...mirando o que acontece...
WALKIRIA
LENDA
E REALIDADE
A ESCOLA .DE
Pág. 13 DE
O GINÁSIO
- Pontode
RIO
referência de uma cidade
Pág. 20 CONCHITA
UM AMOR
DE BONECA Reportagem com a famosa vedeté
Pág. 28
MIRANTE
REVISTA MENSAL •
- 1951
aperitivo Nacional!.. O Ille11101 De pai para filho desde 1910... D'ABRONZO & CIA. LTDA. lv. D. MariaEliza,
- fane,
- VilaRezende
O satélite...
MIRANTE REVISfÀÑÉNSAL
Diversão para a paz?
o raciocinioe a argumentação.
Enquanto todo o mundo já se enervava com os prenúncios, promessas e procrastinações norte-americanos acerca do lançamento do satélite artificial, . não ligando ao assunto mais Importancia que ao concurso de «Miss» Universo, quase vencido por 'l'erezinha Morango, Rena pensava, tirando dêle, felizmente, as mais agradáveis deduções. Vejam, dizia, o bem extraordinário que êste problema cientifico profundamente científico, sim, senhores! — está proporcionando à populacão do mun-
de Wagner, Romani & Kraide
Dipeforeó Comercial — Arlindo _7cUé'Romani Arfidfico Renato Relaçdeé públicad — Fnecl Helou Kraide Reclaior-cheée — _70aquim clo í)'/larco Departamento de arfe —
Aóéinatnra anual?
na cidade— Cr$ 120,00 fora — Cr$ 150,00 mimepodo — Cr$ 10,00
do inteiro. Enquantoos homens de ciêneiada América do com dados terrenos e siderais, para nós incompren-
ruimeroairadaÜo —Cr$ 12,00 pela qual HOJ redponóabiliza»ncd : 5.000 Exemplares.
siveis; enquanto, em outras partes do mundo superRússia,
Inglaterra,
Alemanha, França,
Itália possivelmente,outros homens de ciênciaesteiam fazendo o mesmo,só para mandarem uma bola a explorar os espaços inter-planetários, que sucede ao resto da humanidade? Apenasisto nada! O que, resumido, quer dizer PAZ. Maravilhada observaçãocuidadosa e do raciocínio. Os cientistas do mundointeiro — notem que Rena, com antecedência, incluiu os da Rússia — preocupados,
Helio S. farlan
Departamento ele publicidade —Arlindo 'Romani Colaboraclcrecó divepoo€$
do Norte fazem cálculos astronómicos dificilimos,jogancivilizadas
EDITADA POR
PIRACiCABA PUBLICIDADE
Joaquim do Marco das caricaturas deve O meu amigo Rena estar com a razão. Empolgou-se pelo assunto, raciocinou certo, somou argumentos e deitou profecia. E prorecia aceitável, possível, porque precedida justamente ou sejam, daquela base eficaz;à supressão dos erros
irando c que
SEDE Piracicaba-F ublicidade Rua Morais Barros, 802 - salas, 20 e 21 - Telefone,4296
PIRACICABA Estado de São Paulo - Brasil
absorvidos com os problemas transcendentais, ou nuelhor, transplanetários, das viagens siderais, os outros homens, os homenzinhos dêste mundo, que são os políticos, esqueceram-se e cessaram de flagelar o resto
de seus semelhantes com os horrores da guerra em ebulição constante. Detal sorte ficaram éles empolgados pelas experiências cientificas do «satélite» que chegaram a desaparecer, para euforia da humanidade, suas
ameaças de guerras atómicas com teleguiados e aviões a jacto e foguetes. Alé o mistériodos discosvoadores deu aso a pitorescas reportagens de levitação.. Em resumo, a paz do Senhor baixou entre os homens.. . Que o meu amigo estava «absolutamente certo', mesmo fora dos programas de televisão, não resta a menor dúvida. E a prova mais categórica chegou agora com a notícia que explodiu qual bomba de cem tonela-
fraco
a alma do negócio, sem cerimóniae sem pedir licença,
de
das, pondo em polvorosa os meios científicos norte-americanos: a Rússia, meio na surdina, sem alardes de publicidade, considerando, à antiga, que o segrêdo é
despachou o «satélite» que os ianques andavam prometendo. E, o que causou maior abalo, um satélite macota, com mais de 83 quilos, dando sinais para o raundo inteiro, até para um rádio-amador de São Paulo de nome Bacarat, um camarada que tem sorte no jogo.. O caso agora é que os homúnculos políticos, gracas a Deus, não pensam mais nas guerras em termos de morticínios humanos. A guerra, em que êles são mesmo viciados impenitentes, consiste agora em ver quem é O primeiro a chegar à lua.
Enquantoisso não acontece, a razão está com o amigo Rena: a paz do Senhorreinará entre os homens de boa ou de má vontade...
célebre: c
calcanÍar
0 Na sua elegância não deve haver pontos fracos l! Ande impecável com os calçados da
casa snNTOS Depositária
Nossa Capa : Srta. Walkiria Fabris Foto: Paulo Ribeiro da
Silva Sobrinho
das chapeus CURY
PIRACICABA
Ao torcedor, postado nas arquibancadas ou gerais, nunca é dado sentir os problemas mais íntimos, de uma equipe de futeból. O verdadeiro sofrimento, quando o quadro não vai bem, está aféto áqueles diretamente responsáveis pelo «tearn•, Na foto, o técnico Cabelli e Tão, dois grandes, que agora deixaram o XV, temporáriámente, na bôca do túnel, quebrando a ca. beca para resolver problemas prementes.
No final do Torneio de Classificação, o centro-avante Xixico, do XV,
andou disputando partidas preciosas pelo senso de oportunidade à boca das rêdes. Seus «fans»,que são muitos, criaram então o «Fan-Clube Xixico» que em tôdas as partidas do XV, se localiza do lado das gerais para torcer pelo seu ídolo.
Fotos:Cantarelli
A «esquadrilha da fumaça» da F. A. B. andou pintando o sete em Piracicaba, com acrobacias de tôda a ordem sôbre a praça principal. O nosso fotógralo Cantarelli, pegou um dêles no puIo, digo em pleno pique sobre a torre da catedral
EM MIRANTE
Graças á competência profissional, noção do dever e ilimitada paciência do impressor Salvio, Mirante pode orgulhar-se da magnífica impressão de suas páginas. No flagrante, Salvio e a sua automática
Mirante presta aqui uma homena• gem a tóda a turma da Tipografia Paulista. cujo esfôrço e dedicação tornam possivel a confecçãoda nossa Revista. Da esquerda para a direita: Salvio, Verdugo, Estrupicio,
Luiz, Orestes e parte do Dorinho, este um ás na composição.
O Leitor em Mirante ESTA ETIQUETA É SIMBOLO DE BOM PRODUTO
Leitor amigo : você. Ê você Está surgindo hoje a secção parafeição que lhe a dando-lhe quem vai escrevê-la, agrada e a vida que deseja. construtivas, suas guMande.nos suas críticas colaboragestões para aperfeiçoar a revista, suas Góes poéticas, literárias, artísticas
e científicas, que
publicação. possam melhorar o teor e a variedade da especialmente, é, revista a que Lembrese de e social. Todos os fatos da sociedade então cabem se você podem estar nela. Fotografias, mõrmente
já tem o clichê pronto para a impressão,interessam muito a Mirante. Se você gosta de humorismo, de caricaturas,e se tem algo curioso a contar, de cunho original inédito, não deixe de nô Io enviar. Se fôr julgado
bom, sairá prazerosamente,nas paginasda revista. Neste número você vai encontrar uma novi-
dade: a reportagemreferente ao Ginásio Koelle, de Rio Claro. É o trabalho inicial que fazemos para dar a
Mirante o sentido extra-municipal, anunciado na abertura de seu primeiro número. Isso quer dizer que, daqui por diante, a revista focalizará, além dos assuntos piracicabanos, que são inesgotáveis felizmente, assuntos de outras cidades, de preferência
as vizinhas. Já dissemos que Piracicaba não é cidade fechada sôbre si mesma, mas que tem janelas abertas para o mundo. Já dissemos também que Piracicaba
MODERNISMO DURABILIDADE
é uma cidade,históricae tradicionalmente,de sen-
MENOR PREÇO
n NACIONAL GOV. PEDRO TOLEDO, 900
AGORA
no verão!
Vista-se bem e confortavelmente com calças e camisas
tido universal. Seu bairrismo é apenas para inglês ver. Conosco todo o mundo se dá bem e nós gostamos de todo o mundo. Daí estas reportagens de fora de Piracicaba Rio Claro, cidade amiga, ligada a Piracicaba por laços filiais — pois daqui partiram seus funda-
dores — é a primeira cidade vizinha que vern honrar e embelezar as páginas de Mirante. Não exageramos. Ê mesmo uma honra focal zar Rio Claro num de seus aspectos mais nobres — o da educação e cultura de seu povo. E tornam-se realmente belas
estas páginas com a fixação de comentários e de
fotografiasque atestam o esplêndidograu de civilização atingido pela antiga São João do Rio Claro a cidade azul. Por isso, os leitores de Rio Claro também se podem considerardonos desta secção e enviar para ela suas impressões, seus pensamentos ou o fruto de suas inspirações. Será um prazer imenso sentir que, os rioclarenses estão ao nosso lado.
Mais adiante, com certeza, focalizaremos outras cidades.. . E teremos outros leitores conosco. No próximo número, sômente o leitor deverá
ocupar esta secção, ninguém mais, a não ser que algo exija resposta ou esclarecimento do
Zé Redator.
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Um passeio pelas lendas escandinavas - Moça moderna e sem preconceitos, de corpo inteiro em nossas páginas - Um todo harmônico, físico
moral e intelectual, de rara e agradável perfeição - Nenhuma influência trágica que leve aos extremos de «morrer de amor» • Uma es—
trêla do Clube de Campo - Amor à leitura e
aos animais.
