Hoje Macau 08 MARÇO 2023 #5205

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E O

CONFIANÇA ESTRATÉGICA

hojemacau

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

CREATIVE | EXPOSIÇÃO ESPÍRITOS ADORMECIDOS

O relatório da ONU do Comité dos Direitos Económicos Sociais e Culturais acusa o Governo de Macau de falhas graves na garantia dos direitos laborais dos trabalhadores não residentes e na aplicação da Lei Sindical que ignora o direito à greve. O Executivo rejeita todas as críticas.

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUARTA-FEIRA 8 DE MARÇO DE 2023 • ANO XXI • Nº5205
CHINA | RÚSSIA TRABALHO | HENGQIN
GRANDE PLANO PÁGINA 5 EVENTOS PÁGINA 4
UM POEMA DE LI BAI Tradução de António Izidro
PUB. XINHUA/CAI YANG RÓMULO SANTOS
LI GONGNIAN
INVERNO Paulo Maia e Carmo
Acuso

APN RELAÇÕES CHINA-RÚSSIA EXPLICADAS PELO MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

Um exemplo a

Oministro dos Negócios Estrangeiros da China disse ontem que “quanto mais instável o mundo se torna, mais imperativo é que a China e a Rússia avancem firmemente nas suas relações. A China e a Rússia encontraram um caminho de relações, entre os principais países, caracterizado por confiança mútua estratégica e boa vizinhança, dando um bom exemplo para um novo tipo de relações internacio-

nais”. Qin proferiu estas declarações numa conferência de imprensa realizada à margem da sessão anual do 14º Assembleia Popular Nacional, que decorre desde domingo em Pequim.

“Com a China e a Rússia a trabalharem em conjunto, o mundo terá a força motriz para a multipolaridade e maior democracia nas relações internacionais, além de que o equilíbrio estratégico global e a estabilidade serão melhor assegurados”, prosseguiu Qin.

O MNE expressou ainda confiança em que, sob a orientação estratégica dos presidentes dos dois países, a parceria estratégica abrangente de coordenação China-Rússia para uma nova era avançará a um nível superior”. “A percepção e as opiniões dos EUA em relação à China estão seriamente distorcidas”, isto porque “a relação China-Rússia não é uma ameaça a nenhum país, nem está sujeita a qualquer interferência ou discórdia semeada por terceiros.”

O MNE chinês disse também que as moedas internacionais não devem ser utilizadas como “trunfo” para sanções unilaterais, e muito menos como “palavra de ordem para intimidação e coerção”.

Armas em boas mãos Além disso, ao contrário do que tem sido insinuado pelos EUA, “a China não forneceu quaisquer armas a nenhum dos lados do conflito da Ucrânia”, sublinhou Qin Gang. “Não foi a China que

criou a crise, nem uma parte directamente afectada. O que fez a China para merecer ser culpada, ou mesmo sancionada e ameaçada? Isto é absolutamente inaceitável”, disse Qin. Chamando à crise da Ucrânia “uma tragédia que poderia ter sido evitada”, Qin disse que é essencialmente uma erupção dos problemas construídos na governação da segurança da Europa. “A China faz sempre o seu próprio julgamento independentemente

ESTADOS UNIDOS USAM TAIWAN PARA CONTER A CHINA – ACUSA MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

“OS Estados Unidos deveriam deixar de conter a China explorando a questão de Taiwan e regressar ao princípio fundamental da China única”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang.

“Se os Estados Unidos esperam verdadeiramente um estreito de Taiwan pacífico, deveriam honrar o seu compromisso político com a China e opor-se inequivocamente e evitar a chamada independência de Taiwan”.

Para a paz e estabilidade através do Estreito, a sua verdadeira ameaça é as forças separatistas para a “independência de Taiwan”, enquanto a sua sólida âncora é o princípio de uma só China e os seus verdadeiros baluartes são os três comunicados conjuntos China-EUA”, disse Qin.

“A má gestão da questão de Taiwan abalará os próprios fundamentos da China-EUA. A questão de Taiwan está no cerne dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações China-EUA, e

a primeira linha vermelha que não deve ser atravessada nas relações China-EUA”, disse Qin.

Qin levantou então uma cadeia de questões que desafiam a posição de dois padrões dos Estados Unidos sobre Taiwan: “Por que é que os EUA falam longamente sobre o respeito pela soberania e integridade territorial da Ucrânia, enquanto desrespeitam a soberania e integridade territorial da China sobre a questão de Taiwan? Porque é que os EUA pedem à China para

não fornecer armas à Rússia, enquanto este país continua a vender armas a Taiwan em violação do Comunicado de 17 de Agosto?

Porque é que os EUA continuam a professar a manutenção da paz e estabilidade regionais, ao mesmo tempo que formulavam dissimuladamente um ‘plano para a destruição de Taiwan’?” “Nenhum país tem o direito de interferir nos assuntos de Taiwan, uma vez que a resolução da questão de Taiwan é assunto interno da China, disse

o ministro. “Porque as pessoas de ambos os lados do Estreito são da mesma família, a China continuará a mostrar a máxima sinceridade e a fazer os maiores esforços para alcançar a reunificação pacífica. Mas a China irá reservar a opção de tomar todas as medidas necessárias”, concluiu. “Nunca se deve subestimar a firme determinação, forte vontade e grande capacidade do governo e do povo chineses para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial”.

2 grande plano 8.3.2023 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
Não se trata de guerra, nem de venda de armas, mas de comércio intensivo e “confiança mútua estratégica” que, segundo o MNE chinês, dão um bom exemplo do que podem ser as relações internacionais. Já os EUA, para Qin Gang, nem sequer “cumprem as regras”
“As pessoas nos países em desenvolvimento têm direito a uma vida melhor, e os países em desenvolvimento têm direito a uma maior representação e a uma voz mais alta nos assuntos internacionais”,
QIN GANG MNE CHINÊS
XINHUA/CAI YANG

seguir

com base nos méritos da questão”, continuou Qin. “A China escolhe a paz em vez da guerra, o diálogo em vez das sanções, e o arrefecimento da situação em vez de alimentar as chamas”.

Observando que os esforços para as conversações de paz têm sido repetidamente minados, Qin disse que parece haver “uma mão invisível” a pressionar a escalada do conflito e a utilizar a crise da Ucrânia para servir uma certa agenda geopolítica, sublinhando que o conflito, as sanções e a pressão “não resolverão o problema”.

Segundo Qin, “o que é necessário é calma, razão e diálogo. O processo das conversações de paz deve começar o mais depressa possível”.

Países em desenvolvimento

têm palavra a dizer

“A China construirá extensas parcerias e promoverá um novo tipo de relações internacionais, disse também Qin Gang, isto porque “a China terá sempre presente os interesses do mundo, tomará parte activa na governação global e contribuirá mais para a paz e desenvolvimento mundiais e para o progresso humano”.

“A governação global deve ser promovida em conformidade com a lei e os princípios do direito internacional consagrados na Carta das Nações Unidas”, explicou Qin. “A equidade e a justiça devem ser mantidas enquanto o hegemonismo e os interesses egoístas devem ser rejeitados; a solidariedade deve ser defendida enquanto a divisão e o confronto devem ser abandonados”, acrescentou.

“Os países em desenvolvimento representam mais

“A China e a Rússia encontraram um caminho de relações, entre os principais países, caracterizado por confiança mútua estratégica e boa vizinhança, dando um bom exemplo para um novo tipo de relações internacionais.”

QIN GANG MNE CHINÊS

de 80 por cento da população mundial e contribuem para mais de 70 por cento do crescimento económico global. As pessoas nos países em desenvolvimento têm direito a uma vida melhor, e os países em desenvolvimento têm direito a uma maior representação e a uma voz mais alta nos assuntos internacionais”, disse Qin. Já quanto aos EUA, o MNE chinês mostrou-se crítico.

“Os Estados Unidos violaram o direito internacional e a prática internacional consuetudinária e criaram uma crise diplomática que

Se um dos atletas, em vez de se concentrar em dar o melhor de si, tentar sempre tropeçar ou mesmo ferir o outro, isso não é uma competição justa mas um confronto malicioso e uma falta

poderia ter sido evitada”, afirmou Qin Gang, comentando sobre o incidente da aeronave não tripulada, vulgo balão.

Um “atleta” fora das regras “Conter e reprimir a China não vai tornar os EUA grandes, e não vai parar o rejuvenescimento da China”, disse o Qin Gang. Segundo o ministro, Qin “a política dos EUA em relação à China desviou-se completamente da via racional e sólida: os EUA afirmam que procuram competir, mas que não procuram conflitos. Contudo, na realidade, a sua chamada ‘competição’ significa conter e suprimir a China em todos os aspectos, e fazer com que os dois países fiquem presos num jogo de soma zero”, disse Qin.

Comparando a China e os EUA a dois atletas que competem numa corrida olímpica, Qin disse que se um dos atletas, em vez de se concentrar em dar o melhor de si, tentar sempre tropeçar ou mesmo ferir o outro, isso não é uma competição justa mas um confronto malicioso e uma falta.

“Se os EUA têm a ambição de se tornar grandes novamente, devem também ter uma mente ampla para o desenvolvimento de outros países”, disse Qin.-terminando com um apelo à comunidade internacional para manter-se unida. “Com solidariedade e cooperação, o mundo pode vencer a COVID-19, enfrentar as alterações climáticas, combater o défice de paz, desenvolvimento, segurança e governação, e construir um mundo aberto, inclusivo, limpo e belo que desfrute de paz duradoura, segurança universal e prosperidade comum”, concluiu Qin.

