Hoje Macau 16 MARÇO 2023 #5211

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Filhos da máscara

Apesar do fim da recomendação do uso de máscara ao ar livre, a maioria dos jovens persiste em tapar a cara. Hábito e higiene, são algumas das justificações adiantadas pelos mais novos. Académicos, falam de possíveis razões emocionais, de insegurança e falta de auto-afirmação.

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 16 DE MARÇO DE 2023 • ANO XXI • Nº5211 www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau
RIGORES DA MONTANHA COVID-19 A GUERRA CONTINUA
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GRANDE PLANO
HENGQIN
VOZES TRÁGICO ECHO MACAENSE PÁGINAS COM HISTÓRIA PÁGINA
AMÉLIA VIEIRA
EVENTOS
FESTIVAL DE ARTES O BOM VELHO FAM
DE ZHENG HE José
ALEX PLAVEVSKI/EPA VIA SHUTTERSTOCK
PÁGINA
QUINTA VIAGEM
Simões Morais

HISTÓRIA ECHO MACAENSE, O PRIMEIRO JORNAL BILINGUE EM ANÁLISE ACADÉMICA

Páginas que uniram povos

NA história da imprensa de Macau não há muitos exemplos de edições bilingues, embora o português e o chinês tenham coexistido num território com comunidades separadas e interligadas ao mesmo tempo, muito antes da Lei Básica determinar as duas línguas como idiomas oficiais.

Temos, já no século XXI, a experiência do suplemento em português do “Tai Chung Pou” e, mais recentemente, do semanário “Plataforma”, lançado em 2013 como um jornal totalmente bilingue, com os mesmos conteúdos em português a serem traduzidos para chinês.

Contudo, o “Echo Macaense”, editado em finais do século XIX, foi a primeira experiência jornalística do género. A investigadora Cátia Miriam Costa, ligada ao Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), apresentou recentemente, nas conferências sobre Macau do Centro Científico e Cultural de

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BPM
A investigadora Cátia Miriam Costa está a estudar o perfil jornalístico e político do periódico “Echo Macaense”, dos finais do século XIX e que foi o primeiro jornal bilingue publicado no território. O HM falou com a académica que se debruça sobre a publicação que divulgou ideais republicanos e alguns dos primeiros textos de Sun Yat-sen

Macau (CCCM), algumas das conclusões do estudo que está a desenvolver sobre este jornal, na palestra intitulada “O papel político da imprensa em Macau - O caso do periódico Echo Macaense”.

Ao HM, a autora falou de algumas conclusões que retirou da análise ao jornal que foi, acima de tudo, importante pela sua tentativa de ligação de duas comunidades.

Segundo Cátia Miriam Costa, o “Echo Macaense” foi um espaço público de “debate com jornais seus contemporâneos porque fez algo de novo que era tentar fazer convergir, no mesmo periódico, os interesses das várias comunidades. Dava também atenção aos interesses da comunidade chinesa”.

Além disso, em termos políticos, “congregava à sua volta alguns intelectuais ligados ao ideário re-

Além da sua vertente política, o jornal “tinha uma pequena rúbrica sobre literatura e cultura, nas duas versões”

é extremamente relevante para fazermos uma análise da parte portuguesa como da parte chinesa, e ajuda-nos até a perceber quais as pontes que o periódico tentava estabelecer”.

As páginas literárias

Cátia Miriam Costa confessa que há ainda muita matéria a explorar sobre o papel que o “Echo Macaense” teve na sociedade e meio político locais. Falta ainda perceber “se houve alterações na linha editorial, porque o jornal publicou-se durante muitos anos, e se esta promovia uma aproximação das comunidades portuguesa e chinesa”, bem como “quais os aspectos políticos mais interessantes nas duas edições do periódico”.

O “Echo Macaense” foi “distribuído em várias cidades da China continental, Portugal e Timor-Leste, bem como em São Francisco”, nos Estados Unidos

eram publicados excertos literários, o que era comum na imprensa da época, contemporânea”, frisa Cátia Miriam Costa.

Nesse ponto, “o jornal não diverge do modelo dos jornais metropolitanos, por exemplo ou

publicados em todo o mundo”. “Na altura a imprensa tomava como sua esta função educativa e de puxar o leitor para as artes e cultura. Havia esse papel, que me parece bastante relevante no ‘Echo Macaense’”, adiantou a académica.

Investigação desde 2017

Cátia Miriam Costa vem desenvolvendo a investigação académica sobre a publicação desde 2017, ano em que publicou, na edição inglesa da “Revista Macau”, um artigo sobre o tema. Na altura, escreveu que o “Echo Macaense” foi “um periódico entre muitos, no entanto, o seu lugar na história é especial”, uma vez que circulou “não apenas em Macau, tendo sido distribuído em várias cidades da China continental, Portugal e Timor-Leste, bem como em São Francisco”, nos Estados Unidos.

Editado durante seis anos, desde Julho de 1893 a Setembro de 1899, o jornal foi publicado todas as semanas, à excepção de um hiato entre 6 de Novembro de 1895 e 2 de Fevereiro de 1896.

A 21 de Fevereiro de 1894 foi oficialmente anunciada a separação entre as versões portuguesa e chinesa, embora tivessem continuado a ser impressas na Tipografia Mercantil. “Parece que a separação ocorreu sem conflito, e talvez a única razão para a separação foi a necessidade de diversificar o conteúdo editorial ou adquirir diferentes patrocinadores para as duas versões”, escreveu então.

“O jornal destacou-se logo por ter uma edição bilingue, o que, só por si, era uma novidade. As edições eram completamente autónomas e, por isso, vieram a separar-se. Não eram traduções, não funcionavam como uma mesma versão nas duas línguas. Contudo, tinham uma partilha de ideário e objectivos, o que fazia com que fosse natural a sua publicação em conjunto e depois continuasse a sua publicação em separado, ficando os dois jornais ancorados na mesma tipografia.”

O local de impressão era a Tipografia Mercantil, propriedade da família de Francisco Hermenegildo, que foi director da publicação, que chegou também a ser dirigida pelo empresário Pedro Nolasco da Silva.

publicano, tanto do lado português como do chinês”. Destaca-se “a colaboração de Sun Yat-sen, que terá publicado ali alguns dos seus primeiros textos e ideias”. Assim, aponta a investigadora, “o jornal

Editado durante seis anos, desde Julho de 1893 a Setembro de 1899, o jornal foi publicado todas as semanas, à excepção de um hiato entre 6 de Novembro de 1895 e 2 de Fevereiro de 1896

Acima de tudo, a investigadora entende que estudar o “Echo Macaense” tem relevância por ter sido “um projecto de convergência das comunidades que parece ter caído e nunca mais voltou a ser uma prioridade para a elite intelectual de Macau, pelo menos em termos de publicação conjunta.”

Na sua génese, o “Echo Macaense” unia “as duas comunidades, nem que fosse em termos da criação de um produto que tinha sido fundado debaixo do mesmo ideário”.

Além da vertente política, o jornal “tinha uma pequena rúbrica sobre literatura e cultura, nas duas versões”. “Existia um interesse em promover a educação e cultura, que era transversal, mas que estava muito ligado ao ideário republicano. Os títulos eram variados, mas

“Existia um interesse em promover a educação e cultura, que era transversal, mas que estava muito ligado ao ideário republicano.”

Cátia Miriam Costa participou, recentemente, num capítulo de um livro sobre a “A Abelha da China”, que foi “o primeiro jornal com características modernas não só de Macau como em toda a Ásia, sendo pioneiro neste contexto”. A obra, editada pelo CCCM, intitula-se “A Abelha da China nos seus 200 anos - Casos, Personagens e Confrontos”.

A investigadora, especialista em ciência política e relações internacionais, entende que a imprensa local pode dar muitas respostas que permanecem por estudar. “Este é um campo fértil para se fazer investigação, até porque, no caso de Macau, não existem estudos a mais. Mas depende muito do acesso às fontes e do interesse que se consegue gerar. Hoje em dia a investigação é muito utilitária e aposta-se mais em assuntos que sejam publicados para terem impacto na sociedade. Este é apenas um facto histórico. Mas penso que, neste caso, é um projecto importante para percebermos as relações entre comunidades. Há muitas questões que podemos levantar em torno da imprensa”, rematou. Andreia Sofia Silva

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CÁTIA MIRIAM COSTA
Francisco Hermenegildo Fernandes, fundador do Echo Macaense, numa foto em 1912
BIBLIOTECA PÚBLICA DE MACAU

HENGQIN RESIDENTES IMPOSSIBILITADOS DE LEVAR BENS PARA

Mudanças na Montanha

Face às crescentes queixas de residentes,

Odeputado Ngan Iek Hang alerta que os residentes que comprem casas no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha, arriscam-se a não conseguir passar as fronteiras com as mobílias e outros pertences. O aviso foi deixado através de uma interpelação escrita em que o legislador dos Moradores indicou que a circulação entre os dois locais está longe de ser conveniente.

Segundo Ngan Iek Hang, quantos mais residentes adquirirem fracções no projecto pago pelo Governo de Macau na Ilha da Montanha, maior será a necessidade de transporte de móveis, electrodomésticos e outros bens para o outro lado da fronteira.

No entanto, o deputado relata que tem recebido muitas queixas de cidadãos, que encontram desafios de todos os tipos para fazer face às “medidas rigorosas” nas fronteiras no território onde foi criada a Zona de Cooperação

Aprofundada entre Guangdong e Macau. Segundo o cenário traçado pelo legislador, existem “muitas restrições a nível de produtos de consumo diário, frutas e outros tipo de comida” com que se pode entrar na Zona de Cooperação Aprofundada.

No sentido de clarificar a situação, o legislador pede ao Governo que explique como está a ser implementada a anunciada política “liberalização na primeira linha e controlo na segunda linha”. Esta orientação tinha como objectivo facilitar

Economia José Chui Sai Peng na comissão de isenção fiscal

O deputado José Chui Sai Peng foi escolhido como membro da Comissão de Avaliação de Empresas de Actividades de Inovação Científica e Tecnológica. A informação foi publicada ontem no Boletim Oficial, num despacho assinado pelo secretário para a Economia e Finanças, e o mandato tem um período de dois anos. Chui Sai Peng foi escolhido na condição de “representante do sector industrial e comercial, dentro da área da ciência e tecnologia”. A Comissão de Avaliação de Empresas de Actividades de Inovação Científica e Tecnológica tem como funções avaliar as empresas que nestas áreas vão disfrutar de isenções fiscais. As sugestões emitidas são vinculativas.