Reportagem de Helio S.
Furlan e J. Morais
Walkiria -lenda e realidade
Da beleza em botão para
a beleza estuantede flor desabrochada há pouco, Walkiria deve ter uma legião de admiradores
Quando nos disseram o nome, a imaginação logo nos transportou ao país das lendae escandinavas. Reencontramos os escassos conhecimentos mi-
tológicos.Escassos e quase sufocados na memória ferida pelo perpassar dos anos e pelo impacto brutal das preocupações materiais dêstes tempos de materialismo feroz. Mesmo assim, revimos as mensageiras de Ódim
ou Vótan, o Deus que era o princípio de todas as coisas, da eloqüência, da sabedoria, da poesia, e o distribuidor da valentia. Revfmo-las, na mitologia nórdica, essas donzelas de beleza sobrenatural, que
geralmente apareciam a cavalo, entre nuvens, inspirando aos homens amores e paixões de fins trágicog para êles. Revimos essas Valqufrias lendárias, marchando à frente dos guerreiros, decidindonão
Fotos de Paulo RibeiTO da Silva Sobrinho
Walkiria aprecia os esportes. No Clube de Campo,ela os pratica porque gosta. Não é campeã, mas dedica-lhes o tempo que pode
Se se dedicasse seria cantora e que cantora!. NOestudo de violão vai muito bem
raro a sorte das batalhas e conduzindo os que tom-
bavam ao Walhalla — o paraiR0 dos guerreiros mortos herôicamente — para lhes servirem ali, como recompensa e reconfôrto, o hidromel. Brunhilda também, a valqufria imortalizada na ópera do alemão Ricardo Wagner o revolucionário da música orquestrada postou-se entre nossas recordações, enquanto iamos ao encontro deslenda feita realidade, a Walkfria Fabres, um «broto» piracicabano de 15 anos e já fazendo sonhar muitos «guerreiros do amor». Picados, assim, pela poesia da lenda, famos buscá-la no seu «home», moderno e sem preconceitos, para introduzi-la, se possível, de corpo inteiro,
nas páginas de Mirante. E lá encontrámos,com grata surpresa, realidade mais encantadora do que sonhara nossa mente «valquirizada•. Porque Walkiria Fabres, ainda na idade hesitante de menina e moça já é muito rnats moça do que menina, . passando da beleza em botá0 para a belez•Lestuante de flor desabrochada há pouco. Urna beleza que se não descreve só pelos seus encantos do presente, mas pelas seguras promessas de esplendor que êsses encantos atingirão em futuro mui próximo
A jovem Walkiria é um todo harmónico, físico, moral e intelectual. de rara e agradável perfeição. Desde as linhas corretas e suaves do corpo até os detalhes mais responsá-
veis pela beleza da mulher — os olhos e os cabelos, a bôca e os dentes, a tez e as mãos — tudo nela surge de molde a torná-la quase uma lenda, felizmente, sem aquêle dom mau do azar de suas homônimas da mitologia nórdica. Sim, porque Walkiria recebeu e recebe de seus pais excelente educação moral, sem preconceitos nem recalques, baseada numa liberdade sem exageros, que a torna senhora consciente de suas escolhas e de seus atos. E também porque, intelectualmente, ela não descuida de seu preparo, frequentando, para isso, a 3.8 série do Instituto Educacional «O Piracicabano• e dedicando-se à leitura, à música, à pintura e ao estudo do inglês. Com todos êsses predicados, não admira que Walkiria encante sua legião de admiradotes masculinos, mas não exerça sôbre êles nenhuma influência trágica que os leve aos extremos de «morrer de amor». Moça moderna, sua vida é um livro aberto, sem refolhos nem mistérios que possam transtornar mentes de jovens desavisados. Entrevistá-la foi um prazer, não porque houvéssemos descoberto em suas inclinações, Uma lenda feita realidade sem o dom
mau de suas homónimas nórdicas que trazia azar aos
Seu todo é harmónico, de
rara e agradável perfeição
hábitos ou manias algo raro ou extraordinário, mas sim pelo equilíbrio que nêles vimos, aliás em perfeita consonância com a harmonia geral de suas linhas físicas e morais. À pergunta, qual a profissão que pretende seguir? ela responde com naturalidade e convicção : Engenharia civil, embora seja rara a escolha dessa profissão entre as mulheres. A conversa principal aconteceu no Clube de Campo,de que é assídua frequentadora. Por isso. normalmente, deviamos indagar de suas preferências pelos esportes. — Pratico, porque gosto, a natação, a equitação: o basquetebol, o tiro ao pombo e
bateu, mas coisas juntas, porque o coração houve, passou se mêdo, o gostei muito. E aprendizado meu iniciar a cheguei pois logo, de pilotagem. Não pude continuar por falta de idade.. Músicas e autores, com quem vai ? Não vá ficar decepcionado. Como «valquíria» deveria gostar dos clássicos. Não os detesto, realmente. Mas vou muito melhor com os modernos. «Rock-n'-Roll, fox-blue, Louis
Armstrong, Eddie Calvert, Ray Antony, eis aí um pequeno mundo em que gosto de viver quando frequento bailes e festas. E a êstes vou sempre e com prazer. Também me encantam as execuções e composições finas de
Leitura e animais, dois amores que ela cultiva. Os cães são uns amores. Boby que o diga.
o ténis. Não sou campeã em nenhum dêles, porém dedico-lhes o tempo que posso, mesmo ao tenis em que sou principiante. — Manias — Não muito pronunciadas, mas me causam muito prazer: coleciono flâmulas e miniaturag (garrafinhas, fósforos). Se o senhor tiver alguma não se esqueça... Ah! coleciono também «palas•, êsses agasalhos de boiadeiros.
— Pode precisar a maior emoção que sentiu ? — Certamente. Foi no meu primeiro vôo foi emoção de avião. Não sei dizer bem se ser as duas Deviam mêdo. de ou alegria de
Liberace e Glenn Miller... Aqui entre nós, eu poderia ser cantora, se me dedicasse. Canto regularmente, toco piano e violão. Algum ponto favorito na cidade ? Fora o Clube de Campo, a Mercantil Piracicaba, com seu ambiente musical, e o Café Haiti, com sua instalação moderna, à altura da evolução de nossa terra. Que pode dizer de livros e estudos? Que sou leitora constante de romances dos mais variados autores e estilos. Basta dizer que já li Xavier de Montepin, Eça de Queiroz, Daphne du Maurier, Lin Yutang, Bal-. zac. .. Comovê, leio sem preferências. Nos estudos,o objetivo, já disse, é a engenharia
civil. Por isso, concluido o ginasial deverei cursar o científico. Mas, por gôsto e precaução, já me dedico a estudo especial de inglês.. Já vê o senhor que tenho alguns predicados... — Sim, e elogiáveis, não há dúvida. Nossos votos são para que os aprimore e cresça assim em beleza espiritual como, fatalmente, crescerá em beleza física. Mas esquecemos de perguntar-lhe se gosta de animais. — É um dos meus «iracos». Quando pratico a equitação, francamente, não bato no cavalo nem com uma flor. Sinto, sem o explicar, amor por todos os animais. Acho-os mesmo, principalmente os cães, uns amores. Boby, que o diga. Por êle eu praticaria desatinos. As vêzes penso que tenho vocação para membro da Sociedade Protetora dos Animais... Bom coração, Walkíria.. — O que não impede tenha eu um espírito alegre, traquinas. Gosto de anedotas, de graças, de dar «sustos», de fazer cair no laço... Não posso ver ninguém triste. Mexo logo com êle e faço rir. — Quiséramos continuar, mas... — Vai ficar muito comprido, não é? Não vale a pena porque perde o intêresse. Não esqueça, porém, de dizer que desejo a Mirante o maior êxito, como tem sucedido até agora. E muito obrigada pela gentileza de haver-me
Walkiria, ainda na fase hesitante de menina e moca, muito mais moça de que menina..
Im/«aza/zhdeazeia... de capital A conetruçãode urna casaé empreendimento importância para todos. Por isso, se vai eonstruir, procure uma firma idónea, realmente capaz de construir
urna casa como você deseja. A Construtora Coury está nessas condições porque tem longa experiência no ramo, conta com profissionais e operários competentes e sua norma de trabalho se baseia no emprêgo de material de I. L, desde os alicerces até nos mí-
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trutora Coury tem o orçamento justo, para construir
uma casa sólida e bem acabada. fi fncil certificar-se : pergunte aos proprietários de casas construidas pela Construtora Coury. Rua Moraes Barros, 802
sala II
lei.
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TRIMEzn viscosn FLAGRANTES DE UM RECENSEAMENTO
Jaçanà Altair
vizinha.
Sinto bastante.. . Hú tanto tempo é minha tez o seu boletim?
—Não sei bem, não entendo disso..
