Ocupação Naná Vasconcelos

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Ensaio para a revista Continuum Itaú Cultural, Recife, 2011 | Foto: André Seiti

nas próximas páginas, em ordem:

1. Naná Vasconcelos no Washington Square Park durante estada em Nova York, 1980

Foto: autor desconhecido/Acervo da família

2. Naná Vasconcelos, São Paulo, 1994

Foto: Adriana Zehbrauskas/Folhapress

Ocupação Naná Vasconcelos abertura quarta 17 de julho visitação até domingo 27 de outubro de 2024 terça a sábado 11h às 20h domingos e feriados 11h às 19h

Itaú Cultural Av. Paulista, 149, São Paulo/SP | Térreo

Entrada gratuita

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Carlos Costa (até maio de 2024)

CONSELHO EDITORIAL

André Furtado

Andreia Schinasi

Galiana Brasil

Kety Fernandes Nassar

Nadiele Sobral

Vinícius Murilo

PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE TEXTO

Fernanda Castello Branco

Icaro Mello

Juliana Ribeiro

PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE FOTOGRAFIA

André Seiti

Letícia Vieira (estagiária)

PRODUÇÃO EDITORIAL

Luciana Araripe

Victoria Macedo (estagiária)

PROJETO GRÁFICO

Estúdio Claraboia (terceirizado)

PRODUÇÃO GRÁFICA

Lília Goes (terceirizada)

REVISÃO DE TEXTO

Karina Hambra

Rachel Reis (terceirizadas)

ILUSTRAÇÃO E QUADRINHOS

Diox

ROTEIRO DA HISTÓRIA

EM QUADRINHOS

Mateus Araújo

COLABORAÇÃO

Paulo Henrique Chagas

imagem Naná Vasconcelos em apresentação no Palace, São Paulo, 1992

Foto: Juan Esteves/Folhapress

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Ocupação Naná Vasconcelos / organizado por Itaú Cultural ; autores Mateus Araujo ; Paulo Henrique Chagas ; ilustrado por Diocir José de Assis Junior . - São Paulo : Itaú Cultural , 2024. il.: 33 p. ; 11.9Mb

ISBN 978-85-7979-165-9

1. Música . 2. Vasconcelos, Naná. 3. Carnaval. 4. Jazz. 5. Percussão. I. Instituto Itaú Cultural. II. Fundação Itaú. III. Título.

CDD 780

Fernando Galante Silva CRB-8/10536

Sobre Naná, para Naná

ilustrador Diox na criação de uma história em quadrinhos da qual Naná é o protagonista e suas vivências são o norte.

O tom do berimbau, do gongo e da cuíca, o chacoalhar do caxixi, o cantar das águas. O multi-instrumentista pernambucano

Naná Vasconcelos (1944-2016) era capaz de transformar o inesperado em canção, fosse por meio de um objeto ou do próprio corpo. Fez nascer um som que ninguém ousou criar – visto o grande número de premiações recebidas pelo exímio trabalho, os aplausos da crítica e a capacidade de encantar e envolver o público a cada performance.

Este livro, parte da Ocupação Naná Vasconcelos, faz uma homenagem à vida e à trajetória artística de Juvenal de Holanda Vasconcelos (seu nome de batismo), nascido em 2 de agosto de 1944, brasileiro conhecido mundo afora, percussionista de referência, vencedor de diversos prêmios Grammy. Mais: artista que cantou com as crianças, que conduziu os batuqueiros nas ruas do Recife e que esteve à frente da organização das nações de maracatu na abertura do Carnaval da capital pernambucana. E é parte desse trajeto que inspirou o jornalista Mateus Araújo e o

Ainda na infância, observando os ensaios do pai, Naná aprendeu a tocar os mais diferentes instrumentos de percussão, especializando-se no berimbau. O elemento típico das rodas de capoeira ganhou novos contornos ao chegar às suas mãos, explorando as possibilidades com ritmos e estilos diversos. O artefato chegou às orquestras e recebeu elementos do jazz, do eletrônico e de todas as referências oriundas da mente criativa do percussionista. E a importância desse instrumento de corda na sua história é abordada no texto O berimbau de Naná Vasconcelos na vanguarda da música contemporânea, escrito pelo músico e pesquisador Paulo Henrique Chagas – que, inclusive, fez seu mestrado na Universidade de Évora, em Portugal, sobre o mesmo tema – especialmente para esta publicação.