DSAMA Susana Wong mais um ano como directora

A Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) vai continuar a ser liderada por Susana Wong Soi Man, de acordo com um despacho do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário publicado ontem no Boletim Oficial. A comissão de serviço tem a duração de um ano e foi justificada, como acontece sempre nestes casos, com a “capacidade de gestão e experiência profissional adequadas para o exercício das suas funções”. Susana Wong é licenciada em engenharia electrónica pela Universidade de Zhongshan e conta ainda no currículo com um ano em Portugal a estudar português. Ingressou no Leal Senado em 1990, tendo sido transferida, em 1995, para os Serviços Marítimos, que lidera desde 1999.

Identificação Chao Wai Ieng vai ser o novo director

A partir de sábado, Chao Wai Ieng vai ser o novo director dos Serviços de Identificação. A novidade foi adiantada ontem através do despacho publicado no Boletim Oficial, assinado pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. A nomeação tem a duração de um ano. Chao Wai Ieng tem duas licenciaturas, uma pela Universidade Nacional de Taiwan, em engenharia mecânica, e outra na Universidade de Macau, em Direito. Faz parte da função pública desde 2003, e exerceu funções no Comissariado contra a Corrupção até Dezembro de 2019. Com a nomeação de André Cheong para secretário, Chao acompanhou a mudança e assumiu o cargo de assessor no gabinete de Cheong. Finalmente, em 2020 foi nomeado subdirector da DSI, onde agora vai assumir a posição de director.

IC Cheang Kai Meng escolhido para vice-presidente

a circulação entre Macau e a Ilha da Montanha, mantendo os critérios mais rígidos, como os que se aplicam actualmente, na circulação entre Hengqin e o resto do Interior.

Promover o comércio

Os pedidos de esclarecimento do membro da Assembleia Legislativa não se limitam ao transporte de bens particulares pessoais, mas também com o transporte de bens de comércio.

O deputado pergunta ainda ao Governo se vai ser implementada uma política de maior flexibilidade para que os residentes e

empresas de Macau transportem para Hengqin mais materiais.

“O Governo vai reforçar a coordenação com as autoridades do Interior da China, para que os residentes de Macau que moram na Zona de Cooperação Aprofundada e as empresas de

Segundo Ngan Iek Hang existem “muitas restrições a nível de produtos de consumo diário, frutas e outros tipo de comida”

Macau tenham uma política mais relaxada para o transporte de equipamentos e bens?”, questionou. “Será que vai ser criada uma lista com os equipamentos e produtos que podem ser transportados para a Zona de Cooperação Aprofundada, através da criação de um corredor específico, para tornar o transporte mais conveniente?”, perguntou.

De acordo com as informações mais recentes da empresa de capitais públicas, Macau Renovação Urbana, as casas no Novo Bairro de Macau devem começar a ser vendidas no final deste ano.

Nunu Wu e João Santos Filipe

Cheang Kai Meng foi escolhido para desempenhar as funções de vice-presidente do Instituto Cultural (IC), em comissão de serviço, durante um ano. A revelação consta de um despacho assinado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, publicado ontem no Boletim Oficial. Cheang é licenciado em Educação Física e Desporto pelo Instituto Politécnico de Macau e tem um mestrado em Ciências de Educação (Desporto e Sociologia Humana) da Universidade de Educação Física de Xi’an. O novo vice-presidente integrou os quadros do Leal Senado em 1989, tendo, depois da transferência, integrado a Câmara Municipal de Macau Provisória e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Em Janeiro de 2016 foi transferido para o IC, onde assumiu as funções de chefe da Divisão de Actividades Recreativas e chefe do Departamento de Desenvolvimento das Artes do Espectáculo.

RÓMULO SANTOS 4 política 16.3.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
NOVO BAIRRO
o deputado Ngan Iek Hang quer que o Governo explique como vai ser aplicada a política de circulação
“liberalização na primeira linha e controlo na segunda linha” em Hengqin

Álcool Lei de prevenção exclui fármacos chineses

O regime legal de prevenção e controlo do consumo de bebidas alcoólicas por menores, que está em análise na especialidade na Assembleia Legislativa, não vai incluir restrições ao consumo de medicamentos tradicionais chineses registados na RAEM que contenham álcool. A excepção de fármacos chineses foi relevada ontem pela deputada Ella Lei, presidente da comissão permanente que está a analisar na especialidade o diploma. Segundo a TDM – Rádio Macau, a lei define bebida alcoólica como um produto resultante de fermentação, destilação ou adição, que contenham um título alcoométrico volúmico superior a 1,2 por cento. Ella Lei revelou que os deputados devem assinar na próxima reunião o parecer que encerra a análise na especialidade do diploma e que a lei irá entrar em vigor 180 dias depois da publicação no Boletim Oficial.

COOPERAÇÃO

MACAU E HENGQIN PROCURAM INVESTIMENTO NA INDONÉSIA

A“DelegaçãoConjunta de Captação de Investimento Macau–Hengqin” fez uma viagem à Indonésia com o propósito de captar e promover investimentos e negócios. Entre domingo e terça-feira, a delegação marcou encontros com a Embaixada da China na Indonésia, a Administração de Desenvolvimento das Exportações Nacionais do Ministério do Comércio da Indonésia, a Câmara de Comércio da China na Indonésia, o Sinar Mas Group, o maior grupo empresarial indonésio.

Segundo um comunicado emitido ontem pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), a comitiva procurou estabelecer acordos de cooperação no turismo, investimento recíproco e estabelecimento de sedes.

O IPIM sublinha que existe um amplo espaço de cooperação entre Macau, Hengqin e a Indonésia em domínios industriais como investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, biomedicina, cultura, turismo e comércio, finanças modernas e economia digital.

Na segunda-feira, decorreu a “Sessão de Bolsas de Contactos Indonésia–Macau”, atraindo a participação de 80 empresas indonésias que se reuniram com representantes das empresas de Macau no local. O evento resultou em cerca de 100 encontros comerciais, nas áreas do turismo, convenções e exposições e comércio, finanças, marcas de restauração, produtos alimentares, logística e mobiliário. J.L.

GRANDE BAÍA INTEGRAÇÃO EMPRESARIAL DEPENDE DE MAIS SUBSÍDIOS, DIZ SONNY LO

A procissão vai no adro

Sonny Lo, académico de Hong Kong, defende que a maior integração de Macau na Grande Baía depende de mais subsídios para que os pequenos negócios se possam deslocar. O especialista em ciência política não tem dúvidas de que, com a Zona de Cooperação Aprofundada, se concretiza um desejo de Deng Xiaoping de criar mais regiões administrativas especiais no sul da China

a integração tecnológica e sócio-económica entre Hong Kong e Shenzhen nos próximos anos, antes de 2047”.

Esta legislação, relativamente ao tecido económico de Macau, não aposta no jogo, destacou o académico ao HM. “Não vemos o jogo como um caminho de saída, mas vemos, em vez disso, a necessidade de Macau se diversificar em termos económicos.”

MUITO se tem falado da integração regional de Macau no contexto da Grande Baía, mas como pode esta efectivar-se? Sonny Lo, académico da Hong Kong University Space deu ontem uma palestra na Fundação Rui Cunha (FRC) sobre o assunto, intitulada “O Presente e o Futuro da Grande Baía e a integração de Macau em Hengqin e Hong Kong em Shenzhen”.

Ao HM, por email, o académico disse que a maior integração da RAEM passa, essencialmente, por duas áreas. “É necessário educar mais a juventude e providenciar mais incentivos e subsídios para que os negócios se mudem para a zona da Grande Baía. As pequenas e média empresas precisam de mais subsídios e incentivos”, disse. Relativamente a uma maior presença de empresas lusófonas, para as quais Macau serve de plataforma comercial, a receita é semelhante.

“É preciso dar tempo ao mercado lusófono. Os países de língua portuguesa necessitam de se deslocar para a Zona de Cooperação

Aprofundada e observar a situação numa fase mais avançada, uma vez que o desenvolvimento [dos projectos] ainda agora começou”, disse ainda.

Sonny Lo frisou que as autoridades de Hong Kong também devem aumentar os apoios financeiros para que as empresas tenham mais interesse em ir para Shenzhen.

Numa altura em que Macau enfrenta uma crise de recursos humanos, com menos trabalhadores não residentes, como se pode dar resposta aos desafios da Grande Baía? Para Sonny Lo, a bitola está do lado da RAEM.

“O Governo da China continental já implementou um modelo de importação de talentos para Macau, mas [o território] precisa de produzir mais talentos locais”, frisou.

Ao estabelecer-se “uma relação entre governos e indústrias estratégicas, as instituições de ensino superior deveriam melhorar e regularizar [a sua actuação] com um melhor planeamento, projecções de recursos humanos e realização de inquéritos anuais com dados divulgados junto do público”, disse na apresentação de ontem.

Poder de absorção

A legislação de base para a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin foi aprovada pelas autoridades de Guangdong a 9 de Janeiro deste ano. Na sua apresentação, Sonny Lo destacou que este novo processo de integração “irá tornar-se num projecto piloto que terá tremendas implicações para

O académico aponta o dedo aos governos de Macau e Hong Kong, “que mostraram uma fraca capacidade que terá de ser reforçada com o recrutamento de funcionários públicos de elite, uma melhor formação e profissionalização”

Sonny Lo acredita que, com o passar dos anos, “a Zona de Cooperação Aprofundada vai estar bem posicionada para ser territorialmente absorvida por Macau, se as autoridades centrais assim o entenderem”. Desta forma, está traçado o caminho para uma grande extensão territorial da pequena Macau, mas tal “depende de vários factores, como a expansão da população, a procura e os desejos do Governo de Macau e a preparação para tal integração da perspectiva de Hengqin”. “Com o passar do tempo, a Zona de Cooperação em Hengqin será integrada na RAEM”, frisou Sonny Lo na apresentação.

