Ano 29 • número 185 • Julho de 2011 • Belo Horizonte/MG
Assim como a moeda de troca das empresas do século 20 eram os seus produtos físicos, a moeda das corporações do século 21 serão as ideias. A economia industrial está rapidamente dando lugar à economia da criatividade. Nossa reportagem saiu em busca de exemplos desse novo contexto. São iniciativas que colocam o país nesse mapa moderno, como a Samba Tech, Espaço Criativo Coletivo Contorno, site Peixe Urbano, Projeto Ecobolsa, Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra, Espaço Artístico e Cultural ZAP18, pesquisa de tendências, animação digital e empresas que investem em cultura. ESPECIAL – PÁGINAS 4 a 13
2
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
primeiras palavras
ImprEssão
Motor do século 21 lucas Souto 6º períoDo
No lugar de sementes para produzir comida ou energia para transformar metais, a economia criativa baseia-se no uso de ideias para produzir novas ideias e, através delas, desenvolvimento econômico. Assim como a moeda de troca das empresas do século 20 eram os seus produtos físicos, a moeda das corporações do século 21 serão as ideias. A economia industrial está rapidamente dando lugar à economia da criatividade. O conceito nasceu na Austrália, em 1994, quando estudos indicaram a importância do trabalho criativo e sua contribuição para a economia do país. Mas quem implementou a Economia Criativa fortemente foram os ingleses, em 1997. O governo de Tony Blair, diante de uma competição econômica global crescentemente acirrada, motivou a formação de uma força tarefa encarregada de analisar as contas nacionais do Reino Unido, as tendências de mercado e as vantagens competitivas nacionais. Os economistas chegaram à conclusão de que a criatividade era um setor a ser explorado e fizeram dela um dos pilares do desenvolvimento econômico e social da Inglaterra e também uma de suas estratégias para sair da crise. Em 2001, com a publicação
do best-seller A Economia Criativa – Como pessoas ganham dinheiro com Ideias, de John Howkins, a Economia Criativa ganhou projeção mundial. O livro cunhou o termo “Econom i a Cria-
tiva” e hoje é ponto de partida para discussão da gestão de ideias inovadoras e como elas se
tornam fundamentais para empresas e nações. Já em 2011, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, lançou o relatório Economia Criativa (Creati-
ve Economy Report). Com participação da pesquisadora brasileira Ana Carla Fonseca
Reis, o relatório foi um marco referencial para o estudo e aplicação do tema.Trata-se de um trabalho pioneiro, que congregou várias agências do sistema ONU. Divido em 10 capítulos, o relatório faz um apanhado conceitual, destacando a importância da Economia Criativa como estratégia para o desenvolvimento. Segundo a Unctad, a Economia Criativa gera por volta de US$ 8 trilhões por ano no mundo. Seu movimento ganhou dinamismo entre 2000 e 2005, quando cresceu o comércio internacional de bens e serviços das chamadas indústrias criativas, aquelas que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais, e possuem o potencial para a criação de riqueza e empregos. O crescimento anual do setor foi de 8,7% e as exportações mundiais alcançaram US$ 424,4 bilhões por ano. A expectativa é que o crescimento daqui para frente seja de 8% ao ano. Ainda de acordo com o relatório, apesar de uma queda de 12% no comércio global em 2008, os serviços e bens da economia criativa cresceram até 14%. A China é o país com mais produção na Economia Criativa seguida pelos Estados Unidos e pela Alemanha.
@
Acompanhe a edição 184 também pelo site: www.jornalimpressao.com.br
EXpEdIEntE
REITORA Profª. Sueli Maria Baliza Dias VICE- REITOR Prof. Ricardo Cançado PRÓ- REITOR DE GRADUAÇÃO Prof.Johann Amaral Lunkes PRÓ- REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO Profª.Juliana Salvador CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL Rua Diamantina, 567 - Lagoinha BH - MG - CEP: 31110-320 TELEFONE: (31) 3207-2811 COORDENADOR Prof. Luciano Andrade Ribeiro
LABORATÓRIO DE JORNALISMO IMPRESSO EDITOR Prof. Fabrício Marques MG 04663 JP LABORATORISTA Profª. Fernanda Agostinho PRECEPTORA Ana Paula de Abreu (Programação Visual) ESTAGIÁRIOS Diagramação Vanessa Guerra Texto Luiz Eduardo Ladeira Rodrigo Espeschit Infografia João Paulo Vale MONITORES Texto Camila França Alexandre Santos Sandra Leão Fotografia Leopoldo Magnus Anúncios LACP - Laboratório de Criação Publicitária LAB. DE CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS COORDENADORA Profª. Lorena Tárcia ESTAGIÁRIA Christiane Lasmar
Especial
Linha do Tempo
Além da Dor Cerca de 1/5 da população sofre de enxaqueca
Evolução dos viodegames As mudanças desde a década de 70 até os dias atuais
Audioslideshow 5401: quando a notícia extrapola a pauta
Vídeo A irreverência de Lobão Em entrevista exclusiva ao Impressão Online
MONITORES Letícia Silva Suélen Alvarenga Bruna Cris Caio Araujo IMPRESSÃO/TIRAGEM Sempre Editora 2.000 exemplares Laboratório de Jornalismo Impresso Endereço: Rua Diamantina, 463 Bairro Lagoinha Telefone: (31) 3207-2811
Eleito o melhor Jornal-laboratório do país na Expocom 2009 e o 2º melhor na Expocom 2003
PARA SEGUIR O JORNAL Facebook
má Impressão
Jornal Impressão
Na edição 184, de junho de 2007, registramos os seguintes erros, pelos quais nos desculpamos com os leitores: As fotos ao lado são de autoria do aluno Marcos Vicente, e foram publicadas na página 16 do primeiro caderno. Também no primeiro caderno, a matéria da página 9, “O mundo a seus pés”, é de autoria de Marcos Vinicius Pereira e Gabriela Francisca.
@
Site:
www.jornalimpressao.com.br
Twitter: twitter.com/impressaounibh
Comunidade no Orkut: Jornal Impressão
Visão crítica
ImprEssão
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
3
ARTIGOS
Jornalismo hífen diploma Diego Costa 6º períoDo
Em 2009, a comunicação no Brasil e nos países de língua portuguesa ganharam um novo acordo ortográfico. As modificações geraram questionamentos. Fato é que o prazo para adequação às novas regras se encerra no próximo ano. Mas, para o jornalista, que tem como ferramenta de trabalho justamente as palavras, essa não foi a principal mudança ocorrida há dois anos. No dia 17 de junho de 2009, o profissional viu a obrigatoriedade do diploma cair naquela noite. Os momentos posteriores ao fato foram marcados por protestos, sobretudo pelos universitários – alguns destes já devem ter concluído o curso, outros não. O então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi alvo de insultos e gritos dos “futuros” jornalistas por meio de can-
tos como: “Fora Gilmar Mendes. Gilmar Mendes Fora. Fora seu tirano! Já chegou a sua hora”. E pensar que ele usou o argumento da liberdade de expressão para defender a posição do Supremo. E a polêmica não acabou. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), autor da PEC 386/09 - que defende a volta da obrigatoriedade do diploma - afirmou que a imprensa parece não estar interessada no assunto. Discute-se tudo na mídia, menos sobre a situação dos próprios jornalistas. É fato que os veículos de comunicação devem dar mais atenção ao tema. Se as grandes empresas continuam contratando somente quem possui a graduação, por que não defender com maior veemência a obrigatoriedade do curso? Os jornalistas podem se acostumar a escrever seguindo o novo acordo ortográfico, mas é preciso pensar mais antes de aceitar esse hífen colocado entre eles e o diploma.
Caos nos ônibus da capital mineira Jussara Melo 6º períoDo
A desordem no transporte público faz parte da vida do cidadão belo-horizontino. Pode até parecer clichê, mas tente pegar um ônibus às 6h30, às 17h ou 18h. Os cidadãos são transportados de uma forma quase desumana. Lembrei da propaganda da Embratel: “Sabe aquele espaço no ônibus entre você e o cobrador?” Pois então, às vezes este espaço nem existe. As autoridades pedem para que o cidadão deixe o carro em casa. OK, muitos até fariam isso se a situação não fosse tão precária. Aí alguns e dizem: “Tem o metrô”. O metrô de BH tem 19 estações que vai da Vilarinho até a Estação Eldorado, ele anda numa velocidade absurdamente baixa em relação ao de capitais como São Paulo, isso sem contar que nos horários de pico também está lotado.
a moda desfila no Uni-Bh Camila Kiefer 6º períoDo
O palco da educação cada vez mais se transforma em passarela da moda. Isso mesmo. A cada dia alunos se interessam mais por esse assunto. E os centros universitários são contemplados com estudantes bem vestidos, maquiagem impecável, tênis da nova coleção e corte de cabelo bem feito. Estar na moda e ter estilo já não são conceitos de luxos. Hoje quem faz a moda é você. Com criatividade e bom senso é possível comprar roupas de baixo preço, alinhar com assessórios descolados e estar bem com você mesmo. Fazendo uma caminhada rápida pelo UniBH é possível encontrar jovens de todos os gêneros. Alguns fazem o tipo mais largado, são aqueles que ficam mais de uma hora para deixar o cabelo desarrumado, a escolher uma camiseta com expressão, na dúvida de calça larga e um tênis com cara de desgastado. Também é possível ver garotas com a maquiagem impecável e o cabelo liso com a chapinha que nunca sai da moda. Na internet blogs e sites de consultores e estilistas são os novos professores da garotada. Seguem à risca as cores do momento, os modelos que circulam nesta
estação e a partir daí começa a busca por artigos com a mesma cara e com um preço menor. O bazar é um dos responsáveis pela oportunidade de fazer seu próprio estilo gastando menos. Foi ele que virou a febre entre os jovens. Durante um papo rápid o
com um grupo de meninas elas concordam que esse é a prova de que para ser estiloso não é necessário dinheiro.