Por fim, estas páginas trazem as lembranças dos palcos e dos momentos fora dele, do músico, mas também do Naná pai, companheiro e amigo, por meio de fotos vindas, em sua maioria, do acervo familiar. O músico costumava dizer que era “o Brasil que o Brasil não conhece”. Apresentamos, então, mais sobre o percussionista que espalhou sua arte pelo mundo sem nunca abandonar suas raízes; que deixou como legado uma obra genial e cheia de originalidade; que segue causando saudade, apesar de se manter presente. É que Naná era música, era único. Na verdade, continua sendo. Sempre será. itaú cultural

Eu sou o Brasil que o Brasil não conhece. naná vasconcelos
Naná Vasconcelos em apresentação no Palace, São Paulo, 1992 Foto: Juan Esteves/ Folhapress

O berimbau de Naná Vasconcelos na vanguarda da música contemporânea

paulo henrique chagas é músico formado pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre nessa área pela Universidade de Évora, em Portugal, com pesquisa concentrada no berimbau e na obra de Naná Vasconcelos. É fundador da Orquestra Portuguesa de Berimbaus, apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Direção-Geral das Artes do país. Com esse projeto, ele expandiu suas pesquisas e apresentações por Portugal, Alemanha e Brasil. Atualmente, reside nos Países Baixos, onde leciona percussão e lidera projetos culturais.

O berimbau, um arco musical tradicional da cultura afro-brasileira, tem suas raízes em instrumentos milenares e ganhou maior propagação por meio da sua prática na capoeira, na qual ocupa um papel de extrema importância com seus toques, que conduzem a dinâmica e a musicalidade dos grupos. Nessas atividades, existem toques específicos criados por importantes mestres de capoeira, como Bimba, Pastinha e Waldemar, entre muitos outros que contribuíram e contribuem nessa história. A repercussão mundial do instrumento saiu, majoritariamente, dos toques de capoeira e de suas reformulações e variações sonoras, passando pelas mãos de muitos percussionistas para destacar a identidade brasileira com sua estética visual e sonora.

O músico e percussionista Naná Vasconcelos foi um dos que exploraram as possibilidades do instrumento. De uma forma orgânica, ele enxergou o berimbau como um instrumento solo, levando ao aprimoramento da técnica pelo lado virtuosístico e musical, trabalhando o instrumento em sua essência e sem o uso de recursos externos ou adaptações na sua estrutura tradicional, o que o diferiu de outros percussionistas de sua época, que usavam o berimbau com os toques tradicionais de capoeira (e suas variações) em gravações e performances. Naná aplicou outras formas de toque, bem como outras métricas musicais e sonoridades fora das tradições e dos limites até então estabelecidos. Por ele, o berimbau foi usado em diferentes ritmos e contextos da música, trabalhando o refinamento sonoro, sua afinação e diferentes estilos. Expandiu o seu vocabulário incorporando influências do jazz, da música eletrônica, do contexto orquestral e de tradições musicais globais. Um exemplo claro desse resultado foi Dança das cabeças, disco de Egberto Gismonti gravado em parceria com Naná Vasconcelos em 1976,

