Edição 184 - Caderno 1

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Ano 29 • número 184 • Junho de 2011 • Belo Horizonte/MG

Estágio é o ponto de partida para o sucesso profissional Estagiários aceitam desvio de função para conseguir bolsa Intercâmbio é uma oportunidade de troca de conhecimentos páginas 4 a 9 BRUNA CRIS

BRUNA CRIS

BRUNA CRIS

três espaços da capital mineira: renascença (à esquerda); iApi (centro) e Saudade (à direita) reúnem algumas características que traduzem Belo Horizonte

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preço do disco Com músicas grátis na internet, as pessoas têm deixado de gastar com CD`s. O que poucos sabem é o custo dessa escolha. Páginas 10 e 11

dança e roupa

Crianças sem vez

Figurinista do grupo Corpo fala sobre suas criações e história junto à companhia de dança.

Produtores de teatro enfrentam dificuldade para conseguir patrocínio em Belo Horizonte.

Páginas 4 e 5

Páginas 8 e 9

Tramas urbanas

Entrevista

3 lugares, 3 modos de viver em Belo Horizonte

A cobertura midiática da tragédia

O Impressão percorreu três diferentes regiões de Belo Horizonte. O conjunto IAPI, os bairros Renascença e Saudade são importantes espaços na capital mineira e contribuem significativamente na construção da história da ci-

dade. Os bairros são apresentados sob a ótica de seus moradores apaixonados, cheios de histórias para contar, mas também atentos ao que precisa ser mudado. Cultura, lazer e segurança entram em discussão. Páginas 10, 11 e 12

trânsito

redes

O especialista em análise de mídia, professor Alexandre Freire, analisa o impacto da tragédia de Realengo. No dia 7 de abril, Wellington Menezes de Oliveira abriu fogo contra dezenas de crianças da escola Municipal Tasso da Silveira, RJ, em um fato sem precendentes na história brasileira.

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Belo HorIzonte, JUnHo de 2011

primeiras palavras

Impressão

Estagiar é o caminho

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diVuLGAção

Camila França 5º período

Nesta edição, preparamos um dossiê em torno do tema Estágio, pode ser definido como uma possibilidade de união entre teoria e prática, oportunidade de vivenciar o dia a dia da profissão escolhida e grande chance de inserção no mercado de trabalho. Estagiar auxilia na formação, contribuindo para o amadurecimento das escolhas do estudante e na expansão dos seus conhecimentos. As atividades desenvolvidas por estagiários têm o objetivo principal de oferecer experiência e complementar o aprendizado da sala de aula. O estágio é uma atividade assegurada por Lei e é por meio dele que o estudante vai aplicar as habilidades desenvolvidas durante o curso. O estágio deve ser um complemento à formação do aluno. No entanto, algumas empresas ignoram essa regra. A Lei de Estágio assegura os direitos dos estagiários e é por meio dela que os alunos podem garantir que o estágio seja realmente uma atividade enriquecedora. Órgãos como a Associação Brasileira de Estágio (Abre), colaboram na fiscalização de situações irregulares, mas o estudante é quem deve estar atento para exigir que suas atividades estejam de acordo com a proposta do seu curso.

estagiar é o caminho mais curto para o sucesso profissional

O estágio é uma porta que se abre para o mercado de trabalho e não basta exigir apenas que as empresas contratantes cumpram com as normas asseguradas pela Lei, o estudante também precisa cumprir a sua função, se dedicando às atividades propostas, e assim contribuir para o crescimento

da empresa. Boa apresentação pessoal e iniciativa podem ser fatores determinantes para uma contratação. Investir no currículo com intercâmbios, palestras e cursos também é uma excelente alternativa, mas não substitui o estágio. Além de desenvolvimento teórico,

o estágio proporciona ao estudante contato direto com a profissão. Os alunos que passam pela experiência do estágio têm mais oportunidades de se destacarem profissionalmente, por estarem mais ambientados e consequentemente mais qualificados na área escolhida. São diversas as razões que levam o estudante a iniciar um estágio, mas na maioria das situações o que predomina é a preocupação em se inserir no mercado de trabalho. O estágio amplia e direciona a maneira de observar a profissão escolhida. Fazer o que se gosta é decisivo para alcançar destaque como profissional. Quando se sente à vontade em um ambiente, quando trabalha ou estuda o que faz parte da rede de interesses, todas as atividades passam a ser elaboradas de forma prazerosa e, portanto, são muito bem executadas, tendo assim ótimos resultados para a empresa e para o estagiário. Não existe fórmula para o sucesso profissional. O que existem são caminhos e a maneira como são seguidos. O estágio é uma excelente opção para quem busca conciliar aprendizado, aprimoramento e oportunidades de desenvolvimento.

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Expocom destaca alunos do Uni-BH Linha do tempo Foo Fighters: entre o futuro e o passado

Tecnologias O admirável mundo móvel Esportes Clássico: 90 anos de Atlético-MG x Cruzeiro

Especial História do projeto audiovisual indígena

Saúde Quando a noite tem sabor amargo

Camila França 5º período

Os cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) receberam o primeiro lugar em três categorias, no Expocom Sudeste 2011. O Expocom reúne trabalhos da área de comunicação em um evento promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Os premiados do Jornalismo foram a cobertura do campeonato Future Champions, na categoria Jornalismo Digital, e o programa Boca da Moda, na categoria Programa Laboratorial de Telejornalismo. Na Publicidade e Propaganda, o vencedor foi o Projeto Cabine Berenice, na modalidade Mídia Alternativa. Representaram o Uni-BH os alunos Caio Araújo e Letícia Silva com a cobertura em tempo real do Future Champions 2010, Letícia Barros com Boca da Moda e Jenniffer

Lamounier com o Projeto Cabine Berenice. Os trabalhos do curso de Jornalismo foram auxiliados pelo Laboratório de Convergência de Mídia, coordenado pela professora Lorena Tárcia. Já o de publicidade contou com a orientação do professor Alexandre Mota. Os trabalhos têm em comum a relação com o universo midiático. A cobertura do campeonato Future Champions foi transmitida por meio de um site com informações de texto, áudio e vídeo atualizadas instantaneamente. O programa Boca da Moda reúne vídeos que oferecem dicas de moda e o Projeto Cabine Berenice é um espaço na web para que conteúdos sejam compartilhados. Os vencedores foram anunciados nos dias 12 e 14 de maio, em São Paulo. Os trabalhos já estão classificados para a etapa nacional, que acontece na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), entre os dias 2 e 6 de setembro.

REITORA Profª. Sueli Maria Baliza Dias VICE- REITOR Prof. Ricardo Cançado PRÓ- REITOR DE GRADUAÇÃO Prof.Johann Amaral Lunkes PRÓ- REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO Profª.Juliana Salvador CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL Rua Diamantina, 567 - Lagoinha BH - MG - CEP: 31110-320 TELEFONE: (31) 3207-2811 COORDENADOR Prof. Luciano Andrade Ribeiro

LABORATÓRIO DE JORNALISMO IMPRESSO EDITOR Prof. Fabrício Marques MG 04663 JP LABORATORISTA Profª. Fernanda Agostinho PRECEPTORA Ana Paula de Abreu (Programação Visual) ESTAGIÁRIOS Diagramação Vanessa Guerra Alessandra Ferreira Texto Luiz Eduardo Ladeira Rodrigo Espeschit Infografia Vanessa Guerra MONITORES Texto Ana Flávia Tornelli Camila França Alexandre Santos Fotografia Bruna Cris Leopoldo Magnus Anúncios LACP - Laboratório de Criação Publicitária LAB. DE CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS COORDENADORA Profª. Lorena Tárcia ESTAGIÁRIA Christiane Lasmar MONITORES Letícia Silva Suélen Alvarenga Bruna Cris Caio Araujo IMPRESSÃO/TIRAGEM Sempre Editora 2.000 exemplares Laboratório de Jornalismo Impresso Endereço: Rua Diamantina, 463 Bairro Lagoinha Telefone: (31) 3207-2811

eleito o melhor Jornal-laboratório do país na expocom 2009

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Visão crítica

Impressão

Belo Horizonte, JUNHO de 2011

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OMBUDSMAN

Avaliação da edição 183 feita por alunos do 5º período de jornalismo “A capa do caderno Dois retratou todos os assuntos abordados no caderno em um jogo de palavras, o que estimula a leitura.” Leonardo David Leal “No caderno Dois, as informações sobre a programação cultural de graça em Belo Horizonte permitem que o leitor conheça e discuta as várias opções que BH oferece.” Henrique Arruda Jessika Viveiros “O que eu destacaria como ponto positivo, foi o especial ‘Arte espera por patrocínio’. Realmente muitos projetos culturais de Belo Horizonte não saem do papel por falta de patrocínio.”. Rayssa Lobato “De forma geral os títulos dos ‘dois lados’ do jornal cumprem a função de chamar o leitor para as matérias. Sintéticos, eles resumem a idéia central das reportagens.” Camila Corrêa Marcelo Camelo

Paulo Henrique Nascimento “No caderno tradicional as fotos e os textos não passam a idéia do real conteúdo do jornal. Deveriam ter utilizado fotos ou figuras que estimulassem a curiosidade do leitor.” Éber Vaz Nara Fernandes “A diagramação chama atenção por parecer destinado ao público de jornais populares, como o Super e o Aqui.” Alexandre Santos Ana Carolina Caetano “Algumas páginas despertam o interesse do leitor, por apresentar foto expressiva, texto em colunas, título chamativo e quadro explicativo. Outras são poluídas, com uma publicidade ao lado da outra e com o lead confuso.” Camila Fonseca Felipe Ferreira Felipe Botrel Gustavo Guilherme “Em relação ao conteúdo dos tex-

tos, considero uma leitura boa. Utilização de temas factuais e ‘frios’, o que é interessante por proporcionar a elaboração de matérias com uma riqueza de detalhes maior.” Andressa Gomes Resende “É perceptível a intenção dos fotógrafos ao mostrar, de ângulos diferentes, a estudante Énia, fonte da matéria ‘Racismo à brasileira’. Na versão Folha, a foto é tirada de baixo para cima, dando a ela um ar de superioridade. Já na Super, a foto é tirada de cima e corpo inteiro, diminuindo a personagem.” Ana Paula Dias

Alguns textos ficaram grandes demais e não despertaram o interesse do leitor.” Christianne Lasmar Débora Arcuri A execução do tema na edição anterior foi bastante original, trazendo ao leitor a opção de escolha entre o tradicional e o sensacionalista, mostrando ainda as diferenças de cada tipo de jornal.” Andrea Fernandes Brandão

“No primeiro caderno a execução não foi original, apesar de permitir a discussão entre os leitores, o sensacionalismo é um tema que sempre é citado no meio jornalístico. As informações transmitidas são simples, superficiais e previsíveis.” Bárbara Diniz Clélia Alves Guilherme Rezende

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Leia as análises na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br

“A idéia do jornal em produzir duas capas: uma tradicional e outra sensacionalista foi criativa, mas a diagramação e a escolha das fotos não contribuíram para que o leitor fosse estimulado a ler todo o jornal.” Flávia Lages “Algumas fotos poderiam ser mais criativas e com mais qualidade.