Modernização à medida de cada qual

Qin Gang acredita que país deve poder escolher o seu caminho rumo ao futuro

“Amodernização chinesa fornece importantes inspirações para a modernização do mundo, especialmente dos países em desenvolvimento”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang na terça-feira. “A modernização de um país de mais de 1,4 mil milhões de pessoas será um feito sem precedentes na história da humanidade, um feito de profundo significado global em si mesmo”, acrescentou.

Qin prosseguiu delineando cinco características da modernização chinesa: “O caminho chinês para a modernização enquadra-se bem nas nossas condições nacionais”, começou Qin. “O sucesso da China prova que cada país tem o direito e a capacidade de escolher o seu próprio caminho e de manter o seu futuro firmemente nas suas próprias mãos. Colocar o povo em primeiro lugar é outra característica da modernização chinesa, uma era de prosperidade comum para todos”, segundo Qin.

“A modernização não deve servir apenas os interesses de alguns países ou indivíduos. As pessoas em todo o mundo devem usufruir dos direitos de procurar o desenvolvimento como iguais e perseguir a felicidade”, disse Qin, para quem “a modernização chinesa é dedicada à paz, desenvolvimento, cooperação e benefício mútuo, e está empenhada na harmonia entre a humanidade e a natureza”.

“É um novo caminho diferente da modernização ocidental”, prosseguiu o MNE. “É importante respeitar o direito de cada país a prosseguir um caminho de modernização adaptado à sua realidade nacional. Devem também ser feitos esforços para encorajar o intercâmbio e a aprendizagem mútua, para que todos floresçam e prosperem juntos”, disse ainda Qin. “Conversa vazia e frequentes reviravoltas políticas, como se vê em certos países, só farão do melhor projecto uma ilusão e um castelo no ar”, acrescentou.

“O processo de modernização chinês é um impulso à força de paz, justiça e progresso no mundo”, disse Qin, expressando esperança e crença de que a visão de construir uma comunidade com um futuro comum para a humanidade se tornará realidade à medida que mais países iniciarem a sua própria jornada de modernização.

Por último, “a modernização chinesa apresenta as pessoas que trabalham arduamente em unidade. Iremos perseverar na execução do plano definido até que este se torne realidade. O processo de modernização chinês é um impulso à força de paz, justiça e progresso no mundo”, concluiu Qin, expressando esperança e crença de que a visão de construir uma comunidade com um futuro comum para a humanidade se tornará realidade à medida que mais países começarem a sua própria jornada de modernização.

grande plano 3 quarta-feira 8.3.2023 www.hojemacau.com.mo

AONU expressou preocupações sobre a garantia dos direitos laborais e das condições de trabalho dos trabalhadores não residentes em Macau, conclusões contestadas ontem pelo Governo da RAEM.

As observações finais fazem parte de um relatório do Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU divulgado na segunda-feira, no qual se analisou o cumprimento do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais na China, que inclui Hong Kong e Macau.

“O comité está preocupado com a proporção considerável de trabalhadores na economia informal, como por exemplo os trabalhadores pouco qualificados nas indústrias de serviços associados ao jogo, e com o facto de os trabalhadores não estarem adequadamente cobertos pelas leis laborais e de protecção social”, de acordo com o relatório.

Por outro lado, a ONU valorizou “relatos de que os trabalhadores migrantes da construção civil e domésticos são vulneráveis a condições de exploração, tais como taxas de recrutamento, retenção de passaportes, e coerção baseada em dívidas, e que os trabalhadores domésticos são excluídos da protecção do salário mínimo”, bem

SOBRE DIREITO À GREVE E TRABALHADORES NÃO RESIDENTES Direitos em linhas tortas

A ONU alerta para a falta de protecção laboral adequada para os trabalhadores não residentes na RAEM, assim como para a ausência de protecção para quem faz greve. O Governo contesta as críticas

como “com as informações de que as crianças e os migrantes são forçados a trabalhar longas horas e são vulneráveis ao sexo forçado e ao tráfico de trabalho, incluindo a restrição da sua liberdade de circulação, ameaçados de violência e sujeitos a violência”.

Críticas lógicas

O comité das Nações Unidas notou que a Lei Básica garante o direito de formar e aderir a sindicatos e à greve, mas afirmou estar “preocupado com o facto de não ter sido aprovada legislação para regulamentar este direito, e que a lei não preveja a negociação colectiva

nem protecção específica contra retaliações sobre os trabalhadores que fazem greve”, assim como “com o facto de os empregadores e o governo estarem a influenciar certos sindicatos”.

O Governo de Macau recusa que não haja legislação concreta a proteger os trabalhadores de represálias resultantes da participação em greves

e Combate à Violência Doméstica não abranger casais do mesmo sexo, e com relatórios sobre a sua insuficiente implementação no contexto de uma taxa de casos relativamente elevada, com uma baixa investigação e uma baixa taxa de acusação”.

Por fim, no relatório salienta-se “a diminuição contínua das taxas líquidas de matrículas a nível do ensino pré-primário, que os filhos de migrantes estejam desproporcionadamente sobrerrepresentados nas taxas de não inscrição, e que as medidas tomadas (…) para aumentar estas taxas tenham sido insuficientes”.

Por isso, o comité recomenda que Macau “redobre os seus esforços para aumentar as taxas de matrícula no ensino pré-primário e intensifique os seus esforços para assegurar que os filhos de migrantes tenham igualdade de oportunidades no acesso ao ensino pré-primário de qualidade”.

Os melhores

O Governo de Macau destacou o facto de a ONU ter reconhecido “os esforços envidados (…) em relação à prevenção e combate à violência doméstica, aumento dos dias de licença de maternidade e de paternidade e estabelecimento do salário mínimo”, ainda que esta remuneração não inclua as empregadas domésticas, que são sobretudo trabalhadoras migrantes.

Outra das observações do Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU, incide no “número substancial de trabalhadores migrantes (classificados como trabalhadores não residentes), particularmente trabalhadores domésticos migrantes, estarem empregados sem contratos formais e, por conseguinte, excluídos do sistema de segurança social, e que uma série de empregadores retenha contribuições obrigatórias para o sistema de segurança social”.

Aviolência doméstica é também alvo de um sublinhado das Nações Unidas: “O comité está preocupado com o facto de a Lei sobre a Prevenção

Não faz o género

ONU denuncia sub-representação das mulheres em cargos de topo

UM relatório da ONU criticou a sub-representação das mulheres em cargos de topo na administração pública e empresas privadas, uma preocupação subscrita pelas deputadas Wong Kit Cheng e Agnes Lam.

O Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU “continua preocupado com as informações de que os estereótipos de género persistem e que a representação das mulheres em cargos superiores na administração pública e nas empresas privadas continua a ser insatisfatória”

de um determinado nível numa hierarquia. “Muito poucas mulheres conseguem chegar ao topo dos sectores público e privado. Além disso, é mais comum que os subordinados discriminem frequentemente as mulheres em papéis de liderança”, reforçou Agnes Lam, directora do Centro de Estudos de Macau.

Tectos de vidro

Quanto às preocupações expressas pelas Nações Unidas, Macau afirmou que “não é verdadeira a referência constante das Observações Finais onde se diz que ‘não há legislações concretas que protejam os trabalhadores das represálias resultantes da participação em greves’”.

Por outro lado, sublinhou que “relativamente à negociação colectiva, (…) a sociedade ainda não chegou ao consenso sobre esta matéria, sendo que as legislações vigentes também não impedem que as partes laboral e patronal procedam à comunicação e negociação a respeito das condições de trabalho e da protecção dos direitos e interesses”.

“O comité está também preocupado com a menor taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho e a concentração de mulheres em profissões tradicionalmente dominadas por mulheres, contribuindo para o fosso salarial entre homens e mulheres”, acrescenta o relatório, divulgado na segunda-feira, com as observações finais da ONU sobre o cumprimento do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais na China.

À Lusa, a antiga deputada e docente universitária Agnes Lam afirmou que «há um ‘tecto de vidro’ na sociedade de Macau”. “Tecto de vidro” é uma metáfora geralmente usada para representar uma barreira invisível que impede a ascensão profissional para além

Até à data, nunca uma mulher ocupou o cargo de chefe de Governo. Apenas uma mulher integra o Governo composto por cinco secretários e somente existem cinco mulheres entre os 33 deputados da Assembleia Legislativa.

A actual deputada no parlamento local Wong Kit Cheng disse à Lusa que “a avaliação e afirmação do trabalho e das capacidades das mulheres pode facilmente levar à injustiça e fazer a sociedade sentir que o ‘tecto de vidro’ ainda existe”.

“Além disso, devido à baixa percentagem de mulheres na tomada de decisões públicas, as políticas e leis públicas são frequentemente consideradas sem a perspectiva de integração das mulheres e das famílias, o que dificulta o desenvolvimento da igualdade de género”, acrescentou aquela que é também a vice-presidente da Associação Geral de Mulheres de Macau.

De acordo com a última base de dados das autoridades, de 2021, a proporção de mulheres em cargos de topo e directores governamentais, membros de comités consultivos e responsáveis ligados à Justiça diminuiu em comparação com o ano anterior.

