente e trazer uma contribuição significativa a ponto de tocar, motivar e inspirar outras pessoas em sua missão. Frequentemente tenho atendido brilhantes profissionais indignados com sua vida profissional e pessoal, em busca de um objetivo maior e que faça sentido, para que possam continuar a sua caminhada e se sentirem realizados pessoal e profissionalmente. A pergunta que eles me trazem é sempre a 96
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!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ ***+,'"$-,'#)+./(+0#
mesma: Como saber qual será o meu próximo passo, que possa dar sentido à tudo que já fiz até agora? O que realmente importa para esses profissionais? A maioria ainda encontra-se em fase de descoberta e questionamentos, mas em resumo posso afir mar que todos estão procurando se tornar gestores integrais. Tor nar-se um gestor integral, ou mais que isso, um ser humano integral, é ter alinhado as 4 necessidades básicas de motivação de toda pessoa: Viver (de maneira coerente com o que você faz para sobreviver), amar (saber se relacionar com pessoas em todos os sentidos), aprender (crescimento e desenvolvimento) e deixar um legado (significado e contribuição). Sem as quatro necessidades básicas de motivação em har monia, esse gestor ou qualquer profissional sentirá sempre como se estivesse faltando alguma coisa, mesmo tendo o mundo ao seu dispor. Pode acreditar que se existem gestores com esse perfil em sua empresa, ele não está lá porque o pacote de benefícios é ótimo ou porque o bônus do fim do ano é gordo. Ele continua na sua empresa porque encontrou significado no que faz. Assim que não fizer mais sentido, ele irá voar, deixando o legado de pessoas que inspirou e até transfor mou, afinal, para esse tipo de profissional, as portas das melhores empresas estarão sempre abertas. Desafio você a procurar em sua empresa um ou dois gestores que pareçam ser gestores integrais. Deve ser exatamente essas duas pessoas que você rapidamente pensou, pois gestores integrais não fazem o mínimo esforço para serem reconhecidos como tal. E s p e ro q u e e n t r e e s s a s p e s s o a s q u e vo c ê p e n s o u , u m a s e j a vo c ê , p o i s e m p r e s a s q u e s ã o l i d e r a d a s p o r s e re s i n t e g r a i s s ã o a s ú n i c a s q u e s o b r e v i ve r ã o c o m s a ú d e e p o d e r ã o c o n t a r c o m o s m e l h o re s g e s t o re s, s e m p r e ! OUTUBRO DE 2014
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LIDERANÇA
Sucesso é fazer parte do processo: isso não é sonho, só depende de nós! No último artigo publicado aqui, onde compartilhei a importância em ser mos mais curiosos, em sair mos de traz de nossos computadores para conhecer mais as pessoas, as necessidades in loco e nossos métodos, escrevi que deixaria para refletir mos nessa edição como podemos tirar proveito para a organização por meio de nossos processos. Pois bem, que tal começar mos com uma constatação? Livros, pesquisas e por que não, nosso dia a dia, confir mam a teoria de que não importa o segmento de atuação da empresa, para obter mos sucesso precisamos conhecer nossas deficiências e processos. Mas, Como? Ora, investindo em inteligência da infor mação e em “times” focados na sistematização da organização para o alcance de objetivos e metas. A resposta parece óbvia. Porém se eu mudar a pergunta para: Isso é suficiente? A resposta seria: Nem sempre. Como garantir a produtividade, a resolutividade de nossos “gargalos”, a gestão de nossos resultados, se a qualidade que ofertamos é um diferencial frente aos concorrentes, só confiando em planilhas, na descrição das atividades e em uma liderança que não saí do ar condicionado? Concordo com você. Seria impossível. Então, também devemos concordar que, para falar mos de sucesso, do alcance de objetivos e metas, estamos tratando – diretamente – da participação do líder nos processos, correto? A responsabilidade de uma gestão pautada em, “estar junto e presente no cotidiano da organização” e, muitas vezes, “ser o cliente” não deve começar por nós? Já usei esse exemplo em algumas palestras, isso é real, e acho que cabe perfeitamente aqui: Conhecem o teste do “cangote”?
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ĐŽŵƉĂŶŚĞ ĞƐƚĞ Ğ ŽƵƚƌŽƐ ĐŽŶƚĞƷĚŽƐ Ğŵ 11123)+453)$,26"728$
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ŝƌĞƚŽƌ džĞĐƵƟǀŽ ĚŽ 'ƌƵƉŽ ^ĂƷĚĞ ĂŶĚĞŝƌĂŶƚĞƐ
Todos sabem que na área assistencial, grande parte da liderança está, ou pelo menos deveria, circulando pelos andares do hospital. Pensando em uma jor nada de 8h de trabalho, é improvável encontrar alguém no final do tur no, com roupa, perfume e cabelos impecáveis, caso contrário, algo está errado. Esse é o “Teste do Cangote”. Convido a todos para circularem pela empresa no final do dia e observarem sua liderança. Se a aparência do final da tarde for igual aos cincos primeiros minutos do dia, seu gestor não saiu do ar condicionado. Ou seja, não está inserido no processo e sim, passou o dia respondendo e-mails e conferindo indicadores. O que quero dizer é que não há sucesso sem métodos, sem inteligência da infor mação e equipes focadas em resultados, mas também, não há êxito sem envolvimento e conhecimento “real” sobre os processos. Acredito que o “estar presente” faz diferença nas decisões, nos planos de ação frente aos gaps da empresa ou nos projetos e processos para a melhoria contínua da instituição. Defendo que isso tem um efeito dominó. Sem uma liderança envolvida, não há comprometimento dos demais membros da organização. Muitas vezes, é parte do sucesso da instituição o espírito de “conseguir que as pessoas façam até o que não querem fazer, e, passem a gostar de faze-lo”. Isso depende de nós e, certamente, essa “deter minação” não está nos sistemas, relatórios ou em planilhas do Excel. Mais uma vez, sejamos mais curiosos!
OUTUBRO DE 2014
101
ACREDITAÇÃO
A REALIDADE
DOS
HOSPITAIS BRASILEIROS
102
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&#"'(%&)$&*%$&'"+,-.%&/010&%#&2%#/.30.#4& 0-1"(.3056"#&0.'(0&#7%&/%)-%&"8/9%10(0#&'%&:10#.9 !"!#$%&'!#()*+,
OUTUBRO DE 2014
103
ACREDITAÇÃO
!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
C
om
objetivo
de
me-
“Entendemos a acreditação como uma
lhorar seu atendimento e
oportunidade estruturada e sistematizada
a segurança assistencial,
de introduzir melhoria de qualidade e se-
cada dia mais hospitais
gurança assistencial nas instituições. E esse
brasileiros buscam a acreditação. Com foco
tem sido um relato recorrente dos hospi-
no paciente, as instituições são estimula-
tais com os quais temos atuado, mesmo an-
das – pofr meio de avaliações externas -
tes do alcance final do selo de acreditação”,
a analisar suas rotinas e resultados para
diz o coordenador de Educação e assessor
melhorar continuamente. Especialistas da
de Relações Institucionais da JCI, Heleno
área concordam que, em todo o mundo, o
Costa Júnior.
movimento da acreditação provocou melhorias consideráveis na qualidade de vida
A Organização Nacional de Acredi-
da população atendida, mas as iniciativas
tação (ONA) certif ica hospitais brasilei-
no Brasil ainda são recentes.
ros com metodologia reconhecida pela ISQua (International S ociety for Quality
A Joint Commission International (JCI)
in Health Care), associação parceira da
está presente em mais de 100 países e é
Organização Mundial da Saúde. O Insti-
uma das instituições mais reconhecidas da
tuto Qualisa de Gestão (IQ G), empresa
área em todo o mundo. Já são 18.000 insti-
especializada em certificação e imple-
tuições acreditadas, o que corresponde a
mentação de programas de gestão de
cerca de 85% do mercado americano. No
qualidade do segmento de saúde, tem 265
Brasil, 29, dos mais de 6 mil hospitais pos-
instituições acreditadas na metodologia
suem o seu selo de acreditação, e o Con-
ONA. “A principal dimensão da acredi-
sórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) é
tação é a segurança do paciente. O risco
o representante exclusivo da JCI no País.
de ocorrer eventos adversos (infecções,
104
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*
Rodrigo Lopes: trabalhar com padrões e protocolos exige informações e indicadores de gestão aprimorados, o que faz com que a instituição aumente o controle
quedas, erros) é reduzido com a moni-
requer o monitoramento contínuo dos re-
torização e aprimoramento das práticas”,
sultados e desfechos clínicos, com base em
explica o CEO do IQ G, Rubens C ovelo.
análises técnica e científica rigorosas, por meio do uso, por exemplo, de indicadores
O IQ G aplica também a metodologia
de desempenho”, explica.
d a Ac c r e d i t a t i o n C a n a d a I n t e r n a t i o n a l , com quem tem uma joint venture com
O Hospital Bandeirantes, de São Pau-
o objetivo de colocar as instituições
lo, conquistou o primeiro selo de certi-
brasileiras em pé de igualdade com as
f icação concedido pela Organização Na-
melhores
cional de Acreditação (ONA) em 2003.
instituições
internacionais
e criar oportunidades únicas de troca
Nessa
ocasião,
foi
certificado
como
d e i n f o r m a ç õ e s . No Pa í s , s ã o 2 7 h o s p i -
Hospital Acreditado (nível 1). Em 2008,
tais com acreditação canadense e 23 em
alcançou o selo máximo dado por essa
p r o c e s s o d e i m p l a n t a ç ã o.
metodologia e passou a ter o certificado de Hospital Acreditado com Excelência
O coordenador da CBA destaca que é
(nível 3). O diretor executivo do hospi-
preciso entender e reconhecer que a acre-
tal, Rodrigo Lopes, diz que trabalhar com
ditação é um processo de médio a longo
uma certificação melhora a qualidade
prazo, muito vinculado ao tipo, perfil, ta-
dos ser viços prestados, aumenta a proba-
manho e complexidade de cada unidade
bilidade de resultados favoráveis, o en-
e ainda associado com o contexto e reali-
volvimento e comprometimento de toda
dades de cada instituição de cada região no
equipe. “A acreditação desenvolve uma
País. “Um aspecto de destaque, porém, é a
melhor sinergia entre todos os colabo-
maior garantia de segurança dos processos
radores em prol de um objetivo comum,
assistenciais, uma vez que a acreditação
que é a melhoria continua na assistência.” OUTUBRO DE 2014
105
ACREDITAÇÃO
Acreditado pela Joint Commission In-
trabalho e desperdícios nos processos da
ternational (JCI) em junho de 2013, o
instituição também é foco das avaliações”,
Hospital Alvorada, também de São Paulo,
ressalta o CEO do IQG. “O sistema ainda
promoveu a cultura de mensurar e apri-
tem muito para avançar neste aspecto,
morar a qualidade da assistência nos pro-
mas através da análise dos processos e das
cessos de cuidado e segurança do paciente
interações esperamos que ocorra o ama-
desde que iniciou o processo. Outra grande contribuição alcançada, como conta o diretor Fernando Moisés, é perceber um novo compromisso do exercício das melhores práticas no cuidado ao paciente. “Com o selo da acreditação internacional da JCI, nossos colaboradores trabalham com ainda mais orgulho”, diz.
“A principal dimensão da acreditação é a segurança do paciente. O risco de ocorrer eventos adversos é reduzido com a monitorização e aprimoramento das práticas” – Rubens Covelo, do IQG
durecimento das relações, com maior eficácia, eficiência e efetividade, contribuindo para a sustentabilidade do sistema” diz. O Programa da Accreditation Canada, por estar focado na excelência, visa diretamente a melhoria da gestão das instituições de Saúde implantando o modelo de governança clínica e novas ferramentas de gestão do negócio.