Acho me-
lhor a senhora mesma fazer. Linda foi buscar o boletim na gaveta. A casinha estava silenciosa. AS crianças tinham ido à escola. Linda, moça bonita, enviuvara não fazia um ano. Tomava conta da quitanda e razia o serviço doméstico, auxiliada pela sogra. Num canto da selinha, a recenseadora percebeu
um vulto. Era o sogro de Linda.Arrumavao cachimbo, olhando sorrateiramente a professora com uns olhos derramados de mono estúpido. — Então.. vai mesmo mudar-se
Lindafranziuum pouco a testa e fêz um sinal-
zinho disfarçado em direçao do velho. — Não sei ainda, d. Alice, não sei bem. .. Se o negócio continuar assim. E por ralar nisso, tenho aí
A umas peras muito boas... Desça, vamos lá dentro.ar senhora pode provar umas frutas... E piscoucom de quem quer ser compreendida. Alice acompanhou a dona da casa. O velho resmungou alguma coisa e foi para o quintal. AS duas moças se queriam bem. Há uns oito anos eram visinhas. Alice comprava frutas na quitanda de
Linda. Muitasnoites ficava com o marido à janela, ouvindo a voz bonita do esposo da quitandeira que cantavavalsas ao violão. Era um casal feliz. Nunca brigava, nem tinha desconfianças. A professôra seguia o crescimentodas crianças da vizinhacom a simpatia natural dos que amam a felicidade dos outros. Morto o espôso, Linda continuou a sua luta sàzinha. Era penoso o caminho! As viúvas moças arcam sempre com muitos encargos. Os disque-disque. a investida ousada dos homens,os encargosda famíliae o seu próprio coração.. Linda lutava brilhantemente. Agora a sogra viera morar com ela para diminuir um pouco as despesas. — F.ntãovai indo bem, por que quer mudar-se ? É preciso.. Assim não posso continuar... — Gosta de alguém, Linda ? — Não senhora... Não posso esquecê-lo.. , penso que jamais gostarei de alguém... A professora ficou calada, evitando entrada em refolhos íntimos. Màquinalmente, guardou os papéis e se ergueu. — Já vai, d. Alice? — Creio que é tarde... A quitandeira teve uma expressão apavorada nos
olhos verdege límpidos.
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— Por favor... Nio saia já. Alice ficou espantada com o tom suplicante da vizinha. — Está doente, Linda? Que há'? Diga. Linda chegou os lábios ao ouvido da recenseadora: — Meu sogro.
— É louco?
compreende ?
— É um sem. — Conteve-se, respeitando a amiga professôra. A moca arregalou os olhos num espanto sem nome. Nunca ouvira semelhante despropósito. — Seu sogro, Linda? Você tem medo dêle ? — Tenho, d. Alice, É pai de meu marido, mas é um... Não tenho sorte! Estou nestes últimos mêses
num inferno!
— E (l. Elvira ? — Minha sogra não sabe. Éste desgraçado me persegue como um castigo ! Meu Deus! Que dieparate ! Alice deixou cair a bolsa sóbre o balcão. Sentou. Tinha as pernas moles. Que coisa nojenta! Um velho que enterrara o filho, com os olhos já voltados para a nora ! — É por isso que vai sai!2 — É... Êle diz que devo ceder.. . Acha que sendo eu mulher do filho. . devem caber-lhe os direitos
de posse..
— Não admira... Há tanta gente que pensa asGente que pensa, que fala em um milhão de sim. «ismos., inclusive de «cristianismo»e se esquece de respeitar um pouco, ao menos, os diréitos do próximo. — Minha sogra saiu para as compras. Dei graças
a Deusqtlando a senhora entrou!
Alice acomodou a bolsa no canto da parede. Esperaria. AScrianças deviam chegar logo.
Nesse instante o velho entrou. enchendo a casa
com a fumaça enjoativa do cachimbo. Quando deu com a professôra fêz um ar de desagrado e praguejou : — «Hóstia! Questa dona!' Alice sentiu-se mal com a presença do velho, mas observou-o. Era sanguínio, forte, mas já bem velho. Usa-
va uma argolinhRde ouro na orelha, à modanapolitana. Feições duras, aduncas, de ave que come defunto. Bem lhe merecia a aparência!
Chamou a nora e pediu-lhevinho. A moça subiu a escada e levou-lhe o garrafão. Voltou rubra e tremendo. Alice imaginou logo a ousadia do chamado. Como a professora não saisse, o velho chegou à porta e per-
guntou num dialeto embralhado se já não era a hora
do jantar. I inda não se conteve: — O senhor não amole, viu? Vá, deixe de ser ranzinza. Sua mulher ainda não veio. Quando vier, peça comidaa ela, viu? Nãoamole! O velho saiu resmungando e arrastando um pouco o pé meio manco. AS crianças entraram. A recenseadora tomou os seus papéis e despediu-se.
Tenha calma, Linda. A situação é difícil... Tenha calma.. As mulheres são sempre a favor dos maridos e muitocontra as outras tnulheres... Linda sacudiu a cabeça com tristeza. Seus olhos se distanciavam pelo casario da direita, esbatido pela sombra da tarde. Olhava sem ver. Pensava no morto. Um moço de vinte e oito anos. moreno, bem feito, amoroso... Sentiu-lhe os braços forteg em torno do corpo vestido de preto... — Linda! Deu com o sogro. Pregou-lhe um empurrão e saiu correndo para dentro.
000 Era uma e meia da noite. Aliceestava sentada
mesa diante da papelada do recenseamento. Tinha os olhos em fogo, a cabeça pesada. Ensinara quarenta meninos endemoninhadosdurante quatro horas. Passara o dia sob um sol de brasa, subindo e descendo ladeiras,
ardendo de calor. E a papelada não tinha fim! Um erro pop segundo, um pingo de Eureka por instante! A cabeca negava-se a trabalhar- somava errado, trocando letras. A imaginação se intrometia, expondo a tôda hora os «casos» do recenseamento. Lembrava os rostos, a expressão dos recenseados... Parava para meditar sôbre a vida.. Alguém bateu em desespero, com as duas mãos ao mesmo tempo . — D. Alice! Abra! Abra!
Alice precipitou-se para a porta. — r inda?! Que há? — Ele! O velho. A moça tremia. Os seus olhos verdes eram ainda mais verdes na palidez do rosto Alice fê-la sentar-se Esti veram caladas algum tempo. Linda chorava, revoltada, odienta. Alice pensava, com nojo, no velho que enterrara o filho, com os olhos
na nora, moça e bonita.. — Pulei o portão. — E d. Elvira?
— Não sei.. Acho que não acordou, — Impossível, Linda! Como poderia dormir com
o barulho?
— Não sei. Rezei e dormi logo. Esqueci a Iâmpada pequena acesa... Foi sorte ! — Não fecha a porta do quarto? — Sim... Costumo fechar... Mas êle viu o postigo da janela aberto. Estava muito quente, abrí um pouco o postigo. Durmocom as crianças e o quarto é abafado. O vidro quebrou. Ele enfiou a mão e abriu o trinco. Não sei como pulou... Ah! d. Alice! Acordei com o corpo dêle junto ao meu! Bati.lhe, atirei-lhe tudo, esmurrei-o calada, cheia de medo que as crianças acordassem. Saltei da cama, para espancá-lo. Achei um quadro. Êle enlaçou-me a cintura. Preguei-lhe com força, em cheio, o quadro que tinha na mão. Quebrei-lhe o vidro no rosto. Ele levou as mãos nos olhos em sangue... Corrf. Abrí a porta, empurrei-o com fôrça e tranquei-me por dentro. Caí sem fôrca na cama. Pensei que fôsse morrer, d. Alice! Estou apavorada! Quebrei o quadro do filho dêle, sabe? C retrato do meu marido que estava sobre a mesa! Parece que foj de propósito! Quem sabe se foi a alma dêle mesmo que me inspirou na vingança?! O retrato ficou intacto. O vidro, moeu !
Alice tremia. Um arrepio gelado eriçou lhe os cabelos como se a presençado morto se fôsse fazer sentir... Instintivamente sentou-se mais perto de Linda. — Meu Deus! Que mêdo! Bateram. Alice se ergueu. — Quem é ?
— Sou eu. Abra. — Meu l)eus! É minha sogra! A professôraentreabriua porta: — Que há, d. Elvira? A mulher estava engasgada. Linda deixara a sala. — Está doente. d. Elvira ? — E Linda ? Alice guardou silêncio. Achou prudente esperar — Linda ? Onde está Linda ? — Por que pergunta dela ?
— Eu sei de tudo, d. Alice... Não é a primeiraves que isto me acontece... Alice teve piedade extrema da velha. Que vidas ! Está aqui na sala. — Fique com a Linda até amanhã, d. Alice, por fa-
vor... Amanhã mudaremosda casa... Vamospara o sítio... Meu pobre filho! O corpo dele ainda nem é pó ! pôs a chorarbaixinho. E — Linda dormirá aquí. Fique socegada,d. Elvira. A velha saiu tateandona sombrada noite. Alice ficou à porta, seguindo-lheo vulto, chorandode tristeza. Tristeza desagradável, envolta numa onda ropulsiva, enjoada, cheia
de IOdo...
Tristeza ! Tristeza viscosa, repugnante I Sentiu ugz deaejo de desaparecer tranquilamente no seio tranquilo da terra, de ser nada, para a eternidade..• Tristeza viscosa comose a passagem de um réptil nojento lhe tivesse envolvido a própria vida !
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CARTA DE UM CAIPIRA
ea/czapocte pizaOfVetaJ
Aos leito desta Revista, gente bÔa em tuda iinh2, mando a minha saudação
atrevés desta cartínha.
Meu abraço muito amigo ao piçoá da redaçao, pedindo que me descurpe os garrancho e os borrão. As calças
esporte para Senhoras e Senho-
fitas estão em grande
moda !
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E assim, dessa manêra, vó entrano de fininho, nog assunto que interessa ao nosso bão zé-povinho. Para um hóme cumo eu, narrabeto e desletrado, os assunto tão sobrano
p'ra que sejam pubricado. E de cara vó dizendo
sem receio de encraná.
que a situação continúa
bem confusa e munto má.
O coitado do Zé-povo
que vive de teimosia,
anda tonto e desolado com tamanha carestia. Sóbe tudo de tar forma, dia a dia sem pará, que parece que a meléea é mermo p'ra escunhambá. O dinhéro de nóis pobre, que nho tem êra nem bêra, num repente se evapora ao comprá quarqué porquêra. O Governo entra em cena, promete tudo baxá,
mai não baxa coisa arguma, é só meio.de embromá,
A Cofape a Coap
e mais bichas dessa laia entram logo no pagode co'aquêle fogo de paia.
