Hoje Macau 14 MARÇO 2023 #5209

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hojemacau

O papel principal

No encerramento da sessão anual da APN, que elegeu Xi Jinping para um terceiro mandato presidencial, o líder da nação defendeu que a China deve ter um papel de maior relevo no palco internacional. Reunificação com Taiwan, segurança reforçada e auto-suficiência tecnológica, foram outros dos propósitos deixados por Xi, que se comprometeu ainda a promover a estabilidade e prosperidade de Macau e Hong Kong.

ÓSCARES MINORIAS CONSAGRADAS

HOJE MACAU DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 14 DE MARÇO DE 2023 • ANO XXI • Nº5209 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA A TERAPIA DA ESCRITA
UM TRISTE ESPECTÁCULO ENTREVISTA
HOMICÍDIO
PÁGINA 7
TRÂNSITO CAOS NA ROTUNDA EVENTOS PÁGINA 5
PUB.
PÁGINAS 4, 10 E 11
XINHUA YAN YAN

MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA AUTORA E EDITORA

escrevia, ou ia ao psiquiatra”

Acaba

Regressou agora do festival “Correntes D’Escritas” onde o seu último livro, “O meu corpo humano”, foi premiado. Imagino que a distinção tenha produzido uma óptima sensação.

Claro (risos). Primeiro porque tenho um especial carinho pelo festival, que existe há mais de 20 anos e que não tem ainda nenhum equivalente em Portugal. Foi importantíssimo ganhar este prémio por ser um festival de que gosto especialmente e por ser de um livro que é especialmente duro, que tem a ver...

Consigo, mas não só...

Sim. É talvez o meu primeiro livro que fala do outro quase de uma maneira suplicante, porque, na verdade, fala do corpo no sentido de ser frágil, vulnerável ao tempo, à doença, à idade e ao envelhecimento, e humano no

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“Ou
de ganhar o prémio do festival literário “Correntes D’Escritas” com o novo livro de poesia “O meu corpo humano”, editado no ano passado. Na obra, Maria do Rosário Pedreira faz um exercício de reflexão sobre o mundo, mas também sobre si própria, depois do sofrimento gerado pela pandemia. A autora encara a publicação espaçada de poesia como um momento catártico
FOTOS HOJE MACAU

sentido humanista, ou seja, é um corpo que sofre e ao qual é preciso prestar atenção e ter compaixão, é preciso ter empatia pelo corpo do outro. Ainda há dias aconteceu um terrível naufrágio ao largo da costa italiana em que morreram uma data de pessoas, muitos deles crianças. Temos pena nesse dia em que passa a reportagem e depois nunca mais se fala disso. Quis, no fundo, com estes poemas, chamar a atenção para a indiferença perante as grandes questões. Por exemplo, esta história de retirarem palavras como “feio” e “gordo” de livros de um autor clássico juvenil [Roald Dahl] é ridícula ao pé de problemas como tentar resolver a questão da fome ou das migrações que não estão minimamente resolvidos.

Vivemos na era do politicamente correcto que está a deturpar conceitos e ideias com os quais fomos crescendo?

Estão-se a radicalizar questões que, de facto, são muito importantes, como o racismo, a xenofobia. A nossa relação em relação às lésbicas, gays e transsexuais têm de mudar, de facto. Não pode continuar como no tempo dos meus pais, em que era tudo um escândalo e andava tudo escondido. Acho é que são questões que não estão a ser tratadas da maneira certa, porque se confunde muito “língua” e “linguagem”, ou seja, acham que por se dizer “presidenta” já estão a respeitar a mulher que detém o cargo. Não tem a ver com isso. Não estou a ofender uma mulher se a chamar de “presidente”. Muitas vezes torneiam-se as questões sérias com um tratamento que é radical e quezilento e que só vai criar anticorpos. Em relação à retirada de nomes como “feio” e “gordo” há, de facto, coisas menos boas e não devemos poupar os miúdos ao que existe. Não os podemos esconder do mundo real. Estudos demonstram que uma das razões pelas quais o QI está a baixar na Europa desde o ano 2000 é, justamente, pela falta de linguagem, pela falta de capacidade de construir argumentos. Estamos a ver em toda a Europa os partidos de extrema-direita a crescer, porque falam preto no branco. O problema reside em que, se quem ouve, só percebe o básico. O problema da esquerda hoje em dia é, em vez de tentar resolver os grandes problemas dos países, [focar-se noutros]. Temos de ir à base e resolver os problemas maiores.

Publicou livros infantis numa época diferente [colecções “O Clube das Chaves” e “Detective Maravilhas”], quando não havia internet. Já aí tinha a preocupação de transmitir o mundo real?

Sim. Aliás, os textos sobre as colecções que fiz dizem sempre que os livros tentam transmitir valores humanos que estão em declínio e, ao mesmo tempo, transmitir informação que não é dada nas escolas. Isso já era uma preocupação minha, nem era tanto fazer um objecto literário. Queria ganhar leitores e trazer miúdos para a leitura, atraindo-os com temas como as injustiças que se passam no mundo, na escola, as coisas que não sabem como resolver ou o conflito entre gerações. Penso que o máximo problema hoje em dia é, justamente, a dependência juvenil da tecnologia e o afastamento da leitura, porque esta sempre ajudou as pessoas a serem mais empáticas, por haver uma identificação com as personagens. Além disso, a leitura desenvolve capacidades que o audiovisual não desenvolve, como o pensamento crítico ou a imaginação. Esta é uma geração dependente do audiovisual.

Voltando ao seu livro, o júri do “Correntes D’Escritas” destacou “a ousadia como a obra aborda a experiência do corpo humano nas dimensões do desejo, morte, memória e na relação com o outro”. Não é só um livro de poemas sobre si, como mulher, na relação com o seu corpo, é também um exercício de reflexão sobre o mundo onde habita?

Claro. Acho que nos meus livros anteriores era sempre o sofrimento pessoal do sujeito poético que estava à mostra. Eram sempre os poemas do “Eu”. Perdi algumas pessoas na pandemia e o sofrimento alheio passa a ser um pouco o nosso. Já tenho uma vida equilibrada e, se calhar, não precisava de sofrer tanto pelas minhas questões pessoais, mas a verdade é que ficámos com mais tempo para olhar para nós, porque ficámos sozinhos, não podíamos sair nem estar com os outros. Percebemos também que o tempo que estava a passar, para pessoas mais novas, não tem eco no futuro, mas para uma pessoa na minha idade sim. Eu estava, na pandemia, quase com 60 anos, o que significa que os anos que vêm aí são preciosos, e que

chatice não podemos vivê-los. Há também uma influência no corpo físico. Olhamos para trás e percebemos o que não podemos voltar a fazer. Já não nos vamos apaixonar como o fizemos em jovens, já não nos podemos voltar a vestir com coisas que, se calhar, gostaríamos. Percebemos que o nosso corpo é vulnerável e não volta a ser o que era. O que acontece a partir de certa idade é um arrependimento pelas coisas que não fizemos. O meu livro reflecte esse olhar para o espelho e a reflexão do que já se fez e não se vai a tempo de fazer e, por outro lado, perceber que com a vida minimamente equilibrada em termos sentimentais, olhamos para os outros e percebemos que estão piores que nós. Nós, com esta vulnerabilidade do tempo, temos a obrigação de fazer alguma coisa, muitas vezes pelos jovens. Na questão dos migrantes, vemos pessoas, que são jovens, mais sujeitas a que o seu corpo sofra. Portanto, este é um livro sobre até que ponto não devemos ser compassivos, empáticos e atentos aos que estão a sofrer.

Arrepende-se de alguma coisa que não tenha feito? Quando era miúda fiz teatro e sempre pensei que gostava de fazer teatro, mas não é aos 63 anos que me vou pôr a fazer isso. Poderia fazê-lo, mas não seria a mesma coisa. Há pouco tempo, por exemplo, pensei em fazer um herbário, mas com esta idade já não se justifica andar a recolher plantas de ruas e jardins, talvez fosse melhor ter feito isso antes. Há montes de livros que

não li que gostava de conseguir ler até morrer e se calhar já não vou conseguir, porque o nosso cérebro já não processa a informação da mesma maneira. Não tenho filhos, mas nunca senti muito o apelo maternal e casei com quarenta e tal anos. Mas escrevo num dos poemas do livro que gostava de ter tido netos.

A relação que tem hoje com o seu corpo é mais tranquila?

Não é nada tranquila! Esse é o problema, porque acho que o envelhecimento físico é uma coisa muito complicada. Oiço mal e lido muito mal com o facto de ir ver uma peça de teatro e não conseguir ouvir tudo. É limitativo, lido mal com isso. Acho que as pessoas têm de gostar de si e não é fácil o facto de um corpo envelhecer. Não tenho uma relação pacífica com isso. Como tenho uma vida muito activa, foi o período da pandemia que me fez parar e se calhar está associado a coisas que não gostei de ver. Não acho que seja pacífica a relação com o meu próprio corpo. Queria gostar mais de mim.

Disse numa entrevista que a poesia já a salvou de momentos de angústia, até de uma depressão? É como uma catarse constante? Digamos que os meus livros são sempre terapêuticos, e por isso escrevo pouco. Se não publico até é bom sinal, porque não preciso de o fazer.

Não publicava poesia desde 2012, quando editou “Poesia Reunida”. Sim. A minha poesia escreve-se pouco. Se calhar, se não tivesse sido um momento especialmente mau nesta pandemia, com a perda de pessoas amigas e o envelhecimento, muito provavelmente não teria voltado. Defino sempre um livro de poesia como: ou o escrevia, ou ia ao psiquiatra. Na verdade, prefiro escrever o livro, porque cada poema que sai faz-me sentir bem e o eco no leitor é muito gratificante. Isso acaba por curar, se calhar, o mal que estava antes do livro. É uma terapia.

Já foi ao psiquiatra, ou recorre sempre aos livros?

Já fui ao psiquiatra, sim, mas foi há muitos anos (risos).

É também editora, e no grupo

“Os meus livros são sempre terapêuticos, e por isso escrevo pouco. Se não publico até é bom sinal, porque não preciso de o fazer.”

tem deve fazer outra coisa. Devíamos dar um espaço de destaque ao verdadeiro escritor. Quando comecei, com vinte e tal anos, a edição de livros era uma actividade muito menos industrial do que é hoje. Há livros editados que são maus formadores de leitura e levam a que as pessoas pensem que também podem publicar. Temos o mercado pejado de coisas verdadeiramente más. O material que usamos para escrever um livro é aquele que usamos nesta entrevista, para pedir um café ou insultar alguém. Combinar isso [bem, num livro] é cada vez mais raro, e é isso que me faz escolher um livro. Na nova geração, então, é raríssimo.