!"#$#%&$#'()(*)+,-.'/0+ Heleno Costa Junior, do CBA, acrescenCom a melhoria da qualidade, os resul-
ta que cada vez mais o mercado de saúde
tados assistenciais são atingidos com maior
tem se voltado para criar diferenciais e au-
efetividade. Dessa forma, a acreditação
mentar sua capacidade de competir. “Agora
traz também ganhos econômicos para os
não só as instituições propriamente ditas,
hospitais. “A eliminação de gargalos, re-
como também o mercado tem identificado
106
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*
Heleno Costa: Agora não só as instituições propriamente ditas, como também o mercado tem identificado na acreditação uma ótima oportunidade de alavancar a qualidade dos serviços
na acreditação uma ótima oportunidade
cursos. “Evitamos desperdício e, com isso,
de alavancar a qualidade dos serviços e, a
melhoramos nossos resultados”. Já o diretor
partir disto, tornar distinto a sua relação
do Hospital Alvorada, acredita que “num
com os pagadores e prestadores de serviços
mercado competitivo como o de São Paulo,
em geral”, conta. Junior explica que algu-
a chancela de uma acreditação como essa é
mas empresas ou praças possuem iniciati-
a confirmação imparcial do nosso alto pa-
vas que preveem a utilização de tabelas de
drão de qualidade.”
remuneração diferenciada para pagamento de serviços quando a instituição de saúde
!"#$%&'#()$*$($($+*",&-$./'
já adotou ou está em processo de acreditação para a melhoria de serviços. “Outra
Cada instituição, conforme sua situação
perspectiva importante é o pagamento de
e contexto, enfrenta problemas ou con-
serviços por desempenho ou resultados, no
dições absolutamente distintas para con-
que a acreditação também pode contribuir
quistar a acreditação. Entre os citados, está
de forma efetiva, por meio de seu conjunto
a necessidade de maiores esforços de in-
de padrões que tem por objetivo sempre a
vestimentos - sejam de natureza de plane-
melhoria do desempenho clínico e geren-
jamento estratégico -, de aporte financeiro,
cial da instituição.”
de adequação quantitativa e qualitativa de recursos humanos, ou de materiais.
O
diretor
executivo
do
Hospital
Bandeirantes confirma que trabalhar com
Avaliações realizadas nas instituições
padrões e protocolos exige informações e
clientes do Consórcio Brasileiro de Acredi-
indicadores de gestão aprimorados, o que
tação (CBA) e da Joint Commission Inter-
faz com que a instituição aumente o con-
national (JCI), no Brasil, identificaram a
trole, o que impacta no uso correto dos re-
inexistência ou insuficiência de processos; OUTUBRO DE 2014
107
ACREDITAÇÃO
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inexistência ou má aplicação de proto-
a estrutura existente, adequar os proces-
colos ou de diretrizes para as práticas
sos, definir metas, fortalecer o sistema de
assistenciais nestas instituições. Foram
coleta de dados e estabelecer um canal de
diagnosticados também um status de in-
comunicação eficaz para conquistar a cer-
segurança clínica que compromete a inte-
tificação. “Foi preciso implantar a cultura
gridade e a qualidade dos procedimentos
da qualidade com quebra de paradigmas
realizados incluindo: prescrições médicas
e o desenvolvimento da visão sistêmica,
com dose e vias de administração incor-
com foco no trabalho em equipe e no en-
retas, medicamentos administrados nas
tendimento, no qual o paciente é o centro
doses incorretas, erros na realização de
das atenções”, explica Rodrigo Lopes. “O
procedimentos cir úrgicos.
principal desafio ainda é o de mobilizar e engajar as pessoas a agirem em consistên-
Rub e ns C ovel o, d o IQ G , a c re s c e nt a
cia com um dos propósitos e objetivo da
que o s prof iss i onais d a s aú d e nã o s ã o
empresa que é o foco na segurança do pa-
c ap ac it a d o s e m su a for ma ç ã o p ar a l i d ar
ciente”, diz.
com a gest ã o. “Fomo s for ma do s nas a c ademi as a c u i d ar d o p a c i e nte. Par a f a z e r
O diretor executivo destaca que são
a gest ã o d a ass istê nc i a é ne c e ss ár i a u ma
visíveis as melhorias que um processo
c ap ac it a ç ã o qu e e m ge r a l o s prof iss i onais
de acreditação trouxe para todos, seja
adquirem na pr át ic a . E nte nde ndo o s pro-
no aprendizado e crescimento na segu-
cess o s , o s l i d e re s c ons e g u e m e n xe rg ar as
rança do paciente/cliente. “Buscar agora
questõ e s d e s e g u r anç a e d o re su lt a d o d a
uma certificação internacional é um novo
ass istênci a”, e s cl are c e.
desafio para equipe, que há 10 anos trabalha com a metodologia nacional de
O Hospital Bandeirantes precisou rever 108
OUTUBRO DE 2014
qualidade. Além disso, é uma maneira de
adequar as práticas assistenciais já praticadas aos padrões internacionais e, com
!"#$%&'()&*(*#(+,-&' %$.-/(*%/%&')"'0.%&(1
isso, favorecer a divulgação e a ofer ta de ser viços a um público habituado a altos
“A acreditação ainda é nova em nosso
padrões de atendimento assistencial, se-
País quando comparado com a América do
gurança e qualidade”, completa.
Norte ou Europa”, destaca o CEO do IQG, Rubens Covelo. A ONA, por
Como o objetivo do Hospital Alvorada é estar entre os cinco melhores hospitais de São Paulo, a certificação internacional pela JCI é parte das nossas iniciativas para alcançar esse objetivo. “Os padrões de acreditação da JCI consolidam o exercício de melhores práticas no cuidado à saúde e
“A acreditação desenvolve uma melhor sinergia entre todos os colaboradores em prol de um objetivo comum, que é a melhoria continua na assistência”
exemplo, tem 15 anos, frente
– Rodrigo Lopes, do Grupo Saúde Bandeirantes
reconhecia a acreditação como
nos colocam em contato com diretrizes
reconhecidas
internacional-
aos 50 anos das acreditações canadense ou americana. “Os primeiros hospitais a seguirem pela
trilha
da
acreditação
foram pioneiros e tiveram iniciativas inovadoras. Naquele momento
o
mercado
não
uma vantagem competitiva. Os dirigentes que entraram por
este caminho foram visionários”, completa.
mente, para nos auxiliar no desenvolvimento e na revisão constante de processos,
Para Heleno Costa Junior, do CBA, a
garantindo cada vez mais excelência, qual-
cultura de acreditação e certificação de
idade e segurança no atendimento a cada
qualidade em saúde no Brasil ainda está se
paciente”, completa o diretor do hospital,
consolidando. Para os proprietários e ge-
Fernando Moisés.
stores de instituições de saúde ainda há o OUTUBRO DE 2014
109
ACREDITAÇÃO
dessa natureza. A visão imediatista de re-
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torno ou de resultados também impacta
!"#$%$&'"(')*+,"-'"(./
dilema: Custo ou investimento? “Essa percepção de investir em qualidade e segurança tem um fundo subjetivo que compromete a capacidade dos gestores em mensurar e decidir sobre o ingresso em um programa
nessa decisão”, diz.
“Existem iniciativas de diferenciação na remuneração para os hospitais acreditados, pelo reconhecimento do melhor
A REALIDADE
resultado obtido por estas instituições. A própria ANS sinalizou ao mercado que o processo de qualificação dos prestadores de ser viço passa inicialmente pela acredi-
DOS
tação”, lembra Covelo.
Com a acreditação sendo discutida na mídia e entre as próprias instituições, os
HOSPITAIS
especialistas concordam que o assunto ganha relevância. Com os resultados já identificados nos hospitais que possuem selos ou certificados, há um movimento
mais consistente e progressivo de adesão, BRASILEIROS entendendo que a acreditação passa a ser
reconhecida pelo mercado e pelos usuários dos serviços de saúde como um diferencial. 110
OUTUBRO DE 2014
ACREDITAÇÃO
Excelência na Gestão da Saúde é imperativo para a eficiência operacional Qualquer organização, independentemente do seu setor, é responsável por um processo de transfor mação de recursos importante para a sociedade. A eficiência e a eficácia desse processo são medidas pelo maior valor gerado com um mínimo de recur sos possível. Esse conceito não se aplica apenas a org anizações isoladas, mas também a setores e cadeias de valor, constituídas de poucos ou múltiplos integ rantes, que devem estar alinhados para per seguir os mesmos propósitos. No caso do setor de saúde, apesar das várias iniciativas pontuais para melhorar a qualidade da prestação dos serviços, a insatisfação da sociedade brasileira é enor me. Isso ficou muito claro com as manifestações desencadeadas a partir de junho de 2013, quando a população pediu serviços “padrão FIFA”. De acordo com a pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira – Problemas e Prioridades para 2014”, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Ibope, saúde é o principal problema do Brasil. O item foi assinalado por 58% dos entrevistados, estando à frente de segurança pública e da violência (39%), das drogas (33%), da educação (31%) e da corrupção (27%). Engana-se quem pensa que o descontentamento se concentra apenas no atendimento público. A saúde suplementar é a campeã em reclamações judiciais devido à falta de cobertura de tratamentos, pagamentos de medicamentos e reparação de erros médicos. Sempre quando se fala em problemas do Sistema Nacional da Saúde, há uma quase unanimidade de que os recursos financeiros, que no orçamento de 2014 chegam a R$ 106 bilhões, são insuficientes. Lições aprendidas de outros setores da economia mostram que não adianta injetar recursos indefinidamente se esses não são utilizados com 112
OUTUBRO DE 2014
:ĂŝƌŽ DĂƌƟŶƐ͕ !"#$%&'($')$'($*+$%,-. ),/"'),012..3,4&2',-.), 5",-&),)$.6/357
!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ ǁǁǁ͘ŚĞĂůƚŚĞƌƐ͘ĐŽŵ͘ďƌ
eficiência, eficácia, qualidade, ética e transparência. Submetidas a cenários mutáveis, imprevisíveis e incontroláveis, principalmente depois da globalização, é preciso que as organizações se reinventem para que possam garantir a sua sobrevivência. Isso só é possível por meio de uma liderança forte e comprometida, que ouça a sociedade e os seus clientes, defina planos estratégicos e orçamentários realistas, estabeleça processos enxutos e eficientes - os quais devem ser conduzidos por pessoas competentes e capacitadas, orientadas por sistemas de infor mação transparentes – e que gere resultados planejados por meio de recursos otimizados. A importância da excelência da gestão nos serviços de saúde é ainda mais relevante por ref letir na cultura da segurança, a qual pressupõe procedimentos mais precisos e eficientes tanto para os pacientes quanto para os profissionais assistenciais. Acrescenta-se a isso o fato de que, atualmente, o cliente de saúde é munido de infor mações por diferentes meios de comunicação e está exigindo cada vez mais a qualidade dos serviços. Por meio da aplicação de conceitos inerentes à excelência de gestão, inúmeras organizações de diferentes segmentos têm obtido excelentes resultados. Para o complexo sistema de saúde é necessária a adoção de um modelo que per mita uma visão holística da gestão organizacional, a eficiência do uso dos recursos, o compromisso com a segurança e a qualidade do cuidado, além da garantia de um ambiente seguro aos pacientes e profissionais. Por fim, um modelo de gestão eficiente é capaz de gerar essa ação transfor madora para garantir uma melhor condição de vida a toda a população brasileira. OUTUBRO DE 2014
113
ONCOLOGIA
!"# & ) ( ! ' & % $ $ . # * ! , *+$& 114
OUTUBRO DE 2014
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+#,-%%#&%(.$,#
OUTUBRO DE 2014
115
ONCOLOGIA
!"#$%&'()*)+,)*) #-,.#+*"#',)/0#+*)$ !!!"#$%&'#$()"*+,"-(
D
entro de dez ou quinze
pacientes, com uma infraestrutura mais
anos, o câncer deverá
capacitada e melhor rentabilidade, es-
ser a doença que mais
tarão mais aptos a se estabelecerem no
matará no Brasil. Es-
mercado”, analisa Evanius Wiermann,
timativas mostram que poderá superar
presidente da S ociedade Brasileira de
os problemas cardiovasculares, que hoje
Oncologia Clínica (SB O C).
constituem a principal causa de morte no País. Entre 2014 e 2015, deverão ocorrer
O oncolog ist a e diretor cient íf ico do
aproximadamente 576 mil novos casos, de
Inst ituto Oncogui a, R afael Ka li ks, aind a
acordo com dados do Instituto Nacional
e x plic a que o di ag nóst ico e t rat amento
do Câncer (INCA). Por causa do aumen-
do p aci e nte oncol ó g i co tê m um p e r-
to na demanda e em função da alta com-
f i l de a lt a complexid ade, ou s ej a, o s eu
plexidade do tratamento oncológico, com
t r at amento envolve pro ce di mento s com -
consequente alta rentabilidade, hospitais
pl exos e, assim, rent áveis p ara hospit ais
brasileiros têm investido na construção de
pr ivados, do p onto de v ist a cir úrg ico,
novos centros voltados exclusivamente ao
quimioterápico e radioterápico.
câncer, além de aprimorar suas instalações e equipamentos com objetivo de oferecer melhor atendimento e tratamento.