A desordem no transporte público faz parte da vida do cidadão belo-horizontino. Pode até parecer clichê, mas tente pegar um ônibus às 6h30, às 17h ou 18h. Os cidadãos são transportados de uma forma quase desumana. Lembrei da propaganda da Embratel: “Sabe aquele espaço no ônibus entre você e o cobrador?” Pois então, às vezes este espaço nem existe. As autoridades pedem para que o cidadão deixe o carro em casa. OK, muitos até fariam isso se a situação não fosse tão precária. Daí vem alguns e dizem: “Tem o metrô”. O metrô de BH tem 19 estações que vai da Vilarinho até a Estação Eldorado, ele anda numa velocidade absurdamente baixa em relação ao de grandes capitais como São Paulo, isso sem contar que nos horário de pico também está lotado. Não posso deixar de comentar da demora dos ônibus. Al-
guns passam de hora em hora, outros nem isso, no domingo então, pode esquecer. Até quando as autoridades tentarão tampar o sol com a peneira? A Copa do Mundo em 2014 será no Brasil e BH é uma das cidades sede. E eu pergunto: a capital mineira tem condições de oferecer ao turista um transporte decente? Infelizmente, é assim que as coisas funcionam. Não acreditem que estão fazendo obras pensando na qualidade de vida, ou no bem estar dos moradores. É claro que não. Eles estão pensando no lucro que obterão com a Copa do Mundo, com os turistas, com a mídia. Você, caro cidadão, é um mero coadjuvante dessa história. Transporte público? Não, prefeito, vice-prefeito, deputado, senador, eles não usam. Afinal, com o salário estrondoso que recebem podem ter certeza que carro não falta na garagem de suas luxuosas casas.
4
Especial
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
ImprEssão
Economia criativa As principais ideias e os grandes desafios para desenvolver a indústria criativa no Brasil lucas Souto 6º períoDo
edição: Alexandre Santos No Brasil, as indústrias criativas movimentam R$ 380 bilhões, segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Mas o país encontra-se a léguas de distância do ideal proposto pela economia criativa. Enquanto o conceito promete gerar um ambiente inovador e robusto, capaz de se espalhar por todos os setores do país, ainda há políticas que defendem a concentração do Brasil em comoditties e na exportação. O Jornal Impressão conversou com a especialista mundial em Economia Criativa e Desenvolvimento Sustentável, Lala Deheinzelin. A pesquisadora confirma as dificuldades de desenvolver o setor no Brasil: “falar em indústria criativa num país como o Brasil, onde metade dos municípios tem até 10 mil habitantes, é um pouco complicado, pois é difícil desenvolver
“Falar em indústria criativa num país como o Brasil é um pouco complicado” lala Deheinzelin
DivulgAção
uma indústria da música, por exemplo, em uma cidade de 5 a 10 mil habitantes. Mas é possível ver quais são os diferenciais que essa cidade tem do ponto de vista cultural, o que acontece ali como elemento forte. Ela se constrói a partir desse seu patrimônio. Com isso, você trabalha não do ponto de vista setorial, mas de um ponto de vista partindo das comunidades. Essa é a primeira grande diferença, pois nos outros países as políticas tendem a ser setoriais. Para a nossa realidade seria interessante desenvolver políticas que partam das comunidades e não dos setores.”, propõe Lala. . Lala criou lançou dois importantes projetos para o setor. O primeiro deles é o “Crie Futuros”, um movimento internacional criado na internet para que as pessoas possam elaborar e disseminar suas visões positivas do futuro. A ideia é que, ao compartilhar seus sonhos de um mundo melhor, os internautas possam trabalhar juntos para alcançá-los. Já o outro projeto é o “Entusiasmo Cultural”. Trata-se de uma empresa que presta consultoria para governos, ONGs e agências de desenvolvimento nacional e internacional, a fim de ajudá-los a crescer segundo os princípios da Economia Criativa. Ao criar mais empregos que a indústria tradicional, os investimentos em economia criativa geram mais mão-deobra qualificada, que passa a
Algumas empresas como a Samba tech já começaram a investir em inovação e criatividade
ganhar melhor e também a consumir mais. Esse conceito mostra que a economia criativa não é sinônimo de política social e que vai muito além do campo tradicional de projetos culturais. Os benefícios que podem ser obtidos fazem das indústrias criativas um dos setores emergentes mais dinâmicos do comércio inter-
nacional, pois geram crescimento econômico, empregos e divisas. No início deste ano, o setor ganhou maior relevância política no país com a criação, no Ministério da Cultura, da Secretaria da Economia Criativa. De acordo com o site do Ministério da Cultura, o órgão foi criado para transmitir
a visão de que a cultura tem um lado na economia que não estava sendo aproveitado. Agora resta saber se o Brasil saberá aproveitar as oportunidades e quem sabe se tornar um dos exportadores mundiais em Economia Criativa.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
a criatividadE na samBa tEch A mineira SambaTech se tornou uma das mais conhecidas armazenadoras e distribuidoras de vídeos no mundo. Através de uma plataforma exclusiva, a empresa disponibiliza cerca de 100 milhões de vídeos por mês para grandes organizações do mercado, entre elas Globo, Band, Record e SBT. Na sede da empresa, não há divisórias de salas e mensagens de otimismo e frases bem-humoradas se espalham pelas paredes. Além disso, os funcionários comemoram os resultados apertando uma buzina ou sino. Isso ocorre até nas pequenas vitórias, como o fechamento de uma conta, um bom destaque na mídia ou a entrega de um produto para os clientes. Outro exemplo de que a empresa não funciona como a maioria é o Samba Labs, um laboratório interno de inovação que tem um conselho formado pelos próprios colaboradores, sem a participação da direção. Qualquer funcionário, independentemente da área, pode colocar seu projeto lá. Se ele for aprovado pelo conselho, empresa disponibiliza o uso das horas de trabalho da empresa para a sua realização. Em sua opinião, como os investimentos em inovação e criatividade contribuíram para o sucesso da Samba Tech? Inovação sempre foi algo presente no cotidiano da Samba. Sempre apostamos muito na criatividade, não apenas definindo uma área para pensar a inovação, mas estimulando todos a pensar no novo. Construímos um
ambiente propício para que as ideias não fossem perdidas e pudessem ser lapidadas para se tornar algo que realmente pudéssemos usar. Nunca esquecemos de onde viemos e a cultura interna da Samba sempre teve o lado descontraído, divertido e sem burocracia. As mesas sem divisórias e a hierarquia horizontal permitem uma maior colaboração entre a
família Samba e assim conseguimos alinhar as questões muito mais rápido. Nascemos com um espírito global e seguimos as tendências do mercado para mudar o foco da empresa. Como os funcionários são estimulados a utilizar a criatividade nos negócios da empresa? O ambiente de trabalho “despojado” colabora para fomentar uma
cultura de estímulo à criatividade? Com certeza. O ambiente da Samba foi construído para estimular o contato e a interação entre os funcionários, justamente para que eles possam compartilhar suas experiências e ideias chegando num ponto comum muito mais rápido. Temos grupos de e-mail em que compartilhamos dados de
inteligência de mercado, temos o projeto Samba Labs que o funcionário trabalha em projetos definidos por eles e de tempos em tempos fazemos o Hack Day, em que tiramos um dia para que os nossos engenheiros possam desenvolver algo inovador que seja aderente ao nosso produto. Que características vocês buscam em quem quer tra-
Especial
Impressão
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
5
Exemplo de quem vem da periferia Atuação de profissionais em regiões periféricas contribui para o fortalecimento cultural fotos: divulgação
Cristiane Fonseca Diego Costa Samuel Santos 6º período
Edição: Alexandre Santos Quem disse que favela remete ao tráfico, violência e vários outros aspectos sociais de marginalização? Local pobre que não oferece muitas opções aos seus moradores? A utilização de técnicas variadas de sobrevivência mostra que a criatividade pode ser bem explorada nas comunidades. Entretanto, há um movimento nos últimos anos para reconhecer, em determinados projetos, o uso da economia criativa, ou seja, a valorização do conteúdo intelectual, artístico e cultural que agrega valor a bens e serviços. O professor-adjunto de Economia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG), André Braz Golgher, afirma que a concentração dos trabalhadores na Economia Criativa está relacionada a aspectos como grau de instrução e renda. “Estudos econométricos indicam que municípios com maior população, que são capitais de estado, mais urbanizados, localizados nas regiões Sul, Sudeste ou Centro-Oeste e com maior participação dos setores secundário e terciário na economia tendem a ter maiores proporções de trabalhadores na economia criativa, ou maiores índices de qualificação”, acrescenta o professor. Alguns municípios desta-
O Vendo ou Troco é um projeto que conecta artesanato e comércio nas favelas da capital
cam-se com os valores mais elevados, tais como a cidade de São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, Espírito Santo. No entanto, a atuação destes mesmos profissionais em regiões periféricas permite o crescimento das atividades desenvolvidas pelos moradores dessas comunidades, o fortlecimento de uma econômia desenvolvida por eles mesmos, a oportunidade de agregar conhecimento e maneiras criativas para desenvolver o sustento de suas famílias. Aglomerados criativos O projeto Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra (Asas), teve início em 2007, como um trabalho de
extensão da disciplina Design e Artesanato da Faculdade Fumec, localizada em Belo Horizonte. Com a coordenação da professora e designer Natacha Rena, o Asas tornou-se uma atividade acadêmica integrada, que conta com um corpo de estudo denominado Asas Pesquisa. A possibilidade de aplicar a teoria aprendida em sala de aula por meio da ação solidária nos aglomerados ganhou destaque pela inovação apresentada pelo Asas. No desenvolvimento do projeto, a metodologia baseada na economia criativa foi utilizada por Natacha Rena. “Acho importante que o designer ajude estas cooperati-
vas no sentido de ensinar técnicas criativas e produtivas para agregar valor aos produtos e vendê-los com uma margem de lucro maior, mas um lucro distribuído e não acumulado”, ressalta Natacha. A professora acredita que além de contribuir para que os integrantes da comunidade desenvolvam uma nova maneira de conquistar renda, o Asas contribui para uma formal social dessas pessoas que ganharam uma nova perspectiva após conhecerem o projeto Asas. Um dos destaques do projeto na comunidade é o evento Favela Fashion. Os artistas têm a oportunidade de mostrar os trabalhos desenvolvidos para os moradores e
especialistas da área de moda e designer. “Deu vontade de estudar mais sobre isso. Vou fazer faculdade de moda, tudo graças ao Asas”, diz incentivava pelo projeto, a artesã Schirley Araújo. Outra iniciativa desenvolvida nos aglomerados e favelas de BH é o Vendo ou Troco, da ONG Favela é Isso Aí. O Alto Vera Cruz, o conjunto Taquaril e a Granja de Freitas são as áreas de atuação do projeto. A prática da economia criativa e solidária foi à fórmula adotada pelos idealizadores. “O projeto pretende contribuir, atuando nas áreas periféricas, na dinamização das atividades produtivas, em locais onde a regra é a pulverização das atividades econômicas, tendo como papel fundamental o de promover a conexão de agentes e órgãos que atuam nesses territórios”, afirma à coordenadora da ONG Favela é Isso Aí, Clarice Libânio. Pesquisas e levantamentos socioeconômicos são feitos para identificar a situação do aglomerado. Com os resultados da apuração, buscam-se métodos baseados na comunicação por vários meios, como redes sociais e sites especializados no assunto. Artesanatos, pequenos comércios locais, manifestações artísticas e culturais integram a proposta do projeto Vendo ou Troco. Também participou: Tatianne Barcellos,6º período
Todos vestem moda Pense na forma como as pessoas se vestiam nos anos 60 e 70 do século passado. Se não ficou claro, tente ainda pensar o jeito como você se vestia na década de 90. Essas mudanças podem ser chamadas de moda. Todas elas surgem a partir de um determinado conceito vivido em cada momento. É um reflexo da sociedade ao nosso redor. A moda é um fenômeno sociocultural que expressa hábitos e costumes. Muitas vezes, as pessoas têm preconceito com a moda, pensando que é algo
restrito do chamado mundo “fashion”, que muda duas vezes ao ano com as conhecidas tendências de um publico, com costumes intelectuais e socioculturais elevados. Em contrapartida, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, o grupo Aglomeradas, do bairro Serra, busca no processo de ambiência das favelas, como o samba, sociedade, arquitetura e arte, inspiração para criar moda nas comunidades. Deixa-se de lado o paradigma de que moda pertence aos mais favo-
recidos. Os “Parangolés” de Hélio Oiticica, serviram de inspiração para o grupo. As páginas da obra “A Arquitetura das Favelas”, saem direto dos livros para as criações dos Aglomerados. A partir de pesquisas dão vida a pequenos retalhos, criando a informalidade nas vestes que traduzem o conceito do artista. A arquitetura da favela é usada através do olhar artístico que as artesãs, costureiras e voluntários desenvolvem no projeto ASAS.