4 política www.hojemacau.com.mo 8.3.2023 quarta-feira
ONU PREOCUPAÇÕES
OLGA SANTOS

HABITAÇÃO INTERMÉDIA AU KAM SAN CRITICA A AUSÊNCIA DE REVELAÇÃO DOS PREÇOS

Oex-deputado Au Kam San escreveu na rede social Facebook que a proposta de lei de habitação intermédia, actualmente a ser analisada na Assembleia Legislativa (AL), peca por não revelar os preços das casas, apresen-

tando apenas os elementos de candidatura. Au Kam San afirma, assim, que o projecto da habitação intermédia está a ser feito da mesma forma que o da habitação económica, ou seja, sem a divulgação prévia dos valores das casas. O ex-de-

putado lembrou que, depois de duas rondas de candidatura a casas económicas, em 2019 e 2021, a população continua a não saber o método de cálculo dos preços das habitações por parte do Governo, sendo essa a principal razão pela qual

Grande Baía Pansy Ho recusa ser originária de Macau ou HK

Nem de Hong Kong, nem Macau, em declarações à CCTV, Pansy Ho, filha de Stanley Ho, afirma ser uma cidadã da Grande Baía e recusa que a sua origem se possa resumir apenas às RAE. “Há pessoas que dizem que venho de Macau, outras que venho de Hong Kong, mas eu digo que a minha origem está na Grande Baía”, afirmou Pansy Ho. A milionária apontou ainda as suas raízes comuns com toda a população desta zona da China. “Dentro da Grande Baía, as pessoas das nove cidades e das duas regiões administrativas especiais bebem a água da mesma fonte do rio, partilhada há mil anos a cultura de Lingnan, e também gostamos de canja com carne de porco e ovos centenários. Somos também pessoas trabalhadores e com capacidade de resistir às adversidades”, acrescentou.

Patriotismo Chui Sai Peng apela ao fervor nacionalista

José Chui Sai Peng, deputado de Macau na Assembleia Popular Nacional, considera que o futuro da política de Macau tem de passar por consolidar a tradição “Amar o País, Amar Macau” e por uma maior integração do Interior. O também empresário, defendeu que Macau tem de assumir um papel mais importante para o país, através da prática do princípio “Um País, Dois Sistemas com características de Macau”. O deputado encontra-se actualmente a participar na Assembleia Popular Nacional reunida em Pequim. Sobre estes trabalhos, considerou que se está a assistir ao início de “uma nova era e de uma nova viagem” e que todos em Macau se devem unir para promover a diversificação da economia do território e apoiar sempre o Governo, para que este objectivo seja alcançado.

se registou uma redução do número de candidatos.

Au Kam San recordou ainda o período da Administração portuguesa, quando havia a ideia de uma habitação pública com preços acessíveis, enquanto na era

RAEM a percepção que existe é de que se trata de casas que valem milhões, sobretudo desde a entrada em vigor da nova lei de habitação económica, com o custo por pé quadrado a atingir as cinco mil patacas.

HENGQIN LEONG SUN IOK PREOCUPADO COM FUNCIONÁRIOS DE MACAU

Arestas por limar

LEONG Sun Iok está preocupado com o regime aplicável aos funcionários de Macau contratados directamente pela Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada para trabalharem em Hengiqn. O deputado teme que estes trabalhadores não possam gozar dos direitos laborais atribuídos aos funcionários públicos da RAEM e que por isso venham a ser prejudicados.

O pedido de esclarecimento sobre o futuro estatuto laboral dos trabalhadores locais contratados pela Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada faz parte de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau.

Anteriormente, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, explicou que se as pessoas não foram contratadas pela Administração Pública de Macau, mas antes pela Comissão Executiva da Zona de Cooperação

Aprofundada, da qual o Governo da RAEM faz parte, ficam sujeitas às leis laborais do Interior. Leong

pede que este aspecto seja esclarecido.

“Segundo a apresentação feita anteriormente, os candidatos recrutados pela Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada, incluindo os

residentes locais, não são funcionários públicos. Podem as autoridades ser mais específicas sobre o regime aplicável a estes trabalhadores”, questiona. “Quais são os planos em relação à remuneração, direitos

locais na Ilha da Montanha. A situação em Macau permite mais feriados e horas de descanso do que no outro lado da fronteira.

“Em relação aos funcionários públicos que estiverem a exercer as suas funções na Zona de Cooperação Aprofundada foi adiantado que os seus dias de descanso vão ser definidos de acordo com os dias de descanso do Interior. Uma vez que os dias de descanso e os horários de trabalho são diferentes em Macau e no Interior, como é que as autoridades vão proteger os interesses destes funcionários públicos face a estas diferenças”, é perguntado.

“Quais são os planos em relação à remuneração, direitos laborais e segurança no emprego?”

Por último, Leong está também preocupado que quem decidir trabalhar e viver na Ilha da Montanha possa ser prejudicado em relação a alguns subsídios atribuídos em Macau. Actualmente, há alguns apoios sociais, como as candidaturas à habitação social, que exigem que as pessoas passem pelo menos 183 dias por ano no território para serem ajudadas.

laborais e segurança no emprego?”, acrescentou.

Protecção local

Outro aspecto que Leong Sun Iok questiona, é o dos horários de trabalho e descanso dos trabalhadores

Leong Sun Iok pede garantias do Governo sobre uma solução para que se considere que os habitantes na Ilha da Montanha ficam abrangidos por estes subsídios e que o facto de não estarem em Macau não os vai prejudicar.

João Santos Filipe

política 5 www.hojemacau.com.mo quarta-feira 8.3.2023
O deputado ligado à FAOM está preocupado que os residentes a trabalhar para a Comissão Executiva da Zona de Cooperação Aprofundada tenham menos feriados, horas de descanso e férias do que os funcionários públicos
LEONG SUN IOK DEPUTADO
RÓMULO SANTOS LUSA

Apolítica de proibição de fumar na maior parte dos espaços públicos e privados em Macau não está a fazer com que a população masculina fume menos. A conclusão faz parte de um estudo publicado da revista Investigação Ambiental e Saúde Pública, no mês passado, com o título: “Proibições de Fumar e Mortalidade Relacionada com Doenças do Sistema Respiratório em Macau (China)”.

Na conclusão do trabalho, é apontado que “as proibições de fumar em Macau não conseguiram de forma bem sucedida alcançar os objectivos a nível da saúde pública entre a população masculina”.

A tese é sustentada com base nos números da mortalidade. “Havia a esperança que a proibição total de fumar nos casinos de Macau ajudasse muitos dos trabalhadores a deixarem de fumar”, é indicado. “No entanto, e apesar de por fim a proibição de fumar ter sido implementada, nem a taxa de homens que fumam em Macau desceu significativamente nem a mortalidade relacionada a esta”, é acrescentado.

Os resultados são diferentes no que diz respeito à população feminina, em relação à qual os investigadores apontam que a política tem sido bem-sucedida a mais do que um nível.

Menos fumo

Para o facto de as mulheres “terem obtido benefícios substanciais a ní-

ESTUDO POLÍTICA DE PROIBIÇÃO DE TABACO ESTÁ A FALHAR ENTRE OS HOMENS

E não largam o cigarro

vel de saúde” com as proibições de fumar os investigadores têm duas explicações.

A primeira passa pelo facto de a população feminina ter deixado de fumar com a proibição. “As mulheres podem ter beneficiado de terem deixado de fumar, devido às políticas públicas de incentivo e apoio, o que é provado pela existência pela redução da taxa de fumadoras, após a implementação da política de proibição total”, é indicado.

“Nem a taxa de homens que fumam em Macau desceu significativamente nem a mortalidade relacionada a esta.”

O segundo motivo, tem a ver com os benefícios do fim do fumo passivo e é apontado com base nas conclusões de outros estudos.

“Depois da proibição de fumar nas comunidades locais, a população feminina tende a recolher mais benefícios extra por estar menos exposta ao fumo passivo”, é vincado. “Em particular, a redução da exposição ao fumo passivo entre os não fumadores pode levar a uma diminuição dos enfartes agudos do miocárdio”, é acrescentado.

Face a estes resultados, a equipa composta por Peng Xinxin, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia, Tao Xiaolei, da Universidade de Tecnologia de Jiangsu e Chen Yijun, da Universidade de Macau, aconselham o Governo a focar-se em medidas para reduzir o consumo de tabaco entre a população masculina. João Santos Filipe

Creche Pedido a pais que passem mais tempo com filhos

Restauração Contratar continua difícil

Gripe Infecção colectiva em turma

Cheang Pou I, directora da creche “O Lago” da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, apelou aos pais para passarem mais tempo com os filhos ao ar-livre. O objectivo passa

por ensinar as crianças a voltarem à vida normal, agora que as restrições da pandemia foram drasticamente reduzidas. Segundo o jornal Ou Mun, a responsável recordou nos últimos

três anos as crianças foram criadas a pensar na pandemia, com a preocupação de utilizar sempre máscara, evitar o contacto social e passar a maior parte do tempo em casa. Além disso, em casa, as crianças passavam grande parte do tempo a utilizar produtos electrónicos. Agora Cheang Pou I defende que os pais têm de ensinar as crianças a conviver normalmente, o que passa por levá-las a fazer actividades ao ar-livre.

Fong Kin Fu, vice-presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, revelou que o sector continua a enfrentar dificuldades para colmatar a falta de mão-de-obra. Citado pelo jornal Ou Mun, Fong Kin Fu justificou que a maioria dos comerciantes não consegue competir com as ofertas das grandes empresas, apesar de estar a oferecer melhores salários e outras regalias. Sobre a falta de mão-de-obra, o dirigente associativo reconheceu que os processos de contratação de trabalhadores não residentes pela Pequenas e Médias Empresas (PME) continuam a demorar muito tempo. Além disso, Fong identificou uma nova tendência de algumas pessoas no Interior não quererem vir trabalhar para Macau. Outra das dificuldades vividas pelas PME, passa pelos residentes locais terem mais vontade de trabalhar em empresas de grande dimensão, ou de escolher outros trabalhos como taxista ou vendedor, em que o rendimento aumenta de acordo com a eficiência. Ainda assim, Fong deixou o desejo de que a situação seja ultrapassada.

