TRENND

Page 1

Capa por Carla Kamilly Rodrigues mourão

Trendd




Sumário 06

Expediente

Editorial

07

MODA E BELEZA

08

Moda vintage: só pela estética ou pelo planeta?

Discute como o crescimento dos brechós/moda vintage influenciam o cenário sustentável da moda.

Customização: Transformar ou Reciclar

Discute como o crescimento dos brechós/moda vintage influenciam o cenário sustentável da moda.

14

A Arte do croqui

Detalha o processo de criação do croqui, etapa essencial no processo de produção de peças de vestuário, e aborda sua importância para a moda.

A Calça que quebrou barreiras Artigo de opinião sobre o retorno da calça boca de sino e sua quebra de barreiras.

04

10

19


cultura e lifestyle

20

descobrindo suas cores

Explora a análise de coloração pessoal e como esse tipo de consultoria pode elevar o estilo do indivíduo, tanto no vestuário quanto na maquiagem.

A Shein no Brasil

Investiga o crescimento exponencial da marca Shein, varejista de roupas online, no Brasil e a recepção do público consumidor brasileiro, além de dar dicas de como usar de forma econômica e consciente.

28

Metamorfose Imprescindível

Traça uma breve linha do tempo da moda no hip-hop e investiga como ela se transformou diante os diversos cenários em que esteve inserida e quais são suas tendências hoje em dia.

Conversa de Mulher

Lívia Vieira, empreendedora no mercado de jóias de luxo, abre o jogo sobre os desafios profissionais e da dupla jornada.

35

24

32

Uma mulher, uma história

Uma mulher com uma vida pacata, que está sempre na sua zona de conforto, percebe que já passou da hora de se reinventar. Afinal, a única coisa que impede é o medo.

05


Expediente Camila David veloso

Responsável pela redação e diagramação da editoria de empreendedorismo e pelo perfil, ambos compondo a seção de Cultura e Lifestyle.

jussara de jesus custodio

Responsável pela redação e diagramação da editoria de estilo e pelo artigo de opinião, ambos compondo a seção de Moda e Beleza.

karine glinn oliveira

Responsável pela redação e diagramação da editoria de sustentabilidade, compondo a seção de Moda e Beleza, e pelo sumário.

divya avinash mutreja

Responsável pela redação e diagramação da editoria de economia e pela crônica, ambos compondo a seção de Cultura e Lifestyle.

thaís santos lopes

Responsável pela redação e diagramação da editoria de arte, compondo a seção de Cultura e Lifestyle, além do editorial e expediente.

ana beatriz ferreira tiveron

Responsável pela redação e diagramação das editorias de sustentabilidade e estilo, ambas compondo a seção de Moda e Beleza.

letícia azambuja mattos

Responsável pela redação e diagramação da editoria de empreendedorismo e pelo perfil, ambos compondo a seção de Cultura e Lifestyle.

Carla kamilly rodrigues mourão Responsável pela redação e diagramação da editoria de criatividade, ambos compondo a seção de Moda e Beleza, além do design da capa da edição.

06


Editorial “Não te encontro, não te alcanço… Só – no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só – na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.”

Esse trecho do poema Reinvenção, com autoria de Cecília Meireles, uma das maiores poetas da história do Brasil, descreve de forma efêmera a necessidade de transformações para que a vida tome seu curso. É muito comum ouvir que é durante as crises que surgem as oportunidades de reinvenção e que devemos agarrá-las a qualquer custo. Apesar de ser senso comum que transformações venham da necessidade, o ato de se reinventar é inerente ao ser humano e é o que manteve a humanidade evoluindo com o passar dos milênios. Reinventar-se não precisa ser devido a uma necessidade externa ou interna. Podemos — e devemos — nos reinventar constantemente para evoluirmos e vivermos uma vida plena, pois, como dito por Cecília Meireles, a vida só é possível reinventada. E, por isso, a equipe da revista TRENDD buscou histórias de reinvenção no universo da moda presente no dia a dia das pessoas. Uma das áreas em que mais precisamos nos reinventar como sociedade são nossos hábitos de consumo. A produção em massa de roupas é uma das principais causas de poluição do meio ambiente, entretanto mudar esse sistema está fora de nosso alcance como consumidores. O que pode ser feito por nós como indivíduos é mudar alguns hábitos para contribuir positivamente para nosso planeta. Comprar em brechós é um exemplo de consumo sustentável e, nos dias de hoje, tem se tornado cada vez mais comum e popularizado. Em nossa primeira reportagem, investigamos esse fato através de forma minuciosa. Outra forma de reinventar seu estilo é pela customização de roupas que você já tem. Personalizar uma peça de roupa não só a transforma em uma nova peça, mas também deixa seu guarda-roupa mais a sua cara. A blogueira Verônica Leão explica como a customização pode transformar uma peça em algo completamente diferente e original. Para

aqueles que já customizam as próprias roupas e querem dar um passo além, a reportagem sobre a criação de croquis é perfeita para que suas ideias sejam colocadas no papel! O processo de criação não é tão simples, mas, com as nossas dicas, você pode se desafiar e tentar criar uma peça exclusiva e original. Para se reinventar, entretanto, é necessário conhecerse o suficiente para saber o que agrega ou não ao seu estilo. Uma ferramenta útil é a análise de coloração pessoal, tema da nossa reportagem de beleza. A consultora Patrícia Drummond, do Studio Immagine, conta como a coloração pessoal auxilia as pessoas a refinar seu estilo, tanto em roupas quanto em maquiagens. Uma das marcas de vestuário que reformulou o mercado da moda casual foi a Shein, marca de vendas online. Durante a pandemia, suas vendas aumentaram exponencialmente assim como sua popularidade no Brasil, o que traz discussões sobre as vantagens e os malefícios do fastfashion. Reformular a moda em seu segmento é algo que o movimento hip-hop tem feito desde seu início no Brasil. No começo para a resistência do movimento, entretanto, nos dias de hoje, as tendências do hip-hop nascem da expressão individual de um artista e seus ideais, mantendo as raízes da moda dentro dos princípios do movimento. Como mulher, mãe e empresária, reinventar-se é algo quase corriqueiro para Lívia Vieira. Em seu perfil, ela conta os desafios que enfrenta com sua marca, Odessa, no mercado de jóias de luxo e como se faz presente nas diferentes áreas de sua vida, sem desrespeitar seus próprios limites. Nas próximas páginas, mostramos um pouco como essas reinvenções de si mesmo e da moda fazem a vida acontecer, pois, assim como disse Cecília Meireles, a vida só é possível reinventada. 07


Que roupas antigas são estilosas, todo mundo já sabe, mas você conhece a origem da moda vintage? Aposto que não! É por isso que, nessa matéria, vamos te contar tudo o que você precisa saber. Mas antes, é preciso saber que moda vintage e moda retrô são conceitos diferentes. O vintage é a peça produzida até a década de 90, ou seja, realmente antiga, levando em consideração o ano em que estamos, e o retrô é a roupa fabricada atualmente, que imita as vestes antigas. Agora que você já sabe diferenciar esses dois pontos, podemos explorar a história dos trajes vintage! Tudo começou com o fechamento das fábricas têxteis por causa da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), uma vez que os operários foram obrigados a irem para o campo de batalha. Nesse contexto, o uso de roupas antigas não era conhecido como moda vintage, já que as roupas eram produzidas naquele momento. Diante desse cenário, a sociedade europeia estava sofrendo com a escassez de tecidos e como consequência as famílias começaram a remendar, adaptar e consertar roupas antigas para reutilizá-las. Além disso, as peças começaram a ser fabricadas em tamanhos menores, com cores e estilos limitados. Já na década de 1960, a utilização de vestuários antigos foi nomeada como estilo vintage e se deu a partir da revolta dos jovens em relação a períodos conturbados do passado e às normas conservadoras da sociedade. Nessa época, roupas como uniformes de guerra e peças feitas à mão tornaram-se uma grande tendência, sendo comercializadas em lojas de caridade, como ocorre com os atuais brechós. Mais tarde, nos anos 1980, o inovador estilo vintage voltou com tudo por causa da música, mais especificamente, devido às bandas de rock. Nirvana, Guns N’ Roses e Queen 08