Costureiras do grupo Aglomeradas trabalhando no projeto.
6
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
Especial
Impressão
Renovar e preservar Projeto Ecobolsa transforma banners que seriam jogados fora no lixo em sacolas e bolsas TAÍZA TORRES
O projeto Ecobolsas confecciona bolsas, estojos, pastas e aventais utilizando os banners
Michele Tatiana Katrine Silva Taíza Torres 6º período
Edição: Camila França Preservar o meio ambiente é um assunto constante em nossos dias. Agora, em Belo Horizonte, os consumidores precisam criar novas alternativas para carregar as compras sem as sacolas plásticas. Mas como fazer isso? O Ecobolsa responde. Com muita criatividade, os organizadores do projeto conseguiram conquistar uma economia que ajudou diversas famílias de regiões pobres da Grande BH . Com a finalidade de reduzir o nú-
mero de utilização das sacolas plásticas, o Ecobolsa desenvolve de uma forma sustentável e criativa sacolas retornáveis. Além de ajudar na saúde do planeta, o projeto retira das ruas a poluição visual, causada pelos banners. As bolsas são feitas desses banners, que levam, em média, cem anos para se decompor. Os banners são muito utilizados em propagandas, porém as empresas que utilizam este serviço têm dificuldade de descartá-los. Segundo o artista plástico do projeto Ecobolsa, Tarcísio Luiz de Paula, as empresas têm essa dificuldade por causa da logomarca das
Lei muda hábito A capital mineira foi pioneira na proibição do uso de sacolas plásticas no comércio brasileiro. A lei, que determina o uso de sacos de lixo e sacolas ecológicas, entrou em vigor no dia 18 de abril deste ano. O projeto, assinado pelo vereador Arnaldo Godoy, proíbe a utilização das tradicionais sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais e vem sendo fiscalizado desde o dia 19 de abril pela Prefeitura de Belo Horizonte. A nova lei fez com que o o projeto Ecobolsa alavancasse na cidade. Além da opção das sacolas de banners do projeto, o consumidor tem a alternativa de utilizar as sacolas descartáveis e retornáveis. Para quem ainda insiste ou ainda não consegue viver sem as fa-
mosas sacolas plásticas, é preciso desembolsar R$ 0,19 centavos pelas novas sacolas que se decompõem no meio ambiente. No portal da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o prefeito Márcio Lacerda disse que “não basta ter uma lei em vigor, é preciso que aja consciência sobre a aplicabilidade dela” e garantiu que a prefeitura está trabalhando para que a lei seja aplicada. “Com a nova lei, a cidade está cumprindo com o seu dever com o planeta. É um instrumento de benefícios a longo prazo, porém estamos dando um passo a mais para a construção de uma cidade dinâmica, com qualidade de vida e, principalmente, sustentabilidade”, afirmou o prefeito no site da PBH.
empresas que não pode aparecer. O Ecobolsa belo-horizontino foi criado em 2007. O objetivo inicial do projeto visa a geração de emprego e renda para a população da comunidade próxima aos centros de tratamento dos banners. No entanto, costureiras de qualquer comunidade podem participar da produção e da confecção das peças, trabalhando em casa. Para aqueles que não têm profissão ou formação, são ministradas oficinas de capacitação de corte e costura. “Os funcionários selecionam os banners, fazem os cortes, medem o tamanho das alças e separam cada material na pré-
produção das bolsas. Com tudo pronto, o material é encaminhado para a costura”, explica Tarcísio. São produzidas, por dia, de 30 a 45 bolsas. O projeto é auto-sustentável e todos os banners são doados pelas empresas para a criação das diversas peças. Os associados usam a criatividade para transformar o que seria lixo em luxo, além de cuidar do planeta, evitando que milhares de sacolas plásticas continuem poluindo e degradando o meio ambiente. Para a coordenadora do Ecobolsa, Lya Lena Lacerda, existe dificuldade para descartar os banners. “Queremos tirar a maior quantidade possível de banners que seriam descartados nos lixões. O que a gente nota é que as empresas não sabem o que fazer com eles”, diz. Os colaboradores separam todos os materiais necessários na pré-produção: selecionam
os banners, fazem os cortes, medem as alças, separam o material por cor e tamanho e depois são guardados em prateleiras. Os materiais que estão em piores condições não são jogados fora, mas ganham um novo visual, depois disso as costureiras recebem todas as peças em casa e costuram toda a bolsa. O projeto também confecciona estojos, pastas e aventais com o material que sobra da produção do produto principal, tudo isso com muita originalidade e de maneira sustentável. O Ecobolsa já fez trabalhos para empresas mineiras e para os principais eventos que acontecem no Estado, como a Mostra de Cinema de Tiradentes no ano passado. Esses trabalhos contribuem para a divulgação do projeto. As bolsas podem ser encontradas no Reciclo, localizado na Rua da Bahia, 2.164, ao lado do Minas Tênis Clube I, no Palácio das Artes, no site do projeto e são vendidas também em algumas padarias espalhadas por Belo Horizonte. O Ecobolsa ainda conta com uma exposição no Centro Mineiro de Referência e Resíduos, que fica na Avenida. Belém, 40, Esplanada. Vale a pena conferir. Mais informações no telefone (31) 3223-7694 ou pelo site do projeto www.ecobolsabrasil.com.br.
“Queremos tirar a maior quantidade possível de banners que seriam descartados nos lixões.” Lya Lena Lacerda
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
TEMPO DE COMPOSIÇÃO DE ALGUNS MATERIAIS DESCARTADOS NO MEIO AMBIENTE MATERIAL TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO Sacos e sacolas plásticas
mais de 100 anos
Aço
mais de 100 anos
Fralda Descartável Plásticos (embalagens, equipamentos) Metais (componentes de equipamentos)
600 anos até 450 anos cerca de 450 anos
Alumínio
200 a 500 anos
Chiclete
5 anos
Cigarro
1 a 2 anos
Papel e papelão Isopor, Louças, Vidros, Pneus, Esponjas, Cerâmica, Borracha:
cerca de 6 meses Tempo Indeterminado Fonte: Sites Ambiente Brasil e Setor Reciclagem
Especial
Impressão
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
7
A união faz a diferença Profissionais buscam novo conceito de ambiente de trabalho, mais solidário e criativo Cintia Lopes Vanessa Santos 6º período
Edição: Alexandre Santos Horários flexíveis, sem chefes e subordinados, ambiente agradável, autonomia e troca de experiências são algumas características de um estilo de trabalho contemporâneo, que muitos profissionais buscam, independentemente da área de formação. Muitos sonham em ter um trabalho que rompa com a lógica burocrática e que permita colocar em prática projetos pessoais. Foi assim que a publicitária e design Marja Marques, 31, idealizou, depois de sete anos trabalhando em uma agência publicitária, o Espaço Criativo Coletivo Contorno, um local de trabalho livre onde os integrantes atendem seus clientes, trocam informações e contatos, dividem os gastos, estreitam os laços entre as diversas áreas da criação e contribuem para a produção cultural atual. “O sonho de trabalhar por conta própria gritou. A agência onde trabalhei era bacana, a equipe jovem e a gestão moderna. Aprendi muito. Mas tinha todos os ranços de uma empresa normal, principalmente, horários e hierarquia. Em contrapartida, não queria trabalhar sozinha. A solidão profissional significava pra mim envelhecer e emburrecer. Trocar ideia era essencial”, diz Maria. Os grupos coletivos de trabalho dividem dois conceitos de economia, a criativa e a solidária. A Economia Solidária agrega uma forma de produção, consumo e distribuição focada na valorização do ser humano, enquanto a Econo-
Carol Salgado
mia Criativa é basicamente o uso da criatividade e do conhecimento em produtos e serviços que são capazes de gerar renda e emprego. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. O Ministerio da Cultura criou recentemente a Secretaria de Economia Criativa como incentivo à arte e à cultura como agregadores de valor a bens e serviços. Domenico de Masi, no livro A emoção e a regra, afirma que entre as características dos grupos criativos destacamse a procura obstinada de um ambiente físico acolhedor, digno e funcional, a flexibilidade dos horários, mas também a capacidade de sincronismo, pontualidade e habilidade na concentração de energias de cada um no objeto comum. Segundo Marja Marques, o trabalho no coletivo funciona como em qualquer lugar. “Trabalho é trabalho e cliente é cliente. A diferença acontece nas relações de trabalho,
“ Trabalhar em um coletivo é dar conta de si e pensar nos outros também” Marja Marques
Moderno, descontraído e organizado: novos conceitos transformam o ambiente de trabalho.
que são mais fluidas. Na prática, sem responsabilidade e ordem nada funciona.” Os espaços coletivos representam a união de capacidades profissionais diferentes. De acordo com a publicitária, a tendência é misturar competências complementares: um escreve, outro desenha, um sabe conversar, o outro sabe fazer café. Especialistas apontam que espaços como o idealizado por Marja Marques são uma tendência para o mercado. Mas de acordo com a publicitária, é preciso ficar atento às desvantagens desse modelo. “A primeira coisa, pra dar certo, é não confundir liberdade com desleixo: contas, prazos, responsabilidades. Coletivo não é bagunça! Trabalhar em um coletivo é dar conta de si e pensar nos outros também.” De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro
de Mercados de Capitais (Ibmec), os jovens nascidos nos anos de 1980 e 1990, conhecidos como geração Y, tendem a procurar esse modelo contemporâneo de trabalho, porque são inquietos e querem crescer rápido na carreira. Ainda de acordo com a pesquisa, o perfil desses profissionais geralmente é composto por jovens de até 30 anos, inteirados com as novas tecnologias, especialistas em internet, que sabem trabalhar em rede e estão sempre conectados. No Brasil–(IBGE) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, aponta a tendência em uma pesquisa com os dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, que mostrou que, de 2000 a 2006, o número de pessoas que aderem a esse modelo aumentou de 3,7 milhões para 5,1 milhões.