“O máximo problema hoje em dia é a dependência juvenil da tecnologia e o afastamento da leitura, porque esta sempre ajudou as pessoas a serem mais empáticas (...) Esta geração é dependente do audiovisual.”

Recebe muitos livros?

Muitíssimos. É difícil encontrar um bom livro porque a geração educada pelo audiovisual não só escreve pior como escreve como se fosse um guião, em tempo real, no presente do indicativo, sem discrições.

E na poesia, há maus poemas?

Leya é responsável pela descoberta de novos autores. O que um romance tem de ter para lhe chamar a atenção?

É muito difícil de responder a isso porque nunca é a mesma coisa. É mais uma coisa de sentir do que de descrever. Hoje em dia publica-se toda a espécie de porcaria que existe. Discordo muito disso porque quem tem talento tem, quem não

Há péssimos. Mas sempre houve, e ninguém os edita. A diferença entre a poesia e a prosa é que, como a poesia se vende pouco, não há empresas interessadas em fazer os livros às pessoas. A má poesia não se vende, mas a má prosa sim, porque há empresas especializadas em afagar o ego das pessoas que não têm talento, e estas pagam para ter o seu livro publicado. Mas depois o livro nunca aparece em lado nenhum. Isso baralhou o mercado e hoje quando entramos numa livraria não conseguimos distinguir o bom do mau. Andreia Sofia Silva

entrevista 3 terça-feira 14.3.2023 www.hojemacau.com.mo
“O meu livro reflecte esse olhar para o espelho e a reflexão do que já se fez e não se vai a tempo de fazer.”

APN DISCURSO “APAIXONANTE” DE XI ELOGIADO

OS membros de Macau na Assembleia Popular Nacional (APN) exultaram com o discurso de Xi Jinping no encerramento da sessão anual do órgão nacional.

Em declarações ao jornal Ou Mun, o chefe da delegação da RAEM Lao Ngai Leong sublinhou que a sessão da APN que terminou ontem comprova a elevada atenção prestada pelo Presidente Xi Jinping e o Governo Central ao desenvolvimento de Macau e Hong Kong e à forma como está intimamente ligado à construção de uma nação forte. O representante afirmou ainda que a integração de Macau no desenvolvimento nacional é inevitável, assim como a participação no processo de modernização da nação, através da presença activa nos projectos de cooperação como a construção da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.

Por sua vez, Kou Hoi In declarou que os interesses da população foram temas nucleares no discurso de Xi Jinping, assim como a união de todos para prosseguir o objectivo de construir um país socialista moderno. O presidente da Assembleia Legislativa sublinhou ainda que apesar do discurso do Presidente Xi não ter sido longo, grande parte das suas palavras foram dedicadas a Macau e Hong Kong.

Já o deputado Chui Sai Peng referiu que, além da atenção dada às regiões administrativas especiais, o discurso teve como teve como destaque as missões inquestionáveis do Grande Rejuvenescimento da Nação Chinesa e a promoção firme da reunificação da pátria.

Todos os membros de Macau ouvidos pelo jornal Ou Mun categorizaram o discurso de Xi Jinping como “apaixonante e incentivador”. N.W.

APN XI LIGA DESENVOLVIMENTO DO PAÍS COM PROSPERIDADE DE MACAU

Uma relação simbiótica

Construir

uma nação forte é um desígnio inseparável da garantia de estabilidade e prosperidade de Macau e Hong Kong, afirmou Xi Jinping no discurso de encerramento da sessão da Assembleia Popular Nacional. O novo primeiro-ministro Li Qiang traçou um futuro risonho para as regiões administrativas especiais, com o apoio do Governo Central

“PROMOVER a construção de um país forte é um objectivo inseparável da prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau”, afirmou Xi Jinping no discurso de encerramento da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), que terminou ontem em Pequim.

No primeiro discurso do terceiro mandato enquanto Presidente da República Popular da China (RPC), Xi comprometeu-se no apoio incondicional ao desenvolvimento económico de Macau e Hong Kong e apelou à integração das regiões administrativas especiais no desenvolvimento global da nação.

Perante os mais de 3.000 delegados que encheram o Grande Salão do Povo em Pequim, Xi Jinping destacou as especificidades fundamentais das regiões nos desígnios futuros do país.

“Devemos implementar de forma plena, precisa e inabalável o princípio ‘Um País, Dois Sistemas, ‘Macau governado pelas suas gentes’ e ‘Hong Kong governando pelas suas gentes’ com alto grau de autonomia”, afirmou o Presidente chinês.

Durante o discurso, que durou 15 minutos, Xi Jinping prometeu apoiar o desenvolvimento económico e melhorar a qualidade de vida das populações de Macau e Hong Kong, reiterando que as duas regiões devem reforçar a integração nas grandes políticas nacionais.

Primeiras palavras

Li Qiang também mencionou as regiões administrativas espe-

ciais na primeira conferência de imprensa em que participou na qualidade de primeiro-ministro da RPC. O responsável indicou

Reuniões magnas RAEM apresentou 91 propostas

Os membros de Macau da Assembleia Popular Nacional apresentaram 91 propostas durante as reuniões magnas. A informação foi apresentada por Kou Hoi In, novo membro do Comité Permanente da APN, durante o balanço da participação da comitiva

de Macau nos eventos. Segundo o também presidente da Assembleia Legislativa, as propostas visaram áreas como a educação, tecnologia e finanças e a construção da Grande Baía e da Zona de Cooperação Aprofundada Ilha da Montanha-Macau.

que o Governo Central sempre deu grande importâncias às “vantagens e características” de Macau e Hong Kong e mostrou-se esperançado que as recentes dificuldades sentidas pelas duas regiões tenham sido meramente passageiras.

“O Governo Central irá implementar de forma plena, precisa e inabalável o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, apoiar absolutamente a integração de Hong Kong e Macau no desenvolvimento global do país, promover o crescimento económica e a melhoria da vida das populações, assim como aumentar a competitividade internacional das regiões administrativas especiais”, afirmou Li Qiang.

O primeiro-ministro destacou também a importância das especificidades das regiões para a estratégia nacional, em particular o papel que Macau assumiu desde o retorno à pátria como reputado Centro Mundial de Turismo e Lazer, e Hong Kong enquanto praça financeira, comercial e centro portuário.

“Com o apoio da nação, e as garantias proporcionadas pelo princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, os estatutos de Hong Kong e Macau serão reforçados. O futuro de Hong Kong e Macau será certamente mais brilhante”, completou Li Qiang. João Luz

Hong Kong Viagens para China via Macau sem testes

Deixa de ser obrigatório apresentar, a partir de hoje, o código de saúde de Macau e o teste negativo para quem viaje de Hong Kong para o Interior da China via Macau sem histórico de viagem ou residência em Taiwan ou

em países estrangeiros nos últimos sete dias. As regras, divulgadas ontem, determinam que estes viajantes podem sair de Macau pelos canais normais na fronteira. O Centro de coordenação de contingência do novo tipo

de coronavírus adiantou ainda que as pessoas com mais de três anos com histórico de viagem ou residência em Taiwan ou em países estrangeiros continuam a estar sujeitas a medidas de controlo sanitário.

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“Promover a construção de um país forte é um objectivo inseparável da prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau.”
XI JINPING PRESIDENTE DA RPC

DSAT DESLOCAÇÕES PARA O INTERIOR LONGE DE ESGOTAREM QUOTAS

ENTRE Janeiro e 27 de Fevereiro, as quotas diárias de marcação prévia de passagem fronteiriça no âmbito da Deslocação de Veículos de Macau na Província de Guangdong nunca foram esgotadas. A revelação foi feita por Lam Hin San, Director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em resposta a uma interpelação do deputado Ngan Iek Hang.

“Em relação à marcação prévia de passagem fronteiriça, nunca foi registado, desde o primeiro dia da recolha dos pedidos, o esgotamento das quotas”, esclareceu Lam. O director da DSAT também apontou que se prevê que “a partir do final de Março do corrente ano, o número de quotas aumente para 2000 por dia”.

Ngan Iek Hang questionava igualmente a situação do trânsito na Rotunda da Amizade, em que os congestionamentos se tornaram

habituais com a reabertura das fronteiras e a circulação pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

O director da DSAT destacou que o “Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) tem prestado atenção à situação do trânsito nas proximidades do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau” e que em caso de necessidades envia mais agentes para “descongestionar o trânsito ou tomar devidas medidas, de forma a manter a ordem do trânsito daquela zona”.

A realização de obras no local foi outra das estratégias adoptadas. Lam explicou que consistem em “três viadutos elevados, dos quais dois já entraram em funcionamento desde Novembro do ano passado”. O director da DSAT acrescentou ainda que se encontra “em curso a colocação das estacas moldadas do outro viaduto”. J.S.F.

DSEC COMÉRCIO POR GROSSO E RETALHO COM MAIS TRABALHADORES

ADirecção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou que no quarto trimestre de 2022 o número de trabalhadores na área do comercio por grosso e retalho aumentou 4,5 por cento, face ao mesmo período de 2021. Só no sector do retalho o número de trabalhadores totalizou 41.017 trabalhadores, mais 4,1 por cento face ao período homólogo de 2021.

Pelo contrário, os salários destes trabalhadores foram, em média, 13.740 patacas, uma quebra de 1,7 por cento em termos anuais. Na área da segurança registaram-

-se 12.974 trabalhadores, que representa uma quebra de 0,4 por cento, com a remuneração média a ser de 12.880 patacas, menos 5,2 por cento. Nesta área, o número de vagas disponíveis foi de 1.111, menos 59 em termos anuais.

Em contraste, o número de vagas na área do comércio por grosso e retalho foi 2.632, ou seja, mais 796 em termos anuais.

Para 86,9 por cento das vagas para seguranças foi exigido o equivalente ao ensino secundário geral ou inferior, bem como para 65,3 por cento das vagas na área do comércio por grosso. A.S.S.

Talentos Pedido registo de licenciados no estrangeiro

O Governo faz um apelo para que todos os alunos de Macau licenciados no estrangeiro que se registem na chamada “Base de Dados dos Talentos” e actualizem os seus dados. Para atingir o maior número possível de registos de pessoas que poderão estar interessadas em

trabalhar no território após a sua formação, o Fundo Educativo da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude começou a enviar, a partir de Outubro de 2022, emails aos beneficiários dos subsídios para a aquisição de material escolar, estando a ser contacta-

dos, desde quinta-feira, os beneficiários das bolsas de estudo. O Governo promete “fazer mais avanços nestas áreas”, criando uma “plataforma internacional de ensino superior de alta qualidade” e fazendo “o reforço da criação de cursos de ensino superior direccionados para as indústrias”.

