Ocupação Glauco

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São Paulo, 2016




Leve, irreverente e atual Esta não é uma exposição dos quadros de Van Grogue, ex-futuro gênio das artes plásticas, vanguardista que só contratam mesmo para pintar paredes. Nem é um ciclo de exibição dos filmes de Edmar Bregmam – afinal, ele só chegou a fazer os efeitos especiais de um filme no qual não trabalhou. Também não agendamos shows de Doy Jorge, que estava chapado demais para assinar o contrato. O artista homenageado nesta 30ª Ocupação é o pai desses personagens, Glauco Vilas Boas, também criador de Geraldão, Dona Marta, Zé do Apocalipse e Casal Neuras, entre muitos outros. Com um traço leve, cheio de movimento e personalidade, construiu uma crítica social, política e de costumes afiada, com humor escrachado e tão leve quanto o traço. Nudez, sexo, drogas – os temas das tirinhas corriam (com várias perninhas) na direção contrária de qualquer proibição. Sem forçar a mão, Glauco questionava o estabelecido, abrindo espaço quadro a quadro para a liberdade de expressão. Além de virar conceitos pelo avesso, exibia os políticos pelo seu ridículo, desmascarando discursos oficiais. É surpreendente (e um pouco desolador) perceber como, nesse caso, suas tiras continuam atuais. Glauco nasceu em 1957, em Jandaia do Sul (PR). Sua família se mudou para Ribeirão Preto (SP), onde ele, em 1976 – descoberto por um dos decanos do jornalismo brasileiro, José Hamilton Ribeiro –, começou a publicar tiras profissionalmente, no Diário da Manhã. No ano seguinte, apareceu esporadicamente na Folha de S.Paulo e, em 1977 e 1978, somava


dois troféus do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, com charges que provocavam a ditadura. Em 1979, Glauco passou a viver em São Paulo (SP), com Henfil e Nilson Azevedo, também cartunistas. Colaborou, entre 1982 e 1984, no Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. A partir de 1985, a Folha dedicou maior espaço às HQs nacionais e iniciou uma publicação diária que durou três décadas. De 1987 a 1990, Glauco trabalhou com o editor Toninho Mendes e com os quadrinistas Laerte e Angeli na Circo Editorial. Publicou nesse período a revista Geraldão. Além de artista visual, ele foi líder espiritual do santo-daime – religião que cultua um caminho de autodescoberta e cura permitido pelo chá de ayahuasca. A fé na sabedoria daimista levou o quadrinista a fundar a igreja Céu de Maria, em 1997, em Osasco (SP). Lá recebeu milhares de pessoas e exerceu sua missão espiritual. A morte trágica de Glauco – o cartunista foi assassinado com seu filho Raoni, em 2010, na sua casa – não consegue se sobrepor à leveza e à irreverência com que viveu e produziu. Expandindo a mostra, esta publicação – assim como o site do programa Ocupação (itaucultural.org. br/ocupacao) – apresenta o legado, o processo criativo e a personalidade desse criador que, com Laerte e Angeli, integra a “santíssima trindade dos quadrinhos brasileiros”. Itaú Cultural




perfil

ABOBRINHAS Pelo relato de amigos e parentes, dos comparsas de trabalho e dos companheiros de fé, podemos acreditar que Glauco era uma pessoa leve, piadista com todos e o tempo inteiro, sem grilos e responsável – a seu modo. As marcas que deixou nos lugares pelos quais passou são tão fortes quanto as do seu trabalho. Os depoimentos a seguir contam essa história. Abrangem a sua juventude na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo (onde fez sua primeira publicação), e a convivência com artistas e jornalistas da Folha de S.Paulo – espaço das suas tiras diárias – e da Circo Editorial, que levava às bancas a revista Geraldão. Trata-se de um perfil em vários pequenos quadros. Um meio de falar de Glauco que se inspira na velocidade do seu traço, nas suas linhas que não se fecham.


Com depoimentos de: César Augusto Vilas Boas, o Pelicano, cartunista e irmão de Glauco.