Para a coordenadora da pesquisa, Lúcia Oliveira, o mercado de trabalho daqui a dez anos tende a seguir cada vez mais a ideia dos grupos. “Acredito que devemos esquecer essa história de emprego. Digo emprego como conhecemos hoje. Em dez anos, o mundo estará ainda mais veloz interligado e com organizações diferentes das encontradas atualmente.” Segunda ela, as novas tecnologias vão ampliar cada vez mais a possibilidade de trabalhar ao redor do mundo, em qualquer horário. Formas de hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho colaborativo, mas que também é inseguro.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
VEJA ABAIXO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE ECONOMIA CRIATIVA E ECONOMIA SOLIDÁRIA
Economia Solidária Existência de interesses e objetivos comuns, união dos esforços e capacidades, propriedade coletiva de bens, e a responsabilidade solidária. Os participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho. É uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção.
Economia Solidária Existência de interesses e objetivos comuns, união dos esforços e capacidades, propriedade coletiva de bens, e a responsabilidade solidária. Os participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho. É uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Cultura
8
Especial
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
Impressão
Respostas do futuro Pesquisa de tendências: identificação de novos paradigmas no campo da análise cultural Cassio Teles Diogo Henrique Pâmela Lorentz 6º período
Edição: Camila França Até pouco tempo atrás, quem quisesse conhecer o futuro deveria apenas se voltar para os exemplos do passado. Só assim, seria possível prever os desafios e o desenrolar dos vários eventos que compõem a vida política, econômica e cultural das sociedades. Esse método acabou se tornando antiquado nas sociedades modernas ou pós-modernas, pois o que se vê são hábitos, costumes e estratégias mudando ao longo do tempo. É nesse turbilhão de novidades que investidores e empresários buscam o direcionamento de especialistas para apontarem ‘locais’ seguros para investimentos. As empresas procuram saber quais são as tendências que vão permanecer, pelo menos até compensar as apostas milionárias. Para isso, existe a pesquisa de tendências, uma ferramenta ainda pouco conhecida no Brasil, mas já consolidada no mercado mundial. De acordo com a sócia da empresa Berlin Inovação + Tendências, Paula Abbas, o universo de pesquisa tem se modernizado. “As agências e empresários passaram a perceber a importância de mobili-
REPRODUÇÃO
zar uma equipe multidisciplinar para entender os diversos aspectos do consumo do ponto de vista antropológico, biológico e psicológico”, descreve. Para a empresária, as tendências, atualmente, deixaram de ser apenas um conceito de rumos ou futuro e se tornou uma ferramenta de pesquisa eficaz. No Brasil, esse ramo de pesquisa ainda é novidade. A proposta passou a ter mais visibilidade dos anos 1990 aos anos 2000, década que surgiu um discurso de tendências para o mercado nacional anunciado pelo sociólogo e diretor da empresa de pesquisa e consultoria Observatório de Sinais, Dario Caldas. “Foi um período de ‘catequização’ quase: era preciso primeiro fazer entender o porquê das tendências. Demorou a em-
“As agências e empresários passaram a perceber a importância de mobilizar uma equipe multidisciplinar” Paula Abbas
O Observatório de Sinais foi pioneiro, no Brasil, em consultoria de pesquisas de tendências
placar como tudo o que é novo, pois a cultura empresarial é de inércia”, explica Dario, que é também autor do livro Observatório de Sinais – Teoria e Prática da Pesquisa de Tendências. De acordo com Caldas, “aos poucos, os clientes foram chegando e hoje procuram a empresa porque sabem o que os estudos comportamentais
e de mercado baseados em tendências podem entregar aos seus negócios, seja no desenvolvimento de produtos, em processos de inovação, no posicionamento de marcas e campanhas de comunicação ou para o planejamento estratégico de negócios”, afirma. A pesquisa de tendência visa identificar quais são os novos paradigmas nos campos
-
da análise cultural, de consumo e mudanças socioculturais e pinçar o que vem para ficar. Essa nova modalidade de pesquisa pode ser vista como uma nova profissão. A economia criativa é um desses campos nos quais as pesquisas estão presentes e contribuem
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
DIVULGAÇÃO
Entrevista com dário caldas
Sociólogo e mestre em comunicações. Especializou-se em tendências com cursos realizados em Paris e Milão. No final dos anos 90, quando fundou sua primeira empresa de consultoria, Caldas idealizou a ‘Metodologia dos Sinais’ para pesquisa e análise de tendências comportamentais, socioculturais e de consumo. O Observatório de Sinais foi lançado oficialmente ao mercado em 2002. É o escritório pioneiro no Brasil na área de consultoria, pesquisa e estudos baseados em tendências. Quem são os profissionais ideais para trabalhar com pesquisas de tendências? O perfil desejável deve ser o do profissional com boa formação cultural, um treino olhar treinado e um amplo leque de interesses, além de facilidade para transitar em diversas áreas do conhecimento. Precisa ter disciplina metodológica, porque só “feeling” e faro para “novidades” não resolvem o problema. Qual a diferença entre pesquisa de tendências e análise de mercado?
A pesquisa de tendências é uma ferramenta multi-uso. É excelente para fazer a análise de um mercado, o qual, no entanto, não se resume às tendências. Quais métodos podem ser destacados nesse tipo de pesquisa? A metodologia reúne ferramentas de pesquisa próprias da sociologia e da antropologia. Para entender e construir perfis comportamentais utilizamos a técnica da análise comportamental. A abordagem também é
bastante comunicacional, nesse sentido a semiologia fornece diversos conceitos de aproximação para entender o consumo e o universo das marcas, por exemplo. São métodos que nos aproximam do que vem sendo chamado de “marketing criativo”. Os resultados das pesquisas de tendências têm datas de validade? Como a efemeridade e o modismo interferem nesse tipo de pesquisa? Em geral, as tendências fornecem um quadro de previsibilidade que gira em torno de dois
Dário Caldas foi prercursor nas pesquisas de tendências
anos. O cool, e os modismos, podem durar alguns meses, ou mesmo algumas semanas ape-
nas, por isso, embora tenham valor como informação, são menos estratégicos.
Especial
Impressão
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
9
Desconto coletivo cresce no Brasil Proliferação das redes sociais favorece o incremento de um mercado bastante promissor Alexandre Dias Ângelo Felipe Ricardo Xavier 6º período
Edição: Alexandre Santos Um fenômeno mundial nos dias de hoje é o uso das redes sociais nas relações humanas. Esta nova forma de produção de economia valoriza a criatividade, a imaginação e a inovação, não se permitindo restringir a produtos, serviços e tecnologias. A tecnologia digital altera a indústria de produtos e cria novos canais de distribuição de onde surgem oportunidades de geração de negócios. Tais características tornam os sites de relacionamento uma ferramenta eficaz na prática da Economia Criativa,
uma vez que o consumidor tem o livre acesso a informações do produto a ser vendido. Beatriz Rodrigues, 27 anos, representante comercial do site de compras coletivas Peixe Urbano, comenta que depois que começaram a usar as redes sociais as vendas tiveram um superávit. “As redes sociais foram primordiais para a proliferação dos sites de compra coletiva. O grande objetivo desse tipo de compra é vender a um desconto muito grande, mas para um grande número de pessoas em um curtíssimo prazo de tempo.” Beatriz ainda afirma que a velocidade e a instantaneidade das informações ajudam ainda mais a movimentação econômica desse tipo de compra. A mídia na internet é praticamente viral,
e a velocidade com a qual a informação é partilhada faz com que este tipo de compra cresça aceleradamente no país. Segundo a empresa America ComScore, o Brasil já é o 5º país no ranking de uso de rede sociais na internet, e este potencial se deve á adesão deste modelo de compra.
“As redes sociais foram primordiais para a proliferação dos sites de compra coletiva”
Novas ideias para você transformar as suas. www.unibh.br/convergencia
Beatriz Rodrigues
Estamos acompanhando uma tendência comercial em que as pessoas vêm buscando novas formas de comercialização de seus produtos. Um exemplo disto é o site “Peixe Urbano”, que oferece produtos de diversos fornecedores por preços imbatíveis. O funcionário público Samuel Santos, 20 anos, é consumidor ativo de sites de compras e conta como os conheceu. “Enquanto mexia em meu twitter vi alguns comentários de pessoas falando que tinham feito compras nestes sites e resolvi começar a seguir o perfil deles no microblog, foi assim que comecei a comprar, recomendo a quem nunca comprou por medo, pode comprar que é confiável.” Mas nem sempre estes sites de compras coletivas são de confiança. Existem sites que enganam o consumidor, visando pagar menos impostos, como por exemplo, o fato dea pessoa comprar uma determinada quantidade e receber uma quantia abaixo da comprada. O valor desta diferença é abatido no imposto, enquanto o valor integral é pago pela pessoa que compra. Seguindo essa linha de raciocínio, as cotações são referentes a um mesmo produto, idênticos, com a mesma qualidade e garantia. A compra seria realizada com o fornecedor X, a única mudança seria em seu valor, no qual o valor do fornecedor X de R$800 seria alterado para R$850, valor apresentado pelo fornecedor Y, isso tudo com a finalidade de obter descontos nos impostos, o restante ficaria com o comprador. O estudante Igor Sales, 20 anos, foi vítima de uma dessas fraudes. Ele comprou roupas por um valor, mas quando as recebeu viu que o valor estava acima do que havia pago. Igor ainda dá uma dica pra quem está pensando em comprar em sites de compras coletivas: “Uma dica importante é fazer uma pesquisa sobre a empresa a qual você está contratando. Você pode fazer pesquisas em site de buscas ou em redes sociais. Outra saída é pagar com o cartão de crédito”, diz. (Também participou: Vanessa Costa, 6º período)
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
ENTREVISTA
Beatriz Rodrigues, representante comercial do site Peixe Urbano Quais os pontos negativos e positivos dos sites de compras coletivas, para a economia no país? “Para a economia não acho que tenha nenhum ponto negativo, pois esta forma de comércio nada mais é do que mais um tipo de publicidade e marketing, assim como se a empresa estivesse contratando um outdoor, ou um anúncio em uma revista, na rádio etc. Isso é encarado como um investimento que a empresa faz em marketing, e na maioria das vezes está incluso na verba de publicidade que a empresa tem.” Os usuários dos sites e das redes sociais contribuem de que maneira para estabelecimento? “As consequências dessa ação estão no aumento imediato de clientes novos para o estabelecimento, de forma que a empresa possa trabalhar esses novos clientes, e vender outros produtos, fazer com que ele volte e pague o preço normal daquele serviço que ele adquiriu. E apesar de não ser uma ação que visa o lucro. Muitas empresas têm conseguido obter gordas quantias de lucro com essas vendas adicionais e fidelização dos clientes. Esse crescimento do e-commerce no Brasil tem despertado o interesse de empresas do exterior, querendo investir neste tipo de negócio, que está demonstrando um crescimento constante no país. O próprio Peixe Urbano recebeu no fim do ano passado aportes de duas grandes empresas investidoras, uma americana e uma brasileira, mostrando que estamos no caminho certo, e que temos tudo para contribuir com o desenvolvimento da economia local. E foi o famoso “boca a boca” que fez do Peixe Urbano o que é hoje.
