Revista Mirante - nº 49 - março de 1961

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Para o confôrto e beleza de seu lar MONFRINATO

MORAES BARROS, 1429 —FONE, 2362 DE MARCOS DEDINI RICCEARDI PARA

MIRANTE: IMPRES-

SOES DE MINHA VIAGEM À EUROPA

MARIA CLARA BUELONI - VALOR NOVO QUE SURGE NO TECLADO

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"PARECE QUE NÃO EXISTE"... Joaquim do Marco

Quando me aproximei do vovô (meu "colega", porque eu também sou vovô, com orglho o digo!), não precisei de muita observaçãopara certificar-me de que êle estava radiante. Amorosamente, ninava nos braços, andando, de cá para ló, na sala, um pequeno embrulho de cobertor novo, colorido, do qual emergia uma cabecinha morena, coberta de ralos cabelinhos pretos. Dentro do embrulho, não havia dúvida, estava a netinha, número três ou sete, não sei, porém netinha mesmo e não primeira, tenho a

certeza. Mas o que valia, também sem nenhuma dúvida, era a cabecinha morena que emergia do cobertor novo e colorido. Os olhos do vovô não se desviavam dali e pareciam querer analisar a fundo aquela feiçãozinha ainda indecisa com seus poucos dias de vida a céu aberto. Notava-se,à primeira vis-

tc, que êle se sentia orgulhoso, enlevado, talvez um pouco admirado com aquêle rostinho. Vovô, que também sou .com orgulho o digo!), fiquei observando as reações dêle, quase certo de topar nelas algo ou muito de minhas próprias reações, porque os avós, em última análise, são todos iguais, isto é, "bobos" pelos netos, E não me enganei. Os olhinhos do bebê, por exemplo, tinham realmente mobilidade, porém, ainda puramente mecânica e desordena-

MIRANTE

„mirando o que acontece...

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da. Mas, para -o avô, não!

Veja, dizia convicto entusiasmado, ela já acompanha a gente com os olhos! Jó conhe-

ce a gente, a diabinha!

Concordei. Todos ali concordaram e não por deferência ao avô, não por uma polidez fingida. De fato, sua convicção era tamanha que nos contagiou inteiramente. Só vinte dias? indaguei, para dizer alguma coisa e demonstraro interêsseque sentia pelas suas reações. Só. E jó dêsse jeito que você está vendo. Viva! Bonito! Inteligente! Criança de hoje

Foto LacÔrte

E o avô de hoje, como o de ontem, também é assim, pensei eu, lembrando-medo meu netinho, que faz festa com o meu molho de chaves. Irremediàvelmente "corujas" pelos netos e por êles dominados. — E a saúde? pergunto, certo de que êsse é o grande assunto da criança para os velhos. Ah! parece que não existe! . Cúmulo da felicidade, isto é, cúmulo da saúde, sinal infalível de que a saúde ali é mato! Não dó trabalho, não chora, não geme, não reclama. Apenas mama e dorme. Enfim, pareLouvado seja ce mesmo que não existe! .

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— A MELHOR

é assim.

Deus! Nossa Capa: Srta. Maria Clara Bueloni,novo valor do teclado que desponta em nossa terra. Foto: CantarelIi-Nascimento

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Jorge de Castro Kiehl,

fotógrafo amador, em notável instantâneo apanha...

O TOMBO DA

VELHA CADEIA ACONTECEU EM

MARÇO

«Há males que vem para bem». O prédio de nossa cadeia parecia uma fortaleza. Construçãosólida suas paredes pareciam indemolíveis e deviam ser aproveitadas.

Mas a febre de renovação trouxe um plano novo, moderno. Cadeia, quartel dos soldados e Delegacia. Um conjunto funcional que se erguerá em breve no «largo do Gavião». Benvindo seja

o moderno conjunto. Mas para isso, as possantes máquinas tive-

ram que gemer... porque as solidíssimas paredes não queriam cair.

A foto mostra bem a resistência das paredes.


Fernandes pôs o XV em destaque no mês de Março ao ser contemplado com a taça Brasília (de posse difinitiva). Foi arqueiro de melhor índice do campeonato passado. O XV também recebeu uma taça (posse transitória) por ser o clube de Fernandes. No cliché: o goleiro e Idilio Gianetti, diretor do Departamento Profissional, de posse das taças, e o popular Braz.

ACONTECEU

EM MARÇO

Além de Fernandes e o XV: Cabeção (2.0 goleiro), Pelé (1.0 artilheiro), Silvio (2.0artilheiro)e o

Santos, também receberam as taças Brasílias.

Fotos: LACÔRTE

A nota trágica do mês: o incêndio que destruiu totalmente a Camisaria Nehcmy (Governador esquina de Pedro II). Como sempre acontece nessas ocasiões faltou água. Além dos bombeiros, organizações particulares com caminhões tanques e populares tendo à frente o prefeito Salgot, auxiliaram no combate às chamas.


4

EM

PETRÓPOLIS

LEMBRANDO DO

0

18.0

ANIVER-

DESAPARECIMENTO

tituia bem uma síntese do Brasil que muito amau. Homem simples, gentil e afável, era um hcmem que impressionava bem a todos que com êle lidavam. Procurando atenuar as imensas saudades que sua prátria lhe inspirava, muitas vezes passeava nas avenidas e pontos mais pitorescos da cidade e, era assíduo frequentador da Biblioteca Municipal de Petrópolis, para quem doou apreciável conjunto de obras pouco antes de morrer. Mantinha, além disso, relações com

DE

STEFAN

ZWEIG.

os intelectuaisda terra que o procuravampara externar-lhe a sua admiração e, ao mesmo temPC, a sua solidariedade humana, tendo em vistc a sua triste situação de refugiado.

A. S. OLIVEIRA JUNIOR A 23 de fevereiro de 1942 uma notícia infausta perturbava a tranquilidade encantadora da cidade de Petrópolis. Era a notícia da morte, em circunstâncias trágicas, de Stefan Zueig e de sua espôsa. O notável autor de "Brasil — País de Futuro" e entre outros, dos livros "A Cura pelo Espírito", "Joseph Fouché", "Caleidoscópio", 'Uma Consciência Contra a Violência' contros com Homens' 'Livros e Paises", "Coração Inquieto", "O Momento Supremo", etc., havia conquistado a mais ampla simpatia dos petropolitanos. Para êle a cidade serrana cons-

Pode imaginar-seo que aconteceuquan-

dc, ao penetrar na casa desse popular escritor, uma sua empregada deparou com dantesco cenério: Stefan Zueig e sua companheira Lette dormiam o repousante sono da morte. Entrou logo em ação a polícia. O Delegado Regional, dr. Moraes Rates, acompanhado dos investigadores Autra n e Monteiro, foram à Rua Goncalves Dias n.0 34, no bairro de Valparaiso, a fim de inteirar-se da ocorrência e, de fato, constatou triste espetáculo. Trajando êle roupa de esporte e ela um "peignoir de seda", sôbre o seu leito, ambos jaziam mortos. O ilustre escritor deixou todos seus documentos em ordem, inclusive suas disposiçõestestamentórias. Seus amigos ou pessoas a que estava mais ligado, não foram esquecidos. Stefan

continua na pág. 32

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Dois aniversários de Maria Angelica: diferença de um para outro, 15 anos seu 1.0 aniverA direita. Maria Angelica Pianeli Giusti festeja Orfãs e em baixo

Asilo de sário junto com as meninasdo Aristides Giusti e dona Olga ela aparece entre seus pais: sr. PianeliGiusti,ao completar15anos de.idade.A festinha realizou-se também no antigo Asilo (hoje Lar Escola "Coração de Maria") onde Maria Angelica fez muitas amiguinhas.

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6

modo algum, poderia conhecer outro coração senão o materno. Estava o fígaro fazendo cabelo e raspan-

ARMANDO DOS SANTOS O' tempos difíceis os da vida no Sobradão.. em que a gente caminhava sob o guante da disciplina do crê-ou-dá-o-fora. Há muita gente na porta disputando assentos na sala, frase enferrujado, insinuando aos recalcitrantes, c clássico e possível bilhete-azul. Bonzinho. , . ó menino, ou desinfete o beco.

do caras na esquina do salão, isto é, no salão dc esquina, e ei-la, a coitada, dentro do seu egoísmo, rente ao filho, tomandoconta do que era dela, querendo-osó para si, desviando-odos clhares diabólicos das tentadoras serpentes que deram com o Adão de costas, obrigando-o,depois, a comer pão-com-suor, quando podia continuar vivendo como vagabundo... no Paraíso.

