Redação & Arte

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8.º ano

“Como diria Dylan” – Zé Geraldo

8.º ano

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Hei você que tem de 8 a 80 anos não fique aí perdido como ave sem destino. Pouco importa a ousadia dos seus planos, eles podem vir da vivência de um ancião ou da inocência de um menino. O importante é você crer na juventude que existe dentro de você. Meu amigo, meu compadre, meu irmão escreva sua história pelas suas próprias mãos.

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MARCOS FREDERICO KRÜGER*

REDAÇÃO FUNDAMENTOS E PRÁXIS

*Marcos Frederico Krüger é doutor em Literatura de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado do Amazonas e autor de Amazônia – mito e literatura e A sensibilidade dos punhais.


Copyright © Editora Valer, 2011 Editor Isaac Maciel Coordenação editorial Tenório Telles Design e direção de arte Heitor Costa Ilustração Gilmal Revisão Núcleo de Editoração Valer Normalização Ycaro Verçosa

Redação – Fundamentos e práxis: 8.º ano. / Marcos Frederico Krüger. Manaus: Editora Valer, 2011. ISBN 978-85-7512-471-0­­ 1. Língua portuguesa – redação I. Título.

2011 Editora Valer Av. Ramos Ferreira, 1195 – Centro 69010-120 – Manaus – AM Fone: (92) 3635-1245 www.editoravaler.com.br

CDD 468.8 22. Ed.


SUMÁRIO A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO DA PROSA AO VERSO LINGUAGEM POÉTICA, PROSA E POEMA MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO NARRAÇÃO DESCRIÇÃO DISSERTAÇÃO ELEMENTOS DA NARRATIVA Personagens Enredo Espaço Tempo Ponto de vista O TEXTO MISTO

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NARRAÇÃO E DESCRIÇÃO O TEXTO NO JORNAL O TEXTO DRAMÁTICO A DESCRIÇÃO – OBJETIVA E SUBJETIVA

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57 61 64

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A ARGUMENTAÇÃO DISSERTAÇÃO ARGUMENTAÇÃO EM TEXTO DISSERTATIVO A INTENÇÃO DE QUEM ESCREVE


EXPRESSIVIDADE E ORGANIZAÇÃO DE IDEIAS

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ARMADILHAS DO TEXTO ABREVIAÇÃO AMBIGUIDADE CACOFONIA CLICHÊ ECO OBSCURIDADE PROLIXIDADE REDUNDÂNCIA VARIANTES LINGUÍSTICAS E NÍVEIS DE FORMALIDADE ORGANIZAÇÃO DE IDEIAS E TEXTO TÉCNICO ESQUEMA RESUMO PESQUISA RELATÓRIO CARTA DE AGRADECIMENTO

71 71 72 73 73 74 74 76 77 81 83 91 97 105 109 113

REFERÊNCIAS

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A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

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DA PROSA AO VERSO Texto nº 1

Sociedade e poder na várzea amazônica As fontes etno-históricas relativas à organização sociopolítica da várzea amazônica nos séculos XVI e XVII trazem, numa primeira leitura, mais perguntas do que respostas. As crônicas dos exploradores, missionários e administradores que trataram do assunto, além de muito sumárias, formam um quadro à primeira vista contraditório do grau de integração social e política das chamadas províncias indígenas do Rio Amazonas. Questões como a expressão territorial, o efetivo demográfico, o aspecto e dimensões das aldeias, a existência ou não de estratificação social e a natureza do poder são frequentemente colocadas em termos tão divergentes quanto os que citamos acima. A necessidade de uma revisão desses problemas passou a ser sentida em anos recentes, com os progressos da arqueologia na região amazônica. Há hoje um consenso de que, nos mil anos que precederam a ocupação europeia, diversas regiões da planície amazônica alcançaram um grau de desenvolvimento sociocultural mais complexo daquele que a etnografia tem observado desde o século XIX. (PORRO, Antonio. O povo das águas, 1996, p. 75-76)

Texto nº 2

Trem de ferro Café com pão Café com pão Café com pão Virge Maria que foi isto maquinista?

