Revista Mirante - nº 10 - dezembro de 1957

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...mirando o que acontece...

MIRANTE

FESTAS e GALA no «CRISTOVÃO COLOMBO»

Pág. 7

O BALLET EM MARCHA ASCENDENTE Pág. 18

UM SORRISO DE VIZINHANÇA - Repor.

tagem com Lucila

(asagrande Pág. 22 Novo

BERTINHO

«astro» que desponta

Pág. 28

MIRANTE N. 0 10 MENSAL

PIRACICABA

-


0 Ilie11101aneritivo

T!? pai para filho desde 1910.. D'ABRONZO& CIA. LTDA. Av. O, MariaEliza, 44 - font, 4480- Vila Rezende-

TATÚiíÑHO


MIRANTE EVSTA

NOIVO IDEAL

Distraidamente,vi que a mocinhase despediude

suas amigas com beijos estalados e fingidos e vagas promessas de coisas vagas. Subiu e sentou-se no ban-

co à minhafrente. Continuou a conversar pela janelinha até que a jardineira partiu. E tudo teria reentradona rotina habitualda cor-

de Wagner, Romani & -Kraide

DiretopeU Comercial — Arlindo

"Romani

Arfidiico 'Renato É)Oagner 'RelaçGed públicad 7<raic/e "Redaior-c/'de — Doaqilim do 'Mlarco Depari. de publicidacle—Arlindo _70déRomani Colaboradoreó cliperd0J Preçod

Aódinatara anual: na ciclade —

rida do veículo, até a outra estação, se a mocinha não tivesse aberto um livro que se pôs a ler, sem embargo da trepidação e dos solavancos da jardineira. Corri os olhos indiferentes e li, no alto da página aberta : — Edward Montier. Era o nome do autor, para mim completamente desconhecido. Mas, no alto da outra página, li o título do livro que me aguçou uma curiosidade

CPS ffO,OO

— CPS no,oo

puimepodo m¿e;—

10,00

v,úmepoafraóaclo — 12,00 pela qual redponaabilizavtod 5.000 Exemplares.

SEDE

tola: «Onoivoideal..

Interessei-me, não sei porque, pela leitura e pela leitora. Esta era loira e de olhos azuis. Feições e estatura regulares. Não era nem feia nem bonita. Talvez fôsse mais bonita do que feia. Traje comum e atitude

ENSAL EDITADAPOR

PIRACiCABA PUBLICIDADE

Joaquim do MARCO

COMOde costume, a jardineira fêz sua parada defronte ao bar. Desceram uns passageiros e subiram outros. O chofer o cobrador foram tomar um cafézinho quente. Eu fiquei sentado no meu lugar e reencetei a leitura interrompida de uma revista qualquer.

.mirandoquewtec%.

Piracicaba-Fublicidade Rua Morais Barros, 802 - Salas, 20 e 21 - reielone, 42gô

PIRACICABA Estado de São Pauto - Brasil

discreta.

gjà

Percorriaatenciosamente um novo capítulocujo

título consegui ler: SA escolha do noivo por impulso». Sem querer, pus-me a pensar no que poderiy dizer aquêle livro de assunto tão interessante quãó importante para as moças casadoiras. Fiz mil suposições e raciocínios. Recompusnovelas e cenas. I embrei namoradas, amigas e conhecidas. Mas não pude, confesso,

construira figura do noivoideal. Que diria o autor

naquelas duas centenas de páginas? Que pensaria a mocinha depois de lê-las? Criaria, na imaginação, a pessoa de seu noivo ideal? E coincidiria, acaso, com a do seu atrevido namorado, aquêle que dança tao bem e com quem tão agarradinha passa horas sentada no banco do jardim ?

As perguntas ficaram no ar, sem resposta, porque

Um ponto

fraco

célebre: o calcanhar de

a jardineira parou e eu desci sem mesmome lembrar da causadora desta crônica. Deixo às leitoras, se porventura as tenho, a resposta à principal pergunta: - Como será um noivo ideal?

Na sua elegância não deve haver pontos fracos I! Ande impecável com os calçados da

casa SANTOS GOy.

4244

Depositária

dos ciapeus

Nossa Capa; Srta. Lélia Sodéro Ferrari.

Foto; Cantarelli

cnr


a M0Dn

em

Srta. Cleide Jardim, sugere-nos para as tardes quentes, blusa frente

única de modernoestampado,com longa faixa caindo sôbre saia de linho branco, com pregas de 2 cm. Gracioso

co nju n t o.

Srta. Wanda Jardim, apresenta-nos calça

comprida, em tecido leve xadres, marrom e beije, sapatos e blusa beije, sendo esta últimade manga três quartos e gola italiana. Para completar, largo cinto marrom

Texto: Maria Cecklia Telles Ferreira


PIRncltnn Cleide novamente, desta vez em "toilete" para noite, verde-cinza

em sêda bordada. O vestido de alças, é completadopor faixa de "sanian" na altura do quadril e elegantemente presa a saia justa.

Wanda agora em vestido para "coquetél" em cetim de algodà0 branco e vermelho, com pregas na altura do busto e cintura baixa. Seu jeitinho convida-nos a beber com ela. Que tal?

Fotos:Cantarelli


Ginucln

Conto de: Roberto Wingeter

Como soía acontecer, Renato sempre ficava nervoso em vésperas de exames e, desta vez, não era para menos. Tratava se de um concurso, no qual tinha sôbre si o pêso de representante único de sua cidade. Fazer exames, ir bem ou mal nêles, pouco lhe importava — o lucro ou prejuízo era dêle. Mas representar uma cidade, a sua terra natal, em luta talvez ingloria, era de amargar. Estava realmente nervoso, com os nervos à flor da pele... Acendia um cigarro no outro e, à medida que o tempo corria, mais se compenetrava das suas obrigações. Adeus férias! Os livros agora forravam a pequena escrivaninha, onde costumava ler e meditar. «Ah! que me importa! ninguém pediu que me escolhessem, se eu fôr mal, nada tenho com isso ! Está certo, resmungava consigo,

mas... e o nome da sua cidade, da sua querida cidade?! Pensam que não irão saber de seu fracasso, da sua crassa ignorância Representante único.

É êste ó pontinho

de seu orgulho: convencido! Lembre-se que há outros melhores.. Representante único... Essa é boa ! Aquilo não lhe saía do cérebro; era como se fôra uma goteira incessante, marte. lante, irritante, que lhe recordava a responsabilidade.

Pensou em abandonar tudo, fugir... Sim, fugir para onde não o perturbassem, onde pudesse estar longe dos livros amolantes e pesados. O seu mundo não era aquêle. Gos-

tava, é verdade, de ler e até rabiscar um pouquinho, mas ao seu bel prazer. Obrigatóriamente, nada! Jamais gostou dessa palavra — obrigação. Fazer uma coisa, por vontade própria, está certo; a mandado de alguém, por obrigação, detestava! «É Detesto e detesto», dizia. Procurava eminútil! por isso mesmo, um afrativo qualquer. tudo, Até a escola que, para muitos, é tável obrigação, tinha para êle um 0ütrodetessentido: um simples lugar, onde se pode discutir, conversar e aprender. E pronto! Deixa


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de ser uma obrigação para ser uma agradável reunião. Os dias passavam... o concurso já mais próximo... e a tensão aumentando cada vez mais.

Leu e releu tudo ! E, o pior —não sabia Como, se havia lido e estudado tanto ?!

nada! Culpa de quem ? Sua ?!

tudo, ág vezes, ainda se recordava do maldito concurso. Seria possível que aquilo se tornara obsessão?! Não podia êle ocupar seu pensamento em coisa mais agradável?! Afinal de contas, não era o fim do mundo. Aconteça o que acontecer, não se incomodaria, e pronto! Mas.