10
Especial
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
ImprEssão
As empresas acreditam Investimento anual na cultura, por meio de organizações privadas, já ultrapassa R$ 1 bi DivulgAção
Jussara Melo leila goddard Matheus Baldi 6º períoDo
edição: Sandra leão O apoio a projetos culturais vindo de grandes empresas tem se tornado cada vez mais comum. O investimento acaba beneficiando os dois lados da parceria. Os projetos culturais dificilmente conseguiriam se desenvolver sem o apoio financeiro concedido pelas organizações, e de outro lado, as empresas conseguem humanizar a sua marca e recebem benefícios fiscais que podem chegar a uma isenção de até 100% do valor no Imposto de Renda.Por parte das empresas, esse investimento é considerado marketing cultural, uma estratégia cada vez mais usada. Apesar de menos de 5% das 80 mil empresas aptas a usar as leis de incentivo à cultura o fazerem, desde que a Lei Rouanet foi criada, em 1995, os investimentos culturais feitos por meio dela mantêm o ritmo de crescimento. Os números mais recentes divulgados pelo IBGE, confirmam isso . Em 2009, cerca de R$ 1 bilhão foram investidos pelas empresas na cultura brasileira, através de shows, espetáculos, esquetes e oficinas. Com o objetivo de tornar mais fácil o acesso do público a exibições de curta metragens, a associação Curta-Minas criou em 2001 o projeto cultural “Curta Circuito”. Através dele são exibidas sessões todas às segundas-feiras no Palácio das Artes,. A entra-
da é franca, justamente para garantir a acessibilidade de todos os tipos de público. Mesmo sendo produzidos em grandes quantidades, os curtas-metragens não conseguem ter o mesmo êxito que os longas nas salas de cinema, o que serviu de inspiração para os integrantes da Curta Minas. Eles tiveram a idéia de lançar um projeto que garantisse um espaço para a exibição dessas produções e que não fosse de forma itinerante. “Queríamos ter um lugar fixo, um ponto de encontro para os apaixonados por curtas” conta Daniela Fernandes, assessora de comunicação do projeto Curta Circuito e presidente do Curta-Minas. Daniela destaca a importância do apoio oferecido pelas empresas e explica que mesmo incentivando o projeto, as empresas não interferem no trabalho que é desenvolvido. “Eles ficam atentos às atividades que estão sendo feitas, trocamos informações e aceitamos sugestões, mas temos liberdade para atuar” ex-
“o propósito é que os patrocínios se estendam a verdadeiras parcerias” Mariana Martins
o convidado José Mojica, o famoso Zé do Caixão, em palestra para o projeto Curta Circuito
plica a assessora. O incentivo dado pela Usiminas, pela terceira vez consecutiva, é garantido através das Leis Municipal e Estadual de incentivo a cultura. A diretora-executiva do Instituto Cultural Usiminas, Mariana Martins, explica que o Instituto é o braço social da siderúrgica, sendo responsável pela gestão de seus investimentos culturais e esportivos. “O propósito é que os patrocínios se estendam a verdadeiras parcerias” explica a diretora-executiva. Mariana avalia que os investimentos da Siderúrgica têm possibilitado a manutenção de espaços, formação de artistas, produtores e gestores culturais, formação de público e produções comprometidas com o desenvolvimento
10 MAIORES INVESTIDORES PRIVADOS EM CULTURA NO BRASIL
1º
Bradesco
6º
Banco Itaú
2º
Petrobrás
7º
Unibanco
3º
Banco do Brasil
8º
Vale do Rio Doce
4º
Banco do Estado do Paraná
9º
Gerdau
5º
Eletrobras
10º
Usiminas
Fonte: Ministério da Cultura
social das comunidades. Para atrair não só apaixonados por curtas, mas também aqueles que estão acostumados a ir ás tradicionais salas de cinema, os integrantes do projeto começaram a pensar como isso seria possível. “Partimos do pressuposto artístico. Como o público sempre tem interesse, ou curiosidade de conhecer o artista. Trazer o produtor para um debate com os espectadores poderia ser um diferencial”. Já vieram para Belo Horizonte, a fim de participar do projeto nomes como o famoso Zé do Caixão e os cantores e compositores Simonal e Pepeu Gomes. O projeto que tem atraído cada vez mais público, chegou ao interior de Minas, nas ci-
dades de Montes Claros, Ipatinga, Santana do Paraíso e Araçuaí. Em Belo Horizonte, além do Palácio das Artes, está presente no bairro Alto Vera Cruz, zona leste da capital. Para Daniela Fernandes, outra vantagem por parte das empresas de se investir em projetos culturais, está relacionada às mídias espontâneas. “São investidos mais de um milhão de reais por ano na divulgação do projeto, e a marca da empresa sempre aparece nos anúncios. Sem contar que já estamos inseridos na agenda cultural de BH. Se o projeto ganha mais visibilidade, a empresa também ganha”.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
Conceito global O termo “Marketing cultural” tem se tornado cada vez mais comum nas organizações. Esse “novo” conceito que usa a cultura como meio de comunicação para difundir o nome de uma empresa patrocinadora, tem sido adotado principalmente por grandes organizações, afinal, só podem investir através da Lei de incentivo a cultura as empresas baseadas no lucro real. O lucro real é o saldo resultante dos valores das receitas menos os custos e despesas ajustadas nos termos da legislação de acordo com o último levantamento feito pelo IBGE em 2006, a cultura gerava 813 mil empregos diretos, e mais de 650 mil
empregos indiretos.Sendo que, 5.1% do PIB nacional era gerado pela cultura, ou seja, um peso econômico importante no Brasil hoje, destacando-se como grande geradora de empregos. Para o diretor de marketing do banco HSBC no Brasil, Marcello Velloso, em entrevista ao O Estado de S. Paulo, a estratégia de associar marcas a projetos culturais faz todo o sentido.“É um investimento que não deve se restringir a um período. O reconhecimento global da marca HSBC se deve muito à continuidade e à consistência de seus constantes projetos em marketing cultural” comemora Marcello.