O resultado é sabido, (que nos valha Sarita Dica), fica tudo como estava p'ra se vê como & que fica. O Zé-povo que se aguente, dizem logo os tubarão,
e que vá apertandoa cinta ou então iambê sabão. E eó Deus Nosso Sinhô,
que tudo vê das artura, é que póde nos sarvá de tamanhas apertura. Finalizando pur hoje. se despede dos leito este véio munto amigo,
Nhô Tonico Beja-frô
13
As madrinhas, com a alegria própria das almas bem formadas, aparecem aqui trabalhando na conhecção de peças de roupa para parturientes e recem-nascidos
A preocupação de assistência, no Brasil, tem raízes históricas. Pode-se dizer que nasceu com o des-
cobrimento e foram seus pioneiros os jesuitas. Não é preciso ser muito versado no estudo de nossa história para deduzir que a obra gigantesca dos
MdES
padres da Companhia de Jesus, nos primórdios da vida brasileira, se caracterizou principalmente pelo seu sentido assistencial, seja no plano religioso ou do espírito,
se a no plano moral ou da formação da personalidade, se a, enfim, no plano físico da proteção e preservação
da saúde.
O cuidado posto peios jesuit88 na educação integral dos primeiros colonos e, sobretudo, dos selvícolas de indicaclaramenteo sentido preconcebidoe firme assistência aos educandos. Ensinando a religià0, êles
não buscavam a enas aumentar o número de prosélitos, mas livrar stes das influências de ritos e crenças deprimentes e malsãs. A moral que ensinavam tinha por objetivo a organização social em bases cristas de respeito às coisas, aos direitos, à mulher do próximo. E sua preocupação pela saúde dos educandos se denunciava tanto pelo que sabiam e praticavam da medicina quanto pelo que faziam e ensinavam a respeito
Dr. "Alvaro Gulao
Núcleo assistencial de alto quilate
de higiene e alimentação.
Muito dura, persistente e não raro cruenta foi esta se traduziu, de maluta assistencial dos jesuitas e
do neira impressionante,na defesa da pessoa humana selvícolacontra a ambiçãodesumanados colonosobsecados pela riqueza. São paginas de brilho estupendo as escraque os jesuitas escreveram na batalha contraàsa vêzes, vização e extermínio dos indígenas, pagando, com a própria vida, a firmezade sua temeridade. Não só os jesuitas, porém, foram os heróis e pre-
Texto : Joaquim do Mareo
Fotos: Cantarelli
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seres humanos sofredores, a hospitalar, surgiu, entre nós, a bem dizer, com o descobrimento. Com raízes históricas tão longínquas e que só cresceram continuamente através dos seculos, produzindo àrvores grandiosas de 'opimos frutos, em todo o territórionacional,não é de admirar, antes está na própria lógica de nossa evolução social que, em tôdas as cidades brasileiras, a preocupação pela assistência
aos seres necessitados seja uma constante tradicional e permanente. pois Piracicabatambémnão fugin a essa tradição, que é aqui secular: sua Santa casa, há três anos, com-
pletou 0 1.0 centenário de fundação. E, além dela, são várias e amplas as instituições assistenciais que os piracicabanos criaram e vêm mantendo, algumas já cinquentenárias. Há instituições para velhos, adultos e crianças. dirigidas por leigos ou religiosos. tôdas, entretanto, de uma ou de outra maneira, ligadas à religião de que haurem as bases caritativas. A enumeração e uma ligeira caraterização dessas instituicões daria páginas e não cabe nas intenções dêste esbôço inicial da reportagem que resolvemos dedicar à Escola de Mães «Dr. Alvaro Guião».
Nome que a carateriza A começar pelo nome, esta instituição já se impõe à admiração de quem com ela trava conhecimento. É um nome de significado nobre, tendo por patrono outro nome também nobre. Escola de Mães indica que ela se destina precípuamente à missão mais alta dada ao ser humano — a Maternidade — e, conseqüenteme.lte, à Infancia. Além disso, Alvaro Guião foi um rnéulco
D. Latife B. Kraide, homenageada da sema-
na, cumprimenta a madrinha [i. Jandyra Lens Rebello: ambas foram recentemente agraciadas com o prémio « Arnalia Dedini, 1957» pelos serviços prestados
O alegre e produtivo chá em homenagem á madrinha. Momentoem que se cantava o «hino das madrinhas» cursores da assistência sociai patrícia. Houve também exemplos de outros homens daqueles tempos primitivos que entraram para a história com letras de ouro. Um dêles, que servirá como prova da afirmativa — e prova exuberante — é o de Brás Cubas, fundador da cidade de Santos e da primeira Santa Casa de Misericórdia do Brasil a daquela cidade no ano de 1544, Como se vê, então, um dos ramos da assistência aos
paulista de excelsas qualidades humanas, falecido em serviço do cargo, num desastretràgicamente quando era secretário da Educaç50 e Saúdededoaviação, Estado de São Paulo. É pois, como dissemos, um patrono nobilitante.E as atividadesque a Escola de Mães vem praticando, desde sua fundação, durante a Semana da Criança de 1939, há 15 anos, portanto, têm sido realmente de uma nobreza digna de nota.
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kit':
D. Branca Motta de Toledo Sa-
chs «doublé»de mãe e professôra, há 15anos fundoua Escolade Maes e até hoje é sua dinâmica diretora.
Prestando informes ao reporter
Fundação
e desenvo lvimento
Em 1939,o Governo Federal, impressionado talvez pelas más eondiçóes que, de maneira geral e desolado-
ra, cercama maternidadeno Brasil, dando-nos,como conseqüenciainevitável, um índice de mortalidadeinfantil apavorante, recomendou que se «semeassem em todo o território nacional,obras permanentes de amparo à Maternidadee à Infância.. Essa recomendação, largamente difundida pela imprensa falada e escrita,
calou fundo nos corações bem formados, especialmente
das mãesbzasileiras.Em Piracicabaela encontrouéco profundo no coração de D. Branca Motta de Toledo Sachs, «doublé»de mãe e professóra,rica de sentimentos altruistas.Ela ouviuo apêlo do Governoe sentiu-o de acordo com sua própria vocação. Daí a tarefa que logo se jmpôs de fundar uma escola de mães com o objetivo visado. Fundada modestamente, com a inscrição de algumas mães. convidadas por seus filhos, alunos do Grupo Escolar «João Conceição», começou seu funcionamento
nessa casa de ensino e ai permaneceuváriosanos. Felizmente,o solo em que fôra lançada a boa semente era fertil e a planta nasceu forte, desenvolveu-semo-
deradamente mas sem parar. O sistema adotado para seu crescimento, o «adubo», digamos assim, foi dos mais interessantes e revelou-se eficientíssimo. D. Branca recorreu aos donativos espontâneos ou solicitados e ao quadro das «madrinhas». «Madrinhas», notem bem, e não «sócias», roi a modalidade de protetoras, simpática e eficaz, que ela ideou para fazer vingar sua «escola de mães'. A idéia pegou
que são os «esteiosda insde galhoe as «madrinhas», tituição». contam-se hoje pelo número elevado de 300, número que cresce diàriamente. Donativostem a Escola de Mães recebido muitos e sempre: de deputados,de rifas, de festas. Uma vez por ano realiza-se a «Festa da Criança Protetora», uma atraente fonte de renda, comsessão de cinema, ofertas de brindes e sorteios de prendas que já chegou a pro-
duzir a importancia líquida de CrS8.000,00.Interessante assinalar o primeiro donativo recebido pela «escola»: foi de Cr$ 200,00,do sr. Hélio Morganti. Mais tarde,
veio-lhe um de CrS20.000.00(vejam os zeros à esquerda) do saudoso Interventor FernandoCosta. E recentemente .com novos zeros à esquerda) o fidalgo e quefido Deputado Federal Dr. João Pacheco e Chaves
reservou-lhea importânciade Cr$200.000,00.
Com êsse plano constante e seguro de auxílios pôde a Escola de Mães chegar à privilegiada situação atual, com instalação em prédio próprio, especialmente cons• truido, contando com tôdas as instalações necessárias,
inclusiveamplo auditório todo mobiliado e residência pára a zeladora. Uma palavra de elogio merece aqui o Sr. Luiz Holland, magnânimo construtor, que muito concorreu para possibilitar a construção do prédio situado na rua Alfredo Guedes, esquina da rua Prudente de Morais.
Funcionamento
da «escola»
Descrever por miudo todo o complexo funcionamento da instituição, que continúa dirigida por sua fundadora, é tarefa de relatório. Contudo,queremos dar uma idéia aproximada dele. aos leitores. O serviço organizado
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D. Branca entregando à homenageada da semana, D. Latife B. Kraide, o mimo e as flôres jà tradicionais,
de assistênciaà -Maternidadee à Infância consta de distribuição de sacolas de partos, exames médicos regulares e periódicos. pesagem de criancinhas, fornecimen-
(i
tos de remédiosem todos os casos e de alimentos em casos especiais. Conta com quase 100 fichas de criancinhasinscritasem seus serviços de assistência,outras tantas de nutrizes e perto de 80 gestantes que recebem a assistência pré-natal. A estas a «escola» dá realmente aulas mensais, na 2.a quarta feira do mês, por intermé-
dio de uma educadorasanitária, agora a profa. D. Helena Miranda. Três médicos prestam seus serviços diários, valiosíssimose gratuitos: o Dr. Alcides Aldrovandi, que atende às crianças, o Dr. Alfredo José de Castro Neves, nutrizes e o Dr. André Dias de Aguiar, às gestantes.