TRÂNSITO WONG APONTA “PERÍODO NEGRO”

DEVIDO A CIRCULAÇÃO PARA O INTERIOR

Problemas no paraíso

A deputada Wong Kit Cheng afirma que os congestionamentos na Rotunda da Amizade são cada vez mais frequentes e que a medida que permite a circulação de veículos para o norte piorou o problema. A legisladora pede ao Governo que se apresse a resolver a situação

WONG Kit Cheng considera que o trânsito no território atravessa um “período negro” gerado por inacção e medidas como a autorização para circular no Interior e na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. A opinião foi partilhada através de uma interpelação

dos”, as “principais estradas estão sempre congestionadas”.

“Entre as vias com mais trânsito destaca-se a Rotunda da Amizade que concentra o acesso para a Zona A dos Novos Aterros e para a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, afirma Wong Kit Cheng. “Os residentes relatam-nos que desde o dia que foi implementada a medida de Circulação dos Veículos para o Norte, o trânsito entrou num período negro, mais grave do que durante a pandemia e que se está a tornar foco de atenção social”, acrescentou.

Wong Kit Cheng avisa também que “a futura política de reconhecimento mútuo das cartas de condução” vai piorar o trânsito

A deputada também critica o Executivo por ter sido lento a agir e a preparar as estradas para o aumento de trânsito previsível. “Apesar das autoridades afirmarem que o congestionamento na zona [da Rotunda da Amizade] foi causado porque o trânsito cresceu cinco vezes mais depois da pandemia, a verdade é que esta zona sempre esteve muito congestionada antes e durante a pandemia”, acusou. “A discussão sobre a implementação da medida de Circulação dos Veículos para o Norte levou muito tempo a ser preparada, o que significa que as autoridades tiveram tempo para se prepararem”, acrescentou.

Vai piorar

Wong Kit Cheng avisa também que “a futura política de reconhecimento mútuo das cartas de condução” vai piorar a situação.

Neste sentido, a deputada quer saber se as autoridades podem antecipar a abertura de uma alternativa à única ligação entre a Zona A e a Península de Macau, que actualmente se faz pela Rotunda da Amizade.

escrita, em que a deputada pede ao Governo que crie rapidamente vias alternativas para descongestionar o trânsito.

Segundo a legisladora ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau verificam-se “mudanças óbvias no trânsito” do território porque independentemente de serem “dias da semana ou feria-

As estimativas actuais apontam para que apenas em 2025 as obras para a construção da via alternativa fiquem concluídas. No entanto, como considera que todas estas ligações estão afastadas das zonas habitacionais, Wong Kit Cheng coloca a possibilidade de os trabalhos serem feitos de forma mais intensa.

Por outro lado, sugere que sejam tomadas medidas para diversificar as fronteiras de entrada de veículos no território vindos do Interior, com alternativas à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. João Santos Filipe

política 5 terça-feira 14.3.2023 www.hojemacau.com.mo
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TURISMO PEDIDOS INCENTIVOS PARA VISITANTES DE HONG KONG

Morder o anzol?

Dois dirigentes de associações do sector turístico sugeriram medidas para atrair turistas internacionais e de Hong Kong. Paul Wong vê com bons olhos a extensão das ofertas de viagens de autocarro e ferry para visitantes de Hong Kong. Andy Wu considera que o visto para turistas internacionais que visitem Macau devia permitir a entrada em Hengqin

DESDE que foram levantadas as restrições fronteiriças impostas pela política de zero casos de covid-19, o número de turistas que escolhe Macau como destino fez lembrar os tempos áureos antes da pandemia. Porém, representantes do sector querem medidas que atraiam turistas que pernoitem em Macau e visitantes internacionais.

O presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, Paul Wong, considera que a Direcção dos Serviços

Paul Wong considera que Macau deve aproveitar o aumento de turistas internacionais que visitam Hong Kong, e possibilitar que usufruam dos mesmos incentivos de viagens grátis para Macau

Gripe colectiva 16 crianças infectadas em duas creches

tas internacionais se estes pudessem também entrar em Hengqin. Para tal ser possível, o dirigente associativo sugeriu a criação de um visto especial que permita a entrada na Ilha da Montanha a estrangeiros, durante o tempo de estadia em Macau.

Na óptica de Andy Wu, a medida devia permitir múltiplas entradas e saídas entre Macau e Hengqin durante o tempo da visita, seja para turismo ou negócios, de forma a promover o aumento da duração das estadias em Macau de turistas internacionais.

de Turismo (DST) deve apresentar novas ofertas dirigidas para o mercado de Hong Kong, e prolongar a campanha de oferta de viagens de ferry entre as duas regiões administrativas especiais. Recorde-se que a medida prevê que os turistas vindos de Hong Kong, que permaneçam em Macau pelo menos uma noite, só pagam uma viagem até ao final deste mês. Paul Wong gostaria de ver a medida prolongada, uma vez que a sua eficácia está comprovada pelo aumento dos visitantes da região vizinha e do tempo que passam em Macau.

O representante acrescenta que Macau deve aproveitar o aumento de turistas internacionais que visitam Hong Kong, e possibilitar que usufruam dos mesmos incentivos de viagens grátis para Macau.

Petisco na Montanha

Por sua vez, o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu, considera que a RAEM poderia ser mais atractiva para turis-

Em declarações ao jornal Ou Mun, o dirigente associativo destacou a complementaridade em termos de ofertas turísticas entre Macau e Hengqin, oportunidades que deveriam ser exploradas pelas seis concessionárias de jogo para desenvolver as ofertas não-jogo e atrair visitantes do Japão e Coreia do Sul. João Luz com N.W.

HABITAÇÃO ENTRE DEZEMBRO E JANEIRO EMPRÉSTIMOS CAÍRAM 52,3 POR CENTO

OS novos empréstimos

hipotecários aprovados em Janeiro pelos bancos de Macau atingiram 1,44 mil milhões de patacas, valor que representa um decréscimo 52,3 por cento em relação ao mês anterior. Como é habitual, os empréstimos contraídos por residentes representaram a

vasta maioria, 96 por cento do total, apesar do valor total do montante emprestado ter caído 47 por cento para 1,39 mil milhões de patacas. Segundo os dados divulgados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) a componente não-residente decresceu também 58,43 milhões de patacas.

O caso muda de figura quando analisado trimestralmente. Durante o período entre Novembro e Janeiro, o número médio mensal de novos empréstimos hipotecários para a habitação atingiu 1,95 mil milhões de patacas, registo que marca um aumento de 8,5 por cento em comparação com o perío-

do anterior (entre Outubro e Dezembro).

Também nos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias a AMCM dá conta de uma descida mensal de 37,7 por cento, com os bancos a aprovaram em Janeiro empréstimos num montante total de 976,44 milhões de patacas. Olhando

Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados na sexta-feira de casos de infecção colectiva de gripe em duas creches, afectando no total 16 crianças. Segundo informação divulgada ontem pelos SS, foram detectadas 13 crianças infectadas na turma K1D da Escola Secundária Sam Yuk de Macau, na Rua do Colégio da Taipa. Os pacientes são cinco meninos e oito meninas, com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos. O segundo caso foi detectado na turma A da Creche S. João da Obra das Mães (HC), na Avenida de Horta e Costa, onde foram infectadas três crianças, um menino e duas meninas, todos com 3 anos de idade. Os sintomas em ambos os casos começaram a manifestar-se entre quarta e quinta-feira da semana passada, com infecções do tracto respiratório superior, febre e tosse, entre outros. Alguns doentes foram submetidos a diagnóstico e tratamento médico em instituições hospitalares, sem que se tenham registado casos graves nem de internamento.

Costa Nunes Três meninas com gastroenterite

para o registo trimestral, entre Novembro de 2022 e Janeiro de 2023, o número médio mensal dos novos empréstimos comerciais aprovados atingiu 1,31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma descida de 61,5 por cento, em comparação com o período anterior (Outubro a Dezembro de 2022).

Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados na sexta-feira da ocorrência de um caso de infecção colectiva de gastroenterite no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes que afectou três meninas de 3 anos de idade. Segundo informação divulgada ontem pelos SS, as crianças apresentaram sintomas como vómitos e dores abdominais. As autoridades adiantaram que algumas meninas tiveram de recorrer a instituições médicas para tratamento, mas que não houve registo de casos graves ou outras complicações graves. Os SS excluíram a possibilidade de gastroenterite alimentar em conformidade com as horas de refeições das meninas. “De acordo com as horas de ocorrência da doença, os sintomas, o período de incubação, é provável que o agente patogénico esteja relacionado com uma infecção viral”, apontaram os SS.

6 sociedade 14.3.2023 terça-feira www.hojemacau.com.mo
J.L.

HOMICÍDIO POLÍCIA JUDICIÁRIA ANUNCIOU DETENÇÃO DE UM RESIDENTE DE HONG KONG

Regresso ao local do crime

Horas depois da detenção, o homem foi levado para o local do crime para ser feita uma “reconstrução” do ocorrido.

Durante o procedimento, anunciado horas antes pela Polícia Judiciária, a cara do homem esteve sempre coberta com um saco preto

UM homem de Hong Kong foi detido e é o principal suspeito de ter morto a mulher encontrada sem vida, no domingo, na Pensão Residencial Florida. O anúncio foi feito ontem

CPSP Aluno apanhado a conduzir sem carta

pela Polícia Judiciária (PJ), horas antes das autoridades se terem deslocado ao local do crime, com o homem, para fazer uma reconstrução dos trágicos acontecimentos.

Segundo Chong Kam Leong, chefe da Divisão

Um aluno foi apanhado, na madrugada de domingo, a conduzir uma mota sem carta de condução, tendo sido interceptado por agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública junto à avenida Lok Koi, em Coloane, depois de ter tentado fugir às autoridades. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o aluno, de 20 anos, não parou num sinal vermelho, tendo admitido depois que já não era a primeira vez que conduzia sem carta e que a mota era de um amigo. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, podendo o residente ser acusado dos crimes de condução perigosa e desobediência às autoridades.

de Informática Forense, a detenção foi feita dez horas depois do alegado homicídio ter acontecido no ZAPE.

