Hoje Macau 16 JUNHO 2023 #5272

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Avaliação contínua

O caminho para atingir os corredores do poder está sujeito a novos exames. O documento de consulta pública sobre a revisão da Lei

Eleitoral para o Chefe do Executivo e para a Assembleia Legislativa prevê que a Comissão de Defesa da Segurança do Estado, com elementos nomeados por Pequim, tenha o poder de aprovar ou vetar os candidatos às eleições, avaliados a partir de critérios como a defesa da soberania, a segurança e os interesses do Estado.

CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10
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“CIDADE SAUDÁVEL” SINAL MAIS PÁGINA 5 PÁGINA 13 PÁGINA 4 hojemacau MAZU E O PRIMEIRO TÍTULO OFICIAL ATRIBUÍDO EM 1123 Roderich Ptak PUB. O FEITIÇO DA MÚSICA ANDRÉ SARDET ENTREVISTA PÁGINA 2 LUISA GONZALEZ
OS MOTORES

ELEIÇÕES COMISSÃO ASSESSORADA PELO GABINETE DE LIGAÇÃO COM PODER DE VETO

Alto grau de autonomia

LEI ELEITORAL FAOM E KAIFONG APLAUDEM ALTERAÇÕES

do Executivo. O parecer vinculativo da comissão não é passível de recurso em tribunal

A proposta de revisão das leis eleitorais, que entrou ontem no período de consulta pública, prevê que a Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que inclui assessores nomeados pelo Governo Central, tenha o poder de aprovação de candidatos à Assembleia Legislativa e a Chefe

COMEÇOU ontem a consulta pública sobre a revisão da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa.

No documento que agrupa as propostas para rever a legislação que regula os processos eleitorais, destaque para o “aperfeiçoamento do mecanismo de apreciação da qualificação”, que coloca a defesa da soberania, segurança e interesses do Estado como prioridade absoluta.

Como tal, os candidatos às eleições legislativas, para Chefe do Executivo e até a membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo serão avaliados com base na forma como defendem a Lei Básica e na fidelidade à República Popular da China e à Região Administrativa Especial de Macau.

A avaliação será da responsabilidade da Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que além de ser composta pelo Chefe do Executivo, secretários para a Segurança e Administração e Justiça e chefias das forças de segurança, é assessorada por membros da direcção do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central, nomeados pelo Governo Central.

A proposta de revisão legislativa adianta que as candidaturas serão avaliadas pela Comissão de Defesa da Segurança do Estado, que emite um parecer vinculativo “sobre os candidatos que não reúnam os devidos requisitos”. A decisão de afastar candidaturas,

baseadas no parecer, não é passível de relação nem de recurso contencioso junto dos tribunais.

Leis do cosmos

Durante a sessão de consulta pública que apresentou as propostas do Governo foi perguntado se os candidatos às eleições à Assembleia Legislativa que não têm nacionalidade chinesa serão admitidos.

“Segundo a lei eleitoral, os candidatos têm de ser residentes permanentes da RAEM, com recenseamento eleitoral. Não é exigido que sejam de nacionalidade chinesa para se candidatarem a deputados”, indicou o chefe do gabinete do secretário para a Administração e Justiça, Lam Chi Long, citado pela TDM.

Em relação aos candidatos desqualificados nas últimas eleições

As propostas apresentadas pelo Governo levantam a possibilidade de os candidatos a deputados, Chefe do Executivo e à Comissão de Eleição do Chefe do Executivo ficarem obrigados à assinatura de uma declaração da defesa da Lei Básica e de fidelidade à RAEM

legislativas, o próprio secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, afirmou que, apesar de ainda não haver uma decisão sobre o período em que não podem voltar a apresentar candidaturas, o período de cinco anos estabelecido em Hong Kong pode ser uma referência.

“Vai depender do período que vamos propor nas alterações à lei, mas ainda não decidimos. Caso sigamos o período de cinco anos, os candidatos não se podem candidatar nas próximas eleições legislativas”, afirmou ontem André Cheong.

O que interessa

André Cheong revelou ontem que as propostas de alterações às leis eleitorais têm como objectivos “implementar plenamente o princípio “Macau governado por patriotas”, responder às novas exigências e desafios no âmbito da defesa da segurança nacional e defender eficazmente a soberania, a segurança e os interesses do desenvolvimento do país”. Assim sendo, as alterações procuram “optimizar, em maior grau, o ambiente e processo eleitoral em conjugação com as necessidades dos trabalhos práticos a realizar durante as eleições na RAEM”.

O documento que vai estar em consulta pública até 29 de Julho afirma que “a sociedade de Macau é conhecida por ter uma boa tradição de “amor à pátria e a Macau”, mas devido às “mudanças significativas da situação de segurança em Macau

nos últimos anos, torna-se necessário, no pressuposto de consolidar a defesa da segurança nacional, e tomando como referência o regime eleitoral da Região Administrativa Especial de Hong Kong, aperfeiçoar o disposto na Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e na Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa”. Em termos de exigências, as propostas apresentadas pelo Governo levantam a possibilidade de os candidatos a deputados, Chefe do Executivo e à Comissão de Eleição do Chefe do Executivo ficarem obrigados à assinatura de uma declaração da defesa da Lei Básica e de fidelidade à RAEM. Quem não assinar a declaração em causa fica afastado do processo eleitoral, ou da comissão que elege o Chefe do Executivo.

Em relação aos candidatos desqualificados nas últimas eleições legislativas, André Cheong afirmou que, apesar de ainda não haver uma decisão sobre o período em que não podem voltar a apresentar candidaturas, o período de cinco anos estabelecido em Hong Kong pode ser uma referência

À semelhança das sugestões da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa patentes no relatório sobre as eleições legislativas de 2021, é proposto o reforço da proibição de actos de propaganda eleitoral ilícita e de perturbação da ordem eleitoral. Também o incitamento à abstenção e aos votos em brancos ou nulos passem a constituir crimes. João Luz e Nunu Wu

Apresidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ho Sut Heng, concorda com as direcções e objectivos das propostas para as alterações da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa que estão desde ontem em consulta pública. A responsável destacou, em declarações ao jornal Ou Mun, que as alterações propostas são eficazes na persecução dos objectivos de concretizar o princípio “Macau governada por patriotas”, aperfeiçoando o regime eleitoral e reforçando os direitos eleitorais executados por residentes.

Ho Sut Heng vincou também que a Comissão de Defesa da Segurança do Estado é a entidade apropriada para verificar as qualificações dos candidatos a sufrágios no território. Neste contexto, a dirigente sublinhou que a FAOM irá apresentar activamente opiniões, e contribuir para que o regime eleitoral corresponda cada vez mais às necessidades de Macau.

Também a presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), Ng Sio Lai, apoia “a melhoria do mecanismo de revisão da qualificação, espera que o Governo da RAEM faça um bom trabalho de publicidade durante o período de consulta jurídica e recolha as opiniões dos residentes”, afirmou ao jornal Ou Mun. N.W.

2 política 16.6.2023 sexta-feira www.hojemacau.com.mo
RÓMULO SANTOS

BANCA JUROS ALTOS DEVEM CONTINUAR A AFECTAR A ECONOMIA

Jogo do empurra

O deputado, e presidente da Associação de Bancos de Macau, Ip Sio Kai prevê que o panorama de elevadas taxas de juro se mantenha no futuro, continuando a afectar a recuperação económica de Macau. O responsável entende que tanto cidadãos e empresas com empréstimos por pagar, como os bancos vão passar por dificuldades

APÓS dois dias de reunião, a Reserva Federal norte-americana (FED) decidiu não alterar as taxas de juro, mantendo-a entre 5 e 5,25 por cento. Porém, foi indicado que até ao final do ano os Estados Unidos vão aumentar a taxa de juro mais duas vezes.

Recorde-se que no mês passado a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) aprovou um aumento de 0,25 pontos percentuais da principal taxa de juro de referência, a décima subida desde Março de 2022. Como é hábito, a decisão da AMCM surgiu pouco depois de a Autoridade Monetária de Hong Kong ter anunciado a subida da taxa de juro de referência, devido ao aumento imposto pela Reserva Federal norta-americana. O dólar de Hong Kong está indexado ao dólar norte-americano.

Adiantada como um dos entraves à recuperação economia, a subida da taxa de juros terá consequências reais na vida da população. O deputado, e presidente da Associação de Bancos de Macau, Ip Sio Kai afirmou ontem que a subida da taxa de juros irá conduzir ao aumento dos juros de empréstimos

ALIBABA 2a EDIÇÃO DO PLANO DE ESTÁGIOS COM 34 RESIDENTES

contraídos aos bancos por empresas e cidadãos de Macau. O deputado indicou que também o sector bancário irá sofrer com a escalada dos juros. Um dos indicadores mencionados

por Ip Sio Kai foi a subida dos créditos malparados. Na primeira metade do ano, o crédito malparado continuou a aumentar, seguindo a tendência iniciada com a pandemia, subindo

“Dado que o ambiente de taxas de juro elevadas pode durar algum tempo, o público deve estar atento aos movimentos das taxas de juro e aos riscos relevantes ao comprar propriedades, contrair hipotecas ou decidir contrair empréstimos.”

EDDIE YUE WAI-MAN AUTORIDADE MONETÁRIA DE HONG KONG

Turismo Governo em encontro sobre Grande Baía

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) participou ontem na 83.ª reunião de trabalho da Organização de Promoção Turística entre Guangdong, Hong Kong e Macau, juntamente com operadores na Feira Internacional de Turismo de Hong Kong. A reunião serviu, entre outros assuntos, para discutir o plano promocional para o segundo semestre deste ano, que inclui novos roteiros «multidestinos» e o lançamento de vídeos promocionais do turismo cultural da Grande Baía, entre outros planos. Além disso, desde ontem

que a DST está representada na 37.ª Feira Internacional de Turismo de Hong Kong (ITE Hong Kong, na sigla inglesa) e na 18.ª Expo de Viagens de Convenções e Exposições (MICE Travel Expo, na sigla inglesa). Os dois eventos servem para “divulgar as últimas novidades do turismo de Macau aos compradores estrangeiros, operadores turísticos, clientes empresariais e público em geral, promover o turismo de lazer e negócios, e providenciar uma plataforma de negócios eficaz para os operadores turísticos de Macau”.

de 0,3/0,4 por cento para 1,7/1,8 por cento. Do outro lado O presidente da Autoridade Monetária de Hong Kong, Eddie Yue Wai-man, reagiu ontem ao travão temporário à escalada dos juros. O responsável começou por referir que “geralmente, as decisões políticas da FED são tomadas em linha com as expectativas do mercado […] vão continuar a ter em conta os dados relativos à inflação e ao emprego, bem como o impacto dos anteriores aumentos das taxas de juro na economia”. Eddie Yue reforçou que o banco central norte-americano deve ter em consideração as repercussões económicas da continuada escalada das taxas de juro.

“Ao determinar as taxas de juro comerciais, os bancos terão em conta a estrutura do seu próprio custo de financiamento e outros factores relevantes. Dado que o ambiente de taxas de juro elevadas pode durar algum tempo, o público deve estar atento aos movimentos das taxas de juro e aos riscos relevantes ao comprar propriedades, contrair hipotecas ou decidir contrair empréstimos”, indicou ontem o responsável máximo daAutoridade Monetária de Hong Kong. João Luz

UMtotal de 34 jovens residentes de Macau participam na segunda edição do “Plano de formação e estágios na Alibaba em Hangzhou para jovens de Macau”, que arrancou oficialmente na segunda-feira, tendo a duração de oito semanas. Nas primeiras três semanas da iniciativa os jovens participam numa acção de formação na área dos negócios, com conteúdos relacionados com o desenvolvimento da economia digital da China e a cultura empresarial do grupo Alibaba e as suas práticas empresariais. Nas restantes cinco semanas, decorre um estágio em contexto real de trabalho num departamento do grupo.