As «madrinhas».•trabalho e festas perrnanentes
Já dissemos que as «madrinhas» são o «adubo» e se desenvolvenum ambiente «gostoso» de festas, donativos e trabalho. A festa se faz semanalmente com o que fortalece a Escola de Mães. Sua ação é constante
tradicional «chá das madrinhas., realizado às terçasfeiras e no qual é homenageada uma das «madrinhas» escolhida por sorteio. Nessa ocasião chovem donativos,
não só da homenageadacomo de outras e até de. con-
Na qualidade do Café está e mais valioso prêmic O CAFÉ OURO DO BRASIL, atrava de seus fabuloso. prémios concursos, tem distribuido inúmeros e aos seus consumidores. Mas o maior de todos os prêmioa está justamente dentro dos pacotes - é a qualidade insuperável do
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vidadas que tomam parte no chá. Boa fonte de renda, portanto. E o trabalho, no mesmo dia, por tôdas as pre• sentes é executado na oficina de costura onde quase duas dezenas de amadrinhas» se entregam alegremente
ao labor de confeccionarpecas para parturientes ou re-
cem-nascidos, Com esse relato e as fotos o leitor pode fazer uma idéiado que é e comofunciona a Escolade Mães e do prazer que sentiu o repórter em conhecer de perto
mais essa obra assistencialde alto quilate, engastada no rol das outras muitas de que tanto se orgulham os piracicabanos.
O XV LEVANTOU 12
O CAMPEONATO
s.ZC
no
DE 1957! Flagrantes da "negra"
realizada
em Campinas, quando o XV venceu
o Floresta de S. Pauio, por 71 a
55, conquistandoo ambicionado titulo.
De cima para baixo:A equipe do XV, campeã do Estado e indiscutivelmente a melhor do Brasil na atualidade Mais uma cesta do alvi-negro na partida decisiva contra o Floresta, em Campinas O Carnaval da vitória. A torcida piracicabana, em Campinas, ovacionou, festejou e carregou em triunfo os campeões.
Cliché: - Gentileza do «Diário de Piracicaba»
Atali M. Petrocelliapresenta-se jardinando, com um elegante conjunto de linho branco e listas vermelhas. O «short> é simples e tem por enfeite pespontos vermelhos nos bolsos A blusa frenteúnica é de cintura alta.
Elegânciae simplicidade é o que nos sugere Lili Garrouxem seu traje de banho azul em
espuma de nylon, drapeado no busto. aprovam ?
Vocês
Fotos: Cantarei li
Quando che
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Atali novamente, desta vez de saia amarela de linho, trabalhada e desfiada em espaços simétricoe. A blusa é vermelha com roletes contornando o decóte.
Lili agora em traje de montaria com
«culote», botas marron, blusa branca pregueada
na altura do busto e nos punhos.
o calor
GINÁSIO
KOELLE
Reportagem
de Joaquim
do Marco
Fotos : Cantarel li
Duas gerações de educadores, o Dr. Paulo Koelle atual diretor, ao lado do busto de seu pai, Reverendo Theodoro Koelle, fundador do Ginásio
Fachada principal do Ginásio Koelle, cujas magníficas instala ç õ es estendem-se por diversos q u arteirões
GINíS10
RIO
A cidade-azul, famosa pela planura e numeração das ruas e avenidas, tem no Koelle seu ponto alto
de referência.
Tradição e progresso são os esteios que mantém as glórias do passado e impulsionamas conquistas do presente. Prédios e instalações fazem do Koelle um dos mais completoseducandáriosdo estado e do país• A alma do estabelecimentoestá nos troféus, na galeria dos antepassados, na música e nas flôres• Gente de todos os lugares e refugiados de guerra fazem do ginásio curiosa comunidade internacional. A vida do Koelle, que lhe dá a maiorfama externa,são os esportes em geral e, mui especialmente,a natação'
Outra visão do prédio principal, pelo lado dos fundos, vendo-se uma das piscinas
O excelente auditório, orgulho do Ginásio, é de fato um dos mais belos que temos visto
O repouso é de capital importân-
cia para os alunos, daí as corretas instalações do dormitório
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Tôda a vez que nos reportamos a uma
cidade, seja ela grande ou pequena, surgem ao nosso espírito, insensivelmente, fatos, paisagens ou pessoas caraterísticos, como se fôssem pontos de referência, que a identifi-
cam e individualizam. Alguns exemplos, colhidos a êsmo, ilustram a afirmação. Jacareí, por exemplo, é a cidade dos biscoitos, Ribeirão Prêto - a capital do café, São Luiz do Paraitinga - o bêrço de
Oswaldo Cruz, Limeira - a terra das laranjas, Salvador - a capital das igrejas. Pois Rio Claro, a cidade-azul, formosa pela planura e numeração de suas ruas e avenidas, também carrega, orgulhosa, um ponto de referência que a torna conhecida em muitos lugares longínquos de suas fronteiras :
é o Ginásio Koelle.
Um belo salto do patamar de IO metros, apanhado pelo nosso fotógrafo
Classe de inglês a cargo de I). Maria Luiza. O estudo aqui é coisa realmente séria
Uma «saída» de futuros campeões, de natação, na imponente piscina do Ginásio Estes «brotos» tôdas ginásianas, ainda poderão -ter seus nomes no estrelato da natação
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truçao de seu principal prédio, majestoso, moderno e confortável e de seu esplêndido estádio para esportes, no qual já se destaca, pronta e em funcionamento, uma das mais amplas e mais perfeitas piscinas que conhecemos. O prédio principal e outras instalações
Visitamos, no prédio, salas de aulas e dormitórios cujas dimensões, instalações e condições higiênico-pedagógicas, bem como suas disposições de acesso, circulação e fiscalização, inteligentemente planejadas, são
de dar água na bôca a quem, por dever de ofício, já viu tanta coisa errada e lamentável que existe por aí. Notável — na acepção exata do adjetivo — é o Salão Nobre, amplo, austero, muito bem mobilado e oferecendo ambiente de descanso ao espírito e de acolhimento às manifestações artísticas e culturais. Nota curiosa, nêste prédio, é o "batismo" de um dormitório, em andar superior, ao qual se tem acesso por uma escada de madeira. Pela direção da casa, fôra destinado a ser o "apartamento" dos maiores, dada a sua bela O técnico do Koelle deposita grande esperança nas próximas exibições de Glória, uma morena de 15 anos que promete ser autêntica beleza feminina
Glória Dulcília é de Londrina. Tornouse campeã de «krowlb dos 100 e 200 metros: tempo - 1'15" e 2'51".
Desde 1940, quando morámos em Rio Claro e lá dirigimos o Ginásio do Estado, conhecemos e aprendemos a admirar a justa de fama dêste hoje grande estabelecimento Reverendo pelo anos 72 ensino, fundado há nome e Theodoro Koelle, de quem herdou oséculo. por quem foi dirigido durante meio Tradição e progresso
focaliAo revê-lo, há poucos dias, paraficámos "Mirante", de zá-lo nesta reportagem pudemos deveras encantado por tudo quanto diretor, atual observar, tendo por guia seu no ginásio oe Dr. Paulo Koelle, que nasceu sua licenciou-se em filosofia na Alemanha,D.ou Maria gentil senhora, a dinamica professôra Luiza Hohl Koelle, ou ainda pelo vitorioso o atleta técnico de natação, do educandário, só de não veio nos encanto Bruno Bucchi. O manescoados, haver o ginásio, nestes 17 anosadministrativa e esfera tido os altos níveis na constituem tradição inda educação, que já do seu extradiscutível, mas principalmente verificado na ordinário progresso material, consna territorial, ampliação do patrimônio
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situação de isolamento, arejamento e dos largos panoramas descortinados. Os rapazes, porém, na sua eterna jovialidade e espírito, batizaram-no de "poleiro" e o apelido pegou... Seria longo descrever aqui tôdas as instalações do Ginásio Koelle. São muitas e ocupam quase duas quadras além da maior em que tica o estádio com a piscina. Há casas ou apartamentos para quase todo seu corpo dorde protessôres — cêrca de cinqiienta mitórios para trezentos alunos e as grandiosas instalações da cozinha coletiva para tôda essa gente e mais muitos alunos externos, cujo total é de outros trezentos, naturalmente nem todos participando da cozinha. Para se fazer uma idéia do trabalho necessário para acomodar e alimentar tanta gen-
te, basta citar que a cozinha mantém anexa
uma padaria funcionando diàriamente e o ,estabelecimento conta com uma funcionária permanente, que fica o dia inteiro, em máquina apropriada, somente serzindo meias para perto de 800 pés !