Moda Vintage: Só pela estética ou pelo planeta? texto Ana Beatriz Ferreira e Karine Glinn fotografia gabrielle castro foram alguns dos precursores desse modelo de vestuário, influenciando os jovens da época. No que se refere aos anos 2000, as pessoas na faixa etária entre os 20 e 30 anos rejeitaram as tendências vigentes e passaram a utilizar roupas antigas. Isso foi visto como uma forma de rebelião, uma declaração anti-moda, uma vez que as roupas não tinham o objetivo de parecer caras, novas ou sofisticadas. Atualmente, as pessoas que se identificam com peças vintage, as vestem pelo motivo de serem muito estilosas, terem um caimento que se adequa melhor ao corpo e detalhes delicados, feitos à mão, que não são facilmente encontrados nas roupas de hoje. Além de todas essas vantagens, esses vestuários podem ser encontrados por um preço acessível em brechós, que são estabelecimentos diferentes de bazares. Bazares são locais que vendem todos os tipos de objetos e produtos, como


materiais de papelaria, produtos de limpeza, roupas, brinquedos e quinquilharias em geral. Normalmente, esses itens são peças usadas, antiguidades e artigos vintage, que tem a finalidade de servirem como decoração, fazerem parte de coleções ou simplesmente para uso pessoal cotidiano. Para mais, as vendas são realizadas com o intuito de ajudar causas sociais, então, instituições beneficentes, como ONGs, igrejas, comunidades e hospitais organizam esse tipo de evento. Em virtude dos produtos serem fruto de doações, e majoritariamente usados, os preços são baixíssimos, estando na faixa de R$1,00 a R$5,00. Em contraste, os brechós funcionam como lojas de compra e venda de produtos usados, principalmente, voltados ao setor de vestimentas, tanto feminimino quanto masculino e infantil, sendo uma atividade comercial muito antiga, que se originou, em meados de 1900, nos arredores da capital francesa Saint Quen, em que aconteciam feiras de trocas, o famigerado “mercado de pulgas”. Já no Brasil, esse tipo de comércio teve início em 1899, através do vendedor ambulante Belchior, homem português que revendia artefatos e vestuários de segunda mão no Rio de Janeiro. Devido à pronúncia complicada de seu nome, ele passou a ser conhecido como Brechó, que, mais tarde, se tornou o nome dessa categoria de negócio. Hoje em dia, a imagem dos brechós ainda carrega um lado negativo, de que são vendidas roupas velhas, feias e de má qualidade, porém, na realidade, apesar de mais antigas e usadas, essas peças são revendidas por um preço menor e passam por um processo de avaliação e, se preciso, por uma restauração com o intuito de ficarem como novas. Nesse sentido, a precificação é realizada seguindo alguns critérios, como o estado da peça: se ela é nova ou usada, se está manchada ou com defeitos, se tem todos os botões e se os zíperes se encontram em bom estado. Além disso, é levado em consideração se os trajes são originais ou sofreram alguma alteração, se eles são de marcas conhecidas e qual foi o seu valor inicial. Em consequência da restauração de peças antigas, as pessoas têm olhado cada vez mais para a moda das décadas passadas e se identificado com o estilo, afinal, todos sabemos que as roupas antigas possuem muito requinte, elegância e sofisticação. A maior prova disso são os desfiles baseados na moda vintage, como o de Luisa Via Roma, que aconteceu dia 13 de junho de 2019, inspirado na moda dos anos 1990. Tendo em vista a popularização das roupas antigas, os brechós se tornaram mais conhecidos. Eles se destacam por ter uma grande variedade de vestes que contam com a sigla CGC

na etiqueta, o antigo Cadastro Geral de Contribuintes, que em 1998 se transformou no atual CNPJ. Sendo assim, uma comprovação de que a peça é verdadeiramente vintage. Além disso, a disseminação do estilo vintage é vista como uma saída sustentável, pois, como em qualquer outro tipo de produção em larga escala, existe o uso exacerbado de recursos naturais. Na fabricação de roupas, há o consumo exagerado de água para a produção, acabamento e tingimento de tecidos, além de ocorrer a poluição do solo devido aos agrotóxicos utilizados nas plantações de algodão. Dessa maneira, fica claro que o consumo de vestuários produzidos nos dias de hoje é algo prejudicial ao bem-estar ecológico. Segundo os dados da Organização das Nações Unidas, as fábricas de roupas despejam cerca de 500 mil toneladas de resíduos por ano nos oceanos. Desse modo, a reutilização de roupas é vista como uma opção sustentável, pois evita que tecidos sejam despejados de forma prejudicial à natureza. O aumento da fama da moda sustentável foi ocasionado pela maior conscientização por parte dos consumidores, que se viram reféns do fast fashion. O conceito de fast ficou conhecido em 1999, em razão das enormes lojas de departamento, que, no campo da moda, ficaram conhecidas por venderem uma ampla variedade de peças. Nesse contexto, o termo fast se refere ao curto espaço de tempo entre a criação, produção, comercialização e utilização das roupas. Sendo assim, o estilo vintage e a moda consciente estão entrelaçados e ambos podem se concretizar através dos brechós, estabelecimentos que comercializam vestuários produzidos nas décadas passadas e estão sendo reutilizados. 09


Customização: transformar ou reciclar? Por Ana Beatriz Ferreira e Jussara Custodio

Já se deparou com roupas no armário que estão fazendo aniversário por falta de uso? Caso a resposta seja sim e você pretenda reaproveitar essas peças ou modernizá-las, aqui temos uma sugestão perfeita para você: a customização! Ela tem sido um assunto muito popular ultimamente, trazendo um leque de possibilidades para o seu vestuário, principalmente para usar no seu dia a dia. E, o melhor de tudo, serão trajes únicos, com uma mistura inédita de sua personalidade e seu estilo. Para compreender o surgimento da prática da customização, precisamos voltar um pouco ao nosso passado histórico: foi entre os séculos 18 e 19 que a Revolução Industrial teve início e se concretizou, junto a ela também passou a ocorrer a produção exagerada de vestuários, facilitada pela substituição da manufatura pela maquinofatura. Além disso, durante a Revolução, verdadeiras engenhocas foram inventadas, uma delas foi a lançadeira volante, criada em 1733, por John Kay. Tal invenção proporcionou uma maior rapidez durante a realização das atividades manuais nas fábricas têxteis. A partir disso, é possível imaginar que a confecção exacerbada de roupas não parou por aí, afinal, conforme a população mundial ampliava-se, sua produção também aumentava. Dessa forma, a quantidade de roupas descartadas eleva-se proporcionalmente, gerando desperdícios e prejuízos ao meio ambiente, tanto devido aos gases poluentes quanto ao desperdício e contaminação da água por meio de resíduos, que são consequência da falta de preocupação das grandes indústrias com o assunto.

Vestido feito com retalhos. Foto por: Huda Nunes


Assim, surgiu a personalização de roupas, prática que teve destaque em meados de 1960, a partir do movimento hippie, onde buscavam acrescentar personalidade às peças que vestiam e, consequentemente, demonstrar certa atitude e linha de pensamento, em uma luta pacífica pelos seus ideais. Uma tendência muito comum nesse período foi o tie-dye, que perdura até os dias de hoje, após ter aumentado sua popularidade entre aqueles fascinados por moda ou pessoas que precisavam de um hobbie para se ocupar durante a quarentena. Para mais, a customização de roupas conquistou toda essa fama por ser uma alternativa sustentável para o uso de peças velhas que já não se encaixam na moda atual ou trajes que simplesmente deixaram de servir. Fazer essa transformação é a porta de entrada para implementar maior estilo nas vestes, causando bem estar e realização. Além de torná-las mais atuais e inovadoras, ajuda a evitar o alto consumo de roupas, uma vez que, entre 2000 e 2014, tivemos o número de sua produção dobrando, segundo pesquisa da ONU em 2019. O que é extremamente prejudicial ao meio ambiente devido a todos os impactos negativos que ela provoca na natureza, como já citado anteriormente. Já para Huda de Jesus Nunes (35), dona de casa e mãe, a personalização de roupas tomou parte especial de sua vida, principalmente através do seu canal no YouTube e do seu Instagram, onde compartilha suas criações. Em suas palavras “Costurar era só um hobbie, sempre tive paixão por customizações e upcycling quando nem conhecia esses nomes”. Ela também acrescenta que personaliza suas roupas tanto com a intenção de modernizá-las, quanto para reutilizá-las e evitar consumo exagerado: “Quando canso de uma roupa vou lá e modifico de acordo com a moda ou meu peso do momento”.