Neste sentido, o académico aponta o dedo aos governos de Macau e Hong Kong, “que mostraram uma fraca capacidade que terá de ser reforçada com o recrutamento de funcionários públicos de elite, uma melhor formação e profissionalização”.

Sonny Lo disse ainda que o modelo de integração de Hong Kong e Shenzhen deverá seguir o mesmo modelo de Macau em relação a Hengqin, mas o desafio permanece “no reforço da capacidade entre os governos de Macau e Hong Kong face ao planeamento e coordenação internamente e entre fronteiras”.

O académico acredita que a visão de Deng Xiaoping de criar mais regiões administrativas especiais no sul da China “já está concretizado com a criação da Zona de Cooperação Hengqin-Macau, com a cooperação entre Hong Kong e Shenzhen a seguir-lhe os passos nos próximos anos”. Andreia Sofia Silva

política 5 quinta-feira 16.3.2023 www.hojemacau.com.mo

COVID-19 RONDAS DE MÁSCARAS E TESTES CONTINUAM. NOVOS PICOS ESPERADOS

Sem baixar a guarda

O alívio de medidas contra a covid-19 não significa que a pandemia passou, indicou ontem Alvis Lo. O director dos Serviços de Saúde alerta para a hipótese de reinfecções com novas variantes e garante prontidão para novos picos pandémicos. A taxa de infecção actual deve rondar 0,5 por cento da população

ACTUALMENTE, um em cada 200 testes à covid-19 feitos em Macau dão positivo, o que significa que, pelo menos, 0,5 por cento da população está infectada, revelou ontem o director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, à margem de uma reunião de comissão permanente da Assembleia Legislativa. O responsável adiantou ainda que nesta altura quase ninguém declara infecções de covid-19 na plataforma online criada para o efeito.

Apesar dos diminutos índices de infecção, que podem também resultar da baixa testagem, Alvis Lo salienta que o alívio das medidas de combate não significa que a pandemia

Burla Detido por enganar 100 vítimas

Um residente foi detido e está indiciado por ter praticado uma fraude com mais de 100 vítimas, no valor de 340 mil patacas. A informação foi revelada ontem pela Polícia Judiciária (PJ). Segundo o esquema apresentado pelas autoridades, o homem terá enganado as vítimas com promessas de emprego em Macau e na Coreia do Sul, que nunca foram concretizadas. A situação remonta a Julho de 2021, quando o desempregado local conheceu três pessoas do Interior. Nessa altura, indicou aos

recém-conhecidos que por valores de 2.700 patacas a 3.500 patacas conseguia arranjar-lhes emprego. O residente informou ainda as vítimas que por 500 patacas por cabeça arranjaria igualmente emprego para os familiares e amigos destas. Foi assim que enganou cerca de 100 pessoas e conseguiu receber à volta de 340 mil patacas. No entanto, após os pagamentos, quando as pessoas tentaram perceber como podiam obter os empregos, o homem deixou de estar contactável.

CPSP Apanhado a conduzir com 2,59 gramas de álcool

Um homem foi apanhado a conduzir embriagado com 2,59 gramas de álcool no sangue, depois de ter tido um acidente. O caso, que aconteceu na passada quarta-feira, foi relatado ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP).

A situação foi descoberta porque as autoridades foram chamadas para auxiliar o acidentado, um trabalhador

não residente com 30 anos. Quando chegou ao hospital e fez exames confirmou-se a ingestão de álcool. Também o homem com nacionalidade das Filipinas reconheceu que tinha bebido antes de pegar na moto. Segundo o CPSP, com recurso às câmaras de vigilância, o condutor perdeu o controlo do veículo, quando tentava contornar alguns peões na passadeira.

AMCM Reservas cambiais cifraram-se em 216,9 mil milhões

tenha terminado. Depois da infecção generalizada da população de Macau, entre Dezembro e Janeiro, com uma elevada taxa de propagação, o director dos SS alerta para o declínio imunológico passados entre três a seis meses da infecção. “As pessoas podem também ser reinfectadas com novas variantes do coronavírus. Estimamos que no futuro se registem ocasionais picos

de infecção pandémica”, alerta o responsável.

Protecção devida

Para fazer face ao inevitável retorno da pandemia, Alvis Lo voltou a apelar à vacinação, referindo que actualmente apenas 57 por cento da população foi inoculada com três doses da vacina contra a covid-19, número que caiu ainda mais considerando a quarta dose.

“Apesar dos cíclicos picos infecciosos poderem não ser de uma dimensão tão grande como no passado, ainda subsistem riscos e apelamos ao público para não baixar a guarda e tomar as terceiras e quartas doses da vacina.”

ALVIS LO DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

“Apesar dos cíclicos picos infecciosos poderem não ser de uma dimensão tão grande como no passado, ainda subsistem riscos e apelamos ao público para não baixar a guarda e tomar as terceiras e quartas doses da vacina para reforçarem as suas defesas”, solicitou o responsável.

Alvis Lo garantiu também que o Governo vai continuar a lançar novas rondas dos programas de fornecimento testes rápidos de antigénio e máscaras, apesar da procura ter baixado nos últimos tempos, e assegurar que as reservas de fármacos e materiais de prevenção e tratamento são suficientes para lidar com um novo surto pandémico. João Luz

As reservas cambiais da RAEM cifravam-se em 216,9 mil milhões de patacas (26,84 mil milhões dólares americanos) no final de Fevereiro, segundo as estimativas preliminares. Este montante representa um aumento de 1,7 por cento relativamente ao mês anterior, quando as reservas tinham sido avaliadas em 213,3 mil milhões de

patacas. A taxa de câmbio efectiva da pataca, ponderada pelas suas quotas do comércio, foi de 101,7 em Fevereiro, o que significa um crescimento de 0,24 pontos e 5,15 pontos, respectivamente, face a Janeiro deste ano e Fevereiro de 2022. Segundo a AMCM, “a pataca subiu face às moedas dos principais parceiros comerciais de Macau”.

Eco-Escolas Inscrições a terminar

O prazo de inscrição das escolas no plano Eco-Escolas termina no final do mês.

Este é um programa que, de acordo com Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), visa reforçar a consciência dos docentes e alunos para as questões ambientais. Para o

corrente ano, foi escolhido o tema “Reduzir o plástico e poupar energia por amor à Terra! A redução da produção de resíduos depende de ti!”. Através deste programa governamental, as escolas podem ser distinguidas com o Prémio de Platina Eco-Escolas, o Prémio de Honra Eco-Escolas e o Prémio de Excelente Desempenho Eco-Escolas, de acordo com os feitos alcançados no âmbito da educação ambiental de Macau. Além disso, os docentes e estudantes podem participar nos concursos para atribuição do prémio Projecto Pedagógico de Educação Ambiental e do prémio Fã da Escola Ecológica.

6 sociedade 16.3.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo

ECONOMIA “CARNAVAL DE CONSUMO” GEROU 1,6 MIL MILHÕES DE PATACAS

COVID-19 MEDO E HÁBITO EXPLICAM USO DE MÁSCARAS POR JOVENS

Quem não vê caras

sinto bem a deixar de usar assim de repente. Preciso de tempo para me adaptar”, acrescenta.

Um colega do mesmo estabelecimento de ensino indica que o receio é o motivo pelo qual não prescinde da máscara. “Vou continuar a usar a máscara até a pandemia acabar completamente em todo o Mundo. Acho que só aí me vou sentir seguro para prescindir da máscara”, afirmou.

Ainiciativa

“Carnaval de Consumo de Macau 2022” gerou um consumo adicional de 1,6 mil milhões de patacas, tendo reunido 23 mil estabelecimentos comerciais do território. Ontem, no edifício da Associação Comercial de Macau, decorreu a cerimónia de encerramento do evento e o grande sorteio final.

Organizado pelo Governo, este evento visa fomentar o consumo por parte dos residentes no contexto da pandemia através da distribuição de cupões electrónicos nos estabelecimentos comerciais aderentes. Foram atribuídos cupões electrónicos no valor total de 100 milhões de patacas. Depois de mais de quatro meses do evento, acumularam-se mais de 21 milhões de transacções qualificadas para o grande sorteio final, cujos prémios incluem dinheiro, refeições e alojamento num valor superior a três milhões de patacas, oferecidos pela Associação Comercial de Macau e “vários patrocinadores”. A lista de 78 vencedores será conhecida hoje.

Tai Kin Ip, director da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, disse que o “Carnaval de Consumo” estimulou “o desejo de consumo dos residentes e impulsionou o ambiente de consumo local”, tendo reforçado “a confiança na operação sustentável de todos os sectores”. Graças à distribuição dos cupões “foi acelerada a promoção do ciclo de consumo da comunidade, o que ajudou na recuperação económica”.

Comportamento de grupo, inadequação, insegurança e hábito são factores determinantes para que uma vasta maioria dos jovens de Macau continue a usar máscara, apesar das orientações do Governo que determinaram o alívio do uso. Um académico da UPM aponta receio e falta de autoconfiança como razões para a insistência

NO dia 26 de Fevereiro, o Governo declarou que, “em circunstâncias normais, não é obrigatório o uso de máscara para todas as pessoas em espaços ao ar livre”. Apesar de não haver na altura qualquer obrigação legal que determinasse a obrigação do uso de máscaras ao ar livre, nem regime sancionatório (excepto durante o período do surto pandémico do Verão passado), a máscara continua a ser uma constante nos rostos de quem percorre as ruas de Macau.

A Associação de Beneficência

Sin Meng fez um inquérito a alunos do ensino secundário para tentar perceber as razões para o elevado

uso de máscaras entre os mais jovens, num vídeo partilhado nas redes sociais.

Um aluno da Escola São Paulo testemunha o uso generalizado na escola que frequenta e a razão que o leva a não prescindir da protecção facial.