Os jovens podem ainda visitar as bases e instituições

de diferentes espaços de educação de Hangzhou, a fim de “aprofundar os seus conhecimentos relativamente à herança cultural de Hangzhou e ao desenvolvimento nacional” do país.

Este programa de estágios é desenvolvido por diversas entidades como a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e o departamento laboral do município de Hangzhou. Lei Lai Keng, responsável do departamento de emprego da DSAL, disse que, no contexto do plano de diversificação económica de Macau, os jovens podem, com esta iniciativa “ter um melhor desenvolvimento na sua carreira profissional e contribuir para o desenvolvimento da economia digital em Macau”.

ANÚNCIO

Proc. Insolvência n.º CV2-22-0003-CFI 2º Juízo Cível

Requerente: Cotai Magnific View – Property Development Company Limited (高嶺置業發展股份有限公司), com sede em Macau, na Avenida de Lisboa, nºs 2 a 4, Hotel Lisboa, 9º andar, Macau.

Requerido: Zhu Liang (朱亮), do sexo masculino, maior, residente em Macau, na Avenida de Marciano Baptista, nºs 2654B, Chong Fok Centro Comercial, 14º andar B.

Faz-se saber que nos autos acima indicados, foi, por sentença de 25 de Maio de 2023 declarada em estado de insolvência o requerido Zhu Liang (朱亮), do sexo masculino, maior, residente em Macau, na Avenida de Marciano Baptista, nºs 26-54B, Chong Fok Centro Comercial, 14º andar B, tendo sido fixado em 45 (Quarenta e Cinco) dias, contados da publicação do anúncio a que se refere o artigo 1089º do C.P.C.M. de 1999, no Boletim Oficial da RAEM, o prazo para os credores reclamarem os seus créditos.

R.A.E.M., aos 06 de Junho de 2023.

política 3 sexta-feira 16.6.2023 www.hojemacau.com.mo HM • 2ª vez • 16-6-23
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OLGA SANTOS RÓMULO SANTOS

Aqui vive-se melhor

APESAR das críticas junto da opinião pública de que Macau deveria ser uma cidade mais amiga do ambiente, com a generalização da reciclagem, entre outras medidas, a verdade é que o Governo entende que as medidas adoptadas até à data no âmbito do projecto “Cidade Saudável de Macau”, criado em 2004, obtiveram “resultados satisfatórios”, disse Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) e presidente da Comissão para a Cidade Saudável, que reuniu recentemente para discutir a agenda de trabalhos para este ano.

Alvis Lo defendeu que “com os esforços envidados ao longo de cerca de 20 anos, e com a colaboração de diversos serviços públicos, foram obtidos resultados satisfatórios na melhoria da higiene ambiental, na garantia da segurança alimentar, no aperfeiçoamento da saúde pública e da construção do sistema de saúde”, sem esquecer “a formação de uma maior consciência de vida saudável e de um bom estilo de vida para a população”.

Uma vez que em 2024 se celebra o 20.º aniversário do lançamento do projecto, foi feito um apelo para que a Comissão continue a trabalhar em prol da construção de uma cidade mais amiga do ambiente “através da cooperação entre os serviços públicos, as empresas privadas e as associações sociais”. De frisar, que a Comissão para a Cidade Saudável é composta por seis grupos de trabalho especializados nas áreas da segurança e ambiente comunitários, serviços prestados na área da saúde, promoção de uma vida saudável e segurança alimentar, entre outras.

Rol de doenças

Para o director dos SSM, construir uma cidade mais saudável impõe-

CONVENÇÕES MACAU E HENGQIN “MOSTRAM-SE” EM SHANDONG

OInstituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) promoveu em Qingdao, na província de Shandong, a “Sessão de Promoção de Convenções e Exposições, Comércio e Investimento Qingdao–Macau”. O evento teve como objectivo apresentar aos empresários de Qingdao “o sector de convenções e exposições e o ambiente de investimento empresarial de Macau, a Plataforma China-Países de Língua Portuguesa, e as oportunidades de desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Participaram na sessão 110 representantes de empresas de Qingdao e 40 de Macau e realizaram-se mais de uma centena de encontros abrangendo sectores como venda a retalho e grossista, comércio de vinhos, restauração, comércio electrónico e turismo cultural e exposições.

Segundo um comunicado emitido ontem pelo IPIM, “algumas empresas de vinhos registaram vendas de grandes quantidades no local”.

-se tendo em conta “o envelhecimento da população de Macau e a prevalência das doenças crónicas, a alteração do estilo de vida dos residentes e os múltiplos factores sociais que afectam a saúde».

Trata-se de factores que constituem “novos desafios” para que Macau

seja um lugar mais ecológico. O responsável disse ainda que “através da implementação de várias medidas abrangentes”, como o “reforço das políticas de controlo do tabagismo e do álcool, a optimização do ambiente residencial e de trabalho, a promoção da alimentação saudável

Alvis Lo defendeu que (...) “foram obtidos resultados satisfatórios na melhoria da higiene ambiental, na garantia da segurança alimentar, no aperfeiçoamento da saúde pública e da construção do sistema de saúde”

Covid-19 233 casos novos e um internamento

Na quarta-feira, foram diagnosticados em Macau 233 casos de covid-19, indicou ontem o Centro de Coordenação de Contingência do

Novo Tipo de Coronavírus. As autoridades acrescentaram que na quarta-feira um doente foi internado em instalações de tratamento

médico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, mas não houve qualquer registo de nenhum caso mortal associado à covid-19.

e da actividade física, a prevenção e controlo de doenças graves e a manutenção da saúde durante todo o ciclo de vida», será possível promover «a construção de Macau como uma cidade saudável».

Os membros da Comissão prometeram, no seu trabalho, “prestar atenção à saúde psicológica dos residentes, elevar a sua consciência em relação à auto-gestão de saúde das doenças crónicas e ainda optimizar a saúde pública e a construção do sistema de saúde, a fim de chegar a uma maior capacidade de tratamento de doenças». A.S.S.

O vice-presidente da Conferência Consultiva Política de Qingdao, Li Suman, referiu que Qingdao e Macau possuem enorme potencial para cooperação nas áreas de convenções e exposições, turismo, comércio e mar. O volume de comércio entre Qingdao e Macau chegou a 70,89 milhões de dólares em 2022, um aumento de 60 por cento face ao ano anterior. No primeiro trimestre deste ano, sete empresas de Qingdao foram registadas em Macau, representando um valor total de 10,9 mil milhões de renminbis, destacou o responsável. J.L.

Máscaras Nova ronda de venda subsidiada arranca hoje

O Governo vai lançar, a partir de hoje, mais uma ronda de venda de máscaras subsidiadas à população, que vai durar até 15 de Julho, revelou ontem o Centro de Coordenação de

Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Como é habitual, os destinatários do programa são residentes portadores de BIR, trabalhadores não-residentes e estudantes de fora que

frequentem instituição de ensino superior de Macau. Cada pessoa pode comprar um conjunto de 30 máscaras, que custam 24 patacas. As máscaras subsidiadas vão estar à venda em 55

farmácias convencionadas dos Serviços de Saúde e 10 postos de serviços da Associação Geral das Mulheres de Macau e da Federação das Associações dos Operários de Macau.

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“CIDADE SAUDÁVEL” GOVERNO SATISFEITO COM RESULTADOS DO PROJECTO
Há quase 20 anos foi criado o projecto “Cidade Saudável de Macau” e uma comissão governamental para acompanhar a implementação de medidas em prol de um território mais amigo do ambiente. Governo diz que “foram obtidos resultados satisfatórios”
RÓMULO SANTOS

UM PROFESSOR CONDENADO POR ASSÉDIO SEXUAL

Aquele abraço

Post, o docente convidou vários alunos para jantar, tendo proferido, na festa que se seguiu, várias palavras de teor sexual e com um tom grosseiro.

PJ REDE DE IMIGRAÇÃO ILEGAL SUBAQUÁTICA DESMANTELADA

PELA primeira vez na história da Polícia Judiciária (PJ) foi desmantelada uma rede de auxílio à imigração ilegal que operava utilizando engenhos de mergulho.

agora

dada a conhecer a condenação. Segundo o jornal Sing Tao, Mo Haijian, um conhecido historiador e antigo professor da Universidade de Macau, foi condenado a uma pena de sete meses de prisão, suspensa por dois anos, por assédio sexual a uma aluna da instituição de ensino superior

MO Haijian, historiador e ex-docente da Universidade de Macau (UM), foi formalmente acusado em tribunal do crime de importunação sexual a uma aluna da instituição, tendo sido condenado a uma pena de prisão de

sete meses, suspensa por dois anos.

O caso remonta a Julho do ano passado, quando, em plena pandemia, o professor organizou uma festa de formatura no dormitório da universidade, tendo tocado e abraçado a estudante sem o seu consentimento.

À data, e segundo o jornal Orange

Taipa Ligação entre ciclovias decidida este ano

José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), garantiu que o projecto de concepção das obras de ligação da ciclovia da Zona de Lazer da marginal da Taipa e a ciclovia “Flor de Lótus” poderá ficar “concluída no corrente ano”, sendo que os diversos organismos públicos estão ainda a realizar “estudos e análises”. Na resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok, José Tavares diz ainda que o Inquérito das Instalações Desportivas de Macau deverá ficar concluído “dentro do corrente ano”, o qual irá servir “de referência ao futuro planeamento e construção das instalações desportivas de Macau”.

A vítima escreveu ontem nas redes sociais que finalmente se fez justiça quanto ao seu caso. “Agradeço ao sistema judicial de Macau que finalmente me proporcionou o respeito que mereço. Espero que a minha história possa incentivar outras pessoas que estejam em situações semelhantes a lutar contra situações que não são razoáveis e pelos seus direitos legítimos. Espero que, na nossa sociedade, haja uma maior igualdade de género para que as mulheres possam viver num contexto de maior liberdade e com orgulho.”

De saída

Em reacção a este caso, e segundo o Sing Tao, a UM explicou que o docente já deixou o cargo. Com 69 anos de idade, Mo Haijian é um dos grandes historiadores chineses do período da Dinastia Qing. É autor de várias obras e realizou investigações em instituições como a Universidade de Tóquio, Universidade de Hong Kong e Universidade Chinesa de Hong Kong. No ano passado, por ocasião da referida festa, a UM disse prestar grande atenção ao caso, manifestando “tolerância zero” em relação a festas que violassem as restrições epidémicas na altura. Quanto às “suspeitas condutas inapropriadas que terão implicado pessoal da universidade”, a UM disse ter sido feita uma denúncia às autoridades policiais, não tendo tecido mais comentários sobre o caso. Andreia Sofia Silva e Nunu Wu

As autoridades anunciaram ontem a detenção de cinco pessoas, três indivíduos que passaram a fronteira ilegalmente (e que estavam na lista de proibição de entrada em Macau) e duas pessoas que ajudaram e acolheram os imigrantes ilegais.

Os inspectores da PJ, numa investigação que contou com a ajuda dos Serviços de Alfândega e Corpo de Polícia de Segurança Pública, encontraram os elementos de mergulho que terão sido usados para os homens entrarem no território.

Os dois suspeitos que ajudaram à operação são também oriundos do Interior da China e ajudaram os imigrantes ilegais a trocarem de roupa assim que chegaram a Macau e a encontrar um quarto de hotel para residirem.

Segundo dados divulgados ontem pela PJ, os indivíduos que entraram clandestinamente em Macau tinham como objectivo praticar troca ilegal de moeda nos casinos.

Já os suspeitos de auxiliarem nas operações, confessaram, segundo a PJ, ter recebido 180 renminbis por cada imigrante ilegal e foram encaminhados para o Ministério Público pelos crimes de associação criminosa e de acolhimento de pessoas em situação de imigração ilegal. N.W.