Foto por: Huda Nunes

Agora vamos para a parte divertida dessa matéria: a prática! Primeiramente, é necessário decidir qual roupa será modificada, pois é pensando nela que você decidirá a customização que mais se encaixa e também terá a ideia geral do que será feito. Ainda, se não for possível arranjar determinados materiais, utilize o que você encontrar em casa, como tintas para tecido, tesoura, pincéis, canetas, cola para pano ou artesanato, pérolas, missangas, fitas, rendas e retalhos de tecidos. De acordo com Huda, aviamentos – parte do acabamento da peça, como botões, zíperes, ganchos e colchetes – geralmente custam mais caro, portanto, para economizar, ela reutiliza-se de peças modificadas que já não servem mais. Quanto a isso, ela reitera: “Eu prefiro usar roupas usadas, doadas ou compradas em brechós, mas, como sempre me pediram dicas para reaproveitar retalhos, tenho usado eles também. Porém, infelizmente, não tenho contato com fábricas que me repassem as sobras e, nesse caso, preciso comprá-las”. Então se, mesmo depois de todas essas informações, você ainda estiver com dificuldades para decidir de que forma gostaria de customizar suas roupas, vamos falar sobre alguns dos principais métodos utilizados para esse tipo de mudança.

Foto por: Huda Nunes

Para começar, acreditamos que tingimentos, pinturas e desenhos são o primeiro tópico que surge ao citarmos maneiras de personalizar roupas. Afinal, são métodos acessíveis e de simples realização, sendo necessários pincéis, tintas para tecido, corantes reativos, água e muita imaginação! Esse tipo de customização é bem abrangente e traz inúmeras possibilidades, por isso é tão conhecido. 11


Algo que também se popularizou bastante foi a realização de cortes simples e de rasgos em peças jeans, já que a tendência de roupas destroyed só cresceu e as pessoas quiseram reaproveitar os jeans que já tinham em casa. Parece complicado, mas rasgar tecidos é uma prática realmente simples: basta fazer as marcações necessárias com lápis ou caneta, então pegar uma tesoura – afiada se for desejado um corte mais limpo ou cega se quiser um corte irregular e desfiado – e, por fim, rasgar! Além dos cortes, é possível incluir pedraria, pérolas e lantejoulas nas peças, trazendo à elas, respectivamente, um ar de sofisticação, delicadeza e euforia. O processo para embutir esses objetos no tecido, como as demais formas de personalização, não é difícil. Pode ser usada cola quente, cola de artesanato ou agulha e linha de costura. Fotos por: Huda Nunes

Quanto aos tipos de personalização, Huda acredita que faz mais upcycling – que é transformar uma peça em outra totalmente diferente – e também afirma que um pedido recorrente de seus seguidores é o de alargar roupas, acrescentando que o vídeo mais visto do seu canal fala sobre como subir o cós de uma calça jeans mexendo só em seu fundo. No entanto, é preciso colocar a mão na massa! Ter técnica ou algum conhecimento prévio mais aprofundado não é uma necessidade, basta experimentar e fazer o que der na telha. Sobre isso, Huda comenta: “Eu não sou uma costureira profissional, sei o básico da costura e não sou modelista. Qualquer pessoa consegue fazer essas coisas e não precisa ter uma máquina de costura. Muitos seguidores dizem que costuram a mão, é só ir colocando em prática o pouco que sabe e se desafiar que a criatividade vai aflorando”. Transformação de calça jeans em salopete.

Caso tenha dificuldade em soltar a imaginação, apenas pense nas coisas que você gosta: filmes, séries, livros, músicas ou até mesmo uma certa estética que te agrade o suficiente para criar peças baseadas nela. Para obter inspiração, Huda observa muito o mundo à sua volta: como as pessoas se vestem, as vitrines das lojas, a TV, blogueiras e o Pinterest, que é recheado de inspirações para todos os bolsos. Ela ainda acrescenta: ““Um adulto criativo é uma criança que sobreviveu”. Toda criança é criativa, e isso fica adormecido quando crescemos se a gente não colocar em prática no dia a dia”. Em vista disso, é essencial treinar para chegar ao seu próprio estilo. A partir dos seus erros e acertos você pode ir se aperfeiçoando. Portanto, não tenha medo, siga seus instintos e do it yourself! 12



A ARTE DO CROQUI DESENHO DE MODA POR CARLA MOURÃO Você já imaginou criar sua própria roupa? Quando pensamos em criar uma roupa, o pensamento de desenhála logo nos vem à mente, e esse desenho de moda se chama Croqui.

e tecidos que se adequam ao tema/conceito - nesta etapa fazemos a escolha do tipo de decote, manga, com botão ou não, com o sem bolsos e quantos,a barra das roupas, o tipo de costura, e os tipos de tecido (ex: algodão, lã etc).

O Que É O Croqui De Moda?

• A Definição das peças de roupas e detalhes - decide-se as peças (os looks) finais da coleção.

O Croqui vem do francês, que significa esboço, mas, apesar do nome, o croqui de moda vai além de um simples esboço, ele tem de levar em conta a pose do desenho, as curvas, as expressões faciais, além de seguir o conceito da coleção, caimento da peça no corpo, dependendo do tecido, as pregas nos lugares corretos da roupa e o movimento do tecido no corpo. O Croqui é a forma de expressão do estilista, de como ele espera que sua criação fique após a modelagem e confecção, ele normalmente vai seguir o conceito desenvolvido para a coleção ou uma criação inspirada em um modelo de referência. O Croqui surgiu, devido uma necessidade visual, já que as descrições escritas foram consideradas insuficientes, para a criação ou visualização de peças de roupa. Qual A Diferença Entre Croqui E Esboço? O esboço diferente do Croqui, é um rascunho, em que alinhamos o centro e as formas geométricas, para estruturar o corpo, onde vamos modelando o nosso desenho da melhor forma possível, enquanto o Croqui, ele pode vir após o esboço, onde já temos a forma desejada da modelo, e passamos a desenhar a roupas, com seus detalhes minuciosos e as cores.

• O Desenho Técnico - desenho com desenho que possui definições técnicas, para a confecção da peça. • O Croqui - desenho que retrata a visão do artista, para o design final do produto. • A Modelagem - criação do molde das peças de roupa. • O Corte - o estudo e o corte do molde no tecido. • A Confecção - onde os moldes do corte são costurados juntos de acordo com a modelagem e as especificações do desenho técnico. Como Criar Um Croqui De Moda Em Etapas: 1ª ETAPA POSE A primeira coisa para começar o croqui de moda é escolher uma pose, não vamos desenhar ainda, pois a pose será a responsável por destacar o caimento das roupas, as dobras e o tecido, assim como seus detalhes. Para a pose, você pode usar imagens de sua preferência, para orientar com a forma anatômica do corpo humano, para o desenho não ficar com proporções estranhas, como ângulos antinaturais.