premiado na Inglaterra como música popular, nos Estados Unidos como música folclórica e na Alemanha como música erudita. Dentro da variedade de projetos desenvolvidos pelo músico enquanto viveu na Europa, podemos dar destaque a dois: um com Jan Garbarek, saxofonista norueguês, e outro com o grupo CoDoNa, formado pelos músicos Collin Walcott, Don Cherry e Naná Vasconcelos. Em contato com esses músicos, ele desenvolveu o uso do espaço (por exemplo, as notas longas feitas por Garbarek) e o silêncio na percussão, revelando um diálogo em que se observam o poder de criação e o respeito percussivo em meio a um estilo de música que exige muita sensibilidade. As experiências no CoDoNa foram relatadas por Naná como sendo das situações mais imprevisíveis de sua vida, pois era um ambiente de junção de

culturas e diálogos musicais, com o uso de uma instrumentação diferenciada entre os integrantes do grupo e muitos improvisos. O diálogo musical na formação do CoDoNa acontecia com a diversidade de timbre dos instrumentos: tablas, sanza (kalimba), trompete, cítara, guitarra, berimbau, cuíca, caxixis, talking drum, agogôs e cowbells, além de muitos outros. O projeto foi contemplado com várias premiações e reconhecimentos pelo mundo, sendo considerado por alguns críticos como o pioneiro do que chamamos atualmente de world music.

Naná potencializou o berimbau fora do Brasil e afirmava ter medo de tocar o instrumento em seu país, por causa da tradição cultural deste na capoeira, pois ele poderia ser visto como alguém que queria mudar a tradição ou desrespeitá-la. Sendo assim, praticamente toda a sua jornada com o instrumento foi desenvolvida no exterior.

A partir de 1994, após muitos trabalhos realizados e lançados fora do Brasil, Naná voltou a direcionar seu estilo para o seu país de origem, mostrando que o berimbau pode ir muito além do cenário da capoeira, por meio do lançamento de álbuns como Contando estórias (1994), Contaminação (1999), Minha Lôa (2001), Chegada (2005), Trilhas (2006) e Sinfonia & batuques (2010). Nesse último existe uma extensa experimentação da percussão brasileira e da cultura popular, com ritmos e sons feitos com água, além de trabalhos com o ritmo maracatu, com grupos de crianças e

com uma instrumentação diversificada. Sinfonia & batuques levou o percussionista a ganhar o prêmio Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras –Regional Nativa, em novembro de 2011. Nos seus últimos 15 anos de carreira, ele esteve à frente da abertura do Carnaval do Recife, reunindo mais de 500 integrantes batuqueiros de vários grupos de maracatu em uma grande cerimônia em prol da cultura pernambucana – tradição que perdura até os dias de hoje. Diante de todo o seu trabalho realizado pela cultura brasileira, Naná recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (ufrpe) em 2015 – ano anterior ao de seu falecimento. O título é concedido a personalidades que se destacam, em suas áreas de atuação, pela relevância de seus trabalhos para a sociedade, com tratamento e privilégios igualados aos de um doutorado acadêmico.

O trabalho de Naná transcende as barreiras e fronteiras musicais, e, ao olharmos a forma como o berimbau é usado por compositores da música contemporânea, podemos ver os reflexos de sua técnica nesse contexto musical. Muitas peças para berimbau solo e grupos de câmara apresentam variações de toques e explorações dos quais o artista foi pioneiro. Atualmente, quase toda performance com o berimbau passa, de certa forma, pelas experiências de Naná, englobando aspectos sonoros e performáticos. Seu trabalho e sua visão do instrumento assumiram o posto de material de referência para intérpretes e compositores, servindo, ainda que não sozinho, de estímulo ou mesmo um acesso à linguagem que o berimbau propicia.