Emilio Damiani, desenhista, ilustrador e caricaturista. Trabalhou com Glauco na Folha de S.Paulo.

Beatriz Veniss, artista plástica e viúva de Glauco.

Jair de Oliveira, designer e ex-editor de arte da Folha de S.Paulo. Trabalhou com Glauco no jornal paulistano.

José Hamilton Ribeiro, jornalista. Contratou Glauco para o Diário da Manhã de Ribeirão Preto (SP), primeiro espaço em que o cartunista publicou profissionalmente.

Toninho Mendes, jornalista, artista gráfico, poeta e editor especializado em humor e história em quadrinhos brasileira. Trabalhou com Glauco na Circo Editorial.

Nilson Azevedo, cartunista. Morou com Glauco e com o também cartunista Henfil no fim dos anos 1970 e início dos 1980.

Orlando Cardoso de Oliveira, primo de Glauco, jornalista e cofundador da igreja Céu de Maria.


FILHO DE PEIXE GLAUQUITO É

D G Rimas no papel higiênico

Pelicano A minha mãe era desenhista. Fazia um traço bem rápido, de cartum mesmo. Ela pintava telas, fazia desenhos para nós. Então, todo mundo na minha casa – eu, Glauco, Orlando – era ligado a isso. A parte do humor também veio dela, porque era muito espirituosa, fazia piadinha, chegava a escrever carta em rolo de papel higiênico, inteirinha rimando.

Artistas e caçadores de óvnis

Beatriz Veniss Ele já veio de uma família muito especial. A mãe era uma verdadeira artista, que tocava, pintava e sapateava, além de ser uma humorista de primeira. O pai estudava óvnis e era devoto do rei Salomão. Eram seis irmãos: cinco homens e uma mulher caçula – e, segundo minha sogra, nunca brigaram.


F Um traço rude, tosco e cheio de força

José Hamilton Ribeiro – Não é bem o que eu queria! Diante de mim estava um jovem inquieto, de aparência rebelde – pelas roupas, pelo cabelo, pela barba... –, armado com uma pasta repleta de quadrinhos e desenhos. Eu já o vira por ali, circulando com uma tribo ligada em música e outras formas de afirmação artística e pessoal. Nós só havíamos trocado olhares e palavras até então, mas agora era diferente. – Eu queria fazer uma tira com história em quadrinhos, com isso me sinto à vontade. Fazer charge política, num desenho só, acho que não... Acho que não! Tiras de quadrinhos, o jornal já tinha boas e baratas. Por um

mecanismo de cobrança de direitos, uma tirinha já publicada em jornais do mundo inteiro sai baratinho. E a qualidade é provada. – Quem faz o mais faz o menos, Glauco! É só você comprimir o conteúdo de três quadrinhos num só, e aí está a charge do dia. Talvez seja só uma questão de treino, de exercício. Ele disse que eu o estava desafiando, e que de desafios ele gostava. – Está bom, vou fazer a charge para a página de política. Começo quando? – Você pode começar hoje. Nós temos todo o noticiário político nacional, você dá uma olhada.


– Mas começar hoje? – Sim, agora. Você tem até as 22h para entregar o desenho, é bom ir pegando o ritmo de jornal.

– Autocensura básica, não podemos abusar, perder o equilíbrio. Coisa básica, essa autocensura que o leva, por exemplo, a vir à redação vestido.

– Tem alguma censura? Preciso da aprovação de alguém?

– É, é... Não sei. Estou em dúvida... Sabe de uma coisa? Eu topo!

– Eu vejo o desenho antes, não quero ter surpresa no jornal de amanhã. Censura não tem, só um pouco de autocensura.

No dia seguinte, o Diário da Manhã de Ribeirão Preto publicava, na página nobre, o primeiro desenho profissional de Glauco a aparecer na imprensa: um traço rude, meio tosco, mas cheio de força dramática e artística – que o Brasil todo logo conheceria.