Assim, enquanto Totó trabalhava, ela di-

rc .

visava, ao lado, um rancho álacre de moças e rapazes jogando peteca na rua, todos em trajes esportivos.Ao encarar as raparigas, a velha não se conteve: — Totó, Totó Como tudo agora está mudado,Virgem Maria. .. Olha! Quando é que, nos tempos de antanho, mulher usava calça? Embora dentro de casa, trabalhando, elas sempre andavam de sáia, e da bem comprida. Mas, calça, ó nunca' . . . O mundo está perdido. Isto é o fim do mundo.Você não acha que eu tenho rozão, Totó? Responda?. . . O filho já estava com o caco cheio:

próprios discípulos .

não sei responder. Quem deve sabê-lo é a senhora, que viveu naquele tempo, não eu. .. Me faz cada pergunta? Vá perguntar pras moças, isso sim . Tempos difíceis os da vida no Sobradão. Paro a gente sair da sala, eram precisos dois dedos da mão para o art ou quatro, conforme as circunstâncias. E como surgiam questões por causa de dedos naquela sala! A professôra fi-

Quando, então, me fiz mancebo e me encanudei na Escolo Normal, jó havia perscrutadc o grande mundodos infantes. No ensino préprimário, por exemplo, travei amizade com Mme, Montessori e Froebel, e êstes me disseram que a bebezada aprende, se escolariza, com chupeta e tudo, consideradas as atividades lúdicas como base para o trabalho. Nasce aí o treino das faculdades a serem usadas no futu-

Continuando, passei a privar com Ferriàre, e o safado do suiço me empolgou com sua inteligência. Menino, disse o mestre, minha pedagogia condensa, de certo modo, o "PlojetMethod" de Dewey e Collings; também o sistema Decroly e o "Dalton-PIan", quero dizer, capelapara o trabalho individual baseado no interêsse, para o trabalho coletivo e para o trabalho livre em que as iniciativas partam dos Uma das primeiras necessidadesda criança é a que sente de mover-se,de mudar de lu gar. Daí, não submeter-seà imobilidade completa durante horas a fio. A criança tem anseios igualmentede ar, de luz e de sol. — A melhor

Olha, mamãe, tá aí uma coisa que eu

cava louca. .. Em certas ocasiões, verdadeira gulharia de dedos toldava o panorama. _ Fessora, agora é minha vez. Eu levantei a mão antes do Canastra. Êle levantou dois dedos e eu

mestra da criança qual é? perguntou Ferriêre, coçando a barbicha. Não sabe? Sua Normal não ensinou? Pois olho, é a experiência pessoal. Razões tenho, portanto, para exclamar, ó

estava, há muito tempo, levantando quatro.

cle-minha-bôca com um belo paladon! ... O' tempos difíceis aquêles do emparedamento

fessôro, dizendo baixinho. . .

tempos difíceis aquêles. , , agora que já uso giletes na face, sou casado na Igreja, pai-de-filhos, vacinado, eleitor, jurado, assino papagóio, arrasto um tartaruga no nariz, valorizo o céuque fez menção, certa vez, Gerolino Amado, comentandocrônica da lavra de Galeão Coutinho. Sim, o escritor refere-se à prisão de um garatinho de três anos que se revolta contra as paI edes do "cortiço-de-rico", inquietando os pais com suas fugas travêssaspara a rua ..

De fato, às vêzes, tinha razão o reclamante. De uma feita. a mestra descuidou de certa mão com quatro dedos. Espera que espera. De repente Lilico amarelou, derrubou o queixo, porejousuor. Passou a sentar-se de lado. . . No fim levantou-se, O pássaro precisava ardentemente rever o lar paterno. Foi à mesa da pro' 'é tarde, jó vou indo, preciso ir-me embora,

té manhã.

E Li!ico, passo a passo, caminhou pra porta. SOFÁS-CAMA'

Govêrno de si mesmo, ' 'self-control", quem

tinha coragem de repetir isto? No ar, incontinenti, o police-verso da gang dominante, e o bicho seria ati rodo à cova insaciável dos ' 'marruscos"

Assim era o ensino de "antanho"..

co-

mo dizia a mãe de meu barbeiro, tôda zelos cuidados, ciumes do filho marmanjão que, de

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O CEREBRO Conto de A. C

LACERDA

Quando um primo de sua espôsa, o embaixador Carlos José Pinheiro passou a visitá-lo, o Dr. Rafael Nunziato sentiu que a segurança de sua casa estava ameaçada. Diante daquele homem magro, alto, de maneiras melífluas, êle sentia uma estranha opressão no peito como se estivesse prevendo um desenlace que fôsse terminar com a felicidade que êle, laboriosamente, havia arquitetado. Sua espôsa, no entanto, parecia não perceber coisa alguma, e recebia o primo com alegria, recepcionando-ocom lautos

manjares. Quando êle se mostrou descontente, a mulher respondeu muito ofendida:

Ora Rafael, você sabe que não podemos deixar de recebero Carlos.. . é uma honra para nós.. . não é tôda família que pode recepcionar um embaixador. Um fila bóia. Oh! Rafael, Onde estão as suas boas manei ras?

As boas maneiras já o estavam saturando, Quando voltava exausto do trabalho, desejoso cie tirar a roupa e meter-se num rôbe-de-chambre, aparecia o primo Carlos, e êle tinha de en

vergar o apertado"dinner-jacket" e fazer salamaleques na mesa para comer o guisado. Passou a odiar mais o "embaixador Carlos" como costumavachamá-lo — no dia em que, d sestradamente, o seu garfo resvalou, atirando longe o pedaço de carne. O embaixador pôs nele uns olhos horrorizados, e estendeu-lhe,compungidamenteo guardanapo. Depois do jantar, o Dr. Rafael procuroua mulher na cozinha: Se êle voltar aqui, juro como pego o guisado, arranco a carne com os dentes e atiro-lhe o osso nas fuças. Mas no outro dia, quando o embaixador cpareceu, foi obrigado a destrinchar o frango direitinho e a ouvir suas arengas sôbre questões políticas. O Dr. Rafael não compreendia porque o primo de sua espôsa fazia questão de vi-

sitá-lo quase que diàriamente. Sàmente depois de algum tempo percebeu que Carlos estava cpaixonado pela prima, pela sua mulher. Ao chegar a esta conclusão, não levou nenhum choque apenas passou a odiá-lo um pouco mais.

Então aconteceu o inesperado. O embaixador Carlos José Pinheiro morreu de apoplexia no meio de uma importante conferência. A espôsa do Dr. Rafael pôs-se a chorar àquela notícia, e êle ficou surprêso ao saber que fora escolhido para fazer a autópsia. A embaixada e o hospital desejavam que êle especificasse a natureza do derrame. Foi com um misto de nojo e revolta que entrou na sala de operação, traçou violentamente dois cortes na cabeça do morto, aparou o sangue na bacia, passou o forceps pela aber-

