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Carta ao professor

“Tão bom morrer de amor e continuar vivendo…” Mário Quintana

Olá, professora! Olá, professor!

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Ao contrário do privilegiado Mário Quintana, essa não foi a sorte do mais famoso casal de todos os tempos. Uma tragédia anunciada pelo coro, profetizada por um amigo e selada pela ordem social da época! Um período em que o amor livre não era bem-visto, muito menos a felicidade por ele exalada.

Eternizada por William Shakespeare em 1597, poucos sabem que essa história foi escrita em versos por Arthur Brook em 1562 e, mais tarde, reescrita em prosa por William Painter. Todos esses autores buscaram inspiração em Píramo (ou Príamo) e Tisbe, poema épico que é parte do livro Metamorfoses, escrito pelo autor latino Públio Ovídio, no ano 8 da era cristã.

A primeira versão impressa da peça Romeu e Julieta surgiu em 1623 e faz parte da primeira fase da obra de Shakespeare, caracterizada pela escrita de tragédias, peças históricas e algumas comédias.

A história se passa em Verona, na Itália, mas é importante considerar o cenário pelo olhar do escritor inglês.

A Inglaterra superava a crise econômica do reinado de Henrique VIII e tornava-se uma potência mundial sob o reinado de sua herdeira, Elizabeth I (1558-1603). Esse período é considerado a era de ouro da História da Inglaterra, na qual ganharam relevo a literatura e o teatro, com destaque para a companhia teatral The

King’s Men e a construção do teatro The Globe, ambos dirigidos por William Shakespeare.

A Inglaterra se estabelece como uma potência marítima e vive a consolidação do anglicanismo. A Reforma Anglicana, iniciada por Henrique VIII, foi revogada no reinado de sua filha, a rainha Mary I, mas posteriormente consolidada por Elizabeth I, sua meia-irmã, que assumiu o trono após a morte prematura da primeira (WOODWARD, 1964).

O livro A tragédia de Romeu e Julieta - recontada é uma instigante adaptação da célebre peça de Shakespeare, feita por Christine Röhrig e ilustrada por Lúcia de Figueiredo, para o público jovem. Nele, é possível embarcarmos em uma leitura leve, com linguagem atual e parecida com a dos jovens, sem, no entanto, que se descartem os principais elementos que compõem a obra original, mas aproximando o leitor adolescente de temas cruciais à humanidade desde períodos remotos, o que posiciona a obra de Shakespeare entre os grandes clássicos da literatura de todos os tempos.

As marcantes ilustrações de Lúcia de Figueiredo trazem movimento à narrativa, surgindo ao longo das páginas quase como parte da imaginação do leitor, transportando-o para aquela atmosfera. O resultado é uma sensibilização propícia ao desenvolvimento dos temas diversos presentes nessa obra, sobretudo no trabalho com os jovens do Ensino Médio.

As possibilidades de desenvolvimento de atividades contemplam disciplinas das variadas áreas do conhecimento, incluindo Linguagens e suas Tecnologias, por meio da imersão no panorama da literatura inglesa da era elisabetana; Língua Portuguesa, com a exploração do gênero teatral e elementos que o constituem; Ciências da Nature-

za, com referências à figura ambivalente do “boticário” (que conhece as ervas para usá-las tanto na cura de doenças quanto para produzir veneno) ou à epidemia de peste bubônica, que dizimou metade da população da Europa, segundo alguns estudiosos (VARELA, 2013) e pode ser relacionada à pandemia de Covid-19, ou, ainda, abordando-se a relação entre saneamento básico e saúde. Dentre as propostas de desenvolvimento em Ciências Humanas e Sociais, podem-se explorar, por exemplo, as reformas da Igreja Católica, com foco na Reforma Anglicana e o avanço do protestantismo no Brasil atual, e a visão do amor livre e do casamento na Inglaterra do século XVI, relacionando-a à visão dos nossos dias, entre outras possibilidades.

Ofereceremos a seguir algumas sugestões de encaminhamento para as aulas, que poderão auxiliá-lo na leitura e exploração mais ampla da obra junto a seus estudantes.

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