JUSTIÇA NOTÁRIO PROIBIDO DE EXERCER DURANTE DOIS ANOS

UM notário privado responsável pelo desaparecimento de mais de mil documentos ligados à Administração perdeu o recurso apresentado junto do Tribunal de Última Instância (TUI) contra o Governo, o que implica não poder exercer a actividade durante dois anos. O caso começou em 2017 com uma série

de inspecções realizadas por uma funcionária de um serviço público, que concluíram que “na sequência de obras de remodelação do escritório de advocacia e cartório notarial de B [notário acusado], realizadas

em 2017, desapareceram 62 maços de documentos, isto é, mais de mil documentos”. O notário, “após ter detectado o desaparecimento dos instrumentos notariais e a fim de reconstituir os documentos em falta, pediu à Direcção dos Serviços de Finanças a emissão das certidões de dados matriciais respeitantes aos bens imóveis para

os quais foram lavrados os instrumentos notariais, e à Conservatória para emitir as respectivas certidões de registos comerciais”. A 5 de Junho de 2018 foi aplicada a pena disciplinar ao notário, que suspende o exercício de funções por dois anos. O homem recorreu sempre à justiça, perdendo agora a última acção.

sociedade 5 www.hojemacau.com.mo sexta-feira 16.6.2023
O caso aconteceu no ano passado, mas só
foi
“Agradeço ao sistema judicial de Macau que finalmente me proporcionou o respeito que mereço.”
TDM
VÍTIMA DE ASSÉDIO
GCS

Vem a Macau celebrar os 25 anos de carreira num concerto, agendado para amanhã, que é também comemorativo do 10 de Junho.

Natural de Coimbra, André Sardet conseguiu firmar-se como um dos nomes mais conhecidos da música portuguesa, com temas que permanecem no imaginário de muitos. Está de regresso aos discos com “Ponto de Partida”, um álbum com a capacidade de olhar em frente

É um dos grandes nomes do programa oficial do 10 de Junho. Que expectativas coloca no concerto de amanhã?

Sinto-me feliz porque é a primeira vez que canto em Macau, embora esta ideia tenha sido discutida ao longo dos anos, mas por um ou outro motivo nunca se concretizou. Desta vez, a convite do embaixador Alexandre Leitão, as coisas acabaram por se organizar, com a coincidência interessante das comemorações do 10 de Junho e de acontecer no ano em que comemoro 25 anos de carreira. O que vou levar a Macau é um

ANDRÉ SARDET MÚSICO

“Basta viver compor”para

pouco mais do que um simples concerto, mas sim uma grande parte da minha vida e algo que me deixa muito feliz. Embora nunca tenha estado em Macau, tenho familiares próximos que viveram lá muitos anos e tenho um universo imaginário em torno de Macau. A minha tia paterna, por exemplo, casou em Macau e eles traziam-me uns brinquedos incríveis de lá. Tenho esse mistério, de como será Macau e o que vou conhecer e encontrar.

Começou a sua carreira nos anos 90, contando com muitos êxitos

que ainda passam nas rádios portuguesas. Que balanço faz?

É positivo, valeu a pena. Se assim não fosse provavelmente não tinha chegado aqui. Nem todos os anos

“O que vou levar a Macau é um pouco mais do que um simples concerto, mas sim uma grande parte da minha vida e algo que me deixa muito feliz.”

ou momentos foram tão felizes como gostaria, porque toda a gente que tem uma carreira quer ter sucesso e reconhecimento, e infelizmente durante alguns anos isso não aconteceu, mas a certa altura houve uma grande viragem na minha carreira e tenho tido muito boas experiências. Tenho sentido o carinho do público desde o momento em que as coisas aconteceram.

O que levou a que essa viragem tenha acontecido?

Aconteceu quando uma série de músicas que tinha, e em relação

às quais eu achei que não tinha sido feita justiça, por não terem sido reconhecidas, foram gravadas num álbum ao vivo em Coimbra, no Teatro Académico Gil Vicente, e depois teve oito platinas, o que faz deste álbum o mais galardoado dos últimos 17 anos. Foi um álbum que ficou na história, pois fez com que músicas como “Foi Feitiço” ou “Quando eu te falei em amor” tenham passado muito na rádio. “Foi Feitiço” foi a música mais tocada na década de 2000 nas rádios portuguesas, de entre músicas portuguesas e estrangeiras, o que é um feito que só descobri há pouco

6 entrevista 16.6.2023 sexta-feira www.hojemacau.com.mo

tempo. Mas eu não quero viver só do passado e este álbum dos 25 anos é exactamente um olhar para a frente. Quero que novas músicas cheguem a um novo público e às pessoas que já me acompanham há algum tempo.

Daí o nome do novo álbum, “Ponto de Partida”? É uma nova fase da sua carreira?

No fundo é dizer que é uma prova de vitalidade criativa. Tinha duas opções: ou gravava um “Best Off” olhando para trás ou olhava para a frente. Encontrei um equilíbrio que foi regravar três músicas, mas

“Tinha duas opções: ou gravava um “Best Off” olhando para trás ou olhava para a frente. Encontrei um equilíbrio que foi regravar três músicas, mas olhar para a frente, e dizer que estou aqui para continuar.”

gerações que tenham talento. Fui buscar uma pessoa que homenageei no primeiro álbum, o Jorge Palma, para cantar “O Azul do Céu”, gravada também no meu primeiro álbum, e se calhar não o fiz antes por timidez ou porque achava que ele não ia aceitar, mas o que é facto é que ele aceitou à primeira. Foi muito agradável cantar com ele. Passou há dias uma reportagem na televisão sobre esse momento e aquilo que ele diz sobre mim é algo que me deixa muito feliz. A Carolina Deslandes é das pessoas da nova geração com mais talento. Além de cantar muitíssimo bem é uma cantora de canções que eu respeito e admiro. Mas fui também buscar uma cantora emergente, a Bianca Barros, com quem gravei um tema.

algumas músicas em casa para brincar com a minha filha e onde entravam personagens inventadas. A verdade é que isso resultou num conjunto de canções que achei que fazia sentido partilhar com o público porque sou um bocadinho autobiográfico a compor, nem sempre, e não escrever sobre uma das fases mais bonitas da minha vida era estranho.

Voltando ao início da carreira, quando percebeu que a música era mesmo o seu caminho? Foi quando comecei a compor. Aí senti que não era só cantar, mas sim uma forma de comunicar, de chegar às pessoas, de as tocar, e isso teve uma importância maior. Decidi aí que ia meter o pé no acelerador.

olhar para a frente, e dizer que estou aqui para continuar.

Neste álbum o André trabalhou com músicos portugueses da nova geração, como é o caso da Carolina Deslandes, mas também com músicos da chamada ‘velha guarda’, como Jorge Palma. É um olhar sobre as duas perspectivas da música portuguesa?

Quando se comemoram 25 anos de carreira obviamente que pensamos nas pessoas que nos influenciaram e que foram referências para nós, e pensamos também nas novas

O single de lançamento do álbum, “Pudesse eu Mudar”. Sim. Quando olho para a Bianca lembro-me como foi começar. Achei que tinha de convidar alguém com talento, mas que não foi ainda suficientemente reconhecido, mas penso que ficará certamente na música portuguesa.

Como foi esse seu início? Sendo de Coimbra, afastado da capital, onde as coisas acontecem, foi mais difícil?

Foi um desafio muito grande e é algo que me faz ter muito trabalho e estar constantemente na estrada. Muitas vezes penso nisso, como seria a minha carreira se estivesse longe de Coimbra, em Lisboa. Não consigo chegar a nenhuma conclusão, porque se calhar não estou tão presente em algumas situações, mas a verdade é que, ao mesmo tempo, guardo alguma distância e tem vantagens. É uma cidade fácil de percorrer, onde tenho os meus filhos, se calhar Coimbra é o meu ponto de equilíbrio. Não ganho umas coisas, mas ganho outras.

Esteve alguns anos sem editar, lançando em 2008 “Um Mundo de Cartão”, mais virado para o universo infantil? Porquê este interregno e esta mudança?

Esse álbum saiu dois anos depois daquele álbum que teve oito platinas, não foi um interregno muito grande. “Um Mundo de Cartão” representa uma fase da paternidade, muito importante da minha vida. Sem pensar que poderia dar um álbum comecei a compor

Como olha hoje para a música portuguesa? Tem novas sonoridades, considera que é mais ouvida pelo público português? Vejo com grande interesse e felicidade. Acho que há uma nova geração de músicos, e como em tudo na vida, nem tudo eu acho bom. Mas isso acontece em todas as gerações de músicos, pintores ou arquitectos. Noto que há muita gente com muito talento, que leva isto a sério e que trabalha muito. Estão a fazer subir a qualidade da música e dos espectáculos. O que é facto é que nós antes da pandemia tínhamos uma quota de música portuguesa [para passar nas rádios] de 25 por cento, e hoje é de 30 por cento. Felizmente, hoje em dia, cada vez temos mais concertos e cada vez estão mais cheios.

“’Foi Feitiço’ foi a música mais tocada na década de 2000 nas rádios portuguesas, de entre músicas portuguesas e estrangeiras, o que é um feito que só descobri há pouco tempo.”

Já disse que na hora de compor é muito autobiográfico. Quais são as suas influências?

Posso ser influenciado por uma história que me contam, por exemplo. Muitas vezes as histórias dão músicas sem que as pessoas saibam disso. São coisas que me inquietam, frases, filmes, ideias de livros que me ficam na cabeça. No fundo, costumo dizer que os músicos têm a capacidade de descodificar, em música, os sentimentos que toda a gente sente. Costumo dizer que basta viver para compor. Andreia Sofia Silva

entrevista 7 sexta-feira 16.6.2023 www.hojemacau.com.mo
“No fundo, costumo dizer que os músicos têm a capacidade de descodificar, em música, os sentimentos que toda a gente sente.”

O primeiro título e os seus muitos significados

A história de Mazu 媽祖, a deusa chinesa dos marinheiros, faz parte do passado de Macau e tem sido repetidamente mencionada na comunicação social local e em publicações académicas. Muitas destas obras discutem a ascensão do culto de Mazu e a história de cada um dos templos que lhe são dedicados. De acordo com os textos tradicionais, o seu culto começou no início do período Song, numa pequena ilha chamada Meizhou 湄洲, perto da costa de Fujian. Ao que parece, esta divindade era então simplesmente conhecida como Meizhou xiannü 湄洲仙女, e / ou por outros nomes, e só recebeu o popularizado nome de Mazu muito mais tarde. Hoje em dia as pessoas também se lhe referem como Tianfei 天妃 e/ ou Tianhou 天 后 (Tinhau em cantonês), mas no presente artigo, por uma questão de conveniência, chamar-lhe-emos apenas Mazu.

Há uma razão simples para chamar novamente a atenção para esta divindade, na presente edição do Hoje Macau: Em 1123, há cerca de 900 anos, o Governo chinês, pela primeira vez, honrou Mazu com a concessão de um título oficial. Isto significa que, desde então, Mazu ascendeu à esfera das divindades oficialmente reconhecidas. Ter-lhe atribuído um título implicou também que o culto local fosse elevado a um assunto de importância nacional. Por outras palavras, o ano de 1123 marcou o crescimento da crença no poder protector de Mazu.