GCS

“Basicamente, toda a gente na escola usa máscara”, revela. Apesar do alívio de quase todas as restrições, o estudante confessa que a ideia de destapar o rosto é desconfortável. “Depois de tanto tempo a usar a máscara, não me

“Vou continuar a usar a máscara até a pandemia acabar completamente em todo o Mundo. Acho que só aí me vou sentir seguro para prescindir da máscara.”

ESTUDANTE DA ESCOLA SÃO PAULO

Turismo Workshop prepara operadores para turistas muçulmanos

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) organizou ontem um workshop com o objectivo de preparar os operadores turísticos para receber “visitantes da cultura islâmica”. A iniciativa pretende “elevar a competitividade e o nível global dos serviços prestados, consolidando a imagem de Macau enquanto cidade

turística e em articulação com o desenvolvimento diversificado do mercado turístico”. O workshop teve como orador o imã da Associação Islâmica de Macau, Ding Shao Jie, e contou com a participação de funcionários de hotéis, restaurantes, agências de viagens e guias turísticos, assim como o subdirector da

DST, Cheng Wai Tong. Os temas abordados incluíram “introdução à religião segundo Abraão, ritos religiosos islâmicos, festividades, usos e costumes comuns culturais do Islão”, assim como breves apresentações sobre precauções e aspectos a ter em conta na recepção de visitantes islâmicos.

Um aluno do Colégio Yuet Wah explica que o uso da protecção se prende mais por uma questão de prática rotineira. “A maioria dos meus colegas de turma continuam a usar. Eu uso também, mas ando muitas vezes com a máscara no queixo. Continuo a usar por motivos de higiene, o hábito também é outra razão para o fazer”, explicou.

Sem rosto

O coordenador do curso de licenciatura em Serviço Social da Universidade Politécnica da Macau Dicky Lai Wai Leung encara o fenómeno como o resultado de uma equação com variantes tão diversas como embaraço, insegurança e desprendimento emocional.

“Se calhar é uma questão de autoconfiança de falta de afirmação. Os jovens podem sentir-se inibidos a voltar a expor a cara em público”, descodifica o académico doutorado em filosofia pela Universidade de Hong Kong.

Além da falta segurança e do receio de infecção, Dicky Lai Wai Leung aponta possíveis razões afectivas para os jovens continuarem a tapar a cara. “Quando não se usavam máscaras, durante a comunicação interpessoal, expunham reacções emocionais através de expressões faciais. O uso da máscara pode ser uma forma de esconder as emoções dos outros”, explica o docente da UPM.

Apesar de tudo, o académico defende que a insistência em usar máscara não deve ser estigmatizada. “Não devemos tratar o assunto como um problema, as orientações do Governo para se deixar de usar máscara ainda são recentes. Se tratarmos o uso prolongado de máscaras como um comportamento errado, em vez de corrigirmos algo podem estar a provocar o efeito oposto. É um hábito de autoprotecção e isso não é uma coisa má.” João Luz e Nunu Wu

DST Média de 57 mil turistas por dia em Fevereiro

Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), indicou que durante o mês de Fevereiro, o número médio diário de turistas foi de 57 mil. A directora revelou também que no início deste a mês média diária de turistas continuar a ultrapassar a fasquia de 50 mil, de acordo com as declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau. Em relação à proporção

de turistas internacionais, as informações oficiais apontam para que se situe em 2,2 por cento em Janeiro, sendo que os maiores mercados foram as Filipinas, Coreia do Sul, Indonésia, Japão e Estados Unidos. No entanto, a responsável pela DST acredita que a proporção de turistas internacionais possa chegar a 10 por cento, na sequência da recuperação dos voos internacionais.

sociedade 7 quinta-feira 16.3.2023 www.hojemacau.com.mo

QUANDO ZHENG HE regressou a Nanjing da quarta viagem marítima, o que ocorreu na 7.ª lua do 13.º ano de Yongle (ano Yi Wei, 乙未), 12 de Agosto de 1415, trouxe consigo muitos enviados dos países visitados, para além de Sekandar, o usurpador do poder no Sultanato Pasai de Samudera. Mas o Imperador Yongle encontrava-se fora, pois tinha ido ao Norte, à Mongólia, combater pela segunda vez no seu reinado os mongóis e apesar de ter saído vitorioso ainda não regressara à capital, chegando apenas a 14 de Novembro de 1416. À sua espera encontrou embaixadores de 18 ou 19 países e reinos, da Ásia [Champa, Pahang, Java, Palembang (Jiugang ou Jugang), Malaca, Samudera, Lambri, Ceilão, ilhas Maldivas, Cochim, Calicute, Shaliwanni (local indeterminado)], da Península Arábica [Ormuz, Ash-Shiher (La Sa ou Las’ã) na costa de Hadramaut no Iémen, Adem] e de África [Mogadíscio, então no seu apogeu económico e Brava (Bu-la-wa, ou Barawa, cidade na costa da Somália com bom porto e muita actividade comercial, antiga capital do Sultanato de Tunni (século IX-XIII), e pertencia então, a par com Mogadíscio, ao Império Somali de Ajuran) e Melinde (actual Quénia, que na quarta viagem quando a frota chinesa aí passou em 1414, o governante enviara uma girafa)]. Na corte Ming foram recebidos com uma grande cerimónia realizada a 19 de Novembro de 1416, oferecendo o Imperador prendas a cada um. O enviado do Raja de Cochim (Kezhi) teve um tratamento especial por ser esse reino tributário desde 1411 da China e o Raja requeria ao Imperador que o nomeasse ministro seu subordinado e o investisse como Rei, pedindo o selo oficial como representante de Yongle. O Imperador concedeu-lhe tais desejos e enviou-lhe uma carta onde atribuiu a Cochim o título <Estado protegido da Montanha>.

Também Megat Iskandar Shah (母干 撒于的儿沙, Mu-Gan Sa-Yu-De-Er Sha ou Xá Muhammad) aqui viera para comunicar ao Imperador ter o seu pai, o Rei de Malaca Parameswara, conhecido em chinês por Bai-Li-Mi-Su-La (拜里迷 苏剌), falecido em 1414. Nesse mesmo ano de Jia Wu (甲午), 12.º ano do reinado de Yongle, embarcara para a China, segundo refere o Registo Histórico da dinastia Ming <Ming Shi, 明史> compilado na dinastia Qing, mas Fei Xin (费信) no seu livro Xingcha Shenglan (星槎 胜览) diz ter o Xá (Shah) ido à China no 13.º ano de Yongle. Quando foi recebido, o Imperador nomeou-o Rei de Malaca.

A despedida aos enviados realizou-se na corte Ming a 28 de Dezembro de

1416 onde receberam de Yongle túnicas de seda. No mesmo dia, Inverno do 14.º ano de Yongle (1416, ano Bing Shen, 丙申), o Imperador ordenou a realização da quinta viagem, instruindo Zheng He a escoltar os enviados dos 18 estados asiáticos e africanos no regresso às suas terras. Tinham vindo à corte Ming apresentar tributos e aqui estavam há quase ano e meio. O Imperador entregou ao Almirante cartas imperiais e prendas para levar aos governantes por onde a viagem iria passar.

Viagem entre 1417 e 1419

No 15.º ano de Yongle (ano Ding You, 丁酉, 1417) saiu do porto de Liujia, em Taicang, a armada capitaneada por Zheng He com a missão de se dirigir ao Oeste. Primeiro passou por Quan-

Quinta viagem de José

zhou, onde o Almirante visitou a cidade fundada em 711 no reinado da dinastia Tang.

Fora um notável porto na costa de Fujian, ponto de partida da Rota Marítima da Seda e rapidamente se tornara na China um dos quatro mais florescentes no comércio com o estrangeiro. Atingira o apogeu na dinastia Song, mantendo-se como principal porto durante a dinastia Yuan e contou com uma grande comunidade muçulmana até perder em dez anos toda a sua influência devido à rebelião muçulmana Ispah (13571366). O porto entrou em declínio e na dinastia Ming estava ligado exclusivamente às trocas com as Filipinas.

No 16.º dia do 5.º mês do 15.º ano de Yongle (31 de Maio de 1417)

Zheng He em Quanzhou foi ao Templo da deusa Mazu, naquele tempo

Esta fora a maior de todas as viagens feitas por Zheng He e em sinal de gratidão, por o envio dos seus representantes, os governantes ofereceram como tributos um grande número de animais exóticos. Ormuz deu um leão, um leopardo e rinocerontes, tendo Brava oferecido camelos dromedários e avestruzes e Adem uma girafa. Vieram também zebras e antílopes, além de outros animais de Java e Calicute como tributo ao Celeste Império

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de Zheng He (VIII)

porto de mui grande escala de muitas naus e nasce aqui tanto incenso que se leva para todo o mundo."

Shiher era a capital de um pequeno sultanato e o principal porto da costa de Hadramaut, a meia distância entre Adem e o cabo Fartaque, (actual Oman).] No Sultanato do Iémen reinava Al-Malik al Nasir da dinastia Rasulid e talvez tenha sido Zheng He quem entre 30 de Dezembro de 1418 e 27 de Janeiro de 1419 esteve em Las’ã (La Sa) para trazer de volta o enviado iemenita Kadi Waqif ad-Abdur Rahman bin Zumeirem. A frota chegou nos últimos dias de Janeiro a Adem e foi a Ta’izz [capital do Sultanato do Iémen na dinastia Rasulid] de onde saiu depois de 19 de Março e seguiu para Jedá, na costa do Mar Vermelho [actual Arábia Saudita].

De Oman a armada continuou para Mogadíscio, para se juntar à que tinha navegado directamente do Ceilão, passando primeiro por a ilha de Socotorá (à entrada do Mar Vermelho). Em Mogadíscio, nessa altura no apogeu económico e comercial, reinava então a dinastia Ajuran, uma monarquia islâmica cujo íman enviou como embaixador à China Sa’id para estabelecer relações diplomáticas e como tributo levou ouro, incenso e tecidos, assim como um leão, hipopótamos, girafas e gazelas, estes três talvez tenham seguido na viagem seguinte. De Mogadíscio chegaram a Mombaça, depois de ir a Melinde levar o embaixador.

chamado Tian Fei Gong e hoje com o nome de Tian Hou, no monte Jiuri e queimando incenso pediu à divindade protecção para lhe conceder uma viagem segura. No monte Ling no Cemitério Islâmico (ShengMu) encontra-se a estela XingXiang <Orar para uma viagem segura de regresso> mandada erigir por Pu Heri ( 蒲和日 ), oficial que viajava na armada e onde está referido ter o Imperador enviado Zheng He em missão diplomática a Ormuz e a outros países.