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tura e fez saltar o cérebro que embrulhouna capa plástica para, mais tarde, levar para casa. Pretendia fazer a análise durante a noite para livrar-se o mais breve possível daquela tarefa revoltante. Durante o percurso sopesou o cérebro, imaginando os pensamentos que por hcviam passado. Seria capaz de jurar que ali aquela mossa inerte só havia pensado inutilidades. No portão encontrou a empregada esperondo-oansiosamente. Chamavam-no urgentemente ao hospital estavam precisando de médicos para as vítimas de um pavoroso tre. Dr. Rafael perguntou pela mulher. desasNão para de chorar — foi a resposta — a coitada está triste por causa da morte do 'baixadô". Entregou o cérebro para a empregdda: Guarde isto — e depois de refletir Diga a Belinda que não me esperepara o jantar. Passou a noite cuidando dos acidentados e regressou de madrugada. Mal deitdu, dormiu, e quando acordou, dia alto, sentiu-se perfeitamente refeito. A noite de trabalho aguçou-lheo apetite: sentiu uma fome de lobo. Quando desceu a mesa estava pronta e sua espôsa já estava sentada. Não notou que a mulher .estava cem o rosto vermelhoe os olhos inchados— tinha passado a noite chorando a morte do primo. Êle, naquela hora, só tinha atenção para os pratos saborosos enfileirados no centro da mesa: peixe, macarrão, ovos, salada, arroz e bolinhos. Deu um olhar aprovador e reconhecidoà empregada que permanecia imóvel na porta da cozinha. Maria foi um achado. Descobriu-a na cozinha do hospital. Ofereceu-lhe o dôbro para trabalhar em sua casa. Aquêles pratos saborosos diziam que havia acertado. Serviu-se de arroz, elogiou-o, e sua mulher provou algumas

colheradas. Depois tomou um gole de vinho e ctacou a macarronada,o peixe, a salada e quando chegou nos bolinhos arregalou os olhos:

Belinda, êstes bolinhos estão deliciosos: simplesmente deliciosos. Para você tôda comida é uma delícia. — Esta é especial — experimente. — Sua mulher comeu alguns. Teve um movimento de admiração. Acenou à empregada: Maria, qual foi o tempêro que você USOu nisto?

Chá de tempêro de aipo, dona. Êle dá cheiro. Depois assei em fôrno brando.

O Dr. Rafael acenoucom a cabeça aprovadamente.Acabou o copo de vinho e foi digeri na varanda. Pegou a revista "Cirurgia" e mergulhou na leitura. Fazia meia hora que estava lendo quando viu o artigo intitulado "Autopsia" e lembrou•sedo cérebro e da análise que estava por fazer. Correu à cozinha e chamou a emPI egada:

Onde você pôs o pacote? Pacote?

O cérebro, mulher. Ah! o cérebro. Misturei com milho verde, joguei tempêroe fiz o bolinho.


dos Alpes. Isto é cortina! O mais lindo cecanto os esportes de As montanhas mais procuradas para uma deliciamas ne-

inverno:••bob"e "ski". Skiaré cessita•sede muita técnica. Ao fundo:rochas dolomiticas,as mais consistentes das rochas.

De Marcos Dedilli Ricciardi

para Mirante:

ANOTAÇÕES de MINHA Praça São Marcos.Uma das mais célebres praças do mundo. onde pombos recebem cotu arrulhos de

VIAGEM À

levando a cada coração paz e piedade

EUROPA

boas vindas a todos os turistas. É praxe a quem vai a Venezasentir as cariciasdessas aves, nas mãos, nos ombros. na cabeça. E' tuaravilhosa sua revoada quando os carrilhões da Igreja São Marcesbimbalhatnen•rhendoos ares de música,


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Como é diferente estar a sete gráus abaixo de zero. Isso foi em Veneza a cidade dos I)oges. dos canais, das gôndoIas e dos casais românticos. Gostei muito da cidade. Tudo é novidade. Na foto vê-se a Ponte dos Suspiros, célebre na história porque aqueles que por alí passavam indo para a prisão, não mais voltavam.

Foi uma pena, por ser inverno, não assistir à touradas. Assim mesmo ouvi olés! nas danças típicas espanholas .

Da Espanha fom.osà Itália. Fiquei emocionado ao conhecer a apátria de meus avos. Foram exíguos 30 dias para se ver e encher os olhos da beleza singular de Veneza; de Florença; de Tornou-se realidade meu sonho. Foi no dia 5 de janeiro de 1961. Às 22 horas partia no Boeing 707, do aeroporto internacional de Viracopos, Campinas, para as europas, em companhia de meu nono, sr. Ma-

rio Dedini.

Após uma viagem maravilhosa de 10 horas no bojo daquele fenomenal pássaro, a 12.000 metros de altitude, aterrizávamos em Madri, capital da Espanha. Três dias no país das touradas foram insuficiense ver e admirar suas belezas. Visitamos o para tes célebre museu do Prado onde vimos a interpretação genial de Picasso, Velasquez e outros. O palácio do Escurial em seu aspecto mostra as riquezas ali contidas !

Milão, com sua vida febricitante, a Duomo: a famosa igreja gótica que desafia a pujança arquitetônica dos séculos, o famosíssimo teatro Scala por onde passam as maiores celebridades em óperas . Pádova, terra natal de meu nono, terra do Santo Antônio milagroso. Neste momento lembrei-me, entre as freqüentes recordações do Brasil, de algumas colegas devotas dêsse santo . Em Pistóia deixamos uma prece aos nossos irmãos.

Em Frascati tomamos um bom vinho. Aliás na Itália encontra-se boa bebida e muito bons restaurantes .

Vimos Roma, a eterna cidade dos Césares e do

eterno Papa. E' imponente em sua majestade secular,


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coberta de relíquias históricas: o Forum, o Coliseu, as Catacumbas, ao lado daquilo que a moderna urbaniza-

cão plantou. O histórico Tibre. As vias romanas. Existe, porém, algo em Roma in esquecível. O sorriso paternal do Papa João XXIII, quando nos concedeu uma audiência especial; a visão deslumbrante da Capela Sixtina, os afrescos de Rafael, as escultu-

ras de MiguelAngelo,Moisés,a cúpula da Igreja São Pedro com suas colossais naves. O Vaticano deixa a-

tônito a qualquer turista. Na Fontana di Trevi de costas para a fonte lancei nela uma moeda e com ela um desejo. Estivemos ainda em Ostia, Verona, Cortina, Fer-

rara, Bolonha e outras cidades, e nelas encontram-se indeleveis as características de um povo cheio de vida, trabalho, música, fé e esperanças. Foram poucos dias para conhecer a Itália. Eu sei que os trinta dias voaram, apesar de estarmos em condução própria, Chevrolet 61, e senti qualquer coisa apertar o coração quando, 8 de fevereiro,• deixávamos a Itália . França — Paris, ' 'a cidade luz" nos acolhia com

tôda sua variedade inconfundível de luzes e luminoSOS.

tradição

Fomos ao Museu de Louvre, onde estão os imov-

tais nas galerias de arte.

O palácio de Versailles, testemunha do luxo e ri-

queza dos reis é uma maravilha. Admiramos os vitrais

da histórica Notre Dame

em cujos tapetes passaram Napoleão,reis e rainhas.

Na Fontana di Trevj, de costas

elegancia

Louvre, Versailles, Madalena, São Luiz são pon-

tos obrigatóriosde uma visita longa.

Não pederíamos deixar de sentir como um parisiense uma noite parisiense. Que vida noturna! Oli-

do, Folies Bergêres, recantos de muita música noturna e espetáculos riquíssimos e de fino gôsto .

alta qualidade

No Arco do Triunfo reverenciamos o soldado desconhecido, no fogo sagrado, sempre ardente .

Da Tôrre Eifel vimos o Sena, preguiçoso, poe-

tieo, serpenteante, abraçando a Cité, eterna testemunha do heroismo do povo francês. Foi com a alma encantada e cheia de saudades que, dia 14, às 21 horas,

tomava o avião de volta ao Brasil. Quandome senti nas alturas da estratosfera, re-

costei-me e sonhei de olhos abertos. Sonhei sonhos confusos; encontrava-me no Alfredo, comendo um

"fetucini" ao mesmo tempo no Lasserre, na França. Era a Igreja de Pádova,eram as gôndolasde Vene-

REVENDEDOREXCLUSIVO

CASA

PRAÇA

despertar, e ver distante entre nuvens de fumara o Cristo de braços abertos para nos receber, como aber-

MARA BA

GOVERNADOR,899

zia, o metrÔ de Paris. Era Dakar, Madri, eram as nontanhas geladas de Cortina. Mas que emoção ao

Fone, 4343

to está o coração de nossa pátria e os coraçõesde

meus pais, após 40 dias de separação .

Estava no Brasil. Manhã quente, dia 15 de fevereiro. Estava ac

cioso para estar com os meus Penso que nunca mais me esquecerei dessa viagem e guardarei com carinho tôdas estas simples desprentenciosas

anotações .