ARTIGO

O setor cultural em Minas Gerais Ana Luiza Gonçalves 5º período

A cultura no Brasil passa por um grande desafio quanto à sustentação de seu sistema: a formação de público, elemento fundamental para o desenvolvimento do setor. Segundo a Constituição, “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional”. Dentro desse contexto, uma pesquisa intitulada “Cultura em números” é realizada anualmente pelo Ministério da Cultura. Ela visa trazer à tona diagnósticos sobre a realidade cultural no Brasil, bem como a força desse setor no país e as dificuldades encontradas relativas ao acesso da população a equipamentos culturais. De acordo com a pesquisa, Minas Gerais ocupa o 15º lugar entre os estados que realizaram festivais ou mostras de músicas em 2010, com 34,70% dos municípios ofertando a ação. No entanto, Minas é o segundo Estado do país com mais graduações em Música. O terceiro Estado com mais teatros no Brasil e esse número aumenta em torno de 5,61% ao ano, segundo a pesquisa. O Estado também está em terceiro lugar com 308 museus, perdendo

apenas para São Paulo, com 410, e Rio Grande do Sul, com 358. Outra pesquisa elaborada pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, identificou a relação entre a cultura e as cidades brasileiras. Na pesquisa, 51% dos entrevistados destacaram que os equipamentos culturais estão mal situados e 71% veem o preço desses equipamentos como empecilho. Ainda de acordo com o IPEA, somente 7,7% da população frequentariam espaços culturais, se tivessem tempo pra isso. Mesmo com o alto número de equipamentos culturais em Minas, é possível perceber um desconhecimento e desinteresse por parte da população em freqüentá-los. O Estado possui diversos espaços culturais e também um alto número de veículos que difundem as manifestações artísticas, democratiza o acesso à cultura e amplia o conhecimento. A cultura precisa ser vista como forma de expressão de práticas, diversidade e desenvolvimento do cidadão para a busca do fortalecimento institucional e humano. Em Minas e no Brasil, a existência da cultura é de forma plural e abrangente, o que torna possível a conservação, a renovação e a ampliação desse setor.


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O estágio é o mediador entre o aprendizado e o êxito profissional. O contato com a prática é fundamental para aprimorar o conhecimento adquirido em sala de aula e pode ser determinante DOSSIEˆpara reafirmar a escolha da profi estássão. gio O dossiê que discute a questão do estágio é o carro-chefe desta edição. As reportagens pretendem informar, orientar e, sobretudo, esclarecer dúvidas sobre o tema. Entre os assuntos abordados estão um balanço da nova Lei de Estágio, sancionada em 2008, os direitos e deveres do estudante, os desvios de função, experiências que OSSIEˆ certo e a importância das nãoDderam estágio atividades extraclasses. A ideia é promover uma discussão sobre o significado desta prática na vida profissional do estudante. Especialistas dão dicas e esclareDOdeve SSIEˆ ser feito para que o cem o que estágio estágio seja um período proveitoso para o aluno. Psicólogos, jornalistas, instituições, professores e coordenadores de cursos estão entre os profissionais que explicam como o universitário precisa lidar com essa importante empreitada. A reportagem sobre a nova Lei do Estágio, sancionada pelo presidente Lula, abre o dossiê. Apesar das melhorias nas condições dos estagiários no país, é possível questionar alguns agio

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itens, como o valor da bolsa e o auxilio transporte. A Associação Brasileira de Estágio (Abre) salienta a importância de o aluno estar sempre atento aos seus direitos. Mais que estar atento aos direitos, o estagiário deve prestar atenção também aos deveres. Empresas encerram frequentemente contratos por falta de comprometimento DOSSIEˆ dos estágéiodiscutido universitários. O assunto na reportagem “Quando o estágio vai por água abaixo”. O texto informa, ainda, sobre os centros de encaminhamento, locais onde os alunos podem encontrar vagas e dicas de como se comportar em entrevistas. Outra questão abordada pelo dossiê é o desrespeito por parte de algumas empresas que ignoram a nova legislação e direcionam os estagiários para atividades alheias àquelas relativas à área profissional do estudante. Estes, por sua vez, acabam aceitando o desvio de função em troca do salário recebido, que, muitas DOSSIEˆ vezes, custeia a mensalidade uniestágidas o versidades onde estudam. Empresas que assim procederem devem ser denunciadas. O estágio é uma oportunidade para o aluno adquirir experiência, ampliar a percepção da profissão e do mercaDO ˆ do de trabalho. Trata-se, portanto, deestSSIE ágio um período de descobertas e de desenvolvimento, além de elemento facilitador para inserir-se no mercado de trabalho.

Camila França

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Lei apresenta falhas, apesar das melhorias Após a criação da norma que regulamenta estágio, estudantes apontam irregularidades Gustavo pedersoli João paulo Vale Letícia porto 6° PerÍoDo

edição: Camila França No dia 25 de setembro de 2008, era sancionada, pelo Presidente Lula, a Lei nº 11.788/2008 conhecida como a Lei do Estágio, que visa a melhoria das condições para todos os estagiários do país. Esse período coincidiu com o início da crise econômica mundial. A junção dos dois fatores resultou em uma redução de aproximadamente 20% do número de estudantes fazendo estágio em todo o Brasil, de 1,1 milhões para 900 mil. Perto de completar três anos da nova lei, praticamente todos os contratantes fizeram adequações para estar de acordo comas novas diretrizes determinadas. É o que afirma o Superintendente do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Alberto Cavalheiro. “A empresa que não conseguiu se adequar à Lei teve que mudar. Em uma indústria alimentícia, por exemplo, todos os estagiários da área de desenvolvimento e pesquisa não continuaram, devido ao tempo de estudo, que demanda uma carga horária superior a 6 horas diárias”. Irregularidades Embora algumas empresas tenham alterado a forma de contratar estagiários, tópicos de extrema importancia na Lei não são cumpridos. “Iludidos com a ideia de se esfor-

diVuLGAção

çar bastante para sermos efetivados, muitas vezes, nos submetemos a qualquer tipo de situação”, garante o estudante de publicidade Victor Hugo da Matta. De acordo com o estudante, devido às horas extras realizadas no estágio, já perdeu prova e quase foi reprovado por frequência. ”Se eu fosse embora, o trabalho não seria concluído e a empresa me advertiria”. Victor também conta que várias empresas contratam estagiários, remuneram como tal, e cobram o serviço como se fossem profissionais já graduados. “O maior fiscal entre a relação de estágio é o aluno. Ele é o primeiro a perceber se o estágio está ou não dentro daquilo que ele esperava”, orienta Cavalheiro, em relação ao descumprimento de termos estabelecidos por contrato. Órgãos como a Associação Brasileira de Estágio (Abre), também colaboram na fiscali-

“o maior fiscal entre a relação de estágio é o aluno. ele é o primeiro a perceber se o estágio está ou não dentro daquilo que ele esperava” Alberto Cavalheiro

´ PRINCIPAIS MUDANÇAS NA LEI DO ESTAGIO • A carga horária não pode exceder seis horas diárias e 30 semanais; • O estagiário pode ficar no máximo dois anos em cada instituição (excetos em casos em que o estagiário é portador de deficiência); • A revisão do Termo de Compromisso entre a instituição de ensino, o contratante, e o candidato ao estágio, é obrigatória; • Redução pela metade da jornada de trabalho nos dias de provas periódicas ou finas; • 30 dias de recesso remunerado (férias). Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

Alberto Cavalheiro ressalta a importância do estágio, mas adverte sobre as alterações na lei

zação de situações irregulares dos estudantes em contrato de estágio. Antes da reformulação da Lei de Estágio, os contratos entre a empresa e o aluno não exigiam nenhum instrumento de avaliação do desempenho do estudante, não explicitavam a existência de professor orientador e não asseguravam a adequação do estágio à grade curricular do curso. Além disso, as antigas normas não relacionavam às atividades desempenhadas pelos estagiários ao horário e ao calendário escolar. Orientação As orientações dos coordenadores do setor de estágio das instituições também são de extrema importância. São

eles que analisam o Termo de Compromisso, documento indispensável com a sanção da Lei, que entre as informações básicas, também deve descrever as funções que o estagiário irá exercer e se estarão de acordo com a proposta pedagógica do curso. “Alguns contratos ainda chegam sem cláusulas importantes, como: supervisor responsável, recesso remunerado e auxílio transporte. Muitos chegam sem o Plano de Atividades e sem o visto do Coordenador do curso, com data retroativa a semestres anteriores”, explica a coordenadora do Estágio Institucional do Unibh (CEI), Juliana Murari. A empresa que apresenta o Termo de Compromisso sem as devidas informações,

recebe uma notificação, que também é repassada ao aluno, onde informa quais são as correções necessárias para a validação efetiva do contrato. No Sistema On-line da instituição (SOL), está disponível tanto para a empresa contratante, quanto para os contratados, os procedimentos necessários para a realização do estágio, além de modelos dos documentos. Apesar do crescimento, ainda é baixa a porcentagem de alunos estagiários. O ensino superior no país tem cerca de 5 milhões de estudantes matriculados, e apenas 650 mil fazem estágio.