O título concedido a Mazu foi escrito numa prancha de madeira, posteriormente oferecida a um templo local de Fujian. A inscrição consistia apenas em dois caracteres: shunji 順濟. O significado preciso destes dois caracteres permanece vago porque, por si só, aparecem em diferentes contextos e combinações. Shun indica conceitos como “obediência”, “prosperidade”, “conveniência”, etc. De um modo mais geral, contém componentes semânticos, que transportam a ideia de “concordar com”, ou “estar em conformidade com”. Quanto a ji, em muitos casos trata-se apenas de um verbo: “ajudar”, “salvar”, “aliviar”, etc. Por exemplo, podemos traduzir a frase verbo-objecto ji chuan 濟 川 por “atravessar uma corrente” e a ideia subjacente será “resolver uma grande crise”. No Budismo podemos encontrar o termo ji du 濟度, ou “ajudar [alguém] a atravessar [um mar de tristeza] (kuhai 苦 海)”; de novo, num sentido lato significa “ajudar [alguém em perigo]”. “Completar um assunto” pode ser grafado em chinês como ji shi 濟事. Além disso, segundo alguns estudiosos, o termo moderno jingji 經濟 (economia) deriva de jing shi ji min 經世濟民, literalmente “gerir / criação de regras / o mundo e ajudar pessoas”. Sequências relacionadas aparecem nos primeiros textos. Assim, no período Sui (581–618) podemos encontrar a seguinte equação: jingji zhi dao 經濟之道 (a forma de gerir e ajudar) = jing guo ji min 經國 濟民 (governar o país e apoiar o povo). Tomados no seu conjunto, estes exemplos sugerem que podemos de facto associar muitos significados à combinação

shunji. Mas, não há dúvida, que implica “a vontade de ajudar”, tanto em sentido genérico, como quando se aplica a “ajudar quem atravessa os mares”. A segunda opção alude à esfera Budista (através do não nomeado “mar de tristeza”), e claro que também pode ser relacionado com o mundo oficial da política, de forma metafórica: “dispostos a ajudar [o Governo].”

Outros aspectos interessantes dizem respeito à gramática: Shunji pode querer dizer “[A Deusa está] disposta a ajudar [alguém]”, “[Ela tem sempre] vontade de ajudar [os outros]”, ou podemos ver a frase como um apelo: “Possa [a Deusa] ajudar [os que estão em perigo /ao atravessar o mar]!” Em qualquer dos casos, o sujeito gramatical não está claramente manifesto; é por isso que aparece entre parênteses. Além disso, o tempo permanece indefinido.

Uma outra possibilidade seria tratar shun e ji como duas entidades distintas: “obediência” e “auxílio”. Podemos expandir esta interpretação para: “Sê obediente e auxilia [nos]!” ou “[Ela] obedientemente presta (presta/prestará) auxílio”. E, em termos políticos: “Obedientemente apoiou [o Governo]!” Várias destas sugestões submetem implicitamente a divindade em questão à autoridade do Estado, a menos que argumentemos que o elemento “obediente(mente)” se reporta à hierarquia dos deuses e deusas: Por outras palavras, Mazu obedecia às ordens de uma divindade superior e, consequentemente, prestava auxílio.

Concessão de títulos a divindades: motivos e antecedentes

É claramente difícil traduzir muitos dos títulos e nomes que a corte imperial atribuía a divindades e a instituições religiosas, porque as suas dimensões semânticas são bastante “flexíveis”. A combinação shunji é um exemplo típico do que acabámos de dizer. Os leitores também terão reparado noutro aspecto importante ligado às interpretações possíveis de shunji. Falo das expectativas e pontos de vista do Governo. Antigamente, a concessão de um título estava frequentemente condicionada por algumas variáveis. Em primeiro lugar, as autoridades imperiais tinham de se certificar que a divindade em questão tinha auxiliado ou salvo um indivíduo em particular, ou um grupo de pessoas, de forma eficiente. Em segundo lugar, o Governo não estava por aí além interessado em casos de ajuda divina a pessoas comuns, nem na realização dos seus desejos; em vez disso, o que realmente contava, era a ajuda divina no interesse do Estado, quer esta ajuda fosse prestada à administração pública, ou ao exército. A questão-chave era que o “milagre” realizado fosse em benefício do Estado. Em terceiro lugar, quando o Governo concedia um título a uma divindade, não só demonstrava a sua gratidão pela ajuda recebida, como implicitamente expressava a esperança ou expectativa de que a mesma divindade continuasse a auxiliar o Estado no futuro. Em termos metafóricos, tinha sido celebrado uma espécie de “acordo” entre a esfera secular e a esfera divina: A divindade realizaria futuros milagres e o Governo premiá-la-ia simbolicamente.

Mazu e o primeiro título

Presumivelmente um tal acordo só era possível porque as pessoas acreditavam em diversas divindades protectoras e noutras criaturas com poderes sobrenaturais. Segundo a opinião generalizada, muitos destes espíritos tinham deveres especiais. Embora o panteão divino estivesse organizado hierarquicamente, com algumas divindades muito influentes e outras pouco influentes, certos segmentos desta hierarquia não permaneciam estáticos; de facto, não raras vezes diversos espíritos lutavam entre si para subir de estatuto. Nessa altura, era claramente oportuno que um espírito desenvolvesse uma “liaison” estável na esfera humana. Um tal acordo iria fortalecer a posição dessa divindade em relação às outras. Por isso, a concessão de títulos também era benéfica para a esfera humana, ou para o Estado enquanto tal. Como tal, a concessão de títulos e de outras honras implicava uma situação em que todos saíam a ganhar.

lealdade dos cidadãos das zonas distantes. Em alguns casos, ao que parece, a população local beneficiou, de facto, das iniciativas do Governo e respondeu positivamente aos seus esforços; noutros casos, as medidas simbólicas não foram suficientes para garantir a lealdade dos povos que viviam em locais remotos e isolados.

Um enviado à Coreia em 1123 Então, agora, podemos interrogarmo-nos sobre os possíveis antecedentes da concessão do “rótulo” shunji a Mazu no ano de 1123. Para começar, os anos 20 do séc. XII foram marcados por instabilidade política na maior parte do Leste asiático. Os Song 宋 comandavam o centro e o Sul da China, mas não o Norte, partes do qual estavam sob o domínio do Estado Liao 遼. Além disso, as regiões mais a norte, para lá da fronteira do Estado Liao, eram dominadas por outra potência – o Estado Jin 金. Durante algum tempo, Song aliou-se a

Em vários casos, podemos ligar um aspecto adicional e muito mundano ao acto de homenagear um espírito ou uma divindade “ascendente”. Não raras vezes, um culto religioso – quer fosse budista ou pertencesse ao reino do Taoismo, ou ainda operasse como uma entidade separada – tornava-se importante dentro de um contexto regional. Dito de outra forma, contribuía para a formação das identidades locais. O Governo Central tinha de estar atento a estes processos, mais genericamente, às actividades desenvolvidas na distante periferia do império. Claramente, as sociedades secretas, em associação com templos e santuários, eram encaradas como um perigo quando deixavam de respeitar o controlo do Estado. Ao conceder títulos, oferendas e fundos a estas instituições, a corte tentava aumentar a

Jin contra Liao, esperando vir a enfraquecer este último. No entanto, a corte Song não percebeu que Jin era extremamente ambicioso e que não só queria eliminar Liao, como acabaria por enviar tropas contra si própria. Nessa altura, Koryo 高 麗 na península coreana, era outro grande “actor” do Nordeste asiático. Aparentemente, tentou avisar Song dos planos expansionistas de Jin.

Os contactos entre Song e Koryo tiveram de ser feitos por via marítima porque estes estados não tinham fronteiras comuns; o Estado Liao, à semelhança de um peixe-balão, separava os dois. Por vezes, esta separação dificultava os intercâmbios oficiais. Seja como for, em 1122 o imperador Song deu ordens para enviar uma missão diplomática a Koryo, mas foi só no Verão de 1123 que a delegação deixou

VIA do MEIO 16.6.2023 sexta-feira 8
Mazu salva embaixada Song de uma tempestade em 1123

oficial atribuído em 1123

Ningbo 寧波. Era constituída por oito navios dos quais sete acabaram por se perder devido a temporais e a outros infortúnios. Embora a interpretação da macro-situação no Nordeste asiático durante estes anos não coloque problemas, o verdadeiro objectivo da missão que começou em 1123 permanece insondável. No entanto, existe um extenso relato deste episódio, repleto de detalhes, relacionado com a rota marítima e com diversos acontecimentos. Esse livro escrito, por Xu Jing 徐兢, tem por título Xuanhe fengshi Gaoli tujing 宣和奉使 高麗圖經 (Um Relato Ilustrado de uma Missão Diplomática à Coreia no Período Xuanhe). Entre outras coisas, conta-nos que Lu Yundi 路允迪 era o chefe da diplomacia chinesa. Outras fontes também se referem a esta viagem, mas geralmente de forma breve. Mesmo assim, podemos dizer que os navios e as tripulações usados na missão eram originários de diferentes localidades costeiras. Assim, parece que Xu Jing viajou num navio cuja tripulação era proveniente de Fuzhou 福州, ou de uma zona vizinha. Em contrapartida, Lu Yundi embarcou num navio cuja tripulação vinha provavelmente, na sua maioria, de Putian 莆田. Putian, podemos acrescentar, é o distrito ao qual pertence a pequena ilha de Meizhou, onde começou o culto de Mazu.

Segundo Xu Jing, quando o navio em que viajava, começou a ter problemas, a tripulação pediu auxílio ao Espírito da Ilha de Yan (Yanyushen) 演嶼. Evidentemente, esta divindade estava associada ao Condado de Lianjiang 連江縣 perto de Fuzhou. A história da embarcação de Lu é diferente. Alguns estudiosos acreditam que era capitaneada por um homem de Putian. Daí, em situações de aflição, a tripulação rezaria certamente a uma divindade diferente – nomeadamente a Mazu.

Tanto Lu como Xu sobreviveram à viagem, firmemente convencidos que os espíritos dos mares os tinham protegido. Na verdade, algumas fontes relatam que durante as tempestades, uma divindade feminina aparecia no cimo do navio de Lu e o mar acalmava. Mais genericamente, em obras chinesas posteriores, quando eventos semelhantes eram descritos, fazia-se frequentemente referência a uma luz vermelha sobre o mastro e algumas ilustrações chegam a mostrar uma deusa vestida dessa cor. Outras fontes contam que esta divindade segurava uma lanterna vermelha. Na maior parte dos casos estes relatos apontavam para a presença de Mazu. Sem dúvida, estas narrativas lembram ao leitor os chamados fogos de Santelmo, um fenómeno natural caracterizado por uma súbita descarga de luz no mastro do navio, ou num objecto semelhante, especialmente quando estava mau tempo.

Quando os sobreviventes, e especialmente Lu Yundi, voltaram à China, informaram certamente a corte dos detalhes da viagem. Claro que terão mencionado

a ajuda divina que os salvou. Presumivelmente a corte debateu o assunto e acabou por decidir que fosse concedida a prancha de madeira acima mencionada ao Templo de Shengdun 聖墩廟 em Ninghaizhen 寧

海鎮, perto de Putian. Como foi dito, a prancha tinha inscritos dois caracteres shunji – i.e., o título concedido a Mazu.

Putian fica na parte continental de Fujian, a alguma distância de Meizhou. Isto conduz-nos a uma questão interessante: Porque é que o Governo enviou a prancha com o primeiro título oficial de Mazu a uma localidade situada no continente e não ao Templo de Mazu em Meizhou, geralmente tido como o primeiro templo dedicado a esta divindade? E porque é que tudo isto aconteceu em 1123, numa altura em que se tornava evidente que Jin iria eliminar Liao num futuro próximo?

Os possíveis motivos para homenagear Mazu em 1123

Aqui vamos entrar no vasto território da especulação. Putian fica a cerca de meio caminho entre Quanzhou 泉州 e Fuzhou. No início do Período Song, destacou-se como localidade importante para o Exército, mas não podemos avaliar realmente a sua importância relativa dentro da complexa estrutura da cintura costeira de Fujian. Também, no início do séc. XII, a crença em Mazu ainda não se tinha espalhado por toda a zona costeira desta Província; essencialmente o culto a Mazu ainda estava limitado a Meizhou e a Putian.