“Muitos hospitais do Brasil estão fechando áreas de obstetrícias, entre outras áreas, porque não são tão lucrativas. A paciente
“A epidemiologia é clara sobre o au-
se interna durante dois dias para um parto
mento da incidência da doença entre os
normal ou procedimento de cesariana, por
brasileiros. Desta forma, aqueles que se
exemplo, que é relativamente rápido. Isso
apresentam mais aptos e preparados para
não traz retorno financeiro suficiente. Os
trazerem um atendimento holístico aos
hospitais estão realmente investindo em
116
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*
Rafael Kaliks: Tratar câncer é extremamente caro, mas prevenir é extremamente barato. O governo e operadoras deveriam fazer um grande esforço para conscientizar e educar a população sobre prevenção
oncologia, pois é uma área potencialmente
dos transplantes de medula óssea. No lo-
muito mais rentável”.
cal, haverá ainda 37 salas de quimioterapia privadas com banheiro próprio, 17 con-
Depois de inaugurar em 2013 o centro
sultório, amplo centro de diagnósticos e
Oncólogico Antonio Ermírio de Moraes,
pronto-socorro com ala dedicada apenas
um dos núcleos de excelência de trata-
ao paciente oncológico.
mento do câncer no Brasil, a Beneficência Portuguesa de São Paulo investe agora
Atualmente, 450 pacientes fazem trata-
na construção de uma segunda torre para
mento quimioterápico por mês no São José.
expandir as instalações do Hospital São
O objetivo é dobrar o número de atendi-
José. De acordo com o oncologista Antônio
mentos em cinco anos. Segundo Buzaid,
Carlos Buzaid, chefe-geral do centro On-
o investimento foi feito “para reduzir as
cológico Antonio Ermírio de Moraes, nessa
perdas da Beneficência Portuguesa, insti-
nova construção estão sendo gastos R$ 100
tuição filantrópica em que o SUS é preva-
milhões, e sua inauguração está prevista
lente no atendimento. Essa torre foi criada
para o fim do primeiro semestre de 2015. O
para ser lucrativa”.
centro compreende não só o Hospital São José, mas também o bloco V da Beneficên-
Criada pelos oncologistas Buzaid e Raul
cia Portuguesa, destinado para pacientes
Cutait, no Hospital Sírio Libanês, de São
de convênios, afirma Buzaid.
Paulo, a área de tratamento e combate ao câncer é uma das referências no setor e está
O novo prédio será exclusivamente ded-
entre os pioneiros em oferecer tratamentos
icado ao tratamento do câncer e terá dez
clínicos, de hematologia, transplante de
andares e quatro subsolos, além de um dos
medula óssea e radioterapia. Desde o final
andares ser exclusivo para a realização
de 2010, o Centro de Oncologia do hospiOUTUBRO DE 2014
117
ONCOLOGIA
tal ocupa dois andares da principal uni-
de terapias que atingem com mais exatidão
dade da capital paulista. Com investimento
os tumores, diminuindo a dose de radiação
de R$ 35 milhões, o local ainda possui
sobre os tecidos sadios. O v a lor p ossibi-
serviços de hospital-dia, centro cirúrgico
l itou a e nt rad a de e quip ame nto s de ú l -
e um Centro de Diagnósticos por Imagem
t i ma geraç ão e, em p ouco temp o, o ho s -
(CDI), além de ter feito parceria com um
pit a l esp era re ceb er 50% dos p acientes
dos principais centros de pesquisa da área,
prove ni e nte s do i nte r i or e de out ro s e s -
o Memorial Sloan Kettering Cancer Center em Nova York, nos Estados Unidos.
Há dois anos, também estabeleceu um acordo de gestão técnica com o Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, e os pacientes de lá passam a contar com o atendimento por médicos do hospital.
“Muitos hospitais do Brasil estão fechando áreas de obstetrícias, entre outras áreas, porque não são tão lucrativas” – Rafael Kaliks, do Instituto Oncoguia
Outro caso é o do Hospi-
t ad o s , a l é m d e 5 0 % d e mor adore s d a Grande São Pau l o.
Uma das referências em oncologia, o Hospital Israelita Albert Einstein também vem apresentando um aumento significativo na área física e em equipamentos de última geração para cirurgia oncológica e radioterapia. A entidade estabeleceu um vínculo nas áreas de assistência e pesquisa em
tal Santa Catarina, também de São Paulo.
oncologia com o maior hospital de câncer
A instituição investiu R$ 20 milhões para
dos EUA, o MD Anderson Câncer Center.
estruturar e equipar a área composta por radiocirurgia e radioterapia de alta pre-
Para também absorver o número cres-
cisão. O serviço possibilita um conjunto
cente de pacientes com câncer, o Instituto
118
OUTUBRO DE 2014
!"#$%$#&'()'*#&+&*,%#*-$-*)%*&'$#./& -$0&1#*2*)3#&+&*,%#*-$-*)%*&4$#$%.5& 6&7.2*#).&*&.1*#$8.#$0&8*2*#3$-&9$:*#& ;-&7#$)8*&*09.#<.&1$#$&'.)0'3*)%3:$#&*& *8;'$#&$&1.1;=$<>.&0.4#*&1#*2*)<>.?& @&A$9$*=&B$=3C0/&8.&D)0%3%;%.&6)'.7;3$ do Câncer do Hospital Mãe de Deus, no
e tratamento no SUS”, reflete. De acordo
Rio Grande do Sul, já tem projeto de erguer
com o médico, “o sistema público está ‘de-
uma nova unidade para atendimento de ca-
pauperado’ por baixa remuneração de mé-
sos da doença. Serão investidos cerca de R$
dicos e funcionários, falta de profissionais
70 milhões, conforme explica Carlos Bar-
para atender a demanda, falta de equipa-
rios, oncologista clínico e gestor do insti-
mentos e de modernização de toda praça
tuto gaúcho. “Isso está alinhado com uma
instalada em oncologia. O governo até au-
determinação da ONU que chamou atenção
mentou os gastos com oncologia nos últi-
de todos os governos sobre o impacto das
mos anos, mas ainda é insuficiente. Além
doenças crônicas degenerativas no mundo”,
disso, mesmo com investimentos, o setor
diz. “O câncer é a mais importante delas, já
público sofre com a tradicional burocracia
que será responsável por 60% das mortes
e morosidade do serviço público. Há raras
nos próximos 20 anos”, complementa.
exceções de excelência, como o ICESP e o Hospital de Câncer de Barretos, entre out-
Hoje, o instituto gaúcho realiza cerca
ros poucos, mas eles representam menos
de 20 mil tratamentos por ano e o obje-
de 10% da atenção oncológica no SUS, e já
tivo é que este número salte para 40 mil
estão sobrecarregados.”
segundo o gestor. O cenário de for te investimento dos hospitais privados não se repete, porém, na área pública.
Apesar disso, o governo tem gasto cifras elevadas no tratamento do câncer no Brasil. No ano passado, o Ministério da Saúde
Para Kaliks, “no setor público, infeliz-
investiu R$ 2,8 bilhões com procedimen-
mente, os investimentos feitos não aten-
tos de tratamento da oncologia e, em 2012,
dem as necessidades dos 75% da população
foram 2,4 bilhões. Comparado a 2012, no
que continua dependendo de diagnóstico
ano passado, houve um aumento de 16%. OUTUBRO DE 2014
119
ONCOLOGIA
!"#$%&'()#*'#+(),'*-&'$.)/#('01,-)$1*)/# DR FkQFHU UHDOL]DGRV SRU EHQHÀFLiULRV .2&#,('/,-*)#1#$34'-/#'0'41*)/5# 6#7$.8$-)#91(0)/#7::1.'+1)0;#*1#7:(1&<'# Em 2013, foram realizados 281,8 mil
cologistas em 2011, e esse número saltou
procedimentos cirúrgicos relacionados a
para 983.948 mil em 2012. Um aumento de
pessoas internadas com câncer. Ainda no
7,2%. Ainda segundo a associação, 313 mil
mesmo ano, foram feitas pelo Sistema Úni-
beneficiários foram internados por câncer
co de Saúde (SUS), 10,1 milhões de sessões
em 2012. Além disso, as internações tam-
de radioterapias e 2,7 milhões de quimi-
bém foram as que mais cresceram no
oterapias, além de 10,2 milhões de exames
período entre 2011 e 2012, registrando
citopatológicos e mais de 4,3 milhões de mamografias - 2,3 milhões na faixa etária dos 50 a 69 anos.
Já em relação aos planos de saúde, “o número de procedimentos relacio-
“Os custos das novas drogas estão cada vez mais altos dado às crescentes demandas da pesquisa clínica e aos curtos prazos de patente estabelecidos”
nados ao câncer realizados por beneficiários têm
– Evanius Wiermann, da SBOC
crescido a níveis elevados”,
salto de 5,8% de um ano para o outro.
Dentre
os
principais
tipos de neoplasias, comparando dados de 2011 e 2012, as internações por câncer
de
mama
regis-
traram a maior taxa de crescimento
12,0%,
sal-
tou de 30.505 mil inter-
afirmou o diretor da Abramge (Asso-
nações para 34.179, seguida pelo câncer
ciação Brasileira de Medicina de Grupo),
de próstata que saiu das 14.628 mil para
Antônio Carlos Abbatepaol.
15.483, aumento de 5,8%; cólo de útero com 23.436 em 2011 para 24.656 em 2012
Dados mais recentes divulgados pela
(5,2% a mais) e cólon e reto que internou
associação mostram que foram realizadas
pelos planos 29.377 em 2011 e 30.611 em
917.551 mil consultas com médicos on-
2012 (4,2% a mais).
120
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'()*
Dr Buzaid: Beneficência Portuguesa de São Paulo investe agora na construção de uma segunda torre para expandir as instalações do Hospital São José
O diretor da Abramge afirma que a escalada crescente de ações levadas à Justiça tem consumido os recursos das operadoras
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de planos de saúde, ou seja, cerca de 1% do faturamento anual das empresas. “Os medicamentos importados sem registro na An-
A evolução do tratamento do câncer no
visa estão no topo da lista de motivos que
Brasil depende da realização e validação
levam os beneficiários a recorrerem aos
das pesquisas clínicas. Segundo estudos re-
tribunais. No final, quem acaba pagando a
centes, o Brasil é um dos países com maior
conta é a sociedade brasileira”, disse.
morosidade na aprovação de protocolos de pesquisas clínicas. Uma análise do tempo
O pre s i d e nt e d a SB O C t a mb é m re s -
para aprovação em cada país selecionado
s a lt a q u e “o s c u s t o s d a s n ov a s d ro g a s
para o estudo ALTTO (The Adjuvant Lapa-
e s t ã o c a d a v e z m a i s a lt o d a d o à s c re s -
tinib And/Or Trastuzumab Treatment Opti-
c e nt e s d e m a n d a s d a p e s q u i s a c l í n i c a e
misation) mostrou que os países da América
a o s c u r t o s pr a z o s d e p at e nt e e s t a b e l -
Latina foram os que mais se atrasaram neste
e c i d o s . D a m e s m a m a n e i r a , a on c o l o -
processo e o Brasil em especial levou três ou
g i a t e m c a m i n h a d o p a r a u m a d i re ç ã o
quatro vezes mais tempo se comparado aos
on d e o s t r at a m e nt o s s ã o m a i s i n d i v i du -
países europeus e Estados Unidos. Dados na-
a l i z a d o s p or m e i o d a i d e nt i f i c a ç ã o d e
cionais obtidos juntos ao Grupo Cooperativo
bi om a rc a d ore s , q u e p e r m it e m q u e a s
Oncológico Latino Americano (LACOG)
d o e n ç a s s e j a m t r at a d a s d e m a n e i r a m a i s
mostram que, entre seus diversos estudos,
p e r s on a l i z a d a , re s t r i n g i n d o a s s i m a s
um tempo médio de um pouco menos de um
i n d i c a ç õ e s t e r ap ê ut i c a s .”