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Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br

Brechas na Lei do Estágio Embora alguns itens estejam bem claros na Lei do Estágio, outros não estão bem definidos. Um deles é o valor que a Bolsa e o Auxílio Transportedevem ser pagos ao estagiário. “O auxílio transporte é obrigatório, mas ninguém colocou se deveria ser integral ou parcial”, explica Alberto Cavalheiro. “Já recebi apenas a BolsaEstágio no valor de R$ 300,00 em que não estava descrito se nessa remuneração era incluído o auxílio-transporte”, afirma a estudante de jornalismo

Juliana Baeta. De acordo com Alberto Cavalheiro, uma pesquisa realizada pelo Nube com estagiários de todo o país afirma que 18% dos alunos entrevistados reclamaram que com a diminuição da carga horária, máximo de seis horas diárias, o valor da bolsa também foi reduzido. ”Se proporcionalmente, havia um local que pagava R$ 800,00, por oito horas de trabalho, hoje, paga R$ 600,00, por 6 horas de trabalho”, descreve. “Por causa das mudanças

na Lei, minha carga horária foi reduzida, o que é até bom, já que teoricamente teria mais tempo para me dedicar aos estudos.” diz o estudante de comunicação Ricardo Lima. O estudante também acrescenta outra situação “o problema é que junto com a carga horária diminuiu também meu salário. Estou há algum tempo pensando na possibilidade de encontrar um segundo estágio ou emprego, ainda que informal ou sem contrato fixo, para auxiliar na minha renda”


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Especial

Belo Horizonte, JUNHO de 2011

Impressão

Por água abaixo

Arte: manuela garzon

Motivos que tranformam experiências em frustração Manoela Garzon Bruno Menezes Markilma Carter 6ºperíodo

Edição: Camila França As chances de conseguir um emprego certamente são maiores depois de ter tido contato com a profissão, sobretudo por meio do estágio, onde é possível colocar em prática os conhecimentos adquiridos na faculdade. Mas nem todos os estudantes universitários estão preparados para encarar um estágio dentro de uma empresa, a começar pelo processo de seleção. Além disso, é importante se comprometer com as atividades propostas e ter uma boa postura profissional. Desta forma, muitas oportunidades vão por água abaixo. Estágios que não dão certo podem, em determinados casos, culminar em grande decepção para o estudante. “O primeiro sentimento que surge é o da frustração por não ter dado certo, principalmente se era algo de que se gostava tanto. A pessoa não pode deixar que essa situação tome conta dela e comece a desacreditar de todos os outros estágios que possa conseguir na vida”, afirma a psicóloga Laila Coelho. Em alguns casos, a experiência pode não sair como deveria. A estudante de pedagogia Thaymara de Miranda começou a fazer um estágio e não se adequou às normas estabelecidas pela escola. “Entrei na escola com uma gran-

de expectativa de crescimento pessoal e profissional. Ao entrar percebi que seria uma professora de uma turma mista, ou seja, com crianças de sete meses até dez anos de idade. Estava trabalhando em um lugar sem nenhum apoio pedagógico”. Maturidade Em alguns casos, os estudantes não possuem maturidade para o desenvolvimento do estágio. Fernando Beiral, estudante de relações públicas, conta que já trabalhou ao lado de estagiários que não valorizaram a oportunidade recebida. “Um deles chegou a matar a avó três vezes no mesmo ano”, comentou, fazendo referências às desculpas utilizadas para justificar atrasos e faltas. “Outros tentam mostrar eficiência, e falam que dão conta de tudo” ressalta, apontando estagiários que assumem algumas responsabilidades no trabalho por medo de perder a vaga. A administradora Marcela Bonfim, trabalha diretamente com a contratação de estagiários e afirma que a falta de qualificação é uma das maiores barreiras que os estudantes enfrentam e que iniciativa é um dos fatores mais avaliados. “Nós sempre ajudamos, tentamos orientar e motivar da melhor maneira possível, mas por vezes, falta interesse e uma postura profissional por parte deles”, esclarece. Para evitar problemas no estágio, o estudante pode se preparar de muitas formas. O

diretor de Criação e Operações da G30 MKT & COM, Ciro Guedes, ressalta a importância de algumas qualidades. “Para conseguir um estágio é preciso ter capacidade técnica, vontade de aprender, disponibilidade”. Ciro explica os motivos que o fez rescindir o contrato de sua última estagiária “ritmo lento, atrasos nas entregas, indisponibilidade para estender o horário quando necessário, índice de erros relativamente alto e desatenção na execução dos trabalhos”. A jornalista e economista Cássia Borges considera que a disposição em aprender é um diferencial “ele pode levar para o local de atuação inovações que vão colaborar para sempre com a rotina da empresa. Por isso, a importância de sempre manter a cabeça aberta para o que o estágio vai incrementar na vida do estudante e o que ele vai deixar onde estagiou”. De acordo com o Nube, Núcleo Brasileiro de Estágios, a agência encaminhou, nos meses de outubro e novembro de 2010, 648 estagiários para diversas empresas. Dos contratos firmados, 128 foram rescindidos pelos estagiários e 28 tiveram seus contratos rescindidos pela empresa. Esses dados dão oportunidade aos estudantes repensarem a maneira que observam e lidam com o período do estágio.

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Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br

Centros de encaminhamento

Em alguns casos, o estágio pode não sair como esperado

Os estudantes interessados em estágiar podem buscar vagas em centros de encaminhamento, como o Centro de Empresa Escola (CIEE), o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) e o Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiiemg/IEL). Os alunos também podem contar com sites de cadastro de estudantes, como o Catho. com e site de ofertas de vagas como o MinasCom, site específico com vagas da área de comunicação, o OportunidadesBH, com ofertas para variados cursos, dentre outros. Os setores de estágio, sites e outros veículos de comunica-

ção interna da própria faculdade como blogs e murais espalhados pela instituição, também são opções para os universitários que buscam oportunidades de estágio. Os interessados em estagiar devem estar atentos às vagas ofertadas, pois todos os dias são oferecidas, nos centros de encaminhamento e em sites específicos, dezenas de vagas e o estudante pode ainda receber treinamento, como as oficinas de capacitação e os cursos gratuitos que são disponibilizados pelo CIEE, de modo que seu encaminhamento seja adequado. Além de vagas e treina-

mentos, os centros apresentam diversas dicas, como , por exemplo, elaboração de currículo, de como se comportar em entrevistas de estágio, informações e orientação sobre legislação. Existe nesses centros uma real preocupação com o encaminhamento do estudante às empresas contratantes, cabe ao estagiário aproveitar ao máximo os serviços oferecidos. As empresas deste setor são as principais responsáveis pela inserção do estagiário no mercado de trabalho, sendo também a principal ponte para a contratação após a conclusão do curso.


Especial

Impressão

Belo Horizonte, JUNHO de 2011

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Estágio é elo entre aprendizado e sucesso Teoria é importante, mas prática é essencial para adquirir conhecimento e experiência Rômulo Abreu 6º período

Edição: Camila França A universidade é o caminho escolhido por diversas pessoas que buscam projeção profissional e uma carreira de sucesso. Ao ingressar na faculdade, estudantes que almejam um futuro promissor, iniciam uma verdadeira maratona em busca de oportunidades para desenvolver o aprendizado adquirido em sala de aula. É a junção da teoria com a prática que, para muitos profissionais, é a receita para uma trajetória bem-sucedida. A alternativa para concretizar essa conexão é o estágio, que proporciona ao futuro

profissional, a aplicação da técnica obtida e vivência com o mercado de trabalho, além de proporcionar ao estudante um teste de perfil para atuar na área escolhida. Atividades Com uma experiência de mais de 20 anos em captar jovens para estagiar em diversas empresas de Minas Gerais, o superintendente do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Alberto Cavalheiro orienta que os estudantes explorem todos os recursos disponíveis nas instituições de ensino, como palestras oferecidas gratuitamente, trabalhos interdisciplinares e demais atividades extraclasse. “As escolas

“O estágio é a oportunidade de interlocução da teoria ministrada em sala de aula com a prática do mercado de trabalho. Ângela de Moura oferecem muitos eventos à comunidade acadêmica por existir um interesse em capacitar e inserir os alunos no

^ ´ POR QUE VOCE ESTA´ PROCURANDO UMA VAGA DE ESTAGIO ?

Pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE) confirma que universitários têm o estágio como a principal porta de entrada para o Mercado:

* Para entrar no mercado de trabalho 42,6%

*Ajudar nas despesas familiares – 9,8%

*Pagamento da mensalidade escolar – 6,6%

*Ter autonomia financeira – 8,3%

Pesquisa realizada com mais de 5 mil estudantes, em todo Brasil, entre os dias 28 de abril e 28 de maio de 2010.

Aprimorando habilidades A aluna do curso de Publicidade e Propaganda Thamires Rosa ocupa posição de destaque na empresa onde trabalha. Ela iniciou sua trajetória como menor aprendiz e teve a oportunidade de estagiar, quando cursava o quinto período. A estudante, hoje, é supervisora de atendimento e lidera uma equipe de aproximadamente 30 pessoas. Thamires atribui o sucesso ao estágio realizado. “Estou muito mais realizada com o que faço, do que se tivesse tentado fazer carreira em agências, como pensava no início da faculdade. Estagiar aqui na empresa ampliou

meus horizontes”, conta. A redatora da Câmara dos Deputados em Brasília Maria Aparecida Neves realizou diversos estágios em órgãos públicos e privados durante o curso de Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e avaliou o período como decisivo para chegar à atual posição. “Os estágios que fiz foram muito importantes em meu aprendizado. Com eles passei a ter mais habilidade e pude aprimorar praticando tudo que aprendia na faculdade. Tive a vantagem de conhecer e ter vários contatos que sempre me ajudaram”, esclarece.

Maria Aparecida incentiva quem pretende conseguir um estágio, dizendo que é necessário bater às portas, sem receios. Ela frisa que o candidato a uma vaga não pode deixar de ser perseverante, tampouco dar lugar à timidez. A redatora também ressalta a importancia do networking para a carreira e de conhencer as empresas que atuam na àrea almejada. “É importante fortalecer o networking e sempre visitar as empresas do ramo de atuação nas quais a pessoa estiver se preparando para sondar se há vagas e pedir quem sabe uma oportunidade”.

mercado de trabalho”, frisa o superintendente. No entanto, estudos realizados pelo Nube concluíram que, embora seja relevante para o currículo, apenas o conhecimento teórico não é o suficiente. Cavalheiro confirma que o convívio com a profissão é fundamental. O Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni - BH) oferece constantemente vagas de estágio para seus alunos, em diversos segmentos, como uma forma de estimular o potencial de cada estudante. Os pontos favoráveis de se estagiar na faculdade, segundo a estudante de jornalismo do Uni - BH Camila Falabela é que a atividade se torna uma extensão das aulas, pelo acompanhamento didático dado pelos professores. Portas abertas Alberto Cavalheiro destaca que se por um lado os alunos estão em busca de oportunidades de estágio, por outro, as empresas abrem suas portas para os novos profissionais e, cada vez mais, reservam vagas para universitários, por considerar essa parceria benéfica para ambos os lados. “As empresas contratam os estagiários porque querem preparar seus profissionais do futuro”, esclarece Cavalheiro, afirmando ainda que o estágio deve ser almejado pelo estudante desde o início da vida acadêmica e, sem dúvidas, deve ser priorizado, em rela-

ção a outras atividades como cursos e intercâmbios. Mas o superintendente pondera que em algum momento, o estudante terá que se dedicar ao estudo complementar. Professores universitários e profissionais em cargos de chefia concordam que o estágio é o ponto de partida mais eficaz para a realização profissional. Para eles, ao estagiar, o aluno tem a oportunidade de fazer contatos, conhecer o meio em que vão atuar e mostrar seu potencial. A professora de radiojornalismo do Uni - BH, Ângela de Moura, esclarece a importância de se estagiar. “O estágio é a oportunidade clara de interlocução da teoria ministrada em sala de aula com a prática do mercado de trabalho. É a chance que o estudante tem de vivenciar o exercício profissional e, assim, se preparar mais para os desafios que inevitavelmente surgirão após a formatura”. O estágio é um período de aprendizagem e contribui na capacitação do estudante, facilitando o seu ingresso no mercado de trabalho. Estagiar também pode significar uma oportunidade única de aplicar a teoria aprendida em sala de aula à prática do cotidiano na realidade profissional. Sua finalidade é propiciar complemento a formação do aluno.