Horas depois da detenção, a PJ levou o homem ao local do alegado crime, perto da Avenida Almeida Ribeiro,

Ponte Sai Van Motociclista hospitalizado após acidente

Um motociclista com cerca de 20 anos foi ontem hospitalizado, depois de ter sofrido um acidente na Ponte Sai Van. O caso foi relatado pelo jornal Ou Mun e aconteceu às 11h, no sentido entre Macau e a Taipa. Quando foi transportado para o Hospital Conde São Januário, o ferido estava a perder a consciência e apresentava ferimentos como uma fractura do cotovelo esquerdo, escoriações na cara e nos joelhos. Segundo a informação disponibilizada, o acidente aconteceu quando circulava sozinho.

para fazer uma reconstrução, altamente coreografada, do ocorrido. Durante todo o tempo em que esteve a ser exibido aos órgãos de comunicação social e aos transeuntes interessados, a cabeça do homem esteve co-

Alfândega Serviços interceptam “baratas americanas”

Os Serviços de Alfândega da Cidade de Cantão anunciaram ter interceptado 200 baratas americanas, numa “pequena embarcação” que navegava entre Hong Kong e Macau. A notícia foi anunciada através de um comunicado, em que os agentes do outro lado da fronteira surgem a segurar um saco com várias baratas apreendidas. Segundo a informação, os bichos foram detectados numa inspecção de rotina a uma embarcação, em locais como a cozinha e os quartos do barco. As baratas encontradas são da espécie “periplaneta americana”, também conhecida como barata americana, que tem um comprimento máximo de seis centímetros. Este tipo de barata é tido pelas autoridades de Cantão como uma espécie invasora.

antes de alegadamente ter cometido o crime.

Alegada prostituta

berta por um saco preto com dois buracos para os olhos.

Apesar do espectáculo mediático da tarde de ontem, a PJ não revelou qualquer informação adicional sobre o crime, mas prometeu que os pormenores seriam revelados na manhã de hoje, através de uma conferência de imprensa.

O jornal em língua chinesa Macau

Today relatou que a residente morta trabalhava como prostituta

O indivíduo foi ainda levado para a zona da Rotunda Carlos da Maia, onde as autoridades acreditam que tenha estado no domingo,

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A notícia do homicídio da residente local de 46 anos foi revelada no domingo, depois do corpo ter sido encontrado pelas 10h50, num quarto da Pensão Residencial Florida, junto da Avenida Almeida Ribeiro.

Ontem, o jornal em língua chinesa Macau Today relatou, de acordo com fontes não identificadas, que a residente morta trabalhava como prostituta.

Quando foi encontrado, o corpo da mulher apresentava vários ferimentos na cabeça, pelo que o caso foi imediatamente classificado como homicídio.

Por esse motivo, as equipas de investigação deslocaram-se ao local onde estiveram a recolher vários tipos de provas, como almofadas, tolhas, robes, malas e lençóis.

Por sua vez, o corpo da vítima foi recolhido da Pensão Residencial Florida e levado para ser autopsiado por volta das 17h20. João Santos Filipe e Nunu Wu

Companhia Yat Yuen Macau S.A. Macau Yat Yuen Company Limited

ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA

Serve a presente para convocar a Assembleia Geral Ordinária da Companhia Yat Yuen Macau S.A., registada junto da Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis sob o n.º 810 (SO), com sede social na Avenida da Praia Grande, no. 759, 5º andar, Macau (a “Sociedade”), nos termos do artigo 14.º dos Estatutos, e de acordo com a legislação em vigor, para se reunir no dia 29 de Março de 2023, pelas 12:00 horas, no L´Arc Hotel Macau, sito na Avenida 24 de Junho, n.º 278, Sala de Conferência do 20.º andar, em Macau, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Discussão e aprovação do Balanço e das contas da Sociedade, respeitantes ao exercício findo em 2022, do relatório do Conselho de Administração e do parecer do Conselho Fiscal;

2. Eleição dos membros do Conselho Fiscal para o mandato de 2023 a 2024;

3. Alteração dos estatutos da Sociedade; e

4. Outros assuntos de interesse para a Sociedade.

Os documentos e informação sobre os pontos constantes da ordem de trabalhos encontrar-se-ão ao dispor dos Sócios no escritório da C&C Advogados, sito na Av. da Praia Grande, no. 759, 3.º andar, em Macau, nos termos da lei.

Os Sócios podem fazer-se representar na Assembleia Geral ou participar através de videoconferência. As respectivas cartas mandadeiras devem ser dirigidas ao Presidente da Mesa e por ele recebidas até ao início da Assembleia Geral. O Sócio que pretenda participar na reunião através de videoconferência deverá informar previamente a Sociedade com, pelo menos, dois dias de antecedência, relativamente à data da reunião. Caso não possa realizar-se na data acima mencionada, em primeira convocatória, por não estarem presentes ou devidamente representados, pelo menos, 1/3 (um terço) do capital social, a Assembleia Geral realizarse-á, em segunda data nos termos e para os efeitos do artigo 222.º, n.º 4 do Código Comercial, no dia 6 de Abril de 2023, pelas 12:00 horas, no mesmo local, designadamente, L´Arc Hotel Macau, sito na Avenida 24 de Junho, n.º 278, Sala de Conferência do 20.º andar, em Macau. Macau, 10 de Março de 2023

O Presidente da Assembleia Geral Leong On Kei

sociedade 7 terça-feira 14.3.2023 www.hojemacau.com.mo
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(Continuação do publicado a 13-3-23)

A criação da China Popular: um passo de gigante para uma igualdade secularmente negada

No campo da historiografia do movimento feminista chinês, da semiótica e da representação, é importante ressaltar a obra de Julia Kristeva, publicada em 1974, Des Chinoises. Este trabalho resulta de uma viagem que a autora realizara à China, na companhia de Rolland Barthes e de Philippe Sollers, no qual Kristeva, depois de analisar a situação analítica e histórica das mulheres ocidentais (a qual considera resultar do monoteísmo e do capitalismo), nos conduz pela família chinesa e pela situação das mulheres chinesas. Assinala, então, que, no início do século XX, as chinesas haviam participado no ataque à velha moral confucionista, a qual, assentando em valores feudais e patriarcais, se encontrava no cerne do domínio secular masculino. Kristeva assinala, deste modo, que a participação daquelas mulheres, nas lutas sociais e políticas, ao longo do século XX, havia influenciado profundamente as massas estudantis e camponesas (ainda que, segundo Kristeva, uma vez criado o Partido Comunista Chinês, as ativistas feministas tivessem optado pela luta de classes, em detrimento da luta pelos direitos das mulheres). A autora assinala, ainda, que foi sob a influência de Mao Zedong que as mulheres obtiveram mais direitos (no plano jurídico) e um maior relevo social, assumindo, crescentemente, na República Popular, cargos e tarefas de responsabilidade.

Kristeva enceta, na realidade, um estudo do movimento feminista chinês, considerando que o mesmo não se deve desligar do movimento revolucionário posterior, assinalando não apenas a relevância do papel sociopolítico da mulher chinesa, ao longo do século XX, como a sua ligação indiscutível com as transformações ocorridas na China, nomeadamente depois de 1949.

Com efeito, ao permitir uma rutura definitiva com a China feudal, a Revolução de 1949 permitiria dar um salto qualitativo na igualdade entre homens e mulheres, quer no plano político, quer no plano familiar, quer, ainda, no pla-

A evolução sociopolítica e passado e presente de

da transformação da sociedade, buscava-se a verdadeira igualdade entre homens e mulheres.

Ainda assim, a igualdade nas várias esferas (social, política, económica, jurídica) ainda estava por alcançar.

no religioso. Neste sentido, a mudança organizativa sociopolítica chinesa, operada na segunda metade do seculo XX, é concomitante com uma evolução do papel da mulher no plano sociopolítico, e consequentemente jurídico. Já no Livro Vermelho, Mao Zedong assinalava que, ao longo da história chinesa, o homem havia estado sujeito à dominação de três sistemas de autoridade: a autoridade política, a autoridade familiar e a autoridade religiosa. A mulher, por seu lado, para além de estar submetida a estes três sistemas de autoridade, encontrava-se, ainda, submetida à autoridade masculina. O exercício destas quatro autoridades constituía, aliás, segundo Mao, a própria essência ideológica e moral do sistema feudal-patriarcal.

A República Popular iria, deste modo, contrariar a base ideológica da organização socioeconómica anterior, levando avante profundas transformações no plano simbólico, material e jurídico, com o objetivo de pôr fim aos mecanismos políticos e sociais que se encontravam subjacentes à desigualdade histórica entre o homem e a mulher. Assim, por exemplo, aquando do Grande Salto em Frente (1958-1960), a força de trabalho representada pelas mulheres vai revelar-se fundamental, sendo crescente a sua participação no trabalho produtivo. Aliás, para que a

coletivização do setor agrícola se operasse, era essencial a plena inserção da mulher no trabalho produtivo, pelo que urgia socializar todas as tarefas necessárias e libertar as mulheres das incumbências domésticas. Neste contexto, são criadas creches e cantinas, o que permitirá que, não apenas no plano doméstico, mas também (macro) económico, homens e mulheres, cada vez mais, se aproximem.

A lei da reforma agrária, promulgada em 1950, garantia os direitos de propriedade às mulheres, na mesma base que os homens, enquanto outros dispositivos legislativos promoviam o casamento democrático, baseado na livre escolha entre parceiros monogâmicos, com direitos iguais para ambos os sexos e a proteção dos interesses legítimos das mulheres. Em 1953, e de acordo com os regulamentos da era Yan’an, a lei do voto foi publicada: garantia-se, deste modo, o direito de voto das mulheres. A Lei Eleitoral da República Popular da China estipulava, aliás, que as mulheres gozavam dos mesmos direitos de voto e de eleição que os homens. Por outro lado, como parte da força de trabalho, as mulheres são chamadas a participar na construção da nova sociedade socialista e estipula-se que devem receber o mesmo pagamento que os homens, pelo mesmo trabalho: por meio

Será necessário esperar pela Constituição de 1982 da RPC para que fiquem juridicamente consagradas, na Lei Fundamental do país, medidas em defesa dos direitos das mulheres. Consagra-se, então, a igualdade entre mulheres e homens, em todas as esferas da vida: mesmos direitos no acesso a um trabalho, salário igual para trabalho igual e promoção do acesso das mulheres a cargos de responsabilidade. O artigo 48.º da Constituição da RPC estipula que “as mulheres na República Popular da China gozam dos mesmos direitos dos homens em todas as esferas da vida política, económica, cultural, social e familiar”, que “O Estado protege os direitos e interesses das mulheres, aplica a homens e mulheres sem distinção o princípio de “a trabalho igual salário igual” e forma e escolhe quadros de entre as mulheres”, enquanto o artigo 49.º consagra o princípio de que “O casamento, a família, a mãe e a criança são protegidos pelo Estado” e que “tanto o marido como a mulher têm o dever de praticar o planeamento familiar”. Estabelecem-se, igualmente, regulamentações específicas relativas à proteção das mulheres no trabalho, dando-se o passo necessário para que, posteriormente, várias outras disposições legais fossem aprovadas. No plano jurídico, destacam-se, assim, os Regulamentos de saúde pública (1986), os Regulamentos de proteção do trabalho (1988) e a Lei para a proteção e defesa dos direitos e interesses das mulheres (1992).