ano foi dispensado para esta aprovação. OUTUBRO DE 2014
121
ONCOLOGIA
D e a c ord o c om a g e rê n c i a g e r a l d e
De acordo com Evanius, nos países europeus e Estados Unidos, o tempo de es-
m e d i c a m e nt o s
da
pera gira em torno de um a dois meses. Na
de
S a n it á r i a
aprovação de novos medicamentos, tam-
aprov a ç ã o p a r a p e s qu i s a c l í n i c a c om
bém há morosidade, explica o coordena-
m e d i c a m e nt o s a nt i n e op l á s i c o s n o Pa í s
dor da Aliança Pesquisa Clínica, Eduardo
o c or re d e a c ord o c om a R D C 3 9 / 2 0 0 8
Motti. “A regulação brasileira é muito bu-
q u e t e m c om o pr a z o 1 8 0 d i a s , c om
rocrática e demorada. Com isso, afugenta
d o s s i ê d e d e s e nv o l v i m e nt o c l í n i c o d e
a indústria farmacêutica de fazer as pes-
m e d i c a m e nt o av a l i a d o e m at é 9 0 d i a s .
quisas no Brasil, porque como a pesquisa
Há p o s s i bi l i d a d e d e s o l i c it a ç ã o d e pr i -
hoje é atividade global feita com a mesma
or i z a ç ã o qu e , qu a n d o d e f e r i d a , d e t e r-
maneira e qualidade em qualquer país.”
m i n a qu e a a n á l i s e d o p e d i d o s e i n i c i e
Vi g i l â n c i a
Ag ê n c i a
Na c i on a l
( A nv i s a ) ,
a
e m 7 5 ou 9 0 d i a s ap ó s a pu b l i c a ç ã o d a No País, a primeira etapa desse processo começa com a tradução de documen-
d e c i s ã o n o s c a s o s d e re g i s t ro ou p ó s re g i s t ro, re s p e c t i v a m e nt e .
tos vindos do exterior, depois segue para a aprovação no C omitê de Ética e Pes-
Além das pesquisas clínicas, um dos desafi-
quisa (CEP), posteriormente C omissão
os para o tratamento do câncer no Brasil é fazer
Nacional de Ética em Pesquisa (C onep)
com que os pacientes tenham acesso a terapias
concomitante a aprovação técnica da
modernas. Hoje, há um gargalo na aprovação
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
de medicamentos, e em muitas instâncias, con-
(Anvisa). Todo o trâmite chega a ultra-
trariando o que ocorre com as mesmas medi-
passar um ano.
cações no resto do mundo, podem não receber o registro da Anvisa. Na opinião do chefe-geral
C om a fuga dos investimentos, o im-
do centro Oncólogico Antonio Ermírio de Mo-
pacto é muito negativo em todos os
raes, “é surpreendente que uma agência regu-
setores, pois “os pacientes que poderiam
latória demore tanto tempo para deliberar uma
ter acesso a novos tratamentos não terão,
droga que já é aprovada na Europa e Estados
também não haverá pesquisa com perf il
Unidos, como se eles fossem países subdesen-
genético do brasileiro que é muito impor-
volvidos sem nenhuma experiência em avaliar
tante, e em termos econômicos, o Brasil
o desenho e a condução de protocolos clínicos
poderia receber investimento da ordem
que levaram à aprovação da droga nesses paí-
de bilhões de dólares”, explica Motti.
ses. Isso é um absurdo intelectual.”
122
OUTUBRO DE 2014
Apesar da situação crítica, o coordenador
tratamentos por conta da burocracia e os
da Aliança Pesquisas Clínicas é otimista e
gastos muito altos com a oncologia, falta
afirma que é possível melhorar esse panora-
no País um foco em outro aspecto relacio-
ma com vontade política. “O Brasil tem todas
nado ao câncer: a prevenção. “Tratar câncer
as condições para fazer as pesquisas como
é extremamente caro, mas prevenir é extre-
qualquer país desenvolvido. Não precisamos
mamente barato. O governo e operadoras
de muitas mudanças na regulação, mas pre-
deveriam fazer um grande esforço para con-
cisamos de mais técnicos e boa vontade das
scientizar e educar a população sobre pre-
pessoas em Brasília. Se elas entendessem que
venção. Esta começa por não fumar, praticar
fazer pesquisa é bom para todo mundo, rapi-
exercícios, ter uma dieta balanceada e evitar
damente poderia ser resolvido.” Durante participação no 1° Congresso Todos Juntos contra o Câncer, realizado no fim de setembro em São Paulo, Claudiosvam
Martins
Alves
de Souza, da Grimed (Gerência de Avaliação de Tecnologia de Registros de Medicamentos Sintéticos) da Anvisa, afirmou que o “processo de registro realmente não é fácil”. Até maio
a obesidade. Estas medidas têm
“Para reduzir as perdas da Beneficência Portuguesa, instituição filantrópica em que o SUS é prevalente no atendimento. Essa torre foi criada para ser lucrativa” – Carlos Buzaid, do centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes da BPSP
deste ano, havia uma equipe
de se tornar uma obcessão, pois sem elas certamente teremos um tsunami de casos de câncer, conforme nossa população for envelhecendo”, afirma Kaliks. “Estas questões necessárias à prevenção deveriam ser abordadas agressivamente desde a infância. Se você retirar o fator obesidade na população (que vem na carona da inatividade física e má alimentação), você
sete servidores analisando os dossiês para
retira de 20 a 30% de casos novos de câncer.
registro. “Tem-se muito que melhorar e
Até o momento, o governo fez muito pouco,
a agência tem ciência e clareza disso, que
como publicar cartilhas com orientações de
é necessário minimizar e adequar esses
dietas saudáveis e recomendando a prática
problemas temos nos empenhado muito.”
de atividades físicas. Você acha que quem se sente saudável lê cartilha do governo publi-
Além da dificuldade de acesso a novos
cada pelo Ministério da Saúde?” OUTUBRO DE 2014
123
Entre 2014 e 2015, dever찾o ocorrer aproximadamente 576 mil novos casos, de acordo com dados do Instituto Nacional do C창ncer (INCA)
SUSTENTABILIDADE
Serviços em saúde: a chave da equação Enquanto isso, em algum hospital do Brasil: - Acabei fazendo enfermagem porque precisava trabalhar, mas não gosto de ficar limpando esses pacientes, com esse ar de doença que tem aqui. O dono só pensa em ganhar dinheiro às nossas custas e ainda quer falar que é sustentável! Tá bom! - Pois é! Ainda inventou um treinamento bem no dia da folga! Aquele povo falando e eu não entendo nada! Só queria estar em casa... Poderíamos fazer uma tese de mestrado com esse diálogo, não? Duvido que não tenha colaboradores com esse perfil na sua empresa. A base da equação de excelência dos serviços de saúde está na busca da qualidade em tudo. Cada vez mais entende-se que treinamento não é evento de um dia e um estudo passivo. Ainda mais quando se fala em aprendizagem de adultos. Esse tema precisa ser levado muito a sério. Após diversos diagnósticos em organizações de diversos setores, o impacto do resultado sempre resvala na gestão de pessoas. Uma estratégia de sustentabilidade bem sucedida tem que ser entendida pelos profissionais em todas as escalas. O primeiro passo para isso é identificar o que é ser sustentável para o seu negócio. Quais são as áreas de maior impacto negativo? O que tornará a empresa mais rentável e lucrativa? Esse é o dever número um de qualquer companhia. Após esta definição, como encontrar as melhores pessoas para fazer parte do time? A resposta não é simples e tampouco de solução rápida. A sustentabilidade pede uma visão de longo prazo e um comprometimento real com o desenvolvimento dessas pessoas. Sem deixar de olhar para as demandas de curto prazo, é claro, pois a empresa precisa andar! 126
OUTUBRO DE 2014
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Treinamento e vigilância são, de fato, mandatórios para medir resultados e poder aprimorá-los com o tempo. Mas há algo antes e que começa na seleção e recrutamento: saber se o candidato gosta da área é imprescindível e o selecionador deve ter esse espírito e essa sensibilidade. É possível! Após isso, a meta é fazer um vínculo entre as causas do colaborador e as da própria empresa. Muitas vezes as pessoas não são muito qualificadas profissionalmente. A maioria não teve acesso aos estudos e conhecimentos, ou talvez pense mais em dinheiro por não ter as necessidades básicas atendidas completamente. O direcionamento e esclarecimento de como elas podem chegar aos objetivos com o trabalho demonstram um interesse genuíno por parte do empregador e acaba se tornando um trabalho social com seu público interno, algo que deveria ser obrigatório. Precisamos desenvolver as pessoas – é uma questão de se comprometer com a necessidade do próprio negócio, da sociedade e do país. Precisamos de gente melhor preparada, engajada e que nos traga melhores resultados de forma que todos estejam satisfeitos. Isso demanda tempo e investimento, porém os ganhos são incalculáveis. Outra questão importante é a transparência. São passíveis de ocorrer imprevistos, erros e más interpretações de ambas as partes (empregado e empregador) nesse processo, mas tratar a questão de forma natural e verdadeira costuma render bons frutos. No caso de sua empresa ainda não dispor de verba para fazer adequadamente esse tipo de investimento, planejar, compartilhar e dialogar sobre as intenções que elevam o patamar do negócio é um bom começo. Hoje, as pessoas buscam existência, algo que as façam levantar cedo da cama e enfrentar duas horas no trânsito para chegar ao trabalho. Elas almejam sentido (que na saúde já se encontra muito pela nobreza do próprio setor), mas querem mais. O mundo anda complexo e esse sentido é fundamental para qualquer ser humano. Vamos girar essa chave? OUTUBRO DE 2014
127
!"#$#%&'()( *+#%,-#-)( )( . ,-# !"#$%&"'"()##*+,-. ASAP
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A
!"#$%&'(")*#(*+%,$
ulas de canto, exer-
dores. A iniciativa contempla seis dimen-
cícios, dança, karatê,
sões do bem-estar definidos pelo National
academia antiestresse,
Wellness Institute: ocupacional, emocional,
coaching de saúde e
física, espiritual, intelectual e social.
bem-estar, oficinas de nutrição saudável, análise ergonômica, cinesioterapia labo-
De acordo com Rodrigo Bornhausen De-
ral, grupo de gestantes, consultas médicas
march, gerente de qualidade de vida e saúde
e de enfermagem, avaliações nutricionais e
do HAOC, em 2009, surgiu a necessidade
psicológicas, gerenciamento de condições
de estruturar um programa de qualidade
crônicas de saúde, combate ao tabagismo e
de vida ao colaborador e estabelecer uma
palestras. Imagine ter à disposição essas e
parceria com evidências científicas. Foi en-
outras atividades em um só lugar: o ambi-
tão que ele chegou ao Health Improvement
ente de trabalho.
Program (HIP), do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medici-
Isso acontece no Hospital Alemão Oswal-
na de Stanford, no oeste dos Estados Uni-
do Cruz (HAOC), em São Paulo, graças ao
dos, responsável por produção científica e
Programa Bem-Estar, que visa promoção
desenvolvimento de programas educacio-
de saúde e qualidade de vida dos colabora-
nais na área preventiva.
130
OUTUBRO DE 2014
“O HIP trabalha com os grandes pilares da promoção à saúde, como ativi-
aos nossos pacientes e familiares”, considera o gerente.
dade física, nutrição, gerenciamento do estresse, cessação do tabagismo, espiritualidade e gerenciamento de peso. O que norteia o desenvolvimento de seus programas é a ênfase que existe na ciência comportamental, sendo esse também um
E o investimento foi alto: R$ 2 milhões, sem considerar o custo operacional do programa, apenas o valor de implantação – a ida à Stanford, o licenciamento de ferramentas e conteúdo – como o Gesto Inteligense, ferramenta de BI adotada pelo hospital e pro-
dos principais pilares do nosso Programa
duzida pela Gesto Saúde e tecnologia –, a
Bem-Estar e o grande diferencial do que
consultoria da universidade, a contratação e
fazemos”, aponta Demarch.
o treinamento de novos profissionais.