À noite sairam outra vez. Foram ao ci-

aAh, já sei, exclamou êle, é da obrigação!» «Já disse que não gosto disso. Viram o resultado? Eu já sabia !» As cousas andavam nesse pé, nesse inferno, quando um amigo, que o conhecia bem e sabia o estado em que se encontrava, le-

nema assistir ao filme... já nem se lembrava

Era um sábado e foram ao clube. Mal sentou-se à mesa, pediu logo um conhaque. Queria beber, ofuscar o pensamento, como êle mesmo dizia. Até para dançar, tinha mêdo, desta vez. Nunca se vira em tal estado; certo acabaria ficando louco. Ensandecer em plena mocidade... Oh! cruel e atroz ironia do

Passaram alguns dias assim passeando e revendo, revendo e passeando. Ele amava Gláucia; amava-a, porque não dizê-lo? desde que a conheceu. Precisava dela para afastar a tétrica figura do... nem digo

vou-o a passear.

destino !

Foi então que viu Gláucia. Parecia sofrer como éle; tinha, sob as pálbebras inferiores dos olhos, profundas e negras olheiras, que lhe davam um encanto, e triste encanto, notou consigo. Foi dançar com ela. Seria uma compa-

nheira de sofrimentos e poderia até trocar

suas amarguras. Errou! Gláucia não era como imaginara, sofredora, neurótica talvez. Não, era jovial, amável e distinta; o timbre de sua voz tinha a musicalidade, que lhe fazia recordar certa cantora. Desta vez acertara, ela gostava de cantar. Mas Dão foi só o que descobriu. No decorrer da conversa sôbre literatura brasileira, assunto que ela mesma puxou, notou-lhe grande conhecimento. Falava sôbre autores, desde os da época colonial até aos modernos. Renato não podia acreditar no que via e ouvia: uma moça falar e gostar de literatura, nesta época, Parecia um sonho... Convidou-a para passear no dia seguinte. Quando chegou a casa de volta da brincadeira, sentia-se leve, livre do pesado fardo da obrigação. Nem é preciso dizer: repôs os livros na estante e lavou as mãos. Adeus livros, vão para o diabo ! Agora nada lhe importava, nada! Só que aconteceu uma coisa: não conseguia

dormir. Por que? coSaiu com Gláucia no dia marcado e,beledas amante era, que mo bom ribeirinho zas da terra, levou-a para ver o salto. Rever, aliás, porque ribeirinha também ela o era; apenas estava morando agora em São Paulo. Passaram a tarde lá, contemplando aquêle

deslumbrante cenário. Gláucia continuava a encantá-lo. Cada gesto, cada palavra sua era-lhe simpático.Con-

do nome. Como recordar, se a idéia do concurso, daquele miserável concurso, invadia e devastava e destruía as plagas derradeiras da sua razão ?!

Gláucia continuava a encantá-lo.

Tudo era um mar de rosas entre êles.

mais.

Gláucia partiu..

visse.

talvez nunca mais a

Ficou apavorado com esta idéia. A figura sua não lhe saía da cabeça e a vozinha tão delicada ainda sussurrava nos seus ouvidos. Voltou para os livros, companheiros fiéis dos nossos dias de amargura e de felicidade. Mas êles o recusaram, pagaram-lhe com a mesma moeda, quando os desprezou. Não conseguia lê-los: Gláucia estava, morando no seu cérebro e o enlouquecia. Foi a primeira vez que realmente duvidou da sua razão. Talvez estivesse louco. Agora, já não era mais o concurso, era Gláucia! Era ela que o matava, que lhe rou-

bava o sono e que o enlouquecia!

Nas negras e profundas cavernas do seu pensamento, pairava uma idéia lúgubre — o suicídio. Mudara-se a obsessão! Não era o concurso, nem Gláucia — era a morte, desejava a morte, simplesmente morrer. Dias depois recebeu um telegrama : — «Chegarei amanhã. Amo-te. Renato sorria feliz.

Gláucia.»

Nota:- Roberto Wingeter, professorando da Escola Normal Rural «Prof. José de Mello Moraes» é um jovem piracicabano e intedas letras e das musas. ligente cultor Belas composições poéticas suas já publicou nossa imprensa diária. No corrente ano, brilhou na Maratona Euclidiana realizada em São José do Rio Pardo, em homenagem ao autor de «Os Sertões», alcançando honroso 3.0 lugar e um prêmio em dinheiro. «Mirante» saúda efusivamente o jovem conterrâneo e, como homenagem, publica-lhe êste primeiro conto, cujo nervosismo é promessa certa de muita coisa boa, em futuro breve.


Páginas de Album Normalistas do nssuncão Mello Ayres 1

A Isa Sampaio: A luz, que dá esplendor ao mundo; o ar, a vida; o bem; que estrutura condiciona que a moral; o céu, que se enfeita de estrêlas; o mar, que fraterniza os povos; a mãe, que embala o amor na ternura de um berço; Deus, que equilibra o universo; — tudo se condensa em vocábulos monossílabos ! .. Teu nome, tambem, é pequenino : Isa. Três letras, apenas. Duas sílabas sàmente.

Todavia, reveste uma esperança em flor, na figura de uma flor em botão !

Teu nome levou-mea êste acróstico pe-

quenino, mas espontâneo; vazio de beleza, mas cheio de amizade : Isa — teu nome me ensina : Sempre nos frascos menores Acha-se a essência mais fina. 11

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A Teresinha Teixeira : Ruas estreitas. Casas de estilo normando. Telhados agudos, que descem até rente do chão. Balcões floridos de gerânios. Cortinas nas vidraças. Eis Lisieux, a cidade modesta, em que cresceu, e morreu santa, a suave Teresinha, que vive no coração de todos nós. A rua Livarot — disseram-me — é longa como o caminho do céu. Nessa rua, mansamente, ergue-se o Carmelo, que foi todo o enlêvo da Virgem de Lisieux.

Teresinhaé a santa das flores!

Entrou para o Carmelo aos quinze anos, menina em flor. Morreu na flor dos anos... A moléstia terrível pôs-lhe duas camélias alvas nas faces e acendeu-lhe o vermêlho dos cravos nos lábios... E com lírios vicejando na alma, Teresinha morreu abraçada à cruz, apertando no coração um punhado de rosas... Que a santa do Carmelo desfolhe rosas sôbre ti, que lhe houveste o nome. E com a imagemda santinha no coração, hás de vencer nas lides das primeiras letras, distribuindo rosas-de-amor às crianças.. Teresinha :

O teu nome, entre carinhos, revela às almas piedosas um mundo cheio de espinhos e o céu abrindo-se em rosas ! ...


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festas

e Gala no C.

C. R. «Cristóvão

Colombo»

Reportagem do Prof. Francisco B. Libardi Fotos: Cantarelli

Um dia, o espírito aventureiro e a coragem pulsaram forte nos corações itálicos, e os mares abriram-se ante as quilhas sulcadoras e deixaram passar essa gente ousada, cortêjo do trabalho e do arrójo. Tramam de sua terra o sangue, o suor com que irrigariam as plagas brasílicas, com que arrancariam, desta terra dadivosa e boa a riqueza, a fortuna. a opulência. Traziam, também, na alma, aquele sorriso, aquela alegria contagiante, a música, as serestas peninsulares, o amor e a sentimentalidade latinas, que hoje influenciam tão grandementea nossa raça em plasmacào. Piracicaba foi um dos maiores palcos dessa influência. Estão aí as nossas antigas fazendas com os seus vetustos solares, os sinos, as senzalas já abando-

nadas e em ruinas, a contar-nostôda a históriada

nova conquista, porque a senzala. os sinos, os vetustos casarões, espectadores foram desse sangue novo a sul-

car a terra e a lançar a semente.