Esta é Sónia Escher, campea brasileira e sul - americana, revelada pelo Ginásio Koelle e aiada defensora de suas côres
Troféus, .galeria de antepassados, rnúsica e flôres
As marcas das vitórias alcançadas pelos alunos do Ginásio Koelle, principalmente nos esportes, são inúmeras e representadas por dezenas de taças artísticas dos mais variados estilos, tamanhos e procedências. São troféus que seus diretores mostram orgulhosos. Enchem uma sala e, os mais importantes, ocupam lugar de honra na galeria dos antepassados. Essa galeria é algo que merece registro especial. Trata-se de uma sala em cujas paredes, retratos de impressionante expressão,
nos quais se adivinha mão de artista, escrevem a história e explicam a tradição do es-
tabelecimento modelar. São os retratos do pioneiro Theodoro Koelle, de sua senhora Dona Júlia Zink Koelle outros de auxiliares desaparecidos que ali estão como exemplos permanentes para a ação honesta e incansável dos que ficaram. É o culto da tradição como fonte inspiradora que orienta e estimuIa os atuais dirigentes e mestres do ginásio. Bem interessante é notar que uma das características mais louváveis do educandário
é a preocupaçãode dar aos alunos, sobretudo
aos internos, a impressão do ambiente familiar. Daí os diversos dormitórios pequenos e isolados e não só os grandes e coletivos. Tais pequenos dormitórios ficam ao lado da alojamentos de professôres também de tipo familiar e são destinados aos alunos menores de ambos os sexos, para que não sintam isolamento e nostalgia. Aliás, a fim de que se sintam "como em casa" várias providências são adotadas e praticadas de modo espontâneo e natural pelos alunos. Assim não se percebe ali a fiscalização do tipo "não pode"; os alu-
nos tomamo encargo de arrumar suas camas
O que impera, no Koelle, é a alegria dos esportes que garante o progresso dos estudos. Estas pequenas têm ótimas notas de inglês
e objetos e engraxar seus sapatos. Para completar êste "à vontade" tão salutar, é intenso e bem
disposto o ensino de instrumentos musicais com piano, violino e principalmente harmônica — o mais procurado — havendo para êsse ensino salas especiais ou então estudos, com horários adequados, nos próprios dormitórios. E não esqueçamos ainda o jardim, que D. Maria Luiza, com alma de verdadeira educadora, acha de importancia fundamental para
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o bem estar social das crianças e jovens, pois um lar bem organizado dá sempre lugar de proeminência às flôres e plantas ornamentais. Destarte, considera e com razão que manter os educandos em contato permanente com um jardim que êles ajudam a tratar, observando-lhe as plantas e as Ilôres, é como fazê-los viver a vida do próprio lar, onde se acostumaram a ver os pais, môrmente as mães, praticando os mesmos cuidados. Gente
de todos os lugares e refugiados
Seria um nunca acabar se quisessemos fixar as muitas particularidades deveras interessantes que observamos no Ginásio Koelle. Não deixaremos, contudo e antes de passarmos ao ponto máximo de sua organização, que é o esporte, de contar aqui aos leitores que, dos seiscentos alunos matriculados no curso primário e secundário — êste oficializado — talvez mais de cinquenta por cento não são de Rio Claro. Vêm das mais diferentes cidades, tanto paulistas quanto de outros estados, e até do estrangeiro. E ültimamente têm chegado numerosos filhos de refugiados húngaros que, por fôrça das peregrinações forçadas, não falam razoàvelmente língua nenhuma, o que representa, para êles e para os mestres, um trabalho árduo de adaptação escolar e pedagógica. Contudo, a adaptação se processa, êles aprendem e se integram ao ambiente familiar da casa, constituindo, com todos os outros, uma curiosa comunidade internacional, na qual pontilham, em caráter majoritário, as cabeças loiras e os olhos azuis, não faltando, porém, com seu belo contraste, os cabelos e olhos castanhos e negros. Esporte e natação
Vida do Koelle
A maior faina externa do Ginásio Koelle provêm, certamente, do grande e racional desenvolvimento dado às atividades esportivas, que fazem parte obrigatória da vida dos alunos, por declaração expressa dos pais no ato da matrícula. EsEm recente reportagem da "Gazeta e esporte o "onde sub-título o portiva", com o estudo andam de mãos dadas", êsse aspeiocto do Ginásio Koelle foi esplêndidamente estatíshistóricos, pormenores calizado, com a puticos e técnicos que bem demonstram reexcelentes os e jança, a boa organização esportiva do edusecção pela sultados obtidos candário. que o Ginásio De início salientaremos seu priconstruiu quando 1927, Koelle, desde 5 m., por m. meiro natatório de apenas 3,50 ioi sacrifícios, medir sem interrupção e sem até esportivas instalações ampliando suas do presente.
chegar à posição invejávelde dues quadras Hoje, tais instalações compõem-se
e mais uma cimentadasde cestobol,uma de volibol completas. Nesta grande praça de esportes das mais
acha-se em fase de acabamentoum campo e pista de atletismo modelares e eleva-se majestosa piscina de construção recente, com 25 m. x 18m. , e servi-
da de todos os melhoramentos exigidos por um
natatório modernocomo: trampolimde I e 3 metros de plataforma e 5 e IO metros de altura, arquibancada ampla e coberta, alojamentos e vestiá-
rios perfeitose para grande númerode atletas. Com tal abundânciae perfeiçãode instalações e possuindoa orientaçãotécnica segurae dinâmica de atletas tão simpáticos como Bruno Bucchi, em natação, e BeneditoFonseca, no atletismo,é natural que a prática dosesportesentre os alunos tenha e por topassado de "obrigatória" a dos aceita com o maior 'entusiasmo, dedicaçãoe
seriedade. Ocorre ainda que, para maior interesse dos alunos e consequente influência educativa, a direção dos esportes, no Ginásio Koelle, vem sendo entregue aos próprios alunos, num produtivo ' 'self-gou verne-
ment' , que consiste em estimular o espíritode
equipe por meio de grupos esporti vos organizados
pelosalunos e dirigidos por colegas de sua livre escolha.
Não admira, por certo, que de tanto entusiasmo e dedicaçãopelo esporte, haja o Ginásio Koelle adquirido fama nacional merecida, tornandose um vasto celeiro de atletas que, saindo do colé-
gio, voltam a suas cidadese se espalhampelo estado ou pelo país levandoa inúmeroslugares o gosto tão útil e necessário pelo esporte. Não admira tambétn que, nesse educandário modelar, tenham surgido campeões de fama como êsse fabuloso João Gonçalves, que brilhou nos Jogos Olímpicos de Hel-
sinque e ainda conte, entre seus esportistas, Sonia Escher, uma graciosa rioclarense, que
' 'despontou
como estrêla de primeira grandeza e hoje brilha no
firmamento da aquática nacional". Sonia Escher foi campeã brasileira (em 54, 55 e 56) e sul-americana (em 54) em nado "borboleta", detendo o recorde de 100m. em V e 25". Essa linda ynorena que o Cantarelli apresenta ao leitor, Glória Dulcília Funaro, veio de Londrina,
tem menos de 15 anos e cursa a 3.• série ginasial. Praticandoa natação há 4 anos, já é campeãno elegantíssimo nado "krowll" de que féz para o repórter, mui gentilmente, uma demonstração belís-
sima. Tomem nota do nome porque êle vai ser realmente mais um GLÓRIA do Ginásio Koelle. Para finalizar esta reportagem que fizemos com tanto prazer e pela qual muito gratos ficámos ao
Dr. Paulo, a D. Maria Luiza e ao Bruno Buchi, não devemosomitir o registro de uma observação de máxima importância. Não se pense, diante do relêvo dado aos esportes, que êstes ficam em plano superior ao dos estudos. Bem ao contrário, a pri— mazia é dos estudos sôbre os esportes. Por isso, a
prática dêstes, obrigatória para todos os alunos,
apenas como descanso mental, derivativo de emocoes ou sentimentos menos puros, preparo físico e de um bom sono, nas competições é concedida, co-
Continúana pag. 31
É lá que eu quero sonhar, É lá que eu quero morar. Na frente o rio a correr, (Cinzento-azulado);
Atrás o atalho a morrer,
(Amarelo e pesado);
No canteiro de flôres, (Branco e dourado);
No meio a casa a brilhar, (Azul e encarnado).
armil
Na fresca varanda Na rede sentados Nós dois abraçados
Em suave ternura. Do rio, a cantiga,
Rolando, rolando, Do mato, o silêncio, Falando, falando,
Da noite, a tristeza,
Chorando, chorando,
Do sol, a alegria, Cantando, cantando, Nós vamos sentir.
SONHO
E a alma aquecida
Por todo éste encanto As agruras. da vida Esquece e revive.
Lília Guerrini Sêga
Assim acharemos Da vida a doçura, Do amor a ternura
Ilustração de Alvaro P. Sêga
No sonho que temos.
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CAL LUMEN
3
2
Cal Virgem
5
Cal Hidratada Cal Extinta
2 3
LÚMEN
Cin. LIDA.
6
as melhores da
região e uma das melhores
q
do Estado. Alto teor de
Ozoex
liga e plastici-
dade. 8
Produtos da (I. a e
única) indú*tria que produz Cal
Hidratada no Município de
q
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CONCHITA
Público certo em Piracicaba
..um amor de boneca
Conchita, vista de gerto, é tão linda
como vista à distância - No cinema estrelará o filme «Maluco por
mulher» - No teatro por amor á arte e não por necessidade financeira
Reportagemde MIRANTE Fotos de Itdlo Filetti
Mario Mascarenhas e suas acôrdeonistas,
têm público certo em Piracicaba, e isto ficou provado quando a Companhia exibiu-se aqui pela
segundavez, com o Cine São José completamen-
te lotado.
A vedete do «show» é Conchita MascareIlhas, figura principal do espetáculo, que realmente encanta pela gua graça e beleza. Nos bastidoreg do teatro, em meio à coti• fusão própria de inicio de espetácnlo, «Mirante» conseguiu entrevistá-la ràpidamente. Inicialmente, dsvemos dizer que Conchita, vista de perto, confirma totalmente a impressão que se tem dela, quando vista à distancia, no palco. É de. fato um amór de boneca. A primeira novidade que ela nos contou e que por certo irá entusiasmar os seus inúmeros fãs, .é que eia agora entrou para o cinema e já fez um filme, juntamente com Zé Trindade, tendo como galã Arnaldo Montel. Titulo: Maluco por Mulheres. Este seu primeiro filme tem cênas rodadas no Hotel Quitandinha e o Zé Trindade é um de seus ardentes apaixonados', o que faz prever excelentes situações eômicag. A uma pergunta nossa sObre ge havia gostado de sua primeira experiência no cinema, Conchita disse-nos que achou muito interessante e que ficou freguesa, poisa em Outubro deverá figurar •ern outro filme (quando este n.' de «Mi-
rante» estiver circulando, ela estará portanto trabalhando em sua nova pelicula). Que acha da vida de Teatro? —Para mim é a minha própria vida. Não poderia viver de outra forma. Cada eapetáculo
é uma nova emoção! Tanto que poderia deixar de atuar se assim o desejasse, pois não dependo do Teatro para viver. Não o faço entretanto por
muitoamorà arte.
— Quais 08 planos da Companhia? — No próximo ano, faremos uma excursão Europa, onde pretendemos-exibir-nos em diversos P2fses, principalmente em Portugal. — Há quanto tempo está casada com Mario?