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especial

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Empresas insistem em descumprir legislação estagiários aceitam desvio de função em troca da bolsa que paga a mensalidade do curso WeLLinGton MArtinSS

Érika pereira Wellington Martins

gios, muitas vezes, é deficiente: “Se fossem mais presentes e fiscalizassem, acredito que muitos estágios seriam indeferidos”, conclui.

6º período

edição: rodrigo espeschit Não é segredo o fato de que o estágio, muitas vezes, se configura em cenário claro de desvio de função. A prática é comum em organizações que buscam mão de obra barata, porém, a empresa que lança mão desse expediente age de má fé e incorre em ação ilícita. A legislação que regulamenta a prática explicita que “o estágio é ato fundamentalmente educativo, que visa à aquisição de competências para o trabalho e para a vida em sociedade” (ver Box) Trata-se, portanto, da oportunidade que o aluno tem para executar atividades que gerem o aprendizado profissional, ou seja, conjugar o conhecimento teórico que adquire na academia com a experiência prática do mercado de trabalho. “Muitos alunos não entendem o real papel do estágio e sentem muito medo de errar, de perguntar e de demonstrar que não estão seguros ou que precisam de algum auxílio. Isto é um erro, pois eles estão nas empresas para aprender e se já soubessem, não necessitariam estagiar”, afirma a piscóloga Felícia Costa Rodrigues, complementando que o estágio é a fase em que o estudante pode reforçar a sua escolha profissional. “Nesse caso, o desvio de função e a má remuneração seguida de trabalho excessivo acabam comprometendo o papel do

para piscóloga Felícia Costa rodrigues, o estágio é a fase para reforçar a escolha profissional

estágio”, alerta. A profissional de relações públicas Fernanda Delmiro Dias, 24 anos, estagiou em três empresas. Em duas delas, o desvio de função era prática corrente. “Na primeira, fui

“o desvio de função e a má remuneração seguida de trabalho excessivo acabam comprometendo o papel do estágio” Felícia Costa rodrigues

contratada para trabalhar com aplicação de questionários de avaliação dos clientes, tabulação, análise de dados e implantação de melhorias e soluções, mas, além disso, atuava no atendimento e recepção dos clientes, atividades que não exigem conhecimentos acadêmicos”,conta. Na segunda empresa a relações públicas trabalhava com publicidade e comunicação interna, mas, por causa de uma crise financeira, o setor de marketing foi fechado e ela acabou sendo remanejada para a recepção. O estudante de jornalismo Luciano Gonçalves Coelho Calixto, 25 anos, fez cinco estágios e conta que em diversas ocasiões exerceu algum tipo de função que não era compatível com a sua área. Ele ressalta, porém,

Valor médio geral: R$ 683,33

Ciências Comunicação Atuariais Social R$867,61 R$701,64

Estatística R$880,40

Fonte: Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE)

Nutrição R$880,40

Economia R$999,27

Custeio Segundo o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a média geral paga a estagiários no Brasil é de R$683,33. Na área de Comunicação, a bolsa de estágio é, em média, R$701,64. Fernanda Delmiro dependia do estágio para pagar a escola.“Não poderia me dar ‘ao luxo’ de sair das empresas para procurar outra oportunidade, pois eu correria o risco de não encontrar algo com tanta facilidade ou rapidez”, afirma. A relações públicas disse, ainda, que a atuação das faculdades no acompanhamento de alunos nos está-

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Garantia de proteção

´ ´ ´ SALARIOS MEDIOS PAGOS A ESTAGIARIOS EM 2010

Química R$897,45

que a experiência foi importante para expandir seus conhecimentos em outros campos de atuação.

Obstáculo Para o coordenador do curso de Jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Luciano Andrade Ribeiro, algumas medidas são tomadas para evitar o problema, mas a falta de fiscalização ainda é um obstáculo a ser vencido: “Todo desvio de função é prejudicial para o aluno. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por exemplo, prega a não permissão de estágios em que abusos contra os estudantes são praticados, porém, a instituição não consegue barrar ou controlar essa atividade”. Segundo ele, o motivo da decisão é evitar que os estagiários sejam submetidos a desvios de função e substituam um profissional. Luciano Ribeiro explica que O UNI-BH conta com a Coordenadoria de Estágio Institucional (CEI), que é o setor responsável por avaliar as empresas interessadas em oferecer estágios para o aprendizado dos alunos da instituição. “Quando alguma irregularidade acontece, o aluno mesmo traz essa questão para a CEI e, dessa forma, a empresa é descredenciada e não pode buscar mais nenhum estagiário conosco”, afirma.

Engenharia Relações R$1.022,30 Internacionais R$1.008,38

A Lei do Estagiário (17.788/08) enfatiza, em seu artigo primeiro, que o estágio é ato fundamentalmente educativo, que visa à aquisição de competências para o trabalho e para a vida em sociedade. Determina, ainda, a supervisão e o acompanhamento das atividades, bem como a relatoria delas. Para a Associação Brasileira de Estágios (Abres), a nova legislação inibe a utilização de estagiários como mão de obra barata, já proibida, mas comumente praticada na vigência da Lei anterior. A em-

presa que não respeitar estritamente as cláusulas contratuais e descaracterizar o estágio – com desvio de função ou excesso de carga horária, por exemplo – está sujeita a multa do Ministério Público do Trabalho. A carga horária máxima de um estágio ou a soma deles é de 30 horas por semana. A empresa que descumprir as regras fica impedida de contratar estagiários por dois anos. A Lei estabelece o meio termo entre o abuso de estagiários como mão de obra barata e a não contratação.


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O mundo a seus pés Fazer intercâmbio é uma oportunidade de melhorar o currículo e ampliar horizontes Bruna Ávila dayane Lima priscila Mendes 6º período

edição: rodrigo espeschit O Brasil se prepara para uma Copa do Mundo, em 2014, seguida pelas Olimpíadas dois anos depois, e o domínio da língua inglesa torna-se essencial. Então, nada melhor que aprimorar o idioma in loco. Fazer intercâmbio, porém, é muito mais do que estudar em outro país. “É ter a oportunidade de trocar conhecimentos entre discentes e docentes de locais distintos, uma experiência única que mescla conhecimento acadêmico, cultural e pessoal, além de tornar mais atrativo o currículo profissional”, afirma Daniel Trivellato, diretor da empresa de intercâmbio

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World Study. Antes de viajar é necessária muita preparação. Primeiro, deve-se escolher o país. Caso a região escolhida não tenha nenhuma universidade conveniada com a instituição de ensino que o aluno frequenta, pode-se optar por contratar uma agência de intercâmbio. As agências possuem prof issionais especializados para dar orientação ao estudante sobre universidades, cursos, opor tunidades de estágios remunerados, entre outros.

“Realizar uma pesquisa prévia sobre os países e cursos é essencial para evitar futuras frustrações. O Canadá é um país frio. Londres tem um custo de vida alto, ao contrário do que ocorre na Austrália. Se o problema for o idioma, o melhor é fazer um curso de línguas por aqui e adiar a viagem”, ressalta Trivellato. Planejamento As acomodações também devem ser planejadas. Existem as casas de família, em que o aluno passa a conviver com a rotina da casa. Caso o estudante não goste de seu “lar”, poderá solicitar a troca. Essa opção deve estar explícita no contrato, a fim de evitar transtornos e multas. Outra opção são os alojamentos estudantis, uma espécie de república. Comumente há um restaurante para todos os alunos e quartos comunitários. A hospedagem individual é uma saída para quem quer independência e, em alguns países, é uma opção barata. O publicitário Gustavo Orli sentiu na pele o que a falta de planejamento pode fazer. Em 2008, ele viajou para Londres para aprimorar o inglês, mas não encontrou alojamento. “Quando cheguei na Inglaterra, procurei albergues e algumas casas de família. Mas como não tinha me planejado, tive dificuldades para encontrar lugar para ficar. Por sorte, alguns amigos me indica-

ram um albergue”, relata o publicitário. A estudante de comunicação integrada Nayara Alves de Oliveira viajou à Paris, aprendeu a língua nativa e se encantou com a beleza da cidade e a receptividade dos franceses. “As pessoas buscam o que querem, não aceitam facilmente aquilo que o governo impõe. As faculdades e o atendimento hospitalar são praticamente gratuitos”, conta.

“Fazer intercâmbio é ter a oportunidade de trocar conhecimentos entre pessoas de locais distintos” daniel trivellato Outras informações fundamentais para evitar problemas futuros são as características climáticas do país, custo de vida e validade do diploma no Brasil do curso em questão. Alguns lugares fazem exigências, como Austrália e Nova Zelândia. Nesses países, o Ensino Médio possui um ano a mais que no Brasil. Por isso, as universidades locais exigem que o intercambista realize o Foundation Program, que dá ênfase a graduação escolhida pelo estudante, além de aprimorar o idioma Inglês.

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Parceria que deu certo Hévila oliveira 6º período

Os alunos do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) têm a oportunidade de realizar intercâmbio em três universidades de Portugal: Évora, Porto e Coimbra. O UNI-BH possui um acordo de cooperação técnica com as instituições, o que permite que os participantes do programa não paguem taxas acadêmicas, como mensalidade em ambas as universidades. “Já tivemos propostas de outras instituições para realização de convênio, mas continuam em estudo”, informa Fabiana Fernandes, da Coordenadoria de Relações Institucionais do UNI-BH. Não é necessário que o universitário faça intercâmbio no mesmo curso em que esteja matriculado, é possível escolher disciplinas diferentes que possam acrescentar ainda mais ao currículo. O estudante pode, também, realizar disciplinas de mestrado integrado. Porém, é necessário respeitar o limite máximo de um ano. Para participar do processo de intercâmbio no UNIBH basta se dirigir ao setor de Relações Institucionais. O aluno não paga taxa de inscrição e é escolhido por critério de notas, sendo selecionadas as melhores. Por semestre, são disponibilizadas 20 vagas para o programa e o número de inscrições chega a 150, havendo um limite de três alunos por curso. Hospedagem O aluno pode optar onde quer residir em terras portuguesas. As universidades conveniadas possuem alojamento próprio, portanto, o intercambista paga apenas uma taxa de manutenção do apartamento. Por outro lado, se preferir, o estudante também pode se hospedar em alojamentos particulares e albergues, que possuem tarifas especiais para alunos de intercâmbio. Durante todo o período em Portugal, os selecionados são assistidos pelo setor de Relações Institucionais da universidade escolhida. Para outras informações ligue para Coordenadoria de Relações Institucionais do UniBH (31) 3319-9232.