Presente e futuro: o caminho ainda não terminou Relativamente à evolução sociopolítica da mulher, na China contemporânea, importa atentar numa alteração legislativa que teve fortes implicações no papel socioeconómico e político da mulher chinesa. Com efeito, não podemos ignorar o ano de 1978 e as mudanças que, desde então, ocorreram no plano económico. Kren Oppenheim Mason (2000) assinala que a autono-

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jurídica da mulher chinesa: um caminho de luta (II)

Saldanha

mia da mulher, no seio da família, se relaciona, desde 1979, com a política do filho único (cujo fim é anunciado em 2015) e a consequente redução do número de filhos. Aponta, ainda, que, após três décadas de controle de natalidade, a China atingiu uma taxa de fecundidade cujos níveis são comparáveis aos de países ocidentais e que, ainda que a China sofra de um crescimento demográfico desigual (uma vez que o número de homens é superior ao número de mulheres), o contexto de transição demográfica influiu quer no papel da mulher chinesa, quer na sua autonomia no seio familiar. Astrid S. Tuminez (2012), por seu lado, assinala que a proporção de mulheres, em cargos altos executivos, em todas as áreas da sociedade (educação, administração, economia), é maior na China continental do que no resto da Ásia, bem como em algumas socieda-

des ocidentais. A autora argumenta que a este facto subjazem certas propostas sobre os direitos da mulher defendidos por Mao Zedong.

Isabel Attané (2012), por seu lado, alerta para o que ainda é necessário fazer. A autora considera que a sociedade chinesa permanece, em muitos aspetos, apegada às tradições sociais e familiares, o que cria um paradoxo no seu seio: se, em certos aspetos - em particular no que diz respeito à educação e à saúde -, encontramos melhorias na situação das mulheres, por outro lado, no que concerne as relações com os homens, ainda permanecem disparidades, para mais num contexto demográfico que lhes é desfavorável. O governo chinês, reconheceu, aliás, na década de 1990, que parte das mulheres permanecia à margem do processo de modernização e que a sua situação - sobretudo depois das reformas econó-

micas – se havia tornado heterogénea, variando de acordo com as regiões, mas também de acordo com os estratos sociais (principalmente, no que diz respeito às necessidades em termos de subsistência, desenvolvimento e preservação de direitos e interesses). Neste sentido, nas últimas duas décadas, a China tem tido como objetivo político quer reduzir as desigualdades quer procurar que a sociedade harmoniosa possa beneficiar as mulheres, permitindo uma melhor aplicação das leis que as protegem e que facilitam o seu acesso à saúde, educação, proteção social e trabalho. O governo reconheceu, igualmente, que estereótipos tradicionais persistem, pelo que ainda há um caminho a percorrer com vista à melhoria da situação das mulheres chinesas e à garantia de uma efetiva igualdade. Apesar de grandes avanços na situação social, política e económica das mulheres, sobretudo depois de 1949, e da autonomia crescente que aquelas têm vindo a ganhar, em todos os domínios da vida em sociedade (em particular, graças ao desenvolvimento da educação e de sucessivas leis protetoras dos seus direitos e interesses), desigualdades persistem, quer no acesso à educação, ao trabalho e à saúde, quer no que concerne questões de herança, salário, representação política ou tomada de decisões no seio da família. Perpetuam-se, deste modo, disparidades, quer na esfera pública quer na esfera privada. Paralelamente (um facto que não é de somenos importância), persistem desigualdades entre as próprias mulheres, consoante vivam na cidade ou no campo, a Oeste ou a Este do país. O desequilíbrio numérico entre os sexos pode, por outro lado, afetar quer a própria condição da mulher quer as (ainda desequilibradas) relações de género. Neste contexto, equacionar mecanismos que permitam preservar as conquistas alcançadas, em termos de igualdade, assim como práticas que permitam alterar, em definitivo, as normas que regem as (ainda desiguais) relações de poder e os valores que as fundamentam, poderão ajudar a construir caminhos possíveis, com vista a uma efetiva igualdade plena, nas diferentes esferas da vida, entre homens e mulheres.

Embora o fim do caminho não tenha sido alcançado, são os avanços reali-

zados, sobretudo, ao longo da segunda metade do século XX, que permitiram transformações profundas no estatuto da mulher chinesa, concedendo-lhe níveis de autonomia e de reconhecimento que lhe haviam sido secularmente negados. Esses avanços e conquistas constituem, ademais, um elemento fundamental para a decifração da sociedade chinesa nossa contemporânea, assim como da sua trajetória, construção, mudanças e aspirações.

Bibliografia citada:

• ATTANÉ, Isabelle (2005). La femme chinoise dans la transition économique : un bilan mitigé. Revue Tiers Monde, 182, pp. 329-357.

• ATTANÉ, Isabelle (2012). Être femme en Chine aujourd’hui : une démographie du genre, Perspectives chinoises, 4, pp. 5-16.

• KRISTEVA, Julia (1974). Des chinoises. Paris : Éditions des Femmes.

• MALLET-JIANG, Shuaijun (2018). Mao Zedong et l’évolution des droits de la femme en Chine. Revista E- CRINI, 10, pp. 1-13.

• NIVARD, Jacqueline (1986). L’évolution de la presse féminine chinoise de 1898 à 1949. Études Chinoises, Association française d’études chinoises, 5 (1-2), pp.157-184.

• OPPENHEIM, Mason Karen (2000). Influence du statut familial sur l’autonomie et le pouvoir des femmes mariées dans cinq pays asiatiques. In Statut des femmes et dynamiques familiales, dir. de Maria Eugenia CosioZavala et Éric Vilquin, Paris, CICRED, pp. 357-376.

• SANTOS, Gonçalo & HARRELL, Stevan (eds.) (2017). Transforming Patriarchy Chinese Families in the Twenty-First Century. Londres: University of Washington.

• TUMINEZ, Astrid Segovia (2012). Rising to the Top? A Report on Women’s Leadership in Asia, Université Nationale de Singapore. URL: <http://sites.asiasociety. org/womenleaders/wpcontent/ uploads/2012/04/Rising-to-the-Top.pdf>

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Mãos no futuro

Enfatizada necessidade de fortalecer segurança e auto-suficiência tecnológica

XI Jinping enfatizou ontem a necessidade de fortalecer a segurança nacional e promover a “autossuficiência tecnológica”, no seu primeiro discurso após assumir um inédito terceiro mandato como presidente da China.

“A segurança é a base do desenvolvimento”, afirmou o líder chinês, no discurso de encerramento da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China. “A estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade”, acrescentou Xi, perante os quase três mil delegados reunidos no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Xi Jinping obteve, na sexta-feira, um inédito terceiro mandato como chefe de Estado. Foi nomeado sem nenhum voto contra dos delegados da APN.

Analistas apontam para o culminar de uma era iniciada por Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo, nos anos 1980. A “segurança e controlo”, em detrimento do desenvolvimento económico, parecem agora orientar as decisões políticas de Pequim, numa altura de crescentes tensões com os Estados Unidos e vários países vizinhos, suscitadas

Na linha da

por disputas territoriais, comerciais e tecnológicas.

Sem dependências

O líder chinês disse que o país “deve trabalhar para alcançar maior autossuficiência tecnológica”, depois de os EUA, em coordenação com outros países, terem aumentado as restrições no fornecimento à China de componentes essenciais para a produção de alta tecnologia.

“A China deve criar um novo modelo de desenvolvimento” e “promover a transformação industrial”, defendeu Xi. O líder chinês pediu uma “implementação da estratégia para revitalizar a China através da ciência e tecnologia” e o “avançar na coordenação do desenvolvimento urbano e rural”.

Na semana passada, Pequim anunciou uma reforma do ministério da Ciência e Tecnologia, com o objectivo de “melhorar a eficiência e autossuficiência tecnológica”, visando combater a “contenção externa”. O órgão reformulado transferirá funções como a formulação de políticas tecnológicas para o sector agrícola para outros ministérios, a fim de “desempenhar um papel maior” na “conquista de avanços tecnológicos”, de acordo com a imprensa oficial.

TAIWAN QUESTÃO DA REUNIFICAÇÃO É UM FACTOR ESSENCIAL PARA REVITALIZAR A CHINA

OPresidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem que a “reunificação” com Taiwan é “essencial para a revitalização da China”, durante o discurso na sessão de encerramento da Assembleia Popular Nacional, o principal evento político anual do país.

Xi Jinping afirmou que a reunificação é “uma aspiração comum da

nação chinesa” e salientou a necessidade de a China se “opor às forças externas” e aos “secessionistas”.

O Presidente, reeleito na sexta-feira para um terceiro mandato presidencial (2023-2028), algo sem precedentes, apelou à defesa do “princípio de uma só China” e “adesão ao ‘Consenso de 1992’”, no qual Taipé e Pequim reconhecem

que existe apenas uma única China, embora tenham diferentes entendimentos sobre qual é a “verdadeira”.

Xi salientou também a necessidade de “promover o desenvolvimento pacífico das relações no estreito de Taiwan”, após um ano em que as tensões entre Pequim e Taipé dispararam, durante a visita à ilha da então líder da Câmara dos

Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.

Xi Jinping sublinhou ainda a necessidade de reforçar a segurança nacional no primeiro discurso após a reeleição.

“A segurança é a base do desenvolvimento, enquanto a estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade”, salientou,

dirigindo-se aos cerca de três mil congressistas.

Para tal, é necessário “promover plenamente a modernização da defesa nacional e das forças armadas, e transformar [o exército] numa grande muralha de aço que proteja efectivamente os interesses nacionais de soberania, segurança e desenvolvimento”, defendeu Xi.

10 china www.hojemacau.com.mo
APN XI JINPING RECLAMA MAIOR PAPEL INTERNACIONAL PARA PEQUIM
14.3.2023 terça-feira

frente

OPresidente chinês, Xi Jinping, reclamou ontem um papel maior para a China na resolução de questões internacionais, após Pequim ter sediado negociações que culminaram num acordo entre Arábia Saudita e Irão para restabelecer relações diplomáticas.

A China deve “participar activamente na reforma e construção do sistema de governação global” e promover “iniciativas de segurança global”, disse Xi, no encerramento da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China.