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) detectaram, esta segunda-feira, um caso de infecção colectiva de gripe numa turma do segundo ano do ensino secundário da escola Estrela do Mar. Assim, oito alunos, seis rapazes e duas raparigas, com idades

compreendidas entre os 14 e os 15 anos, registaram sintomas de gripe, tal como febre, dor de garganta e tosse. Alguns doentes foram submetidos a diagnóstico e tratamento médico em instituições hospitalares, não tendo sido registados casos graves nem de internamento. O caso continua a ser analisado pelos SSM, tendo a escola procedido à limpeza e desinfecção dos espaços para evitar a propagação do vírus da gripe.

6 sociedade 8.3.2023 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
Apesar das medidas de proibição de consumo de tabaco em vários locais, e em especial nos casinos, os efeitos junto da população masculina pouco se fazem sentir. Entre a população feminina, a medida está a gerar os efeitos desejados
CARLOS GARCIA RAWLINS / REUTERS

SJM Perdas chegam aos 7,8 mil milhões de dólares de Hong Kong

A concessionária do jogo SJM Holdings anunciou ter perdido cerca de 7,8 mil milhões de dólares de Hong Kong no ano passado, tendo os prejuízos aumentado 88,2 por cento. A Sociedade de Jogos de Macau Holdings Ltd., sublinhou que este valor inclui uma perda contabilística de 1,2 mil milhões de dólares de Hong Kong devido à renovação do hotel-casino Jai Alai, de acordo com um comunicado, enviado na segunda-feira, à bolsa de valores de Hong Kong. No ano passado, as seis operadoras de jogos em casino em Macau registaram prejuízos de 4,1 mil milhões de euros, ou mais 17,5 por cento do que no ano anterior. Desde 2020, as concessionárias - MGM, Galaxy, Venetian (Sands), Melco, Wynn e SJM - acumularam prejuízos de 12,7 mil milhões de euros devido às rigorosas medidas de prevenção e contenção da pandemia. As operadoras de casinos no território registaram perdas de 3,5 mil milhões de euros em 2021 e de 5,09 mil milhões de euros em 2020 – um valor recorde, de acordo com cálculos feitos pela Lusa.

Turismo Programa de Avaliação abre candidaturas dia 16

Os sectores da restauração e de agências de viagens podem candidatar-se ao Programa de Avaliação de Serviços Turísticos de Qualidade entre os dias 16 e 31 de Março, inscrevendo-se no portal da Indústria Turística de Macau. Trata-se de uma iniciativa criada em 2014 e retomada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) após a estabilização da pandemia e a “recuperação gradual das actividades socioeconómicas”. Assim, as empresas com o mínimo de um ano de actividade no território podem candidatar-se a este programa que oferece 100 vagas para o sector da restauração e 30 para o sector das agências de viagens. O projecto “pretende incentivar e apoiar o sector a elevar a qualidade dos serviços”, destaca a DST.

Trabalho Rendimentos femininos em queda

Cerca de 62 por cento das mulheres em Macau viram os seus rendimentos afectados durante o período do controlo da pandemia, de acordo com um inquérito feito pela Comissão das Mulheres da Federação das Associações dos Operários. Os resultados do inquérito com 878 respostas válidas foram apresentados ontem. Além disso, a maioria das residentes mostrou-se preocupada com as perspectivas de emprego, por temer o impacto para os seus rendimentos. Por outro lado, 67 por cento das inquiridas reconheceram que além de trabalhar têm de tomar conta das crianças ou de idosos. E entre 67 por cento, a maioria indicou que tem a seu cargo duas ou mais pessoas.

PORTUGAL ESTUDANTES DE MACAU SOFREM COM AUMENTO DAS RENDAS

Os bolsos não aguentam

Well Lai, presidente da Associação dos Estudantes

Luso-Macaenses, sediada em Lisboa, adianta que os estudantes da RAEM em Portugal também sofrem com o aumento das rendas, sobretudo em Lisboa. A estudante de Direito acredita que o Governo de Macau poderá aumentar o subsídio de alojamento actualmente atribuído

em Macau já não são tão boas como antes. Mas acho que na área do Direito ainda existem muitas pessoas interessadas em voltar para Macau. Em áreas como as línguas, os estudantes têm de tirar mais um curso de mestrado para serem mais competitivos face aos outros alunos, porque penso que é um mercado que já está um pouco saturado.”

A Grande Baía poderá dar “mais possibilidades de emprego”, mas é ainda grande o desconhecimento dos estudantes em relação ao projecto. “Penso que vai ser algo bom para tentarmos encontrar emprego. Mas no meu caso ainda considero que Macau é a minha casa. Posso trabalhar na Grande Baía, mas não pretendo viver lá”, adiantou a jovem estudante, que já está no quarto ano de Direito.

Aenorme procura que se tem feito sentir no mercado do imobiliário em Portugal, mas sobretudo nas grandes cidades como Lisboa e Porto, tem gerado um grande aumento das rendas, com consequentes dificuldades de habitação para a maioria dos portugueses. Apesar de receberem um subsídio de alojamento mensal de cerca de 3.300 patacas, os estudantes da RAEM em Portugal também têm sofrido com estes aumentos.

Quem o diz é Well Lai, estudante de Direito na Universidade Católica Portuguesa e presidente da Associação dos Estudantes Luso-Macaenses (AELM).

“Recebemos um subsídio mensal de alojamento, mas este não cobre o valor total da renda. Cobre cerca de 75 por cento, sendo de quase 300 euros [3.300 patacas]. Sei que as rendas subiram bastante nos últimos tempos e há estudantes que vivem nas residências universitárias e as rendas também são muito caras. Antes recebíamos menos do subsídio, mas os membros do Governo perguntaram-nos se tínhamos dificuldades e alguns estudantes relataram o aumento das rendas, e

houve um aumento mensal de 300 patacas. Se as rendas continuarem a subir é possível que venham a aumentar o subsídio”, disse ao HM.

Neste momento alugar um T2 no centro de Lisboa, por exemplo, pode chegar aos 1.500 euros [cerca de 13 mil patacas], e um estúdio não custa menos de 800 ou 900 euros [entre sete a oito mil patacas].

Criada em 2013 para estabelecer um elo de ligação entre os estudantes de Macau e os portugueses, a AELM dedica-se hoje a realizar diversas actividades de intercâmbio que visam unir mais os residentes a Portugal. Pelo meio, o contacto com entidades como a

“Sei que as rendas subiram bastante nos últimos tempos e há estudantes que vivem nas residências universitárias e as rendas também são muito caras”

Delegação Económica e Comercial de Macau ou a Casa de Macau em Lisboa tem sido frequente.

Hoje, são cerca de 70 os membros da AELM, com 15 vogais no activo, conta Well Lai. Os maiores desafios de sair de Macau para estudar em Portugal, relata a presidente, continuam a ser a saída “da zona de conforto” e o contacto diário com a língua.

“Mesmo com alguns cursos de português em Macau, nem todos os estudantes os frequentam e há licenciaturas com uma linguagem mais técnica. A maior parte dos estudantes que estão em Portugal recebem bolsa do Governo de Macau e temos um curso de preparação, o chamado ano zero. Mas muitas vezes um ano não é suficiente, nos casos dos cursos de Direito ou Tradução.”

Mercado algo saturado

Well Lai pretende exercer advocacia quando voltar a Macau e confessa que, nessa área, há ainda vagas de trabalho, mas teme que seja mais difícil encontrar trabalho em relação aos anos pré-pandemia.

“Depois da pandemia as oportunidades de encontrar trabalho

Alugar um T2 em Lisboa, por exemplo, pode chegar aos 1.500 euros [cerca de 13 mil patacas], e um estúdio não custa menos de 800 ou 900 euros [entre sete a 8 mil patacas]

Durante a pandemia a associação foi fundamental nos contactos com as autoridades de Macau para que os estudantes regressassem temporariamente a casa. No caso de Well Lai, a estadia em Macau fez-se por um ano e meio, tendo continuado a ter aulas online. Relativamente a eventos para este ano, a AELM pretende organizar algumas conferências e mesas redondas. Na última sexta-feira, decorreu mais uma edição do evento “Bem-vind@ à Ásia”, que incluiu a “Feira de Macau” e uma conferência sobre “o exercício da profissão jurídica em Macau”.

sociedade 7 quarta-feira 8.3.2023 www.hojemacau.com.mo
WELL LAI PRESIDENTE DA AELM

O lugar onde Li Gongnian viu a chegada do Inverno

WANG WEI (701-761) concebeu uma situação descrita em dois versos cujo poder de sugestão perduraria como um desafio que se desdobrava na imaginação dos leitores, que podem ser traduzidos como:

Caminho até onde as águas terminam, E sento-me a observar as nuvens surgindo. Song Lizong (1205-1264), o imperador poeta dos Song do Sul, interpretaria esses versos, com os traços fluentes da sua caligrafia em cursivo (xingshu) de caracteres angulares bem espaçados, como solicitação de uma pintura que Ma Lin (1180-1256) executaria na página em frente de um álbum que se encontra no Museu de Arte de Cleveland (tinta sobre seda, 25,1 x 25,3 cm) com o título; Erudito reclinado a observar as nuvens surgindo. A sugestiva suavidade e economia da reelaboração mental de cenários realmente vistos, além de característica do pintor, estão presentes noutras

pinturas da mesma época, em particular em figurações que dialogavam com visões utópicas que se integravam no debate sobre a natureza do poema Fonte dos pessegueiros (Taoyuan) de Tao Yuanming (365-427). Se alguns privilegiaram representações fantásticas de aspecto invulgar, outros preferiam a serenidade despojada de lugares desertos. Foi o caso de um pintor activo no início do século XII, de quem hoje só se conhece uma pintura; Paisagem de Inverno ao entardecer (c. 1120, rolo vertical, tinta e cor sobre seda,129,6 x 48,3 cm no Museu de Arte da Universidade de Princeton) chamado

Li Gongnian. No tratado Xuanhe Huapu do tempo do imperador Huizong (r. 1100-1126) as suas pinturas são descritas como «semelhantes a formas de objectos que aparecem e desaparecem num vasto vazio, pairando entre a existência e o nada.» Entre altas montanhas, as minúsculas figuras de um pescador com o seu barco e um literato sentado com um criado junto dele serão meras alusões porque quem está realmente mergulhado naquela visão é o observador da pintura.