Os Passos Antes do Croqui: O Croqui Vem Antes ou Depois? O Croqui é uma parte muito importante da criação de uma roupa, ele é essencial, um protótipo de roupa pode vir apenas do croqui, mas para empresas de confecção têxtil o croqui pode ser insuficiente, para a criação de uma coleção de marca, o design de moda é dividido em etapas como: • A Pesquisa - é a procura de uma inspiração, sendo um cultura, vibes, objetos e entre outros; • A Criação de um tema/conceito - após a escolha da inspiração. se criar um tema com a inspiração como base, é o que vai definir o conceito da roupas e as características dela; • Paleta - a escolha das cores, que leva em conta o conceito/tema; 14

• O Estudo da escolha de modelos de peças de roupa

Imagens pega da Vogue e colagem feita por Carla Mourão


2ª ETAPA LINHA DE EQUILÍBRIO A linha de equilíbrio vai ser a primeira coisa a se traçar na folha, ela vai ser um linha reta, que será usada como um guia para o desenho, a linha será o centro do desenho, que vai da cabeça ao pé, a dimensão da sua linha vai depender da proporção do seu desenho, como o círculo que forma a cabeça mais 6 e meio do mesmo tamanho, formando 7 e meio círculo, pode ser usado como uma forma de proporção de base, mas isso vai depender do estilo de desenho de cada artista.

4ª ETAPA LINHAS E CÍRCULOS Com os traços dinâmicos definidos, faremos linhas simples, elas serão os os braços e pernas, e em cada local de articulação do desenho (ombros, cotovelos, punhos, joelhos etc), colocaremos círculos proporcionais aos desenhos e suas partes do corpo.

Desenho do 4º passo do Croqui por Carla Mourão Desenho do 2º passo do Croqui por Carla Mourão

3ª ETAPA CABEÇA E TRAÇOS DINÂMICOS Nessa etapa, faremos o rascunho da cabeça, com traços de linha horizontal, colocaremos em diversos lugares a partir da cabeça e linha do equilíbrio, o primeiro traço será para linha dos ombros, o segundo para o quadril e o terceiro para a linha dos joelhos e a quarta para a linha dos pés. Os ângulos dos traços estarão de acordo com a pose escolhida.

Desenho do 3º passo do Croqui por Carla Mourão

5ª ETAPA FORMAS GEOMÉTRICAS Nessa etapa, usaremos formas geométricas para estruturar o croqui de moda, usando retângulos e círculos, para que ,mais adiante, façamos um desenho 3D.

Desenho do 5º passo do Croqui por Carla Mourão

15


6ª ETAPA RASCUNHO DA FORMA ANATÔMICA E DA ROUPA Após as formas anatômicas, vem o rascunho anatômico, dando uma forma humana ao nosso desenho e ajeitando ângulos irregulares da posse, e damos forma às expressões do croqui. Com o rascunho do corpo passamos ao rascunho da roupa e suas formas e modelação no corpo.

8ª ETAPA PINTURA, SOMBRA E LUZ Nessa etapa, faremos a pintura levando em consideração a direção da luz escolhida, com a definição da luz e sombra, a pintura será mais escura na sombra e mais clara e brilhante na direção da luz.

Desenho do 8º passo do Croqui por Carla Mourão

9ª ETAPA RETOQUES FINAIS Desenho do 6º passo do Croqui por Carla Mourão

No final do desenho, daremos os retoques finais no desenho, como detalhes na pintura, caneta de brilho ou retoques na lineart. Ou acrescentar detalhes imprevistos.

7ª ETAPA LINEART As linhas da pose do croqui de moda, são definidas, tanto no corpo como na roupa e acessórios. As linhas definitivas do croqui.

Desenho do 9º passo do Croqui por Carla Mourão

Desenho do 7º passo do Croqui por Carla Mourão

16

Como vemos neste texto, o processo de desenvolvimento do croqui de moda, a criação do desenho não é tão simples e aleatório como parece, mas tendo como base o texto nas etapas descritas acima, seu processo de criação será rápido e produtivo, além de deixá-lo mais atrativo visualmente e de fácil compreensão para os profissionais da confecção que serão responsáveis produçã da roupa.




A Calça que Quebrou barreiras

A calça boca de sino retornou e trouxe honra para roupas esquecidas ao longo dos anos.

Por Jussara Custodio

As roupas da moda surgem e vão embora, muitas vezes sem um aviso prévio, mas podem ter um retorno ainda mais triunfante, como uma reinvenção para fugir da mesmice. Peças que viraram tendências em anos como 60 e 70 têm voltado com força, às vezes, em novas formas para se adequarem aos moldes mais modernos. Em meio aos ressurgimentos que caíram no gosto de muitos, podemos citar uma em especial: a calça boca de sino. Trata-se de uma roupa versátil, que quebrou a barreira das peças que caíram no esquecimento para atender gostos desde o retrô ao moderno, estando presente no dia a dia de diversas pessoas. Atualmente, temos acesso, até na palma da mão, a diversas combinações que trazem certa nostalgia para alguns e inclusive a sensação de identidade para outros e, por existir essa facilidade de vestir-se da maneira que agrada – sem julgamentos –, faz com que a calça boca de sino seja tão atrativa, mesmo com tantos anos após o seu pico de popularidade. Elas, que desapareceram no fim do século 20 para logo reaparecer nos anos 2000, há muito desvencilharam-se da sua proposta inicial de ir contra às normas sociais, por ter agradado aos públicos mais diversos. Foi no período de 1970 que essas calças começaram a surgir, com inspiração em calças dos marinheiros dos anos 40 que, por falta de um uniforme padronizado, tinham esse alargamento para facilitar na movimentação. Justamente por conta dessa facilidade que logo foi adotada pelo pessoal da discoteca. Elas seguiam um padrão de serem justas na cintura e irem ficando mais folgadas até a barra, com um formato semelhante a um sino. Atualmente, é comum encontrar ela sob o nome de calça flare e, ainda que tivessem mudanças aqui e outras ali, ela voltou justamente por ser uma roupa que, além de servir bem em muitos modelos de corpo, ajusta-se aos mais diversos tipos de ocasiões, como em eventos, no trabalho ou em passeios casuais.

Ainda sobre a nostalgia, podemos dar como exemplo a possibilidade de vestir essas calças e lembrar de séries como “As Visões da Raven”, de 2003, onde a protagonista, Raven Baxter, tem vários momentos estilosos com elas. Até mesmo em desenhos, como “O Clube das Winxs”, que é lançado no ano seguinte (2004), no qual temos a Bloom e sua marcante calça boca de sino azul, com estrelinhas. Ou seja, é a partir de produções como essas que notamos a importância de representações do estilo dentro de mídias com longo alcance, ainda mais por ajudarem a “marcar” o que faz seu gosto e desfazer, aos poucos, o medo de tomar aquilo como sua identidade e ser julgado, talvez por adotar uma tendência não tão recente, tornando confortável por ter essas referências encorajando. Embora já tenha sido citado que ela é a queridinha de diversos modelos de corpo, cabe ressaltar que ela não é simplesmente criada para ser aceitável aos modelos que a sociedade padroniza. A calça boca de sino cabe bem em pessoas que possuem um maior quadril, aos que possuem ele menor, coxas mais fartas ou as menos fartas, enfim, o fato de que ela modela e valoriza, em alguns casos até causar a impressão de uma altura pouco maior, faz com que seja a peça desejável em seu guarda-roupa, independe de gêneros – o que podemos atribuir às suas origens e inspirações.

Foto por: Joshua Mcknight

Então, com tanta possibilidade por trás, ela é a homenageada da vez. É uma peça que auxilia na reinvenção diária, não sendo necessário usar uma vez por ano, já que, independente dos demais acessórios e roupas, você a usa sem preocupações, seja por sua versatilidade ou mobilidade confortável. Faz parte do gosto de muitos por não acabar caindo na rotina, resgatando até memórias de infância ou – uma das coisas mais atrativas – fazer com que componha seu guarda-roupa por fazer parte de quem é, ou com o que se identifica. 19


DESCOBRINDO SUAS CORES fEITO POR: Camila David e Letícia Azambuja

Já percebeu que cada pessoa possui cores que a valorizam? Cores que tornam a sua pele mais iluminada e uniformizada, minimizando imperfeições. Da mesma forma, há cores que desfavorecem, deixando o semblante cansado, acentuando olheiras, vermelhidão e manchas na pele. Não seria interessante descobrir uma paleta de cores que acentue a sua beleza? A técnica de Análise de Coloração Pessoal surge com esse propósito.