13

Estamos em Cortina, no monte Pocol. Acompanham-nos amigos de SĂŁo

Paulo:o casal Di Giorgi

e suasfilhas Heleninha e Ana Maria.

para a fonte, lancei nela uma moeda e com ela um desejo...

Os excurcionistas: Sr. Mario Dedini, sua senhora, D. OtĂ­lia Dedini e o

neto MarcosDediniRicciardi, nosso entrevistado, em companhia de

amigos,sendo dois deles

"ursos".


hummm... que aroma delicioso é o dê4te mcon un íve

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15

XV

XV

Ern pé, da esquerda para a direita: o técnico Mané, Ana, Maria José, Geni, Maria de I,ourdes e Elisa, agachadas: Delci, Maria Helena, Élide, Heleninha e Angelina, formam o excelente plantel do alvi negro piracicabano.

Foto: GERALDO de TOLEDO Campeonato Estadoal de testobúl feminino

O XV a um

Embora tendo perdido sua invencibilidade

para o Votorantimde Sorocabana última partida, a equipede cestobóldo XV mantémainda a liderança do campeonato em companhia das sorocabanas. O esquadrão piracicabano está aguardan-

do de "camarote" o desfechodo jogo entre Corintians e Votorantim, cotejo esse que poderádecidir a sorte do campeonatoa seu favor.

passo do

título de campeão de 1960 !

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17

Dotada de aguda sensibilidade a novel pianista te-

rá por certo (sem sermos profetas) um futuro brilhan-

te à sua frente.

No Conservatório Dramático

e Musical de Piracicaba: Gradua-se uma autênticavocação

pianística.

MARIA

CLARA - Valor novo que

surge no teclado! Reportagem de MIRANTE Fotos: Cantarelli- Nascimento

SEGUE

Pôse em familiapara o álbum de

recordações: sr. Santos Bueloni, D. Clarice.Tardivo Bueloni, Maria Clara Bueloni e seu noivo Wolne Cruz Negreiros.


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MARIA CLARA BUELONI, -

Valor novo que surge no teclado.

Piracicaba confirma constantemente a fama

de ser berço de artistas. Ainda agora tivemos mais uma prova desta assertiva, na pessoa da srta.

Maria Clara Bueloni que acaba de completar seu curso de piano no Conservatório Dramático e Musical de Piracicaba.

Maria Clara fez todo o curso com distinção

e formou-secom a I.a nota da classe, tendo re-

cebidodentre outras a grande medalha de ouro e

um troféu.

Maria Clara Bueloni, após brilhante aprendizado, recebe das mãos de D. Rozany de Moraes Jorge, diretora do Conservatório o diploma e a medalha de ouro

No Conservatório

Ê indiscutivelmentemais um esplendido vaIor que se firma nos meiosartisticos piracicabanos Dotada de aguda sensibilidade a novel pianista terá por certo (sem sermos profeta) um

Dramático

e Musical de

Piracicaba:

Assim foi a formatura de Maria Clara Bueloni. Uma festa de rara beleza. Houve Ir Conservatório dia 20 e entrega de diploma no Instituto Cultural Italo-Brasileiro no o grande regente brasileiro Camargo Guarnieri.

Maria Clara é indiscutivelmente mais um es-

plêndido valor que se firma nos meios artisticos piracicabanos.

Na Catedral de Santo Antonio, Maria Clara en-

tra acompanhada de seu pai sr. Santos Bueloni, para assistir à missa.


19

futuro brilhante a sua frente. E' de justiça ressaltar tnmbém a excelente orientação que teve no Conservatório Dramático e Musical de Piracicaba, sob a competente supervisão da consagrada acordeonista Rosany M. de Barros Jorge diretora do estabelecimento.

Iniciar-se-á agora para Maria Clara, a parte

mais avançada dos seus estudos ou seja o curso de

aperfeiçoamento. Esta jovem e talentosa pianista ainda

en contr a

tempo

para

dedicar-se

também ao acordeon, e sua formatura nessa modalidade dar-se-á no próximo ano. Ela é filha do Sr. Santos Bueloni e de Dona Clarice Tardivo Bueloni e está noiva do distinto moço Wolne Cruz Negreiros, elemento de prestigio do comercio local. Esteve presente às solenidades o maior maes-

tro brasileiro da atualidade, Camargo Guarnieri que na ocasião recebeu a mais alta distinção oferecida pelo Conservatório, o diploma ' 'Honoris Causa"

missa na Catedral no dia 19, coquetél no dia 21. Esteve presente às solenidades

Ela é noiva. O felizardoé o distinto moço Wolne Cruz Negreiros, elemento de prestigio do comércio local.

Coquetél no Conservatório. Da esquerda para a direita: Silvia Maria P. C. Carvalho, Mary Holland, Maria Clara Bueloni, profa. Rosany M. de Barros Jorge, Elias Jorge, Helia Rita Giusti e Maria Angelica Mobrizi.

No Instituto Cultural Italo-Brasileiro, como par-

te do prograrna de formatura. Maria Clara executou ao piano a "Dança do Indio Branco".


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21

O QUE DIZEM

DE PIRACICABA ELIAS DE MELLO AYRES (Conclusão do número anterior).

Saudoso 1910!

O cometa de Halley, ao frescor da madrugada, panejava o céu de claridade, numa pincelada gigantesca de luz. Por motivo de saúde, deixara a direção da paróquia a figura simpática de Monsenhor Vitor Soledade.

O professor Batista Noguei ra, da Escola Complementar,casado com d. Alzira Lobo Viana, senhora de belas virtudes, residia à rua Moraes Barros, entre a Alferes e Rosário, na casa há pouco demolida para um novo prédio do dr. Felipe Westin. Nessa casa, que era grande, moravam dez estudantes complementaristas, aos cuidados de d. Alzira, que era muito estimada por todos os pensionistas. Naquela manhã de fevereiro, à hora do almôço, o professor Batista, moreno, rugas no rosto, mão em arrepio aos cabelos em desalinho, falou aos rapazes: "Veio para Piracicaba, como vigário, o Cônego Rosa. Conheço-o desde os tempos em que frequentei o Seminário. E' uma criatura santa... Nêstes primeiros dias, enquanto vão pondo em ordem a casa para sua residência, o Cônego Rosa virá tomar refeições aqui conosco. A propósito:êle é" de São Roquee é tio do nosso Olívio Rosa... 'Eh, Rosa interveio um dos estuestamos garantidos. . . Tio vigário, dantes hein?" O Rosa louro, madurão, acanhado, coloriu-se! Pôs o vermelho no rosto e o amarelo no

riso...

Na manhã seguinte, à hora do almôço, Cônego Rosa, ainda moço, sorriso franco, tomou

cssento à cabeceira da mesa, ao lado do prof.

Batista. Abençoou a refeição. Em silêncio respeitoso, sentaram-se os dez rapazes. Bondade na singeleza do Olhar, o novo vigário contou um por um e falou, com simplicidade: "Somos doze, Batista... Os doze

nhentos réis a garrafa! E quais seriam os dez rapazes que circundavam a mesa, naquela sala grande, singela, alvejada de cal? Ei-los, na moldura de uma grata reminiscência: Garcindo Portela, baixinho, muito discreto; Ivo Pimentel, com a mania de colecionar sonetos num caderninho de bolso; Olivio Rosa — falecido — moço feito, vinte e tantos anos, muito coração e pouco cérebro; Tito Livio Ferreira, olhar mortiço, aferrado aos livros; Euripedes França, esmêro nos trajes, incentivador de brigas entre complementaristas e agrícolas; Joaquim Firmino de Lima — o nhô Quim — caboclo valente de São Roque; Floriano de Menezes, alto, magro, quietarrão; Leonel Vaz de Barros o Léo Vaz apreciável bagagem humanística, talento e humor; dois professorandos — os dois Elias — com as mesmas iniciais no nome: Elias Machado de Almeida, forte na ciência dos números; Elias de Mello Ayres, dado à metrica parnasiana... Removidoda paróquiade N. S. do Belém, de Descalvado, por desígnio de D. Nery, — saudoso prelado campineiro

Cônego Rosa, rico

de humildade, penetrou,então, a velha matriz de Piracicaba, que era um sonho do passado; ga-

nhou os degraus do altar de Sto. Antônio; depôs o seu coração no coração de Cristo; no sacrário, e consagroua sua aíma de apóstoloà tarefa sublime de missionárioda palavra divina. Na simplicidade dos bons, esquecido do mundo, erguendo tódas as manhãs a hóstia

branca— que é Amor e Perdão— na memoraçao do sacrifício de Jesus, Cónego Rosa — hoje, MonsenhorRosa— veio plasmando,há meio século, sem afrouxos, a fé nas almas mais afastodas e decaídas, na cópia fiel da obra do AItissimo, que esmalta de estrêlas, os sítios mais encarvoados da abóbada infinita. Tornou-se piracicabano fervoroso. Ajustou-se ao lambdacismo de nossa gente. A todos abriu o seu coração cheio de bondade. Beijando as mãos a Monsenhor Rosa, nesta data jubilar, aqui registramos esta página evocativa, na recordação feliz daquele tempo, em que, na missdo sublime de sacerdote, sob as bênç¿cs da Virgem do céu, auxiliado pela saudosa Irmã Umbelina, Cônego Rosa organizou a legião alviceleste das Filhas de Maria, que é a coroa linda que cinge de virtudes a fronte da Noiva da Colina.

apóstolos".