O trabalho, o ingente esfôrco, o cansaço maior neste clima tropical, requeriam um lugar de reunião, um lugar de passa &mpo para onde afluissem todos. E rememorariam, então, as doces plagas nevadas de sua terra, o campanário «della chiesa», a estrada sinuosa serpeando montanhas, a casa de pedra, a vindima... Contariam às crianças e jovens, aí reunidos, tôdas essas cousas. E embalariam, então, doces lembranças afogagariam essas dôres nostálgicas com a música, eterno lenitivo das doenças d'alma. E surge, em meio às esperanças de um futuro promissor, o «Circolo Italiano Cristororo Colombo», o melhor lugar, o melhor ambiente para os seus corações.

Eramitalianos e filhos de italianos os seus orga-

nizadores. E, se permitido nos fôsse rememorar, desfilariamos aqui os nomes de um Professor Pedro Zanin, Comendador Pedro Morganti, Comendador Mário Dedini, Dr. Francisco de Fuccio, Luís Delfini, André Tarsia, Terenzio Galezi e tantos mais. E depois. Que de trabalhos insanos para a sua organização( Que de lutas para soerguer o patrimOnio do ClubeI Mais uma vez a fibra desses lutadores à mostra ! E o «CircoloItaliano Cristoforo Colombo» progrediu, cresceu, — ár v ore gigantesca abrigando tantos

O atual presidente Dr. Ermor Zambello, quando era cumprimentado pelo nosso diretor Snr. Arlindo José Romani. Aparece também o ex-presidente Snr. Thelmo Otero.


Alguns componentes da atual diretoria do C. C. R. C. C. Da esquerda para a direita: Nylton B. de Souza, José C. Prates. Raul Helú, José Corder, Thelmo Otero, Dr. Ermor Zambello {Presidente) e Carlos Carraço.

corações! Um dia, por conseqüência de novas leis federais regularizando sociedades e entidades constituídas exclusivamente de estrangeiros ou por êles dirigidas, passa ram, os fundadores e diretores, todo o património do antigo Clubea um outro que fôra fundado em 1938e que já funcionava regularmente no mesmo prédio com o nome de «Centro Cultural e Recreativo Cristóvão Colombo». Essa passagem de patrtmônio deu.se em 1940. De então para cá, souberam os novos diretores honrar a tradição antiga e tem, atravessando dificuldades, guiado a nau do clube a bom pôrto. Agora, quase no vigésitno aniversário de sua fundação, tivemos o prazer de entrevistar o seu presidente recém-eleito, por ocasião da sua tomada de posse na

honrosae árdua investidura.

000 O dia 14de novembro foi um dia festivo no «Cristóvao Colombo». Uma nova diretoria, tendo à frente o

dr. Ermor Zambello, tomaria posse. Naquela noite festiva, o sr. Thelmo Otero, presidente cuja gestão findava. passava o leme a êsse que, em outras épocas, exercera a presidência da simpática agremiação. A entrevista que tivemos com o dr. Errnor Zambello vai transcrita para os prezados leitores de «Mirante».

000 À nossa primeira pergunta de corno sq sentia na presidência da agremiação, declarou-nos: — É sempre árdua e espinhosa a presidência de um Clube, especialmente culturale recreativo. Não desconhecemos a responsabilidadedessa investidura. E se aceitamos serenamente a escolha do nosso nome para

êsse cargo. visamos exclusivamente o bem e o progresso do Clube, que exige do presidente, seja êle quem fór, muito trabalho, muita renuncia e muita persistência. — Poderia nomear para os leitores de «Mirante. o nome de cada um dos seus companheiros de trabalho? — Pois não: O vice-presidente é o Sr. Armando Sbrissa; 0 1.0secretário o sr. José Corder; 0 2.0, Sr. Jacyr Pinazza;0 1.0tesoureiro, o sr. Armando Del Nero; Procurador, o Sr. Raul Helú. — Como são realizadas as eleições? Todos os componentes da diretoria são eleitos por sufrágio se? creto — Não. Os associados, em assembléia geral, eleem um Conselho Deliberativo composto de vinte memros. Esse conselho, no prazo de oito dias, elege, em escrutinio secreto, o Presidente, o Vice-Presidente e a Comissão Fiscal. Em seguida. o Presidente eleito escolhe os demais membros que formarão •a diretoria.

O Dr. Dario Brasil, 0 1.0

presidente do Clube e até hoje um dos maiores bataihadores pelo progresso da Sociedade a quem os associados não se furtam de prestar homenagens sempre que as oportunidades se apresentam.


— Qual é o número aproximado de sócios com

que conta, atualmente, o «Centro Culturale Recreativo Cristóvão Colombo? Aproximadamente mil e quinhentos associados. Poderia o Sr. citar nomes de cidadãos, que se

projetaram. pelo seu trabalho, no Clube? — perteitamente. Merecem eterna lembrança e reconhecimento de nossa parte os diretores do antigo «Circolo Italiano Cristoforo Columbo», que tão despretenciosamente doaram o patrimômo do Clube por êles dirigido à então novel agremiação, que se projetava e que hoje forma o «Centro Cultural e Recreativo Cristó-

vão Colombo», que ternos a honra de. dirigir. Êsses ho. mens, a quem tanto devemos, figuram para sempre como sócios beneméritos. Contudo, há um nome que serig injustiça olvidar. um nome que forma um capítulo à parte na história do Clube: o nome do Dr. Dario Brasil. Um dos fundadores e seu primeito presidente, reeleito varias vêzes, oito, se não me en • gano, soube sempre engrandecer o nome do Clube trabalhou com sua inteligênciae despreendimentopara nos legar e aos nossos filhos um clube à altura de nossa urbe, êsse querido «C. C. R. Cristóvão Colombo». Enumerar os seus trabalhos, as suas realizações? Longo seria. O fato é que êie escreveu permanentemente o seu nome na história do Clube. pauta de — Quais são os seus planos, dr. Ermor. trabalhos, que pretende V. S realizar durante sua gestão ?

Aqui vemos a séde do C. C. R. Cristóvão Colombo, tradicional sociedade piracicabana, agora

em festas, com a posse da nova diretoria

Flagrante da festa de comemoração da posse da atual diretoria realizada em 14 de Novembro p. passado.


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Os bailes carnavalescos no Cristovão Colombo sio, sem

favor algum,dos mais animadosda cidade. No cliché um flagrantede um dos ultimoscarnavais. — O «CristóvãoColombo»é um clube cultural e recreativo. No camporecreativocontinuaremos na mesmapau-

ta de traba•ho das diretorias anteriores. Pretendemos,contudo, melhorar alguma cousa, como por exemplo, as recepções de televisão nó clube, fazendo instalar um conversor para U. H. F., que projetamos adquirir. pretendemos, outrossim, melhorar,e bastante se possível, a programação de filmes que se exibem aos associados, pois estimularíamos a freqüência dos mesmosaos nossossalões. Está na pauta de trabalhos ainda a contratação,sempre que possível, dc orquestras de renome internacionalquando excursionarempelo Brasil.

NOque tange à parte cultural,visamoscontinuarcom o curso gratuito de taquigrafia e conseguir,junto Reitoria da Universidadede São Paulo,a vinda de váriosàconferencistas especializadosnos seus assuntos, os quais poderão dar aos nossosassociadosa ambrosia dos seus conhecimentos. Desejaríamos que essas palestras e conferências tossem quinzenais ou, pelo menos, mensais.

V. S. nos permitirá agora, como pergunta. esta: Temosouvido alhures quo boa parteultima dos associados

não está satisfeita como sistemaadotado há pouco pela antiga diretoria transformandoos sócios num único tipo: individual». Acham, essas pessoas, que deveria voltar«sócio antigo sistema de •sócio familiar». Que pode nos adiantar oV. S. a êgse respeito ? — Bem, essa modificação foi introduzida pelos próprios associadosque se reuniram em assembléia geral extraordinária e fizeram votar essa alteração. A diretoria anterior não tem a mínima responsabilidadenisto. Nós já ouvíramos queixas a respeito, e pretendemos convocar uma nova assembléia geral extraordináriapara auscultar a opinião da maioria, quando poderemos tranqformar novamente o nosso C. C. R. Cristóvão

Colombonum Clube em que a famfliaterá livre entrada,com o simplescartaode «sóciofamiliar»do chefe da mesma. 000

Consultem nossos precos !