Meizhou estava confortavelmente localizada perto da tradicional rota marítima que liga Zhejiang via Fujian a Guangdong, mas a ilha tinha pouca população e não tinha verdadeiras perspectivas de se vir a tornar um centro mercantil. Rodeada de férteis terras agrícolas, Putian estava provavelmente mais bem situada do que Meizhou para este fim. Tinha mais habitantes e uma maior actividade económica. Não é impossível que o Governo tivesse considerado esses factores como argumentos para conceder a prancha shunji ao Templo de Shengdun, e não ao da Ilha de Meizhou.

Para além de tentar compreender o contexto regional, temos também certamente de considerar a cooperação da China com o Estado de Jin durante o período que decorreu entre 1120 e 1123. Ambas as partes concordaram com algumas alterações territoriais, mas Jin não cumpriu as suas promessas. Houve provocações mútuas, e parece que a corte de Song começou a ter dúvidas sobre os planos a longo prazo de Jin. Então, talvez, ao enfatizar simbolicamente a importância da cintura costeira da China, os funcionários de Song quisessem garantir a lealdade dessas regiões na eventualidade de um conflito militar com Jin.

Este argumento pode ainda ser associado a outro aspecto: Quando Lu Yundi voltou da Coreia, o Governo não só concedeu um título a Mazu, como também

homenageou outras divindades fujiansenses, nas quais se incluía Yanyushen. Parece, portanto, que as autoridades centrais desejaram expressar o seu interesse no bem-estar de diversas regiões de Fujian. Se aceitarmos este ponto de vista, o que através foi dito, nomeadamente o desejo da corte imperial de fortalecer Putian, pode tornar-se insustentável.

Mas voltemos brevemente ao embaixador-chefe. Lu Yundi que transmitiu à corte imperial o que tinha aprendido em Koryo. Provavelmente terá mencionado os avisos de Koryo sobre o comportamento agressivo de Jin. Isto leva-nos a outra questão: Ao proteger o navio de Lu, Mazu assegurou que estes avisos chegavam às autoridades da capital da China. Além disso, alguns funcionários Song bem informados sabiam certamente muito bem o que se passava na fronteira a norte. Assim, é muito provável que Lu Yundi tenha confirmado a opinião destes homens de vistas largas. Se esta assumpção estiver correcta, então a corte imperial tinha boas razões para recompensar Mazu pela sua extraordinária ajuda.

É certo que o acima exposto é altamente especulativo. As fontes escritas não nos contam os detalhes relevantes. Portanto, podemos pensar em muitas outras explicações. Por exemplo, o Governo Song tentou banir repetidas vezes as actividades ilegais dos chamados wu 巫, ou shamans. Os primeiros textos dizem-nos que Mazu, antes de ascender aos Céus, era uma mulher solteira, que praticava uma tal de “feitiçaria”. É possível que as pessoas provenientes de Meizhou e / ou Putian falassem favoravelmente de Mazu nos seus círculos, dentro da capital imperial, com o propósito de melhorar a sua reputação. Se assim foi, isso terá provavelmente motivado o Governo para melhorar a posição de Mazu. Daí, talvez possamos argumentar que a concessão de um título oficial a esta deusa, tenha sido o resultado de um longo debate interno e de um processo de avaliação, e não uma medida que tenha sido tomada abruptamente devido às mudanças políticas no Norte.

Seja como for, conceder o título shunji a Mazu foi um acontecimento importante. A partir daí, Mazu tornou-se uma divindade muito popular. O seu culto espalhou-se ao longo da costa da China, para Norte e para Sul.

Um pouco mais cedo ainda, nos finais dos anos 20 e durante os anos 30 do séc. XII, Jin lesou o Estado de Song de várias maneiras e ainda o forçou a mudar a capital para diferentes locais. Quando, finalmente, a corte Song se estabeleceu em Hangzhou 杭州, perto da costa, a zona costeira do Império tornou-se mais importante do que aquilo que já era. A partir dessa altura, Mazu recebeu mais títulos, devido ao seu contínuo apoio ao Estado. Alguns textos chegam a afirmar que ela ajudou as tropas Song nas suas acções militares contra Jin. Em suma, o ano de 1123 tem um forte valor simbólico. Com efeito, podemos sentir-nos tentados a argumentar que a concessão de títulos às divindades nesse ano prefigurou, ou acompanhou, a maior mudança da constelação geral do Leste asiático. Pelo menos, e sem dúvida, esta medida

altamente simbólica promoveu certamente a ascensão de um novo e poderosos culto. Além disso, esta ascensão andou de mãos dadas com a expansão das redes comerciais de Fujian, especialmente nos tempos das dinastias Ming e Qing. Hoje, Mazu está “activa” ao longo de ambos os lados do Estreito de Taiwan; actualmente é a divindade mais importante de Taiwan. Finalmente, a sua influência também se torna visível através do facto de os seus crentes tentarem comparar os seus feitos aos de Guanyin 觀 音. Claro que ninguém sabe dizer se essa tendência poderá conduzir a uma “fusão” dos dois cultos, ou a um gradual “destronamento” de Guanyin por Mazu.

Edições de textos tradicionais

• Mazu wenxian shiliao huibian 媽祖文獻史料彙編, ed. Zhonghua Mazu wenhua jiaoliu xiehui et al. 中 華媽祖文化交流協會. Sér. I, 4 vols., Beijing: Zhongguo dang’an chubanshe, 2007. Sér. II, 5 vols., Beijing: Zhongguo dang’an chubanshe, 2009. Sér. III, 7 vols., Fuzhou: Haifeng chubanshe, 2011.

• Mazu wenxian zhengli yu yanjiu congkan 媽祖文 獻整理與研究叢刊, ed. Mazu wenxian zhengli yu yanjiu congkan bianzuan weiyuanhui 媽祖文獻整 理與研究叢刊編纂委員會. Sér. 1, 20 vols., Xiamen: Lujiang chubanshe, 2014. Sér. 2, 20 vols., Fuzhou: Haixia wenyi chubanshe, 2017.

• Mazu wenxian ziliao 媽祖文獻資料, ed. Jiang Weitan 蔣維琰. Fuzhou: Fujian renmin chubanshe, 1990.

• Tianhou shengmu shiji tuzhi, Tianjin Tianhou gong xinghui tu heji 天后聖母事迹圖志, 天津天后宮行會 圖合輯, eds. Zhongguo lishi bowuguan 中國歷史博 物馆 (=Xu Qingsong 許青松, Guo Xiulan 郭秀蘭 et al. Hong Kong: Xianggang Heping tushu youxian gongsi, 1992.

Estudos

• Church, Sally K.: «Conceptions of Maritime Space in Xu Jing’s Xuanhe fengshi Gaoli tujing», em Angela Schottenhammer & Roderich Ptak (eds.), The Perception of Maritime Space in Traditional Chinese Sources (Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2006), pág. 79-107.

• Clark, Hugh: «Religious Culture of Southern Fujian, 750–1450: Preliminary Reflections on Contacts across a Maritime Frontier», Asia Major 19 (2006), pág. 211-240.

• Lao Nap-yin (Liu Liyan) 柳立言: «Cong lifa de jiaodu chongxin kaocha Songdai cengfou jin wu» 從立 法的角度重新考察宋代曾否禁巫, Zhongyang yanjiuyuan Lishi yuyan yanjiusuo jikan 中央研究院歷史 語言研究所集刊 86.2 (2015), pág. 365-420.

• Li Xianzhang 李獻璋: Mazu xinyang yanjiu 媽祖信 仰研究 [O culto da deusa A-Ma]. Macau: Aomen haishi bowuguan, 1995 (trad. do japonês).

• Liao Dake 廖大珂: Fujian haiwai jiaotong shi 福建海 外交通史. Fuzhou: Fujian renmin chubanshe, 2002.

• Ptak, Roderich: O culto de Mazu: Uma visão histórica (Da dinastia Song ao início da dinastia Qing) / Der Mazu-Kult: Ein historischer Überblick (Song bis Anfang Qing). Lisboa: Centro Científico e Cultural de Macau, 2012 (ed. bilíngue).

• Shi Houzhong 釋厚重: Guanyin yu Mazu 觀音與媽 祖, Xinbei: Daotian Publishing, 2005.

• Ter Haar, Barend J.: «The Genesis and Spread of Temple Cults in Fukien», em Eduard B. Vermeer (ed.), Development and Decline of Fukien Province in the 17th and 18th Centuries (Leiden: E. J. Brill, 1990), pág. 349-396.

• Wädow, Gerd: T’ien-fei hsien-sheng lu. «Die Aufzeichnungen von der manifestierten Heiligkeit der Himmelsprinzessin». Einleitung, Übersetzung, Kommentar. Sankt Augustin & Nettetal: Institut Monumenta Serica & Steyler Verlag, 1992.

• Wädow, Gerd: «O significado dos títulos da ‘Princesa celestial’ no sistema do culto do estado chinês», Revista de Cultura 29 (1996), 191-205.

• Woke xiansheng 沃客先生: «Songchao wenxian zhong de Mazu chuanshuo kaozheng zhengli 宋 朝文獻中的媽祖傳說考證整理» 2020, https://945d. blogspot.com/2020/12/blog-post.html (29-04-2023).

• Xu Xiaowang 徐曉望 et al. (eds.): Fujian tongshi 福 建通史. Fuzhou: Fujian renmin chubanshe, 2006. 5 vols.

• Xu Xiaowang 徐曉望: Mazu xinyang shi yanjiu 媽祖 信仰史研究. Fuzhou: Haifeng chubanshe, 2007.

VIA do MEIO 16.6.2023 sexta-feira 9

ESTADOS UNIDOS ANTONY BLINKEN EM PEQUIM PARA “GESTÃO RESPONSÁVEL” DAS TENSÕES

Em busca de harmonia

A viagem à China do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, adiada após o episódio do balão, vai finalmente acontecer este fim-de-semana. Encontro com o Presidente Xi não está, para já, confirmado

Osecretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, fará uma rara visita à China no fim de semana, onde pretende iniciar uma reaproximação diplomática com Pequim e pedir uma “gestão responsável” das tensões entre as duas grandes potências.

“O secretário Blinken irá reunir-se com altos funcionários chineses e discutir a importância de manter linhas de comunicação abertas para gerir com responsabilidade o relacionamento China-Estados Unidos da América (EUA)”, disse na quarta-feira o Departamento de Estado, confirmando a tão aguardada viagem diplomática, inicialmente agendada para Fevereiro.

Uma reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, não foi confirmada.

Auto classificando-se de “realistas”, os Estados

Unidos não esperam fazer grandes “avanços”, mas pelo menos acalentam a esperança de “reduzir o risco de erros de cálculo que se podem transformar em conflito”, segundo autoridades norte-americanas.

“Não vamos a Pequim com a intenção de alcançar avanços ou transformações”, disse a jornalistas o chefe do Departamento de Estado para a Ásia, Daniel Kritenbrink.

Outro funcionário norte-americano, Kurt Campbell, enfatizou que “os esforços para moldar ou reformar a China nas últimas décadas

falharam”, dizendo que espera que a China permaneça “um actor importante no cenário internacional” por muito tempo.

Desde o início do ano, as relações China-EUA enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro de quem é a responsabilidade”, disse ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, num telefonema com Blinken, segundo Pequim

As relações bilaterais permanecem tensas num grande número de questões: os vínculos entre os Estados Unidos e Taiwan, a rivalidade em tecnologias e comércio, ou mesmo reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional.

“Desde o início do ano, as relações China-EUA enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro de quem é a responsabilidade”, disse ontem

o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, num telefonema com Blinken, segundo Pequim. No telefonema, o ministro

“explicou a posição solene da China sobre a questão de Taiwan”, principal ponto de fricção entre as duas potências, assim como “outras

O porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller, enfatizou ontem que as preocupações dos EUA são “bem conhecidas” e incluem, entre outros, o comércio de fentanil e o “alinhamento” da China com a Rússia na guerra da Ucrânia

DIPLOMACIA LI QIANG VISITA FRANÇA E ALEMANHA ENTRE 18 E 23 DE JUNHO

Oprimeiro-ministro chinês, Li Qiang, visitará a Alemanha e a França entre 18 e 23 de Junho, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O dirigente chinês “fará uma visita oficial à Alemanha, onde terá lugar a sétima ronda de consultas governamentais sino-alemãs, e uma visita oficial à França, onde participará na cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global”, disse Wang Wenbin, um porta-voz do ministério chinês.