Xi Jinping obteve, na sexta-feira, um inédito terceiro mandato como chefe de Estado. Foi nomeado sem nenhum voto contra dos quase três mil delegados da APN.

Uma maior intervenção da China na governação internacional vai trazer “energia positiva para a paz e desenvolvimento mundiais e criar um ambiente internacional favorável ao desenvolvimento do nosso país”, disse Xi.

O Presidente chinês não deu detalhes sobre as ambições do Partido Comunista Chinês, mas Pequim assumiu uma política externa cada vez mais assertiva, desde que Xi assumiu o poder, em 2012. O líder chinês tem exigido mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outras entidades que Pequim diz não reflectirem as necessidades e desejos dos países em desenvolvimento.

O Partido Comunista Chinês também utilizou o crescente peso da China, como a segunda maior economia do mundo, para promover iniciativas de comércio e construção de infraestruturas que os EUA, Japão,

“Finalmente, eliminamos a humilhação nacional e o povo chinês é agora dono do seu próprio destino”, disse Xi. “A nação chinesa levantou-se, enriqueceu e está a tornar-se forte”

Nivelar o terreno

Prometido “mais espaço” para sector privado

A economia chinesa cresceu 3 por cento, em 2022, longe da meta inicial de 5,5 por cento, e o ritmo mais lento desde os anos 1970.

Rússia e Índia vêem com desconfiança, face à expansão da influência estratégica chinesa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, alertou Washington, na semana passada, sobre possíveis “conflitos e confrontos”, caso os Estados Unidos não “mudem de rumo” nas relações bilaterais, que se deterioram, nos últimos anos, face a diferendos sobre Taiwan, direitos humanos, Hong Kong, segurança e tecnologia.

Nação renascida

No discurso desta segunda-feira, Xi Jinping utilizou por oito vezes o termo “rejuvenescimento nacional”, parte da sua agenda para restaurar o papel da China como líder económico, cultural e político a nível mundial.

Uma maior intervenção da China na governação internacional vai trazer “energia positiva para a paz e desenvolvimento mundiais e criar um ambiente internacional favorável ao desenvolvimento do nosso país”

Consagrando o seu estatuto como o líder chinês mais forte desde o fundador da República Popular da China, Mao Zedong (1949 - 1976), a nova equipa de governação nomeada pela Assembleia Popular Nacional tem laços profissionais e pessoais antigos ao líder chinês. Xi conseguiu assim afastar rivais e preencher os principais órgãos do Estado com quadros da sua confiança.

Afirmou que, antes de o Partido Comunista conquistar o poder, a China foi “reduzida a um país semicolonial e semifeudal, sujeito à intimidação por países estrangeiros”. “Finalmente, eliminamos a humilhação nacional e o povo chinês é agora dono do seu próprio destino”, disse Xi. “A nação chinesa levantou-se, enriqueceu e está a tornar-se forte”, acrescentou.

Onovo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, prometeu ontem criar um “ambiente melhor” e um “espaço mais amplo” para as empresas privadas se desenvolverem, depois de uma campanha regulatória ter punido várias grandes tecnológicas do país.

“Vamos intensificar os esforços para promover um ambiente de negócios internacionalizado e orientado para o mercado”, afirmou Li, na sua primeira conferência de imprensa, após ser nomeado primeiro-ministro, durante a sessão plenária da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

“Todas as empresas vão ser tratadas como iguais e os direitos de propriedade e os direitos e interesses dos empresários vão ser protegidos, de acordo com a lei”, acrescentou.

A comunidade empresarial na China foi fortemente atingida, no ano passado, pela política de ‘zero casos’ de covid-19, que resultou no bloqueio de cidades inteiras, ao longo de semanas ou meses. A campanha de “propriedade comum”, que resultou na imposição de multas recorde a algumas das maiores empresas do sector privado, suscitou preocupações de que Pequim esteja a estatizar a economia.

“Os governos a todos os níveis devem desenvolver laços de amizade com os empresários e construir um bom ambiente de negócios”, disse Li Qiang.

Crescer com qualidade Grupos empresariais estrangeiros queixam-se frequentemente da falta de acesso ao mercado, obstáculos regulatórios e concorrência desleal, face às firmas estatais chinesas. Em particular, apontam a existência de leis “diferentes” para as empresas estrangeiras e domésticas, o que resulta em “descriminação” e “tratamento desigual”.

De acordo com o novo primeiro-ministro, a China vai criar um “campo nivelado” para “todos os tipos de entidades empresariais”. O compromisso da China com o desenvolvimento do sector privado é “inequívoco e firme”, realçou.

Li Qiang garantiu que as autoridades vão esforçar-se por “garantir que o crescimento, o emprego e os preços permanecem estáveis” e que o país “vai conseguir novos avanços no desenvolvimento de alta qualidade”.

O primeiro-ministro lembrou que o desenvolvimento da China é “apoiado por múltiplas vantagens”, como um “grande mercado, sistema industrial completo, recursos humanos abundantes, uma base sólida para o desenvolvimento e, o mais importante, a sua força institucional”.

ECONOMIA PRIMEIRO-MINISTRO ADMITE QUE VAI SER “DIFÍCIL” ATINGIR META DE CRESCIMENTO

Onovo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, admitiu ontem que será difícil à China atingir a meta oficial de crescimento económico de “cerca de 5 por cento” este ano, uma das mais baixas das últimas décadas.

“Temo que alcançar a meta de crescimento de cerca de 5 por cento não vá ser fácil e exigirá muito esforço”, disse Li, na primeira

conferência de imprensa após ser nomeado primeiro-ministro, durante a sessão plenária da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

A meta estipulada por Pequim para este ano, que causaria inveja à maioria das economias desenvolvidas, é, no entanto, uma das mais fracas dos últimos 40 anos para o país.

Li Qiang, responsável pelos assuntos económicos, alertou para “novos desafios” para o crescimento, ao mesmo tempo que relativizou a importância do Produto Interno Bruto (PIB) no quotidiano da população.

A economia chinesa cresceu 3 por cento, em 2022, longe da meta inicial de 5,5 por cento, à medida

que a estratégia ‘zero casos’ de covid-19 e uma crise de liquidez no sector imobiliário pesaram sobre a actividade económica.

Apolítica de ‘zero covid’foi finalmente desmantelada em Dezembro.

Mas o crescimento na China continua a ser penalizado pela crise no imobiliário, um sector que, juntamente com a construção, representa

mais de um quarto do PIB do país. Li Qiang denunciou também o “cerco” e a “repressão” a Pequim por parte de Washington, num contexto de deterioração das relações entre as duas potências.

“A China e os Estados Unidos podem e devem cooperar. Se cooperarmos, podemos conseguir grandes coisas”, disse Li.

china 11 www.hojemacau.com.mo
Após o acordo entreArábia Saudita e Irão, a China deve assumir um papel cada vez mais relevante na governação internacional, o que trará mais benefícios, não só para o país, mas também para a conjuntura global, sublinhou Xi Jinping no discurso de encerramento da APN
terça-feira 14.3.2023

ÓSCARES MICHELLE YEOH FAZ HISTÓRIA AO GANHAR ESTATUETA DE MELHOR ACTRIZ

Voz das minorias

Pela primeira vez na história dos Óscares uma actriz asiática conquista o Óscar de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh, de origem malaia, ganhou o prémio pelo seu papel no filme “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, um dos grandes vencedores da noite, também considerado o Melhor Filme. Brendan Fraser, protagonista de “A Baleia”, foi o Melhor Actor

FORAM precisos muitos anos para que uma actriz asiática subisse ao palco dos Óscares e se sagrasse vencedora na categoria de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh fê-lo na 95.ª edição dos Óscares, na noite deste domingo [hora dos EUA], pelo seu papel em “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, destronando outros nomes favoritos, nomeadamente Cate Blanchett, que concorria pelo seu papel de Lydia Tár em “Tár”, Ana de Armas, em “Blonde”, Andrea Riseborough, em “Para Leslie”, e Michelle Williams, em “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg.

No discurso de aceitação do Óscar, Michelle Yeoh dedicou o prémio “a todos os pequenos rapazes e raparigas que me estão a ver esta noite, isto é um farol de esperança e de possibilidades”. “É a prova de que os sonhos sonhados são grandes e que se tornam realidade. Dedico-o à minha mãe, a todas as mães do mundo, porque são verdadeiros super-heróis, e sem elas nenhum de nós estaria aqui esta noite”, acrescentou.

Brendan Fraser recebeu o Óscar de Melhor Actor pelo desempenho em “A Baleia”, de Darren Aronofsky, filme que já esteve em exibição na Cinemateca Paixão. A interpretação de Fraser já recebera

este ano o prémio do Sindicato dos Actores, entre outras distinções. Para o Óscar de Melhor Actor estavam nomeados Austin Butler, por “Elvis”, Colin Farrell, por “Os Espíritos de Inisherin”, Paul Mescal, por “Aftersun”, e Bill Nighy, por “Viver”.

O grande vencedor “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, da dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, conhecida como “Os Dois Daniéis”, teve 11 nomeações e venceu grande parte delas, nomeadamente a de Melhor Argumento, Melhor Filme, Melhor Actor Secundário, com Ke Huy Quan, o

12 eventos www.hojemacau.com.mo 14.3.2023 terça-feira
segundo asiático Michelle Yeoh, Óscar de Melhor Actriz “É a prova de que os sonhos sonhados são grandes e que se tornam realidade. Dedico-o à minha mãe, a todas as mães do mundo, porque são verdadeiros super-heróis.”

na história dos Óscares a ganhar nesta categoria, e Melhor Actriz Secundária, com Jamie Lee Curtis.

O filme foi o mais premiado desde “Quem Quer Ser Bilionário”, em 2008. Michelle Yeoh considerou, à saída da cerimónia, que este foi “um momento histórico que quebrou o tecto de vidro” com um movimento de Kung-Fu. “Isto é para todos os que foram identificados como minorias”, considerou a actriz. “Nós merecemos ser ouvidos, merecemos ser vistos e ter oportunidades iguais, para podermos ter um lugar à mesa”, continuou. “Deixem-nos provar que nós valemos a pena”.

Urgindo todos os que têm sonhos a “acender esse fogo na alma”, Yeoh, de 60 anos, também mandou um recado aos que têm preconceitos contra as mulheres após uma certa idade. “Não deixem que vos ponham dentro de uma caixa, que vos digam que já não estão no auge”, afirmou.

A importância da representação e reconhecimento de actores asiáticos também foi abordada por Ke Huy Quan, que ganhou um Óscar depois de andar afastado da indústria durante décadas por falta de oportunidades.