No Xuanhe Huapu vem um aviso aos pintores eremitas e eruditos «perigosamente apaixonados por nascentes e pedras, com uma incurável fraqueza por névoas e nuvens.»

As suas pinturas «não se conseguiriam vender na rua; não correspondem ao gosto da gente comum.»

Li Gongnian consegue nessa pintura alcançar a sensação de imponderável leveza semelhante à que, como se diz no clássico Zhuangzi, Liezi experimentou ao viajar no vento e que no texto atribuído a Lie Yukou (c. séc V a. C.) diz:

Vadiei no vento Leste ou Oeste como uma folha de árvore ou uma casca seca sem nunca saber se era o vento que me levava ou era eu que arrastava o vento.

É possível que essa nova percepção dos pintores dos Song do Sul tenha sido influenciada pelo abandono forçado da antiga capital Kaifeng e o estabelecimento da dinastia em Hangzhou, onde o céu espelhado no Lago do Oeste rodeia o atento observador por todos os lados. Mas nem todos estavam atentos. No Xuanhe Huapu vem um aviso aos pintores eremitas e eruditos «perigosamente apaixonados por nascentes e pedras, com uma incurável fraqueza por névoas e nuvens.» As suas pinturas «não se conseguiriam vender na rua; não correspondem ao gosto da gente comum.»

Um poema de Li Bai

把酒問月

青天有月來幾時 我今停杯一問之 人攀明月不可得 月行卻與人相隨 皎如飛鏡臨丹闕 綠煙滅盡清輝發 但見宵從海上來 寧知曉向雲間沒 白兔搗藥秋復春 嫦娥孤棲與誰鄰 今人不見古時月 今月曾經照古人 古人今人若流水 共看明月皆如此 唯願當歌對酒時 月光長照金樽裏

BEBO E PERGUNTO À LUA

Poiso a taça e páro de beber para perguntar: quando surgirás, ó Lua, ali no céu azul? Sei que não te alcanço, trepando pelo luar, a ti, que a todos guardas, seja a norte ou a sul.

Límpido espelho, sobre rubros palácios brilhas, resplandecente, esvais o verde véu da neblina; de um escuro mar, na noite ergues-te menina p’ra na aurora te ocultares na névoa que polvilhas.

Primaveras e outonos, ano após ano, sem cessar, no elixir dos imortais, está o Coelho a laborar,1 mas quem poderá a solidão de Chang E aliviar?2

Gente de hoje que a Lua de ontem não viram, essa mesma Lua que os de ontem vislumbraram, gerações escorrem como as águas de um rio e, contudo, um dia houve em que todos te fitaram.

Só espero, enquanto bebo – e à Lua eu devoto o meu cantar –, que na taça do meu vinho, branca Lua, nunca deixes de brilhar.

Notas

1. Coelho O animal inseparável da festividade de Outono. Na mitologia chinesa simboliza a Lua; os dois elementos presentes na milenar tradição das lanternas de papel, em forma de coelho, com que as crianças se divertem, e no bolo característico que se come na noite de Quinze de Lua. Segundo a mitologia, na Lua, o coelho esmaga com um pilão ervas medicinais para elaborar o elixir da imortalidade.

2. Chang-E Deusa que voou da Terra para a Lua, depois de se ter apropriado da pílula da imortalidade de um imperador.

VIA do MEIO 8.3.2023 quarta-feira 8
LI GONGNIAN, PAISAGEM DE INVERNO AO ENTARDECER
Tradução de António Izidro

NA MAIS alta Antiguidade não existiam regras; a Suprema Simplicidade ainda não se divisava.

Assim que se divisa a Suprema Simplicidade, a regra estabelece-se.

Em que se fundamenta a regra? A regra fundamenta-se no Traço Único do Pincel.

O Traço Único do Pincel é a origem de todas as coisas, a raiz de todos os fenómenos; a sua função é manifesta para o espírito, e escondida no homem mas o vulgo ignora-o.

É por si própria que se deve estabelecer a regra do Traço Único do Pincel.

O fundamento da regra do Traço Único do Pincel reside na ausência de regras que engendra a Regra; e a Regra que assim se obtém abraça a multiplicidade das regras.

A pintura emana do intelecto; quer se trate da beleza dos montes, rios, personagens e coisas, ou se trate da essência e do carácter dos pássaros, dos bichos, das ervas e das árvores, ou se trate das medidas e proporções dos viveiros, dos pavilhões, dos edifícios e das esplanadas, não se poderá penetrar as razões nem esgotar os aspectos variados, se no fim de contas não se possuir essa medida imensa do Traço Único do Pincel.

Por mais longe que vás, por mais alto que subas, precisas de começar por um simples passo. Também o Traço Único do Pincel abraça tudo até ao longe mais inacessível e

O traço único do pincel

entre dez mil milhões de acções do pincel, não existe uma em que o começo e o acabamento não residam finalmente neste Traço Único do Pincel cujo controle não pertence senão ao homem.

Por meio do Traço Único do Pincel o homem pode restituir em miniatura uma entidade maior sem que nada se perca; a partir do momento em que o espírito se forma uma visão clara, o pincel irá até à raiz das coisas. Se se pinta com um pulso livre, as falhas de pintura seguir-se-ão; e estas falhas, por sua vez, farão com que o pulso perca todo o seu à vontade. As voltas do pincel devem ser arrebatadas por um movimento, e a untuosidade deve nascer dos movimentos circulares ao mesmo tempo reservando uma margem para o espaço. Os finais do pincel devem ser trincheiras e os ataques incisivos. É preciso ser igualmente hábil nas formas circulares ou angulares, direitas ou curvas, ascendentes e descendentes; o pincel vai à esquerda, à direita, em relevo, em vazio, brusco e decidido, interrompe-se abruptamente, alonga-se, oblíquo, tal como a água, ele desce até às profundezas tão depressa como se levanta em altura

tal uma chama e tudo isso com naturalidade e sem forçar o mínimo do mundo. Que o espírito esteja presente em todo o lado e a regra enformará tudo; que a razão penetre em todo o lado e os aspectos mais variados poderão ser expressos. Abandonando-se à vontade da mão, com um gesto, agarra-se a aparência formal tão bem como o ímpeto interior dos montes e dos rios, de personagens e objectos inanimados, de pássaros e de bichos, das ervas e das árvores, de viveiros e de pavilhões de construções e de esplanadas, pintar-se á a partir da natureza onde se sondará a significação, exprimir-se-á o carácter e reproduzir-se-á a atmosfera, revelar-se-á na sua totalidade ou sugerir-se-á elipticamente. Mesmo quando o homem não compreender a execução, tal pintura responderá às exigências do espírito.

Porque a Suprema Simplicidade se dissolveu também a Regra do Traço Único do Pincel se estabeleceu. Descobre-se a infinidade das criaturas uma vez estabelecida esta Regra do Traço Único do Pincel. É por isso que já foi dito: “ A minha via é a da Unidade que abraça o Universal”.

VIA do MEIO 8.3.2023 quarta-feira 9
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SHITAO, VOLTANDO A CASA

ECONOMIA COMÉRCIO EXTERNO VOLTA A CONTRAIR NOS DOIS PRIMEIROS MESES DO ANO

Pedras no caminho

Ocomércio externo chinês voltou a contrair em Janeiro e Fevereiro, afectado pela queda na procura global, suscitada pela subida das taxas de juro nos Estados Unidos e Europa, que visa travar a inflação galopante.

As exportações chinesas caíram 6,8 por cento, em termos homólogos, para 506,3 mil milhões de dólares, segundo dados das alfândegas chinesas publicados ontem. Trata-se, ainda assim, de uma melhoria, face à queda de 10,1 por cento, registada em Dezembro.

As importações caíram 10,2 por cento, para 389,4 mil milhões de dólares, aprofundando a contracção de 7,3 por cento, registada no mês passado. O excedente comercial da China nas trocas com o resto do mundo subiu 0,8 por cento, em termos homólogos,

O Partido Comunista

Chinês está a tentar estimular o consumo interno para reduzir a dependência das exportações e investimento em grandes obras públicas

nos dois primeiros meses do ano, para 116,9 mil milhões de dólares.

A queda na procura global por bens chineses enfraqueceu, à medida que a Reserva Federal dos Estados Unidos e o Banco Central Europeu aumentaram, consecutivamente, as taxas de juro, visando travar a inflação galopante. Isto torna o crédito mais caro e enfraquece o consumo.