O primeiro-ministro na China geralmente é uma personalidade menos política do que o Presidente [chinês, Xi Jinping], estando mais responsável por questões económicas e financeiras.

O objectivo da cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, organizada por iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, é ambicioso: reformar a arquitectura financeira global para melhor responder aos desafios impostos pelas alterações climáticas.

Vários participantes já confirmaram presença: presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz.

A viagem de Li Qiang à Alemanha promete ser mais agitada, após Berlim ter publicado um documento esta semana que descreve a China como uma força hostil à Alemanha.

O maior parceiro económico da Alemanha e um mercado vital para o seu poderoso sector automóvel, a China há muito tempo que é poupada por Berlim, que, no entanto, endureceu o tom do seu discurso há pouco mais de um ano.

10 china 16.6.2023 sexta-feira www.hojemacau.com.mo
LUISA GONZALEZ REUTERS/STRINGER

preocupações essenciais” de Pequim, sublinha o comunicado de imprensa.

Mercado proibido

Esta visita de Antony Blinken surge na sequência da reunião em Novembro passado entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 na Indonésia.

Os dois líderes concordaram em cooperar em certas questões.

Blinken aproveitará para colocar na mesa o problema do opioide fentanil, cujos componentes químicos são exportados da China para o México, onde, segundo Washington, a substância é fabricada.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller, enfatizou ontem que as preocupações dos EUA são “bem conhecidas” e incluem, entre outros, o comércio de fentanil e o “alinhamento” da China com a Rússia na guerra da Ucrânia.

Antony Blinken deverá viajar até Pequim e Londres entre sexta-feira e 21 de Junho, confirmou ontem o Departamento de Estado norte-americano.

Em Londres, Blinken vai participar na Conferência de Recuperação da Ucrânia, uma iniciativa criada para ajudar a mobilizar o apoio internacional público e privado para ajudar Kiev a recuperar dos ataques russos.

Ainda em Londres, o chefe da diplomacia dos EUA também reunirá com membros do Governo britânico, assim como de Governos de países aliados.

MÉDIO ORIENTE PM REÚNE-SE COM LÍDER DA PALESTINA

Oprimeiro-ministro

chinês, Li Qiang, reuniu-se ontem com o Presidente da Palestina, Mahmud Abbas, num esforço de Pequim para elevar as relações bilaterais e o papel no Médio Oriente.

Li, que assumiu o cargo na Primavera, considerou Abbas “um velho amigo do povo chinês” que fez “contribuições importantes para a promoção das relações China-Palestina”.

A reunião ocorreu um dia depois de Abbas ter sido recebido com todas as honras militares pelo líder da China e chefe do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping.

Os dois dirigentes anunciaram na quarta-feira a formação de uma “parceria estratégica”, abrindo caminho para aumentar a influência da China no Médio Oriente.

A visita de Abbas segue-se à realização de negociações pela China entre o Irão e a Arábia Saudita, que resultaram na retoma das relações diplomáticas entre os dois rivais do Médio Oriente.

A reaproximação entre Riade e Teerão foi vista como uma vitória diplomática para a China, numa altura em que o principal rival chinês, os Estados Unidos, parece estar a retirar-se do Médio Oriente, depois de os conflitos no Iraque e no Afeganistão e complicações nos laços com a Arábia Saudita.

Pequim há muito mantém relações diplomáticas com a Autoridade Palestiniana e nomeou um enviado especial para se reunir com autoridades israelitas e palestinas. Com uma experiência na região limita à construção, manufatura e outros projectos económicos, a China tem procurado estreitar laços com Israel. Desde a reabertura das fronteiras na Primavera, na sequência do levantamento das restrições sanitárias impostas pela política ‘zero-covid’, o Governo chinês tem recebido uma lista crescente de líderes mundiais, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

ECONOMIA BANCO CENTRAL REDUZ TAXA DE JUROS

Obanco central da China baixou ontem a taxa de referência para empréstimos de médio prazo, uma medida antecipada pelos mercados e destinada a dar um novo impulso ao lento crescimento da segunda maior economia do mundo.

A taxa de juros para os empréstimos de um ano a instituições financeiras foi reduzida de 2,75 por cento para 2,65, disse o Banco Popular da China.

A evolução desta taxa serve geralmente de referência para a taxa cobrada nos empréstimos dados por bancos a particulares, a empresas e no crédito à habitação. O ajustamento desta taxa é decidido no dia 20 de cada mês, sendo acompanhada de perto pelos mercados.

A medida deve possibilitar a redução dos custos de financiamento dos bancos

comerciais e incentivar a concessão de mais crédito em condições mais favoráveis para apoiar a economia chinesa. A última redução desta taxa aconteceu em Agosto de 2022.

O plano deve permitir injectar 237 mil milhões de yuans na economia chinesa, de acordo com um comunicado do banco central.

Para surpresa dos analistas, o banco central chinês já tinha reduzido, na terça-feira, a principal taxa de juros para empréstimos em dinheiro de curto prazo (sete dias) a bancos comerciais.

A esperada recuperação económica, na sequência do levantamento, no final de 2022, das restrições impostas devido à pandemia da covid-19, perdeu força nas últimas semanas.

A China tem apresentado indicadores económicos abaixo do esperado nos últimos dias.

Edital

(9/FGCL/2023)

Nos termos do artigo 6.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), o Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais (FGCL) deliberou, em 12 de Junho de 2023, autorizar a atribuição dos créditos requeridos a favor dos trabalhadores dos devedores abaixo mencionados (inclusive os eventuais juros de mora), pelo que, de acordo com a alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da lei acima referida, conjugada com o n.º 2 do artigo 72.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M de 11 de Outubro, os devedores abaixo referidos são notificados que o FGCL irá, no prazo de oito dias contados a partir da data da publicação deste edital, atribuir os montantes resultantes dos créditos a favor dos trabalhadores mencionados no quadro abaixo. Além disso, nos termos do artigo 8.º da mesma Lei, o FGCL fica sub-rogado nesses créditos, após a sua atribuição.

Número Devedor(es) Nome dos trabalhadores N.º do pedido Montante total dos créditos (MOP)

Os devedores acima referidos podem comparecer, durante as horas de expediente, na sede da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos. 221 a 279, Macau, para consultar o respectivo processo. 13 de Junho de 2023.

O Presidente do Conselho Administrativo do FGCL, Wong Chi Hong

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1 GRUPO DE CONSULTORIA COMERCIAL SUNCITY LIMITADA LEONG WENG TONG 161/2022 $74,293.52 MOP8,146,648.60 CHAN KA LEI 159/2022 $109,792.24 SIO POU SON 162/2022 $123,556.44 UN WAI HA 163/2022 $123,037.40 LAM I MEI 108/2022 $59,896.16 HWEE HOK IN 265/2021 $72,300.37 WU JIAXIN 158/2022 $83,470.49 NG LOK MAN 266/2021 $73,994.60 SHAM KA YAN 86/2023 $375,996.07 HO SI WENG 6/2022 $106,971.06 CHAN KA IN 14/2022 $81,104.55 CHONG HOI MENG 5/2022 $348,058.11 KUOK SIO HOU 7/2022 $191,823.73 LO KA WUN 76/2022 $192,023.07 LAU, KIN LEUNG 125/2023 $479,081.63 HUI, KAI YAN 108/2023 $483,564.59 HO LAI HANG 106/2023 $83,196.86 CHIO KUOK LEONG 122/2023 $72,383.08 FONG SI WENG 131/2023 $184,777.20 TANG SAU VENG 147/2023 $708,238.85 WONG WAI MAN 126/2023 $341,483.99 LEONG MAN LAI 112/2023 $179,771.22 WONG CHI HON 134/2023 $235,768.29 LEE HOI IENG 268/2021 $68,181.95 HOI IAT HANG 151/2022 $163,466.10 NG KA LAI 141/2022 $114,089.18 LENG IEK POU 163/2023 $365,328.47 IEONG SIO MEI 138/2023 $130,830.46 LEONG SON KEONG 269/2022 $108,827.69 HOI KAM FAI 267/2021 $170,842.68 UN CHAN PAN 66/2022 $138,772.34 FONG KA LOK 64/2022 $270,472.05 CHEONG IN CHENG 33/2022 $68,713.09 TONG CHON IN 73/2022 $105,255.72 IP WENG PAN 175/2023 $269,543.02 CHEANG SUT U 2/2022 $164,024.34 CHEONG UN HONG 9/2022 $174,642.16 SAM PEK MAN 52/2022 $286,275.57 WONG SI IO 115/2022 $107,543.06 CHENG SI IO 264/2022 $297,840.45 LEUNG WAI SENG 105/2023 $151,841.07 LAO UN IENG 118/2023 $84,540.89 LAO CHENG IN 119/2023 $121,034.79 2 JAPAN CONCEPT GRUPO INTERNACIONAL LDA. LAO CHI KON G 166/2021 $269,346.60 $573,358.90 LIN ZHENYING 167/2021 $70,623.90 LOK MAN KIT 171/2021 $89,761.50 XIE ZHENXING 211/2023 $143,626.90 3 COMPANHIA DE
LIMITADA LO SIO FAN 151/2023 $52,033.40 $468,300.60 FAN WAI LENG 152/2023 $52,033.40 WONG SIN KAM 153/2023 $52,033.40 IONG SIO CHENG 158/2023 $52,033.40 YUAN YULAN 160/2023 $52,033.40 LOK HIO IENG 161/2023 $52,033.40 HO MUN HONG 167/2023 $52,033.40 LAO HAO LENG 168/2023 $52,033.40 CHAN KA IAN 187/2023 $52,033.40 4 WELLFORD INVESTIMENTO LIMITADA HUANG, YOUFENG 80/2023 $20,099.60 $99,192.20 WAN, WEI 81/2023 $34,698.70 LUO, PEIQIAO 88/2023 $14,835.60 WU, XIAOFENG 121/2023 $29,558.30 5 FONG PUI ION WEI SHUI 93/2023 $14,471.20 $23,877.50 ZHANG XIUYUN 111/2023 $4,341.40 LAM NONG PAN 200/2023 $5,064.90 6 CHEONG SIO WA CHU LAI CHEOK 91/2023 $5,274.20 $17,405.00 CHOI SUT FONG 92/2023 $7,911.40 IAO LENG LENG 101/2023 $4,219.40 7 LEUNG SAI KEI CHEN JINRONG 162/2023 $12,663.50 $25,327.00 HUANG YUTAO 223/2023 $12,663.50 8 JINTAIFU ADMINISTRAÇÃO DE RESTAURAÇÃO LDA. MO, XIAOHUA 197/2023 $13,461.60 9 TIAN YU ENGENHARIA LDA. MOU FUN SANG 192/2023 $10,947.20
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ÍNDIA CONFRONTOS ÉTNICOS FAZEM PELO MENOS NOVE MORTOS

Ondas de choque

A violência voltou ao nordeste do país com os combates entre comunidades kuki e meitei a fazerem quase uma dezena de mortos

GRUPOS étnicos rivais entraram em confronto armado numa nova onda de violência no nordeste da Índia, provocando pelo menos nove mortos e vários feridos, informaram quarta-feira as autoridades indianas.

As forças de segurança acorreram à vila de Khamenlok, no distrito de Kangpokpi, no estado de Manipur, depois de os confrontos terem eclodido na noite de terça-feira entre as comunidades kuki e meitei, explicou L. Sushindro, ministro do governo estadual. A polícia encontrou nove corpos na manhã de quarta-feira, disse um polícia, referindo igualmente o desaparecimento de três pessoas.