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Essa foi a palestraque manfivemos com

o dr. Ermor Zambello que transcrevemosna integra aos prezados leitores. Fazemosvotos que o C. C. R. Cristóvão Colombo,por seus associados,cresça cada vez mais e progrida, mantendo sempre aquêle espírito elevado que souberam imprimir em suas ações e atitudes oe antecessoresdesta gerhçúo.


«BENEMERENTIIJM PRnEMlUM»

Por Jotaeme Bem mereceu o Comendador Mário Dedini a comenda da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, como distinção rara e alta do Govêrno Brasileiro. Bem mereceu o Comendador Mário Dedini a consagração pública que os piracicabanos, numa demonstração jamais vista, lhe prestaram há poucos dias. Bem mereceu o Comendador Mário Dedini o «slogan» feliz que traçou a imensa trajetória de sua vida — «um operário que forjou uma cruz de brilhantes». Bem mereceu o Comendador Mário Dedini a estimável saúde física e os superiores dotes de inteligência e de coração, que lhe propiciou o Supremo Criador e com os quais construiu um lar feliz, uma indústria grandiosa e uma potência financeira respeitável, fir-

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Bem mereceu o Comendador Mário Dedini tôdas as manifestações de amizade, admiração, respeito e gratidão que lhe renderam grandes e pequenos, usineiros e operários, oradores e artistas, prelados insignes e homens do povo, altas patentes militares e soldados rasos, personalidades graduadas do Govêrno e funcionários de escalões modestos. Bem mereceu o Comendador Mário Dedini tudo isso e — eis a sua verdadeira nobreza — tudo soube receber sem envaidecer-

Consagracãb

o

Conferido hava Obtidona categótia

ttali2aaa

cidadede Piracicaba.tm

1957

se, com a mais pura simplicidade,aquela sim-

plicidade admirável de quem continua sendo um operário. Foi essa a sua maior vitória — a vitória sôbre si mesmo: é capitão de indústria e como tal se porta, mas não esquece que foi um trabalhador, e um trabalhador que pretende continuar sendo um trabalhador. E bem mereceu, assim, o Comendador Mário Dedini esta mensagem pequenina mas sincera e vibrante de aplausos, admiração e respeito que, data vénia, lhe apresenta Mirante

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O SATELITE Reportagem

e Ilustraçõesde Antonio Farhat

0 4 de outubro de 1957, quando os russos, num feito espetacular para o Ano Geofísico Internacional, enviaram um satélite artificial na órbita

da terra, ficará marcado como o início da era da

Astronáutica. Todos são acordes em reconhecer que êsse feito da ciência e tàcnologia russa, marcará nêste século, a façanha mais auspiciosa de quantas já foram realizadas. A era do rádio, da televisão, das bombas atômicas e de hidrogênio ficou eclipsada pela era dos satélites artificiais. Quem acompanhou «paripassu», dêsde o início, os milhares de projetos desenhados e calculados em máquinas eletrônicas, está ao par do complicado e teórico mecanismo do lançamento de um satélite artificial, em sua órbita em tôrno da terra. O projeto norte americano de lançamento dos satélites artificiais é um dos mais importantes dos que estão sendo realizados dentro do programa de pesquisas e experiências científicas do Ano Geofísico Internacional, iniciado em junho dêste ano e a en cerrar-se em dezembro de 1958. A grande potência Ocidental, os Estados Unidos da América do Nprte, destinou para • o projeto «satélite», incluindo os foguetes P. B. I. (Projétil Balístico Internacional)

e satélites artificiais, a fabulosa importância de (Cr$ 160.000.000 000,00). Us$ 2.000.000 OOO,OO Oe preparativos finais para início de colocação de satélites artificiais em suas órbitas, carecem de exepriências de tôda sorte; desde as partes mais insignificantes, até os complicados aparelhos eletrônicos que dirigem e colocam automàticamente o satélite em sua órbita, passam por té.stes sucessivos em campos de provas e em laboratórios científicos De acôrdo com os plqnos divulgados até agora, relacionados com o lançamento dos satélites artificiais americanos, serão empregados foguetes de três fases ou secções. O foguete americano para lançamento do satélite, será o «Viking» aperfeiçoado e preparado para tal. Tem o «Viking» cêrca de 22 m. de comprimento por 1,15 m. de diâmetro. Não

há lemes para direçgo, pois esta é orientada por

um sistema de controle interno. A primeira secção do foguete terá uma potência de 12.500 quilos. O seu motor impelirá o foguete verticalmente, para vencer mais ràpidamente, e menor camada densa de ar, inclinando-o gradualmente até que, ao extinguir

a potência da primeira fase, esteja o veículo deslocando a uma inclinaçao de cêrca de 45 gráus e na altura de 60 km. A primeira fase será desprendida

74

_ '—lm70 p

225 On. 60

ve rTic

L

f LANÇAMENTO

III / O Lançamento do Satélite

_Q. ezp


13

ARTIFICIAL ao se extinguir e a segunda fase assumirá a propulsão, aproveitando o embalo dado pela I ,a secção, Esta 2.L fase ou secção do foguete contém todos

os sistemas de controlesdo veículo,P%raorientação durante o voo e a navegação das primeira e segunda fases. e o início da terceira. O motor da 2.a fase impelirá o foguete a uma

altitude de cêrca de 22 km. , onde êle navegarápor cêrea de I.130 km. aproveitando a inércia, para alcangar a altitude desejada, entre 400 e 480 km.

formandocom a terra, urna linha tangencial. Na altura de 400 km., a segunda secção do foguete será abandonada e a terceira fase, ràpidamentecon-

terá feito uma décima sexta parte de revolução ca-

da vez que o satélite der uma volta completa.Daíse conclui que, para cada revolução que a terra

der sôbre o seu eixo em 24 horas, o satélite dará 16 em torno do nosso planeta, ocupando posições diferentes, enj cada revolução que der, devido ao

movimentode rotação da terra.

Coisas extraordinárias que o satélite propor-

ciona são descritas pelo Dr. Andreiev, cientista russo especializado em Astronáutica. Suas afirmações são baseadas em estudos amplos e intensivos de laboratório. O viajante colocado no bôjo do satélite terá a impressão de que a terra realiza um giro completo em torno do satélite (movimento aparente) o mesmo que se dá com o movimento (aparente)

do sol em tôrno da terra. Se a órbita do satélite fôr circular,o observadorterá idéiadeque o movi-

mento da terra é regular. Se, entretanto, o movimento do veiculofôr de órbita elíptica,terá a impressãode que o movimento da terra é irregular, ora aumentando ora diminuindo em relação ao observador.