Com a mesma narrativa, outra estela (bei) ligada à quinta viagem marítima e agora desaparecida, encontrava-se na ponte Wuwei (无尾), onde se situava o porto Xunmei (浔美) junto ao monte Longtou e nela estava referido no 17.º dia do 5.º mês o Tai Jian [Grande Eunuco] Zheng He ter aqui

permanecido para segurança da armada devido aos ventos fortes. Nos anos 70 do século XX, o local do porto desapareceu devido aos aterros, tal como o bei, que também fora mandado fazer por Pu Heri. Zheng He em Quanzhou embarcou muita porcelana para as trocas e prendas e seguiu viagem.

Em Vijaya (Qui Nhon) a armada dividiu-se, uma frota foi à ilha de Java e a Palembang, em Sumatra, e o grosso da armada seguiu para Malaca. Daí passou ao Ceilão onde novamente se separou, indo uma frota directamente para a costa africana, passando ao Sul das ilhas Maldivas e chegou à costa da Somália (no Corno de África). Já a armada navegou ao longo da costa indiana, passando por o importante porto de Cambaia (Khanbayat, actual Guzerate no Noroeste da Índia, cujos

mercadores tinham então relações privilegiadas tanto com Adém como com Malaca) e na Península Arábica foi a Ormuz, atingindo Oman. Aí a armada voltou a dividir-se, rumando uma frota para o Mar Vermelho e ainda na costa Arábica visitou Las’ã [Ash-Shiher, um dos portos mais antigos e importantes do Iémen, ao qual Duarte Barbosa se referiu:

"uma vila de mouros que chamam Xaer e pertence ao reino de Fartaque. Lugar em que há grandes quantidades de mercadorias, (…) muito bons cavalos que na terra há, os quais cavalos são muito maiores e melhores que os que vêm de Ormuz. Também na terra nasce muito incenso e há muito trigo, carnes, tâmaras e uvas. É este

A viagem terminou em Nanjing no 7.º mês lunar do ano 17.º de Yongle (ano Ji Hai 己亥, 8 ou 17 de Agosto de 1419) e trouxe dezasseis embaixadas cheias de prendas e um grande número de animais enviados tanto da Ásia como da África, sendo recebidos um mês depois por o Imperador, mas não em Nanjing pois este desde 1417 aí não voltou. Entre eles estava o Sultão de Malaca Megat Iskandar Shah, sua esposa e filho, que voltava pela segunda vez à corte Ming para pessoalmente apresentar tributo a Yongle e queixar-se da invasão de Malaca por o Reino do Sião.

Esta fora a maior de todas as viagens feitas por Zheng He e em sinal de gratidão, por o envio dos seus representantes, os governantes ofereceram como tributos um grande número de animais exóticos. Ormuz deu um leão, um leopardo e rinocerontes, tendo Brava oferecido camelos dromedários e avestruzes e Adem uma girafa. Vieram também zebras e antílopes, além de outros animais de Java e Calicute como tributo ao Celeste Império.

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Simões Morais

ASEAN FIRMADOS ACORDO DE COOPERAÇÃO NO MAR DO SUL

AChina e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) concordaram em realizar projectos de cooperação marinha e, em conjunto, manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China, anunciou na terça-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin. As observações de Wang formam proferidas após a 38.ª Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto para a Implementação da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (DOC, em inglês), que foi realizada em Jacarta, Indonésia, de 8 a 10 de Março, indica o Diário do Povo.

Wang revelou que a China e os países daASEAN continuaram a avançar na consulta sobre o texto do Código de Conduta no Mar

da China do Sul (COC) e tiveram uma profunda troca de opiniões sobre a implementação do DOC e a cooperação marítima.

“Concordaram em realizar múltiplos projectos de cooperação prática em campos como pesquisa científica marinha, protecção ambiental e operação de busca e salvamento no mar, intensificar o diálogo e a comunicação, aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e defender conjuntamente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”, exaltou o dirigente.

Wang acrescentou que as partes também chegaram a um acordo sobre o plano de trabalho para este ano e concordaram em realizar múltiplas rondas da Reunião de Altos Oficiais sobre a Implementação do DOC.

Indústria Produção cresce 2,4 por cento

A produção industrial de valor agregado da China, um importante indicador económico, subiu 2,4 por cento face ao ano passado, nos dois primeiros meses de 2023, mostram dados do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) divulgados esta quarta-feira. O crescimento aumentou 1,1 ponto percentual em relação ao nível de Dezembro de 2022, e o crescimento médio de dois anos ficou em 4,9 por cento, segundo os dados do DNE, citados

pelo Diário do Povo. “Nos dois primeiros meses, a economia chinesa recuperou de forma constante com o aumento da procura de produção, emprego estável e preços ao consumidor e melhores expectativas do mercado”, disse o porta-voz do DNE, Fu Linghui, em conferência de imprensa. A produção industrial é usada para medir a actividade de grandes empresas com um volume principal de negócios anual de pelo menos 20 milhões de yuan.

Mudança de rumo

a posição, depois de ter assistido à cerimónia de posse do vice-Presidente taiwanês, William Lai.

pelo então Presidente Juan Orlando Hernández.

APresidente das Honduras, Xiomara Castro, anunciou que o país vai estabelecer relações diplomáticas com Pequim, uma decisão que deve levar ao final das ligações com Taiwan.

“Dei instruções ao ministro [dos Negócios Estrangeiros] Eduardo Reina para gerir a abertura de relações oficiais com a República Popular da China”, anunciou Castro, na terça-feira,

Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental do Governo da Região Administrativa Especial de Macau

AVISO DE CONCURSO

Quatro lugares vagos de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão (Concurso n.º: INS-002-DSPA/2023)

Por despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 8 de Março de 2023, foi autorizado o concurso de avaliação de competências profissionais ou funcionais comum, externo, do regime de gestão uniformizada, na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, para o preenchimento de quatro lugares vagos em regime de contrato administrativo de provimento, de inspector de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de inspector, e dos que vierem a verificarse nesta Direcção de Serviços, na mesma forma de provimento, até ao termo da validade do concurso.

Para os pormenores detalhados, por favor, consulte o Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 11, II Série, de 15 de Março de 2023, ou navegue as páginas electrónicas desta Direcção de Serviços (http://www.dspa. gov.mo) e dos concursos da função pública (http://concurso-uni.safp.gov.mo)

Aos 9 de Março de 2023, DSPA

O Director, Tam Vai Man

na rede social Twitter, sem mencionar o futuro das relações com Taipé.

Castro, que assumiu o cargo no início de 2022, anunciou antes de chegar ao poder a intenção de reconhecer imediatamente Pequim. No entanto, a dirigente pareceu reconsiderar

A 1 de Janeiro, o chefe da diplomacia hondurenha reuniu-se com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Xie Feng, à margem da cerimónia de posse do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Um mês depois, Eduardo Reina anunciou negociações com a China para a construção de uma hidro-eléctrica.

Pequim já tinha financiado outra barragem nas Honduras, no valor de 300 milhões de dólares inaugurada em 2021

Castro, que assumiu o cargo no início de 2022, anunciou antes de chegar ao poder a intenção de reconhecer imediatamente Pequim

ECONOMIA INVESTIMENTO EM ACTIVOS FIXOS AUMENTA 5,5%

Oinvestimento em activos fixos da China aumentou 5,5 por cento ano a ano nos primeiros dois meses deste ano, 0,4 ponto percentual mais alto que a taxa de crescimento anual de 2022, revelam os dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) esta quarta-feira.

O investimento totalizou 5,3577 biliões de yuans em Janeiro e Fevereiro, indicou o DNE em comunicado,

citado pelo Diário do Povo. Durante este período, o investimento em construção de infraestruturas revelou um aumento robusto de 9 por cento, e o investimento em manufactura também manteve o ímpeto de crescimento, registando uma subida de 8,1 por cento. No entanto, as entradas de capital no desenvolvimento imobiliário caíram 5,7 por cento.

As indústrias de alta tecnologia, em particular,

As Honduras eram um dos últimos 14 países a manter relações diplomáticas com Taiwan.

Alianças contadas

Em Dezembro de 2021, Taiwan perdeu a Nicarágua como aliada diplomática, depois de o Presidente do país centro-americano, Daniel Ortega, ter sido reeleito.

A Nicarágua afirmou então que ia passar a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China. Embora, nos últimos anos, tenha perdido aliados, Taipé também intensificou os intercâmbios oficiais com países como a Lituânia e a Eslováquia, que não reconhecem formalmente Taiwan como um país.

destacaram-se, com o investimento a subir 15,1 por cento. Especificamente, o investimento em manufactura e serviços de alta tecnologia expandiu-se 16,2 por cento e 12,3 por cento, respectivamente. O apoio de capital também foi dado para melhorar os meios de subsistência das pessoas, à medida que o investimento em saúde pública e educação aumentou 18,8 por cento e 4,8 por cento, respectivamente.

10 china
TAIWAN HONDURAS ESTABELECE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM PEQUIM
O país era um dos poucos a manter relações com Taiwan. A chegada ao poder de Xiomara Castro, no princípio do ano passado, veio corrigir a postura hondurenha
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COREIA DO SUL ANUNCIADO MAIOR CENTRO MUNDIAL DE PRODUÇÃO DE SEMICONDUTORES

ACoreia do Sul vai investir 300 mil milhões de won (214 milhões de euros) para criar o maior centro de produção de semicondutores do mundo, em duas décadas, anunciou ontem o Ministério da Indústria.

O novo centro, que vai ser desenvolvido no âmbito de um plano para impulsionar a competitividade no país, vai ser construído até 2042, com cinco instalações avançadas de fabrico de ‘chips’, devendo albergar cerca de 150 empresas de design, bem como empresas de materiais e componentes, nos arredores de Seul.