Com 117 anos de história, o HAOC car-
Desafio
rega em sua essência o cuidado e a valorização do colaborador. “Temos isso em nosso
Implantar e disseminar uma cultura de
DNA. Cuidar das pessoas que aqui traba-
bem-estar e qualidade de vida em uma or-
lham é algo não apenas necessário, mas vo-
ganização é um desafio, um processo de
cacional. É o nosso jeito de ser. Cuidamos
mudança, sensibilização e engajamento que
de quem cuida e esse é nosso mote. Sendo
envolve diretoria, lideranças e funcionários.
assim, nada mais lógico do que investir e
Fazer com que as pessoas permaneçam en-
desenvolver uma área especifica dentro da
volvidas é outra luta. E, para isso, a reno-
instituição que possa elevar essa vocação ao
vação de atividades e serviços dentro do
mesmo nível da assistência que prestamos
Programa Bem-Estar precisa ser constante.
OUTUBRO DE 2014
131
ASAP
“É como se tivéssemos que nos reinventar a
para comportar mais consultórios e salas de
cada ano. O que deu certo permanece, o que
coaching e de apoio à amamentação; a Área de
tem potencial é aperfeiçoado e aquilo que não
Lazer foi reestruturada, com expansão das salas
funcionou simplesmente é descartado. É uma
de musculação e ginástica; o jardim em frente
construção constante”, revela Demarch.
ao prédio mais antigo do hospital foi reformado e transformado no “Bosque Bem-Estar” – com
Um exemplo disso é o Gerar, um grupo
pista para caminhada, bancos para descanso e
criado especialmente para gestantes, que sur-
tablado de madeira (deck) onde são realizadas
giu de forma colaborativa e por demanda de
aulas de yoga e ginástica laboral.
um gestor que precisava de apoio com quatro grávidas no setor. A iniciativa evoluiu e os ben-
Engajamento
efícios foram estendidos às esposas gestantes dos colaboradores. Hoje, ao darem à luz, as par-
O sucesso do programa e o engajamento de
ticipantes contam com um telefone 0800 para
quem trabalha na instituição revelam números
tirarem dúvidas, recebem um kit para coleta de
animadores. Hoje, 75% dos colaboradores fazem
leite materno, além de acompanhamento men-
parte do Programa Bem-Estar. Mais de 700 pes-
sal com enfermeira obstetra e avaliação com
soas estão matriculadas na academia, com taxa de
médico do trabalho para análise de eventuais
frequência entre 85% e 90%. E, nos últimos quatro
riscos ocupacionais.
anos, mais de 90% dos funcionários preencheram o questionário do Sistema de Avaliação do Bem-
A estruturação e evolução do Programa
Estar (Sabes) e passaram pela Consulta Bem-
também gerou a criação de novos espaços: o
Estar, quando o médico discute estratégias para o
CASC ganhou 100 metros quadrados de área
início do processo de mudança.
132
OUTUBRO DE 2014
C on f or m e e x p l i c a D e m a rc h , o S a b e s
“Is s o f oi p o s s í v e l p orq u e n o s s o P ro -
é u m a f e r r a m e nt a t r a z i d a d e St a n f ord
g r a m a f a z a g e s t ã o d e s aú d e p opu l a -
e
ut i l i z a d a
c om
e x c lu s i v i d a d e
pelo
HAO C n o B r a s i l . “C on s i s t e e m u m qu e s t i on á r i o b a s e a d o n a w e b q u e c o l e t a d a d o s d o i n d i v í du o e m re l a ç ã o a h á bi t o s d e v i d a e h i s t ór i c o f a m i l i a r, a s s i m c om o av a l i a s u a pront i d ã o p a r a mu d a n ç a d e c omp or t a m e nt o. No f i n a l , u m re l at ór i o d e m on s t r a c om o e s s e e s t i l o d e v i d a i mp a c t a p o s it i v a ou n e g at i v a m e nt e n a s aú d e d a p e s s o a .”
Impacto Pe qu e nas mu d anç as p o d e m o c as i onar
c i on a l , c om g e re n c i a m e nt o d e c a s o s c rôn i c o s e d e a lt o c u s t o. To d a s e s s a s a ç õ e s c onju nt a s a c a b a r a m re f l e t i n d o n a s i n i s t r a l i d a d e”, re s s a lt a o g e re nt e d e q u a l i d a d e d e v i d a e s aú d e .
Reconhecimento O profissionalismo e a consistência das atividades desenvolvidas dentro do Programa B em-Estar ganharam o reconhecimento de dois prêmios: o Prêmio
g r and e s i mp a c to s – e e m to d o o s iste ma .
Nacional de Qualidade de Vida, na ca-
Par a s e te r u ma i d e i a , e m c i nc o ano s , a
tegoria Ouro, concedido pela Associação
si n ist r a l i d a d e d o s pl ano s d e s aú d e d o s
Brasileira de Qualidade de Vida, no Ci-
col ab or a d ore s d o HAO C c aiu d e 8 4 %
clo 2012; e Prêmio Saúde, na categoria
p ar a 7 0 % . Ta l qu e d a p e r m it iu o c or te d o ú lt i mo re ajuste anu a l d e ss e s pl ano s , o qu e re su ltou, p or s i s ó, e m u ma e c onom i a s i g n i f i c at iv a p ar a o ho spit a l, c e rc a de R $ 1 5 m i l hõ es , j á qu e a mé di a de re a juste d o me rc a d o foi d e 1 6 % .
Saúde nas Empresas, concedido pela Editoria Abril em 2013. “Esses prêmios são o reconhecimento externo do trabalho que internamente já era extremamente valorizado”, finaliza Demarch.
OUTUBRO DE 2014
133
ASAP
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OUTUBRO DE 2014
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O mês de setembro foi a data de mais um grande encontro dos líderes da saúde promovido pela Healthers. Desta vez foram os CFOs que se reuniram no 2º Fórum de Finanças para a Saúde para discutir os problemas e encontrar as melhores soluções para o setor. Mais de 80 participantes prestigiaram o evento realizado no auditório do Senac Aclimação, em São Paulo. O doutor em administração pela FEA-USP, Carlos Honorato, abriu os debates do dia apresento aos convidados um panorama geral da economia nacional e internacional, trazendo também as perspectivas do cenário econômico para 2015. “Vivemos uma crise de confiança: expectativa do governo Vs expectativas do mercado”. Ao comparar Brasil e China, dados mostrados pelo economista mostram que mais de 60% do PIB de nosso país é fruto do consumo da população, enquanto no gigante asiático esse número é de apenas 32%. Para o próximo ano, após as eleições, Honorato vê como estratégias fundamentais para a economia uma melhora nos gastos do governo, viabilizar um ambiente de negócios favorável e investimento em infraestrutura, principalmente no que diz respeito à educação. Na palestra “Como buscar melhores resultados”, o diretor de management consulting da PwC, Bruno Pimentel Maciel, destacou a falta de profissionais qualificados no mercado e a necessidade de investir no desenvolvimento de novos talentos, em estratégia, diferenciação comercial e, principalmente, em tecnologia. “A solução da produtividade e da eficiência tem que passar pelo assunto da tecnologia”. Maciel completa afirmando que a gestão só funciona se existir equilíbrio entre os três pilares: metas viáveis e desafiadoras, método e mérito. O painel especial de debates contou com o tema: o que as instituições de saúde podem fazer em cenários tão instáveis, e teve a participação de Carlos Bressiani, superintendente executivo de finanças da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Diniz Conde, superintendente de finanças da Unimed Paulistana e Gilberto Vicente de Souza, gerente geral de controladoria do GRAACC. “Temos que gerar caixa suficiente para enfrentar momentos difíceis e continuar investimento o setor de saúde tem que estar investindo sempre”, disse o superintendente da Beneficência Portuguesa. O encontro discutiu, ainda, os impactos da nova lei anticorrupção para as empresas, com apresentação do advogado Eduardo Nobre, responsável pela área de direito público do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados. Gilberto Vicente, gerente geral de controladoria do GRAACC falou sobre o modelo de captação e utilização de recursos da instituição, que conta com a remuneração do SUS e de Convênios, além das doações. 136
OUTUBRO DE 2014
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137
FÃ&#x201C;RUM
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138
OUTUBRO DE 2014
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OUTUBRO DE 2014
139
JANTAR HEALTHERS
!"#$%&'($)&"$%"*#+,"#$.+//-$0$*&+# Último jantar promovido pela Healthers contou com cerca de 60 executivos do setor e foi recheado de oportunidades e novos contatos !"#$%&'()"$*+)"!,
Não há nada mais paulistano do que reunir os amigos para comer uma pizza, trocar algumas ideias e beber um bom vinho. Além de rever os amigos, também é uma ótima oportunidade de reforçar a lista de contatos e, por que não, iniciar alguns diálogos que podem render frutos no futuro. Esse foi um dos objetivos da Healthers em seu 7º encontro com executivos do setor da saúde. Trocar os tradicionais restaurantes por uma boa pizza deu um ar mais informal ao encontro, mas sem perder a exclusividade e a oportunidade de conhecer novos pares da saúde. Ocorrido em agosto, na pizzaria Veridiana, no bairro dos Jardins, em São Paulo, o evento reuniu cerca de 60 executivos da área da saúde, entre eles o secretario de Estado da Saúde de São Paulo, Davi Uip, Rodrigo Lopes do Grupo Saúde Bandeirantes, Carlos Lotfi, do Hospital São Luiz unidade Anália Franco e Antônio Cascão, do Hospital Sírio Libanês. A seguir, confira algumas imagens do último encontro promovido pela Healthers.
140
OUTUBRO DE 2014
Thiago Ventura animou os convidados com uma apresentação de stand up
Luiza Watanabe Dal Ben, executiva da Dal Bem Homecare
Alberto Leito, CEO da Healthers, abriu as apresentações da noite
Jantar contou com executivos da indústria de saúde e hospitais
OUTUBRO DE 2014
141
JANTAR HEALTHERS
O evento contou com cerca de 60 executivos da área da saúde
Davi Uipe, Secretário de Estado da Saúde de São Paulo
O jantar foi uma ótima oportunidade de reforça o networking
Não há nada mais paulistano do que uma reunião de amigos em uma pizzaria
O 7º encontro com executivos do setor de saúde foi na pizzaria Veridiana, no bairro dos Jardins
Comer uma pizza e tomar um bom vinho deixou o clima mais descontraído entre os convidados. 142
OUTUBRO DE 2014
CASE
!"#$%&'%# ()*+'%,"* -.#&"/ Uma realidade perfeitamente possĂvel
144
OUTUBRO DE 2014
!"#$"#"%"&'(%#%')&#*$(%+,)*)&-#&#,'-(,($,./&-#0&1*'(*"# 2*')&,+*-#-%2+&#*#0$(*#3%+#"*,-#+&4$+-%-#'*#-*5)&6#3%$4%-# &'7&+8*"#$"*#"*'&,+*#)&#9*:&+#"*,-6#3%+#"&'%-6#*0;"#)&# "&0<%+*+#*#=$*0,)*)&#&#)&"%4+*(,:*+#%#*4&--%#>#-*5)& !"#$%&'(&)*+,#(+'-%#
H
á décadas, a luta por
leitos. A ideia, é realizar procedimentos
mais recursos para o fi-
de média e alta complexidade como, ci-
nanciamento da saúde
rurgias de substituição de quadril, neuro-
pública e privada tem
cirurgias, angioplastias entre outras por
sido uma bandeira levantada por execu-
cerca de 40% do custo que seria cobrado
tivos e figuras públicas desse segmento.
nos Estados Unidos, mas com a opção de
Porém, mesmo com frentes de trabalhos
recuperação em um paraíso tropical antes
e muita vontade de mudar esse cenário,
de retornar para a América.
pouco foi feito e essa realidade assombrará cada vez mais o setor.