Os dias e noites do satélite, são diferentes dos

que se sucedem aqui na terra. Movimentando-seem

tôrno da terra, o satélite dará 16 voltas completas em tôrno do nosso planeta em 24 horas; suceder-

se-ão, portanto, 16'dias e 16 noitesem um dia ter-

restre. As noites, para quem se encontra no satélite, serão idênticas a um eclipse do sol, entrando o satélite no cone de sombra que abrangerá parte de sua órbita. Para o viajante colocado no satélite, as noites

serão mais curtas que os dias. Para o satélite que

executa16 voltas diárias,dia e noite terão a dura-

A órbita do Satélite sumirá seu combustível em alguns segundos, ao impelir o satélite para sua órbita, com a espantosa velocidade de 8 km!segundo ou sej a m, 28.800

km.lhora. A fôrça da inércia se encarregará de mantê-lo nessa velocidade em torno de sua órbita. A órbita do satélite será elíptica, circundando a terra a uma altitude de 400 km. e 1.500 km. no seu eixo maior. Enquanto o satélite der uma volta em redor da terra em pouco mais de hora e meia, a tetra estará girando sob êle. Como a terra gira em tôrno de seu eixo uma vez cada 24 horas,

çúo de 90 minutos; mas, a noite de maior duração, terá 37 minutos Para que se aumentem ou diminuam os dias ou as noites do satélite, dependerá do angulo que o mesmo descreverá e da distância que se encontrará da terra. Poderá também ocorrer que o satélite nunca tenha noite, bastando para isso, que

êle seja localizadonuma órbita de 36 vêzes rnaior da distânciaexistenteentre a terra e lua. O Dr. Andreiev dá os seguintes tempos de duração dos dias e das noites, para o satélite situa-

dos a distânciasdiversas.Comsua órbita a 200km.' a duraçãomáximado dia é de 51 minutose 9 segundos e da noitc, 37 minutos c 15 segundos; a 1.000 km., a duração será, parao

dia, I hora, IO

minutos e 7 segundose, a noite, 34 minutos e 55

segundos;a 2.000km. o dia terá 1 hora 32 minutos e 8 segundos,e a noite durará 35 minutose 1 segundo.


cunt O',SS o

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corv•oOo

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Noites no Satélite O crepúsculo para quem se encontrar no satélite, se dará mas de forma diferente dos provocados

aquí na terra. Lá os crepúsculos são provocados pela passagem do satélite pela zona de obscuridade

do cone de sombra determinado pela terra e, durante a noite do satélite, o sol se eclipsará,podendo ser observado parcialmente

nos períodos cre-

pusculareg.

As estações do ano também serão sentidas no satélite, pelas diferenças que marcam a duração do

dia e da noite. Assim as noites mais longas serão «inverno» e as noites mais curtas, o averão».

Oportunamente,falaremosdos Sputniks•.

Estranha foto obtida pelo nosso fotógrafo Wilson de Godoy. Na ocasião de uma das paesagens do «Sputnik» pelo Brasil, o nosso fotógrafo Wilson de Godoy ar-

riscou bater algumas chapas da lua, na esperança de que esta servisse de fundo para uma eventual passagemdo satélite. Qual não foi a sua surprêsa, quando, ao revelar o filme, notou um ponto escuro sôbre B lua, que bem poderia ser o «Sputnik». O negativo, examinado minuciosamente, não revelou defeito algum, que justificasse aquela mancha.

Reproduzimos aqui, a título de curiosidade, a estranha fotografia.


15

IMPRESSÕES A ambição do mando seduzia-o. Para alcan—

çar o poder, punha em cheque a sua reputação e a

alheia. Traía sempre. Humilhava se, às vezes. Che-

gotJ,até, a renegar o pai.

Aos olhos das inteligências de escol, dog caracteres íntegros, não passarfa, talvez, de um arle-

quim, com fatuidades de estadista, mas o povo, «soberano de um minuto» (na expressão de Herculano), via-o através de um prisma côr-de-rosa. E o Abranhos chegou a Primeiro Ministro !

Como todo o político matreiro, tinha 8 sua entourage. Era o padre obeso, de batina esverdeada pela ação do tempo, materialão e grosseiro,

farejandoa prebendade cónego. Era o advogado

sem causas, pálido como uma cidra, na expectativa de um lugarzinho nos bureaux das Secretarias de

Estado. Era o jornalista mercenário,em cuja reten-

"O Conde

tiva existem, ' catalogadas, prontas para as ocasiões oportunas, as frases feitas, o adjetivo alambicado, tôdas as regras, enfim, da arte de bajular. E a todos Abranhos atendeu com a mais larga generosidade.

A pena adestrada de Eça, ao descrever tão

de Abranhos"

inconfundíveis personalidades, ao mesmo tempo ba-

nais e 'enfatuadas, é de um humorismoinigualável. Quantos Abranhos existem por êstes Brasís, à

espera de uma pena vigorosa que trace, com a tin-

ta da ironía, as suas caricaturasvis?

João Teixeira de Araujo

Uma das criações mais bizarras do inconfundível romancista português Eça de Queirós é o Conde de Abranhos.

Há homens que sio uma caricatura animada.

Vivem, no mundo, como os bonecos autômatos dos contos de Hoffmann. Movimentam-se em ambiente

puramente artificial. Conde de Abranhos, porém, à luz da análise

fria do bom senso, é uma caricatura excepcional, cujos traços grotescos aparecem, aos olhos do vulgo, como linhas admiráveis de um homem perfeito. Por isso, dominou a turba-multa e marinhou às mais elevadas posições na política de sua terra. O que lhe faltava em talento sobrava-lhe em astúcia. Ridículo, poltrão, desleal, possuia, todavia, em alto gráu, a manhosa solércia dos vulpinos.

Conde de Abranhos: Dentro do ridículo caricatural em que te debuxaram, tu és uma realidade palpável. Tu vives ainda, não mais em Portugal, primitivo cenário de tuas atividades, pois, segundo Eça, descanças no

cemitério dos Prazeres, em Lisbôa. Entretanto, por um dêsseg fenómenos de metempsicose, transmigraste a tua alma para aquém-AtIantico, onde realizaste a tua reincarnação. Assim, tenho estado contigo, a teu lado, nos teatros, nos cafés, nos templos e (que horror I) nas escolas. Jó lobriguei, tambCm, teu vulto conselheiral, nas rumorosas salas das assembléiB8 legislativas de nossa mui próspera e r:speitável Nação, e até nos desvãos discretos dos salões dos paços governa— mentais.

Quantas vêzes, na confusão das ruas movimentadas, tu me empurraste, tu me acotovelaste, distraido !

E creio, mesmo, que já me pisaste o calo... Avaré, setembro de 1957.


A Adoragäo dos Pastores de EL 0 「 000

、 a reprodugäo de Derli


17

Natal? . J. Morais

BIMBALHAM hoje, mais festivos, os sinos das igrejas humildes e, mais graves, os das imponentes catedrais. Falam os primeiros ao coração das crianças pobres e dos homens simples, aos quais a sêde do ouro e do luxo ainda não atingiu com seu negro cortêjo de perversoes e durezas.

Tentam os segundos, quase em vão,

reavivar os anestesiados corações das crianças que nasceram em berços doirados e dos homens a quem a riqueza pecuniária faz viver a vida artifical dos prazeres e dos vícios. divorciada da crença e do amor ao

próximo, da compaixñóe da caridade.

Como se torna estranha a humanida-

de neste dia simbólicodo Natal! Deus se

faz homem na simplicidade tosca de uma estrebaria, para significar que só a vida humilde pode aproximar os homens na compreensão dos sentimentos. Mas há homens que procuram ser deuses, isolando-se nos odiosos pedestais da fortuna, do orgulho e

da maldade.

Por que tanta desigualdade e contrastes tão chocantes, neste caminho da vida, se êle conduz, sempre e inexoràvelmente, ao mesmo pôrto inevitável da morte? Por que tantos terão de palmilhar descalços, ferindo-se nos cardos e pedrouços aguçados, mesma estrada que outroS, e tão pou-

cos, percorrem pisando macios tapêtes, re-

festelados em viaturas ricas e cômodas? Certamente

Deus, que se fêz humilde

para nos mostrar o valor da humildade,

sabe o que faz permitindo a desigualdade e os contrastes. Quem sabe lá se a verdadeira felicidade, os prazeres legítimos e perfeitos não serão aquêles que sentem as crianças e os homens sem fortuna? É bem possível que as lutas, as maldades e os crimes que se cometem para a conquista, a conservação e o gasto do dinheiro causem aos homens penas e dissabôres mais dolorososdo que as necessidadese a miséria.