“Não esperamos que as exportações recuperem”, afirmou Iris

ECONOMIA SRI LANKA ANUNCIOU QUE PEQUIM ACEITOU RENEGOCIAR EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS

AChinaaceitou renegociar os empréstimos concedidos ao Sri Lanka, anunciou ontem o Presidente da ilha, decisão que remove o obstáculo final a um pacote de resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Banco de Exportações e Importações chinês (China Exim) escreveu ao FMI, na segunda-feira, para informar o fundo que Pequim pretendia “reestruturar” os empréstimos ao Sri Lanka, disse o Presidente cingalês, Ranil Wickremesinghe.

Perante o parlamento, em Colombo, Wickremesinghe disse esperar que a primeira parcela do resgate do FMI, no valor total de 2,9 mil milhões de dólares, chegue ainda este mês. “Assim que a carta do China Exim foi enviada ao FMI, assinei a carta de

intenções do Sri Lanka para seguir o programa do FMI”, disse o Presidente.

A ilha do sul da Ásia, com 22 milhões de habitantes, deixou de cumprir os pagamentos de uma dívida externa de 46 mil milhões de dólares emAbril de 2022. Pouco mais de 14 mil milhões de dólares do total da dívida externa constituem dívidas bilaterais a governos estrangeiros, dos quais 52 por cento à China.

Para obter o resgate do FMI e restaurar as finanças públicas do Sri Lanka, o Governo de Wickremesinghe

impôs aumentos de impostos, acabou com subsídios à gasolina e à electricidade e pretende vender empresas estatais deficitárias. O Sri Lanka vive uma crise económica sem precedentes que causou meses de escassez de alimentos e combustível.

A crise originou protestos violentos, que culminaram em Julho com a invasão por parte de milhares de manifestantes da residência do então Presidente, forçando Gotabaya Rajapaksa a exilar-se.

Wickremesinghe assumiu interinamente a presidência e acabou por ser eleito pelo parlamento como nono Presidente do Sri Lanka em 20 de Julho, tendo tomado posse no dia seguinte.

Desde então, o Governo prendeu vários líderes das manifestações.

Pang, analista do banco holandês ING, num relatório.

Novas metas

A queda nas exportações complica os objectivos de Pequim de reanimar o crescimento económico, que caiu no ano passado para 3 por cento, o segundo ritmo mais lento desde a década de 1970.

Pequim estabeleceu para este ano uma meta de crescimento de “cerca de 5 por cento”. O Partido Comunista Chinês está a tentar estimular o consumo interno para reduzir a dependência das exportações e investimento em grandes obras públicas.

Um aumento da procura chinesa seria um impulso para os fornecedores globais, numa altura em que as vendas nos EUA, Europa e Japão estão em queda. Nos últimos anos, por exemplo, a China absorveu quase um terço das exportações brasileiras. As

DIPLOMACIA XI JINPING CONDENA “CONTENÇÃO E REPRESSÃO” DO OCIDENTE À CHINA

OPresidente chinês, Xi Jinping, condenou ontem o que classificou como “contenção e repressão” exercidas pelo Ocidente contra o país, de acordo com declarações citadas pela imprensa oficial.

As relações da China com os Estados Unidos e vários países europeus deterioraram-se, nos últimos anos, face a questões de direitos humanos, comércio, tecnologia, acusações de espionagem ou diferendos sobre o estatuto de Hong Kong e Taiwan.

Isto resultou na imposição de sanções contra entidades e líderes chineses, suscitando uma retaliação por parte de Pequim.

“O ambiente de desenvolvimento externo da China passou por transformações rápidas e factores incertos e imprevisíveis que aumenta-

ram muito”, disse Xi Jinping, citado pela agência de notícias oficial Xinhua.

“Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, implementaram uma política de contenção, cerco e repressão contra a China”, descreveu. “Isto gerou desafios sem precedentes para o desenvolvimento do nosso país”, admitiu.

As observações do líder, de 69 anos, que está prestes a obter um terceiro mandato presidencial inédito, foram feitas durante um encontro com membros de um comité consultivo, à margem da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

Xi Jinping disse que os últimos cinco anos foram marcados por um novo conjunto de obstáculos, que ameaçam

abrandar a ascensão económica do país asiático.

As relações entre a China e os EUA atingiram um período particularmente tenso no mês passado, depois de um alegado balão de espionagem chinês ter sido abatido pelos militares norte-americanos.

O caso forçou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a adiar uma visita à China.

Em nome de uma suposta ameaça à segurança, os Estados Unidos multiplicaram nos últimos meses as sanções contra fabricantes de ‘chips’ semicondutores chineses, agora impedidos de adquirir tecnologia norte-americana e de países aliados, incluindo Japão e Holanda.

Os semicondutores são essenciais no fabrico de alta tecnologia.

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O ambiente económico exterior e a constante subida das taxas de juro complicam o desenvolvimento económico do país, que, no entanto, apresentou melhores resultados face ao mesmo período do ano transacto

Região

PYONGYANG IRMÃ DE KIM JONG-UN AVISA

Airmã do líder da Coreia do Norte avisou ontem que o país está pronto para tomar “medidas rápidas e esmagadoras” contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul.

A reacção de Kim Yo-jong surgiu depois de um avião norte-americano com capacidade nuclear ter sobrevoado na segunda-feira a península da Coreia, no âmbito de um exercício conjunto com aeronaves de guerra sul-coreanos.

Kim Yo-jong não descreveu quais as acções planeadas, mas a Coreia do Norte tem vindo a testar frequentemente mísseis em resposta aos exercícios militares de Washington e Seul, os quais interpreta como um ensaio

para preparar uma invasão. “Estamos atentos aos movimentos militares das forças dos EUA e dos militares fantoches sul-coreanos e estamos sempre em alerta para tomar medidas apropriadas, rápidas e esmagadoras em qualquer altura, de acordo com a nossa análise”, disse Kim Yo-jong, num comunicado citado pelos meios de comunicação estatais. “Os movimentos militares e todo o tipo de retórica por parte dos EUAe da Coreia do Sul, que são tão frenéticos a ponto de não serem ignorados, proporcionam sem dúvida [à Coreia do Norte] condições para ser forçada a fazer algo para os enfrentar”, acrescentou.

A Coreia do Sul disse que estes exercícios demonstraram a capacidade dos aliados para dar uma resposta decisiva a potenciais agressões norte-coreanas.

Num outro comunicado, também divulgado ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte classificou a acção com o bombardeiro B-52 dos EUA uma provocação imprudente que empurra a situação na península «para o pântano sem fundo». Na mesma nota, as autoridades norte-coreanas sublinharam não existirem «garantias de que não haverá um conflito físico violento» se as provocações militares dos EUA e da Coreia do Sul continuarem.

VÍTIMAS sul-coreanas de trabalhos forçados em tempo de guerra por empresas do Japão rejeitaram ontem a proposta do Governo da Coreia do Sul para pagar indemnizações sem o envolvimento directo das companhias japonesas.

“Não aceitarei o dinheiro mesmo que morra à fome”, disse Yang Geum-deok, 94 anos, durante uma conferência de imprensa realizada no âmbito de um protesto na Assembleia Nacional, em Seul, citada pelo jornal The Korea Times.

Yang reagia à proposta do Governo, divulgada na segunda-feira, de compensar as vítimas através de uma fundação pública financiada por empresas coreanas, em

vendas a retalho e outros dados económicos começaram a melhorar, depois de as autoridades terem desmantelado, em Dezembro passado, a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que deprimiu a actividade económica.

A economia também está sob pressão devido a uma campanha para reduzir os níveis de alavancagem no sector imobiliário, um importante motor de crescimento da economia chinesa.

A China relata os dados comerciais referentes a Janeiro e Fevereiro juntos para filtrar o efeito do feriado do Ano Novo Lunar, que calha em datas diferentes nos dois primeiros meses do ano. As exportações para os Estados Unidos caíram 21,8 por cento, em relação ao ano anterior, para 71,6 mil milhões de dólares. As importações de produtos norte-americanos caíram 5por cento, para 30,3 mil milhões de dólares.

O excedente comercial politicamente sensível com os Estados Unidos diminuiu 30,9 por cento, para 41,3 mil milhões de dólares.

As importações da Rússia, principalmente petróleo e gás, aumentaram 31,3por cento, em relação ao ano anterior, para 18,6 mil milhões de dólares.As exportações para a Rússia aumentaram 19,8 por cento para 15 mil milhões de dólares.

vez das empresas japonesas responsáveis pelos trabalhos forçados. O Japão ocupou a península coreana entre 1910 e 1945, e sujeitou muitos coreanos a trabalhos forçados em empresas como a Mitsubishi ou a Nippon Steel durante a Guerra do Pacífico (1941-1945), a extensão asiática da Segunda Guerra Mundial.

Seul diz que cerca de 780 mil coreanos foram sujeitos a trabalhos forçados durante os 35 anos de ocupação japonesa, não incluindo mulheres que foram forçadas à escravidão sexual, segundo a agência francesaAFP. Tóquio considera que a questão das compensações foi resolvida pelo tratado de 1965, que normalizou as relações entre o Japão e a Coreia do Sul.

Nos termos do tratado, Tóquio transferiu para Seul 800 milhões de dólares em diferentes pacotes de ajuda económica e empréstimos, a título de compensações pela ocupação ilegal da península. Apesar de Tóquio considerar que o tratado abrange as compensações individuais, o Supremo Tribunal sul-coreano ordenou, em 2018, que as empresas japonesas indemnizassem directamente as vítimas.

O plano de Seul não implica um pedido de desculpas do Japão, como exigem as vítimas, e sugere contribuições voluntárias das empresas japonesas envolvidas nos trabalhos forçados para o fundo de compensação.