Também na quarta-feira, um grupo de pessoas incendiou a casa do ministro da Indústria e

Comércio do Estado, Nemcha

Kipgen (que não se encontrava na residência), em Imphal.

Até agora, pelo menos 100 pessoas foram mortas em confrontos étnicos graves no estado de Manipur, desde 03 de Maio, e milhares de casas foram incendiadas e lojas e negócios vandalizados.

As autoridades deslocaram cerca de 40.000 pessoas de áreas problemáticas para lugares mais seguros.

O ministro do Interior indiano, Amit Shah, visitou o Estado no início deste mês e reuniu com líderes comunitários, procurando soluções para restaurar a tranquilidade.

Lutas tribais

A violência começou no mês passado, após protestos de mais de 50.000 kukis e membros de outras

comunidades tribais predominantemente cristãs em Churachandpur e distritos adjacentes no estado de Manipur. Os kukis opõem-se às exigências da maioria da comunidade meitei, que reclama um estatuto especial para obter benefícios, incluindo o direito de cultivar em terras florestais, empréstimos bancários baratos e instalações de saúde e educação, bem como uma cota específica de empregos no governo. Dois terços dos 2,5 milhões de habitantes do Estado vivem numa região que compreende aproximadamente 10 por cento da área total do Estado. Os meitei são hindus, enquanto grupos rivais, incluindo os kuki e outras tribos, são maioritariamente cristãos e vivem principalmente nos distritos montanhosos circundantes.

BIPARJOY CICLONE CHEGA À ÍNDIA E PAQUISTÃO

Opoderoso ciclone Biparjoy estava ontem à tarde prestes a atingir a fronteira entre a Índia e o Paquistão, onde as equipas de resgate já conseguiram retirar mais de 146 mil pessoas.

O ciclone Biparjoy, nome que significa “desastre” em bengali, avançava ontem pelo Mar Arábico em direcção ao porto de Jakhau, no estado indiano de Gujarat, devendo atingir a costa entre o sul do Paquistão e o oeste da Índia, segundo os serviços meteorológicos.

Na Índia, mais de 74.000 pessoas foram retiradas em oito distritos do estado cos-

teiro de Gujarat, de acordo com informações prestadas na quarta-feira à noite pelo chefe de governo do estado, Bhupendra Patel, na rede social Twitter, após uma reunião com serviços de emergência.

Por sua vez, “mais de 72.000 pessoas foram retiradas de áreas sob ameaça directa do ciclone até agora”, disse Murtaza Wahab, porta-voz do governo da província de Sindh, no sul, na fronteira com a Índia.

Na terça-feira, as autoridades de Gujarat disseram que as chuvas torrenciais e os ventos fortes, à medida

Filipinas Registado sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter em Luzon

Um sismo de magnitude 6,2 na escala de Richter atingiu ontem a costa do sul de Luzon, no norte das Filipinas, sem que tenham sido registados danos ou alerta de tsunami.O Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitoriza a atividade sísmica em todo o mundo, indicou que o sismo ocorreu a uma profundidade de 124 quilómetros ao largo da costa sudoeste de Luzon, às

10:19. O epicentro foi registado ao largo da costa de Calatagan, na província de Batangas, a cerca de 100 quilómetros a sudoeste da capital, Manila, onde foi fortemente sentido. O responsável encarregado da gestão das catástrofes em Calatagan, Ronald Torres, declarou que o sismo durou entre 30 segundos e um minuto, e foi sentido em Manila, onde os residentes fugiram para a rua.

que o ciclone se aproxima, mataram três pessoas, duas delas crianças, devido a uma parede que desmoronou, e uma mulher foi atingida por uma árvore.

Em 2021, a mesma região foi atingida pelo ciclone Tauktae, que matou mais de 150 pessoas e causou estragos consideráveis.

Os ciclones são uma ameaça comum nas costas do norte do Oceano Índico, onde vivem dezenas de milhões de pessoas.

Segundo os cientistas, estes fenómenos tendem a tornar-se mais violentos devido ao aquecimento global.

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16.6.2023 sexta-feira
Até agora, pelo menos 100 pessoas foram mortas em confrontos étnicos graves no estado de Manipur, desde 03 de Maio, e milhares de casas foram incendiadas e lojas e negócios vandalizados PUB.

O Circuito Internacional de Guangdong (GIC) foi novamente o palco escolhido para acolher as habitualmente apelidadas “corridas de qualificação” para o Grande Prémio de Macau, com o intuito de apurar os pilotos locais e não só. Num ano em que se implementa uma nova regulamentação técnica para as viaturas da Corrida Macau Road Sport Challenge, as duas jornadas planeadas para o circuito dos arredores da cidade de Zhaoqing revelam-se ainda mais importantes

COMO é por demais sabido, esta temporada a Corrida Macau Road Sport Challenge terá novos protagonistas de quatro rodas. As ex-categorias Roadsport “1950cc & Acima” e “1600cc Turbo” serão substituídas por uma só categoria com base na Taça Toyota Gazoo Racing GR86/ Subaru BRZ japonesa. Neste momento, são várias as equipas e preparadores de Macau que já começaram a trabalhar nestes dois modelos nipónicos.

Para além da estreia absoluta destas corridas, haverá também espaço no programa do GIC para corridas do troféu monomarca Lotus Challenge da Grande China, para carros de GT4, GT3 e TCR, e ainda uma competição para viaturas clássicas a cargo da delegação da FIVA em Hong Kong.

O primeiro fim de semana está agendado para os dias 22 e 23 de Julho e a segunda prova está marcada para quatro semanas depois, no fim de semana de 19 e 20 de Agosto. As inscrições

GRANDE PRÉMIO CORRIDAS DE PREPARAÇÃO EM JULHO E AGOSTO

Um verão quente

para a Corrida Macau Road Sport Challenge custam dezassete mil dólares de Hong Kong e inclui o aluguer do sistema de dados do ECU, obrigatório para todos os concorrentes.

Numa edição que irá ocupar dois fins de semana consecutivos, o programa desportivo do 70º Grande Prémio de Macau ainda se encontra no “segredo dos Deuses”. Como tal, ainda é difícil compreender qual vai ser o impacto destas corridas no escalonamento dos pilotos para o grande evento desportivo da RAEM do mês de Novembro.

Um dos focos de interesse será perceber como será preenchida a grelha de partida da Corrida da Guia, visto que os concorrentes

do TCR World Tour, que não ultrapassam a dezena, são sempre acompanhados pelos homólogos locais nos eventos por onde correm. Uma possibilidade em cima da mesa passa por colocar os pilotos das equipas oficiais do campeonato TCR Asia/TCR China na Corrida

O primeiro fim de semana está agendado para os dias 22 e 23 de Julho e a segunda prova está marcada para quatro semanas depois, no fim de semana de 19 e 20 de Agosto

da Guia, ao passo que os pilotos privados do mesmo campeonato disputarão uma corrida à parte junto com pilotos “convidados” de Hong Kong e Macau.

Cesto cheio

Após uma ausência de três anos, a Taça do Mundo de GT da FIA regressa ao Circuito da Guia este ano. Para além dos detalhes que a Federação Internacional do Automóvel deu a conhecer na pretérita semana, o HM ficou também a saber que a corrida não será exclusiva a pilotos profissionais, neste caso, pilotos categorizados pela FIAcomo “Platinum” ou “Gold”. Pilotos teoricamente de valor inferior, categorizados como “Bronze” ou “Silver”, também poderão participar na corrida.

Com uma inscrição que é superior a noventa e cinco mil patacas por concorrente, os prémios a distribuir pelos melhores classificados irão superar este ano as seiscentas mil patacas. Apesar destes prémios monetários serem bastante elevados, em relação a outras corridas do Grande Prémio, uma participação nesta prova, com uma viatura FIA GT3, requer um orçamento superior a um milhão de patacas.

As inscrições para a Taça do Mundo de GT da FIA encerram no final do mês de Agosto e a FIA compromete-se a revelar os inscritos até ao final do mês de Outubro. Nenhum construtor automóvel confirmou ainda a sua participação na prova, mas tanto a Audi como as rivais Mercedes-AMG e Porsche, têm fortes interesses na região e certamente se farão representar. A co-organização desta corrida, a cargo da experiente SRO Motorsports, acredita que é possível que o número de inscritos ultrapasse o número de inscrições disponíveis. Sérgio Fonseca

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sexta-feira 16.6.2023

UM DISCO HOJE

TRICKY | “MAXINQUAYE”

Em 1995, Tricky lançava o disco de estreia da sua carreira a solo, apesar de ser uma figura que já vinha dando nas vistas na cena de Bristol, mais notoriamente em colaborações com os Massive Attack. “Maxinquaye” levou o trip hop para uma nova direcção, mais negra e opressiva, apesar de manter as mesmas raízes do hip hop e r&b. “Overcome”, “Black Steel”, “Hell Is Around The Corner” e “Strugglin” são músicas que ficam na história do movimento musical que trouxe para a ribalta o som narcótico do músico britânico. Maxinquaye é um disco que se mantém fresco mais de duas décadas depois do seu lançamento. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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A TEMPERATURA E OS CREPÚSCULOS

COMEÇOU NA segunda-feira o maior exercício militar aéreo da história da NATO, o “Air Defender 23”. Coordenado pela Alemanha, onde o ‘kaiser’ e o ‘führer’ deixaram certas ambições antigas e recalcadas, o objetivo destas manobras é demonstrar a conformidade e a prontidão de todos os membros da aliança, face a potenciais ameaças, venham elas da Rússia ou da China, mancomunadas estas ou não, e vai decorrer até dia 23. Aliás, o chanceler Scholz, social-democrata em modo Kautsky, afirmou hoje mesmo que a China é uma ameaça para a Alemanha.

Assim, aumenta seriamente a temperatura que já é tórrida na presente II Guerra Fria. Nos céus atlânticos, mediterrânicos, bálticos, nórdicos e polares já voam 250 aeronaves de 25 países natistas, além do Japão, que alegam querer fortalecer a resposta ao ar, ao mar e à terra, em caso de confronto que pode incluir drones e mísseis.

Em jeito de rodapé, apetece-me pôr aqui o que certamente não aconteceria na martirizada Ucrânia e Donbass, se o Pentágono, a NATO, a União Europeia e o Presidente Zelensky obedecessem ao que ficou plasmado na Ata Final dos Acordos Internacionais de Helsínquia e no Acordo de Minsk.

Sem contar os mortos de ambos os lados, que já são muitos milhares (militares e de civis), a ofensiva bélica da Rússia causou até agora, segundo a ONU, a fuga de 14,7 de pessoas, ou seja, 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões de ucranianos para países europeus.

Leopardices

Encontrei quarta-feira, na Régua, com o longo canhão apontado às vinhas de Loureiro, um Leopard 2, o ultramoderno carro de combate que dá, quase todos dias, histórias com deliciosos temperos aos gulosos que comem tudo o que chegue da guerra da Ucrânia.

Veio de Lamego para a celebração, hoje, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, à beirinha do Rio Douro, e, a meio da descida da A24, teve ser salvo do fogo que desatou a queimar as 16 rodas do reboque. Foi um vê se te avias de carros de bombeiros a rolar no asfalto, mas só ali passei dois dias depois, pelo que não ouvi o concerto de sirenes alarmadas que, compreensivelmente, revoou pelas encostas.

Salvou-se o leopardo guerreiro, mas eu, a 400 quilómetros de distância, vou, se tiver pachorra para tanto, ouvir o Marcelo na televisão.

É bem possível que ele aproveite a circunstância para deitar mais umas pitadas de veneno de efeito lento no prato do Costa.