– Autocensura? Quanto de autocensura? Não gosto disso, acho que não vai dar...


GLAUCÃO DESLIGADÃO TRANQUILÃO

D Ah, é mesmo!

Pelicano Mais novo, ele era de sair para comprar o gás para o almoço e voltar sem, dizendo: – Ah, é mesmo!

Chegava lá na escola, estava com ele. Pegava assim na maior tranquilidade. Quando veio para São Paulo, ele mandava cartinhas e falava assim:

Bem assim, tranquilo. Quando nós estudávamos, tinha dia em que ele acordava mais cedo e, na hora em que eu ia calçar meu sapato –, cadê? Não achei, não achei, punha outro.

– Fala para o Orlandinho que a botinha dele está mandando lembranças! Aí que você ia notar que ele já tinha levado um monte de coisas.


F Glauco Doril: é dele? Sumiu

Nilson Azevedo Tipo 6 horas da manhã, sou despertado por um sussurro vindo da porta de serviço, quase em frente ao meu quarto: era de novo Glauco, voltando de Ribeirão Preto, onde tinha ido ver sua namorada, Ju, como sempre fazia nos fins de semana. Mais uma vez, ele tinha perdido a chave do apartamento. Ele pedia que eu abrisse a porta em silêncio para não despertar o Henfil, que ficaria furioso.

Geraldão O personagem mais famoso de Glauco é um marmanjo que, na casa dos 30 anos, ainda mora com a mãe – com quem mantém uma relação que nem Freud conseguiria explicar. Fumando, bebendo, cheirando, comendo e se picando – tudo ao mesmo tempo –, Geraldão não perde uma oportunidade de espiar a coroa tomando banho e de experimentar maneiras alternativas de espocar a cilibina: bonecas infláveis, a enceradeira da mãe, as luvas da mãe, o xampu da mãe, tudo pode ser um bom consolo para aplacar os efeitos de uma virgindade que teima em perdurar.

Henfil, cujo apelido de infância era Tuneba, punha apelido em todo mundo. Laerte, por exemplo, era Dodô, o pássaro extinto por sua inocência. Glauco perdia a chave, o RG, e a cada vez Henfil lhe passava um sabão, como um pai ou um irmão mais velho fariam. Cadê a chave? Sumiu! Cadê o documento? Sumiu! Pronto, Henfil botou no Glauco o apelido de Doril.


CENAS DA REDAÇÃO

B D Charge só com cerveja

Emilio Damiani O Glauco chegava à redação da Folha de S.Paulo em cima da hora, eu falava: – Já fez a charge? – Não, ainda não, hoje está difícil. – Hoje está difícil? – Sim, vamos descer e tomar uma cerveja. Nós íamos tomar uma cerveja. Era só ele beber a cerveja, descia a charge. Ele não acabava de tomar o copo. Era um ritual. Passavam-se 15 minutos e ia embora.

Atrasos e gambiarras

Jair de Oliveira O Glauco era muito indisciplinado. O cara às vezes não aparecia no dia de fazer a charge. Então eu chegava à sala dos ilustradores: “Pelo amor de Deus, alguém resolve este problema?”. Eles se reuniam todos e faziam uma charge por ele. Pegavam coisa dele, recortavam. Ele fazia essas coisas, você ficava desesperado.

Noutro dia, estava eu no plantão e cadê o Glauco? Glauco não chega, Glauco não chega. Não tinha ilustrador para fazer a charge. De repente, vira o diagramador: – O Glauco está subindo aí.


Eu pensei: “Ah! Que alívio...”. Chega ele com dois seguranças da empresa: – Ó, ele diz que tem de fazer a charge de amanhã, mas olha a condição dele. Estava completamente bêbado. Mas fez a charge e tudo bem. Situação inusitada!

Dona Marta Nasceu, junto com Geraldão, no livro de estreia de seu criador, Minorias do Glauco. Bela, despudorada e da firma, Dona Marta sabe o que quer e deixa o machismo assustado. Foi inspirada em uma amiga do autor.