Esse modelo é baseado em nove hospitais indianos de baixo custo, que atendem
Em um momento onde os custos dos
a este conceito, não por serem de má
ser viços de saúde ameaçam falir governos
qualidade, ao contrário, muitos deles
por todo o mundo, países como a Índia
possuem acreditação Joint Commission
investem fortemente em hospitais de
International (JCI) ou STI – a equiva-
baixo custo e alta performance.
lente indiana, do Conselho Nacional de Acreditação de Hospitais –, e possuem
Essas instituições vêm realizando procedimentos cirúrgicos cardiológicos, or-
resultados similares ou até melhores que a média dos hospitais norte-americanos.
topédicos, oftalmológicos, renais e oncológicos por cerca de 10% dos custos
O p osicionamento de hospit ais de
desses mesmos procedimentos em hos-
b aixo c usto na Índi a p o de não p are cer
pitais norte americanos, por exemplo. O
su r pre e nd e nte, u ma ve z qu e, s e com-
segredo dessa redução violenta está rela-
p arad a aos EUA, a remuneraç ão dos
cionado a dois fatores: escala produtiva e
prof iss i onais
produção enxuta.
vamente mais b aixa, p or exemplo. No
i ndi ano s
é
s i g ni f i c at i-
e nt anto, out ro s f atore s, como o c us Atualmente, um grupo de médicos in-
to op eraciona l d as inst ituiçõ es, con -
dianos está repetindo o sucesso desse
t r ibui p ara ess a re duç ão de gastos,
modelo nas ilhas Cayman, onde estão con-
i nde p e nde nte d a compl e x i d ade do pro -
struindo um hospital com cerca de 2mil
ce dimento ou esp e ci a lid ade atendid a. OUTUBRO DE 2014
145
Um exemplo dado pelo professor de
explica que a operação dessas instituições
estratégia e negócios internacionais e
está baseada em três conceitos de boas
diretor do C entro de Mercados Emer-
práticas para cortar custos e ainda me-
gentes da Nor theastern University, R avi
lhorar a qualidade do atendimento: sis-
R amamur ti, durante o fór um de líderes
tema de hubs de saúde, revezamento de
para a saúde, promovido pelo Hospital
tarefas e o reaproveitamento de material.
Israelita Albert Einstein, foi a remuneração de prof issionais do cor po clínico
!"#$%&'()%(*+,#
de hospitais cardiológicos indianos que são similares a dos mesmo prof issionais
Com o objetivo de atender à demanda de
nos Estados Unidos, porém, o custo de
saúde das populações mais pobres, os hospi-
cirurgia ainda seria um quinto do valor
tais indianos criaram grandes centros de saúde,
cobrado no país.
próximos de estações de metrô, para facilitar o acesso aos grandes centros de saúde em regiões
A chave para essa economia, aparente-
de grande concentração demográfica ou capi-
mente milagrosa, está relacionada à reali-
tais. Já em áreas menores do país, e mais
dade indiana que, diante das condições de
afastadas foram abertas clínicas menores
extrema pobreza e a grave escassez de re-
que referenciam os pacientes para os hos-
cursos, os hospitais do país tiveram de au-
pitais principais. Essa estrutura, segundo
mentar seu desempenho, agilidade e cria-
Ramamurti, é semelhante ao sistema ae-
tividade para atender o grande volume de
roviário, que distribui o volume de passagei-
pacientes pobres que precisam de cuida-
ros em rotas regionais e internacionais.
dos médicos. Além disso, esses pacientes arcam com cerca de 70% dos custos com
E ste siste ma, f i r me me nte co orde na-
saúde. Consequentemente, esse movimen-
d o, é o pr imeiro p ass o p ara a re duç ão
to por uma operação mais barata e criativa
d e c ustos. O ut ro fator que cont r ibui é
gera uma competição saudável para o setor
a conce nt raç ão d as e sp e ci a l i d ade s mé -
indiano, que tem investido cada vez mais
d ic as div idid as p or cent ros de s aúde e
em saúde de baixo custo, provando que
o us o em es c a l a de e quip amentos mais
isso não é um sonho, mas uma realidade.
c aros, como PET S c ans, tomog raf i as e
Para que isso seja viável, Ramamurti 146
OUTUBRO DE 2014
re ss onânci as. Ao invés de adquir ir um
Devi Shetty: “Nos preocupamos com o número de pessoas podem pagar por esses procedimentos, e se uma solução não é acessível, então ela não é uma solução.”
e qu ip ame nto p ar a c a d a a l d e i a d a Índ i a
táculo comum encontrado está no objetivo
ou re g i ã o, ge r and o b ai x a d e mand a ou
dessa prática, que muitas vezes concen-
re du nd ânc i a d e mate r i a l, os e qu ip a -
tra-se em aumentar o poder de mercado
me nto s s ã o c onc e nt r a d o s e o s e x ame s
de hospitais e operadoras, ao invés de
re fe re nc i a d o s , e v it and o re du nd ânc i a e
melhorar o acesso e reduzir o custo das
au me nt and o o us o dos e qu ip ame ntos .
operações em saúde.
E ste s istema de s e nvolve t amb é m e sp e c i a l ist as ne ss e s c e nt ro s qu e, d i ante
!"#"$%&"'()*+"*(%,"-%.
d a re a l i z a ç ã o d e u m g r and e volu me d e
Outro fator chave de boas práticas
pro c e d i me nto s , p o d e m d e s e nvolve r su as
que contribui para essa redução de cus-
habi l i d a d e s e, automat i c ame nte, i r ã o
tos está na transferência de tarefas menos
mel hor ar e au me nt ar a qu a l i d a d e d o
complexas para profissionais do corpo
s e r v i ç o pre st a d o.
clínico com menor qualificação, deixando apenas para os médicos especialistas lidar
Em contrapartida, nos EUA, institu-
com procedimentos mais complexos.
ições de saúde estão espalhados por todo o país, em uma estrutura descoordenada,
No s ú lt i m o s a n o s , a Ín d i a t e m e n -
duplicando cuidados em muitos lugares
f re nt a d o u m a g r av e c r i s e d e m ã o d e
sem volume suficiente para viabilizar o
o br a qu a l i f i c a d a n a á re a m é d i c a . Pa r a
custo, ou o preço ofertado, para a população. “Enquanto nos EUA, um aparelho de ressonância magnética é usado quatro ou cinco vezes por dia, nesses hospitais indianos, são realizados de 15 a 20 exames diariamente”, acrescenta Ramamurti. Hospitais espalhados por todo EUA têm desenvolvido sistemas similares ao indiano, porém, o número de hubs existentes ainda é insuf iciente. Outro obs-
s a n a r e s s a c r i s e , o s h o s pit a i s t i v e r a m d e m a x i m i z a r s u a s t a re f a s e m e l h or a r c on s i d e r av e l m e nt e o d e s e mp e n h o d e s u a s u n i d a d e s d e s aú d e . Ao m e l h or a r o f o c o n a p a r t e t é c n i c a d o s pro c e d i m e nt o s , e i mp l e m e nt a r pr át i c a s pro du t i v a s d e out ro s s e t ore s d a e c on om i a , a s i n s t itu i ç õ e s d e s aú d e i n d i a n a s t ê m o bt i d o
re s u lt a d o s
s i g n i f i c at i v o s
no
nú m e ro d e pro c e d i m e nt o s re a l i z a d o s . Outro exemplo dado pelo professor da OUTUBRO DE 2014
147
Northeastern University, foi a realização de até cinco cirurgias em uma hora, enquanto e muitos hospitais dos EUA e de outros países como o Brasil são realizados apenas um ou dois procedimentos. E ss a t r ans ferênci a de t are f as ap ont ad a p el o profe ss or, nã o e nvolve u ap e nas os prof iss ionais mé dico s , mas t amb ém e n fer me i ro s . Ap ó s p ass ar at r ibu i ç õ e s d o s mé dicos p ar a o s e n fe r me i ro s e mé d icos d as en fe rmeiras , v ár i o s ho spit ais cr i aram u m n ível d e prof iss ionais p ar amédicos , c om t re i name nto de dois anos ap ós o e n sino mé d i o p ar a r a l i z ar as t are f as cl í n i c as mais rot ine i r as , s i m i l ar a o s auxi l i are s d e e n fe r magem e nc ont r a d o s no Brasi l, mas c om u ma qu a l if ic a ç ã o mel hor.
c e nte s ou até me smo t ransfe r i ndo a l g u mas resp ons abi lid ades p ara os mé dicos, p or ess e mot ivo, qu anto mais qu a lif ic a a e quip e de ap oi o e o s mé di co e sp ec i a list as, menos s erão os cont ingentes assistenci ais d as inst ituiçõ es de s aúde, e v it ando cor tes.
!"#$%&'()*+,#'$ -+)./&0$#.%#12*%)+$ '34)%+$#$%&*5%)2*%)+$ ÀQDQFHLUD WHUHPRV WHU XP PXQGR $'#16&,$*+$5+74#0 HVSHUR TXH LVVR SRVVD DMXGDU R 8,+5)1$#'$ DOJXPD FRLVD µ
“Esses profissionais de saúde encaram a medicina como uma fábrica, treinam pessoas para realizar as tarefas mais simples, para que os médicos se concentrem apenas nos procedimentos mais complexo. Buscam todas as formas de economizar em equipamentos, como utilizar produtos nacionais. E pagam altos salários para manter seus melhores profissionais no país”, ressalta o professor e diretor da Northeastern University.
Tendo em vista a simi– Ravi Ramamurti, laridade de realidade Em u m hospit a l c oda Northeastern University entre Brasil e Índia e demum , o c or p o d e e nfe rterminadas situações, mage m re pre s e nt a mais Ramamurti sugere que: “se combinarem d a met a d e d a forç a d e t r ab a l ho ass is paixão, excelência médica e consciência fitenci a l d a i nst itu i ç ã o e, ge r a l me nte, e m nanceira poderemos ter um mundo melhor cor te s d e c usto s , s ã o e ss e s prof iss i onais na saúde, espero que isso possa ajudar o que s ã o d isp e ns a d o s d e su as f u nç õ e s , Brasil em alguma coisa.” s obre c ar regand o a as e qu ip e s re mane s 148
OUTUBRO DE 2014
!"#$%&'"()#*+&, %"-.%/&/ Grande parte dos custos em uma unidade de saúde está relacionada à compra de materiais, insumos e OPMEs. No centro cirúrgico, segundo Ramamurti, muitos dos materiais usados são geralmente descartados em grande parte dos hospitais mundo afora, porém, em algumas instituições indianas, determinados materiais são reaproveitados, após uma avaliação técnica e os devidos procedimentos de esterilização, se considerados aptos à reutilização. Outra forma de baratear esse custo nos centros cirúrgicos foi incentivar a indústria nacional a desenvolver equipamentos e materiais, como stents e lentes intraoculares por até um quinto do valor de mercado. Consequentemente, a incidência de impostos e a garantia de demanda faz com que o preço destes insumos seja menos que a média do mercado internacional, uma vez que muitos objetos usados são importados. Quando o assunto é a remuneração do corpo clínico, os hospitais indianos aboliram o pagamento por procedimentos, evitando a pratica de cirurgias e outras ações clínicas desnecessárias. Atualmente, são pagos salários fixos aos profissionais, independente do volume de exames, consultas, cirurgias ou visitas.
Ravi Ramamurti em apresentação no Hospital Israelita Albert Einstein
OUTUBRO DE 2014
149
!"#$%&'#("%()*+,-.% Em 2011, o cardiologista indiano e fundador da Narayana Hrudayalaya – cidade da saúde –, em Bangalore, Devi Shetty, anunciou a criação de um hospital cardiológico, em Mysore, com 300 leitos. As instalações custaram aproximadamente 4 milhões de dólares e levaram cerca de cinco meses para ficarem prontas. Em contrapartida, um hospital do mesmo porte, custaria cerca de 30 milhões de dólares e levaria, ao menos, três anos para ser concluído. Shetty teve parte de sua formação na Inglaterra, enquanto trabalhava para o National Health Service (NHS), e ganhou fama após abrir um hospital cardiológico de baixo custo com cerca de mil leitos batizado de “heart factory” (Fábrica de corações, em tradução livre para o português). Segundo o especialista em entrevista dada ao jornal britânico The Guardian, atualmente, a maioria das doenças podem ser curadas, porém, em casos sem solução, sempre é possível dar ao paciente uma qualidade de vida melhor. “Nos preocupamos com o número de pessoas que não podem pagar por esses procedimentos, e se uma solução não é acessível, então ela não é uma solução.” Além de oferecer cirurgias de baixo custo, A instituição atende gratuitamente pacientes sem recursos para arcar com essas despesas. O sistema de financiamento desses tratamentos está baseado na cobrança daqueles que possuem condições de pagar pelos procedimentos. Além disso, o hospital desenvolveu um sistema de seguro saúde, onde, por cinco rúpias ao mês (cerca de um dólar), os agricultores do Estado de Yeshasvini, região onde fica o hospital, têm acesso a benefícios similares ao de um plano de saúde. Esse sistema, segundo Shetty, tem se provado eficiente e já vem sendo replicado em outras regiões do país.
