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Capítulo 2 Evolução da comunicação e o jornalismo comunitário

Com o passar dos anos, uma nova modernidade surgiu e trouxe consigo a evolução digital, permitindo assim agilidade na hora de transmitir informações à população. O jornalismo, por sua vez, usufruiu desses benefícios. Isso elevou ainda mais a importância dos profissionais da área da comunicação na sociedade.

A historiadora Paulina Gomes avalia a evolução do jornalismo com pontos positivos e negativos. “Positivo porque acho importante a rapidez com que ficamos sabendo dos acontecimentos, o que favorece o nosso conhecimento, porém deve-se ter cuidado em verificar a veracidade dos fatos, pois podem afetar para a sempre a vida de uma pessoa. Tendo cuidado também para ser imparcial”, analisou.

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De acordo com a historiadora, com o desenvolvimento da comunicação também mudou-se a forma de as pessoas verem o mundo da qual fazem parte. - Mudaram seus pensamentos, sua cultura e até mesmo a forma de vestir e falar, pois não há barreiras que limitam a troca de informações entre as sociedades. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, o mundo se tornou uma aldeia onde todos sabem de tudo - disse.

o jornalismo

Ao pé da letra, o jornalismo deve informar os fatos para a população através dos meios de comunicação, seja ele impresso, on-line, televisivo e ou rádio, e sempre com base na verdade. São os jornalistas e os comunicadores que contribuem para manter a população informada sobre o que acontece no dia a dia do cidadão, na cidade, estado ou país. As ferramentas utilizadas pelo jornalismo têm avançado cada vez mais, e as notícias se tornaram rápidas, eficazes, e ainda podem atingir vários cantos do mundo.

Oswaldo Ribeiro, mestre em Ciências da Informação e doutor em Educação, conta que o jornalismo, por meio dos gêneros, pode ser informativo, interpretativo, opinativo, utilitário e diverso. “Acredito que seja bastante possível navegar em todos eles e contribuir para o entendimento dos caminhos que a sociedade vem tomando ao longo da sua história, sempre com uma postura profissional responsável e ética”, destaca.

A importância do jornalismo comunitário

O jornalismo comunitário, assim como o jornalismo policial, político, cultural, entre outras editorias, também possui um papel importante na sociedade. Pode-se saber diariamente o que está acontecendo na cidade e ainda obter ajuda da imprensa para melhorar a comunidade onde vive. Seja através de orientações ou até mesmo cobrança por parte dos veículos de comunicação junto à sociedade ou ao poder público.

Para Oswaldo Ribeiro, o jornalismo na comunidade contribui com o exercício de um olhar jornalístico para a margem da sociedade. O jornalismo comunitário é utilizado pelas rádios, televisões, jornais online e im-

pressos. Quanto à interação da mídia com a população, Ribeiro acredita que os veículos digitais ficam à frente dos outros, por oferecerem mais opções. “Os digitais oferecem mais opções de canais para isso – o que não quer dizer que o diálogo aconteça – são só mais caminhos para ela. Os leitores comentam, mas nem sempre têm o retorno das opiniões que dão”, disse.

Segundo Oswaldo Ribeiro, o rádio, por meio das notas de voz, também tem dado espaço para a interferência, a contribuição e a colaboração do ouvinte. O doutor ainda explica que a televisão, por suas características, mostra, mas não interage tanto. “Quando usa as redes sociais até consegue um pouco, mas ainda assim é muito presa à grade de programação”, afirmou.

O jornal impresso, por sua vez, tem dificuldade com a interação, já que, diferentemente do online, as notícias não são publicadas a todo instante. Para Ribeiro, essa mídia consegue apenas complementar, no dia seguinte, as informações divulgadas pelos jornais online. “Talvez consiga ou busque, por exigência dos outros meios, completar melhor a informação, embora o que vejo acontecer são conteúdos próximos do que o online vem fazendo por meio de conteúdos mais completos, ou que busquem isso”, contou.

Apesar de ser chamado de jornalismo comunitário por alguns veículos de comunicação, esse tipo de trabalho é analisado por Oswaldo Ribeiro apenas como jornalismo feito nas comunidades, no qual o jornalista identifica os problemas e procura o poder público no intuito de tentar resolver a situação. “Os teóricos que buscaram conceitos para o jornalismo comunitário, como o professor José Marques de Melo, dizem que a imprensa comunitária é feita pela e para a comunidade (originada nela, administrada por ela e dirigida a ela). O que a imprensa faz, aqui em Campo Grande,

não é diferente. É um recorte da comunidade sem conhecê-la profundamente”, ressaltou.

jornalismo comunitário na capital sul-mato-grossense

De acordo com o Oswaldo Ribeiro, o jornalismo comunitário é feito na comunidade, visando resultado para a comunidade. Contudo, ele afirma ser difícil para os veículos de comunicação cobrirem o assunto de forma mais “profunda”, abrangendo a realidade de todas as regiões de Campo Grande. “Às vezes por conta da falta de estrutura de algumas ou por conta da falta de pautas que abordem e atendam estas necessidades”, disse.