O município de Yongin fica 40 quilómetros a sul de Seul e já conta com a presença da Samsung Electronics e da SK Hynix, o primeiro e segundo maiores fabricantes mundiais de ‘chips de memória’, além de várias fábricas de semicondutores e empresas ligadas ao sector.

O Governo sul-coreano prevê que este núcleo se torne no maior centro mundial de produção de ‘chips’, uma vez que vai ficar também ligado aos centros de produção e desenvolvimento de ‘chips’ já existentes nas cidades vizinhas de Giheung, Hwaseong, Pyeongtaek, Icheon e Pangyo.

“O megacentro vai conter toda a cadeia de valor dos semicondutores”, disse o ministro da Indústria, Won Hee-ryong, no lançamento do plano em Seul, onde marcou presença o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

O Ministério está também a tentar aprovar um plano para investir cerca de 3,2 triliões de won (2,3 mil milhões de euros) no desenvolvimento de tecnologias de semicondutores da próxima geração para inteligência artificial ou no sector da produção de energia.

Tudo isto faz parte de uma estratégia governamental mais ampla para promover seis indústrias essenciais, como bio-saúde, ‘chips’, nova mobilidade, robótica, baterias secundárias e ecrãs em 14 regiões diferentes do país.

JAPÃO BANCO CENTRAL COMPROU MIL MILHÕES EM FUNDOS

Queda amortecida

Group, acumularam quedas a de cerca de 10 por cento entre segunda e terça-feira na bolsa de Tóquio, por medo de ficarem indirectamente expostos ao colapso do SVB.

O sector bancário japonês apagou ontem parte dessas perdas, e o índice Nikkei fechou a subir 0,03 por cento, com a dissipação dos temores sobre a crise bancária e também em parte pelo efeito das injecções do BoJ.

Nuvens na Califórnia

Com sede em Santa Clara, na Califórnia, o Silicon Valley Bank era especializado no sector tecnológico e fazia negócios principalmente com empresas emergentes.

Obanco central do Japão adquiriu em dois dias cerca de mil milhões de euros em fundos negociados no mercado de valores de Tóquio, numa tentativa de conter os receios de uma crise bancária.

Na segunda-feira, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) adquiriu 70,1 mil milhões de ienes (487 milhões de euros) em fundos negociados em bolsa, depois das falências dos bancos norte-americanos Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, bem como dos planos dos reguladores financeiros norte-americanos para proteger os clientes.

O BoJ desembolsou na terça-feira um montante idêntico em fundos cotados na bolsa de Tóquio, num dia em que o indicador de referência, o Nikkei, fechou com uma queda de 2,19 por cento devido ao receio de contágio no sector bancário japonês.

Esta foi a primeira vez que o banco central japonês fez uma aquisição massiva de ETFs (fundos de investimento) em dois

dias consecutivos desde Março de 2021, uma medida reservada para momentos de instabilidade financeira, devido ao risco de

causar distorções no mercado.

Três dos maiores bancos japoneses, Mitsubishi UFJ, Mizuho e Sumitomo Mitsui Financial

Três dos maiores bancos japoneses, Mitsubishi

UFJ, Mizuho e Sumitomo Mitsui Financial Group, acumularam quedas de cerca de 10% entre segunda e terça-feira na bolsa de Tóquio, por medo de ficarem indirectamente expostos ao colapso do SVB

No domingo, as autoridades norte-americanas anunciaram que iriam garantir a retirada de todos os depósitos do banco californiano falido e disseram que vão também permitir o acesso a todos os depósitos de outro estabelecimento, o Signature Bank, encerrado pelo regulador.

Além disso, a Reserva Federal (Fed) - banco central norte-americano - comprometeu-se a emprestar os fundos necessários a outros bancos para que possam responder aos levantamentos dos clientes.

Londres anunciou, por seu lado, que a sucursal britânica do SVB tinha sido vendida ao gigante bancário britânico HSBC, pelo valor simbólico de uma libra.

“Os clientes do SVB do Reino Unido podem aceder aos seus depósitos e serviços bancários normalmente a partir de hoje”, afirmou ontem o Tesouro britânico.

A situação do SVB ilustra as perturbações de todo o sistema bancário norte-americano face ao endurecimento da política monetária seguido pela Fed.

A subida das taxas de juro nos Estados Unidos tem levado os clientes a colocarem o seu dinheiro em produtos financeiros que garantem melhor rendimento do que as contas correntes, secando uma fonte crucial para o sector das novas tecnologias.

TÓQUIO DEPUTADO EXPULSO DO PARLAMENTO PELA PRIMEIRA VEZ EM 72 ANOS

Acâmara alta do parlamento do Japão decidiu expulsar um produtor de vídeos sobre escândalos de celebridades para a plataforma Youtube, eleito deputado em 2022, por faltar a todas as sessões, foi ontem anunciado.

O comité disciplinar da Câmara dos Conselheiros confirmou por unanimidade a decisão, tomada na terça-feira. Esta é a primeira vez

que um deputado é expulso do parlamento japonês (Dieta) desde 1951, de acordo com a imprensa nipónica.

A Dieta tinha, no início do mês, ordenado a Yoshikazu Higashitani, de 51 anos, conhecido nas redes sociais pelo pseudónimo “GaaSyy”, que pedisse desculpas à assembleia. Mas Higashitani, um dos dois deputados eleitos pelo pequeno partido Seijika

Joshi 48, não respondeu a essa ordem.

A expulsão é a punição mais severa que um deputado pode receber no Japão e esta é a terceira vez que foi imposta desde a adopção da actual Constituição, em 1947.

As duas expulsões anteriores foram de Tomozo Ogawa, em 1950, e Kanichi Kawakami, em 1951, durante o período pós-guerra do Japão.

Depois da eleição, em Julho, Higashitani permaneceu no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde já morava, dizendo não ousar voltar ao Japão por medo de ser preso.

A polícia japonesa está a investigar Higashitani por suspeitas de intimidação e difamação de celebridades nos vídeos que publica na internet, de acordo com a

imprensa local. Higashitani vai ser substituído por outro membro do partido Seijika Joshi, que mudou de nome várias vezes desde a criação em 2013. Inicialmente, o partido foi formado para se opôr à taxa de licença da televisão pública japonesa NHK.

O Seijika Joshi considerou a expulsão de Higashitani ilegal.

região 11 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 16.3.2023
O medo de uma nova crise financeira, após as notícias de falências vindas dos Estados Unidos, levou as autoridades financeiras nipónicas a agir

Ovelho normal

OFestival de Artes de Macau (FAM) está de volta à velha forma, com um cartaz preenchido por artistas internacionais, na 33.ª edição que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio. Ao contrário das últimas edições, condicionadas pela pandemia

da covid-19, o festival recebe este ano grupos do exterior, como é o caso da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, com o espectáculo “Na substância do tempo”, em que “os coreógrafos portugueses de renome internacional Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho transformam versos de

Sophia de Mello Breyner Andresen em coreografias”, refere um comunicado à imprensa do Instituto Cultural (IC) de Macau. Mas, apesar do regresso dos grupos artísticos estrangeiros, a próxima edição do FAM tem este ano um orçamento inferior ao do ano passado: cerca de 22 milhões

Anova versão da exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo - Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” poderá ser vista a partir do dia 24 deste mês, sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Esta mostra, promovida pelo Instituto Cultural (IC), apresenta a reconstrução virtual das características históricas da antiga Igreja da Madre de Deus antes de ter sido destruída por um incêndio, permitindo ao público apreciar uma conjectura interpretativa sobre a tipologia arquitectónica barroca da Igreja, com base em dados históricos relativos a um período de cerca de 400 anos.

Assim, podem ser vistos “aspectos adicionais relativos ao restauro virtual

Reconstruir o passado

Segunda fase da mostra das Ruínas de S. Paulo em realidade virtual dia 24

do exterior e do ambiente envolvente da Igreja” bem como “o panorama interior e exterior da antiga Igreja de forma mais abrangente e tridimensional”. Além disso, o público poderá aceder a duas novas cenas de realidade virtual, nomeadamente a “Procissão e Missa” e “A missa e a dança do caranguejo”.

História digital

A primeira fase experimental da exposição foi lançada na segunda quinzena de Dezembro do ano passado e, segundo o IC, atraiu “um grande número de visitantes”. Até ao dia 28 de Fevereiro, quando terminou a primeira fase da exposição,

já a tinham visitado cerca de 13 mil pessoas.

A antiga Igreja da Madre de Deus era o principal do

instituição de ensino superior de modelo ocidental na China e até na Ásia, tendo oferecido um contributo histórico importante para o intercâmbio económico, tecnológico e cultural entre o Oriente e o Ocidente. Construída em 1640, a Igreja da Madre de Deus foi outrora reconhecida como um marco arquitectónico único no Extremo Oriente. O Colégio e os edifícios principais da antiga igreja foram destruídos por um incêndio, em 1835, sobrevivendo apenas a fachada principal da igreja, a maior parte das fundações e a escadaria de granito, que milagrosamente resistiram ao longo de cerca de 400 anos, fazendo com que este monumento seja um dos mais importantes marcos culturais do Património Mundial de Macau hoje em dia.

Casa da Literatura

É já amanhã que arrancam as obras de reabilitação e conservação no espaço interior do edifício anexo à Casa da Literatura de Macau (Casa). Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), as obras deverão estar concluídas no início do mês de Maio, mas, até lá, a Casa irá continuar aberta ao público, “não se registando qualquer constrangimento no normal funcionamento” deste espaço. A Casa da Literatura de Macau situa-se na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 95A-B (entre a Galeria Tap Seac e a Academia Jao Tsung-I), está aberta das 10h às 18h, sendo a última admissão às 17h30, incluindo feriados. Encerra às segundas-feiras.