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ESMAGADORA
JAPÃO
WASHINGTON E SEUL PARA RESPOSTA
SEUL VÍTIMAS DE TRABALHO FORÇADO NO
REJEITAM PLANO DE COMPENSAÇÕES
Pequim estabeleceu para este ano uma meta de crescimento de “cerca de 5%”

Anova exposição da Creative Macau aposta em mais um talento local e volta a fazer referência aos tempos duros da pandemia. Em “Awaken and To Be Continued” [Desperta e em Continuação] Yaya Vai, natural de Macau, expõe, a partir de quinta-feira e até 4 de Abril, trabalhos de pintura e instalações artísticas que revelam estados de espírito de quem ainda precisa recuperar de tudo o que aconteceu nos últimos três anos.

“As pessoas desejam que tenha sido apenas um sonho aquilo que aconteceu nos últimos anos. Se é tempo

CREATIVE MACAU YAYA VAI EXPÕE OBRAS A PARTIR DE QUINTA-FEIRA

Arte no limbo

LIVRO BIOGRAFIA DE CHARLIE WATTS

Abiografia do baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts, “Charlie’s Good Tonight”, do jornalista britânico Paul Sexton, a partir de entrevistas com familiares e amigos do baterista, bem como de outros músicos, foi ontem lançada em Portugal. De acordo com a editora Harper Collins, em comuni -

cado, a biografia, “oficial e autorizada” de Charlie Watts é “baseada em novas entrevistas com os seus familiares, amigos e colegas da banda — Mick Jagger, Keith Richards e Ronnie Woods”.

Ao longo de 352 páginas, recorda-se aquele que “durante quase seis décadas - apesar das lutas, dos altos e baixos

de acordar, estás pronto para isso? Seria como o termo solar ‘O despertar dos insectos’, quando a natureza se torna viva de novo depois de um período de hibernação. No entanto, se o ambiente mudou, o que precisamos é de nos prepararmos e seguir em frente. Qual é o teu plano e esperança para o futuro?”, explica-se numa nota. Yaya Vai acrescenta que, nos últimos anos, “tem havido muitos desconhecidos” em si mesma, com a vida a parecer “estagnada, sem uma porta de saída”. “Parece demasiado a ideia de ‘Vamos!’ para que eu siga em frente. Honestamente, ainda estou numa fase entre

DOS ROLLING STONES EDITADA ONTEM EM PORTUGAL

e das vicissitudes da banda, tanto no palco como fora dele — foi um pilar fundamental dos Rolling Stones”. Charlie Watts, que entrou para os Rolling Stones em 1963 e é um dos três elementos da banda a constar de todos os álbuns de estúdio, a par de Mick Jagger e Keith Richards, morreu em Agosto de 2021, aos 80 anos.

Diagnosticado com um cancro na garganta em 2004, ultrapassou a doença e figurou não só nos discos lançados pela banda desde aí (“A Bigger Bang”, de 2005, e “Blue & Lonesome”, de 2016), mas também editou trabalhos em nome próprio, acompanhado por outros colectivos, com destaque para o aclamado disco com a Danish Radio Big Band, de 2010.

12 eventos 8.3.2023 quarta-feira www.hojemacau.com.mo
“Awaken and To Be Continued” é o nome da nova exposição de pintura e instalação de Yaya Vai, artista de Macau. Nesta mostra, Yaya revela estados de espírito de quem ainda se encontra num estado letárgico, sem conseguir seguir em frente, num limbo semelhante ao despertar de uma nova natureza

o despertar e o estar deitado. Esta série de trabalhos é um auto-diálogo. Sobre a ideia de ‘continuando’, necessito de esquecer o passado e seguir em frente. Pode não ser fácil alterar os maus hábitos e dar mais atenção ao ambiente e às pessoas em volta. Mas sei que o mundo continua a mover-se mesmo que eu continue deitada”, acrescenta-se na mesma nota.

Da gestão e criatividade

Esta não é a primeira vez que Yaya Vai expõe em Macau, tendo já revelado o seu trabalho como pintora no Salão de Outono, ao ser uma das artistas integrantes da expo-

Lembrar Cotrim

Éjá no próximo sábado, dia 11, que decorre na Livraria Municipal Verney, em Oeiras, Portugal, um evento de homenagem ao autor e editor João Paulo Cotrim, antigo colaborador do HM já falecido, vítima de doença prolongada. O evento conta com um debate mais alargado sobre o livro, recentemente publicado, “Foi Quase um Prazer”, que recorda a carreira de Cotrim não apenas na edição de livros, com a editora Abysmo, mas também na área da banda desenhada, já que foi um dos programadores da Bedeteca de Lisboa, entre 1996 e 2002.

O evento começa às 16h com a oficina para crianças e famílias “Agora é que são elas!”, monitorizada pelos ilustradores

Nuno Saraiva e Catarina

Em

“Awaken and To Be Continued”

[Desperta e em Continuação] Yaya Vai, natural de Macau, expõe, a partir de quintafeira e até 4 de Abril, trabalhos de pintura e instalações artísticas que revelam estados de espírito de quem ainda precisa recuperar de tudo o que aconteceu nos últimos três anos

sição colectiva organizada pela Fundação Oriente, ou na Macau H853 Super Art Fair. Destaque ainda para a participação, em 2020, numa mostra

colectiva com oito artistas de Macau que decorreu no bairro de São Lázaro. A exposição foi organizada pela Ark - Associação de Arte de Macau

(AAMA, na sigla inglesa) e a Associação para a Promoção das Indústrias Criativas.

Yaya Vai começou por se licenciar em Gestão de Empresas, mas depressa a arte passou a fazer parte do seu dia-a-dia como passatempo. Foi então que aprendeu a desenhar com caneta e a óleo e, mais tarde, obteve o certificado em Marketing de Artes Visuais e Gestão. A sua arte é, sobretudo, inspirada por temas florais e mais ligados ao universo feminino. Para a artista, “a arte é uma forma de reduzir o stress” e ela espera que o seu trabalho possa levar a uma maior consciencialização sobre a saúde emocional das mulheres. A.S.S.

Sobral a partir de jogos e brincadeiras escritas por João Paulo Cotrim para a revista “UP Kids”, o suplemento da já extinta revista “UP Magazine”, editada pela TAP.

Às 18h, decorre o debate sobre o livro, com as presenças do autor, Jorge Silva, o ilustrador André Carrilho, Catarina Sobral, Cristina Sampaio, João Fazenda, Nuno Saraiva, Miguel Rocha, Pedro Burgos e Tiago Manuel. Segue-se, a partir das 21h, um DJ set com “música que é ‘Quase um Prazer’” com Valério Romão, escritor, e Cláudia Marques Santos.

Escrita profícua

Os textos do livro são da autoria do próprio Cotrim, publicados em catálogos, jornais, revistas e redes

sociais, e com ilustrações de André Carrilho.

Tratam-se de ensaios, comentários e recensões críticas que João Paulo Cotrim escreveu em mais de 30 anos, relacionados com a sua carreira de editor e programador cultural. O livro começa nos anos 80, com as suas primeiras revistas, “Lua Cheia” e “Lx Comics”, referindo a sua passagem pelo jornal “Combate” e os seis anos em que esteve à frente da programação da Bedeteca de Lisboa. O livro fecha com uma desconhecida faceta de João Paulo Cotrim: as dezenas de colagens que realizou, provavelmente entre 2005 e 2010, confirmam-no também como um talentoso ilustrador. Nascido em 1965, João Paulo Cotrim foi o autor da crónica semanal “Diário de um Editor” que durante vários meses foi editada na antiga secção “H” do HM. Foi guionista de filmes de animação, autor de novelas gráficas, ensaios e ainda poesia. Faleceu em 2021.

GUIMARÃES FESTIVAL LITERÁRIO HÚMUS2023 DECORRE EM VÁRIOS FORMATOS ATÉ DIA 12 DE MARÇO

OHúmus2023, que regressou ontem após paragem devido à covid-19, foi apresentado na segunda-feira em conferência de imprensa na Biblioteca Municipal Raul Brandão, em Guimarães, distrito de Braga, com a presença da vereadora da educação do município vimaranense, Adelina Pinto, e do curador do festival literário, Afonso Cruz, escritor, ilustrador,

cineasta e músico, que interveio por videoconferência.

O cartaz deste ano conta com nomes como Álvaro Laborinho Lúcio, Capicua, Carlos Daniel, Carlos Tê, Inês Pedrosa, João Reis e Ondjaki, entre outros criadores, num evento literário que vai decorrer em vários formatos ao longo de quase uma semana, desde conversas, a apresentações de livros, oficinas, poesia,

música, cinema, teatro e exposições. Para a vereadora da educação da Câmara de Guimarães, a cidade “é um território de cultura” e uma das vertentes do Húmus é, como afirmou, alavancar o livro e a leitura junto da população, acrescentando que foi essa a ideia que esteve na origem da criação do festival, em 2017. Adelina Pinto explica que o festival representa “uma transdis-

ciplinaridade”, um cruzamento de artes, à semelhança do que foi a vida de Joaquim Santos Simões, antigo presidente da Sociedade Martins Sarmento, uma das mais importantes instituições culturais de Guimarães, que esteve ligado a várias artes culturais, e que morreu em 2004. “Esperamos que seja um Húmus positivo, reflexivo, construtivo e literário”, afirmou a autarca.

O curador do festival, Afonso Cruz, disse, por seu lado, que as bibliotecas são “espaços de silêncios, mas também de palavras”, mostrando-se esperançado que o Húmus2023 sirva para juntar “estes dois mundos”.