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IAPI: uma cidade com um pouco de tudo recheado de curiosidades, o conjunto é um marco na arquitetura e na sociedade de BH Juliana Vallim rômulo Abreu Willian Alves 6º período

edição: rodrigo espeschit “Aqui, todos são amigos. Não tem hostilidade alguma”. A afirmação é de Francisco Lauriano da Silva, o Chico, um dos baluartes do conjunto habitacional mais antigo de Belo Horizonte, o IAPI. Com a autoridade adquirida após ter sido presidente em exercício da Associação Comunitária do Conjunto Residencial São Cristóvão e, atualmente, ser líder honorário, Chico sabe o que fala. Em 1940, Juscelino Kubitschek - então prefeito da capital mineira - em sua ânsia de transformar Belo Horizonte em uma metrópole, foi o principal responsável pela construção do Bairro Popular, dentro dos domínios do bairro São Cristóvão. Construído em uma parceria com o Instituto de Aposentadoria dos Industriários e projetado por White Lírio Martins, o conjunto habitacional acabou sendo mais conhecido pela sigla do Instituto. Foram duas inaugurações, uma em 1947 e outra no ano seguinte. No entanto, os primeiros moradores dos prédios só puderam se mudar em 1951. Chico foi um desses pioneiros, se juntando a contribuintes do Instituto, aposentados e ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial.

BRUNA CRIS

Residindo em um dos andares inferiores do Bloco 4 - o conjunto conta com nove prédios e um total de 928 apartamentos - o presidente de honra da comunidade não demora muito a apontar uma característica peculiar do IAPI: “nós, idosos e pobres, moramos nos primeiros andares. Ali, moram os que estão melhor na vida”. Ele aponta para um apartamento do andar superior do prédio. Entre Chico e seus companheiros próximos é desnecessário perguntar sobre a vizinhança. A maioria se trata com carinho e a intimidade de velhos camaradas. Mas as ideias cordiais não são compartilhadas por todos os moradores do conjunto. A dona de casa Fernanda Melo, por exemplo, não tem tanto entusiasmo ao falar do IAPI. “Há uns 10 anos, dava para a gente brincar tranqüilo ali no jardim e jogar bola. Hoje em dia, eu tenho um pouco de medo de passar ali”. Sua mãe, Ângela, corrobora a visão sobre a delinqüência que circunda os prédios, mas enaltece pontos positivos ignorados pela filha: “A localização é ótima, é tudo perto do centro. Além disso, com esse espaço todo, dá até para fazer alguns exercícios físicos”. Raissa Machado, neta do senhor Chico, foi produtora de dois curtas-metragens que tiveram o antigo Bairro Popular como ambientação: Material Bruto (2007) e Permanên-

´ NOROESTE EM NUMEROS Confira dados da região onde fica o IAPI: • Extensão Territorial da região: 36.874 Km2(quilômetros quadrados) • População: 360.000 habitantes, de acordo com o Censo 2000/ IBGE • Quantidade de Bairros: 54 • Número de Praças: 106 • Favelas: 19 • Linhas de Ônibus: 41 • Cemitérios: 02 (Bonfim e da Paz) • Igrejas Católicas: 25 • Parques Ecológicos: 2 • Hospitais Públicos e Particulares: 2 (Odilon Behrens e Hospital e Maternidade BH Mater) • Centro de Apoio Comunitário(CAC): 2 (Jardim Montanhês e Serrano)

• Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM): 1 (Padre Eustáquio) Fonte: PBH

cias (2010), ambos dirigidos por Ricardo Alves Junior, também mineiro. “Eu peguei essa fase mais pós-moderna do IAPI, né? Não compartilho tanto dessa visão romântica dos meus avós”. Permanências foi o vencedor do prêmio de Melhor Filme (categoria nacional) da 3º Janela Internacional de Cinema do Recife, em 21 de novembro do ano passado. O filme contou com o IAPI não apenas na locação, mas com a atuação de alguns dos moradores. Moradores ilustres De pedreiro a artistas de cinema. No IAPI tem de tudo. Sobre os residentes ilustres, não é difícil descobrir o mais famoso deles. De todos os entrevistados, todos não titubeiam em apontar o ex-jogador Tostão como o mais conhecido a residir ali. Outros futebolistas também são conectados ao IAPI: Celton, zagueiro central que atuou pelo Cruzeiro entre 1965 e 1972, é morador atual. E há também um certo Toró, que, segundo testemunhas oculares idosas, teria sido melhor que o próprio Tostão. O vitiligo encerrou precocemente a carreira do jogador, que se sentia tão constrangido com a doença que só atuava de calças compridas.

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no Conjunto iApi moram aproximadamente 5,4 mil pessoas

Palco da boemia mineira Bruno Menezes Manoella Garzon Markilma Carter 6º PerÍoDo

Batizado de Lagoinha, conforme informações do Caderno de História dos Bairros, da Prefeitura de BH, a região nasceu em meio à construção da capital mineira, em 1897, por imigrantes italianos. Os primeiros moradores o apelidaram de “Cantinho da velha Itália em Minas Gerais”. Mas o que eternizou a Lagoinha foi a boemia, que marcou o local na primeira metade do século XX. Ainda segundo o Caderno de História dos Bairros, o nome original foi dado em

virtude das dezenas de lagoas que cercavam a região, bastante pantanosa antes de ser habitada. A “Velha Lagoinha”, que durante o dia movimentava-se pelo agitado comércio, o mercado, ambulantes e a delegacia, à noite, cedia lugar para desde as rodas de samba e poetas até o baixo meretrício. As ruas povoadas por botequins, reduto de seresteiros, dançarinos, artistas e amantes da noite belo-horizontina, fizeram com que o bairro recebesse a alcunha de “Lapa Mineira”, em alusão ao bairro carioca. O charme da tradicional região entrou em decadência a partir do início da década de 1970. Muitas famílias tradi-

cionais se mudaram do local, afugentadas pela boemia efervescente e o alto índice de criminalidade. A partir da década de 2000, a região da Lagoinha assistiu a diversas obras de melhoria da infraestrutura viária para se consolidar como corredor de ligação à região norte. Desde abril deste ano, o conjunto IAPI está sendo revitalizado e pintado em uma parceria entre a prefeitura de BH , Tintas Coral, o Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção (Sindimaco) e seis empresas de construção. A expectativa é que o processo de revitalização seja feito em 14 meses.


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Belo Horizonte, JUNHO de 2011

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Ajuda que vem do lado Rede de vizinhos diminui violência no bairro Renascença e complementa ação da polícia Carla Danielle Gislainy Borges 6° período

Edição: Luiz Ladeira e Alexandre Santos No bairro Renascença os moradores devem confiar no olhar atento dos vizinhos. Um gesto ou som de apito pode evitar atos de violência. Os moradores fazem parte da Rede Solidária de Vizinhos, que teve inicio em 2004, em Belo Horizonte e vem colaborando para uma redução da criminalidade da capital segundo a Tenente Débora do 16.° comando de Polícia Militar da capital. Para amenizar os problemas causados pela violência os vizinhos se filiaram à rede solidária. Segundo moradores, como o funcionário público Nesier Eustáquio da Cruz, que mora no bairro há 57 anos, a rede é muito im-

portante no combate à violência e aos roubos que se tornaram frequentes no bairro. O morador diz que o bairro ainda tem muito o que crescer e necessita de outras formas de serviço, como agência dos correios, assim como de vários bancos que trariam aos moradores mais comodidade. Mas Nesier afirma que não residiria em outro local, o bairro para ele é o melhor para se viver na cidade. Em Belo Horizonte, nos locais atendidos pela rede solidária, a redução do no número de crimes, segundo a PM, foi de até 25%. Não existem dados específicos do bairro Renascença. Para aderir à rede, é necessário uma organização comunitária. Os moradores participam de reuniões regulares com a polícia recebendo dicas para a prevenção de crimes, como roubo a mão armada e assaltos a residên-

cias. “A ação é preventiva e contribui na denúncia de suspeitos. Além da segurança, a rede trás para a população uma maior confiança na polícia e a diminuição do medo do crime. Os vizinhos se tornam câmeras vivas no bairro”, avalia a tenente. Funcionamento A Rede de Vizinhos Protegidos funciona em blocos de até cinco casas. Como a rede é entrelaçada, uma residência pode pertencer a dois grupos. Os moradores são orientados a se comunicarem por meio de gestos, pelo celular ou apito. Qualquer comunidade, bairro ou rua pode ter o programa, basta entrar em contato com a Polícia Militar. O clima de tranquilidade se fortalece com a Rede de Vizinhos que é uma iniciativa da sociedade civil organizada em parceria com a Polícia Militar

do Estado de Minas, Conselho de Segurança Pública da 20ª Cia da PMMG (Consep 20) e associações comunitárias. A Rede de Vizinhos Protegidos abrange 78 bairros em Belo Horizonte e conta com a participação de mais de 40 mil pessoas. O projeto tem o objetivo de aumentar a segurança da comunidade local, reduzir o índice de criminalidade, criar o sentimento de participação das pessoas e facilitar a ação da PM, além de unir os vizinhos. Nesier acredita que essa rede possibilita a continuidade da tranquilidade típica do bairro. “O Renascença é um lugar em que podemos conversar na rua com liberdade e sempre encontramos com alguém conhecido”, finaliza.

ta um pouco da história da capital. Cresceu marcado pelo ritmo do apito das fábricas. Inicialmente ocupado por operários, o bairro surgiu como opção de moradia aos trabalhadores. A Companhia Renascença Industrial foi responsável na época por todo investimento, ao que se refere ao lazer, já que construiu dentro dos seus limites um campo de futebol e depois um clube no qual Clara Nunes iniciou a sua carreira artística, se tornando conhecida Brasil. O time do Renascença disputou os campeonatos mineiros de 1959 a 1967. Desde o início o bairro foi ocupado predominantemente por pessoas do interior do Estado, originando assim um bairro com rotina interiorana.