“Quando comecei a representar em criança, lembro-me de o meu agente me dizer que seria mais fácil se eu tivesse um nome que soasse americano”, disse Ke Huy Quan. Foi por isso que na fase inicial da carreira o seu nome aparecia como Jonathan Ke Quan.

“Quando decidi voltar à representação há três anos, a primeira coisa que quis fazer foi regressar ao meu nome de nascimento”, explicou.

Quan foi o vencedor mais exuberante da noite na sala de entrevistas, para onde entrou aos saltos e a gritar de alegria. “Conseguem acreditar que estou a segurar uma [estatueta] destas na mão?”, perguntou. “Isto é tão surreal”.

Pelos bastidores também passaram os ‘dois Daniéis’, que levaram ainda para casa a estatueta Melhor Realização, batendo Steven Spielberg. “Estamos numa crise de saúde mental, em especial a geração mais jovem, que não tem muito por que ansiar”, disse o co-realizador Daniel Kwan. “Há uma desolação que se infiltra”, referindo que ele próprio passou por tempos muito difíceis na adolescência.

“O poder radical e transformador da alegria, do absurdo e de perseguir a nossa felicidade é algo que quero trazer às pessoas”, disse, “e este filme é um tiro de alegria, absurdo e criatividade”.

O produtor Jonathan Wang acrescentou que a intenção da equipa era que o filme culminasse num abraço caloroso, apesar de ser uma história de caos. “Decidimos dedicar a nossa vida a fazer filmes que são bons e que levam a algo

A história de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade

“Evelyn Wang”) que se vê atirada para uma aventura em múltiplos universos e linhas temporais

bom, e não apenas a algo que vai obter atenção”, afirmou.

A história de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade (“Evelyn Wang”) que se vê atirada para uma

“O poder radical e transformador da alegria, do absurdo e de perseguir a nossa felicidade é algo que quero trazer às pessoas e este filme é um tiro de alegria, absurdo e criatividade”.

aventura em múltiplos universos e linhas temporais.

Quase lá

A Melhor Longa-Metragem de Animação acabou por ser “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, mas estes Óscares foram mar-

ÓBITO NOBEL DA LITERATURA KENZABURO OE MORRE AOS 88

cantes para o cinema português pelo facto de “Ice Merchants”, de João Gonzalez, ter sido o primeiro filme de sempre a ser nomeado. Guillermo Del Toro disse que o filme é uma afirmação da animação como arte e dos animadores como artistas. “Esta é uma forma de arte que tem sido mantida comercial e industrialmente na mesa das crianças por demasiado tempo”, disse Guillermo Del Toro nos bastidores dos Óscares, após vencer a estatueta. “É na verdade uma forma de arte madura, expressiva, bonita e complexa”, afirmou o realizador, que estava extático com a vitória.

Usando a técnica ‘stop motion’ e não ‘live action’, o filme da Netflix afirmou-se com uma história que diverge do conto infantil escrito por Carlo Collodi e das várias adaptações que se seguiram.

Del Toro disse, na sala de entrevistas, que o Óscar é um triunfo desta técnica, que considerou ser “uma das formas mais democráticas de animação”.

“Era muito importante para mim ter a oportunidade de dizer que a realização, escrita, direcção de arte e design de produção, tudo o que fazemos na animação é análogo, tão ou mais complexo que ‘live action’”, referiu o cineasta.

Del Toro, que fez várias piadas e deu algumas respostas em espanhol na sala de entrevistas, também disse ser importante que a animação tenha sido feita por pessoas “a quem foi prometido serem tratadas como artistas e não como técnicos”.

Sobre o impacto da história em si, o cineasta mexicano disse que o filme tem vários aspectos reversos e significativos. “Um dos mais importantes é que não é uma criança a aprender a ser um menino de verdade, mas um pai a aprender um pai de verdade”, disse. “É uma lição urgente no mundo”.

O realizador acrescentou que o filme também mostra uma urgência de desobedecer. “Estamos a dizer que a desobediência não é apenas necessária, é uma virtude urgente no mundo”. É “um pai imperfeito e um filho imperfeito”, descreveu, que representam a forma como podemos amar-nos uns aos outros com “os nossos falhanços, defeitos e a nossa humanidade”.

Oescritor

Kenzaburo Oe morreu na madrugada de 3 de Março de causas naturais, anunciou ontem a editora japonesa do Prémio Nobel da Literatura, Kodansha. Num comunicado, a editora sublinhou que Oe “morreu de velhice” e que a família já realizou, entretanto, o funeral do escritor, um ícone japonês progressista e inconformista.

Nascido em 1935, numa remota aldeia da ilha de Shikoku, no sudoeste do Japão, no meio de uma vasta floresta, cenário que utilizaria frequentemente no seu trabalho, Oe estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio. Na sua obra, denunciou incansavelmente a violência infligida aos fracos e manifestou-se contra o conformismo da sociedade japonesa moderna.

Em 1958, ganhou o prestigiado prémio Akutagawa para jovens autores por “A Captura”. A trágica história de um piloto afro-americano capturado por uma comunidade japonesa durante a Segunda Guerra Mundial seria mais tarde adaptada para o cinema por Nagisa Oshima. Oe ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1994, tornando-se o segundo autor japonês a alcançar essa distinção.

Na altura o júri elogiou o escritor como alguém “que, com grande força poética, cria um mundo imaginário onde vida e mito se condensam para formar um quadro confuso da actual frágil situação humana”.

Pouco depois Oe recusou a Ordem da Cultura, uma distinção japonesa atribuída pelo imperador, algo que causou polémica. “Não posso reconhecer nenhuma autoridade, nenhum valor superior à democracia”, justificou.

O escritor foi um ardoroso defensor da causa antinuclear e da constituição pacifista adotada pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial. Odiado pelos nacionalistas japoneses, Oe seria processado por difamação, mas absolvido, por ter lembrado no ensaio “Notas de Okinawa” (1970), que civis tinham sido levados ao suicídio por soldados japoneses durante a Batalha de Okinawa em 1945.

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DANIEL KWAN CO-REALIZADOR DE “TUDO AO MESMO TEMPO EM TODO O LADO” Brendan Fraser, protagonista de “A Baleia” levou o Óscar de Melhor Actor

UM FILME HOJE

“BAO” | DOMEE SHI

Levou o Óscar para a melhor curta de animação em 2019 e é uma delícia. Bao retrata a dificuldade dos pais com o síndroma de “ninho vazio” depois de verem os filhos crescerem e irem às suas vidas. O filme conta a história de uma mãe chinesa a viver no Canadá que perante a partida do filho, do vê um dumpling ganhar vida, a transforma-se numa criança. Este novo “filho” acaba também por crescer e arranja uma noiva. Assustada por voltar a perder a criança, esta mãe acaba por a pôr na boca e come-o. O resto, é para ver. Uma animação pequena, bonita com assinatura da Pixar e realizada por Domee Shi. Hoje Macau

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

Aviso sobre pedido de junção de restos mortais em sepultura perpétua

Eu, Lou In Leng (盧婉玲), nos termos da alínea 5) do n.º 1 e dos n.os 2 a 4 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento o pedido relativo à junção das cinzas de Lau Vai Chan (劉惠珍), que era cônjuge de盧滔漢, inumado na sepultura n.º CN-1-E-0094 do Cemitério Municipal de Coloane, nessa sepultura.

Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.ºA do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso, ao IAM. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos de cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517.

Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado.

Aos 14 de Março de 2023

Lou In Leng

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HABITAÇÃO SOCIAL FORA DE HONG KONG

WU QIUBEI, representante do Congresso Nacional do Povo, durante as reuniões do Congresso Nacional do Povo da República Popular da China e do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, avançou com uma proposta para “permitir que o Governo de Hong Kong adquirisse habitações particulares nas principais cidades da Área da Grande Baía, para fins de habitação social (sugestão comercial). Wu Qiubei sugeriu que o Governo Central permitisse que o Executivo de Hong Kong comprasse habitações particulares desocupadas, de modo a resolver o problema de habitação dos residentes mais desfavorecidos de Hong Kong.

Wu Qiubei assinalou que Hong Kong tem falta de espaço para construção e que os preços são muito elevados. Tomando como exemplo o programa de habitação pública recentemente lançado em Hong Kong, o custo de construção de cada unidade é de cerca 860.000 dólares de HK, e a taxa de administração mensal é 2.450 dólares. Em cidades da Grande Baía, como Dongguan e Foshan, por 2.450 dólares pode alugar-se uma casa com três quartos e com uma área de 65m2. Por conseguinte, se o Governo de Hong Kong comprar casas particulares desabitadas em qualquer uma das cidades da Grande Baía para os seus residentes mais desfavorecidos, pode efectivamente resolver os problemas de alojamento até certo ponto, e pode acelerar o processo de integração de Hong Kong na Área da Grande Baía. Um investimento que teria várias vantagens.

O problema de habitação em Hong Kong tem um longo historial. No início, devido à implementação da política de taxas de juro baixas a nível mundial, houve enormes investimentos em Hong Kong para aquisição de propriedades, fazendo subir a procura para números que nada tinham a ver com a necessidade dos residentes e disparar os preços da habitação na cidade. Actualmente, o preço das casas em Hong Kong é de cerca 2.000 dólares de HK por m2. O preço de construção de uma casa com três quartos e uma área de 65 m2 ronda um milhão e quatrocentos mil dólares. Uma casa com mais condições, pode custar entre os 4 e 8 milhões. O rácio de rendimentos pode reflectir, em certa medida, a dificuldade de comprar casa. Quanto maior for a desporpoção entre os rendimentos de quem quer comprar casa e o valor da propriedade, maior será a dificuldade em fazer a aquisição. Um inquérito demonstrou que, em 2022, para poder comprar uma casa uma pessoa tem de poupar durante 23, 2 anos. Isso implica que não se pode comer nem beber durante mais de duas décadas, antes de se poder comprar casa! A dificuldade de comprar uma casa em Hong Kong ultrapassa largamente a mesma situação na Suíça, e em Sydney, que surge em segundo lugar no ranking e ainda em

Vancouver, que surge em terceiro. Nestes casos, a proporção rendimento/custos é de 15,3 e de 13,3 respectivamente.

Outro estudo estatístico, demonstra que a média de espaço habitacional ocupado por residente em Hong Kong é de 16 m2. Em Singapura, em média, cada pessoa ocupa 33m2. Em Seul, o valor está nos 31m2 e em Tóquio 20m2. Podemos ver que em Hong Kong o espaço habitacional por residente é muito pequeno. Não nos esqueçamos que 1m2 é uma área inferior à de um elevador normal, o que significa que 16 m2 correspondem à área de 10 elevadores e é, em média, neste espaço que cada pessoa tem de viver em Hong Kong. Existem três palavras que descrevem a situação da habitação nesta cidade: “cara, pequena e lotada”.