12 eventos 16.3.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo
COM BAILADO PORTUGUÊS
IC FAM VOLTA AO FORMATO PRÉ-PANDEMIA
começam
Obras de reabilitação
amanhã
antigo Colégio de S. Paulo. Fundado em 1594 e encerrado em 1762, o Colégio de S. Paulo foi a primeira
A 33.ª edição do Festival de Artes de Macau regressa em Abril ao formato pré-pandemia, com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo a trazer ao território uma homenagem a Sophia de Mello Breyner. Ao longo de um mês, serão apresentados 20 espectáculos entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais
上海京劇院 SHANGHAI JINGJU THEATRE

de patacas face aos 24 milhões da edição passada, limitada pelas restrições da pandemia.

“No ano passado, a envergadura dos programas e leque eram maiores, por isso [o orçamento] era mais para a estadia dos artistas e o transporte”, justificou ontem, em conferência de imprensa, a presidente do IC, Leong

Acompanhia de teatro de Macau Dirks Theatre está a apresentar a peça “Echoes in Dreams” (“Ecos em Sonhos”), inspirada no conto “Centauro”, do escritor português e Prémio Nobel da Literatura José Saramago (1922-2010).

O co-director artístico do Dirks Theatre, Ip Ka Man, disse à Lusa que, após ler o conto, incluído num dos primeiros livros de Saramago, “Objecto Quase” (1978), e durante a criação da peça, tinha “uma pergunta em mente: o que é a minha terra”.

“O conceito de terra pode ser dividido em duas partes: uma é a física e a outra é a nossa história, os nossos sentimentos, a nossa experiência. E de alguma forma têm de estar juntas. Senão, é como o centauro, sempre metade humano, metade cavalo”, disse.

Wai Man. Questionada sobre se a redução revela um desinvestimento do Governo nas artes, a responsável respondeu: “Estamos dentro da média do que temos feito”.

Gregos e macaenses

Com um total de 20 programas, entre teatro, ópera chinesa, dança, música

e artes virtuais, a 33.ª edição do FAM, que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio, arranca com “A Sagração da Primavera”, um espectáculo da autoria da bailarina e coreógrafa chinesa Yang Liping. O evento traz a palco também o trabalho do encenador chinês Liu Fangqi, com a adaptação do romance do autor japo-

Um Nobel no palco

Conto de José Saramago inspira peça da companhia Dirks Theatre

nês Higashino Keigo “Os Milagres dos Armazéns Namiya”. O programa inclui ainda “Electra”, com base no clássico do poeta da Grécia Antiga Sófocles, um trabalho conjunto do Centro de Artes Dramáticas de Xangai e de uma equipa de produção grega, e “Xiao Ke”, colaboração de dança entre

A personagem principal de “Ecos em Sonhos”, apesar de já ter deixado a sua terra natal há algum tempo, continua assombrada por uma voz interior que, em cantonês, “continua a perguntar-lhe por que não volta a casa”, revelou Ip.

“Há muitas pessoas, em todo o lado no mundo, que têm de partir das suas terras, seja à força ou por vontade própria, sobretudo nesta altura”, disse à Lusa a codirectora artística do Dirks Theatre, Mable Wu May Bo, referindo-se à pandemia de covid-19.

De acordo com dados oficiais, Macau perdeu 24.200 pessoas durante a pandemia, devido à subida do desemprego e às restrições impostas para controlar o novo coronavírus.

“Sentíamo-nos seguros, mas por outro lado sabía-

a bailarina independente chinesa Xiao Ke e o coreógrafo francês Jérôme Bel, pretende ilustrar a evolução da dança e da cultura chinesas ao longo das últimas quatro décadas.

Instituto Cultural

A celebrar o 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, um dos vários grupos locais e presença habitual no cartaz do evento, encerra o festival com a peça em patuá “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, Que Arraial). Está prevista ainda a inauguração da mostra “Doci Papiaçam di Macau –30 anos no Palco da Multiculturalidade: Uma Exposição Fotográfica”. Como é habitual, o FAM volta este ano com o Festival Extra, extensão da iniciativa principal, com um total de 22 programas, entre sessões com artistas, visitas aos bastidores, palestras, oficinas, exposições e projecções de espectáculos internacionais.

mos que havia tantas coisas que estavam fora do nosso controlo, que qualquer coisa podia acontecer a qualquer momento. Isso criou muita incerteza”, disse Mable.

Ip Ka Man admitiu que a pandemia levou também o duo a questionar o seu futuro artístico. “Durante estes três anos por vezes tivemos algumas dificuldades, até para formular planos”, explicou.

Maior ligação

Ip diz que o Dirks Theatre quer agora “ligar-se mais à comunidade local” e “inspirar a audiência a ter a imaginação para questionar a vida, o ambiente”. Com o fim das restrições pandémicas, “toda a gente está sempre a falar da importância do crescimento económico, mas a verdade é que sacrificamos muito para conseguir isso”, sublinhou o

co-director. “A relação entre as pessoas de Macau é tão íntima, tão complicada. Isso afecta e muito a capacidade das pessoas de se expressarem”, lamentou Ip Ka Man.

“As pessoas de Macau não são tão francas sobre como se sentem”, acrescentou Mable Wu, que nasceu na vizinha Hong Kong. “Sinto que nos anos mais recentes elas têm vontade de se expressarem, mas talvez não saibam como se dirigirem a pessoas fora da sua zona de conforto”, disse a co-directora do Dirks Theatre.

“Ecos em Sonhos”, que mistura cenas teatrais e a projecção de vídeos, vai estar em cena no Centro de Arte Contemporânea de Macau - Oficinas Navais N.º 2 entre hoje e sábado.

eventos 13 quinta-feira 16.3.2023 www.hojemacau.com.mo
“Os coreógrafos portugueses de renome internacional Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho transformam versos de Sophia de Mello Breyner Andresen em coreografias.”
BERNHARD MUSIL LEI PUI CHENG FISH HO

SUDOKU

É dos casos em que a realidade ultrapassa a ficção. “Um Reino Unido”, de 2016, conta a história de Seretse Khama que como príncipe herdeiro do trono do protectorado de Bechuanalândia (actual Botswana), no sul de África, sabia o que futuro o reservava. No entanto, antes de subir ao trono, vai estudar Direito para o Reino Unido, onde se apaixona por uma britânica branca, em tempos em que diferentes cores de pele não se juntavam nem em Londres nem em África, em particular, na vizinha África do Sul, onde o ‘apartheid’ estava institucionalizado. A união, contra tudo e todos, desencadeia uma polémica internacional alimentada por interesses geopolíticos, que redundaria em profundas consequências no pequeno protectorado que, anos mais tarde, em 1966, conquista a independência do Reino Unido. Hoje Macau

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

MONTEPIO GERAL DE MACAU ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA

Nos termos do Artº 34º, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 30 de Março de 2023, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos:

1º – Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2022 e do parecer do Conselho Fiscal; e

2º - Outros assuntos de interesse da Associação.

No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados.

Montepio Geral de Macau, aos 9 de Março de 2023.

A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelho dos Santos

Anúncio

Faz-se saber que no concurso público n.o 2/P/23 para a «Concepção e Execução de Obras de Remodelação da Sala de Tomografia Axial Computarizada do Edifício de Especialidade de Saúde Pública, bem como Fornecimento e Instalação de Equipamentos», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 7, II Série, de 15 de Fevereiro de 2023, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.º do programa do concurso público, e foi feita clarificação complementar conforme as necessidades, pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 9 de Março de 2023

O Director dos Serviços de Saúde, Substituto Cheang Seng Ip

BANCO TAI FUNG, S.A. Macau (Número do Registo 576 SO)

CONVOCATÓRIA

É convocada a Assembleia Geral Ordinária deste Banco, para se reunir no dia 31 de Março do corrente ano (sexta-feira), pelas 10:30 horas, na sede social estabelecida em Macau, na Alameda Dr. Carlos d`Assumpção nº 418, 21º andar, Edifício “sede do Banco Tai Fung”, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Aprovação do Balanço e das Contas do referido Banco, respeitante ao exercício findo em 2022, do relatório do Conselho de Administração, do parecer do Conselho Fiscal e do relatório dos auditores externos;

2. Distribuição de resultados e de dividendos;

3. Eleição dos Membros da Mesa da Assembleia Geral, do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal;

4. Contratação de auditores externos:

5. Emissão de obrigações;

6. Outros assuntos de interesse para o Banco. Nos termos da lei, o relatório do Conselho de Administração, o Balanço e as Contas, o parecer do Conselho Fiscal e o relatório dos auditores externos, respeitantes ao exercício findo em 2022, encontram-se depositados na sede do Banco para consulta dos sócios.

Macau, 16 de Março de 2023 O

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 19 MAX 25 HUM 55-95% UV 8 (MUITO ALTO) • EURO 8.63 BAHT 0.23 YUAN 1.17
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UM FILME HOJE UM REINO UNIDO | AMMA ASANTE
Presidente da Mesa da Assembleia Geral HO KEVIN KING LUN Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo www.hojemacau.com.mo

Meglio oprando obliar, senza indagarlo, Questo enorme mister de l´universo!

TEM DE SER! O tempo que levamos a fugir aos nossos medos atravessa-nos mais tarde em forma de destino, com ele vêm todas as figuras que dão forma manifesta ao fundo terror, e talvez que sem elas tivéssemos apenas impressões intangíveis de temores pouco governáveis e solicitudes nunca defrontadas. Queremos trabalhar, sim, e não indagar nenhum desses ângulos, mas a pesada forma visível não só nos impedem de sondar, como nos impõem medidas reais, duras e concretas. E quais são elas? O abdicar de tudo o que amamos. A isto podemos sem mais nada chamar de tragédia, e nem por isso ela se abate de modo a fulminar o herói.