História O bairro Renascença surgiu na década de 30 represen-

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Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br fotos: leopoldo magnus

Bairro antes caracterizado pelo grande número de casas convive, agora, com a especulação imobiliária que aumenta pela valorização e crescimento da região

Jadir: o compositor de hinos Julia Jabour Thiago Henrique 6° período

O bairro Renascença abriga alguns personagens que fazem parte da história da cidade de Belo Horizonte. Um deles é o professor de música, compositor e maestro Jadir Ambrósio. Em 1965, aos 43 anos, ele foi o responsável pela criação da letra e da música do hino do Cruzeiro Esporte Clube, um dos times de futebol mais reconhecidos do país. Segundo o Sr. Ambrósio,

“quando o Cruzeiro ainda não era muito popular, Aldair Pinto comandava um programa de auditório na rádio Guarani. Por várias vezes cantavam o hino do Atlético-MG e do América-MG e não existia, ainda, um para o Cruzeiro”. Jadir, então, assíduo freqüentador do auditório, foi convidado por Aldair Pinto para esboçar uma marchinha para o Cruzeiro, o que mais tarde se tornou o hino original do time. Como cursava o conservatório, Jadir compôs o hino em ritmo de musica clássica, sendo assim

bem aceito pelo Cruzeiro e pela diretoria italiana. “Eu sou compositor, eu sou professor de canto, mas não cantor” afirma o Sr. de 87 anos. Sr. Jadir fala com muito amor sobre o bairro em que vive: “o Renascença é o melhor lugar do mundo”. Ele ia fazer um hino para o bairro, mais como o aniversário de Belo Horizonte estava próximo resolveu fazer um para a cidade. O professor de música nos revela, com muita emoção, o hino que compôs homenageando a capital dos mineiros.

Hino de Belo Horizonte “Belo Horizonte cada vez mais linda é um jardim em flor. Quem mora em Belo Horizonte mora no paraíso, em um ninho de amor. BH, querida BH, que lugar gostoso de morar, o povo é bom, hospitaleiro, melhor não pode haver, isso que é lugar pra gente viver... Belo Horizonte, cidade que Deus criou és a mais linda em todas, foi Ele quem te abençoou”. Jadir Ambrósio


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Belo Horizonte, JUNHO de 2011

Tramas urbanas

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Falta de investimentos prejudica área de lazer Moradores do Saudade pedem atenção com o local de atividades culturais e esportivas Ana Flávia Tornelli Gustavo Pedersoli João Paulo Vale 6º período

Edição: Alexandre Santos Um campo de futebol amador localizado no bairro Saudade, região Leste de Belo Horizonte, está sofrendo com a falta de investimentos. As instalações do único local de lazer da comunidade estão precárias e precisam de reforma. “A Cemig colocou os postes, mas alguns não acendem, já liguei mil vezes, mas eles não vêm arrumar de jeito nenhum”, reclama o presidente da Associação Esportiva do Saudade, Enderson Moretti. Ele complementa que a companhia energética se manifesta apenas quando algo é noticiado na imprensa. A reportagem fez contato com a Cemig, que se comprometeu a efetuar a manutenção. Hoje, o terreno pertence à comunidade do bairro Saudade, mas enfrenta vários problemas. O campo possui vestiário, alambrado (que impede os usuários de correrem direto para a rua), chuveiro com água quente e sanitários. As instalações precisam de pintura e manutenção, e alguns refletores, por exemplo, estão com lâmpadas queimadas, o que dificulta os jogos à noite, além de aumentar o risco de crimes no local. Moretti afirma que há muito tempo pede à prefeitura de Belo Horizonte e ao governo estadual um pouco

joão paulo Vale

mais de atenção para o campo, no entanto, seu pedido não é atendido. Ele ainda afirma que há 20 anos envia cartas solicitando apoio para aos poderes executivos do município e do Estado, mas não obtém retorno. Ainda de acordo com o presidente da Associação Esportiva do Saudade, o último investimento feito pela prefeitura, foi a construção do vestiário e do alambrado, durante o mandato do então prefeito Célio de Castro. Também não há isenção fiscal para o pagamento das contas de água e luz. De acordo com o gerente de Equipamentos Esportivos, da Secretaria Municipal de Esportes, Talismar Silva, a prefeitura não tem como fazer o investimento em campos que não são pertencentes à ela, uma vez que o dono da área pode impedir sua utilização pública. Apesar disso, Silva afirma que a regional Leste faz a limpeza no campo em questão, quando necessário. “A comunidade precisa de apoio. A prefeitura tem que criar projetos sociais, pois são poucos”, afirma João Moreira Filho, representante da Associação Esportiva Saudade. Ele afirma que é necessário o incentivo ao esporte amador, alegando que os investimentos são destinados apenas para o esporte especializado. Moreira Filho ainda ressalta que é dos campos de várzea que saem os futuros talentos do futebol profissional, tanto dentro do país quanto fora, e joão paulo vale

Campo do Saudade é um local de atividades esportivas e culturais, esquecido pela prefeitura

principalmente a Europa. O campo é frequentado por pessoas de diferentes faixas etárias. São moradores e vizinhos da região, que vão ao local para assistir a jogos, jogar bola e praticar brincadeiras em geral. e diversas atividades. Os problemas são prejudiciais ao bom funcionamento do local, ocasionando transtornos, e até mesmo dificultando as atividades no único local de lazer dos moradores, especialmente para as crianças que participam de escolinhas de futebol. Segundo o atleta Paulo Júnior, de 20

ram divertimento e construíram uma história. O campo é um espaço essencial para a comunidade e peça importante na vida de moradores. O time do bairro é um dos mais antigos de BH, possuí 55 anos. Antes de se chamar Associação Esportiva do Saudade, chamava-se Cruzeiro do Sul e deste herdou a camisa azul e branca. (Também participaram Camila Falabela e Letícia Porto)

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Um novo ponto de cultura Marcos Vinicius Pereira Gabriela Francisca 6º período

Capoeira Angola é atração no novo ponto de cultura do Saudade

anos, o campo, como forma de lazer, impede que os jovens sigam outros caminhos, como o da marginalidade. O campo do Saudade recebe os jogos da Copa Centenário de Futebol Amador Wadson Lima, competição disputada nos campos de várzea de Belo Horizonte, e um dos poucos que valoriza o futebol amador em Minas. Apesar de o principal objetivo da prefeitura, com a construção da Praça, ser proporcionar aos moradores um espaço de lazer, foi no campo que os moradores encontra-

O Quilombo Dona Luiza, sede do Grupo Iuna de Capoeira Angola, localizado no bairro Saudade, se tornou, o novo Ponto de Cultura da capital, que já conta com cerca de 40 desses pontos. A verba já disponibilizada pelos governos estadual e federal, que não foi informada, servirá para revitalização do centro e criação de novas atividades. O grupo Iuna foi criado em 1983, fundado por mestres Primo, Rogério e Cobra

Mansa, com propósito de difundir na cidade a capoeira tradicional, também conhecida como Angola. Mestre Cobra Mansa viajou para a África no ano de 2006 a fim de estudar melhor as danças e lutas que influenciaram o nascimento da capoeira no Brasil. Mestre Rogério está na Alemanha, ministrando aulas de capoeira angola dobrada, outra modalidade da dança/luta; e mestre Primo permanece em Belo Horizonte dando prosseguimento ao projeto Iuna. O grupo não possuía sede oficial, até que em 2001 a mãe

de Mestre Primo, dona Luiza, cedeu sua casa para que o grupo tivesse uma sede oficial. Criou-se então, no bairro Saudade, o Quilombo Dona Luiza, Centro Cultural do bairro. No ano de 2006, o Iuna passou a receber incentivos financeiros do grupo italiano Santo Ângelo, que se tornou o principal patrocinador das atividades do Centro. A ação permitiu a contratação de monitores, que são ex-alunos do grupo, para auxiliar nas atividades, além da manutenção da casa, uniformes para as crianças, alimentação, entre outros.


Outros papos

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Entrevista com professor Alexandre Freire

No meio do tiroteio arquivo pessoal

cia, mas precisamos olhar o contexto mais amplo e tentar enxergar as causas mais sofisticadas do problema.

Alexandre Freire: “a sociedade não pode tirar o corpo fora”

Rodrigo Espeschit 7º período

No dia 7 de abril, Wellington Menezes de Oliveira abriu fogo contra dezenas de crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, em um fato sem precedentes na história brasileira. O Impressão entrevistou o professor Alexandre Freire, especialista em análise de mídia para o primeiro setor, com o propósito de discutir a cobertura midiática da tragédia de Realengo. O professor analisa que a tragédia foi fruto de uma sociedade mal equipada para educar a sua população, mas ressalta: foi Welligton quem disparou os tiros. E foram vários. O Brasil presenciou o fato ocorrido em Realengo com ares de ineditismo e, claro, perplexidade. Na sua opinião, o que fez Wellington Menezes de Oliveira abrir fogo contra os estudantes da Escola Municipal Tasso da Silveira? Eu acredito que, basicamente, nós temos dois grandes aspectos. O primeiro é ligado à política pública de segurança e a facilidade de acesso às armas, munição, ao porte de armas ilegal, a este marketing das armas que a indústria cultural cultiva nos filmes e nos jogos de violência. E tem o outro aspecto do ponto de vista da educação. Foi detectado que este menino precisava de ajuda. E pelo fato de ao longo do tempo a educação não ter sido prioridade no Brasil, temos escolas vulneráveis no ponto de vista físico e pedagógico. O Welligton era um aluno que tinha notas razoáveis, mas faltou no conjunto da educação instrumentos que detectassem que ele precisava de ajuda. O crime é dele, ele disparou o tiro, mas a sociedade não pode tirar o corpo fora, porque ela está mal equipada pra educar a sua

própria população.