Há 4 anos e sempre atuando ao seu lado.
— Vocês Iem filhos? — Sim, temos dois: Mario Junior e Eugénio.
— Com que idade começou a trabalhar no
Teatro ?
— Com a idade de 14 anos. Neste ponto da entrevista, Conchita era so-
licitada a entlar no palco para apresentar mais
nm número de seu apreciado repertório e como
a grandemaioriaestava na platéia, nos camarotes e nas galerias, nac tivemos outra alternativa senho encerrarmosnossa pequena reportagem. Antes, porém, queremos «convidar• os leitores a olharem as fotos ao lado. Cremog que gó elas contam mais do que um mundo de palavras po-
deriam dizer de Conchita!
A assistência
Com uma profusão de plumas, cobrindo (ou descobrindo?) seu corpo escultural, Conchita é sempre aplaudida ardentcmente!
na entrada acontece o teatro quase de Conchita. vem abaixo
30
Aqui o rapaz dá u'a mão, ajudando
a mulhera «filar»a água da fonte
Este nosso registro não tem pretensões a criticas de espécie alguma, mesmo porque acbamos que nada há a criticar. Desarranjos em máquinas podem acontecer a qualquer momento, porque as máquinas não são infalíveis. O registro vale pele pitoresco do acontecimento, pela originalidade da situação e princípalmente, cremos nós, para demonstrar a incrível vivacidade do nosso repórter fotográfico, o José Cantarelli, do qual nada escapa. Tudo êle vai registrando com sua máquina, sempre atento a todos os acontecimentos
Pessoas que o observaram em açao, contam as suas peripécias, para fotografar os filantes de água, com a «boca na botija», no nosso caso, com o balde no tanque, sem que fôsse notado por êle8..
n Fonte luminosa -bela e útil Fotos: Cantarelli
Texto: Rena
A nossa fonte luminosa veio provar dias atrás que, além de sua indiscutível beleza, também possui qualidades práticas. É que, devido a um desarranjo na bomba de recalque, a cidade viu-se de uma hora para outra sem o precioso líquido.
Alguma' pegsoas que naturalmente residem perto da praça, não tiveram duvídas e, munidos de baldes, lá se foram abastecer-se da água da {onte luminosa.
A mocinha foi apanhada com a «bóca na botija», neste caso, com O balde no tanque,
CE
Todos estão preferindo os
GINÁSIOKOELLE
(continuação)
mo prêmio, somente aos alunos que conseguem, nos estudos, a média mínima seis. Os pais sabem disso
e, em geral, fazem questão cerrada das duas coisas : média seis e a competição esportiva. E é grato assinalar que, confirmando o velho lema greco-latino ' 'mens sana in corpore sano", de regra muito geral os ótimos esportistas são também ótimos alunos nos estudos,
havendo
CUI
casos rea Imente impressionantes
como o de Dácio Giometti, um portento, condecorado com a medalha de melhor aluno esportista no ano em que concluiu a 4.a série ginasial com a média quase incrível de 9,95! Ao Ginásio Koelle "Mirante"
agradece todos
os bens educativos que vem proporcionando a centenas de pequenos brasileiros,no futuro homens fortes e de bem, e formula votos para que possa continuar sempre magnifico o desempenhode sua nobre empreitada educacional já tão coberta de glórias
IÉ OLD-DRY
indiscu tíveis.
BLACK
RCM
CAZSNOVE
HELOU KRAIDE
CAZANOVE
KRIIOE Illiversário de nosso diretor, fllEO HELOIJ precisa registrar o Embora com atraso, MIRANTE Fued Helou Kraide, esplêndido dêsse natalício aniversário do corrente. 22 a transcorrido diretores, um dos nossos dotado de boníssimo, coração visão, Homem de larga
amor à vida,seu entusiasmo incrívelfÔrçade vontade e que fadêle se acercam sãopor os e seu poder de animar super-apaixonado piracicabano bulosos. É ainda um e ao progresso de tudo quanto diz respeito às coisas indústria ou do comércio nossa terra, seja no setor da caridade, seja enfimnas seja no campo social ou da de MIRANTE lides esportivas ou artísticas. Os parabens São, por isso, efusivos e vibrantes.
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CAZÂNOVE
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PAPA SEU
FESTA DIVINO
Os cantadores de Cururú animam a fes-
ta com seus desáflos. Na foto dois
bambas: Lazinho Marques e Barbosinha.
TRADIÇÃO
DEVE SER PRESERVADA
Fotos de Lacorte e Wilson
de Godoy
A Festa do Divino, em nossa região, deve ger
mais do que centenária. Não nos preocupámos em procurar sua implantacãoentre nós. Mas pessoas com quase cem anos, que ainda existem em Piracicaba, lem-
bram-se dela «desdemeninos».
A procissão do Divino,tendo à frente o festeiro, snr. VirgilioCastilho e sua exma. espósa. desce a rua
Moraes Barros rumo ao rio. Ao festeiro cabe levar a bandeira em cuja extremidade está a imagem do Divino
A barca do Divino é a grande atração da festa. Leva a imagem e a bandeira do Divino,o festeiro e as autoridades
religiosas.Os marinheiroscom suas fardas brancasformama tripulação.O ponto culminanteda festa é o cencon(crusamento) das duas embarcações que navegam em sentido contrario, a barca do Divino e outra menor que também leva a imagem e a bandeira do I)ivino. Daf a denominação de encontro das bandeiras do Divino.
É uma festa generalizada no Estado de São Paulo. porém suas melhores caraterísticas são as ribeirinhas. reTais características encontram-se principalmente naonde gião do médio Tietê, incluindo o nosso Piracicaba, rios e são traas festas têm por palco o curso désses dicionais em muitas cidades como a nossa, Tietê, Laranjal, Anhembi, Conehas, etc. anos Quem conheceu essas festas há cinquenta que
as adulterações atrás, não pode deixar de lamentar 0 tempo vai introduzindo em seu ritual, desfigurando e
próbanalizando muitas passagens importantes para o prio sentimento religioso. a pesta do Apesar, porém, dessas adulterações, como célebre
Divinoainda se realiza na rua do Pôrto,
«encontro do Divino» anunciado por estrondosa queima
de fogos, atraíndo para a margem do rio multidões
compactas. E há sempre esperança de que «no próximo ano haverá nova festa», pois um dos atos essenciais
do ritual é a escolha dos festeiros do «ano que vem» — a qual recai num casal religioso, que assiste ao final dos festejos «deste ano» e preside a todos os prepara-
tivos e à realização dos do próxirno. Mirante fixa, para a história, vários flagrantes da festa realizadaem Outubro dêste ano, em que foram festeiros o popular Virgilio Castilho e sua exma senhora.
Que esta reportagem seja uma fixação sentimental indelével da Festa do Divino em Piracicaba— uma
festa que não deve desaparecer — são os nossos votos.
n voun
Por J. Neto
Primeiro fôra o temor da doença. Qua-
se o levara à loucura. Agora êle temia a volta. Sabia que um dia teria que voltar. E temia êsse dia Os médicos já lhe haviam dito que logo êle poderia ir para casa. Estava, pois, esperando a notícia. Mas quando a recebeu ficou parado, nocaute, no meio da sala. Dr. Celso reparou e perguntou :
Parece que você não ficou contente
em saber que logo poderá ir para rasa. Foi a custo que respondeu : Fiquei.
E se retirou apressado. Nunca tocara
no assunto eom ninguém. Ali só tinha conhecidos. não tinha amigos. Só ali ? Outro-
ra os tivera. E quantos! Mas agora
Uma vez tentara manter conversa mais
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íntima com o dr. Celso. O médico mais simpático, a seu ver. Era educado, aten-
cioso. Mas como poderia mesmo dedicar-se particularmente a cada paciente naquela colmeia de doentes ? Isso foi quando adquirira certeza de que poderia curar-se. Naquele dia o dr Celso lhe perguntara:
— Sua família não vem vê-lo? Ele ficara a olhar longamente para o
médico antes de responder :
— Não. E, apressado, acrescentara: Eu mesmo pedi que não viessem. Dr. Celso censurou: — Fêz mal. Era melhor que sua gente o visitasse. Isso depois facilitaria a convivência quando você voltasse para casa. Quer dizer que vou voltar mesmo? — perguntara. — Você terá alta, espero, dentro de uns seis meses.
— Só tenho minha espôsa e uma fi-
lhinha. ..
Foi aí que êle teve vontade de se desabafar Com o médico. Contar-lhe que até quando lhe aparecera a doença Lenita e a criança eram a sua preocupação,o seu encanto, o seu mundo. Como tinham sido felizes! Ele, bem empregado, podendo proporcionar-lhes uma condição decente. A casinha bonita sempre cheia de amigos. Sim, de amigos... Depois que se positivara a Até Lenita se redoença, no entanto. cusava a vê-lo mesmo de longe. Chegou a
declarar que nunca mais se aproximaria dêle nem deixaria que sua filhinha o fizesse. Era por isso que sua família não o visitara nos dois anos que estava isolado do mundo, submetendo-se docilmente a todo
tratamento, mas sem esperanças de curarse. Ele não acreditava que mesmo curado Lenita o quisesse perto. E Lenita ainda era tudo para êle. Foram novos meses de angústia. Ago-
ra não mais por saber-se incurável,mas temendo a volta. Como o receberia Lenita?
a castigar-lhe a cabeça nua. Não levava
nada. Tudo o que ali fizera parte de sua
vida de internado, inclusive roupas, êle havia distribuido entre os doentes conhecidos. Quando o ônibus parou ao seu sinal, êle subiu para o veículo apenas com um pensamento: — Como Lenita me receberá ?