“Experiência da pessoa sentir-se bem na própria pele” A Análise de Coloração Pessoal surgiu na Europa, difundiu-se pelos Estados Unidos e, recentemente, chegou ao Brasil. As redes sociais, como Instagram e TikTok, possuem um papel fundamental na popularização dessa técnica, já que com conteúdos rápidos e criativos, o público tem acesso aos temas que antes pertenciam a um seleto grupo do universo da moda e da beleza. A geração Z (pessoas nascidas na segunda metade dos 1990 até 2010), grandes adeptos de tendências que são, prontamente consumiram e se interessaram pela temática da Coloração Pessoal. Usuários assíduos das redes sociais, instantaneamente compreenderam e disseminaram a técnica. Essa técnica consiste em um processo físico, um teste comparativo de tecidos, através do qual é possível descobrir quais cores se harmonizam com a beleza de cada indivíduo. Assim, a análise realizada por um profissional qualificado determinará roupas, jóias e maquiagens que evidenciam as melhores características de cada pessoa. Durante a realização da Coloração Pessoal, o cliente realiza o teste com o rosto sem maquiagem, colocando uma faixa no cabelo para isolá-lo da face. Disposto em um ambiente com luz natural, de frente a um espelho, usa-se tecidos específicos de cores e tons diversos, colocados um a um. A partir disso, é possível perceber as características das cores que favorecem ou desfavorecem, concluindo no final a estação e a cartela ideais para consumo e uso. No mercado é possível encontrar técnicas diferentes referente à Coloração Pessoal. Carole Jackson por exemplo ao publicar o livro “Color Me Beautiful” no final dos anos 80, foi uma das pessoas que contribuiu na expansão da Coloração Pessoal. A técnica de Carole baseia-se nas quatro estações: primavera, verão, outono e inverno, com tabelas correspondentes para cada uma delas. 20

A análise considera: a temperatura (quente, neutra ou fria); a profundidade (clara, média ou escura); a intensidade (opaca, média ou brilhante); e o contraste (alto, médio ou baixo). A análise é realizada com 12 cartelas: Inverno Frio, Inverno Brilhante e Inverno Escuro; Primavera Quente, Primavera Brilhante e Primavera Clara; Outono Quente, Outono Suave e Outono Escuro e Verão Frio, Verão Suave e Verão Claro. Quais seriam então os benefícios de utilizar a técnica de Coloração Pessoal? Ao compreender quais cores te favorecem, nossa imagem fica harmônica e equilibrada. Ao utilizar cores que exaltam suas características: - os olhos tendem a serem ressaltados; - a pele parece mais macia e com a textura mais suave; - melhora o aspecto de manchas, rugas, e linhas de expressão; - a aparência tende a ficar mais saudável e jovem; - os dentes ficam mais brancos; - o contorno do rosto é definido. - compras mais assertivas - guarda roupa mais funcional, com cores que combinam entre si.

“Beleza é plural, não existe um único jeito de ser bonito, e ter, a partir das cores, a beleza realçada e enaltecida, provoca um brilho nas clientes.” Com essa técnica, surge um novo mercado esperando para ser explorado. A Studio Immagine, uma das escolas mais tradicionais na área, formou, até 2020, mais de 4.500 consultoras, mulheres que buscam empreender e serem pioneiras nesse mercado em ascensão, já que nesse ramo há clientes que investem até 450,00 reais para terem suas cores descobertas. A entrevistada Patrícia Drumond é psicóloga, formada em consultoria de Análise de Coloração pelo Studio Immagine. A psicóloga introduziu na cidade de Montes Claros/MG o Lab. Beleza Pura, que oferece a Análise de Coloração e cursos de automaquiagem. A iniciativa de Patrícia coloca em pauta as possibilidades trazidas pelo mercado da Análise de Coloração Pessoal.


“A Análise de coloração não é Quais seriam então os benefícios de utilizar a técnica de Coloração Pessoal? Ao compreender quais cores te favorecem, nossa imagem fica harmônicaum e achismo e sim equilibrada. Ao utilizar cores que exaltam suas características: um método, que dá - os olhos tendem a serem ressaltados; garantias que as paletas que foram - a pele parece mais macia e com a textura mais suave; escolhidas serão - melhora o aspecto de manchas, rugas, e linhas de expressão; aquelas que realçam - a aparência tende a ficar mais saudável e jovem; suas belezas de maneira mais fluida e - os dentes ficam mais brancos; assertiva. ” - o contorno do rosto é definido. - compras mais assertivas -

guarda

roupa

mais

funcional,

FOTOS POR: PATRÍCIA DRUMOND

com

cores

que

combinam


FOTOS POR: PATRÍCIA DRUMOND

PA T R Í C I A D R U M O N D

Por ser psicóloga, como foi a decisão de seguir na área da Coloração Pessoal? “A decisão de abrir meu leque de possibilidades de atuação profissional vem a partir de algo fluido em mim. Sempre tive muito interesse na beleza dos lugares e das pessoas. 18 anos atrás entendi que seria possível desenvolver um trabalho com as belezas e com a estética. Ir para essa área também dialoga com o meu entendimento da complexidade humana. Patrícia não é somente psicóloga, sou formada por várias nuances e havia uma camada minha que queria explorar essa área.” Quanto tempo atua como consultora de Coloração Pessoal? “Atuo na área há 6 anos, no entanto meu investimento para seguir essa área começou alguns anos antes.” Onde realizou o curso de análise de Coloração Pessoal? Por que o escolheu? “Realizei o curso em São Paulo - SP, em uma escola chamada EnModa. Escolhi realizar o curso de Análise de Coloração Pessoal por dialogar bastante com a minha proposta de trabalho no Lab. Beleza Pura, que é a naturalidade relacionada à beleza. Análise de Coloração Pessoal é justamente isso, é uma ode à natureza colorida de cada um, então é a possibilidade de enaltecer quem somos.” A Coloração Pessoal revolucionou a área da beleza/moda? “O estudo das cores nessas áreas traz sofisticação para a moda e beleza de maneira geral. Estudar teoria das cores e o seu impacto, faz com que a imagem ganhe uma sofisticação em termos de mensagem transmitida. O leigo que interage com essa imagem não se dá conta do que está acontecendo, mas é impactado pelo conforto gerado pela harmonia visual.”

22

Quais os benefícios da Coloração Pessoal para a autoestima? “Os benefícios para a autoestima podem ser vários, depende de quem é a pessoa que está procurando o serviço. No sentido geral o maior benefício é ajudar o cliente a se sentir melhor na própria pele. O Lab. Beleza Pura tem o lema ‘Bem na própria pele’, que é o que quero provocar, essa experiência da pessoa sentir-se bem, sentir-se bonita sem achar que precisa ser outra pessoa, ter outra estética e outros traços. Acredito que o principal ganho na autoestima seja esse, investir um olhar de sensibilidade, e acolhimento para a beleza. Beleza é plural, não existe um único jeito de ser bonito, e ter, a partir das cores, a beleza realçada e enaltecida, provoca um brilho nas clientes.”

Qual o perfil da mulher que procura esse procedimento? “ Mulheres de 45 a 60 anos, que buscam um reencontro com a sua beleza. Elas chegam ao Lab. Beleza Pura com a vontade de sentirem-se bonitas novamente. É uma fase de reencontros e atualizações. O outro público seria jovens mulheres, de 20 a 25 anos, que já possuem o entendimento mais aguçado sobre assuntos relacionados à estética, e chegam com o objetivo de aproveitar os novos recursos. Elas chegam com conhecimento prévio acerca da Análise de Coloração Pessoal divulgados principalmente nas redes sociais.”


Conte uma história de uma Coloração Pessoal que foi significativa.

Você recomenda a análise de coloração pessoal? Por quê?