Voltando ao passado, é possível lembrar-se de uma iniciativa do início da década de 1990, quando a equipe da TV Guanandi (atual TV Interativa MS), passava uma semana no bairro da Capital e na semana seguinte fazia um jornal especial sobre o local onde estiveram. Na época, entre os integrantes da equipe de repórteres estavam Rezende Júnior, Lucimar Lescano, Veruska Donato, entre outros. Os comunicadores mostravam os problemas, as reivindicações, as curiosidades, as personalidades de uma determinada região de Campo Grande. “É a primeira experiência que lembro, neste sentido de tentar aprofundar a relação com a comunidade”, recorda Oswaldo Ribeiro.

Referente à funcionalidade do jornalismo comunitário, Ribeiro afirma que esta é a tentativa da imprensa em intermediar as questões solicitadas pela comunidade, sem muito conhecimento de causa, sem muita aproximação e acompanhamento da realidade, apenas agindo de forma pontual. “Imagino que se a comunidade fosse melhor informada sobre os direitos dela, talvez soubesse pressionar melhor as autoridades e tivesse

mais propriedade em reivindicar as suas reais necessidades, sem intermediários”, destacou.

diálogo é a base de interação da sociedade com a imprensa

O comportamento da audiência vem sendo alterado ao longo dos anos. Os dispositivos móveis têm funcionado como ferramentas importantes de interferência do público na programação. Apesar de a evolução tecnológica ter facilitado o trabalho dos profissionais de redação em Campo Grande, para Oswaldo Ribeiro, ainda assim, a impressão de interação entre a sociedade e a imprensa é o diálogo. “Acredito que exista uma imprevisibilidade bastante grande na conquista pela audiência. Entender melhor as mudanças que a audiência vem passando, é um caminho”, destacou.

Para o jornalista e professor do curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp), Marcelo Rezende, desde os anos 2000, o jornalismo em Campo Grande vem evoluindo. Apesar da evolução, ainda falta melhorar. “Acredito que o jornalismo melhorou muito nos últimos 17 anos. Penso que apesar dessa mudança, precisamos aperfeiçoar ainda mais, principalmente na produção de conteúdo”, disse.

Segundo Rezende, os conteúdos produzidos pela mídia devem ser trabalhados visando a verdade e o bem social, não apenas mostrando parcialmente a realidade. Na opinião do jornalista, no quesito “passar uma mensagem”, o jornalismo realiza bem este papel. De acordo com Rezende, os interesses políticos prejudicam a qualidade do jornalismo no Brasil, e em Campo Grande a situação não é diferente. A maioria dos veículos de comunicação está direta ou indiretamente ligada a um político brasileiro. “Neste momento, vemos que o jornalismo não cumpre com a função, pois

não depende apenas do profissional, como também de uma figura que sustenta o veículo”, destacou o jornalista.

jornalismo comunitário na tentativa de debater questões sociais

O jornalismo comunitário é voltado para as comunidades, com o intuito de dar voz aos moradores das comunidades e também informar as pessoas sobre o que acontece na região. Em Campo Grande, existem dois tipos de Comunicação Comunitária: aquela produzida pelos veículos de comunicação, e aquela produzida pelas comunidades.

Entre os destaques do conteúdo produzido pelos veículos de comunicação, existe o programa “MSTV 1ª Edição”, apresentado pela jornalista Bruna Mendes, na TV Morena, com o quadro “Tereré com o Cabral”, no qual o repórter Alexandre Cabral vai até as comunidades da Capital e apresenta as dificuldades que existem na região.

Esse seria um estilo de jornalismo comunitário realizado por jornalistas e divulgado pelo veículo de comunicação em Campo Grande. Outra maneira de jornalismo comunitário é aquele produzidos pelas comunidades. Como exemplo, podemos citar o Instituto de Desenvolvimento Evangélico, localizado no bairro Portal Caiobá, região sudoeste da Capital. O projeto, conhecido como Ide, é uma Organização Não-Governamental produzida pelos moradores da comunidade com o intuito de ajudar a comunidade por meio da informação e também na reunião dos moradores do bairro para a efetivação de uma atividade social, voltada a comunidade.

Tanto o jornalismo comunitário produzido pelos veículos de comunicação que possuem fins lucrativos, como a Comunicação Comunitária produzida pela comunidade, são importantes para o desenvolvimento

de Campo Grande. Isso porque as duas formas buscam contribuir com o desenvolvimento das comunidades. Para finalizar o raciocínio, vale citar Marcondes Filho (1987). “É o meio de comunicação que interliga, atualiza e organiza a comunidade e realiza os fins a que ela se propõe”.

Nesse esforço conceitual, contribuições de grande valia são oferecidas por três autores: Felipe Pena, José Marques de Melo e Pedro Celso Campos. De acordo com o autor do livro “Teorias do Jornalismo”, Felipe Pena, o jornalismo comunitário atende às demandas da cidadania e serve como instrumento de mobilização social.

Conforme ele, outra característica importante é o completo afastamento do ranço etnocêntrico. O jornalista de um veículo comunitário deve enxergar com os olhos da comunidade. Mesmo que já pertença a ela, deve fazer um esforço no sentido de verificar uma real apropriação dos processos de mediação pelo grupo.

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