' 'Qual será o Judas?" perguntou, rindo, o professor. "Acredito que nenhum", disse bondosomente o sacerdote. E acrescentou em maciez paternal: "Os senhores vão ser apóstolos, de

fato. Vão ser mestres. Vão imitar Nosso Senhor, que é o Mestre Divino... " O prof. Batista, risonho, satisfeito, abriu naquela hora três garrafas de vinho, na significativa de um dia de festa. Bom vinho e bons tempos!. Mil e qui-

come

'dR,WCA

MERCÚRIO 945-


22

DEFESA

PESSOAL

Edgard (faixa marron) e Washington (faixa preta) são os protessôres da Academia.

Reportagem de MIRANTE

Fotos: Cantarelli-Nascimento

Um esporte empolgante e útil que diariamente ganha nóvos adéptos em nossa terra. A Academia Piracicabana de Judô e a divulgação dessa modalidade esportiva entre nós. Alunose professôresda Academiapossampara a objetiva de Mirante: De pé da esquerda para a direita: Prof. Washington, Altafitn, Lastoria, Roberto, Tuneharu, Dr. Claudio e prof. Edgard. Sentados Enes, Paulo,

Abilio, Printice e o mascote.


23

marrom (hikyu) e há três anos pratica o judô como amador. Outro professoré Washington de Paula Andrade ( 72 quilos), natural de Itu, aluno do prof. Irosky Minakawa (faixa prêta, 4.0 grau), e já tem três anos e meio de prática amadorista. Além dêsses, a academia, conta ccm dois ótimos professôres de Educação Física:

Otavo de Mello e Zé Carlos (o ás de Cestobol do XV). Colhemos do prof. Edgar Cosentino as se-

guintes considerações a respeito do judô, que transmitimos com prazer aos nossos leitores por nos parecerem interessantes:

O judô teve sua origemna China e no Ja-

pão.

Sabemos que não há nêle lugar para a fôrça bruta, pois se baseia na agilidade e flexibilidade do corpo humano. Foi um doutor japonês de nome Akiyama Shirobén Yoshitoki quem teve Q idéia de instituí-lo. Inspirou-se, para isso, na observação do procedimentode uma cerejeira e de um salgueiro durante uma tempestade.Viu que os ramos fortes da cerejeira eram levantados e quebrados pelo vento, ao passo que os galhos fracos e flexíveis do salgueiro vergavam e resistiam. Isso inspirou-lhe o sistema de combate no qual o mais fraco dos antagonistas podia vencer.

Quem, porém, fundou realmente o judô fci o doutor Jigoro Kano, que, estudandovários

O aluno Lastoria aplicando um ' 'Scoinague" no prof. Washington.

E' esta a segunda vez que "Mirante" agasalha reportagem relativa ao fascinante esporte de origem nipônica. Fê-lo a primeira vez, em seu número 16, de junho de 1958, pela pena brilhante do prof. Francisco Libardi, com numerosas fotografias de Paulo Ribeiro da Silva Sobrinho. Focalizou então a academia que o famoso George Gracie instalara em Piracicaba e na qual, com entusiasmo, praticaram o esparte do jiu-jitsu muitos moços de nossa terra Hoje, trazemos para nossas páginas uma nova academia de judô, fundada há cêrca de três meses, funcionando na rua XV de Novembro, 553, entre a Alferes e Rosário, com regu-

lar númerode alunos.

E/ uma academia que promete, pois está

a cargo de professaresjovens e entusiastas, dos quais muitos benefícios instrutivos hão de receber os alunos. Um dêles é Edgar Cosentino, com 21 anos e 63 quilos de pêso, tendo praticado com cs famosos Oscar Nishimura (faixa prêta)i professôres Rüitaro Kitada e Sunsuq Kimura, (também faixa prêta e, êste último, campeão do Vale do Paraiba). Edgar, por sua vez, é faixa

O prof. Edgard aplica o golpe denominado "Ogoshi" ns prof. Washington


24

JUDÔ

sição fundamental. Outros exercícios são ainda luta no praticados, como o "katanewasa"

chão — e o "shimewasa'

estrangulamento.

Quando o aluno tiver dominado os elementosde arte de judô, ensina-se-lhe o "atemiwase" atacar partes sensíveis do corpo humano — antigamente pertencente ao ramo oculto do judô e jiu-jitsu. A graduação no judô é feito para esa alutimular o aluno e os graus correspondem i nos ("Kiu") e professôres ( 'dan").

sistemas de auto-defesa, chegou à conclusão de que todos sofriam de uma deficiência no propósito espiritual. Reuniu então os vários sistemas em um único chamado judô ou seja "modo dos nobres". Em 1822, o Dr. Kano afastou-se do cargo de Reitor da Universidade de Tóquio e fundou o Instituto Kodokan, o maior do país .

O grau de adiantamentode um judoca pode ser reconhecidopela côr de sua "osi" — fai-

estudo de modos", entendendoo Dr. Kano, pela palavra "modo", a "vida", e sua intenção era que seus alunos não aprendessem sàmente a

de; classe 2 - azul; classe 1 - marrom. PROFESSORES ("da"'): graus 1-5 — prêto; graus 6-9

A palavra "kodokan" quer dizer 'lescola para

O prof. Washington aplica tim "Haraigoshi" no prof.

xa: ALUNOS ("Kiu"): classe 6 - branco;classe 5 - amarelo;classe 4 - laranja; classe 3 - ver— vermelhoe branco;grau IO — rôxo.

Apanhado geral do treino dos alunos da Academia.

Edgard.

vencer por "desistência", no "tatami" , mas soubessemelevar-se acima da mediocridade por um alto padrão de conduta e pensamentos. O judô veio a ser, pois, a melhor modalidade de exercício físico-espiritual, dando ao corpo saúde, flexibilidade e agilidade e ao espírito desenvolvimento intelectual. E' um esporte que deve ser iniciado desde criança. E' treinado no "tatami" — esteira própria. Os treinos começam com uma eficiente educafísica, Em seguida, ensina-se ao aluno o a arte de cair, vindo depois a po"ukêmi" siçdo básica denominada "shizenhentai" ou po-

Sabe-se que é difícil aprender judô sàzi-

nho; mais fácil e mais certo será aprendê-lo com

o auxílio de um bom professôr.O aluno que achar necessárioo emprêgoda fôrça para levar a cabo um exercício, pode estar certo de que não vai conseguindo adiantamento no judô, no

qual, repetimos,não há lugar para a fôrça bruta.

Para finalizar: quando você tiver real-

mente dominado os elementos do iudô, poderá realizar o que uma arma não pode. Por êste motivo, deve ser usado sàmente em defesa próprio e assim mesmocom muita reserva.


25

O lado alegre da vida

Dirce Ramos de Lima

PURITANOS Lá em casa, em questão de bebida só ad-

mito metade água e metade vinho.

Misturas o vinho com a água? Não. Eu tomo vinho e minha espôsa

água.

DESASTRE Patrão! A roupa da patrôa caiu da ianela!