“Welligton é o culpado em última instância, mas precisamos enxergar as causas mais sofisticadas do problema”

Na sua visão, a cobertura midiática brasileira foi sensacionalista? A mídia brasileira cobriu razoavelmente bem o fato ocorrido. Houve os excessos do sensacionalismo, uma vez que, infelizmente, temos uma mídia excessivamente comercial, e a audiência é maior quanto mais forte for o sensacionalismo. Mas foi possível notar uma tentativa de equilíbrio, embora tenha sido uma situação muito difícil. A mídia brasileira cumpriu a contento a função social que ela tem, ainda que obviamente haja muito a avançar, e este avanço, em parte, caminha em direção a uma segunda alternativa de mídia pública. A cobertura de fatos semelhantes ocorridos nos EUA e Europa influenciou o ataque? O questionamento se a divulgação de um fato deste tipo pode gerar atos parecidos é uma angústia que o jornalismo enfrenta – como não divulgar suicídio. Eu acredito que, na medida em que há um adoecimento emocional contemporâneo mais forte, a sociedade está mais vulnerável. Nós vivemos em um mundo muito competitivo, onde as pessoas enfrentam muitas dificuldades e que, em tempos de internet, troca-se uma sociabilidade real pela virtual. A única maneira que uma sociedade ou uma nação pode

se proteger ou, pelo menos, tentar diminuir estes atos de desvario é através de uma educação de qualidade, e a mídia, muitas vezes, deseduca mais do que educa. Se o público tiver educado pra assistir a mídia criticamente, obviamente a audiência estará mais protegida, mesmo das influências estrangeiras. O senhor fala em um fim do mito do brasileiro cordial, como que esta afirmação pode ser aplicada a este caso? Na realidade, o que Sérgio Buarque de Holanda discutiu em Raízes do Brasil foi que o homem brasileiro tem uma cultura que favorece a ideia do jeitinho, uma certa ação entre amigos, é algo que tende a dissolver a diferença entre o espaço público e o privado. Casos como o do deputado Jair Bolsonaro e do promotor que atropelou os pedestres em Porto Alegre foram manifestações claras de preconceito, assim como os episódios assistidos na campanha eleitoral de 2010. Episódios desta natureza fizeram com que nós, brasileiros, fôssemos levados a pensar quem, de fatos, somos. A nossa identidade está um pouco questionada. Nós não somos este povo tão bacana como somos elevados a acreditar. Nós somos preconceituosos, somos racistas, sexicistas, homofóbicos, não respeitamos as leis, sonegamos imposto de renda e se você tiver certeza que não será pego, você pratica o crime. Faz parte do amadurecimento da sociedade encarar que

nós temos problemas desta natureza, como provavelmente o mundo inteiro tem. Mas antes, pensava-se que, no Brasil, não havia racismo ou preconceitos. Nós estamos lavando uma roupa suja com o fato que ocorreu em Realengo. Foi um episódio muito triste que deixa uma ferida que não vai fechar tão cedo porque nos obriga a pensar sobre tudo o que aconteceu: uma sociedade que não consegue educar uma pessoa, que dá facilidades para se usar uma arma, que permite uma pessoa a chegar ao limite do Wellington. Tudo isso nos obriga a sair um pouco dessa sensação “confortável” que nós somos um povo pacífico, amigável e tranqüilo. O Brasil, na década passada, votou contra ao desarmamento. O senhor acredita que, atualmente, o desarmamento seria uma solução para que nós tenhamos um paísmais pacífico? Seguramente que sim. Haverá uma pressão da sociedade para que haja o desarmamento, assim como uma parte dirá que um plebiscito seria oportunista. Mas não devemos nos iludir, porque as armas são grande fonte de receita do primeiro mundo, particularmente da indústria bélica dos EUA. Eu sou a favor do desarmamento e acho que este episódio deveria ser usado para mobilizar a sociedade para uma reflexão.

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Ouça o áudio da entrevista na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br divulgação

Alexandre Freire E se pudéssemos perguntar, a culpa é de quem? Geralmente os jornalistas buscam a simplificação do problema que, muitas vezes, é justificável dentro de uma lógica de causa e efeito. Mas ao recorrer ao teórico francês da teoria da informação, Edgar Morrin, nota-se um paradigma da complexidade. Wellington Menezes é um produto de um conjunto bem complexo de variáveis. Ele é o culpado em última instân-

Escola Municipal Tasso da Silveira, RJ, foi palco de um triste episódio na história brasileira


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Conexões midiáticas

Belo Horizonte, JUNHO de 2011

Impressão

Redes em movimento Tecnologia 4G faz cada vez mais pessoas atualizarem seus perfis virtuais nos aparelhos felipe ferreira

Tulio Eduardo Soares 6ºperíodo

Edição: Alexandre Santos O uso das redes sociais em dispositivos móveis como celular, tablet e smartphone, é de fato uma tendência do novo mercado da internet móvel. A interação através desses dispositivos com redes sociais é algo que a cada ano consegue atrair milhões de novos usuários e a nova geração de tecnologias. Nos últimos anos, a internet móvel está crescendo cada vez mais, a conexão começou através do GPRS e foi evoluindo, EDGE, Wi-fi, 3G, Wimax e a última geração, a 4G. Com isso, os fabricantes dos aparelhos também acompanharam essa evolução e disponibilizam ao mercado, aparelhos cada vez mais avançados. Esse processo é muito importante, interfere diretamente na demanda sobre os usuários que utilizam o serviço da internet móvel. Isso proporcionou uma rápida e fácil adaptação da utilização das principais redes sociais nos smartphones. Atualmente, grande parte dos jovens utilizam algumas das principais redes sociais, como Twitter, Facebook, Orkut, Flickr, Myspace ou Youtube. A busca por uma interação em tempo real favorece a utilização da internet móvel, os jovens buscam cada vez mais estarem conectados na rede a todo momento. Não importa qual seja o local, seja no cinema ou na escola, os usuários continuam ligados através das redes sociais. A florista Carolina Baca-

Exemplos de aparelhos celulares que possuem acesso a rede móvel de internet e redes sociais

rias, 24, acessa o Orkut no trabalho, através do seu smartphone. “Acesso o Orkut algumas vezes durante o expediente, para ver as novas atualizações dos meus amigos e se alguém deixou algum recado para mim”. Já que o uso de redes sociais não é permitido na empresa de Carolina, utilizar a internet móvel é a única solução encontrada por ela. “Tive que trocar meu celular por um smartphone com mais recursos e que atende as minhas necessidades” diz. Já a estudante, Laís de Souza, 15, ganhou um aparelho novo há pouco tempo e agora fica online na rede através dele, quando não está na frente do computador. “Ganhei o meu aparelho tem apenas um mês, quando não estou utilizando o computador, acesso o Twitter e o meu Face-

book através do aparelho”, a estudante não tem dificuldades para acessar suas redes sociais através do seu smartphone, “o acesso é bem fácil e dinâmico, me acostumei bem rápido com essa nova maneira de acesso as minhas redes sociais preferidas”.

“Quando não estou utilizando o computador, acesso o Twitter, meu Facebook através do aparelho” Lais de Souza

De fato, as redes sociais vão traçando o seu perfil de usuário, como o estudante de jornalismo, Diego Souza, 21, por exemplo. Ele passa várias horas ao dia na ilha de edição, utiliza seu telefone celular para acessar o Twitter durante o trabalho. “Fico a maior parte do dia na ilha editando e produzindo vídeos, o jeito mais prático que encontrei foi utilizar o meu celular para acessar o Twitter e ficar por dentro das novidades”, apesar de obter um telefone de poucos recursos, Diego consegue ‘tuitar’ sem problemas”, tenho um aparelho bem simples e antigo, de poucos recursos, mas consegui instalar um navegador nele e assim consegui ter acesso á internet”. O publicitário Marcos de Carvalho, 23, decidiu comprar um iPhone como forma

de entretenimento. No trajeto para o trabalho ele utiliza seu aparelho como distração, “adoro acessar o Youtube quando estou no ônibus por exemplo, fico assistindo aos clipes das minhas bandas preferidas”, mas Marcos ressalta que em alguns pontos de Belo Horizonte a qualidade da banda larga deixa a desejar: “Em alguns locais da cidade, a qualidade da internet fica muito ruim, o sinal fica bem baixo, acredito que isso acontece porque esse tipo de serviço ainda seja novo no mercado e a tendência é só melhorar”, explica. Uma interação intensa entre os jovens e a internet é uma consequência atual dos avanços tecnológicos, em busca de uma maior portabilidade e comodidade. A internet móvel chegou para atender essa demanda, junto com os novos telefones celulares que se tornam a cada dia mais, um computador que possa carregar dentro do bolso. Os fabricantes investem em novos recursos, com a finalidade de deixar os processos mais dinâmicos aos usuários. Os jovens se adaptam rapidamente a essa mudança, movimentando as operadoras que disponibilizam esse tipo de serviço aos seus clientes e aumentando o seu faturamento com esse novo mercado. Alguns modelos de aparelhos oferecem suporte a rede de internet sem fio. Já outros possuem acesso apenas as redes sociais.

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´ ˜ ˜ CONHEÇA OS TIPOS DE CONEXAO DISPONIVEIS NO MERCADO E A EVOLUÇAO DELAS As tecnologias começaram oferecendo envio e recepção de informações via rede da operadora. Com o passar do tempo, as conexões ficaram mais rápidas e confiáveis, chegando à banda larga e também a possibilidade de acesso a rede sem fio GPRS - (General Packet Radio Service) serviço de valor agregado não baseado em voz, que permite o envio e recepção de informações através de uma rede telefônica móvel. Essa tipo de conexão que começou a impulsionar o mercado da internet móvel, a partir de 1999.

EDGE - (Enhanced Data rates for GSM Evolution) tecnologia digital para telefonia celular, que permite melhorar a transmissão de dados e aumentar a confiabilidade da transmissão de dados. Foi introduzida nas redes GSM a partir de 2003.

3G (Terceira Geração) Banda larga de alta transferência de dados, atualmente é a conexão mais utilizada na internet móvel. Essa tecnologia está em alta no mercado.

4G (Quarta Geração) A mais nova tecnologia em termos de conexão móvel, aparelhos 4G começam chegar no mercado, em breve será a tecnologia mais utilizada.

Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)

Wi-fi (Wireless) É a conexão a internet sem a necessidades de cabos. A transmissão de dados é através de um roteador wireless, essa conexão surgiu no final da década de 90. Wimax É bem parecido com a tecnologia Wi Fi, mas a principal diferença que o sinal é transmitido através de uma grande antena e não um roteador. Tecnologia começou a ser explorada a partir de 2004.

Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br


Vida pública

Impressão

Belo Horizonte, JUNHO de 2011

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Obras em BH para “desafogar”o trânsito Investimentos em projetos de transporte alternativo na capital ultrapassam R$ 1 bilhão Leopoldo Magnus

Obras na Avenida do Contorno são uma continuação do Boulevard Arrudas, na capital mineira

Dayane Lima Priscila Mendes 6ºperíodo

Edição: Alexandre Souza Com a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, Belo Horizonte aposta em projetos que busquem melhorias na infraestrutura do trânsito. Os avanços vão garantir ao público mais facilidade de acesso aos jogos e a outros lugares da capital. No total, será investido cerca de R$ 1,23 bilhão. Várias obras já estão sendo feitas

no que diz respeito à mobilidade urbana. Entre as principais metas, está a conclusão do BRT (Bus Rapid Transit), mais conhecido como Transito Rápido por Ônibus, e a ampliação da ciclovia, através do “Pedala BH”, desenvolvidos pela BHTrans ( Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte) , em conjunto com a Prefeitura. O BRT é um sistema de transporte operado por ônibus, que oferece um serviço de qualidade com conforto e rapidez para o usuário. A ope-

Tráfego monitorado Hévila Oliveira Bruna Ávila 6ºperíodo

No projeto “Cidade com mobilidade”, a BHTrans já possui estudos para a ampliação do Centro de Controle Operacional (CCO), que prevê a implantação de novas tecnologias de monitoramento do trânsito, softwares e equipamentos. Um exemplo disso é o serviço de SMS que já está disponível para a população. A BHTrans obtém informações de tráfego nas vias da área central de Belo Horizonte e, em seguida, elas são transmitidas para a Central de Controle de Tráfego (CCT) da empresa. Após analisadas e identificadas as situações de tráfego, uma mensagem é enviada aos usuários que pos-

suem alguma rota cadastrada no ponto em que se encontram retenções e outros problemas de trânsito. O metrô, que é a grande aposta para a melhoria do transporte e trânsito, abre espaço para novas idéias, com baixos custos e facilidade de instalação, como o BRT (Bus Rapid Transit), O BRT (Bus Rapid Transit) surgiu no Brasil, na cidade de Curitiba, em 1970. O sistema foi aperfeiçoado pelos colombianos e tornou-se a melhor solução para as grandes cidades, pois incorpora em um só projeto características do metrô e oferece baixo custo para seus usuários. Em Curitiba, a vantagem é o fato de os ônibus transitarem por canaletas, sem cruzamentos em nível, com duas faixas em cada direção.

ração do serviço é semelhante à do metrô, com vias exclusivas e estações de transferência ao longo do itinerário. Com isso, o usuário entra na estação, efetua o pagamento da passagem e embarca sem passar por degraus, o que torna a viagem mais rápida. As mudanças incluem as avenidas Antônio Carlos, Pedro I, Pedro II, Cristiano Machado, Tereza Cristina e Área Central, além das Vias 210 e 7100. No total, mais de 900 mil usuários do transporte coletivo serão beneficiados.

De acordo com o gerente de Mobilidade Urbana da BHTRANS, Rogério Carvalho, “o BRT será um avanço para a melhoria do transporte da capital, uma vez que separa o ônibus do trânsito geral, aumentando a velocidade e diminuindo o tempo das viagens”. Carvalho complementa que “ônibus confortáveis e desligados do trânsito geral atraem novos usuários”. O usuário do transporte coletivo Cléber Santos, 31 anos, considera que “o BRT é interessante, mas talvez a melhor solução para o trânsito de Belo Horizonte durante a Copa fosse o metrô. Nós não vimos quase investimento nenhum nessa área”. Para o engenheiro e professor da UFMG, Ronaldo Gouvêa, a adoção do metrô poderá impedir que a cidade, em breve, tenha que adotar medidas restritivas, como o rodízio de carros ou o pedágio urbano. As demais intervenções são bem-vindas. Mas o metrô não pode ser descartado pela prefeitura, afirma Gouvea ao jornal O Tempo. Outro projeto que também já está com obras em andamento é o “Pedala BH”, a intenção é implantar, aproximadamente, 345 quilômetros de ciclovia, sendo concluídos 20 quilômetros por ano.

Atualmente, Belo Horizonte possui 22 quilômetros de trechos já implantados. Metade deles está instalada na avenida Otacílio Negrão de Lima, na região da Pampulha, entre a igrejinha São Francisco e o Museu de Artes. Os outros locais são: avenidas Tereza Cristina, dos Andradas, Saramenha, Deputado Álvaro Camargo e Vilarinho. Em 2011, já começaram as obras para implantação das rotas: Savassi, avenida Américo Vespúcio (entre avenidas Antônio Carlos e Carlos Luz) e avenida Risoleta Neves. Segundo Ricardo Lott, assessor da presidência da BHTrans, o projeto é um programa que visa incentivar o uso da bicicleta. “o Pedala BH auxilia na medida em que cria mais uma opção para o cidadão se movimentar na cidade, além de ser um veículo nãopoluente, possui um baixo custo, promove a saúde e permite alcançar distâncias médias de 5 km. Também é necessário oferecer uma infraestrutura adequada para o ciclista se locomover em harmonia com os outros veículos nas vias”, acrescenta o assessor Lott.

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Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br

ONDE DEIXAR A BICICLETA Foram implantados os seguintes bicicletários na cidade, com utilização gratuita para a população:

Estações BHBUS Savassi, Rua Pernambuco com Av. Getúlio Vargas Pampulha, Praça São Francisco, em frente ao Parque Guanabara Região Hospitalar, próximo ao Restaurante Popular

Fonte: BHTrans


Impressão

Ação e adrenalina

Belo HorIzonte, JUnHo de 2011

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FLÁVio tAVAreS

Atletas do Clube Jaraguá em apresentaçao de nado sincronizado em dueto e, à direita, atleta de nado sincronizado, Maira Soriano Marcolino

Uma beleza simétrica Clube de Belo Horizonte é o único no estado a oferecer prática do nado sincronizado Marcos VicenTe FlÁVio TaVares 5º período

eDiÇÃo: aleXanDre sanTos Reúna o charme do balé com movimentos acrobáticos realizados em sincronia, aliados a música e acompanhados pela beleza feminina e tenha como resultado um esporte praticado na água que pode ser considerado um verdadeiro espetáculo. Assim é o nado sincronizado. Uma modalidade esportiva que, comparada a outros esportes, pode ser considerada recente no Brasil e já tem representação em vários estados. Em Minas Gerais, o Jaraguá Country Club é o primeiro e o único clube que exerce a pratica do nado sincronizado. A modalidade foi implantada no local em 2005, por iniciativa da coordenadora do nado sincronizado da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Sônia

Hercowitz, que escolheu o clube mineiro Jaraguá para treinar a Seleção Brasileira de Nado Sincronizado. A opção pelo clube foi feita devida a estrutura oferecida. O Jaraguá conta com uma piscina de 50 metros de largura por dois metros de profundidade, medida exigida para a pratica do nado sincronizado. Sob a coordenação de Patrícia Mello, que é também diretora de nado sincronizado da Federação Aquática Mineira (FAM), e o treinamento feito pelo professor Francisco Oliveira, 46 anos, mais conhecido como Chico, o clube resolveu apostar no esporte e recrutou crianças e adolescentes, associados e frequentadores, para praticarem a natação sincronizada. “A gente não sabia se iria dar certo, o que nos fez acreditar foram às meninas (atletas), que se esforçaram bastante na nossa tentativa de tornar real a possibilidade da concretiza-

ção do nado, que até então era uma duvida”, diz Chico. Menos de um ano após a estreia da modalidade, a equipe de nado sincronizado do Jaraguá disputou o primeiro campeonato, com o apoio do clube, que contribuiu com o transporte. A competição aconteceu no Rio de Janeiro, no final de 2006, onde a equipe foi campeã brasileira no nível B, nível infantil e categoria junior. O ultimo campeonato disputado foi em setem-

“Aqui em Minas não tem muito apoio, patrocínio, para poder continuar e ter uma carreira” Maira Marcolino

Esporte já foi espetáculo A história do nado sincronizada é controversa. Algumas pesquisas apontam que surgiu no Canadá na década de 1900, mas a maioria aponta que surgiu na Europa, começando a ser praticado em uma disputa masculina na Alemanha em 1891. Depois se tornou um esporte praticado exclusivamente por mulheres. A natação sincronizada originou-se a partir de formas simples de acrobacias na água, balé aquático e da natação ar-

tística, depois se espalhou para outros países da Europa e América. Antes de se tornar um esporte olímpico, o nado sincronizado era apresentado em shows aquáticos com acrobacias, nos Estados Unidos. O nado sincronizado exige que o atleta tenha força, flexibilidade, sincronismo preciso e bom controle de respiração para os momentos em que ficam debaixo d’agua. Pode ser competido de forma individual, em dupla, ou em time com

oito integrantes. No Brasil, começou na cidade do Rio de Janeiro em 1943, trazido pela professora e ex-recordista mundial de natação Maria Lenk. Só em 1958, com a tradução das regras para o português, foi que aconteceu o primeiro torneio oficial no país, também disputado no Rio. Tornou-se esporte oficial nas olimpíadas, em Los Angeles, no ano de 1984. As atletas disputaram em solo e dueto.

bro de 2009, quando venceram nas categorias juvenil, junior nível b e sênior nível b, em Belém do Pará. No próximo ano vão disputar o campeonato brasileiro na categoria de nível a. De acordo com o professor, nas competições nacionais, os estados são representados geralmente por apenas uma ou duas equipes, e a região nordeste é onde mais se destacam atletas para o nado sincronizado. Uma das atletas que disputou o campeonato no ano passado, na categoria junior e sênior nível B, Maira Soriano Marcolino, 19 anos, que há cinco pratica o nado sincronizado no Clube Jaraguá, reclama da falta de investimentos dentro do esporte: “Aqui em Minas não tem muito apoio, patrocínio, para poder continuar e ter uma carreira profissional”. Mesmo sem os incentivos, sonha em se tornar uma atleta profissional e tem como perspectiva se aperfeiçoar

cada vez mais na modalidade. Ela se espelha na nadadora espanhola Gemma Mengual, que já venceu várias olimpíadas e campeonatos mundiais. Maria vê na atleta um exemplo de perseverança dentro do nado sincronizado. O Clube Jaraguá fez, em janeiro de 2011, inscrições para não associados, que foram selecionados através de testes. Segundo o professor da modalidade, Francisco Oliveira, o Chico, participaram as crianças que tinham entre sete e oito anos de idade. Se já tiver uma base na natação e uma amplitude de movimentos adquiridos através do balé, não tem idade certa para começar. A partir daí pode-se então começar introduzir o nado, mas só aos nove anos é que irão poder participar de competições oficiais.

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Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br

ENTENDA COMO FUNCIONA UMA ˜˜ COMPETIÇAO DE NADO SINCRONIZADO • As atletas devem cumprir uma sequência de exercícios em sincronia, seguindo especificações técnicas e artísticas, submetidas aos juízes. • Pode ser competido de forma individual, em dupla ou grupo de oito pessoas. • Vence a competição quem fizer mais pontos distribuídos por juízes que avaliam os momentos. • A competição é dividida em duas partes: rotina técnica e rotina livre. • Na rotina técnica, elas devem apresentar técnicas pré-estabelecidas. • Na rotina livre, as atletas têm liberdade para apresentar os movimentos que quiserem.

Fonte: CBDA - Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos


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