De qualquer maneira é bom lembrar

que hoje é o dia gloriosodo Natal, dia em

que os sinos festivos das igrejinhas e os carrilhões graves das catedrais anunciam, mais uma vêz, a todos os homens, o extraordinário ato de um Deus que se fêz mortal para dar a entender à humanidade que a vida deve ser simples e boa, caridosa e compreensiva. Pobres ou ricos, carreguemostodos as nossas cruzes de sofrimentos, procurando auxiliar-nos mutuamente na jornada da vida. Não lavemos as mãos como os Pilatos impotentes, mas dêmo-nos as mãos como os Cirineus generosos.

Natal

Natal!


Estas pequenas, tão expressivas, prova bem o invejável progresso a que vai atingindo o ballet na Pró Arte

BALLET

em marcha ascendente

Aos piracicabanosnão falta o gôsto pela dança, pela arte do equilfbrioe harmonia das formas, das linhas, dos gestos e do ritmo. A Pró Arte demonstra isso com estas graciosas bailarinas em formação.


Todos estão preferindo os

Piracicaba,mercê de sua cultura antiga e traé considerada,

dicional, com justiça, uma das cidades onde as artes, em suas mais variadas manifestações, têm encontradó campo inteiramente propício. Daf a razão por que numerosos são os artigtas de

Rhuns, Gin e licor

c nznN0YE

renome, na literatura, na música, na pintura, no teatro, que, nascidos ou formados em nossa cidade, têm brilhado por cá e fora. Daí também o motivo por que ela é constantemente procurada por artistas de fama que aqui se certos de encontrar agsistência em número suficiente e á altura de compreendê-los.

de

Captam O s

Gostaríamosde citar nomes e acontecimentos

em abono dessas afirmações. Isso, entretanto, mesmo numa reportagem a evol d'oiseau•, exigiria não só um espaço dilatado, que não temos, mas tam-

bém um trabalho de pesquisas, que ainda não fizemos. Baste-nos, pois, como demonstração ligeirís-

sima, lembrar o que foi o glorioso teatrinho Santo Estêvão, infelizmente desaparecido e aind% não substituido, no qual muita gente, que continua viva,

assistiu a espetáculosmemoráveisde arte cénicae

de bailados. Artistas de fama universal pisaram aquêle palco e representaram, quase sempre delirantemente ovacionados, para espectadores que se comprimiam na platéia circular, nas frisas e camarotes

z'o„e

OLD-DRY

providos de cadeirasde palhinha, ou nos bancos duros do cgalinheiro». De todos os ramos das artes, quer-nosparecer, foi o da dança o que menos divulgação teve entre nós, no passado. Não, por certo, que faltasse aos piracicabanos o gôsto pela arte do equilibrio e harmonia das formas, das linhas, dos gestos e do

BLACK

RUM

e. .CAZANOVE BORDEAI V

ritmo. Nada disso, pois, pelo menos familiar ou socialmente, nós sempre fomos apaixonados pela

dança. Era mesmo tocante ver o cuidado com que

as crianças e jovens de há quarenta anos se preparavam para os bailes. A causa é outra, que atingia, aliás, e ainda atinge, a tôdas as cidades do interior

por maiscultase progressistasque sejam: a falta

de profeseôres especializados e capazes. É uma de• ficiência conhecida á qual nem mesmo muitas capitais brasileiras escapam. Quando, pois, surgiram, em Piracicaba, há

poucosanos, as primeiras tentativas para o ensino

sistemátizado da dança, com professôrag e cursos de duração efémera e sem maiores consequências,

:.Rhmm

foi das melhores a afluência de alunos para êles.

A melhor iniciativa que tivemos, porém, devese à notável professôra D. Iris Ast, que abriu aqui um curso particular de dança moderna, regendo, ao mesmo tempo, cursos em Jundiaí e Campinas. SemD. Iris Ast pode pre a carência de profes€ôreg. ser considerada a pioneira do ensino sistemático do ballet em Piracicaba, n50 só pela continuidade que deu aos cursos, como pela regularidade e gÔsto que demonstrou no preparo dos alunos, tudo comprovado em animadores espetáculoe artfsticos oferecidos ao público. Ocorre ainda que, fundada a Escola Livre da Pró-Arte, sob a orientação artfstica do ilustre prof. Koellreuttor, em moldes pedagógicos modernos e avançados, o curso de dança de D. Iris Ast passou a integrar aquêle benemérito estabelecimento que tanto tem servido ao ensino artístico em nossa terra. Dessa maneira, o ensino do ballet, com a chancela

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20

e garantia dc um educandário renomado, passou a progredir, a crescer e empolgar principalmente o elemento feminino. Ótimos elementos foram lança-

dos pelo curso da Pró Arte, ao tempo de D. Iris

Ast, e excelentes exibições proporcionou ao público piracicabano. Ã esforçada e competente D. Iris sucedeu a graciosa e também competente mestra de dança senhorita Maria Kikuchi, que muito contribui para

manter e desenvolver o gôsto já adquiridopor nu merososalunos da Pró Arte. Belas e inesquecíveis

exibições de ballet tivemos sob sua direçño, levadas a efeito na Sociedade Italiana, com o Milão super-

lotado.

Para substituir a professôra Maria Kikuchi veio locionar dança, na Pró Arte, D. Madalena

Cyborra, também da capital do Estado como suas

predecessoras, das quais está sendo urna excelente

substituta. Com ela o ballet da Pró-Art,econtinua

desua marcha ascenciorHI, como ficou cabalmente realizou, ela que ballet de monstradono festival apresentando seus alunos, há pouco tempo, no Ins-

à tituto Cultural [talo Brasileiro, novamente cheio e cocunha. Dêsse festival, largamente noticiado fotografias mentado pelos jornais da terra, são comostram desta reportagem, flagrantes que bem

mo vai progredindoo ballet entre nós.

Sem dúvida, com o curso de dança do novel Conservatório Dramático e Musical, muito crescerá o entusiasmo pelo estudo e prática do ballet, que a Escola Livre da Pró Arte num pioneirismo digno de elogios e admiração, conseguiu implantar e desenvolver de maneira brilhante. Foi ela quem colocou e ainda mantém o ballet piracicabano em marcha ascendente. A ela, pois, nossas efusivas felicitações por mais essa vitória no ensino artístico de nossa gente.

Mais um grupo de encantadorasalunas da Profa. MadalenaCyborra, continuadorade D. Yris Ast e Maria Kikuchi' na Pró Arte, e qye arrancaram aplausosno festival realizado no Instituto Cultural Italo Brasileiro.


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22

um sorriso de boa vizinhança

Texto: Ribeiro Mancuso

Fotos: Irineu Dario - Rio Claro

Eis Lucila Casagrande, bela moça rio clarense. Das águas quando desperta, morena e lindamente humida, é a Iara que sorri.


Outra pose de Lucila, a fugitva•da rotina, admirável, simples. bela, sem artifícios, natureza que empolga personalidade que se impõe.


Lucila atrai por ser bela fran-

camente e por ser simples fascinantemente !

A pintura é o seu enlevo. Sem ambicionar

notoriedade,

tem

seus momentos agradáveis em

contato com as tintas e pincéis.

Original, Lucila vive do presente, sem dar tanta importância ao amanhã. Aprecia a vida ao ar livre. Nos prados, deusa das brisas mais parece

No lar, caminha para o cavalete, toma do pincel e da paleta, retocando com carícia um quadro. Afigura-se ali a diretriz de sua vida.


25

Além das torres de petróleo, pouco além dos prados da Pitanga, na cidade de Rio Claro, viceja uma flor morena Lucila Casagrande.

Agradável como um sorriso de mulher bonita, Lucila atrai por ser bela francamente e por ser simples fascinantemente . Não é criatura que se atém em sonhos vulgares pela coustrução de castelos de areia. Original, Lucila vive do presente, sem dar tanta importância ao amanhã. Fácil de se conhecer essa personalidade «suigeneris» de garota, pelo decurso de uma entrevista relâmpago, como esta que nos concede :

— Qual é o seu sonho? — Não tenho tempo para sonhar! O

estudo impede-me êsse luxo !