D Foi demitido e continuou trabalhando

Emilio Damiani No final de 1978, fui mandado embora da Folha de S.Paulo pelo editor porque fiz uma ilustração de que ele não gostou. Eu era estudante, fiz uma defesa meio explícita do voto nulo, e a Folha não admitia essa discussão – estava empenhada na candidatura do Fernando Henrique Cardoso a senador suplente do Franco Montoro. Ele me mandou embora e demitiu o Glauco também, no mesmo dia, porque ele tinha feito uma charge em que apareciam um operário e um patrão jogando xadrez e, quando o operário dava um xeque no patrão, ele chutava o tabuleiro e falava: “Xeque-mate!”. Não sei se houve alguma coisa além disso. Fui embora e só voltei em 1982, mas o Glauco continuou lá, ele se fez de desentendido. Depois eu

o encontrei em um bar, ele perguntou onde eu estava e disse que ninguém via mais meu trabalho. – Estou na Brasiliense, editora pequena, menor circulação. O Glauco respondeu: – Quem mandou? Você é orgulhoso: foi mandado embora e foi mesmo!


F Vitória do pingulim

Jair de Oliveira Glauco todo dia desenhava o Geraldão com o pingulim de fora. E ereto, duro. Mandava para a direção e eles diziam: tem de esconder o pingulim. Ele não fazia. Eu passava para um dos ilustradores: “Tem de pôr a tarja preta no pingulim”. No dia seguinte, mesma coisa. Chegou uma hora em que o diretor do jornal falou:

– Chega, vai! Deixa sair sem a tarja.

D Esgarçando a censura

Emilio Damiani Eu falava para todo mundo sobre o trabalho da Folha: ganha-se pouco, mas é muito divertido e estimulante, porque eles não regulam nada, não restringem nada. O Glauco é o grande responsável por isso, porque ele forçava a barra com o Geraldão. Ele desenhava da maneira como achava que tinha de ser, não se colocava nenhuma censura. Quer botar tarja, bota depois, mas eu não tenho nada a ver com isso. Isso acabava criando um clima, certa rédea frouxa para o trabalho dos ilustradores, que era tudo o que nós queríamos e de que precisávamos.


TIRANDO UM SARRO

D Henfil got Lucky

Nilson Azevedo Henfil estava tentando namorar Lucinha, a Luke Lucky, e um dia entraram no quarto e finalmente aconteceu a primeira conjunção carnal entre eles. Eu e Glauco ficamos estatelados no corredor diante da porta fechada, maravilhados com os risos e os gritos de prazer, que durariam horas. Pegamos nossos blocos e pincéis atômicos e nos danamos a fazer cartazes, que

Casal Neuras No ciúme e na traição, irritados e reconciliados, até que a morte os separe. Inspirada em um relacionamento de Glauco, a relação do Casal Neuras tropeça nos percalços da vida a dois e é recheada de Ricardões e amigas.

pregamos com durex na porta e nas paredes. Quando saíram, deram com os cartazes, em que estava escrito o título de filmes proibidos pela censura, tipo O Império dos Sentidos, Último Tango em Paris, Gritos e Sussurros, As Mil e Uma Noites, O Porteiro da Noite. E nós dois escondidos na sala até ouvirmos as gargalhadas.


D Passeio de camburão

Emilio Damiani Um dia ele foi preso na esquina do bar Avenida, na Avenida Pedroso de Morais, porque tinha um negocinho de cocaína no plástico do seu cigarro. O policial desceu, olhou, pediu documento, pôs o Glauco no camburão. Começou a rodar, começou a rodar, ficou rodando umas duas horas. Perguntei no que ele ficou pensando. – Não pensei em nada. Eu já estive em situação parecida e pensei em tudo; ele não pensou em nada. Ele era tão xarope que é capaz mesmo! Depois de um tempo, o cara parou o camburão, abriu a porta e falou assim para o Glauco:

– E você? É o quê? – Eu sou desenhista! – Desenhista nada! – Sou, sim! – Então está bom, desenha este cara aqui. O Glauco desenhou o ajudante do guarda, que morreu de rir. Os caras lhe deram uma carona e o deixaram na esquina do Avenida de novo. Quando eles estavam saindo, o Glauco ainda disse: – Vocês podiam devolver o meu... Pediu de volta! O cara falou: – Não folga, não folga!