Crepúsculos

Choveu esta noite, forte e feio. A meio da manhã, em todo o douro, o céu ainda era um dossel total em tons de chumbo que impunha uma espécie de crepúsculo matinal. Tudo continuava molhado nesta varanda, nestas

vinhas em cascata e em toda a paisagem apreensível.

Aí pela hora do almoço, já não chovia nem disso se notava ameaça. Depois de Lamego, o sol começava a bater em pontos vários das serranias frontais, porque o dossel estava a sofrer grandes rasgões e as massas escuras de nuvens densas, fragmentando-se, formavam enormes rebanhos de nimbos zoomórficos que arranhavam impunemente o azul celeste.

EU tinha pela frente 400 quilómetros de asfalto molhado e um tráfego nervoso que não me assustou, porque apenas se adensou a partir de Viseu. Começou a molhifar na zona de Coimbra, passando a chuviscos intermitentes em poucos minutos, porque o dossel se refez e até o ar escureceu, ficando baço e pardacento.

À passagem pela zona de Santarém, a chuva tornou-se tão intensa e barulhenta que só os farolins vermelhos das constantes travagens à minha frente eram discerníveis, como se a depressão “Óscar”, que anteontem fustigou a Madeira e estava prevista a tarde de amanhã no Continente, houvesse antecipado a sua chegada para hoje.

Aliás, de madrugada, quando acordei e fui ver a água teimosa que escorria oblíqua do céu, não percebi a situação e pareceu-me urgente voltar a adormecer e em nada pensar. Só que o meu pensamento é rebelde, mesmo quando não deve, e mantém tiques de mergulhador – entre outros desvarios, foi cair em Tordesilhas e por lá navegou durante alguns minutos.

Felizmente adormeci de novo já no crepúsculo matinal, ainda com chuva, mas depois, nas quase cinco horas da tormentosa viagem do meu regresso à beira-Tejo, voltei a matutar nas manobras de D. João II.

Num dia anómalo como este, a primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi escabichar nos meus livros o que havia sobre o Tratado de Tordesilhas.

Aconteceu, de facto, num dia 7 como o de hoje, a assinatura de um acordo internacional que ficou para a História com o título de “Tratado de Tordesilhas”. Foi em junho, no ano de 1494, que os altos representantes do Reino de Portugal e da Coroa de Castela firmaram um compromisso que atribuía a propriedade das terras “descobertas e a descobrir” de um lado

e do outro do Atlântico, tendo como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde. Por isso é que os idiomas dominantes, ainda hoje, no Brasil e no Chile, respetivamente, são o português e o castelhano, enquanto no país da morna predomina o crioulo.

É bom recordar tudo isto, porque o incumprimento de acordos e tratados está a fazer uma guerra fratricida na Ucrânia e, aqui para nós que ninguém nos ouve, até o caudilho Franco chegou a arquitetar uma grande operação de conquista de Portugal ainda antes de iniciar a Guerra Civil de Espanha, em 1936.

O Tratado de Tordesilhas foi ratificado por Castela a 2 de julho e por Portugal a 5 de setembro de 1494. Do lado português estiveram presentes na cerimónia Rui de Sousa, senhor de Sagres e Beringel, o seu filho João Rodrigues de Sousa, almotacém-mor, e Aires de Almada, corregedor dos feitos civis na corte e do desembargo real.

A nossa embaixada foi secretariada por Estêvão Vaz e teve como testemunhas João Soares de Siqueira, Rui Leme e Duarte Pacheco Pereira. Por parte de Castela e Aragão, o mordomo-mor D. Henrique Henríquez, D. Guterre de Cárdenas, comendador-mor, e o doutor Rodrigo Maldonado, secretariados por Fernando Álvarez de Toledo, que levaram consigo três testemunhas, Pêro de Leão, Fernando de Torres e Fernando Gamarra, nomes agora nada nos dizem, mas que talvez se arrependessem hoje de grande parte do que impuseram uns aos outros.

Os originais encontram-se depositados no Archivo General de Indias, na Espanha, e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, onde são consultáveis, mas deixaram de vigorar a partir de 1750, quando ambas as coroas estabeleceram novos limites fronteiriços para a divisão territorial nas colónias sul-americanas, concordando que rios e montanhas seriam usados para demarcação dos limites.

Portugal, buscando proteger o seu investimento, já tinha negociado com Castela em 1479 o Tratado de Alcáçovas, obtendo em 1481, do Papa Sisto VI a bula Æterni regis, que dividia as terras descobertas e a descobrir de ambos os lados do paralelo que passa pelas Canárias.

Foi como dividir o mundo em dois hemisférios e deixar o do norte para a Castela e o do sul para Portugal, resultado a que se somavam o efeitos das duas outras bulas anteriores a Dum Diversas, de 1452, e a Romanus Pontifex, de 1455, do Papa Nicolau V, que concedia à Ordem de Cristo todas as terras conquistadas e a conquistar a sul do cabo Bojador e da Gran Canária. Gentes e bichos que lá vivessem eram bons para o tráfico de escravos e para a caça grossa, que dava muito jeito a conquistadores e missionários. Claro que as negociatas não acabaram aqui, mas já chega de curiosidades pouco edificantes.

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GOA GRUPO QUER FILME SOBRE ATROCIDADES PORTUGUESAS

U MA organização de direita indiana propôs na quarta-feira a realização de um filme sobre as “atrocidades indescritíveis” cometidas contra os hindus durante o domínio português no Estado de Goa, avançou o jornal indiano The Times of India.

“Se a Índia aceitou ‘Kashmir Files’ [Os Ficheiros de Caxemira] e “The Kerala Story” [A História de Kerala], então porque é que não há de haver um “Goa Files” [Ficheiros de Goa]?”, disse o porta-voz da organização de direita Hindu Janajagruti Samiti (HJS), Ramesh Shinde, referindo-se a duas obras inspiradas em episódios da história da Índia.

As declarações foram feitas uma semana depois de o líder do governo de Goa, Pramod Sawant, ter afirmado que era “altura de apagar os sinais dos portugueses”.

Ainda de acordo com o The Times of India, Sawant afirmou, numa cerimónia em honra do 350.º aniversário da coroação do líder Shivaji, que no 60.º aniversário da libertação de Goa, o Estado devia eliminar toda a influência portuguesa e “começar de novo”.

O responsável goês apontou que os portugueses tinham começado a destruir os templos há 350 anos e que a devastação foi interrompida após terem sido confrontados por Shivaji, escreveu o jornal.

“Porque é que toda a gente em Goa e no resto da Índia não há de saber a extensão das atrocidades”, notou, por sua vez, o porta-voz do grupo HJS, afirmando que os portugueses cometeram “atrocidades indescritíveis” contra os hindus.

O responsável anunciou que a realização do filme “Goa Files” vai ser discutida na 11.ª edição da convenção anual All India Hindu Rashtra, que reúne centenas de chefes de diferentes organizações hindus da Índia e de todo o mundo entre 16 e 22 de Junho.

“Querer-se livre é também querer livres os outros.”

DESEMPREGO JOVEM CHINA BATE RECORDE

UM em cada cinco jovens chineses estava desempregado em Maio, uma taxa de 20,8 por cento que é um novo recorde no país, anunciou ontem o Gabinete de Estatística da China.

A taxa, relativa aos jovens de 16 a 24 anos em áreas urbanas, tem vindo a subir nos últimos meses e atingiu 20,4 por cento em Abril, já então muito acima do valor de 13 por cento registado em 2019, antes do início da pandemia da covid-19.

Em Maio, a taxa de desemprego para a população activa no geral era de 5,2 por cento, inalterada em relação a Abril.

Na China, a taxa de desemprego é calculada apenas para áreas urbanas e, portanto, fornece apenas uma imagem parcial da situação.

Desafios globais

Gates elogia experiência da China em primeira visita ao país após pandemia

Ocofundador da Microsoft Bill Gates está na China pela primeira vez desde o início da pandemia e disse ontem que o país tem “uma experiência inestimável (…) que vale a pena partilhar com o mundo”.

Numa mensagem publicada na rede social chinesa Weibo, o bilionário elogiou a experiência da China nas áreas da “saúde, agricultura, nutrição e redução da pobreza” e disse querer “continuar a trabalhar com os parceiros chineses para dar mais contribuições para o progresso global”.

Gates chegou a Pequim na quarta-feira e, numa outra mensagem, lembrou que a Fundação Bill e Melinda Gates tem vindo a trabalhar com parceiros chineses para “responder a desafios globais de saúde e desenvolvimento há mais de 15 anos”. O filantropo sublinhou que a China “tem muita experiência” em áreas que

vão desde o “desenvolvimento de novos medicamentos contra a malária ao investimento em soluções resistentes às mudanças climáticas”.

“Para fazer face a problemas como as alterações climáticas, desigualdades na saúde e segurança alimentar, precisamos de inovação”, acrescentou Gates.

“O mundo tem feito enormes progressos na redução da mortalidade infantil e da pobreza, mas a crise mundial fez o progresso estagnar”, lamentou Bill Gates.

O empresário revelou que o próximo destino será a África Ocidental e destacou que os países africanos são “particularmente vulneráveis aos elevados preços dos alimentos, dívidas [públicas] pesadas e taxas crescentes de tuberculose e malária”.

Fila bilionária

A visita de Gates ocorre depois de outros empresários como o

director executivo da Apple, Tim Cook, e o director executivo da Tesla, Elon Musk, terem visitado a China nas últimas semanas e reunido com altos funcionários chineses.

O jornal oficial chinês Global Times escreveu que executivos de países ocidentais “visitam a China em busca de cooperação”, apesar de “os Estados Unidos e alguns dos seus aliados continuarem a adoptar uma postura hostil para conter a ascensão chinesa”.

O Departamento de Estado norte-americano confirmou, na quarta-feira, que o secretário de Estado, Antony Blinken, se irá deslocar à China, no fim de semana, onde pretende iniciar uma reaproximação diplomática com Pequim e pedir uma “gestão responsável” das tensões entre as duas grandes potências (ver págs 10-11).

Pyongyang Disparado novo míssil de origem desconhecida

A Coreia do Norte disparou um míssil balístico de conceção indeterminada na direcção do Mar do Japão, chamado Mar do Leste nas duas Coreias, anunciou ontem o exército

sul-coreano. O Estado-Maior da Coreia do Sul declarou que o lançamento ocorreu na quinta-feira à noite, mas não deu mais pormenores, segundo a agência norte-americana

AP. O lançamento norte-coreano é o primeiro desde que falhou a tentativa de colocar em órbita o seu primeiro satélite espião no final de Maio. A agência sul-coreana

Yonhap assinalou que o lançamento ocorreu numa altura em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos terminavam exercícios de fogo real em grande escala perto da fronteira coreana.

Também as vendas a retalho, o principal indicador do consumo das famílias, registaram um aumento homólogo de 12,7 por cento em Maio, inferior ao registado em Abril (18,4 por cento), de acordo com dados oficiais divulgados Gabinete.

Os analistas ouvidos pela agência Bloomberg esperavam um abrandamento mais moderado (13,7 por cento), apesar do regresso dos clientes aos centros comerciais e restaurantes nos últimos meses, na sequência do levantamento das restrições sanitárias.

A fraca procura doméstica, apesar da inflação estar perto de zero, está a atrasar a recuperação económica.

A retoma da produção industrial também desacelerou em Maio, crescendo 3,5 por cento em termos anuais, contra 5,6 por cento em Abril, com as fábricas a voltar gradualmente à capacidade total, uma evolução já prevista pelos analistas.

Por seu turno, o investimento em activos fixos também abrandou, registando entre Janeiro e Maio um aumento homólogo de 4 por cento.

sexta-feira 16.6.2023
REUTERS REUTERS PUB.
O filantropo sublinhou que a China “tem muita experiência” em áreas que vão desde o “desenvolvimento de novos medicamentos contra a malária ao investimento em soluções resistentes às mudanças climáticas”

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