— O estudo não a leva a um objetlvo ? Naturalmente ! Como os homens, são

as mulheres. Estas e aquêlestêm o dever precípuo de se ilustrarem. Lucila, no entanto, alegre e comunica-

tiva, é prática para conceder oportunida-

des às emoções, vivendo romances com a

natureza. Das águas, quando desponta, mo-

rena e lindamente húmida, é a Iara que sorri; nos prados, deusa das brisas mais parece.

No lar, caminha para o cavalete, toma do pincel e da paleta, retocando com carícia um quadro. Afigura-se ali a diretriz de sua vida, mas.. — Parece-nos que o seu sonho é a pintura. — Talvez soasse melhor serem meu en-

lêvo momentos agradáveis que busco nas

cores e nas formas, sem ambicionar notoriedade !

Eis Lucila, a fugitiva da rotina, admirável, simples, bela, sem artifícios, natureza

que empolga, personalidade, que se impõe.

As fotos dizem mais do que as palavras. Aqui os leitores poderão admirar Lucila em todo o esplendor de sua graça e beleza !


26

Maria, rainha cinderela-57.Ângela a é Macaé, títulos. clioulinhade Hoje, (be"lim, a de não sei quantos dona e vezes não sei quantas

RÁDIO De

Roberto Azevedo


27

"Pensando em ti

novo sucesso de Nelson Gonçalves. Escutem o

"Chora meu bem," uma marchinha gostosa, gravada por Emilinha Borba. Meus bons amigos : Vocês não fazem idéia da minha satisfação por voltar às lides jornalísticas cá da terra, através de «Mirante»,a nossa vitoriosa publicação dia a dia, cresceno conceito dos seus leitores eque, simpatizantes. Gostaria de me estender mais em considerações sobre a «nossa» revista, mas estou aquí para falar de rádio. Assim sendo. .. «Artigo de Fundo» «sua Excia. o Rádio».

Lá se foi o tempo em que o artista de deixava a emissora pacatamentee ia gozar da rádio santa paz doméstica, sem a menor preocupação. Acabado o programa, pendurava a fantasia de «ídolo»até 2.' ordem e, malgrado ficassem suspirando por êle brotos e balsaqueanas, nada o impedia de ser, fora do rádio, uma pessoa como outra qualquer.

CarmemMiranda era um amor de garota, que

cantava gostoso, que coloria um sambinha fazendo inveja ao proprio «technicolor»! Ninguém sabia, no entanto, se era solteira ou casada, se tinha ou não calo de estimação ou se preferia feijoada à «mayonnaise». Carmem vivia no mundo encantado do rádio, dentro dos receptores. Entretanto, poucos artistas teriam sido populares como Carmem o foi. Não havia empregadinha ou madame do «high-society» que não cantarolasse o «Camisa Listada». A «pequena notável. foi a maior, sem faixas, gritos ou faniquitos. Exemplifica, mais do que ninguém, o rádio de ontem, dos ídolos abstratos e intocáveis e dos

fans ardorosose tímidos.

Tudo mudou. No rádio de hoje, os ídolos existem

dentro ou fora dêle, sem que haja um limite que separe o «semi-deus»do mortal. Resultado: nenhum astro ou estrêla é senhor do seu naríz! Sua vontadeé um ditame irrevogável da vontade dos fans, que pedem, mandam e acabou-se. Já não há mais interrêsse apenas pela voz do artistafavorito.As revistas sôbre rádio abarrotamas bancas de jornais e fazem o deleite de milhares de pessoas que não podem passar sem as «últimas», pois o que interessa é saber se FranciscoCarlos está noivo ou não, se Angela Maria ganha 300 mil por mês, se Emilinha e Marlene almoçaram juntas ou se Cauby pefxoto prefere cerveja ou guarpná. Depois há quem condenea moral dos artistas de rádio ! Tivéssemos todos nós ag nossas aperturas e problemas estampados em manchetes gritantes e não haveria ninguém para atirar a 1.8 pedra !

o rádiode ontemfoi maisromân-

Em suma: que tico, lá isso foi ! Mas, cá para nós, hoje em dia, o rádio, e com faixas de purpurina, desmaios, gritos, delírios povo que exageros, renete bem o temperamento de umforça ama o que é seu, fazendo do «ecran» uma que sóinex. nos pugnável e uma potencia tão respeitável, resta rendermo-nos prazerosamente ante ela.

E mudandode assunto• com a interpretaçãode * Fiquei de bôca aberta Darling». Vocês já ouviram ?

Lana Bittencourt em «Little beleza que foi a festa de * Nem queiram saber aquerida Marlene ! Que homemuito aniversário de nossa meu Deus! E a quem fôr nagem recebeu a «queridóca», que observe no canto direito do à Nacional,recomendo comemorativa aos Palco-auditório, uma placa de ourocumpriu tão vitorio10 anos de Nacional, que Marlene

gamente,e que lhe fol ofertada pela direçao, funcio-

nários, amigos e fans da «incomparável». * E o Carnaval está aí, minha gente. Só se fala em músicas carnavalescas. Black-out está sorridente e confiante nas suas criações. Emilinha Borba, então, gravou 5 múSicas para o Reinado de Momo. (Escutem o «Chora meu bem» e verão que marchinha gostosa)! Jú o Ivon e o Cauby resolveram não gravar, até 2.' ordem. * Digam o que disserem : uma pomba da paz precisa descer urgentemente sôbre Cesar e Paulo Gracindo, sôbre Dalva e Angela e sôbre Fausto Guimarães e José Messias. A coisa não está boa, não, posso garantir. Ah! ia me esquecendo. Estou à disposição de vocês para responder às perguntas que me queiram fazer; não façam cerimónias, tá?

«Aletra do mês». O nosso muito apreciado Nelson Gonçalves gra-

vou essa gostosuraaí em baixo: «Pensando em ti..

Eu amanheço pensando em ti, Eu adormeço pensando em ti. eu não te esqueço, é dia e noite pensando em ti... Eu vejo a vida, pela luz dos olhos teus,

Me deixe ao menos, por favor, pensar em Deus. 11

Nos cigarros que eu fumo, te vejo nas espirais. N s livros que tento ler, em cada frase tu estás, Nas orações que eu faço, eu encontro os olhosteus, Me deixe ao menos, por favor, pensar em Deus.

«Telescópio»- Angela Maria Ainda outro dia conversávamos sobre AngelaMaria, seus sucessos, suas vitórias, sua fortuna e não sei porque cargas d'ogua me veio à mente a lembrança de uma garota desenxabida e encabulada que eu conhecera tempos atrás. Sua única qualidade: cantar. Cantava bonito,pondo a bôca no mundo, com toda a exuberancia dos seus verdes anos. laembrei-mede um par de olhos negros, lindos e tristes que cismavam de cá para lá e de lá para cá, em cadência de samba-canção, num rostinho abatido de ex.operária. Lembrei médias com pão e manteiga, organdis e suspirei comovido. Hoje, Abelim,a crioulinha de Macaé, é a cinderela-57, Angela Maria, rainha não sei quantas vézes e dona de não sei quantos títulos. O sucesso positivamente enamorou-se dela e, eo-

mo todo apaixonado, transformou-a benfazejamente. Angela nao é somente a moça que canta bonito; é uma escola que tudo que é caloura segue, sem pestanejar; é uma personalidade, um faniquito ambulante

que superlota auditórios e faz as delícias de fans de todas as idades. É um patrimonio nacional. E como se não bastasse, é uma das mulheres mais ricas do país, e a dona de um guaroa-roupa tao luxuoso que põe no chinelo o de qualquer artista internacional. Da Abelim,só restam mesmo os olhos cismadores, besuntados de RimelJe riscados à crayon. Olhos lindos que não escondem a simplicidade de uma alma humilde, que, rodeada de ouro, não esquece que já sonhou com

boneca de cachos dourados abraçando uma bruxa de pano... E por hoje é só. Até a próxima, se- Deus quiser.