NÃO QUERO REGRA NEM NADA

D Uma força da natureza

Toninho Mendes Foi na Circo Editorial, entre 1984 e 1995, meu maior período de convivência com o Glauco, quando editamos os dez primeiros números da revista Geraldão e os livros Geraldão Espocando a Cilibina e Abobrinhas da Brasilônia. Trabalhávamos na redação da editora, onde ele desenhava as histórias e resolvíamos o conteúdo da revista. Nesse ambiente foram produzidas as dez edições, que surgiram das histórias longas de seus personagens.

A proximidade no cotidiano permitiu que descobríssemos quanto tínhamos em comum e a grande afinidade em relação a regras estabelecidas: como não havia regras em nossa existência, nunca nos preocupamos em contrariá-las, mas por instinto e índole éramos do contra. Partilhávamos também de afinidades espirituais e de uma convicção natural no sobrenatural e nas realidades paralelas e invisíveis. Isso nos aproximou ainda mais nesse e nos outros universos que concebíamos. Assim como Van Gogh, Garrincha e John Lennon, o Glauco era uma força da natureza, um cometa que passou por aqui. E essa força da natureza, desconcertante e presente em todo o seu legado artístico e espiritual, permanece entre nós que por aqui ainda estamos.


F Existirmos, a que será que se destina?

Nilson Azevedo Seriam azuis os olhos verdes de Glauco? Era nostalgia do interior aquela doce melancolia? Seriam saudades da sua mãe, que ele admirava tanto? Glauco saiu do apartamento de Henfil. Depois saiu do Los Tres Amigos e saiu das drogas pelo santo-daime. Seu misticismo venceu o lado negro da força que fascinava Los Tres Amigos. Seu desenho continuou sempre em movimento, conseguindo o máximo de efeito com o mínimo de traços,

Faquinha Faquinha traz para as tiras de Glauco os temas do crime e da injustiça social. É um humor amargo. Abandonado, menor de idade, se rouba, consegue; se pede, é chutado. De Natal você ganhou o quê? Ele ganhou um tresoitão.

na charge, no cartum ou nas tirinhas. Como Picasso, Glauco criou uma perspectiva e uma anatomia próprias. Fico triste com a morte estúpida desse meu amigo tão doce. Lembro dos versos da “Cajuína”: “Existirmos, a que será que se destina...”. Mas depois fico pensando e rio sozinho ao imaginar o reencontro de Glauco com Henfil lá no céu, no mais puro estado de graça.


Geraldinho Criado para a Folhinha, suplemento infantil da Folha de S.Paulo, Geraldinho é uma versão mirim de Geraldão. Ele não gosta de banho, tem horror à escola, é vidrado em televisão e inferniza a ordem do lar na companhia do gato Tufinho e do cão Cachorrão. Apesar da fissura que, mais tarde, viria a sentir pela mãe, o menino nem quis saber do leite materno quando nasceu: queria mesmo era uma soda limonada. Refrigerante e sorvete – outro vício precoce – parecem ser portas de entrada para substâncias mais pesadas.


CHEFE ESPIRITUAL CARTUNISTA

A religião do santo-daime foi concebida por Raimundo Irineu Serra (1892-1971), o mestre Irineu, em 1912. Tem forte influência cristã, a presença de elementos indígenas e afro-brasileiros e uma doutrina rígida. Os rituais compreendem, além da ingestão do chá de ayahuasca – bebida ancestral com efeitos alucinógenos –, a música, com canto e bailado, e o uso de vestes específicas. Daime é corruptela do verbo dar no modo imperativo, comum nas exortações de fé a divindades: dai-me luz, dai-me amor. Daime designa a religião e a bebida. E elas estão amalgamadas, como unha e carne, noite e lua, daime e daime. Glauco fundou o Céu de Maria, espaço de culto ao santo-daime, em 1997. A igreja segue a tradição de mestre Irineu, assim como continuada por Sebastião Mota de Melo (1920-1990), o padrinho Sebastião. Por meio dessa religião, Glauco chegou a uma serenidade, a uma compreensão de si mesmo – palmilhou um caminho de luz.