Índia
Em 2013, a população da Índia atingiu a marca de 1.25 bilhão de habitantes Na Índia, cerca de 40% da população precisa pedir dinheiro ou vender bens para arcar com despesas de saúde 25% da população vive abaixo da linha de pobreza como resultado de despesas médicas anuais Desde 1949, o setor privado de saúde tem crescido cerca de 8% ao ano e inclui 93% dos hospitais e 85% dos médicos de todo o país H ÛgZg\bZf^gmh ikboZ]h ® k^lihgl§o^e por 78% do total das despesas de saúde
150
OUTUBRO DE 2014
S uperando desafios CASE
Sistema de saúde escocês integra sistemas e facilita troca de informações clínicas e transferência de pacientes entre unidades de saúde
A
!"#$%&'(&)*+,#(+'-%#
troca de informações do
do, o NHS Highland tem vivido desafios
paciente,
do
relacionados à transferência de pacientes
compartilhamento de seu
entre unidades de saúde. Este foi um dos
prontuário
por
meio
eletrônico
motivos que levaram a rede a buscar uma
vem ganhando espaço em diversos países
nova solução para facilitar a gestão dos
do mundo. Essa prática, além de agilizar
processos que envolvem o cuidado com o
a assistência à saúde, colabora com a
paciente entre os hospitais que compões o
redução do custo evitando, por exemplo,
ser viço de saúde.
redundância de exames e permitindo ao profissional de saúde conhecer o histórico clínico do paciente.
Para o chefe do e-He a lt h d a NHS Hi g h l and, Bi l l R eid, o proj eto s erá uma d as i n i ci at iv as mais s i g n i f i c at iv as j á i m-
Um exemplo dessa prática é o NHS
pl e ment ad as
em
to d a
a
organizaç ão.
(National Health Ser vice) Highland, sis-
“Pe s quis amos uma s ér ie de s oluçõ es no
tema de saúde escocês, vinculado ao NHS
me rc ado e opt amos p elo Tra kC are, d a
britânico, que, recentemente, substituiu
InterSystems, p or ofere cer re c urs os que
dois de seus sistemas de compartilhamen-
ot imi z am s etores consi derado s pr i or i -
to de informação por uma ferramenta de-
t ár ios p ara noss o sistema, for ne cendo as
senvolvida pela InterSystems.
f u nciona lid ades e c ap acid ades que têm f a lt ado e m no ss as apl i c aç õ e s.”
O objetivo do NHS Highlland é integrar em uma única plataforma todo seu
Segundo o Group & Managing Direc-
sistema de prontuário eletrônico, geren-
tor Latin America da InterSystems, Car-
ciamento de pacientes e leitos em todos
los Nogueira, o sistema é responsável pelo
os hospitais da rede.
agrupamento e análise de dados que geram o prontuário eletrônico do paciente (PEP).
Mesmo fazendo parte de um dos mais
Por meio dele, os profissionais de saúde
conceituados sistemas de saúde do mun-
podem acessar informações referentes à ad-
152
OUTUBRO DE 2014
O NHS Highland se une aos programas nacionais bem sucedidos, atualmente com sete redes participantes, fornecendo serviços de cuidados com a saúde para mais de 75% da população escocesa.
ministração de remédios, histórico clínico,
ser viços de cuidados com a saúde para mais
consultas, exames e atendimentos em difer-
de 75% da população escocesa.
entes unidades de saúde. “Os hospitais que adotam a tecnologia eliminam a necessi-
Atualmente, a InterSystems trabalha com
dade de processar dados do paciente manu-
seis redes NHS para implementar o sistema
almente, digitalizando os registros feitos
nacional de gerenciamento de informações
pelos prestadores de saúde.”
clínicas do paciente. São eles: NHS Ayrshire & Arran, NHS Borders, NHS Grampian, NHS
Honathan S elby, countr y manager da InterSystems no Reino Unido, ressalta
Greater Glasgow & Clyde, NHS Lanarkshire e o NHS Lothian.
que a implementação do sistema NO NHS Highland mostrou-se satisfatória e acima
A mudança de sistemas proporcionou ao
das expectativas, juntou-se a outros seis
NHS Highland maior segurança e agilidade nos
grupos de saúde do NHS, os quais já es-
processos clínicos. “Agora os hospitais têm to-
tão usando o sistema nacional de geren-
das as informações dos pacientes em um único
ciamento de pacientes. “Desenvolvemos
lugar, o que permite aos médicos acessar facil-
um banco de dados com conhecimento e
mente dados de qualquer lugar e por qualquer
experiências locais, desde o começo do
aparelho conectado à internet”, acrescenta
programa, em 2010. Os desaf ios da rede
Nogueira. Segundo ele,
são caracterizados pela ampla geograf ia,
é de extrema importância para uma entidade
investimentos signif icativos em fontes de
que cobre uma área tão ampla de atendimento.
tratamentos comunitários e pela necessi-
Como resultado, o NHS Highland melhorou
dade de dividir a informação entre as
o atendimento a pacientes seja por um trata-
diferentes economias de saúde.”
mento específico ou uma emergência, sem
essa funcionalidade
a necessidade de repetir informações a cada O NHS Highland se une aos progra-
consulta, atendendo ao programa nacional de
mas nacionais bem sucedidos, atualmente
gerenciamento de pacientes e evitando erros
com sete redes participantes, fornecendo
causados pela duplicação de dados.
OUTUBRO DE 2014
153
CASE
!"#"$%"&'$()*+$ $)($)(,*-,."$/"0(1
H
á ano s o s e tor d e s aú d e
o Ho s p i t a l S a n t a Pa u l a , e m S ã o Pa u l o,
br as i l e i ro
i n-
l a n ç o u , n o ú l t i m o d i a 2 1 d e o u t u b r o, u m a
ve st i nd o c e nte nas d e
rede social dedicada exclusivamente à
m i l hõ e s d e re ais na
pacientes com câncer e seus familiares.
áre a d e onc ol o g i a. Nov as i nst a l a ç õ e s ,
Tr a t a - s e d o “C o n e c c t e”, i d e a l i z a d o p e l a
e quip ame nto s , me d i c ame nto s e nov as
gerente financeira e de marketing da
for mas d e t r at amento. D e a c ord o c om
e n t i d a d e , Pa u l a G a l l o.
est imat iv as
d iv u l g a d as
p el o
ve m
Inst ituto
Naciona l d o C ânc e r ( Inc a ) , até o f i na l d e
A executiva do hospital conta que
2014, s e r ã o re g ist r a d o s c e rc a d e 5 7 0 m i l
a ideia surgiu após a obser vação do
novo s c as o s d e c ânc e r no Br as i l.
comportamento de pacientes e seus familiares dentro do Instituto de On-
De olho nesses números e pronto
colog ia Sant a Pau la (IOSP). “Perceb e-
para atender a nova demanda que surge,
mos que, ao fazer o tratamento, as
o s e t o r p r i v a d o v e m i nv e s t i n d o v e r d a -
pessoas conversavam muito umas com
deiras fortunas em novas instalações,
as outras durante as seções de quimi-
equipamentos e novas drogas para o
oterapia. Nessas conversas os profis-
tratamento da doença.
sionais do IOSP notaram que elas falavam sobre a doença, seus efeitos e
Conhecido por sua forma agressiva
suas dúvidas. A partir daí, pensamos
e d e d i f í c i l t r a t a m e n t o, o n c o l o g i s t a s d e
em criar um ambiente digital para
t o d o o m u n d o v e m d e f e n d e n d o, c a d a
aproximar ainda mais essas pessoas
vez mais, uma terapia e atendimento
e expandir seus diálogos e contatos
m a i s h u m a n i z a d o, u m a v e z q u e o e s t a d o
a l é m d o a m b i e n t e h o s p i t a l a r ”, a f i r m a
emocional do paciente inf luencia dire-
Paula que acrescenta dizendo que essa
tamente no tratamento da doença.
iniciativa surgiu, também, para dar continuidade aos projetos de humani-
Em uma iniciativa inédita no Brasil, 154
OUTUBRO DE 2014
z a ç ã o r e a l i z a d o s p e l o I O S P.
!"#$%&'$()*)+($+$#,%+*)*%-*./0&-*),)1(*#*2,()*)-*%+$+*),)$)+(*-$)3,) &%4*(#$56,7),%+(,)1$-&,%+,7)78*)$1,%$7)$.0"%7)3*7)*9:,+&2*7)3*);*%,--+,<) $)%*2$)(,3,)7*-&$.)1$($)1$-&,%+,7)-(&$3$)1,.*)!*71&+$.)=$%+$)>$".$ !"#$%&'(&)*+,#(+'-%#
A
por
c e r c a d e d e z a n o s n o s E UA , d e f o r m a e s -
contratada
pontânea e não possui nenhum vínculo
pela instituição é formada por pacientes
c o m i n s t i t u i ç õ e s d e s a ú d e . . Pa u l a c o n -
oncológicos, ex-pacientes, familiares e
ta que teve contato com a rede durante
profissionais de saúde.
u m a v i a g e m a o s E UA .
uma
rede
social,
agência
Dentro
do
d e s e nv o l v i d a
digital,
Coneccte,
os
usuários
O Coneccte é uma rede social aberta e
contarão com um comitê de profissio-
pode ser acessada por qualquer usuário
n a i s d e s a ú d e d o I O S P, f o r m a d o p o r
q u e s e c a d a s t r a r, i n d e p e n d e n t e d a i n -
sete médicos que produzirão conteúdo
s t i t u i ç ã o o n d e e s t á f a z e n d o t r a t a m e n t o.
para os usuários da rede. “Esse con-
“ Nã o f a z s e n t i d o c r i a r m o s e s s a r e d e a p -
teúdo s erá for mado, p or exemplo, p or
e n a s a o s p a c i e n t e s d o I O S P. E l e s q u e r e m
novidades divulgadas em congressos
c o nv e r s a r c o m o u t r o s u s u á r i o s , e q u a n t o
médicos, dicas de qualidade de vida e
m a i s p e s s o a s d e n t r o d e s s e p e r f i l t i v e r-
tudo o que envolve o tratamento de um
mos dentro do C oneccte, maior e mais
p a c i e n t e o n c o l ó g i c o”, d e s t a c a P a u l a .
r i c a e m i n f o r m a ç ã o e l a s e r á .”
