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Capítulo 1 A importância da comunicação

- Tentamos ter o dom da ubiquidade através da alteridade, pois a ilusão da onipresença é construída pelas informações produzidas pelo outro - explica Felipe Pena, sobre a natureza do jornalismo, no livro “Teoria do Jornalismo”. A Comunicação Social e a tecnologia têm movido o mundo e quebrado barreiras nos últimos anos.

Isso porque, o que antes era quase “impossível” de saber, devido aos poucos meios que as pessoas tinham para se comunicar, hoje, em pleno século XXI, pode-se afirmar que não existe mais esta dificuldade. Com os avanços da tecnologia, as informações tornaram-se rápidas e ao alcance de todos, seja através da televisão, rádio, internet ou jornais impressos.

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Que a Comunicação Social possui um importante papel na vida das pessoas e também na história da humanidade, todos já sabem; entretanto, vale lembrar que desde os primórdios, mesmo sem as tecnologias existentes, as pessoas buscavam comunicar-se umas com as outras. Podemos usar como exemplo as cartas, as quais eram utilizadas por pessoas que queriam manter contato familiar ou profissional com outros indivíduos e se utilizavam desse meio para desempenhar tal função. Há alguns séculos, essa era a realidade de todos.

A historiadora Paulina Gomes relata que a comunicação é tão im-

portante em uma sociedade que os primeiros grupos humanos criaram formas de se comunicar, deixando registrado seu cotidiano. “Hoje, com a evolução das formas de comunicação, ficou rápido e fácil receber e enviar notícias, seja ela pessoal ou não. É importante saber o que acontece no mundo para formar um conceito, uma opinião sobre o assunto”, disse. Ainda segundo a autora, a comunicação também auxilia no conhecimento social, político e cultural de uma comunidade, e transmite formas de culturas a sociedade, levando ao cidadão conhecimentos diversos.

No Brasil, o acontecimento que marcou o cenário político foi a eleição de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente civil eleito pelo voto direto. No desenvolvimento do seu governo, acabou tendo de renunciar, pois a população, sendo informada dos acontecimentos, pedia seu impeachment. “Isso só foi possível porque o povo tinha conhecimento dos fatos que acabaram por influenciar a população”, lembrou a autora.

A influência da comunicação

Roberto Figueiredo, mestre em História e coordenador de curso da Universidade Católica Dom Bosco, relata que a importância da comunicação social é primordial para a evolução e o desenvolvimento da sociedade. Para ele, a cada dia, vivemos um mundo em que não podemos nem mais falar “global”, mas “único”, pois tudo que acontece nos mais diferentes rincões nos afeta, e a sociedade como um todo deve estar ciente destes acontecimentos por meio da comunicação. - Falar que uma briga entre a Coreia do Norte e EUA é muito longe e não temos nada com isso é uma ilusão. Ela irá nos afetar em vários sentidos. Claro que nos preocupa como essa informação ou este fato vai chegar até nós por meio dessa comunicação. Quem está enviando a comunicação e

qual seu interesse nisso ou seu lado nessa notícia? - questiona o historiador sobre o desempenho do trabalho do jornalista.

Outro exemplo citado pelo profissional, referente à importância e à influência da Comunicação Social e do jornalismo na sociedade, ocorreu no Brasil há pouco tempo. “A cassação da presidente Dilma Rousseff sofreu uma influência muito grande dos meios de comunicação. Não vou entrar em questões partidárias, mas sim na atuação dos meios de comunicação tradicionais, como TV e jornais. Todos os dias era uma avalanche de notícias sobre assuntos que antes não eram importantes, como a tal pedalada fiscal, que naquele momento tornou-se a coisa mais errada que poderia haver, mas em outros momentos, nem se falava sobre isso. Acredito que os meios de comunicação prepararam terreno para a cassação, mesmo sendo legal”, disse Figueiredo.

Em Campo Grande, também houve um exemplo semelhante. “Na eleição do prefeito a substituir Nelson Trad Filho, na semana da eleição saiu uma pesquisa em todos os meios de comunicação afirmando que o candidato Reinaldo Azambuja possuía menos de 10% de votos, quando na verdade ele chegou a obter 20%, ou algo assim. Quer dizer, influenciou um eleitorado indeciso, e ele não foi para o segundo turno por uma diferença muito pequena”, lembrou o historiador. Com o passar dos anos muitas coisas mudaram, inclusive no jornalismo. As novas tecnologias permitiram alguns avanços na comunicação. Para o historiador, a notícia por meio da comunicação atual ficou muito mais acessível. “Meu receio é de quem pode estar manipulando essa comunicação. Nos EUA, hoje se revê uma possível influência russa nas eleições através dos meios de comunicação”, contou.