No mito de Édipo, o oráculo desaconselhara a Laio que tivesse um filho, mas este desconsiderara o aviso entregando-o depois a um servo que o deixaria na encosta da montanha de Cinterão, e ao não morrer, teve outra existência e outra família, e mais tarde ainda procurou o oráculo de Delfos para saber da sua progenitura. E foi aqui que tudo claudicou! Édipo fugiu para Tebas para escapar ao oráculo acabando por matar o pai quando este também vinha de o consultar tomado por estranhos presságios. A cidade ficara entregue à esfinge. Todas estas contemporâneas criaturas estão também entregues a ela, à Esfinge. Que ela falou, e o sombrio destino não deixou de perseguir a Humanidade verdadeira filha da Quimera, colando-a imperceptivalmente à sua imagem mas já sem rasgo nem merecimento, aquilo que fulminava toma então carácter depressivo. A Humanidade não é a Esfinge, mas finge que essa esfinge é um mito que apenas resiste ao seu teor programático. É uma das desordens que em nós subsiste, o não saber acreditar num programa ulterior ao governável sentido de orientação que humanamente impusemos para nossa frágil e possível continuidade, que a tragédia bem que pode ser a funcionalidade activa de um memorando onde não sabemos como, e onde, poder indagar, mas ao ser respondida sempre arrancará gargalhada sonora repleta de lágrimas incontidas.

O Mar Negro, navegável pelas Fúrias, não nos parece contudo trágico, o Mediterrânio também não, a peste, a fome, a guerra, os naufrágios... tão pouco; e nada mais nos traz à memória Esfinges em silêncio que nos interpelam no emaranhado das análises, e da combustão lenta do armar territórios para o fim merecido da nossa extinção, olhamos ao redor, e tudo é o centro desta “qualificadíssima” civilidade que acreditámos cegamente ser o prodígio vivo de uma soberania quase eterna. Uns refazem-se na dupla cegueira investida por supremacia caricatural encadeados por mecanismos que o próprio diabo já não lembra. Afinal a tragédia maior foi acre-

TRÁGICO

ditar que tudo seria doravante um grande comércio livre, e que a beligerância pertenceria aos arquivos empoeirados da História. Sem consciência, e com a soberba dos velhos imperialismos, sentimos mudanças, mas o melhor é nem pensar nelas. Creio que isto tudo fora anunciado, ninguém escutou ou mesmo esteve atento, tal a alegria breve que nos tomava...!

O sentimento trágico não será recompensado com os alvores filosóficos, e mais tarde do bando dos cilindrados só um escapou que o reconheceu, Ezequiel. Toda a sua génese tem atributos poéticos, e os gregos bem que poderiam ter resistido ao fluxo do pensamento que hoje erguemos como bandeira, -que nós estamos presos, e ainda bem,- ao seu primeiro e secreto sentido trágico. Mas quando a escrita terapêutica irrompe como uma conspiração contra o pensamento, também com ele atravessamos o chão para chegar a uma qualquer coisa que nos sirva de ponte para passar tal treva.

Haverá sempre duas hipóteses: ou a huma-

nidade já não é pensante, ou a tragédia será uma outra coisa. A sublimação deixou de acompanhar o herói nas suas façanhas, e só dele se pode receber o dom da transformação que sagre a natureza humana como algo como jamais fora visto. Mas o que vemos, é que vendo e revendo a totalidade desta situação, tudo bruscamente nos parece igual, fruto de uma multiplicação do efeito traumático de um humano que expande numa semelhança para coisa nenhuma.

A morte da tragédia produziu uma impressão universal e profunda de vazio monstruoso... A própria poesia também morreu com ela! Nietzsche

Não será menos trágico o que hoje nos acontece, só que há uma Comédia que insiste em preencher uma muito estimada lubrica jornada. «Esvaziando o cálice, ainda existe um tambor...mas esvaziado o cálice, não querer mais nada, eis a chegada» Metáfora do Apocalipse.

vozes 15 quinta-feira 16.3.2023 www.hojemacau.com.mo
FRANCIS BACON, EDIPO

BARCOS-DRAGÃO REGATAS COM ORÇAMENTO DE 13 MILHÕES

ASRegatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau realizam-se a 17, 18 e 22 de Junho, com um orçamento de 13 milhões de patacas, anunciou ontem a organização. O evento de três dias no Lago Nam Van acontece durante o Festival Duanwu (Festival do Barco do Dragão).

As regatas locais estão agendadas para 17 e 18 e as de nível internacional para 22 de Junho, disse o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, numa conferência de imprensa.

A iniciativa é organizada pelo Instituto do Desporto, a operadora de casinos SJM e a Associação de Barcos-Dragão de Macau, prevendo-se a participação de um total de 168 equipas locais.

A organização disse que vai convidar equipas da China continental e do estrangeiro para participarem nas regatas “a fim de elevar o nível de competição e intensificar o intercâmbio desportivo entre as diferentes regiões”.

O barco-dragão é uma embarcação originária da região do Delta do Rio das Pérolas, no sul da província chinesa de Guangdong.

As regatas destas tradicionais embarcações a remos datam de há mais de dois mil anos e estrearam-se em Hong Kong como um evento desportivo internacional em 1976.

RÓMULO SANTOS

ID FUNCIONÁRIO INVESTIGADO POR FACTURAS FALSAS

Grão a grão

UM trabalhador do Instituto do Desporto (ID) está a ser investigado pela prática dos crimes de falsificação de documento e de burla que envolvem 13 mil patacas. O caso foi revelado ontem pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), e relaciona-se com a compra de materiais para o serviço público e a apresentação de facturas com um valor mais elevado do que o realmente pago.

A investigação do CCAC começou após terem sido apresentadas várias denúncias contra o funcionário que não é identificado. Porém, o organismo não aponta a data da primeira queixa, nem a altura em que começou a investigar a situação.

No comunicado emitido ontem, é indicado que após as investigações verificou-se que “aquando da aquisição de materiais para o seu serviço”, o trabalhador “violou várias vezes as normas internas por ter adquirido os respectivos materiais numa plataforma de compras online do Interior”.

Além de proceder a uma forma de aquisição que violava as normas internas, no momento de apresentar as facturas o valor estava inflacionado: “O referido trabalhador é suspeito de ter apresentado, junto do seu serviço, várias facturas falsificadas

VIENA ALERTA PARA POSSÍVEL ATAQUE ISLAMISTA

Apolícia austríaca alertou ontem para a possibilidade de um “ataque de motivação islamista” em igrejas de Viena, citando informações recebidas pelos serviços secretos do país.

Sem revelar a origem das informações, a polícia comunicou à população da capital da Áustria que reforçou a segurança em vários edifícios e aumentou a presença de agentes na cidade, noticiou a agência norte-americana AP.

CCAC “O referido trabalhador é suspeito de ter apresentado, junto do seu Serviço, várias facturas falsificadas”

com conteúdo e valor falsos no sentido de obter o respectivo reembolso, conseguindo assim, de forma fraudulenta, um total de mais de 4 mil patacas”, foi revelado.

Tudo se vende

Outra das formas com que o trabalhador alegadamente aumentava o seu rendimento, passava pela revenda das peças descartadas pelo Instituto do Desporto.

“O CCAC descobriu ainda que o mesmo trabalhador é também suspeito de não ter cumprido as instruções superiores relativas ao descarte dos ares-condicionados abatidos, tendo transportado as peças dos respectivos ares-condicionados para uma loja de ferragens com o objectivo de proceder à sua venda, obtendo assim um lucro no valor de mais de 7 mil patacas”, foi descrito.

O trabalhador também não informou o serviço da venda: “Aquele trabalhador também não participou a referida venda ao seu superior, sendo considerado suspeito de ter violado os deveres de isenção e obediência previstos no Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau”, foi explicado.

De acordo com a moldura do código penal, o crime de falsificação de documento prevê uma pena de prisão que pode chegar aos 3 anos de prisão. No caso da burla, as penas dependem dos valores, porém se for tido em conta o montante de 4 mil patacas, a pena máxima deve ficar-se também pelos 3 anos de prisão.

O CCAC informou ainda ter informado o ID para efeitos de “acompanhamento”, que deve resultar na instauração de um processo disciplinar interno. João Santos Filipe

SUÉCIA IBRAHIMOVIC CONVOCADO PARA A SELECÇÃO AOS 41

“Existe uma ameaça não específica de agressão contra igrejas”, alertou a polícia austríaca na rede social Twitter. “Como medida de precaução (…) os pontos de interesse foram colocados sob maior vigilância pelas forças policiais de operações regulares e especiais”, disse.

A polícia “advertirá imediatamente através de todos os canais disponíveis” se houver um “perigo concreto para a população num local específico”.

As autoridades ainda não sabem durante quanto tempo estarão em vigor as medidas especiais de segurança. “Os polícias estão equipados com capacetes e coletes à prova de bala e espingardas de assalto. Realizarão atividades de vigilância e também controlos no tráfego rodoviário”, disse o porta-voz da polícia Markus Dittrich à estação de rádio local Radio Wien. Dittrich não deu mais pormenores sobre a origem da ameaça, mas disse que mais polícias serão vistos a patrulhar a proximidade das igrejas. A polícia apelou às pessoas para que não divulguem imagens ou vídeos nas redes sociais de agentes policiais destacados para a operação.

ZLATAN

Ibrahimovic integra, aos 41 anos, a lista de convocados da Suécia para o arranque da fase de qualificação para o Euro2024 de futebol, em que os escandinavos vão defrontar Bélgica e Azerbaijão, respectivamente, nas primeiras duas rondas.

O avançado de AC Milan, que regressou recentemente aos relvados após longa ausência devido a lesão, faz parte das escolhas do seleccionador Janne Andersson, numa lista de 24 jogadores. “Zlatan fez três jogos no seu clube e sente-se em boa forma, apesar de ter estado afastado um tempo. Acho que ele pode acrescentar muito à equipa dentro do campo, mas também fora do campo. Pode ser

muito importante”, afirmou Janne Anderss, durante a divulgação da lista dos convocados. Ibrahimovic, que completa 42 anos de idade em Outubro, é o melhor marcador da história da selecção sueca, com 62 golos, e o sexto jogador com mais internacionalizações (121).

A Suécia defronta a Bélgica em 24 de Março, em Estocolmo, e volta a jogar na capital três dias depois, em 27, mas frente ao Azerbaijão. Áustria e Estónia completam o Grupo F. Desde 2000, a Suécia tem alcançado sempre o apuramento para as fases finais de Europeus, mas em termos de Mundiais falhou um lugar no Qatar, no ano passado.

quinta-feira 16.3.2023
“Os malvados que têm sucesso são insuportáveis.”
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Ésquilo PALAVRA DO DIA

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