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Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força Oô... Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada Passa galho De ingazeira Debruçada No riacho Que vontade De cantar!

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Oô... Quando me prendero No canaviá Cada pé de cana Era um oficiá Oô... Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matá minha sede Oô... Vou mimbora vou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Oô... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente... BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira, 1974.


Há uma diferença muito grande, em termos de estrutura, entre o texto nº 1 e o texto nº 2. Isso porque o primeiro foi redigido em prosa, enquanto o segundo foi escrito em forma de poesia. No texto nº 1, as linhas são contínuas e observa-se a presença de parágrafos. O conteúdo é objetivo e as ideias são apresentadas o mais claramente possível. Já a estrutura do texto nº 2 é diferente. Ele se apresenta em linhas descontínuas, que se quebram. Cada uma dessas linhas é chamada de verso. Os versos se agrupam em conjuntos chamados de estrofes. O poeta usa de recursos sonoros como o ritmo e a rima. Observe que os primeiros versos (“Café com pão”) reproduzem o ritmo de um trem em andamento. A mesma coisa ocorre no final, com os versos “Pouca gente”. Em termos linguísticos, não se verifica o padrão culto da língua, mas a linguagem popular: “Pra matá minha sede”, “Vou mimbora”, etc. A poesia, portanto, é uma técnica de escrita que apresenta maior criatividade e menos compromisso com as regras estabelecidas pela gramática.

LINGUAGEM POÉTICA, PROSA E POEMA A linguagem poética se caracteriza principalmente pela subjetividade, mas também pelos recursos sonoros. Ela pode ainda ter polissemia, quando as palavras e expressões possuem mais de um significado. Mas, atenção! A linguagem poética não existe apenas num poema; ela pode estar também num texto em prosa, dependendo de como o autor utiliza a linguagem. Nesse caso, diz-se que temos uma prosa poética. Eis um exemplo, constante da crônica “O Estilo”, do grande poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa: O estilo é o sol da escrita. Dá-lhe eterna palpitação, eterna vida. Cada palavra é como que um tecido do organismo do período. No estilo há todas as gradações da luz, toda a escala dos sons. O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor – gradua a luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes da paisagem. O princípio fundamental da Arte vem da Natureza, porque um artista faz-se da Natureza.

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Toda a força e toda a profundidade do estilo está em saber apertar a frase no pulso, domá-la, não a deixar disparar pelos meandros da escrita. Observe que a estrutura do trecho acima é a da prosa, pois a escrita é contínua e se quebra em parágrafos. Entretanto, está cheia de figuras de linguagem, que a tornam diferente da linguagem coloquial, a que usamos no dia a dia. Assim, o autor, logo no início, cria uma comparação entre o estilo (que é o assunto de que está tratando) e o sol: ESTILO = SOL (signo positivo) No último parágrafo, vê-se outra maneira diferente (estranha) de dizer as coisas. Ao invés de afirmar algo como “é necessário reescrever”, Cruz e Sousa propõe que é necessário “saber apertar a frase no pulso”. Outros momentos do texto mostram uma linguagem subjetiva, própria da poesia. Estamos, portanto, diante de uma prosa poética. A prosa, como já se vimos, é o oposto da poesia, pois se realiza na objetividade, na clareza e na obediência a padrões estabelecidos. Não podemos ainda confundir poesia com poema. Poema é a unidade da poesia, que pode conter ritmo e rima ou pode ser feito em versos livres. O texto “Trem de ferro”, de Manuel Bandeira, é um poema, já que foi estruturado em versos e estrofes. À parte isso, é um poema que contém poesia, posto ter sido escrito com subjetividade, ritmo, etc.

Exercício

1

Marque com X os enunciados escritos em prosa poética:

( ) Alguns de meus papéis têm uma visão amarga; por isso, eu os deveria ter rasgado há uns dez anos. ( ) Dá a Terra uma volta completa ao Sol: a esse movimento se chama translação.