To d o s o s m é d i c o s s ã o i d e n t i f i c a -
C omo parte da simbologia para trata-
d o s a p e n a s c o m o D r. C o n e c t e . E s s e s
mento ao câncer e representar a conec-
profissionais também não interagem
tividade entre as pessoas, todo usuário
com os usuários pois, em momento
que se cadastra ao Coneccte recebe um
algum, isso pode virar uma consulta
kit de boas vindas, onde, um dos itens
m é d i c a”, c o m p l e t a P a u l a .
m a i s c u r i o s o s é u m a n e l . “ Pe n s a m o s e m algo que simbolizasse o elo entre as pes-
O C o n e c c t e é i n s p i r a d o n o “ Pa t i e n t s
s o a s q u e s e c o n e c t a m . To d a p e s s o a q u e
l i k e m e”, u m a r e d e s o c i a l a m e r i c a n a d e -
entrar no C oneccte e fizer o cadastro na
s e nv o l v i d a p a r a p a c i e n t e s q u e s o f r e m d e
rede social receberá um anel desses para
qualquer tipo de doença. Ela surgiu há
u s a r c o m o q u i s e r ”, f i n a l i z a Pa u l a . OUTUBRO DE 2014
155
HEALTHER
Determinação ao cuidar do paciente !"#$%#&'()#*+*,-&*&#&(#.-/,*&012#&#-3+4+#*+#+'4+05&6+5#*(#!()7,8&9# 6HSDFR FRQWD FRPR IRL R LQtFLR GH VXD MRUQDGD QD SURÀVVmR H DV SULQFLSDLV 9,:;+)#</+#&70+'*+/#&(#9('6(#*+#)/&#-&00+,0& !"#$%&'(&)*+,#(+'-%#
“Tenho a impressão de que é algo que estava pré-determinado em minha vida, pois não há outra explicação para eu ter optado por enfermeira”, explica, enfermeira chefe do Sepaco, Ângela Petrosino, durante um bate papo em sua sala no hospital. Ela explica que o desejo de seguir essa carreira surgiu sem muitas explicações lógicas, uma vez que nunca passou por procedimentos clínicos em sua infância ou teve contato com algum profissional da área. De acordo com ela, essa decisão foi tomada aos 12 anos de idade, e nunca houve uma segunda opção de carreira. “Tenho a impressão de que é algo que já estava estabelecida para minha vida, pois foi uma coisa muito clara para mim, e quando anunciei essa decisão para minha família, na época, não fui levada muito a sério, pois afinal de contas, eu era muito jovem”, explica Ângela. Porém, quando chegou a hora de escolher qual curso faria na faculdade, a decisão se manteve e toda minha família assustou-se, pois nenhum dos familiares de Ângela queria que ela cursasse enfermagem, mesmo porque, naquela época, em Santos, não haviam cursos de enfermagem disponíveis na cidade e ela teria de estudar fora. “Meus pais fizeram um pouco de tudo para que eu mudasse de ideia. Não apenas por uma questão de proteção, mas também por uma questão de não entender o valor da enfermagem para o cuidado à saúde”, conta. Segundo a enfermeira chefe, na época, ainda vigorava um conceito de que a enfermagem era uma profissão secundária, e que “importante mesmo, era estudar medicina”. Após cursar a Faculdade Adventista de Enfermagem, no interior de São Paulo, onde morou durante todo o curso, entre 1976 e 1979, chegou a hora de entrar no mercado de trabalho. Foi então que Ângela iniciou sua carreira no Hospital 156
AGOSTO DE 2014
Edmundo Vasconcelos, onde trabalhou por 30 anos. “Achei que me aposentaria com apenas um registro profissional em carteira. Então, há cerca de cinco anos, recebi uma proposta do Sepaco para conhecer a instituição e conversar um pouco sobre planos profissionais”, completa a chefe de enfermagem. No Hospital da Autogestão, onde ocupa o cargo de chefe de enfermagem, ela teve a oportunidade de lidar com toda a equipe de enfermagem do hospital e a oportunidade de transformar e exercer o que seria o sonho de todo o gestor de enfermagem, que é ter uma equipe que trabalhe com qualidade e eficiência elevando o nome do hospital a sinônimo de qualidade. “Vim para o Sepaco com essa proposta e é o que gosto de fazer, trabalhar com pessoas e ajuda-las a se descobrir dentro da profissão, pois, quando saímos da faculdade somos preparados para cuidar do paciente, porém, atualmente temos um contexto muito mais complexo no setor.” Segundo ela, as pessoas vem para o hospital com suas dificuldades, carências anseios e frustrações e de cada dez críticas relacionadas ao atendimento, pelo menos uma refere-se ao relacionamento interpessoal entre aquele que cuida e quem é cuidado. Ao longo dos 35 anos de carreira, Ângela aprendeu algumas coisas com sua profissão. “Quando cuidamos de pessoas, temos que aprender, primeiramente, a tratar nós mesmos, pois é impossível cuidar bem das pessoas se não fizermos uma autoanálise tentando enxergar qualidades, defeitos e vulnerabilidades e trabalhar cada um desses pontos para se chegar em um equilíbrio. Muitas vezes no trato com a pessoas, situações podem ser criadas devido a características pessoais que nós trazemos de nossas vidas e acabam influenciando o tipo de trabalho que fazemos”, finaliza.
“Tenho a impressão de que é algo que estava pré-determinado em minha vida, pois não há outra explicação para eu ter optado por enfermeira”, explica, enfermeira chefe do Sepaco, Ângela Petrosino, durante um bate papo em sua sala no hospital.
AGOSTODE DE2014 2014 AGOSTO
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RETRATOS RETRATOS
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SETEMBRO DE 2014 2014 OUTUBRO DE
Fotógrafo há mais de 20 anos, André François
fundou,
em
1995,
a
ImageMagica, uma organização que trabalha com a fotografia como ferramenta de transformação social dentro de escolas e hospitais de todo o Brasil.
Hospital Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza, CE. Esta imagem faz parte do livro Cuidar – Um documentário sobre a saúde humanizada no Brasil, de André François, fotógrafo e fundador da ImageMagica, uma organização que faz projetos sociais com fotografia dentro de escolas e hospitais. Conheça esse e outros trabalhos da ImageMagica em: www.imagemagica.org Psicólogo fotografa com paciente que aguarda consulta. A atividade lúdica oferece significativa melhora para os pacientes, pois aborda de forma positiva o tratamento enfrentado e a relação com a equipe de saúde do hospital. Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza, CE. SETEMBRO OUTUBRODE DE2014 2014
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Responsável técnico: Dr. Luiz Eduardo L. Bettarello –CRM 23706
!"#$%&'#&' (")"%$("*&+ Oferecer um futuro com ainda mais saúde. Esse é o nosso compromisso. Nós da Beneficência Portuguesa de São Paulo estamos com os olhos voltados para o futuro. Sempre evoluindo e desenvolvendo novas ofertas de serviço, com inovação tecnológica e ampliação dos nossos hospitais. Esse é o nosso compromisso com a sua saúde.
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A Expressa é uma empresa de distribuição de medicamentos com 30 anos de atuação e presença em todo o território nacional. Nosso objetivo é promover o acesso aos melhores produtos e práticas do mercado de saúde. • Abrangência, Agilidade e Segurança de nossa cadeia de Supply Chain, atendendo com a mesma eficiência todas as regiões do país a partir de 15 escritórios e centros de distribuição • Equipe especializada, capaz de apoiar os laboratórios
de pesquisa na promoção e desenvolvimento do mercado para seus produtos.
O Hospital São José reafirma sua posição na lista dos hospitais mais exclusivos do mundo. Excelência é uma obsessão, uma luta diária para fazer mais e melhor. Esse é o dia a dia do Hospital São José, o hospital premium da Beneficência Portuguesa de São Paulo, a maior instituição hospitalar privada da América Latina. O Hospital São José novamente foi acreditado pela JCI, Joint Commission International, o mais importante órgão certificador de padrões de qualidade em organizações de saúde no mundo. O certificado renova todos os nossos esforços em segurança e qualidade no atendimento hospitalar e nos insere em uma lista restrita de estabelecimentos de classe mundial.
BPSP
• Responsabilidade na condução dos negócios: transparência e ética no relacionamento com todos stakeholders e práticas de governança
corporativa.
Joint Commission International
Responsável técnico: Dr. Luiz Eduardo L. Bettarello –CRM 23706
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Rua Martiniano de Carvalho, 965 - Bela Vista - São Paulo - SP- Tel: 11 3505-6000 - www.hospitalsjose.org.br
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Beneficência Portuguesa de São Paulo. Uma cidade dedicada à saúde. @Beneficencia_SP
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Bandeirantes QUal foi o passo mais importante da história?
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Para Nós da AACD foi o primeiro passo do Rafael.
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CARDIOLOGIA DE ALTA COMPLEXIDADE E PADRÃO INTERNACIONAL . O Hospital Pró-Cardíaco trabalha para sempre oferecer assistência de altíssimo nível aos seus pacientes. Por isso, se orgulha da acreditação canadense conquistada por contribuir para que o Brasil se tornasse o 3º país do mundo a possuir a distinção de atendimento ao paciente com AVC. Praticar medicina de alta complexidade com sustentabilidade, segurança e com abordagem multidisciplinar, caracteriza os conceitos adquiridos nas certificações de qualidade conquistadas.
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Pró-Cardíaco
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0)23"4 /3 '-"**"4 Dr. Marcus Vinícius Martins Diretor Técnico CRM: 52.615157
twitter.com/aacd facebook.com/ajudeaacd
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60 e 61 !"#"$%&'&()*$+,"$-./0/1"$)$ (./2)$#"$"3-".&452&)6$"$2/5"37"6$ "5(."$-)2&"5("6$/52/*8'&2/69
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70 e 71 Visual
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São Cristovão
90 e 91
98 e 99
LCS
Genexus
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128 e 129
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125 Ana Costa
Ana Costa
131 São Cristovão
128 e 129
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NGMT
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FIA
Moinhos de Vento
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O tal do “if ” Danilo Ramos
O “if ”, em inglês tem a mesma função do que no português, ou seja, é uma conjunção. Mas não é uma conjunção simples, é uma conjunção subordinativa, e pode ser de três formas: causal, condicional ou integrante. Sei que isso não é aula de português, mas soma ao artigo um elegante início para o que vou falar em seguida. Esse tal de “if ” tem matado planejamentos de empresas, pois sendo o que é, deveria ser empregado com mais cautela ou com mais embasamento. Veja por exemplo o caso de uma empresa iniciando sua função na sociedade. O empreendedor vai buscar investimento e usa sempre a tal conjunção dizendo que: “se” X por cento LW UMZKILW KWUXZIZ LI MUXZM[I MTM[ M[\rW ZQKW[ )QVLI NZQ[I VW ÅVIT Y]M u ]UI XZWRMtrW conservadora. Amigos! Digo por experiência, pois já vi mais de cem casos desse. Todos falharam. Passo então a pedir para meu time fazer projeções terroristas, alarmantes, cenários pavorosos, e neste caso chegamos a números mais reais. Num planejamento, as pessoas desconsideram inúmeras variáveis: pessoas (a mais impor\IV\M LM \WLI[ KWVKWZZwVKQI MKWVWUQI LMUWOZIÅI OMWOZIÅI K]T\]ZI XWTy\QKI IUJQMV\M sociologia, e até mesmo os menos recorrentes: pandemias, destruições, guerras, tsunamis, bombas, etc.
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&'"()'*+,)-./")"0-12)..1-" &)"3415'671")").+-'+!83'"&1" 9:;"&'"<=;>
8WZ KWV\I LW ¹QN º Y]M IKIJI KZQIVLW KMVnZQW[ XW[Q\Q^W[ LQOW Y]M I LMKMXtrW u ÅTPI da expectativa. O “if ” cria muita expectativa, trazendo num momento seguinte decepção. 8MV[W Y]M V]U UWUMV\W UIQ[ XZWÅ[[QWVIT I[ MUXZM[I[ LM^MZQIU ]\QTQbIZ [M LM UIQ[ XILZ M[ KQMV\yÅKW[ UIQ[ Y]ITQLILM VW[ LILW[ UIQ[ QVNWZUItrW UM[UW Y]M [MK]VLnZQI \MZKQnZQI mas de qualidade. Lembro-me que, certo dia, eu discutia com uma equipe de vendas de 28 vendedores, e um deles me disse: precisamos diminuir os preços. Os clientes estão reclamando. Perguntei: quantos clientes disseram isso? Fale os nomes deles. Eram dois no meio de 830. Ou seja, iria tomar uma decisão baseada na opinião de dois? É mais do que importante, é vital o entendimento sobre números, projeções, expectativa e investimento. Dinheiro não nasce do chão para colocarmos emoções nas previsões. Por outro lado, é a emoção que faz com que o empreendedor prossiga em meio a tantos de[IÅW[ j MTI Y]M OIZIV\M [M] [WZZQ[W XMTI UIVPr MU UMQW IW KIW[ Y]M NIb KWU Y]M [M][ WTPW[ brilhem e conquistem cada vez mais novos seguidores, sejam eles clientes ou funcionários. Acredito que o equilíbrio entre o sonhador nato e um porto seguro ao seu lado é a mistura perfeita para garantir perenidade e sustentabilidade ao “sonhar acordado”. Acredito nisso, vivo isso a cada dia. A provocação adicional sobre o tal “if ” vem da área pessoal. Somos condicionados desde cedo a pensar de forma subordinada. A tal conjunção que falei, não importa como termine, sempre é subordinativa, ela sempre condiciona algo a algo. 6I ^QLI XM[[WIT NIbMUW[ Q[[W \WLW[ W[ LQI[ VI XZWÅ[[QWVIT \IUJuU 8MV[W Y]M XWLMUW[ incluir, logo após uma vírgula seguida de outra conjunção, uma coordenativa adversativa: mas, porém, contudo. “Se” isso acontecer seremos ricos, “mas” se não acontecer...
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