“Existem inúmeras histórias que foram significativas durante a minha jornada na área. Uma das primeiras pessoas que eu atendi foi uma mulher jovem que quis realizar a Análise de Coloração, e em sequência fez uma oficina de automaquiagem que também ofereço no Lab. Beleza Pura. Quando finalizamos o processo de análise, ela está com as cores e a maquiagem que a favorecem, a cliente se emociona e começa a chorar muito, me agradecer e diz que é a primeira vez que se reconhece como bonita. Já que por estar fora dos padrões estabelecidos pela sociedade, ela nunca se viu como símbolo de beleza, e pela primeira vez em 30 anos olhou-se no espelho e se achou bonita. Aquele momento foi extremamente marcante e gratificante na minha trajetória com a Análise de Coloração Pessoal”

“Recomendo a Análise de Coloração a todos as pessoas adultas, sendo mulher ou homem, que deseja ter esse olhar aguçado para a natureza colorida, para todos que buscam algum tipo de atualização na sua imagem. Realizar a Análise é muito mais para seu próprio consumo que para o outro. A Análise de coloração não é um achismo e sim um método, que dá garantias que as paletas que foram escolhidas serão aquelas que realçam suas belezas de maneira mais fluida e assertiva. Além disso, para aquelas pessoas que desejam realizar a Análise em busca de um consumo consciente, as paletas também auxiliam nesse processo de escolhas assertivas.”

FOTOS POR: PATRÍCIA DRUMOND

“Recomendo a Análise de Coloração a todos as pessoas adultas, sendo mulher ou homem, que deseja ter esse olhar aguçado para a natureza colorida, para todos que buscam algum tipo de atualização na sua imagem.

23


Shein no Brasil A crescente busca pelo fast fashion Por Divya Mutreja

Foto editada por Divya Mutreja

A Shein é uma das pioneiras do comércio 100% digital e, apesar de estar no mercado desde 2008, teve seu pico de vendas nos últimos anos, depois de muitas mudanças. No Brasil, entretanto, só começou a fazer mais sucesso nos dois últimos anos. Durante o cenário de pandemia, a busca por produtos de boa qualidade, com preços acessíveis e entrega rápida se intensificou. Com a visão de sempre estar por dentro dos gostos e necessidades dos seus consumidores, a Shein conseguiu alcançar com força o público jovem, que está presente principalmente nas redes sociais. Mas de onde veio essa marca? Qual é o seu diferencial? Por que a marca está tão em alta? São algumas das questões mais levantadas quando se trata dessa marca. Com o intuito de responder essas perguntas foi feita uma pesquisa, com uma amostra de 86 pessoas, para identificar o gênero, a idade, as preferências e motivos do público consumidor.

CRESCIMENTO A marca foi criada em 2008 por Chris Xu, inicialmente como uma loja para noivas, com fabricantes chineses que seguiam critérios para potencializar a adesão nos mercados europeu e americano. Mas, em 2014, a Shein passou a ter sua própria produção e se especializou como marca feminina, com uma rede ampla de fabricantes e um time interno de design. Essas mudanças somadas à facilidade para comprar na moeda local — independente de onde esteja — além de preços acessíveis, entrega rápida, variedade de modelos, que conta com mais de 600 mil produtos a venda, e uma renovação de estoque diária, promoveu essa grande procura nos últimos anos, principalmente no cenário da pandemia, onde a compra online e entrega rápida são os principais requisitos para o consumidor. Assim, a Shein chegou , no ano de 2021, a valer mais de 2 bilhões e ter uma procura mundial. Sendo responsável pela entrega de produtos em mais de 220 países. APLICATIVO

Gráfico, por Divya Mutreja, de consumidores da Shein de acordo com a pesquisa feita.

24

Diferente do site, o aplicativo da Shein apresenta alguns benefícios exclusivos como obter pontos, conseguir cupons de desconto, adquirir produtos para testar de forma grátis e ter acesso a milhares de produtos de forma rápida e simples, já que o aplicativo possui diversas categorias e possibilita a busca de acordo com a categoria que se tem interesse.


concorrer a um teste de forma 100% grátis. Só é necessário que você faça um relatório sobre a qualidade, estilo, tecido e complete com fotos. Quanto mais curtidas o seu comentário tiver, maior é sua chance de conseguir outros produtos. Entretanto, não é todo produto que você escolhe que consegue testar, demorando, em média, uma semana para saber se foi selecionada ou não. Prints do aplicativo da Shein

Você deve estar se perguntando o que são esses pontos. Bem, são dólares; cada 100 pontos equivale a 1 dólar que é convertido no fim da sua compra, se escolher usá-los e ganhar esses pontos não é difícil. Fazer coisas simples como comentar sobre produtos que já comprou — ao adicionar fotos, você consegue mais pontos —; realizar o check-in diariamente, a cada dia de check-in realizado mais pontos você recebe; jogar os jogos disponíveis, concorrendo a pontos ou descontos. Quanto mais pontos você tiver, mais desconto você pode obter.

Prints do aplicativo da Shein

Como consigo os cupons e quando posso usá-los? Os cupons variam de acordo com o valor da sua compra, conseguindo entre 5 e 20 reais de desconto para compras acima de 99 reais e até 100 em compras acima de 400 reais. Para ganhar os cupons você pode jogar na aba “Shein Prêmios”, onde concorre a diferentes valores de cupons, além de receber do próprio aplicativo da Shein alguns cupons, todo mês. Para usar, é necessário apenas ficar atento à validade dos seus cupons e selecionar o que quiser usar antes de finalizar a compra.

Prints do aplicativo da Shein

COMUNICAÇÃO COM O PÚBLICO Por ser uma marca 100% online, os meios de comunicação com seus clientes são o site, o aplicativo e as redes sociais da própria marca. Assim, ao observar o aplicativo da Shein, entende-se que, apesar de ser uma marca predominantemente feminina, ainda há uma grande variedade de produtos a disposição com preços que atraem o consumidor. Mas o que a Shein realmente tem de diferencial é sua equipe de comunicação própria, com em média 800 funcionários, do polo de criação que observa as hashtags mais usadas e comentários em mídias, como Tik Tok e Instagram, para entender as tendências de diferentes países e oferecer opções variadas de produtos, desde moda adulta e infantil até itens de beleza, decoração e pet, que cativam os clientes. Por seu público consumidor está principalmente nesses meios, tal interação e pesquisa de mercado é de suma importância para estreitar os laços entre fornecedor e consumidor.

Prints do aplicativo da Shein

Uma coisa que muitos não sabem é que dá para receber produtos de graça! Sim, você leu certo. Dá para ganhar e a única coisa que precisa fazer se for sorteado é comentar o que achou. No aplicativo, há a opção de “Teste Grátis”, onde sempre há diferentes itens que você pode escolher para

Prints do da conta no instagram da Shein no Brasil

25


4ª DICA

TAXAÇÃO NA ALFÂNDEGA Durante a pesquisa feita para compreender o público consumidor dessa marca, de um total de 86 pessoas, 10 disseram já terem sido taxadas e, em sua maioria, as compras eram de valores acima de 200 reais. Essa tendência levanta muitas perguntas sobre os motivos da taxação. O QUE É SER TAXADA?

Se seu pedido estiver muito caro ou volumoso, divida em várias compras. Fique atenta ao rastreio do seu pedido e nunca peça um seguido do outro, na opção “Meus pedidos” dá para acompanhar, e ao evitar de ter mais de um pedido seu na alfândega - que aparece no rastreio tanto em Curitiba - maior chance de passar sem ser inspecionado.

A taxação na alfândega é um imposto referente à importação de roupas, sapatos, maquiagem e demais produtos cobrados pela Receita Federal. Assim como a maioria dos produtos, o que os tornam caros é essa taxação, que pode chegar a 60% do valor do produto comprado. E diferente do que muitos pensam, isso ocorre muito. Print do aplicativo da Shein

Como não errar o tamanho? Um dos maiores medos na hora de comprar roupas ou qualquer coisa online é errar o tamanho. Na Shein, como a maioria de lojas de roupa online, para não errar é necessário apenas seguir as medidas de cada peça, o tamanho de uma peça que é L não é igual a outra em tamanho L, já que varia o tecido e modelo da peça, sendo fundamental usar uma fita métrica e tirar suas medidas.