Especial
Impressão
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
11
DIVULGAÇÃO
O ZAP 18 em ação: o grupo já montou diversos espetáclos, como “Grande Sertão: Veredas” e “O Sonho de Uma Noite de Verão”, no bairro Serrano, em BH
ZAP 18, entre a arte e a comunidade
Conexão entre educação e cultura dá o tom ao grupo teatral Zona de Arte da Periferia Ana Luíza Gonçalves Camila França Giovanna Almeida 6º período
Edição: Sandra Leão Localizado no bairro Serrano, na capital mineira, o espaço artístico e cultural é voltado para a formação de atores e de jovens por meio da arte. Com a coordenação da atriz, diretora e produtora Cida Falabella, o grupo surgiu em meio à Cia. Sonho & Drama, se transformando em ZAP 18, desenvolvendo diversos projetos desde 2002, e também é um dos fundadores do Movimento Teatro de Grupo de Minas Gerais. Não basta promover atividades artísticas. O maior desafio do grupo é fazer com que os alunos se relacionem melhor dentro do seu ambiente, aprendam uma profissão e que, com os espetáculos e cenas criadas dentro do projeto, possam alcançar outros espaços culturais e outros públicos. A movimentação gerada pelo ZAP 18 na comunidade influencia diretamente o bairro onde está localizado, uma vez que os projetos e profissionais passam a se relacionar diretamente com os moradores. “Estamos sempre ouvindo a comunidade e seus problemas se refletem na nossa temática. Nossa contribuição é levar às pessoas arte e refle-
xão”, relata Cida Falabella. Crianças, jovens e adultos da comunidade deixam de ser apenas receptores e passam a atuar como criadores dos seus próprios projetos, podendo, assim, sair do local em que vivem para apresentar suas ideias em outras partes da cidade. A ZAP 18 produz sua própria dramaturgia, inspirada em textos literários. A companhia tem projetos como a “Zarpar - Oficina de Capacitação” e o “ZAP teatro escola e afins”, iniciados em 2002, com a inauguração da sede do grupo. Diversos espetáculos fazem parte da sua produção artística, como “Grande Sertão: Veredas” e “O Sonho de Uma Noite de Verão”. Os projetos procuram descentralizar a cultura e o ensino do teatro dentro de uma perspectiva de inserção social. Produção de renda Para viabilizar os projetos, a companhia se utiliza dos recursos da Lei de Incentivo à Cultura. Mas, também se valem de outras soluções, como, por exemplo, a venda de ingressos dos espetáculos, a venda da revista “Caderno da Zap”, que discute o fazer teatral, e a participação em eventos sociais e educativos. Essas atividades, juntamente com a Lei, contribuem para a sobrevivência do grupo. A interação com a comu-
nidade é a essência da Zap 18. Os moradores fazem parte do universo da companhia, seja atuando ou trabalhando na organização e manutenção dos projetos. A Zap é considerada como uma extensão da casa de muitos moradores. É por meio dela que a comuni-
“Fazer intercâmbio é ter a oportunidade de trocar conhecimentos entre pessoas de locais distintos” Daniel Trivellato
dade passou a ter contato com a arte, contribuindo significativamente para a vida dessas pessoas. A comerciante Rose Macedo trabalha em um bar nas apresentações da Zap 18. O comércio, que existia antes de a companhia fazer parte da comunidade, virou ponto de encontro dos artistas. Hoje é membro do grupo, sendo peça-chave dos espetáculos. Além de entretenimento e diversão, o bar proporcionou um aumento na renda da fa-
mília da comerciante. A ideia de levar o comércio para os espetáculos foi do filho de Rose, Thiago Macedo, de 18 anos. Thiago é ator da Zap 18 e ingressou no grupo aos oito anos, fazendo parte das oficinas de teatro. O cachê recebido por ele, pago pelos recursos da Lei de Incentivo, ajuda a complementar a renda da família. Outra fonte de economia inserida pela companhia na comunidade é a contratação de serviço terceirizado. Há uma preparação do grupo para que as apresentações aconteçam e, segundo a produtora Cida, a faxineira, a costureira e os pedreiros são alguns dos exemplos de contratação que surgem direto da comunidade para estimular o setor econômico. A entrada na Zap 18 resultou em transformação para a comunidade. O grupo mudou culturalmente a vida dos moradores, fazendo com que eles tivessem acesso às formas de manifestações artísticas e agitou o comércio na região. As apresentações atraem pessoas de diferentes regiões, fazendo assim com que, entre um espetáculo e outro, alguém passe na padaria, consuma em um bar e consequentemente favoreça o comércio local. Para o filho da comerciante Rose, Thiago, o mais importante de todos os projetos realizados pela Zap é o de “tra-
balhar o teatro como projeto socioeducativo e com isso ajudar na mudança das perspectivas dos jovens e de suas famílias. O trabalho feito com os jovens reflete de maneira positiva na comunidade”. Os projetos da companhia teatral são divulgados em carros de sons dentro da comunidade, em panfletos distribuídos em alguns pontos da cidade e no site do grupo. As estratégias de divulgação também movimentam o setor econômico do bairro, uma vez que contribuem para a venda de ingressos e acessibilidade de pessoas que não moram na comunidade, ativam o serviço de papelaria e estimulam a participação da população nos espetáculos e no comércio local. Métodos como esse impactam diretamente no setor econômico, além de contribuir para o desenvolvimento da ação cultural na região. A contratação de artistas, técnicos, agentes, comerciantes e serviços locais cria reais oportunidades de integração, valorização da região e apreciação da arte, aspectos que atuam como um diferencial da companhia de teatro. (Também
participou:
lachenski,
@
Mikaela Sa6º período)
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
12
Especial
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
Impressão
Arte em movimento Tecnologias modernas possibilitam maior expressão no campo da arte e animação THALISSA MAÍRA
Várias escolas oferecem formação em Cinema de Animação, mas ainda falta reconhecimento
Rafaella Arruda Thalissa Maíra 6º período
Edição: Sandra Leão No campo das artes, o artista de animação é um exemplo substancial na economia criativa. Para a Bacharel em Artes Visuais com habilitação em Cinema de Animação, Mírian Rolim, o artista de animação, ou simplesmente animador, “é um artista que utiliza como forma de expressão as imagens em movimento”. Ele tem como ferramenta de trabalho a criatividade e pretende dizer algo ao mundo, utilizando para isso, uma técnica de expressão,. Trabalha, portanto, o capital intelectual, força motriz da econo-
mia criativa. No cenário da modernização tecnológica e de convergência das mídias, o animador requer capacidade adaptativa. Precisa dominar linguagens variadas que compreendam a expressão cinematográfica e a produção em novos sistemas de informação. Ao conjugar as artes digitais, por exemplo, o animador amplia a capacidade de criação e difusão artística através de jogos eletrônicos ou projetos educacionais interativos. Para Thiago Rodrigues, estudante de Cinema de Animação da UFMG, o que a tecnologia moderna oferece hoje à arte é a possibilidade de enquadrar o meio áudiovisual para a formação intelectual de um grande gru-
po de pessoas. “O animador tem hoje mais possibilidades de expressão. O que antes se aplicava somente a películas e brinquedos óticos, hoje se expandiu para o meio digital com potencialidade de acesso mundial”, argumenta Thiago. Formação X Mercado A adaptação do artista de animação às novas tecnologias amplia suas possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Segundo Mírian, essa medida é favorecida pelo aumento do número de escolas no Brasil que oferecem formação em Cinema de Animação, algumas aliadas às artes digitais,. Contudo, a atividade ainda necessita reconheci-
HISTÓRICO BRASILEIRO DE ANIMAÇÃO: Quantidade de filmes de animação produzidos (até 2004): Data Desconhecida: 18 filmes Década de 10: 4 filmes Década de 20: 5 filmes Década de 30: 9 filmes Década de 40: 11 filmes Década de 50: 8 filmes Década de 60: 23 filmes Década de 70: 43 filmes Década de 80: 22 filmes Década de 90: 216 filmes Entre 2000 e 2004: 373 filmes Total de filmes na pesquisa: 721 filmes Fonte: ABCA - Associação Brasileira de Cinema de Animação (www.abca.org.br) com base em pesquisa da PUC-RJ (coord. Prof. Claudia Bolshaw)
mento.. “O animador não se enquadra no padrão profissional, como engenheiros, médicos, advogados, e a atividade não é regularizada, o que dificulta estabelecer uma média salarial no mercado”, confessa a artista que atualmente é tutora do Projeto Fábrica Animada de residência criativa e coordena um grupo de alunos do curso de Animação da UFMG para a produção de sete curtas. Além desses, Mírian possui também um curta de animação independente em fase de pré-produção em que é roteirista, animadora e diretora. Para Thiago, ainda não é possível perceber uma profissionalização da área. Quanto à remuneração, o estudante de animação, que ainda não possui experiência de trabalho na área, revela que já chegou a cotar sua mão de obra a R$70,00 a hora, mas que em alguns estúdios, pode-se cobrar de R$120,00 a R$300,00
“Quando não houver espaço para a criatividade, a sociedade, como conhecemos, acaba” Luis Moraes
o segundo animado. Para o professor de fotografia do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais da UFMG, Luis Moraes, o profissional da animação, de modo geral, possui um perfil mais independente, atuando por tarefa, projeto ou empreitada. Existe também, segundo o professor, uma demanda de editais públicos e privados movidos por leis de incentivo fiscal que impulsionam o investimento de instituições e empresas em produções culturais. Alguns artistas se dedicam a esta demanda, mesmo que isto implique em ter sempre uma logomarca relacionada à sua arte. “Este tipo de relação certamente inibe o questionamento mais radical de valores da sociedade, não raro de ocorrer na produção artística livre, uma vez que uma empresa patrocinadora irá desaprovar obras que questionem valores e métodos da própria empresa”, declara Luís. Questionado sobre o futuro do profissional do campo de animação, Luís Moraes argumenta que “quando não houver espaço para a criatividade, a sociedade como conhecemos, acaba”. Em um contexto de expansão da economia criativa, onde a ideia substitui o produto como moeda de troca, vale acreditar que essa sociedade, do contrário, está só avançando.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
Sobre o curso Criado em 2009, o curso de Cinema de Animação e Artes Digitais, antiga habilitação do curso de Artes Visuais da UFMG, tem como objetivo formar profissionais capazes de produzir animações e desenvolver jogos eletrônicos e softwares interativos. Com exceção das disciplinas obrigatórias, o curso é flexivo e os alunos podem optar por matérias de maior interesse, como técnicas de animação ou games. Elas serão oferecidas em módulos, ou seja, os alunos fazem a mesma disciplina todos os dias até que elas acabem. A área de Cinema de Animação contempla técnicas de animação, como 2D e 3D, stop-motion, entre outros Muitos dos profissionais
formados nessa modalidade atuam em mídias publicitárias e realização de filmes. O eixo de Artes Digitais dá ênfase às artes produzidas a partir de novas tecnologias. No Brasil, hoje, ocorre o crescimento da produção de curtas e longas-metragens e também a demanda por animações para mídia eletrônica, como jogos ou páginas de internet. As redes que conjugam internet, celulares e outras mídias móveis tamb[em são alguns dos focos de mercado nessa área. O curso de Cinema de Animação e Artes Digitais da UFMG é oferecido no turno da noite na Escola de Belas Artes no campus Pampulha, com duração de quatro anos e meio.
Especial
ImprEssão
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
13
Criatividade e desenvolvimento reconhecimento da economia criativa pelo Ministério da Cultura impulsiona o setor DivulgAção
Arlene Ferreira Bianca Nazaré Camila Borges 6º períoDo
edição: rodrigo espeschit A criação da Secretaria de Economia Criativa, vinculada ao Ministério da Cultura, em janeiro deste ano, vem encarar uma lógica com que o Brasil ainda não havia se preocupado. As atividades desse setor são responsáveis por uma constante geração de renda graças, principalmente, ao fato de estarem vinculadas à cultura e a setores que precisam se renovar sempre. A economia criativa agrega conhecimento e criatividade. É um “ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos”, como explica a gerente de comércio, serviços e artesanato do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Regina Faria. O Reino Unido foi pioneiro na elaboração de políticas para o desenvolvimento das chamadas indústrias criativas. Segundo dados de 2005, da Secretaria de Cultura inglesa, as indústrias criativas representavam 7,3% do PIB. No Brasil, ainda não há dados consolidados quanto à representação desse setor na economia, mas é de se supor que essas atividades têm um lugar importante na geração de renda para a nossa economia. O turismo é um importan-
para regina Faria, do Sebrae Minas, a economia criativa agrega conhecimento e criatividade
te setor econômico criativo no país. De acordo com a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), o setor foi responsável por criar 7% dos empregos diretos e indiretos no país, no ano de 2005. Em 2006, 1,87 milhão de pessoas foram empregadas no ramo, sendo 768 mil postos formais e 1,1 milhão de empregos informais. A receita gerada pelo
“para que a criatividade tenha impactos é preciso aliar a conhecimento” Ana Carla Fonseca
turismo interno, em 2010, foi de 33 bilhões de dólares, quase seis vezes mais que o equivalente à renda gerada pelo turismo externo. A economia criativa seria uma possibilidade para o desenvolvimento social do país. Esta seria uma garantia para pessoas com talento e criatividade lucrarem com seus trabalhos por meio de políticas que garantem financiamentos, investimentos em educação, criação de espaços destinados à cultura e a criatividade. “O reconhecimento da importância da economia criativa e sua institucionalização pioneira, sob a forma de uma Secretaria, pode gerar uma série de desdobramentos favoráveis: conscientização do que é economia criativa, articulação com outras institui-
Design de bijuteria Um exemplo de que o talento individual é capaz de promover o desenvolvimento da economia é o da designer de bijuterias Dayana de Carvalho Azevedo, 23. Seu gosto por bijuterias a transformou em uma jovem empresária. Dayana é dona da empresa Ametist Bijoux, localizada em Divinópolis e desde os nove anos de idade, ela monta peças que eram vendidas por sua mãe, Joana D’Arc de Carvalho, no salão de beleza em que ela trabalhava. Com ajuda do pai, hoje
ela emprega treze funcionários para a fabricação das peças que ela mesma desenha. Atualmente, a Ametist Bijoux faz vendas em São Paulo, Rio, Bahia além de exportar bijuterias para a França e Nova Jersey, nos Estados Unidos. Dayana diz não copiar e que sempre pensa em algo novo. A criatividade da designer de bijuterias conquistou Divin[opolis e famosos como Carla Perez, Sheila Carvalho, Cacau do BBB entre outros.