F Saudade da Vida Eterna

Orlando Cardoso de Oliveira Um dia o Glauco me acordou para dizer que tinha sonhado com o número de um poste na Rua Barão de Limeira, quase em frente à Folha de S.Paulo, onde ele trabalhava. Ele me disse que não era bem um sonho, mas tinha saído do corpo enquanto dormia. Nesse dia, fui com ele até o lugar. Em frente ao poste havia uma fachada sendo reformada e, junto a ela, uma escada. Subi até o topo e lá estava o número... Fui teórico até esse dia. Dali para a frente, quis viver minha espiritualidade, já que era possível sair do corpo. Vivemos juntos até seu último dia. Nesse tempo, eu o vi tomar consciência da sua grandeza espiritual. Eu estava com ele quando, bebendo o chá de ayahuasca, percebeu que sua identidade seria revelada por

meio do ritual do santo-daime. Logo virou mestre, fundou igreja, criou comunidade – sem perder o humor, que sempre foi seu ganha-pão. Alegria de viver foi o que ele me ensinou. Saí do meu corpo algumas vezes e, mesmo assim, ainda não consigo ter a saudade que o Glauco tinha da vida eterna enquanto esteve entre nós.

Um cara do futuro

B

Beatriz Veniss Conheci o Glauco em março de 1995. Fui tomar daime na casa dele e a minha primeira impressão foi: esse cara é muito louco. Tinha gente de todos os tipos lá, de trombadinha a empresário. Quando acabou a sessão, eu entendi que ele era um cara do futuro, um visionário, dono de um coração enorme e de um profundo respeito pelo ser humano. Em junho do mesmo ano


nos casamos – e passamos 15 anos juntos, os melhores da minha vida. Glauco tinha uma mente supersofisticada – sempre acreditou em um mundo melhor – e usava as plantas de poder para expandir a consciência e obter conhecimento. Com certeza ele sabia de muita coisa, mas não gostava de dizer; tinha a sabedoria de não parecer sábio. E disso surgiu o chefe espiritual

Zé do Apocalipse O fim está próximo! A nave-mãe chega já, já! Ou não. A realidade teima em não seguir as profecias anunciadas por Zé do Apocalipse. Mas ele, parceiro de Nostravamus e cicerone dos alienígenas que visitam a Terra, não desiste.

cartunista, que dizia: “Deus é humorista. Olha cada figurinha que tem em cima da terra!”. Ele acreditava que a alegria era sempre o melhor remédio. Passou aqui na terra como um verdadeiro professor, ajudou muita gente e deixou uma obra artística com um estilo único, além de um legado de muito respeito, muita admiração, e uma saudade imensa.


D Apreciar a flor plantada em mim

Toninho Mendes Entre 1995 e 1998, Glauco e eu estivemos distantes, mas sempre muito próximos em outra dimensão. Quando voltamos a nos ver com frequência, na realização de uma série de desenhos para livros infantis, ele havia se encontrado com o santo-daime e, no santo-daime, encontrado um Glauco que ele próprio ainda desconhecia. Foi um encontro determinante. Nascido para viver sem amarras, pelo santo-daime ele foi conquistado, mas nunca domesticado. Glauco havia encontrado a consciência do amor no santo-daime e a consistência do amor quando conheceu Beatriz Veniss, a Bia, e com ela construiu o templo Céu de Maria – homenagem à Virgem Maria – e reconstruiu sua vida.