Imagem editada por Divya Mutreja

TODAS AS COMPRAS DA SHEIN SÃO TAXADAS? Segundo a legislação brasileira todo produto importado sofre cobrança de impostos que o próprio consumidor deve pagar. Porém, devido ao grande número de compras vindas do exterior, mesmo com toda automação do serviço e de funcionários, é inviável que todos passem por fiscalização e sejam taxadas, dependendo muito da sorte de cada um.

Se você pretende comprar mais de uma vez, uma dica é já deixar anotado suas medidas para quando for comprar apenas consultar o que já tem. As medidas mais importantes na hora de comprar uma peça são: Comprimento da calça/ short/blusa/vestido, tamanho da cintura, do quadril e da coxa, comprimento do pé - para sapatos e meias - do ombro, comprimento da manga, pulso, busto e comprimento do bíceps.

DICAS PARA EVITAR A TAXAÇÃO Apesar de não ter uma regra para realizar a fiscalização, há meios de minimizar as chances de ser cobrado por fazer compras no exterior que valem muito apena serem usadas, mesmo que nem sempre funcionem. 1ª DICA Organize os seus pedidos para não serem muito volumosos e pesados. Quanto menor for a encomenda, maior são as chances de passar despercebida. 2ª DICA Não faça compras muito caras. De acordo com o consumo de outros usuários, as taxações acontecem em pedidos que ultrapassem 50,00 dólares. 3ª DICA Faça compras em datas comemorativas, como dia dos namorados, natal, páscoa, e etc. Com o mesmo número de funcionários, a Receita Federal não terá como fiscalizar tantas encomendas, assim sendo mais fácil da sua passar sem ser inspecionada. 26

Tabela de medidas editada por Divya Mutreja

SHEIN NO BRASIL Como pode perceber há muitas coisas que podem ajudar na hora de fazer compras na Shein, e apesar de muitos não confiarem plenamente na marca, seu espaço no mercado brasileiro está crescendo. Esse crescimento pode ser observado com os dados da pesquisa feita pelo BTG Pactual, onde no Brasil 1,8 milhão de usuários acessam o aplicativo da Shein pelo menos uma vez por mês, ultrapassando os aplicativos da C&A (que conta com 1,1 milhão); Submarino (com 1,4 milhão) e se aproximando da Renner ( que tem 2,2 milhões).



Metamorfose imprescindível por thaís santos lopes Will Smith no papel de Will, protagonista da série Um Maluco no Pedaço (Fresh Prince of Bel-Air). Suas roupas coloridas foram tendência na moda hip-hop nos anos 90, devido ao sucesso da série. Foto de Archziner.

Desde o início da história, o tipo de roupa que você usa define algumas coisas sobre você como profissão, classe social, lugar onde vive, entre outros. Na contemporaneidade, a moda passa a ter como propósito expressar a identidade do indivíduo, mas continua manifestando identidades coletivas e delimitando grupos e movimentos sociais de uma forma mais complexa. Um desses movimentos é o hip-hop, movimento que nasceu em comunidades negras e latinas dos EUA e abrange o rap, break dance e o graffiti. No Brasil, o movimento surgiu em meados dos anos 80, na estação São Bento, em São Paulo. Ao mencionar a moda hip-hop, também conhecida como streetwear, determinado estilo e vestuário vem à mente, provavelmente bonés de aba reta, camisetas de basquete e calças largas, entretanto esse estilo não se resume a apenas isso. Assim como a moda em geral, a moda hip-hop evolui com o movimento em si e conforme o cenário sociopolítico-econômico do país, como maneira de resistência. Num dos episódios mais esperados do podcast Podpah, comandado por Igão e Mítico, Mano Brown fala sobre sua carreira e trajetória, mencionando como era a moda no hip-hop brasileiro nos anos 80. Sendo um dos pioneiros do rap brasileiro, Brown explica que os integrantes do movimento precisavam aderir determinado corte de cabelo e roupas que eram usados por pessoas de classe mais alta, pois, ao se consolidar um estilo típico do hip-hop, aqueles que usavam essas roupas eram alvos de violência policial e discriminação. “O sistema engoliu. Morreu de tudo quanto é jeito que você imaginar, o sistema engoliu. E os que sobreviveram mudaram o código de roupa”, desabafa Mano Brown. 28


Foto: Nation of Billions/Reprodução

Cut Foto:

Out +

Keep

sobrevivência Faz a moda girar”

Foto: Post Kulture/Divulgação

“O instinto de

Grupo Run DMC, grupo de hip-hop considerado ser a ponte entre a velha escola e a era moderna do hip-hop. Foto: Getty Images.


Foto de Klaus Mittelforf

Capa do álbum “Nada Como Um Dia Após o Outro Dia” dos Racionais MC’s.

Coleção Avuá, do Laboratório Fantasma, marca do rapper brasileiro Emicida e seu irmão, Emerson Fiote. A coleção da grife foi apresentada na SPFW44. Foto de Marcelo Shoubhia /FOTOSITE.

Foto: New Era/Divulgação


Essa realidade fez com que a moda fosse se transformando e novas tendências foram estabelecidas. Apesar disso, ao ser questionado se essa escolha era consciente ou por estilo, Mano Brown acredita que foram ambos e que isso é típico da moda: “A moda fez isso, pra você ver que o instinto de sobrevivência faz a moda girar”. E a moda girou, mudou e se transformou. A trajetória da moda hip-hop desde o seu início, nos anos 80, até os dias de hoje é marcada por diversas transformações no estilo típico do movimento, ainda assim mantendo um pouco de suas origens. Durante as décadas de 80 e 90, a moda hip-hop no Brasil variou bastante tanto por ter sido o início do movimento no país quanto pelas questões de sobrevivência e resistência já mencionadas. Cabelo raspado, pizza na calça (customização em que se costurava um tecido, em formato triangular como uma fatia de pizza, de cor ou estampa diferente na barra da calça boca de sino, outra peça muito presente na moda da época) e camisetas largas era o estilo predominante do hip-hop durante sua origem. A década de 90 foi o período que o hip-hop passou a ganhar cada vez mais notoriedade no Brasil, principalmente na cena musical com artistas como Racionais MC’s e Dexter, o que ajudou a desmistificar algumas ideias negativas que eram atribuídas ao movimento. Nesse momento, o que dominava a moda eram calças largas, jaquetas coloridas, bandanas e bonés, além de roupas esportivas.

transmitem a ideia de ostentação como correntes com pingentes vistosos, brincos e anéis de ouro, etc., além do conforto e função utilitária sempre são levados em conta. A moda no hip-hop, assim como em outros segmentos, evolui e se transforma conforme seus arredores políticos e sociais, por ser um movimento muito discriminado e apropriado por aqueles que oprimem os integrantes desse grupo social. A roupa e a maneira com que os membros do hip-hop se impõem revela muito sobre seus ideais como indivíduos e como parte dessa comunidade, pois como Mano Brown diz na música Vida Loka II, dos Racionais MC’s: “Miséria traz tristeza e vice-versa / Inconscientemente vem na minha mente inteira/ Na loja de tênis o olhar do parceiro feliz/ De poder comprar o azul, o vermelho/ O balcão, o espelho/ O estoque, a modelo, não importa”. Transmitir sucesso e riqueza enquanto mantém suas tendências de origem na moda é uma das principais formas de resistência do hip-hop, comumente criminalizado e associado à pobreza pela sociedade, devido suas raízes na comunidade negra. Vestir-se bem se torna uma atitude que quebra os paradigmas do racismo e da segregação de classes, pois a moda é política.