A valiosa e magnífica contribuição de Naná Vasconcelos para o berimbau e a música do mundo é prova de como o seu legado perdura e testemunho da sua genialidade e do desenvolvimento de sua música expressiva.

ocupação naná vasconcelos

Concepção e realização

Itaú Cultural

Curadoria

Equipe Itaú Cultural

Consultoria

Patrícia Vasconcelos

Pesquisador e roteirista da publicação

Mateus Araújo

Projeto expográfico

Casa Criatura

Projeto de acessibilidade

Equipe Itaú Cultural

fundação itaú

Presidência do Conselho Curador

Alfredo Setubal

Presidência da Fundação

Eduardo Saron

comunicação institucional e estratégica

Gerência

Ana de Fátima Sousa

Coordenação de estratégias

digitais e gestão de marca

Renato Corch

Edição de fotografia

André Seiti

Letícia Vieira (estagiária)

Redes sociais

Daniele Cavalcante Oliveira (estagiária)

Jullyanna Salles

Coordenação de comunicação institucional

Alan Albuquerque

Comunicação institucional

William Nunes

Eventos

Caroline Campos

Simoni Barbiellini

itaú cultural

Superintendência

Jader Rosa

curadoria e programação artística

Gerência

Galiana Brasil

Coordenação de música e literatura

Andreia Schinasi

Pesquisa e produção-executiva (música)

Nadiele Sobral

Vinícius Murilo

criação e plataformas

Gerência

André Furtado

Coordenação de conteúdo audiovisual

Kety Fernandes Nassar

Produção audiovisual

Amanda Lopes da Silva

Edição de vídeo

Richner Allan

Captação de áudio

Carolina Cutrim

Catharine Pimentel

Raquel Vieira

Tomás Franco (terceirizados)

Captação de imagem

Fernanda Siqueira (terceirizada)

Richner Allan

Coordenação de conteúdo multiplataforma

Carlos Costa (até maio de 2024)

Produção editorial

Luciana Araripe

Victoria Macedo (estagiária)

Edição e produção de conteúdo

Fernanda Castello Branco

Icaro Mello

Juliana Ribeiro

Revisão de texto

Karina Hambra

Rachel Reis (terceirizadas)

Projeto gráfico e comunicação visual

Estúdio Claraboia (terceirizado)

formação

Gerência

Valéria Toloi

Coordenação de mediação cultural

Mayra Oi Saito

Equipe

Ana Beatriz Carvalho (estagiária)

Bianca Martino

Edinho dos Santos

Edson Bismark

Elissa Sanitá Silva

Fernanda Amorim (estagiária)

Joelson de Oliveira

Julia F. dos Santos (estagiária)

Matheus Maia

Maya de Paiva

Monica Abreu Silva

Rafael de Oliveira (estagiário)

Vítor Luz da Cruz

Vitor Narumi

infraestrutura e produção

Gerência

Gilberto Labor

Coordenação de produção de exposições

Vinícius Ramos

Produção

Carlos Eduardo Ferreira

Carmen Fajardo

Emily Cruz (estagiária)

Érica Pedrosa

Fernanda Tang

Iago Germano

Katarina Lenomard (estagiária)

Victória de Oliveira

Wanderley Bispo

consultoria jurídica

Gerência

Julia Baptista Rosas

Coordenação

Daniel Lourenço

Advogados responsáveis

Mariana Alves dos Santos

Matheus Matos da Paz

Aishá Lourenço

André Brasileiro

Badi Assad

Edelvan Barreto

Egberto Gismonti

Fábio Sotero

Gil Jardim

Lura Criola

Luz Vasconcelos

Nelson Ângelo

Paço do Frevo

Pat Metheny

Patrícia Vasconcelos

Paz Brandão

Peppe Consolmagno

Prefeitura do Recife

Trilok Gurtu

TV Cultura

TV USP

Virgínia Rodrigues

O Itaú Cultural (IC) e a curadoria agradecem a todos os fotógrafos que cederam imagens e a todos os artistas, sucessores e colecionadores que autorizaram a exibição e emprestaram suas obras para a exposição.

O IC realizou todos os esforços para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/ obras aqui expostas e publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos o contato pelo e-mail atendimento@ itaucultural.org.br.

O IC integra a Fundação Itaú. Saiba mais em fundacaoitau.org.br. imagem

Ensaio para a revista Continuum Itaú
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