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( ) “Um casal de amigos vem me visitar. Vejo-os que sobem lentamente a rua. Certamente ainda não me viram, pois a luz do meu quarto está apagada”. ( ) “A princípio, aquela dor subia como leve, melodiosa balada fria e triste, por turvo luar, sobre lagos calados, entre paisagens de lenda”. ( ) “O vento, queixa vaga dos túmulos, esperança amarga do passado, surdinava lento”. ( ) Quanto mais alta na escala da evolução, tanto mais firme nos seus atributos específicos saberá manter-se a espécie animal ou vegetal.

Leia agora o poema “Cavalgada”, de Cecília Meireles, para responder às questões 2, 3 e 4: Escuta o galope certeiro dos dias saltando as roxas barreiras da aurora. Já passaram azuis e brancos: cinzentos, negros, dourados passaram. Nós, entretidos pela terra, não levantamos quase nunca os olhos. E eles iam de estrela a estrela, asas, crinas e caudas agitando. Todos belos, e alguns sinistros, com centelhas de sangue pelos cascos. Se alguém lhes suplicasse: “Parem!” – não parariam – que invisível látego ao flanco impôs-lhe ritmo certo. Se por acaso alguém dissesse: “Voem! Mais depressa e para mais longe!” – veria o que é, no céu, a voz humana...

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Escuta o galope sem pausa da cavalgada que vai para oeste. Não suspires pelo que existe nesses caminhos do sol e da lua. Semeia, colhe, perde, canta, que a cavalgada leva seu destino. Ferraduras ígneas virão procurar onde estás, na hora que é tua. Entre essas patas de aço e nuvem, estão presos teus campos e teus mares. Irás ao céu num selim de ouro, sem saberes quem pôs teu pé no estribo. Rodarás entre a poeira e Sírius, com esses ginetes sem voz e sem sono, até vir o mais poderoso que esmague a rosa guardada em teu peito. Depois, continuarão saltando, mas tão longe que não perturbarão tuas pálpebras soterradas. Vocabulário Centelhas – partículas luminosas que se desprendem e saltam de um objeto devido a um impacto Látego – chicote Ígneas – de fogo Selim – sela pequena Sírius – estrela mais brilhante do céu noturno, localizada na constelação do Cão Maior Ginetes – Bons cavaleiros em qualquer situação

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2

Por que “Cavalgada” é um poema?

3

Pode-se afirmar que “Cavalgada” é um poema que contém poesia? Justifique.

4

O que significa a “cavalgada” de que nos fala Cecília Meireles?

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MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO Um texto possui, basicamente três modos de se organizar, que são: • a NARRAÇÃO • a DESCRIÇÃO • a DISSERTAÇÃO

NARRAÇÃO A narração ocorre quando contamos algo que aconteceu. Veja um exemplo: é o início de “Sentimento do mar”, texto escrito pelo famoso cronista Rubem Braga (1913-1990): Passo pela padaria miserável e vejo se já tem pão fresco. As jogadas e os camarões estão aqui. Está aqui a garrafa de cachaça. Você vai mesmo? Pensei que fosse brincadeira sua. Arranje um chapéu de palha. Hoje vai fazer sol quente. Andamos na madrugada escura. Vamos calados, com os pés rangindo na areia. Venha por aqui, aí tem espinhos. Os mosquitos do mangue estão dormindo. Venha. Arrasto a canoa para dentro da água. A água está fria. Ainda é quase noite... O remo está úmido de sereno, sujo de areia. Sente ali na proa, virada para mim. Olhe a água suja no fundo da canoa. Ponha os pés em cima da poita. Eu estou dentro dágua até os joelhos, empurro a canoa e salto para dentro. Uma espumarada de onda fria bate na minha cara. Remo depressa, por causa da arrebentação. Fique sentada, não tenha medo não. Firme aí. Segure dos lados. Não se mexa! Firme! Ooooi... Quase! Outra onda dá um balanço forte e joga um pouco de água dentro do barco. Estou remando em pé, curvado

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Hei você que tem de 8 a 80 anos não fique aí perdido como ave sem destino. Pouco importa a ousadia dos seus planos, eles podem vir da vivência de um ancião ou da inocência de um menino. O importante é você crer na juventude que existe dentro de você. Meu amigo, meu compadre, meu irmão escreva sua história pelas suas próprias mãos.

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