Os residentes de Hong Kong que não conseguem comprar casas no mercado normal têm de se candidatar às casas de habitação social ou então a dividir o alojamento com outras pessoas. À medida que a procura aumenta, mas a capacidade de construção permanece inalterada, os tempos de espera dos residentes para a habitação social também aumentam. Actualmente, os residentes de Hong Kong têm de esperar pelo menos 5 anos e meio antes de lhes ser atribuída uma casa de habitação social. O Governo de Hong Kong está sob enorme pressão para resolver o problema da habitação. Todos os Chefes do Executivo tomaram várias medidas para resolver a situação, mas nunca o conseguiram fazer. Por isso, ouve-se notícias de pessoas que vivem em casas minúsculas, em abrigos, em casas super lotadas, em armazéns e que dormem nas salas de espera dos aeroportos.

Embora a habitação social possa vir a resolver grande parte dos problemas dos residentes mais carenciados, ainda ficam muitas questões em aberto, como o problema dos transportes, dos centros de saúde, entre outros

Se o Governo Central aceitar esta proposta, os residentes de Hong Kong ficam beneficiados? Para se candidatar à habitação social, é preciso obedecer a certos critérios. Depois disso é necessário ter vontade de viver na China continental, mas ainda assim existem situações diferentes. No primeiro grupo a ser seleccionado encontram-se as pessoas que já viveram no continente. Por exemplo, alguém que vive em Shenzhen, mas trabalha em Hong Kong, ou ainda famílias de estudantes do continente que estudem em Hong Kong, Ou seja, famílias de estudantes que tenham de atravessar a fronteira. Como estas pessoas já viveram no continente, têm prioridade. No segundo grupo, encontram-se as pessoas que não se importam de viver no continente, mas

que não precisam de atravessar a fronteira diariamente. Por exemplo, alguém que quer viver no continente depois da reforma. No terceiro grupo encontram-se pessoas que já trataram de tudo para puderem viver no continente, como cartão de saúde, transportes etc. e precisam de uma casa para viver.

Embora a habitação social possa vir a resolver grande parte dos problemas dos residentes mais carenciados, ainda ficam muitas questões em aberto, como o problema dos transportes, dos centros de saúde, entre outros. Depois de considerar todas estas condições, é natural que passem a surgir outros problemas. Por exemplo, a manutenção e reparação das casas. A manutenção da casa é algo que se tem de se fazer sempre. Quanto maior for a qualidade da habitação menos reparações precisam de ser feitas. Os residentes de Hong Kong esperam ter casas de boa qualidade. Para além disso, os três grupos de que falámos não são todos constituídos por pessoas carenciadas. Ainda não se sabe ao certo quem pode vir a beneficiar deste programa.

Até ao momento em que escrevi este artigo, não tinha havido mais notícias sobre o assunto e ainda não se sabe se o Governo Central aceitou a proposta. Mas é certo que, com base no tempo de desalfandegamento entre a China continental e Hong Kong, e no grande número de problemas práticos que precisam de ser identificados, depois de as pessoas se mudarem para estas habitações sociais, mesmo que a proposta seja aceite, ainda restam muitas questões que implicam resolução e planeamento por parte do Governo de Hong Kong.

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de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Professor Associado da Escola Superior
AFP
David Chan macau visto de hong kong

COVID-19 JAPÃO ABANDONA MÁSCARA

OJapão retirou ontem a recomendação para o uso da máscara em locais fechados, uma das últimas medidas impostas desde o início da pandemia de covid-19, mas a maioria da população continua a utilizar máscaras.

“A partir de hoje, o uso de máscara é deixado a uma decisão individual. Não estamos a forçar ninguém a usá-la ou tirá-la”, disse o primeiro-ministro, Fumio Kishida, aos jornalistas ao chegar ao seu escritório, sem máscara.

Apesar de reconhecer que “haverá mais ocasiões” em que não irá usar máscara, Kishida pediu aos japoneses que coloquem máscaras perto de pessoas vulneráveis para protegê-las dos riscos de infecção.

O uso de máscara nunca foi legalmente obrigatório no país e o fim da recomendação para a sua utilização em locais fechados surge numa altura em que o governo do Japão pretende estimular a economia.

No entanto, num país onde a pressão social é extremamente forte, a maioria da população continua a utilizar máscara, mesmo em locais abertos, uma recomendação abandonada pelas autoridades no Verão de 2022.

Restaurantes, lojas e companhias aéreas removeram sinais que pediam aos clientes que usassem máscaras, mas muitos funcionários continuam a utilizar máscaras para mostrar consideração pelos clientes e outras pessoas que precisam de proteção.

Já presente no arquipélago antes da pandemia, sobretudo em períodos de gripes sazonais ou alergias, a máscara tornou-se indispensável desde o início de 2020, quando o novo coronavírus foi detectado no país.

O Japão registou cerca de 73 mil mortos desde o início da pandemia, para uma população de 125 milhões, um número inferior ao de muitos outros países, que alguns peritos atribuem ao uso generalizado de máscaras e ao encerramento prolongado das fronteiras.

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Ochefe da diplomacia portuguesa considerou ontem “uma tragédia” a intensificação do fenómeno da imigração ilegal através do Mediterrâneo para a Europa, defendendo que há “muito trabalho a fazer, em conjunto”, para encontrar soluções.

“É uma tragédia e temos absolutamente de encontrar soluções que combatam esse flagelo. Temos entre as duas margens do Mediterrâneo desafios muito significativos, que são os do nosso tempo, como os fluxos migratórios e a boa gestão desses fluxos, como a radicalização, a desinformação, até as temáticas das alterações climáticas passam pelo Mediterrâneo”, afirmou João Gomes Cravinho à agência Lusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português falava à Lusa após a cerimónia de abertura do lançamento da quinta fase do ‘Programa Sul’, subordinada ao lema “Proteger os Direitos Humanos, o Estado de Direito e a Democracia no Sul do Mediterrâneo, Através da Partilha de Normas”, uma iniciativa conjunta entre a

ASSÉDIO SEXUAL CINEMA JAPONÊS REGISTA MAIS DE VINTE DENÚNCIAS

UM total de 22 pessoas, a maioria mulheres, sofreram agressões ou assédio sexual por parte de produtores ou realizadores da indústria cinematográfica no Japão, segundo uma investigação ontem publicada.

Os dados da pesquisa, divulgados pela organização Japanese Film Project - que se dedica a investigar questões de género e condições de trabalho na indústria cinematográfica japonesa -, foram recolhidos entre Março e Junho de 2022.

Foi recebido um total de 658 respostas de diferentes trabalhadores da indústria de diversos sectores, como gestão, produção e actuação e das quais 22 pessoas relataram ter sofrido assédio sexual ou outros tipos de abuso.

União Europeia (UE) e o Conselho da Europa (CdE) para o período de 2022 - 2025.

“Temos muito trabalho a fazer, sobretudo no quadro da União Europeia, para ter uma gestão conjunta dos riscos e das responsabilidades. O nosso apelo é para que haja uma partilha a nível dos países da UE dos riscos e das responsabilidades. Do lado português, estamos sempre disponíveis para assumirmos as nossas responsabilidades”, referiu Cravinho.

Nas últimas semanas, o mar Mediterrâneo tem sido palco de um aumento significativo de tentativas de travessia de migrantes para a Europa em embarcações precárias, em que muitas delas resultam na tragédia dos naufrágios, que tem atingido sobretudo a costa italiana.

Desde 01 de janeiro deste ano, dados do Ministério do Interior italiano, desembarcaram em Itália 17.592 migrantes, número quase três vezes mais do que os 5.995 registados no mesmo período de 2022. O número de chegadas de migrantes pela rota do Mediterrâneo central aumentou 116 por cento em Janeiro e Fevereiro

em comparação com 2022, segundo a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).

Por cumprir

Questionado pela Lusa sobre o facto de o Programa Sul, criado em 2012, na ressaca da ‘Primavera Árabe’, os valores que norteiam o projecto estarem ainda por cumprir na quase totalidade dos países norte-africanos, Cravinho defendeu que não se pode ter apenas uma abordagem punitiva, admitindo, porém, que há ainda muito a fazer.

“Aquilo que nos interessa é criar as melhores condições possíveis para o progresso dos direitos humanos, do Estado de Direito em todo o lado e, convenhamos, temos também, a norte do Mediterrâneo, algumas situações que nos são preocupantes”, referiu o chefe da diplomacia portuguesa, sem nomear os países.

“Por outro lado, temos outras convenções, como a de Istambul, para combater a violência doméstica e de género. Isso é matéria que nos convoca a todos, norte e sul do Mediterrâneo. Há muito trabalho que se pode fazer”, afirmou.

Na secção de comentários, algumas pessoas afirmaram terem sido apalpadas durante as festas por membros mais velhos da equipa, chegando a ter “relacionamentos forçados” e medo de sofrer ameaças em caso de recusa.

Outras pessoas disseram que tiveram de fazer gravações de conteúdo sexual sob coação.

A maioria das mulheres entrevistadas descreveram casos em que as próprias ou outras colegas sofreram, enquanto os homens relataram casos que testemunharam ou sobre os quais foram informados.

“São muitos casos para poder contá-los. Isso é aceite no meio e sinto que funciona como uma corrente: as pessoas que sofrem abuso de poder continuam a exercê-lo depois”, explicou outro profissional. Várias organizações de profissionais do sector têm criticado o domínio masculino da cena cinematográfica japonesa, argumentando que não há mulheres em cargos de decisão.

Em Abril do ano passado, várias actrizes acusaram o cineasta japonês Sion Sono de assediar e tentar obter favores sexuais da maioria das suas protagonistas femininas durante anos, forçando-o a desculpar-se publicamente, embora negasse os factos.

As acusações contra Sono foram reveladas um mês depois de várias mulheres fazerem acusações semelhantes contra outro proeminente cineasta japonês, Hideo Sakaki, na revista Shukan Bunshun, e contra o actor Houka Kinoshita.

terça-feira
14.3.2023
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“A verdadeira sabedoria está em não parecermos sábios.”
Ésquilo PALAVRA DO DIA
Cravinho pede solução conjunta para tragédias no Mar Mediterrâneo
JUAN MEDINA | REUTERS
Para o governante português “é uma tragédia e temos absolutamente de encontrar soluções que combatam esse flagelo.”

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