Chi! A patrôavai se desesperar! Não vai, não, patrão. Ela

caiu com

a roupa! .

NO BANCO

O ladrão — Que diabo! Nem um níquel no

cofre?

O diretor — Silêncio! Não espalhe. INDECISÃO Eu não sei o que oferecer a minha noi-

ya no dia de seu aniversário. Oferece-lhe um livro. Ela iá tem um .

AÇOUGUE

Quer pesar êste garotinho? Com asso ou sem asso, minha senhora?

MOTIVO

Aquêle sujeito é tão miserável que só penteia o cabelo para trás. Que tem isso, com o êle ser miserável? E' para não ter que dividir.

PRO BL EMAS

Papai, como é que se conhece que uma minhoca é macho ou fêmea? Isto é problema que só deve preocupar as minhocas, meu filho.

ONDE

PARA "ER vsADAApos

Noite OÉ INSONIA.

VIU ISSO, Dois guardas de trânsito, olharam com ur

assustado um carro conversível, que atravessava a tôda velocidade um cruzamento de ruas. Tomou o número da placa? Não, passou depressa demais! Viu ao menos a loura colossal que o dirigia?

A mãe — Se tu fôres bom irás para o céu, mas se fôres máu, irós para o inferno. O fi!ho — Está bem! Mas a senhora ainda não disse o que devo fazer para ir ao cinema.

ARTE MODERNA Pintor Eu, aqui neste quadro, pintei to-

do o horror de uma guerra atômica. Visitante — Percebe-selogo. E' um quadro horroroso.

Ora, se vi! Que beleza!

MARIDO

Que faz aquela jovem que está tão agitada nesta festa? Anda procurando seu marido. Onde se meteu êle? Bem, é que ela não sabe ainda quem

o será.

Como assim? Ela é solteira.

NA ÁFRICA Estás morrendo meu filho, perdoa a to-

dos os teus inimigos. Mas, padre, eu não tenho inimigos. Bem, isso já é bastante para merecer

a salvação, mas está certo de que não os tem? Aquêles que eu tinha, eu os comi todos!

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26

Os dois caminhos da vida A vida tem dois caminhos: Um — todo cheio de flôres

E o outro cheio de espinhos. Uns, pela estradaflorida,

Passam bem longe das dores,

Só tendo flôres na vida. Outros, bem tristes se vão,

Dois poennas de Paulo Bonfim REENCARNAÇÃO Morro com os dias. Cada noite é uma viagem

Pelo reino dos mortos, Uma flor que se despetala Em meus dedos exangues,

Uma vida que perco Entre ângulos de fogo. Cada manhã guardo silêncio Ante o que fui. Descubroo sol pela primeira vez, E deixo, que a carne envolva O mistério dos ossos,

E os ossos suportem em seus caules brancos, Botões de eternidade.

POEMA

DA

DESCOBERTA

Trazendo os pés nos espinhos, E espinhos no coração. Deus! Senhor dos dois caminhos Da vida, que a gente trilha, Tem pena da minha filha,

Da filha dos meus amores, Que é tão pequenina assim.. Junca-lhe a estrada de flôres! Deixa espinhas para mim! Adelmar Tavares

A Eterna Língua De onde a terra se acaba, e o mar começa; De onde o Infante espraiava sôbre as águas O olhar perquiridor, de onde sem móguas Partia a raça heróica, da cabeça. Do Reino sublimado;e de onde as fráguas Batiam o emigrante,e de onde, impressa Nalmar segue o Homem Novo, que professa

Um Novo Credo; e de onde, olí, deságua as Suas águas o Douroe o Tejo; e de onde O oceano, agitando o Promontório,

Convidavaà partida; e de onde,à míngua De mêdo, uma Nação ao mar responde Cavalgando nas ondas, incorpÓreo, Camões corporifica a eterna língua!

Celso Augusto

PIRAÇUNUNGA Deixa que as coisas te interpretem,

Que o vento sinta tua pele, Que as pedras meditem teus passos,

E as águas criem tua realidade, Vive o mistérioda terra, O segrêdoda semente, O caminho da seiva, Q milagre do fruto.

Deixa que as coisas meditemsôbre ti, Que ventos, pedras e águas recriem tua imagem; Estendea mão que te colhe, A lâmina que te despe

E sangra teu silêncio. Reflete o mundo branco que te mastiga,

Transforma-te em carne e em galeras de sangue. Regressa. A vida teró partido com bicos noturnos,

A casca da palavra,

A Rã Coaxa tristonha rã, num lago bem deserto... Levanta ao céu o olhar e vê luzir estrêlas. Palpita no seu peito o coração aberto

E vendo-asfulgir, ela só pensa em tê-las. À ribanceira chega e julga-se mais perto Dos astros siderais. — Oh! creio que vem delas A luz que dó calor aos corações, por certo, E o meu bate aqui dentro, em Iago sem procelas. Quero voar. subir.. . e tenta com cuidado, O lago refletindoo Céu todo estrelado, Fascinando, seduz. E a rã que a estrêla adora, Atira-se de bôrço ao lamaçal imundo — Como a rã, muita gente existe nêste mundo, Que se ilude e depois, amargamentechora. Glorinha Pinto Cesar


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DUAS CANÇÕES CANÇÃO 2 "O brincoda tua orelha Semprese vai maneando;

Gostava de dar um beijo Onde o teu brinco os vai dando. Tem um topázio doirado Esse brinco de platina; Um rubi muito encarnado, E uma outra pedra fina.

O que eu sofro quandoo vejo

Sempre airoso maneando! Dava tudo por um beijo Onde o teu brinco os vai dando!"

CANÇÃO 6 'Não me peças mais canções Porque a cantar vou sofrendo;

Sou como as velas do altar Que dão luz e vão morrendo.

Se a minha vida conseguisse Dissuadir essa frieza

E a tua boca sorrisse! Mas sóbria por natureza Não a posso renovar E o brilho vai-se perdendo.. — Sou como as velas do altar Que dão luz e vão morrendo" Antonio Botto

Anair Pedroso, a menina e moça, com sua graça esplerdorosa, no Trono de Rainha

do Carnaval.

DICIONÁRIO QUADRADO ENIO THEODORO WANKE

INIMIGO A melhor maneira para desfazer-se de inimigo,

a mais segura a mais clara

MAL

No Instituto til Itural ItaloBrasileiro, o concilrso da

é fazer dêle um amigo.

O doutor:"Sofri também

do seu mal e estou bem vivo!" "E', mas não teve O paciente: O mesmo facultativo" ,

ORIGINAL Original não é bem

quem imita o vulgar.

Original, mesmo é quem ninguém consegue imitar.

PONTOS DE VISTA.

"Mamãe, êste pedação de bôlo é prô papaizinhoP" ' 'E' pra você, coração' ' 'Mamãe, mas que pedacinho!"

rainha deixoll saudades..Foto City

O Carnaval no Instituto Cultural Italo-Bra-

sileiro, êste ano, foi grande mesmo. Bailes anima-

dos, estupendo carro alegórico. Mas o ápice das festas foi atingido pelo concurso da Rainha disAnair putado por trez encantadoras garotas Pedroso

(vencedora com 45.000 votos),

Helena

Monteiro (42.500) e Martha dos Santos (17000) Foi uma disputa empolgante que movimentou a gente do l. C. I. B, e premiou merecidamentea menina e moça graciosíssima,que é Anair Pedroso


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PENTEADOS

Piracicaba destaca-se

na

difícil arte de

pentear! Vestido e penteado devem har-

monizar-sede modoa formarum conjunto agradável. Belinha convence-nos dessa verdade.

ALBINA ME YER com suas criações dá mais encanto as já en-

cantadoras garotas piracicabanas.

" personality" é o nome dêste penteado que a belíssima Ma-

ria Izabel Munhoznos mostra com muitapersonalidade.


29

Sempre elegante, Sonia Eugénia mostra que o

penteado valoriza o modêlo embora a recíproca também seja verdadeira.

Maria Izabel Munhoz (Belinha), Sonia Eugênia Nunes de Moraes e Ana Maria Negri Sampaio, com penteados de albina Meyer, demonstram a importan. cia dos mesmos como complemento indispensável à elegância da mulher.