A virada do milênio também marca outras transições do estilo. Mantendo as mesmas tendências dos anos 90, nos anos 2000, as calças já tipicamente largas se tornaram mais baixas, os conjuntos esportivos (com calça e casaco de moletom) de marcas como Nike e Adidas, acompanhados de tênis das respectivas grifes. Já a década de 2010 tem como principal estrela o boné de aba reta, embora ele estivesse presente desde o início do movimento. Na época, a moda hip-hop estava num período de auge e a popularização do gênero musical contribuiu para a recepção da massa. Além do boné, os cordões de ouro e camisetas com estampas gráficas retornam aos holofotes de uma forma mais despojada e moderna. É durante esse período de extrema popularização do hiphop e do streetwear que a moda do segmento passa a evoluir e se transformar cada vez mais rapidamente. As tendências atuais da moda dentro do hip-hop são cada vez mais plurais e acompanham as mudanças sociais, como as discussões de gênero e sexualidade, que têm se tornado mais complexas. Roupas consideradas femininas, como saias e vestidos, vêm sendo adotadas nos últimos anos por rappers como Young Thug, que declarou já declarou que a maior parte de seu guarda-roupa é composto por roupas femininas, pois vestem melhor e ficam mais próximas ao corpo. Além disso, atualmente as típicas calças largas estão sendo deixadas de lado e calças mais justas ganharam espaço, ainda que, no passado, fossem vistas como uma peça menos masculina e associadas a homens gays de maneira pejorativa. Outras tendências em alta nos últimos anos no hip-hop são o minimalismo e o monocromático. O estilo all black (“todo preto”), antes muito típico da West Coast dos Estados Unidos, se tornou muito popular, principalmente combinado a calças cargo, coletes semelhantes a coletes à prova de balas, fivelas e bolsos grandes, remetendo uma estética militar. O minimalismo normalmente se combina ao estilo monocromático, composto por conjuntos de moletom ou esportivos numa cor só, comummente cores neutras como bege, marrom, preto, entre outras. Apesar disso, mantém diversas características constantes, como a apropriação de marcas de luxo, o uso de acessórios que

Young Thug para Dazed de Outono/2015. O rapper revelou usar roupas femininas por se ajustarem melhor a seu corpo, sem se importar com o julgamento alhaeio. Foto de Haley Weir.

31


CONVERSA DE MULHER por Camila David e Letícia Azambuja

LÍVIA VIEIRA Mulher, esposa, mãe e, agora, empreendedora. Nos mostra como, aos 35 anos, encontra tempo e energia para revolucionar sua vida profissional, fundando sua própria marca, Odessa, e ingressando no mercado de jóias de luxo. O QUE TE MOTIVOU A VOLTAR AO MERCADO DE TRABALHO? Retomar minha independência financeira foi um fator determinante, pois, apesar de a maternidade ser o trabalho mais importante de todos, não é reconhecido ou remunerado. Desde que meus filhos nasceram, meu trabalho se tornou a maternidade. Um deles tem paralisia cerebral e, devido a essa condição, eu mergulhei no mundo das demandas que ele trouxe para a família. Esse é um trabalho que demanda muito, tanto emocionalmente quanto fisicamente. Ao longo do tempo percebi que me fazia falta produzir outro tipo de trabalho, que envolvesse outros temas, me desconectando um pouco desse trabalho que demanda tanto [maternidade] para que quando estivesse com meus filhos, pudesse estar inteira. POR QUE ESCOLHEU O MERCADO DE JÓIAS DE LUXO? Eu sou graduada em engenharia, mas depois da faculdade trabalhei em uma empresa de design de mobiliário e me encantei com a possibilidade de transformar um material em objeto. Assim, a escolha do mercado de joias foi pela vontade de trabalhar com o metal. Escolhi pelo desejo de criação, dentro das possibilidades que trabalhar com o ouro me apresenta. QUAIS OS MAIORES DESAFIOS VOCÊ ENFRENTA NO MERCADO? Por estarmos no Brasil, a dificuldade de adotar práticas de extração que eu gostaria, que são as minas de fair trade gold, que tem a exploração mais justa do material que precisamos. Conseguimos para a Odessa, acesso ao material que é explorado da forma menos impactante no país, mas, ainda assim, no exterior existem possibilidades mais avançadas de maior responsabilidade ambiental, que seria maravilhoso ter aqui. COMO ser MULHER, ESPOSA, MÃE E EMPREENDEDORA? Se alguém tiver a resposta, passa o meu número que quero essa dica. Brincadeiras a parte, tento fazer meu melhor em cada sessão, no momento em que estou conectada a cada uma delas. Entendo que existem limitações em cada uma dessas áreas, por causa de quem somos. Mas busco ser melhor, ao mesmo tempo em que sou gentil comigo mesma, entendendo que o meu melhor tem limites, e está sendo trabalhado. SENDO MULHER, VOCÊ SOFRE MAIS NO RAMO EMPRESARIAL? Com certeza. Não há dúvidas das dificuldades que uma mulher enfrenta em cada e todo aspecto do mercado de trabalho, essa pergunta tem uma resposta que já deveria ser do entendimento de todos, agora, as perguntas a serem feitas devem ser em relação a quais caminhos precisam ser percorridos para que esse mercado se torne mais justo. 32


Foto por Camila David



uMA MULHER, UMA HISTÓRIA POR DIVYA MUTREJA

O medo te faz ficar na zona de conforto, mas quando tudo que está acostumada a ter e viver pode sumir a coragem para se reinventar e mudar o futuro é a única coisa que precisa.

Beatriz - Bia para os próximos - tinha uma vida comum, acordava todos os dias às 7 horas da manhã. Arrumava a cama. Preparava o café. Se arrumava para o dia que estava por vir. Saia de seu predinho amarelo em uma das muitas esquinas da grande São Paulo e encontrava seus vizinhos, que assim como ela, amava a rotina e dava bom dia para Dona Maria, que abria seu café, para o senhor Francisco, que passeava com seus dois cachorros antes de abrir sua floricultura e para todos que passassem por ela. Bia aos 28 anos, começou a seguir seus sonhos. Depois de meses desenhando novos designs, costurando, preparando todos detalhes para abrir sua loja, ao lado da cafeteria da Dona Maria e da floricultura do senhor Francisco, com muito medo do desconhecido e coragem abriu as portas da sua loja. E agora, um ano depois, foi convidada para palestrar em um dos eventos mais importantes de empreendedorismo feminino por já ser reconhecida por todos da vizinhança, e até mesmo de outros bairros, por suas peças únicas, de alta qualidade e fora do padrão. Hoje fui convidada para falar um pouco da minha história como mulher empreendedora, mas vou falar mais da minha história para chegar aqui. Tudo começou a um pouco mais de um ano, quando eu trabalhava em uma agência de viagens... Um emprego que eu até que gostava, tirando o fato de que eu sempre ajudava os outros a realizarem seus sonhos mas os meus sempre ficava bem guardados em uma das gavetas do meu armário, tinha amigos com quem saia, conseguia pagar minhas contas, tinha tempo para fazer as coisas que gostava como costurar e cozinhas.

Foto editada por Divya Mutreja

...Tudo estava indo bem, pelo menos era o que eu achava até descobrir que ia ser demitida. Nesse momento era pra eu ficar triste e preocupada - afinal tinha contas pra pagar - mas na verdade fiquei aliviada e foi aí que percebi que não podia manter meus sonhos guardados, não tinha como continuar vivendo de salário em salário. Tava na hora de mudar, de me arriscar. Com o pouco que recebi quando fui demitida, comecei a planejar a abertura da minha loja, peguei todos meus desenhos guardados e com minha pequena máquina de costura os realizei. Após meses desenhando novos designs, costurando, preparando todos detalhes, finalmente estava na hora de abrir as portas. Bem, vocês devem está se perguntando porque contei minha história, e o motivo é para passar para vocês o que demorei tanto para aprender. O medo nos paralisa e impede de fazer o que sempre quisemos. Passei 10 anos da minha vida adulta apenas “seguindo o fluxo” até perceber que mesmo com medo eu precisava mudar a minha vida, porque não dava mais para viver apenas no modo automático. E então recomecei mesmo contra todas as probabilidades de ter sucesso. 35







Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.