ções parceiras (o que é fundamental na economia criativa), levantamento de dados e estudos que possibilitem diagnósticos, monitoramentos e avaliações”, explica a economista e consultora internacional em economia criativa, Ana Carla Fonseca. Educação Um dos pontos mais importantes a se destacar é que a economia criativa está intimamente ligada à educação e, claro, sem uma educação de excelência o desenvolvimento deste setor, e o consequente impacto da renda dessas atividades na economia do país, serão apenas um sonho. Ana Carla Fonseca destaca essa questão e afrma: “para que a criatividade tenha impactos econômicos e sociais, é preciso que seja aliada a conheci-
mento, o que requer educação, acesso a informações e capacidade de elaboração destas em conhecimento”. O Sebrae Minas é a instituição mais representativa da economia criativa no Estado. O órgão desenvolve projetos que visam ampliar o empreendedorismo em diversos setores (moda, turismo, cultura, artesanato e Tecnologia da Informação). Além disso, desenvolve projetos territoriais que possibilitam o desenvolvimento local com base em setores criativos. O Plug Minas (Centro de Formação e Experimentação Digital) é um projeto desenvolvido pelo Sebrae voltado para estudantes e egressos de 14 a 24 anos. Pelo projeto, os jovens aprendem a lidar com ferramentas de tecnologia, cultura digital e, também, desenvolvem atividades voltadas para o empreendedorismo e arte. O investimento na formação tecnológica de jovens no Brasil ganha importância nesse momento em que o setor de tecnologia vem se destacando na economia do país. Segundo dados do Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, o setor de Tecnologia da Informação gerou um montante igual a R$ 39,4 bilhões de reais. Desse total, R$ 13 bilhões corresponderam somente à criação de softwares nacionais. Essa renda foi gerada por cerca de duas mil empresas de TI do país.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
TURISMO E TECNOLOGIA TURISMO
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Setor foi responsável por criar 7% dos empregos diretos e indiretos no país, no ano de 2005.
Em 2010, o setor de Tecnologia da Informação gerou um montante igual a R$ 39,4 bilhões de reais.
Em 2006, 1,87 milhão de pessoas foram empregadas no ramo, sendo 768 mil postos formais e 1,1 milhão de empregos informais.
Desse total, R$ 13 bilhões corresponderam somente à criação de softwares nacionais. Essa renda foi gerada por cerca de duas mil empresas de TI do país.
A receita gerada pelo turismo interno, em 2010, foi de 33 bilhões de dólares, quase seis vezes mais que o equivalente à renda gerada pelo turismo externo.
Fonte: IBGE e Embratur
14
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
Outros papos
Impressão
Entrevista com a nutricionista gisele magalhães
Transtorno alimentar lUCAS ALVARENGA
Gisele Magalhães: “ a anorexia vai muito além de simplesmente querer estar magro “
Ana Flávia Tonelli 7º período
Os transtornos alimentares prevalecem, sobretudo, entre adolescentes. As vítimas sentem-se normalmente impotentes em relação às suas vidas, sofrem de baixa auto-estima e têm uma fraca imagem do seu corpo. Entre os transtornos alimentares mais comuns estão a bulimia nervosa, a anorexia nervosa e a obesidade. A fim de entendermos as causas, conseqüências e tratamentos da doença, conversamos com a coordenadora e professora do curso de nutrição do UNI-BH, Gisele Magalhães. Em sua pesquisa de mestrado, Gisele procurou descobrir em que meio o risco da doença é mais culminante. Através de questionários, avaliou alunos de diferentes cursos de uma universidade pública. O que são, de fato, os transtornos alimentares? Não são doenças nutricionais. São doenças que tem sintoma nutricional, mas são psiquiátricas, classificadas dentro de alguns critérios psiquiátricos (DSM 4) e nutricionais (SID 10). Estão completamente ligadas aos fatores emocionais. Como deve ser feito o tratamento? Os pacientes são tratados especialmente por psiquiatras e psicólogos. O nutricionista e o endocrinologista entram com uma ajuda, mesmo porque, o tratamento tem que ser feito por uma equipe. Mas não cabe apenas ao nutricionista fazer uma dieta para o paciente, ao invés de ajudar no tratamento, isso pode até prejudicá-lo O acompanhamento psiquiátrico é fundamental, afinal, se trata de uma doença psiquiátrica. Que tipo de incentivo existe hoje para prevenir o aumento do índice da doença? Algumas instituições de ensino possuem ambulatórios específicos para tratar pacientes com esses transtornos. Em Minas Gerais, por exemplo, temos o Núcleo Investigação de Anorexia e Bulimia (NIAB) da UFMG, que trata os pacientes
com o transtorno. O Núcleo é coordenado pelo professor Henrique e conta com uma equipe de psicanalistas, psicólogos, psiquiátricas, endocrinologistas, clínicos e nutricionistas. Eles tem um trabalho muito interessante para tratar esses doentes. Você fez a sua tese de mestrado com base nos transtornos alimentares. Que foco você deu a sua pesquisa? Eu avaliei os alunos de uma universidade pública que estavam no 3º período. Esta avaliação foi feita através de questionário e tinha como objetivo avaliar o risco de sintoma entre esses jovens e não o diagnóstico da doença, visto que isto cabe ao psiquiatra. Os cursos de Medicina, Educação Física e Enfermagem apresentaram os níveis mais altos de riscos de sintomas. A nutrição apontou risco zero. Você acha que a mídia exerce influência sobre os doentes? A mídia não é a culpada. Ela pode contribuir para determinados comportamentos, mas ela sozinha não desenvolve a doença. A anorexia vai muito além disso. Um psicanalista italiano, referência em transtornos alimentares, acha a
Núcleo auxilia vítima de distúrbio Com o objetivo de ajudar as pessoas com distúrbios alimentares foi criado, em 2004, o Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia (Niab), do Hospital das Clínicas/UFMG. A equipe é composta por profissionais da psicologia, nutrição sociologia e medicina (psiquiatria, clínica médica e endocrinologia), e conta com a parceria da Faculdade de Odontologia/UFMG, que avalia casos de pacientes bulímicos que manifestam enfraquecimento no esmalte dos dentes devido a freqüência dos vômitos. Os primeiros trabalhos do Niab surgiram antes mesmo da sua criação. O pediatra e psicanalista Dr. Roberto Assis Ferreira foi quem prestou atendimento aos primeiros pacientes com distúrbios. Para prestar um
RAIO-X: GISELE ARAÚJO MAGALHÃES
anorexia uma doença de amor, ou da falta dele. Vai muito além de simplesmente querer estar magro. A magreza muitas vezes tem uma simbologia, uma representação, que não é só pra desfilar na passarela. No dia-a-dia na clínica a gente conhece outras questões e visões da busca pelo corpo magro. O fato de as adolescentes sonharem com o mundo da moda contribui para o elevado índice da doença nesta etapa da vida? Não. Uma pesquisadora de São Paulo, da Faculdade Paulista de Medicina, fez uma interessante pesquisa com modelos de 11 a 13 anos das agências Ford e Elite, e constatou que o comportamento de risco é baixo. O que existe é um risco pontual. Em época de desfilar elas fazem determinado jejum, mas é diferente do jejum da anoréxica. Porém, existem exceções. Há cerca de três anos, uma modelo morreu por causa da anorexia, o que não quer dizer que todas as adolescentes se tornam anoréxicas porque querem ficar como determinada modelo. Na adolescência, a doença é muito comum porque as garotas estão se tornando mulheres. O corpo começa a mudar. Também surge a questão da sexualidade. É uma fase de mudanças.
atendimento mais especializado, a endocrinologista Beatriz do Espírito Santo foi convidada para discutir os casos. Em 1998, Dra. Schettino passou a fazer parte da equipe, trazendo novos casos para estudo. Geralmente os pacientes são encaminhados por profissionais de saúde ou por familiares que percebem a mudança de hábito da pessoa. Ocorre também de o próprio paciente buscar ajuda por notar debilidade ou dores físicas. O atendimento acontece uma vez por semana, sempre às sextas-feiras, no 6º andar do Ambulatório Bias Fortes. Coordenado pelo clínico geral e nutrólogo Henrique Torres, o Niab conta hoje com cerca de 100 pacientes cadastrados, a maioria sãomulheres.
FOTO Atualmente, Gisele coordena o curso de nutrição do UNI-BH, é professora assistente e coordenadora do estágio de nutrição Clínica do Centro Universitário de Belo Horizonte. FORMAÇÃO 1995 – 2000: Graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto 2001: Nutricionista clinica do Hospital Socor 2003 – 2010: Nutricionista clinica da Oxion Medicina Oncológica. Experiência na área de Nutrição, com ênfase em Docência. 2004 – 2007: Professora de Nutrição e Bem Estar da Universidade FUMEC 2008 – 2010: Mestrado em Ciências da Saúde na Área da Saúde da Criança e Adolescente pela faculdade de medicina da UFMG.