Eugénia Nunes de Moraes posa com um penteado da linha "Carissima". Classe e distinção São os atributos desta notável criação.

Fotos:

CANTARELLI.

NASCIMENTO

Ana Maria Negri Sam-

paio apresenta-nos "Primavera", um penteado

que nos sugere os dias

alegres da mais linda estação do ano


30

oportunidade de vêr últimamente, que me fez proceder assim. Nada foi premeditado.

RIO

o das Mortes, E se o Araguaia, o Coxim,Piracicaba, está

estão em minha retina, você,onde se entezouno meu coração, que é o lugar rcm as coisas que se amam. Aos afeiçoados da caça, nosso rio hoje, apesar de intensamente navegado, de batido pcr caçadores e pescadores,de ter suas margens quase que totalmente desmatadas, oferece ainda oportunidadesapreciáveis no setor da caça. Da caça que habitualmente encontramos às margens dos cursos, vou me referir seletivamente às capivaras; porque a ela tenho me dedicado e porquedelas é a mais abundanteem certos trechos do Piracicaba. A caçada a êsses grandes roedores, pode ser feita de 2 maneiras: Durante o dia, com ma-

ti{ha apropriada que os localizam e os derrubam na água, onde são abatidos pelos caçadores que seguem pelo rio em botes, orientados pe-

Ia corrida dos cães; ou à noite, em que se preterem os cães, usando para sua localização um potente facho luminoso.

Foto da capivara retirada aqui na cidade, vendo-se o Marto—Junho de 1960

PIRACICABA por Dr. CARMO IATAURO FILHO

Nem sempre saem as coisas como se deseja. Comigo deu-se exatamente isso, Sairam invertidas. O que cronolàgicamentesairia antes, saiu depois, e vice versa. Estranho? Esquisito? Afinal ao que estou

me referindo? Ao que relatei em Dezembro e Janeiro: Araguaia e Coxim. Procedi como criança gulosa, que come a sobremesaantes do jantar.

Assim, agora vou contar algo do nosso rio. Desse mesmo que se escanhoa no salto e serpeia sereno na curva da Rua do Pôrto. Desse que talvêz zangado por isso, êste ano bufou,

cresceu, alagou tudo, como que num protesto de se ver em cronologia secundária nos meus rabiscos.

Foi o calor do entusiasmo,foi a vontade de contar aos amigos tudo quanto de bonito tive

Desta última modalidade é que me ocuparei, pois que a ela me habituei. Temos nosso grupo costumeiro para essas caçadas noturnas, e devido às inúmeras vêzes que as praticamos em conjunto, nos ficou um lastro grande de experiência,e uma sincronizoção perfeita das funções de cada qual; motivos pelos quais temossido bem sucedidos. Vou relatar uma de escolha arbitrária. Uma de junho do ano passado. Nosso bote está preparado: 0 Jhonson à

pôpa e à pr.ôao acumulador com o Seled-Been No meio, jaz a espingarda muadade expectativa. Mário Pinazza, exímio piloto e atirador, Alacr Santiago ou melhor, Alaor pretinho, az da procurade caça com o farol, e quem relato formam o grupo. Super agasalhados nessa noite de frio cortante, nós nos encontramosno barranco, fazendo hora para que escureça completamente. Conversamossôbre a felicidade ou não da coçada. E' nosso desejo unânime, que não apareça bruma sôbre o rio para não nos atrapalhar

a visão.

Há lua? Há lua, e cheia essa noite. Sôbre éste particular, apesar de muitos

preferirem noites escuras para uma caçada, nos-

so grupo tem sido mais feliz em noites de luar

Por isso as preferimos, e escolhemos essa de plenilúnio.

Os lugares no bote são tomados: Mário ao remo, eu no meio para atirar, e o Alaor na prôa para clarear. Ressalto que sempre, durante uma caçada, nós revezamos nessas posições, para que todos tenham oportunidade de atirar. Entretanto o prazer é o mesmo, em qualquer lugar que se a pratique.


31

Mário põe o motor a funcionar e conduz o bote dois quilômetros abaixo do lugar onde estávamos, para iniciarmos onde costumeiramente encontramos caça. Para. O silêncio noturno é agora interrompido pelo marulhar das ondas produzidas pelo motor há pouco em movimento. Daqui a pouco ê'e será completo,o que é mistér para não espantar a caça. Alaor acende o farol. O barco propelido agora pela cadência rítmica e silenciosa que o remo do Mário lhe imprime, desliza suavemen-

te uns IO ms. de uma das margens.

E' assim que se procede a busca. Muitas vê-

zes ela se prolonga por mais de hora, até que se localise uma capivara. Nelas, o predicado de

Job é indispensável.

um formidável salto desaparecerá nas águas escuras do rio. Éste é o momento do clímax emocional. Todos estamos tensos na observação, enquanto c piloto ageita o bote em posição de tiro. O silêncio angustiante se faz quase que tangível nesse pequena espera.

A velha 12 já está apoiada firmementeao meu ombro, destravada e com a mira identificada ao vulto estático da capivara.

Bum! Lá vai a carga mortífera,deixando

atrás um clarão alaranjado.

Tudo agora se desenrola ràpidamente. O animal recebendoo impacto do chumbo, salta de qualquer maneira, na elasticidade selvagem de um pulo espetacular para o rio. A tensão enerVante do silêncio que ante-

Todos nós estamos atentos, com os olhos fixos no fóco luminoso que varre a margem.

cedeu ao tiro, cede lugar às expansõesde satisfaçáo. Todos nós regosijamos com naturais co-

se agitado, e embora não tenhamosvisto nada

de morrer replica o Mário. O faról que antes clareava o barranco, a-

Um, dois, três quilômetros percorridos. Subitamente Alaor se manifesta tornandosabemos que o seu olhar penetrante nunca o trai.

Mário para de remar e -a vemos sen no capinzal do barranco. Ofuscada pela potência do fóco, ela olha sem nos ver, com set grandes e fosfóricos olhos.

O animal é arisco, e se não nos vê, já suspeita de algo. Em bréve, sabemos, começará a se locomover, e se não o ati rarmos logo, com

mentários.

Pegou bem diz Alaor — E' bicho duro

gora clareia o rio, pra vermos se o animal está rebojando.Se está, é sinal que o tiro foi mortal. Se não, então aparecerá nadando ao largo; e nêste caso, teremos de ir ao seu encalço para ncvo tiro. A procura do animal mal ferido também emociona, pois se não o pilharmos, ganhará a mcrgem e desaparecerá no mato. E ninguém

continua na pág. seguinte

Moderniza-se a

mais antiga e tradicional fábrica de bebidas piracicabana 1800 garrafas por hora saem atualmente das moderníssimas

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32

RiO PIRACICABA continuação

deseja isso.

— Alí! Alí! Grita Alaor. E a vemosjá no

EM PETRÓPOLIS continuação Zueig em carta se despediado Prefeitode Pe-

meio do rio. O bote agora movido a motor, vai perto do bicho. Novo tiro. O animal mergulha. Não pe-

trópolis, Dr. Cardoso de Miranda, do bibliotecório da Prefeitura Municipal, sr. Fróes, do editor Abrahão Koogan e do diretor da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro.

Irá aparecer de novo. Mas onde? — Esta é sabida, comento alto. NovamenteAlaor grita e aponta— Olhem perto do barranco! Lá! Vamos Mário! Chispa o motorque a bicha vai subir em terra!

vidas indicações, o numerário necessário para o pagamento de empregados de sua casa e paro a liquidação de pequenas contas. Evidentemente, as declarações que deixou, redigidas em alemão, foram profundamente ex-

gcu. Tiro perdido.

Rooom .

resfoléga o J honson

rumando

para o lugar apontado, à tôda. Novo disparo, e desta vez o animal começa a rebojar, tingindo

a água de sangue.Agora irá morrermesmo. Vou tentar pegá-lo com a fisga. Se bem sucedido, logo mais o teremos dentro do bote.