O por:táOdo Estádio do XV. funciona aqui como sfmbolo de um reino encantado. Quem poderá dizer que Bertinho não está, neste momento,entrando para esse lendário pais da fama e do sucesso?

BERTINHO-NOVO "AS-

TRO" QUE DESPONTA Reportagem

de B. Rebello

Fotos: PaulO Ribeiro da Silva Sobrinho


IO outros craques" do o espaço, galgou futebol nacional, a posição

de titular Bertinho "pintou" absolutoda na carnisa n.0 prodigiosa Várzea. Dali


30

no. 8 no XV de 0a várzea a titular da posicio jogador Novembro.Prototipoinconfundíveldo

sileiro

"bra-

Em 1954, (liando jogava pelo União

Porto, já progllosticávamos(lie teria futuro pro-

Negri,conta aos seus fans aluo sjbre sua carreira.

Piracicaba, continua a produzir autênticos valôtes para o «association» nacional. Em pouco tempo foram lançados e guindados ao estrelato diversos «ases» tais como : Mazzola, Wilson, Milton e outros e agora novo «astro» desponta: BERTINHO. Como todos os outros «craques» do futebol nacional, Bertinho «pintou» na pro-

digiosavárzea, dali um pulo até o E. C. XV de Novembro e, em curto espaço, galpou a posição de titular absoluto da camisa n. 0 8, sucedendo aos famosos entrealas, Sato, Mandú, Moreno, Guerra etc. O novel «insider» quinzista, tem inegàvelmen-

te o tipo inconfundíveldo puro jogador «à

brasileira»: é individualista, fintador, endiabrado e malabarista e, se fôr persistente e não conhecer a terrível «mascaras, poderá em futuro bem próximo chegar a consagraçño.

Bertinho constitue uma autêntica promessa para o

amanhã. Sendo devidamente aproveitado e lapidado po-

derá chegar à consagração.

Em 30 de Maio de 1954, escreviamos no «Jornal de Piracicaba», na coluna «Comentarios & Opiniões»:- «Do lado «ribeirinho» nossas vistas inclinaram-se sôbre a ala-direita (Chiquinho e Bertinho), onde os dois garotos-irmãos, numa constante de


31

«voleios, fintas e rodeios», maltrataram a esférica durante noventa minutos. Astros que despontam na via-látea varzeana. Pro-

messas de amanhã que devem ser aproveitadas e lapidadas». Nossos prognósticos de um futuro promissor não falharam: Bertinho é hoje uma realidade, como grata «re«revelação», com seus risonhos 18 anos e muito futebol pela frente. Já o apresentamos aos seus inúmeros fãs, e agora deixemos que Gualberto Vicente Negri conte algo sôbre sua curta carreira : «Nascí em Piracicaba no dia 8 de

Agosto de 1938. Comecei a chutar bola muito cedo, tomando parte nas saudosas «pe-

ladas» de rua. Daí para o Juvenil Vera Cruz, União Pôrto, Estrêla Alva, Vila Boyes e Clube Atlético Piracicabano, onde me sagrei bi-campeño (55-56) amador de Piracicaba. Recordo-me que o gol mais sensacional e bonito que marquei foi con-

tra o Tupi F. C , no campeonatode 1956, quando apliquei certeira «bicicleta» e ví a redonda dentro das redes. A mi-

nha grande emoção, senti-a há pouco tempo, quando vestí pela primeira vez a gloriosa jaqueta alvi-negra do XV no encontro efetuado contra o Palmeiras, no Turno de Classificação. do atual

Campeonato. Sou fã de Gatão e considero-o como um dos mais técnicos «pleyers» do futebol brasileiro. Aponto Milton, zagueiro da S. E. palrneiras, a

maior revelação de 1957e gostaria de de ver a seleção para a Copa do Mundo de 58 assim formada: Gilmar; Dialma Santos e Nilton Santos; Roberto, Formiga e Oréco; Maurinho, Zizinho,

Didi, Jair e Canhoteiro. Formaria uma seleção de "novos» do futebol paulista, assim constituida : Orlando, Milton e Getulio; Dalmo, Walmir e Geraldo; Afonsinho, Wilson. Tito, Helio e Jari.> Estas as considerações de BERTINHO— um

novo «astro» que vinga para a gloria do E. C. XV dc Novembroe grande esperança para o futebol paulista e brasileiro

uma realidade como ossosprognósticos não falharam. Bertinho é hoje futebol pela frente muito ata "revelação," com seus risonhos 18 anos e


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I - único.

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4 - espécie de formiga, mestiço.

5 - alfe aparência paraiso terrestre. 8 - língua românica que se falava entre o Loire e os Pirineus.

abr. de senhor. IO - 80rte. 11 • símbolo do bromo. 12 - criminosa. 13 - retroceder. 14 - bruxa (PL). 15 - sufixo que desfgna o agente ou autor.

Solucio de Palavras Cruzadas do n.0 g de «Mirante»

Horiz.: 1, mó; 2, rara; 3, parada; 4, tal, irm'; 5, nacada;6, rabo; 7, rã; g, bom, florar, ara; 9, bicaria, morsolo; 10, gal, arador, osa; II, dó; 12, rama; 13, carafo; 14, pai, içú; 15, sacelo; 16, rato; 17, lé.

Vert.. 1, ralar: 2, pan; 3, fia; 4, mal; 5, torar; 6, bis; 7, lar; 8, mar, caro, Adar,cal; 9. ora, abar, dorna, etê; adido, amo, afilo; 11 raiar; 12. cãs; 13, ama, ror, IO' Oco; 14, aso; 15, prosa; 16, ala. Cleops


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Versos de outrora

Exaltação Sinto, febril, minh'alma transbordante, Numa doida alegria, A gargalhar cantante — Tôda vibração...

Em se tratando de óculos, relógios e jóias, convém lembrar que a Relojoaria Gatti, tem a invejável soma de 40 anos de experiência no ramo. Isse á muito importante!Assim, quando você necessitar do aviamentode uma receita ótica

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De um doido carnaval, Tintilinando ardores, — Tôda tentação...

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E translúcida, assim, primaveral, Gorgeando, ela delira. De flôres se atavia, — Toda exaltação..

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31

CINEMA Um novo filme da

PELMEX

PRIMAVERA A dupla romântica do filme, embora desconhecida do nos-

so público,por certo fará sucesso em nossas telas

Os filmes musicais da Pelmex, são geralmente recebidos com agrado pelo grande público pois as molodías mexicanas são muito apreciadas entre nós.


35

Se atentarmos para o desenvolvimentodo ci-

nema latino-americano,

torna-se forçoso reconhecer

que a Pelmex (Películas Mexicanas) é indiscutivelmente a emprêsa que maiores credenciais reúne para representar o que de mais significativo possui esta parte da América na indústria cinematográfica. O cinema argentino que, em. virtude da ótima qualidade de suas películas, poderia ameaçar a primazía mexicana e não o faz, entretanto, seja pela sua pequena produção ou pela má distribuição de seus filmes entre nós, torna-se um concorrente prà• ticamente fora de páreo. Do cinema nacional então, nem se diga, por-

NOtoucno

que, embora com mágua, é forçoso reconhecer que ainda não está à altura de sequer incomodaros produtores mexicanos. Os filmes musicais da Pelmex de um modo

geral agradam ao grande público mercê das suas melodias, que são sempre ouvidas com agrado. Apesar dos nomes desconhecidos entre nós de

Andy Kussel e J. Dilian, nota-se a preocupação dos realizadores em apresentar bons tipos, valorizando assim sua produção. Resta-nos aguardar esta nova produção mexicana, em Cinemascópee colorida, que muito promete.

ESIMINCOLOR

em CINEMASCOPE

que os tipos foram bem escolhidos. Fator essencial de êxito em peliculas desse género Em "Primavera no Coração" nota-se


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