Conexões midiáticas
ImprEssão
BElo HorIzontE, JUnHo dE 2011
15
Redes sociais para jornalistas Novas ferramentas disponíveis no Facebook e Twitter facilitam o trabalho de jornalistas Christianne lasmar 6º períoDo
edição: Camila França Embora as redes sociais geralmente sirvam para o lazer e o entretenimento, muitas pessoas, empresas e grupos utilizam também profissionalmente. Atentos a esta tendência, o Facebook e o Twitter lançaram este ano ferramentas dedicadas ao uso profissional de jornalistas. Vários brasileiros já utilizam o Facebook + Journalists. Os serviços disponíveis ajudam a espalhar conteúdo, fazer com que o leitor se envolva, comente e debata reportagens, sugira entrevistas e perguntas para direcionar as matérias. Na página de entrada do
“Através do Facebook podemos manter um contato mais direto com as nossas fontes” Alberto Rodrigues Facebook + Journalists, são apresentadas quatro sugestões de utilização da rede social para o trabalho jornalístico: uma página pessoal contendo o perfil profissional; utilização da página como mais um canal de notícias, para publicar observações de campo, notas sobre o processo de reportagem e artigos; promoção do engajamento dos leitores em todo o processo de produção da notícia; vinculação aos dispositivos móveis como celular, iPad ou iPod, o que permite atualização de qualquer lugar. Um outro recurso muito utilizado no site, é o compartilhamento de fotos. São mais de cem milhões de fotos enviadas por dia. A popularidade do envio de vídeos está indo pelo mesmo caminho, com um crescimento acelerado. É uma grande chance para fotógrafos e cinegrafistas que queiram mostrar seu trabalho. Os repórteres vêm utilizando a ferramenta para enviar os
vídeos dos bastidores de encontros e entrevistas. Outro recurso que já está fazendo sucesso no meio jornalístico é o de perguntas. Esse serviço vem sendo utilizado para realizar enquetes com os usuários, ajudar nas entrevistas e para pesquisas diversas com o público sobre temas de reportagens ou matérias já publicadas. Twitter para redações Na última semana de junho, foi a vez do Twitter lançar uma página dedicada aos jornalistas. O Twitter for Newsrooms (#TFN) é um portal de recursos para ajudar na organização do processo de notificação e publicação dos Tweets jornalísticos. A intenção do portal é facilitar as ferramentas para serem utilizadas profissionalmente. O Twitter for Newsrooms tem quatro grandes segmentos, todos ainda em inglês: report, engage, publish e extra. O primeiro contém dicas e estratégias para pesquisas na rede. É subdividido em busca, busca avançada, busca em arquivos, TweetDeck e Twitter para Mac. Este primeiro tópico é bem interessante, já que a busca por informações é parte essencial da vida de um jornalista. O segundo tópico traz uma espécie de glossário com termos-chave, exemplos de tweets de jornalistas que conseguem boa visibilidade, fundamental em um cenário onde 200 milhões de tweets são postados por dia. Esse item ainda dá dicas de como promover a a marca no Twitter, personalizando o perfil e tornando-o mais fácil de ser encontrado e reconhecido. Já o terceiro segmento aborda a questão de que o Twitter é muito mais do que apenas palavras, há todo um pensamento por detrás da rede, normas de boa conduta e formas para conseguir um maior engajamento por parte dos seguidores. O quarto e último item (extras) traz os perfis oficiais do twitter, assim como blogs da rede e os blogs de jornalistas já traduzidos.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
Jornalismo e o Facebook As vantagens proporcionadas pelo uso profissional do Facebook conquistaram diversos jornalistas. Para o cronista esportivo Alberto Rodrigues, a vantagem é que através do Facebook podemos manter um contato mais direto, próximo e pessoal com as nossas fontes, sem, necessariamente, ter que passar pelas assessorias de imprensa. “Meu contato e vínculo com os torcedores, por exemplo, se ampliaram muito mais depois que criei meus perfis na rede. Todos podem falar comigo e faço questão de responder a todos”, afirma Ro-
drigues.. Para Robhson Abreu, editor da Revista PQN - Pão de Queijo Notícias, como em toda rede social, a interatividade é essencial para os profissionais da comunicação, especialmente nós, jornalistas. “As redes sociais nos ajudam a localizar fontes, na velocidade de divulgação de produtos e serviços, além de ser um termômetro social. O Facebook está conseguindo reunir várias ferramentas em um único aplicativo, o que facilita nossa vida corrida, instantânea”. De acordo com Benny Cohen, editor de Mídias Conver-
gentes dos Diários Associados e apresentador do Jornal da Alterosa, “o Facebook pode ser usado de diversas maneiras pelo jornalista. Pode ser utilizado como rede de relacionamentos, de forma a aproximar repórter e fonte; como fonte de informação preciosa, já que é possível monitorar e fazer ´amizade´ com diversas pessoas e instituições, empresas e órgãos públicos importantes e para estar antenado com o que vai pelo mundo. Assim como o Twitter e outras redes sociais, atualmente é fundamental participar do Facebook.”
Impressão
Tramas urbanas
Belo Horizonte, JUNHO de 2011
16
Adoção é alternativa ao abandono de cães Na capital mineira, há 30 mil cachorros nas ruas, o que equivale a 10% do total ALEXANDRE barboza
Camila Segala e as cadelinhas Cristal e Laika, que foram adotadas através do site SOS bichos
Rafaella Arruda Thalissa Maíra 6º período
Edição: Alexandre Santos Ao andar pelas ruas de Belo Horizonte não é raro encontrar cães abandonados, a maioria em situações de maustratos e com a saúde debilitada. Segundo o presidente do Núcleo Fauna de Defesa Animal e assessor para assuntos de fauna urbana da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Franklin Oliveira, as estimativas da Prefeitura de Belo Horizonte dão conta de que existam cerca de 30 mil cães abandonados nas ruas da cidade, 10% dos existentes, alguns destes na condição de semi-albergados. (não entendi esta frase, está confuso!!) Além daqueles animais que já nascem nas ruas, os que se encontram em situação de abandono, mas já estiveram numa condição de segurança, também passam por grandes dificuldades. Muitos são inicialmente atropelados, pois não sabem andar pelas ruas de uma cidade, e os que não morrem nos primeiros dias, sofrem todo tipo de maus-tratos. Estão também sujeitos a contrair doenças variadas. Diante desse cenário, a adoção de cães tem se mostrado como uma iniciativa para reduzir a realidade de abandono de animais em Belo Horizonte. Grande parte de cães abandonados é colocada dia-
riamente para adoção através de sites de sociedades protetoras, ONGs e clínicas veterinárias, o que torna difícil precisar o número geral de anúncios, bem como o número de adotados. No site do Grupo SOS Bichos, por exemplo, postam-se para adoção, em média, 39 cães e gatos por semana, o que daria uma média de cinco ao dia.
“As pessoas ainda preferem cães de raça e têm preconceito com vira-latas.” Carla Roberta
As adoções variam de acordo com o perfil dos animais anunciados. Para a relações públicas, Carla Roberta, do grupo de defesa animal SOS Bichos e responsável pelo gerenciamento do site, filhotes, principalmente os mestiços de raça, são adotados com mais facilidade; fêmeas também, por serem consideradas mais dóceis. Da mesma forma, os cães de pequeno porte são muito procurados, pois são ideais para apartamento. Por outro lado, algumas características dificultam a adoção, como grande porte, idade avançada e problemas como
cegueira e deficiência física. Além disso, “as pessoas ainda preferem cães de raça e têem preconceito com vira-latas”, afirma Carla. Todos os cães colocados para adoção pela SOS Bichos encontram-se castrados, vermifugados e vacinados e podem ser adotados apenas mediante assinatura de termo de responsabilidade. Alguns dos itens presentes no termo referem-se ao comprometimento do adotante em avisar caso o animal fuja ou tenha doença grave. Esses procedimentos costumam ser realizados por grande parte dos grupos de adoção e conferem uma guarda responsável ao animal. Para Carla Roberta, fundamental é que, além de amar animais, o adotante tenha condição financeira para mantê-lo. Segundo Carla, “é preciso dinheiro para alimentar, vacinar e dar os cuidados veterinários necessários ao animal. E gostar muito, pois eles demandam tempo, paciência e amor”. De acordo com Franklin Oliveira, muitas pessoas têm se conscientizado para a adoção, preferindo essa prática a comprar um animal. Porém, apesar da atuação efetiva de grupos e ONGs de proteção, “ainda é necessário mais divulgação acerca da adoção responsável de animais”, afirma Franklin. Camila Segala é um dos exemplos de pessoas que aderiram à adoção de animais. A advogada sempre teve cães em
casa e, após ter perdido a cockerCocker Mel, em julho do ano passadoesse ano, decidiu, com o incentivo da família, adotar um cão para preencher o vazio deixado pela perda da cadelinha, com quem havia convivido por cerca de sete anos. Camila resolveu buscar na internet sites de adoção e encontrou o contato da SOS Bichos. Após conhecer a história da vira-lata Laika, que havia sido resgatada e tratada pelo Grupo depois de sofrer um atropelamento, Camila decidiu adotá-la. Segundo a advogada, no dia em que a protetora Lúcia levou a filhote a sua casa, “foi amor à primeira vista. No início, ela ficou meio tímida, mas agora já brinca pra valer e já sabe que possui donos que a amam. amam. ””. Todos os procedimentos de adoção foram realizados. Camila assinou termo de compromisso e responsabilizou-se por castrá-la, uma vez que ela ainda era filhote na época da adoção. Pouco tempo depois, resolveu adotar outra cadelinha para fazer companhia a Laika. Foi quando conheceu a Cristal, também pelo SOS Bichos. A bishow branca, de aproximadamente dois anos, que havia sido en-
contrada abandonada e foi resgatada pela SOS Bichos, chegou ao novo lar no dia 19 de setembro, onde agora está em definitivo após um período de experiência. Camila diz que as duas cadelinhas, Laika e Cristal, se dão muito bem e fazem companhia para ela. Dão vida e alegria àa casa e à família. Apesar de não querer adotar outro animal no momento, Camila reconhece que nunca mais ficará sem um cãozinho. Para quem se interessa em adotar um cão, existem vários sites e grupos que divulgam os animais que estão em busca de um novo lar. Além da SOS Bichos, as ONGs “Cão Viver” e “Cão Partilhe”, por exemplo, também resgatam animais e os expõem para adoção através de seus sites. Além disso, o Núcleo Fauna de Defesa Animal promove duas vezes por mês a Feira do Melhor Amigo, projeto itinerante que percorre as principais clínicas veterinárias e pets shop’s da cidade, expondo para adoção os animais resgatados pelo grupo e pela comunidade.
@
Leia a reportagem na íntegra no site: www.jornalimpressao.com.br
SAIBA MAIS Para mais informações sobre o projeto, basta entrar em contato com Franklin Oliveira, através do e-mail defensoresdosanimais@yahoo. com.br. A ONG Cão Viver também realiza feira de adoção permanente, todos os sábados, na Rua 1º de maio, nº. 165, Bairro Braúnas.