Acertei a fisgada, e sei disso porque sinto-lhe o pêso e os estertores na ponta da vara. Errando-se êste lance, o animal submerge

depois de morto. Então é mistér descer o rio uns 300 ms., se postar em uma das margens, para assim procurá-lo com o farol. Mais ou menos 40 minutos após, boiará estufado, e rodará passondo pelo bote, quando se o embarcará. Felizmente esta foi fisgada, evitando-se destarte a demorada espera a que me referí acima. Ajudado pelo Alaor, embarco-a.Todos nós satisfeitos, a vemos no fundo do bote, ainda quente, c desprender fumaça no frio cortante da noite junina.

Está realizada a caçada. Agora teremosd? subir o rio para o lugar de onde partimos. O frio ce qual eramos insensíveisdurante a ida, agora cc rta e castiga, ajudado pelo vento do barco em velocidade, na volta. A bruma que se evola do rio a tudo envolve. Ei a custo que descobrimos o ponto de partida. Álgidos mas satisfeitos, apeamos para d-carga do bote, e recarga da camionete em que viemos. Agora partimos para o confôrto acolhedor dos nossos lares.

mprr€s E PADRÕES VAR'ADOS

MERCÚRIO

E. RARRO". 945-

3760

Ao abandonara vida, deixou,com as de-

pressivas. Nelas o grande escritor exaltava os seus sentimentos de apreço e de gratidão ao Brasil e dava uma explicação sôbre o trágico gesto de que participou sua espôsa. Vale a pena reproduzir os têrmos dessas declarações. E-

Ias diziam o seguinte: "Antes de deixar a vida,

por minha própria vontade e em pleno uso da razão, sinto necessidade de cumprir um último

dever o de agradecer profundamentea êste país magnífico, o Brasil, que me deu tão amável acolhida. Cada dia que aqui passei mais amei êste país. E em nenhum outro, além dêste, poderia ter a esperançade refazer a minha vida. Depois que o país de minha própria língua sossobrou e que minha pátria espiritual a Europa se destrói a si própria e quando abraço os 60 anos de idade, seriam necessários es-

forços imensospara refazer a minha vida. Minha energia está egetada pelos longos anos de peregrinação como "sem pátria". Assim, julgo melhor terminar a tempo, e dignamente, uma vida que dediquei exclusivamente ao trabalho espiritual, considerando a liberdade humana c minha, pessoa, como o maior bem da terra. Deixo um adeus afetuoso a todos os meus ami-

gcs. Petrópolis,22-2-1942 (a) Stefan Zueig. O Govêrno da República deu galas especiais ao funeral do grande morto que deixara

inéditos os originais de "Suas Memórias" e os da "Biografia de Garibaldi". Com tôdas as pompas seu corpo e o de sua companheira receberam os homenagens de nosso Govêrno, da escritorn Gabriela Mistral que na ocasião vivia em Petrópolis, de diplomatas de diversos países e dc população em geral. A Academia Petropclitana de Letras, em sua séde provisória instalada no Grupo Escolar D. Pedro II, foi armada em câmara ardente e dali saiu com grande acampanhamento o enterro. Agora, quando são decorridos 19 anos de desaparecimentode Stefan Zueig, brasileiros e cstrcngeiros continuam a ir a Petrópolis para em seu cemitério, levar flôres sentimentos de admiração e de saudade ao ou genial escritor que costumava dizer quando lhe indagavam a nacionalidade: "Bresilien du Coeur"! E nessas flôres e sentimentos, todos, correligionários ou não, erguem prece para que não voltem a prevalecer no mundo as circunstâncias dolorosas que tanto afetaram a liberdade e a vida humana durante um período de inditosos e tenebrosos c nos.


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Salgot cumpre o que prometeuaos moradores da zona rural, razão pela qual é o prefeito mais querido entre a classe operária e cs homens do campo.

Mais 58 famílias dos bairros: Santa Olímpia, Negri e dos Fortis, beneficiadas com a extensão de energia elétrica! Reportagem de MIRANTE

Fotos:FOTO REZENDE

A reportagem ouviu o vereador Armando Piselli, colaborador direto da extensão de energia elétria aos bairros citados. Contando sempre com o apoio do atual prefeito, 0

Ato da assinatura do contrato de energia de elétrica aos bair-

ros: Santa Olimpia, Negri e dos Fortis. Aparecem o prefeito Salot, prof. Lourenço (Presidente da Camara), vereador Armando iselli e Lindolfo Capellari da firma Humberto Capellari & Irmão Ltda. vencedora da concorrência.

qual faz questão de ressaltar, aquêle importante melhoramentopôde ser levado a bom têrmo. A irrestrita confiança depositada pelos moradores daqueles bairros no atual prefeito e no popular vereador foi assim

correspondida plenamente.

A zona rural eternamente esquecida, dissenos Armando Piselli, é agora tratada com o carinho que merece. Telefones também serão agora instalados naqueles bairros, para que não mais se registrem casos dolorosos de mortes de crianças, como já aconteceu, por falta de assistência.

Senhoras e senhoritas daqueles bairros, demonstram sua imensa satisfação pelo notável

melhoramento há 20 anos esperado. Antes eram

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"Sputiniks", "Venusiks", etc.

Io fervor de que se reveste essa competição en-

tre os corpostécnicosde cada país, um e outro

LINOVITI Júlio Verne, através de sua portentosaobra ficcionista, foi o grande profeta do passado a prever o advento das viagens submarinas e interplanetárias.Mas nunca supôs êle que o seu sonho viesse a ter uma realização tão próxima e que o homemtentasseem tão breve lapso de tempo a escalada ao satélite terrestre ou aos lanetas vizinhos.

A verdadeé que o século vinte, a passos de gigante ou cavalgando o ginete fantástico da ciência, já ousa, com imensas somas de pos-

Sibilidadee sucesso,o pulo à Lua, a Marte, a Vênus e a outros mundosdo universo.Já nos engenhos poderosos e poderosas máqui-

nas circundam a terra, transformadas em outros tantos satélites, em outras tantas luas, pofém mais jovens e dos mais variados tamanhos. Enquanto "sputniks" e satélites artificiais giram em doidas revoluçõesao redor do globo terrestre, ou enquanto "luniks" e ' 'venusiks", numa velocidade supersônica furam o infinito, rumo aos nossos mundos vizinhos, cá em baixo,

as nações travam a interessantíssimae original batalha da primazia na conquista espacial, Pontificam duas potências nessa luta, cada qual engendrando os mais possantíssimos engenhos pa-

ra atirá-los,azul afóra, com a mesmafacilida-

de com que um molequelança a pelota de seu

febrilmente se empenhando em superar 0' competidor, nas altitudes a conquistar, no tempo a vencer, no alvo a atingir. E' até consolador êsse interêsse de domi-

nar as distâncias, de desvendaros cosmos, de visitar outros planetas, de viajar para o ex-ro-

mântico satélite terrestre. Consolador porque tem-se a impressão quase convincente de que, enquanto se digladiam no campo científico, com objetivos extraterrenos, as nações poderosas estabelecem tréguas nas terríveis guerras que, de quando em quando, assolam o nosso pobre pla-

neta.

Bom é que as atenções dos mandatários

dos povos se fixem além, ultrapassem as regiões das nuvens, se librem nos páramos astrais, e deixem em sossêgo e paz os respectivos súbditos, esqueçam suas questiúnculas internacionais, estabelecendo-se o eternamente esperadQ reino da harmonia universal. Enquanto os chefes de govêrno se distrairem brincando de alcançar ' 'Vênus", ou conquistar a "Musa Lunar", estará por certo afastada a hipótese de um conflito de proporções catastróficas, iguais (ou piores) às do último que tivemos.

Evidenciam-secada vez mais as possibilidc;desdo "homem astronauta" e pelas notícias da grande procura de reserva de lugares para viagens interplanetárias, podemos vaticinar a vitoriosa dominação das distâncias universais, e, como consequência, o êxodo dos hobitantes

terrestres,talvez em escala "astronômica", se as coisas para o lado de lá forem melhoresdo que as dêste pífio e briguento globo terráqueo.

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tinha de ser importada. Isto representava gastos astronômicos para o Brasil! Depois veio M. D. e construiu aquí

tôdas as máquinas para o fabríco do açúcar e em seguida usinas completas.

É fácil imaginar a economia em divisas que isto representoupara o nosso país. Por isso êle é com inteira justiça PAI DO AÇÚCAR".

M. Ded i n


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