A noite já ia alta, entrara pela ma-
drugada, e êle ainda se encontrava sentado na sala, incomodamente, como um estranho. Chegara há horas. Lenita quase desmaiara ao vê-lo. Relutara em deixá-lo entrar. Ou-
vira com ar de incredulidade a história da sua cura. Quando a criança apareceu, êle se levantou para abraçá-la Mas Lenita a puxara com um grito e a levara novamente para o interior da residência.
Agora êle ali se achava sem dizer mais nada. Nem sabia o que pensar.Lenita, sentada à distância, não escondia a sua aflição. De repente êle pensou: Se eu sair, ela vai queimar a poltrona onde estou sen-
tado e jogar o copo, se já não o fêz, em
que me deu água. Então lembrou-seque não havia comidonada à tarde, nem lhe haviam oferecido o que comerem sua pró-
pria casa...
Levantou-se, mas não se aproximou da
mulher. Pediu •
— Posso ver minha filha? Prometolhe que não tocarei nela. Não esperou pela resposta. Foi até o quarto, acendeu a luz e ficou olhando a criança adormecida.
Apagou a. luz e voltou
à sala. Encaminhando-se para a porta da rua, sem se voltar para a mulher, murmurou : Adeus !
Ela ergueu-se enquanto êle abria a por-
ta. Ele viu o gesto que ela fazia, antecipando alguma coisa que ia dizer. — Não diga nada. Vocênão é culpada. Ninguém tem culpa. A neblina, a principio rala, se adensa-
Naquela manhã, os médicos e funcionários do leprosário se despediram dêle desejando-lhe felicidades. Os outros doentes, os que podiam livremente locomoverse, o olhavam invejosos. Transpôs o portão de ferro com o sol
va nas proximidadesdo rio, na direçãoem
que êle caminhava. Seu vulto foi sendo envol vido aos poucos pelo nevoeiro, restando por uns momentos apenas o eco fraco ,de seus passos, que logo foi abafado pelo barulho das águas correndo, correndo...
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CINEMA
Paris Palace Hotel Um filme de Henri Verneuil
SINOPSE Um excelenteconto de fadas para adultos, no
qual a «Borralheira» (Françoise Arnoul) é manicura e o «Príncipe Encantado• (Roberto Risso), é um
mecânico de automóveis...
A sorte faz com que a manicura e o mecâ-
nico se encontrem no elevador de um suntuoso hotel:
Paris Palace Hotel, onde Gerald havia ido buscar o carro de um client,e. Françoise (Francoige Arnoul),
que terminou
seu trabalho, impacienta-sepor causa da chuva...
Gerald (Roberto Risso), fazendo-se passar pelo proprietário do belo automóvel, convida-a a entrar no mesmo...
Françoisese faz passar pela filha de um mi-
lionário que habita o hotel, de passagem por Paris...
É sempre com renovado prazer que
a gente revê esta deliciosa figurinha chamada Françoise Arnoul
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No dia seguinte conta sua aventura ao milionário seu papel de «pai• aproveitando a ausência de sua em questão, Sr. Delormel (Charles Boyer), que aceita
espôsa (Tilda Thamar), a qual havia ido passar o
Natal com a mãe. .
Se, com efeito,
os jovens passam a melhor
noite de Natal de suas vidas, já que se declaram apaixonados um pelo outro, não acontece o mesmo com o «pai» de Françoise, pois acusado injustamen-
te do roubo do automóvel (que havia tomado «em-
tográficos de sua geraçao. Sabe criar uma atmosfera, dar uma impressão de vida, de movimento, de autenticidade Comédia leve, muito leve (quanto ao pêso), porém bem feita
e bem dirigida.CharlesSpaak é o adaptador.
. .Françoise Arnoul se distingue (mérito raro) dessas jovens atrizes que pa recem inca-
pazes de expressar um sentimento romântico
sem afetação.
Quanto a Charles Boyer, que autorida-
Atríz de grande sensibilidade, Françoise Arnoul consegue coisa rara, ser romântica sem afetação
xadrez.. prestado» a Gérard) passa multas horas no sua es-
de superior, que elegância, agora e sempre.. que prestigio !
direto ao casamento e à felicidade... um dos mais Henri Verneuil confirma cinemadiretores os encre sinceros talentos,
A seguuir pedimos licença paru transcrever
o regresso de Sua liberdade coincidirá com drama. .. correspondente o suscitará que o posa, confessarem de depois enquanto que os jovens, vão um ao outro suas verdadeiras personalidades,
«LE FIGARO»- Paris
uma crítica de B. J. Duarte, da «Folha da Manhã•, sobre este mesmo filme.
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«PARIS PALACE HOTEL» ESTOU a ver daqui o que muita gente vai pensar dessa fita, ora em exibição na sala do «República»
(comédia inconsequente,
a repetir os
chavões e os quiproquós das peças de (boulevard», Charles Boyer sempre o mestno em sua interpreta• cão, em suma, uma fita sem maior interêsse técnico.
artístico, etc.). POIS, ainda que assirn seja, aí está um espetáculo muito agradável, cheio sem dúvida dessas situacoes dúbias e dêsse quiproquó das peças de «boulevard», mas, por isso mesmo, a se constituir num divertimento leve, próprio para quem, numa noite de depressão, procure, nos programas, um espetáculo,
que seja justamente a peça de «boulevard». E para isso e não para outra coisa foram feitas as peças
de «boulevard». Além do mais, a película de Verneuil possui muitas qualidades cinematográficase pequenas «trouvailles», capazes de conquistar aquêles que prezam o cinema e a sua linguagem. Não vou citar tôdas, preferindo deixar a sua identificagio a cargo da sensibilidadede cada um, mas posso exemplificarcom uma ou duas menções: o infcio
da fita, a contar-se num tom de «badinage»muito próprio de seu espírito, a valer-se da história do relógio-despertador, desde as mais remotas épocas do império chinês, até chegar à intimidade da vida parisiense; a sequência em que «Mme. Delormeb se prepara para a viagem a Zurique — um momento todo construido sob um ritmo farsante, com a ca-
mara sempre em movimento, às vezes a estacar ante as malas-armário, abertas no meio do quarto em desordem, para, logo depois de fechadas, pros-
seguir em eua perambulação, tal e qual a própria personagem, cuja personalidade vulgar, em contras-
Quanto a Charles Boyer, que autoridade
superior,
! que elegância Agora e sempre.. que prestigio
Paris PalaceHotelé um excelenteconto de fadas para
adultos, no qual Françoise Arnoul é a Borralheira.
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te com a de «Mr. Delormel> e «Françoise» (Charles Boyer e Françoise Arnoul), vistas ao fundo do quadro, é assim mostrada ao especta dor, sem necessi• dade de longos e inúteis discursos, na imagem e no
coopppo
diálogo. Outro exemplo, é o constante da cena vivida num «dancing»na noite de natal, em que duas personagens — «Françoise» e «Gerard» — fazem uma curiosa experiência: tapam os ouvidos para,
assim, sentir o rídiculo do espetáculodesdobrado à frente de seus olhos — aquela multidão heterogê-
nea e mulbicoloridaa pular, a dançar, a cantar no
silêncio, no grotesco criado pela falta da música e dos ruidos, silêncio sentido tambem pelo próprio espectador, com o som cortado e a corresponder, e a sincronizar.se ao gesto das personagens,
Frago-
;eéaz
E quando mais não fôra, há, ainda aquêle que foi, durante algum tempo, em Hollywood, o galã mais cotado pelas empresas e seus escritores de argumentos, para êle a procurar e a processar te-
mas sob medida Charles Boyer. Sempre com sua voz aveludada e aquela veia saliente nas temporas, a fazerem ambas sonhar as moças de há quinze anos passados, Charles Boyer continua sendo um galã, algo maduro, sem dúvida, mas muito atraente e muito simpático, dono no seu gênero, de um belo estilo interpretativo, nem muito dulçoroso, nem muito convicto de seu poder de sedução, tipo Clark Gable, por exemplo. E é um prazer ouvi-lo dizer seus diálogos, com aquela sua naturalidade doméstica, na língua que, para os da minha geração ainda era familiar. Tem como comparsa a presença encantadora de Françoise Arnoul, coadjuvados ambos por um grupo de atores equilibrados, a se movimentarem todos por entre os meandros de uma intriga espirituosa, se bem que a se estruturar naquelas situações já mencionadas; o que, como se viu, não é defeito. «Se o vinho é bom e a mulher é dizia não bela, que importa a certidão de idade epicurista, muito filosofia uma sei que escritor, com
aconselhávela certas pessoas,em certas ocasiões...
QUA NTO ao setor técnico-artístico, a fita também não desmerece seus realizadores: muito bem fotografada em eastmancolor por Philippe Agostini, em ótimos cenários de Jean D'Eaubonne, sob a múFica de Paul Durand (a desenvolver-se num tema de valsa muito agradável), roteiro e diálogos de Charles Spaak, tudo e todos dirigidos por Henri Verneuil. Um espetáculo a valer, sem dúvida, os 25 cruzeiros que por ele se pagam. «PARIS PALACE HOTEL» (Paris Palace HoPRODUÇÃO franco-italiana da «Speva teb) Filme"
Paris e «Rizzoli Film», Roma — DI RE-
E DIACÃO: Henri Verneuil — CENARIZAÇÃO — 140 Verneuil Henri e Spaak LOGOS: Charles — eastmancolor em Agostini, Philippe TOGRAFIA: A. J. CENOGRAFIA: — MUSICA: Paul Durand Hautecoeur Louisette MONTAGEM: IYEaubonne — Hen— SOM: Jacques Lebreton — PRODUTOR:Charles Arnoul, ELENCO: Françoise ri Baun Michele PhiBoyer, Roberto Risso, Louis Seigner,Ruymond BusCarette, lippe, Tilda Thamar, JulienDISTRIBUIÇÃO: Franoutros. e Cowl sieres, Dary ça-Filmes do Brasil.
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