Este ano comemora-se o 155.º aniversário de nascimento de Raul Brandão, patrono da Biblioteca Municipal, que comemorou ontem o seu 30.º aniversário.

eventos 13 quarta-feira 8.3.2023 www.hojemacau.com.mo
Autor e editor homenageado em Oeiras

SUDOKU

NO VALE DE ELAH | PAUL HAGGIS | 2007

Hank Deerfield (Tommy Lee Jones), um investigador aposentado da polícia militar, é confrontado com o desaparecimento do filho, que voltou da Guerra do Iraque. Descrente no trabalho dos militares, Hank decide investigar por si próprio. Ao longo deste processo, Deerfield vai contar com o apoio da agente Emily Sanders (Charlize Theron), naquele que também é um confronto de forças entre polícia regular e militar. Este é um filme que aborda o stress pós-traumático dos cenários de guerra e que procura um significado para as guerras mais recentes norte-americanas. João Santos Filipe

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

ASSOCIAÇÃO GERAL DE AUTOMÓVEL DE MACAU-CHINA

Inscrição Curso de Formação para os Comissários Desportivos do Grande Prémio de Macau

GCS

Avisa-se a todos os interessados que as inscrições do curso de formação para os comissários desportivos do Grande Prémio de Macau estarão abertas a partir do dia 06 de Março do corrente ano.

Os interessados deverão preencher uma ficha de inscrição fornecida pela Associação Geral de Automóvel de Macau

- China (AAMC), juntando o Bilhete de Identidade de Residente de Macau e uma fotocópia do mesmo, 1 fotografia a cores e 1 declaração de aptidão física passado por médico registado na RAEM, comprovando que o mesmo se encontra apto para prestar funções acima referido e, entregar até ao dia 31 de Março de 2023 na sede da AAMC.

Data de inscrição: 06 até 31 de Março.

Requisitos:

- Residentes que tenham completado 18 anos de idade

- Possuir Bilhete de Identidade de Residente da RAEM

Propina de inscrição: Mop100.00

Para mais informações, favor de contactar através do número de telefone: (853) 2872 6578

Endereço da AAMC: Avenida Amizade, Edifício do Grande Prémio, Rés-do-chão da Torre de Controlo (em frente do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior).

Hora de Expediente: Das segundas às sextas-feiras das 09H30 às 13H00 e das 14H30 às 18H30, sábado 09H30 às 13H00

** A ficha de inscrição, podem encontrar na página electrónica da Associação Geral de Automóvel de Macau – China, www.aamcauto.org.mo

ANÚNCIO

N.º 04/DCTNR/2023

(Notificação da revogação de autorização de contratação de trabalhador não residente)

Considerando que não se revelou possível notificar o interessado, pessoalmente, por ofício ou telefone, nos termos do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, notifica-se dos actos administrativos o interessado abaixo mencionado

1. ERB SPA COMPANHIA LIMITADA, proprietário do estabelecimento “ERB 美容” atendendo ao facto de não ter efectuado o pagamento de taxa de contratação de trabalhadores não residentes do 1º trimestre de 2022, de acordo com o artigo 18.º da Lei n.º 21/2009 (Lei de contratação de trabalhadores não residentes), através do Despacho n.º 01295/IMO/DSAL/2023, foi revogada a autorização de contratação de 2 trabalhadores não residentes não especializados, concedida pelo Despacho n.º 13521/IMO/DSAL/2021.

O interessado acima mencionado pode, nas horas de expediente, deslocar-se ao Departamento de Contratação de Trabalhadores Não Residentes da DSAL, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.ºs 614A-640, Edifício Long Cheng, 9.º andar, Macau, para levantamento da cópia do despacho, podendo ainda requerer, por escrito, a consulta do processo.

Nos termos dos artigos 145.º, 149.º e 155.º do Código do Procedimento Administrativo, o interessado pode, sobre a decisão acima referida, interpor:

a) Reclamação para o autor do acto, devendo ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias a contar do dia seguinte ao da publicação do presente anúncio;

b) Recurso hierárquico necessário para o Secretário para a Economia e Finanças, devendo ser apresentado no prazo de 30 (trinta) dias a contar do dia seguinte ao da publicação do presente anúncio.

Mais se informa que as decisões administrativas acima referidas não são susceptíveis de recurso contencioso.

6 de Março de 2023.

O Director da DSAL, Wong Chi Hong

Anúncio

Faz-se saber que no concurso público n.o 1/P/23 para a «Concepção e Execução de Obras de Remodelação da Sala de Raio-X do Edifício de Especialidade de Saúde Pública, bem como Fornecimento e Instalação de Equipamentos», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 6, II Série, de 8 de Fevereiro de 2023, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.º do programa do concurso público, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 2 de Março de 2023

O Director dos Serviços de Saúde, Substituto Cheang Seng Ip

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UM FILME HOJE
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MAR TERMINAL

NUNCA IMAGINEI tão depravado um pequeno mar interior como o Mediterrâneo que até no nome é enganador. Alega encontrar-se no meio da Terra e nem sequer está no meio do mais pequeno dos continentes como tais considerados, a Europa das sucessivas guerras imperiais. E muito menos a meio do Hemisfério Norte que tem serras e neves pelas costas e serras e areais escaldantes pela frente.

Também é verosímil dizer que esta Europa do Sul tem como contraponto setentrional os países do Báltico e do Mar do Norte, onde a brutalidade nunca teve limites, nascida da coabitação com ursos e lobos e da infinitude dos gelos que produziram víquingues na Dinamarca, na Noruega e na Suécia, bem como lares cavilosos para os saxões e os anglos que exploraram a Grã-Bretanha, ao sucederem ao Império Romano.

Foram, aliás, esses lapões e aparentados que, fundindo-se com hordas famintas vindas da Ásia mais próxima e do Norte da Índia, se converteram em normandos e foram constituir nacionalidades zaragateiras em ambos os lados do Canal, deixando as traseiras para os celtas sobrantes e os godos cristianizados que vieram até Cascais.

O que agora importa, no entanto, são aqueles rochedos aguçados que se aninham junto às praias da Calábria e não tiveram a mínima hesitação em estraçalhar o casco de velho barco de madeira que trazia dentro, apertadas como sardinhas em lata, cerca de 200 pessoas.

O naufrágio aconteceu na madrugada de domingo. Até à manhã de ontem, pelo menos 80 pessoas tinham sido resgatadas, ou chegaram à praia de Steccato di Cutro pelos seus próprios meios, e as autoridades já tinham recolhido 64 cadáveres, incluindo os de 11 crianças e de um bebé.

A confirmarem-se as estimativas sobre o total de passageiros da embarcação despedaçada, o número de mortos poderá ultrapassar uma centena, mas esse número ainda não é conhecido. Nem sei se alguma vez será, porque, para o país que fez de Giorgia Meloni primeira-ministra, não se deve gastar muitos cabedais com uns chatos que fugiam da fome e das perseguições nos respetivos países – Paquistão, Afeganistão, Irão e Somália. Refugiados destes já a Itália tem que chegue, não é Ventura? Para quê aceitar mais?

À tarde

ANDAM por aí milhões e milhões de terráqueos a jurar que Voltaire dissera certo dia: “Posso não concordar com o que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito a dizê-lo.” Ninguém imagina quantos trampolineiros, cartomantes, demagogos e branqueadores da História logo bateram

Assim, ai de quem venha pôr em dúvida a falsa autoria da famosa frase posta na pena de Voltaire ou, mais perigoso ainda, vir alguém mostrar como o europeu, primeiro cruzado e, depois, colonialista, passou os últimos séculos a invadir, conquistar, pilhar, escravizar (...) justificando-se com a alegação de que muitos outros faziam o mesmo

palmas e quantos o citam sempre que dá jeito, nos parlamentos, nos comícios e nos debates televisivos, ainda hoje, do PS ao Chega, passando pelo PSD e pela IL.

Na sua carta a Cideville, datada de 28 de janeiro de 1754, o grande filósofo do

Iluminismo, que viria a sentir-se arrasado pelo terramoto de Lisboa em 1755, foi: “Este mundo é um grande naufrágio. Salve-se quem puder.”

Precisámos de chegar ao século XXI para que, numa das suas imprescindíveis crónicas no “Ipsilon”, Ana Cristina Leonardo viesse pôr os pontos nos is, recordando que foi Eveliyn Beatrice Hall, ao tentar resumir o essencial do pensamento voltairiano, inventou e escreveu a tal frase que criador do Pangloss nunca disse nem pôs por escrito em lado algum.

Daí que continue a fazer carreira aquele mantra democrático e cristão que atribui aos famintos africanos e asiáticos todas as culpas de virem morrer afogados no Mediterrâneo e, até, que o economista austríaco Joseph Schumpeter tivesse rejubilado com a sua descoberta da “destruição criativa do capitalismo”.

Assim, ai de quem venha pôr em dúvida a falsa autoria da famosa frase posta na pena de Voltaire ou, mais perigoso ainda, vir alguém mostrar como o europeu, primeiro cruzado e, depois, colonialista, passou os últimos séculos a invadir, conquistar, pilhar, escravizar e até de seres humanos fazer mercadoria, justificando-se com a alegação de que muitos outros faziam o mesmo.

Nada melhor do que citar também uma ave apocalítica igualmente citada pelo poeta nobelizado T. S. Eliot: “Ide, ide, ide, disse o pássaro: a espécie humana Não pode suportar muita realidade.”

vozes 15 quarta-feira 8.3.2023 www.hojemacau.com.mo
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