marcando história e o desenvolvimento do mundo

Para Roberto Figueiredo, pode-se dizer que a comunicação marcou

a história e o desenvolvimento da humanidade, tanto da forma positiva como negativa. “Pesquisas recentes concluem que a mídia interferiu na entrada dos americanos na Segunda Grande Guerra. Isso foi decisivo para a queda do regime nazista, então foi bom, mas existem suspeitas de que fatos foram inventados para a venda de jornais, único meio de informação na época”, relatou o historiador. - Hoje fala-se que a imprensa é o Quarto Poder. Sabe-se que sim, e por isso, qual o pensamento ético desse poder que não está na mão do povo e sim de empresários? Um político tira-se do poder a cada quatro anos, ou antes, se fizer algo muito errado, mas e a comunicação? Como se comporta e a quem presta contas os donos dos meios de comunicação? - questionou.

Indagado sobre como imagina a Comunicação Social e o jornalismo no futuro, o mestre em História destacou: “Queria que só tivesse uma verdade, e essa verdade chegasse a todos, da forma mais simples possível. Mas aí, nem em filme de Stanley Kubrick isso poderia acontecer. Sendo assim, tenho outro sonho utópico, que é a mentira ser deletada das mídias sociais, assim que for escrita”, relatou o professor.

Visão da comunicação social e do jornalismo por profissionais do ramo

Nesse momento mostraremos as visões dos profissionais da Comunicação Social e do jornalismo sobre a importância do jornalismo para a evolução e o desenvolvimento de uma sociedade. Três competentes profissionais revelam o que pensam a respeito do jornalismo em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul.

O professor de Jornalismo do curso da Universidade para o Desenvol-

vimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp) de Campo Grande, Marcelo Rezende, destacou que, no seu ponto de vista, o jornalista atua como prestador de serviços para a cidade onde mora. Para ele, é positivo e válido todo jornalismo feito em benefício da sociedade e que tenha o comprometimento com a imparcialidade e ainda contribui com a população. “Penso que isso é o jornalismo, tudo que é realizado a favor da sociedade é positivo. Contudo, a gente percebe que acaba perdendo um pouco do ‘news’. Vemos que tem muita coisa sendo atribuída ao jornalismo, mas não é jornalismo. É algo mais relacionado ao sensacionalismo”, disse.

Analisando as ideias do professor, percebe-se que ele faz críticas a alguns tipos de jornalismo, como aqueles veículos que pensam apenas em lucrar com notícias exageradas e muitas vezes mentirosas. Rezende faz questão de ressaltar que o jornalismo real, para ele, é aquele que presta um papel social importante dentro de uma cidade e contribui para o desenvolvimento da mesma. “Quando você se volta para ajudar a sociedade, no meu ponto de vista, é mais que a obrigação dos profissionais. A gente precisa estar aqui para representar e apoiar a população”, afirmou Marcelo, concluindo a sua visão a respeito da importância do jornalismo em Campo Grande.

Na mesma pegada que o jornalista Marcelo Rezende, o também professor do curso de Jornalismo, mas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Marcos Paulo da Silva, reforça que o jornalismo constitui uma atividade social historicamente legitimada e que tem como importância fundamental, no seu ponto de vista, o fato de colocar as pessoas em contato com a diferença, em contato com o outro. “E desse contato espera-se que surja uma sociedade mais tolerante, sabendo lidar com a diferença, sabendo lidar com o outro. No caso específico de uma sociedade sul-mato-grossense, um Estado com grandes dimensões e com cida-

des distantes uma das outras, mas com características e peculiaridades muito próprias, como a questão fronteiriça, a questão indígena”, disse.

Para Marcos Paulo, tanto a Comunicação Social quanto o jornalismo contribuem muito ou deveriam contribuir na perspectiva de formar uma sociedade mais tolerante, colocando em contato com o outro e com a diferença. “Nesse sentido, a Comunicação Social e o jornalismo devem formar uma sociedade mais tolerante, que respeite as diferenças e os princípios de cidadania”, frisou.

Quem também destaca a importância da comunicação dentro da sociedade é a mestre em Comunicação e Mercado, Célia Regina Gonçalves Franzoloso. “Penso em comunicação e sociedade como uma inerente à outra. É a comunicação que nos permite chegar ao raciocínio lógico, ao conhecimento cultural e social, incentiva a curiosidade, a iniciativa e a flexibilidade”, relatou.

Celia Regina ainda é docente nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp). Graduada nos dois cursos da área da Comunicação Social pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru (SP) e mestra em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero (SP), ela conta que a comunicação é a base de tudo. “Só através da comunicação conseguiremos resolver ou amenizar os problemas sociais”, destacou. Com a visão desses profissionais da área da comunicação, é possível analisar e refletir sobre a importância do jornalismo para o meio social.

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