Foi no Pico do Jaraguá, onde se localiza o Céu de Maria – quando editamos quatro livros para a coleção da L&PM Pocket e a antologia de charges Política Zero para a editora Devir –, que tomei o chá e conheci o santo-daime, em junho de 2007. Servido no clássico copo de dose, o chá é ocre e tem um aspecto de água de enxurrada em rua de barro. Na boca, o gosto é amargo e cria uma gosma pegajosa na língua. Os participantes, ordenadamente e em fila, tomam a primeira “dose” do chá. O altar está localizado no centro do templo e à sua volta estão os músicos. Mulheres, todas de saia, do lado esquerdo (eu me encantei com algumas. O Glauco leu meus pensamentos e disse: “Meu, tem cada princesinha! Mas aprendi a ficar na minha!”).


Homens do lado direito. Tem início o ritual. A música, os cantos e o chá suavemente se espalham pela corrente sanguínea. Alcançam o coração, o cérebro, a alma e o espírito. E se abre um dos muitos caminhos que estabelecem a relação com a divindade e as realidades invisíveis, paralelas e sobrenaturais. Ouvir o Glauco tocar acordeom e seu filho Raoni tocar violão era uma sensação sublime. A canção ecoa pela noite: Eu vou plantar no meu jardim A semente do perdão Rainha me ensina A caminhar em seu jardim Para apreciar a flor Que plantaste em mim Então, conheci as mirações. A boca da cobra se abrindo e outra cobra saindo da boca da cobra. Da boca da outra cobra sai um lagarto avermelhado e de sua boca uma revoada de borboletas. E das asas das borboletas outras cobras. Cobras com desenhos geométricos vermelhos, pretos, verdes e amarelos brilhantes surgindo no meio do céu e tão compridas quanto a cauda de

um cometa. Por dentro da cobra, como Jonas dentro da baleia, um quadriculado gigantesco de cubos multicoloridos e sobrepostos. Dentro de um dos cubos, uma colmeia com centenas de cores. Com o daime, a intensidade, o brilho e a transparência das cores são de outra dimensão. Miração é o nome dado a essa sensação visual, física, espiritual e transcendental de perceber-se nas realidades paralelas, invisíveis e sobrenaturais. Há uma guerra nessa dimensão na qual se localiza o plano espiritual. O santo-daime é o processo de formação de um exército das forças do lado iluminado, claro, mágico e inocente. Por ser uma corrente religiosa muito nova – tem menos de cem anos –, traz uma força ainda desconhecida dos inimigos, com suas esquadrilhas de beijaflores, sua infantaria de cobras e sua cavalaria de camaleões. Desprovido de qualquer raciocínio dotado de razão e lógica, para mim é claro e transparente que o daime é uma das diversas formas que Deus criou para se apresentar aos homens.


No Céu de Maria existe um ponto de força da natureza, e o santo-daime é a senha para que o mais simples e comum dos mortais possa, à sua maneira, acessar Deus, independentemente do que isso signifique para o representante de uma espécie que se deu ao luxo de pensar, imaginar, descobrir ou inventar um Deus.

Ozetês Esses personagens são parte da última fase de Glauco. As cores mudam, há uma economia maior nas ações de quadro a quadro. Não tema! Ozetês não planejam a dominação dos terráqueos: preferem ficar chapados.

Até março de 2010, tomei o chá 17 vezes com Glauco. É divina a Virgem Maria: útero da monumental corrente de fé que se inicia com seu filho, não para de se multiplicar e está presente no Céu de Maria.


criação

NADA É MAIS DIRETO QUE UM ESTILO PRÓPRIO Na primeira metade dos anos 1990, meu avô fazia a assinatura de um jornal local que, como a maioria dos jornais da época, trazia meia página repleta de tirinhas. A coluna de tiras era basicamente tudo o que eu lia no periódico, e minhas séries favoritas eram recortadas e guardadas. Entre as tiras colecionadas diariamente estava Geraldão, estrelada pelo personagem mais icônico de Glauco Vilas Boas. Um dos muitos cartunistas de sua geração influenciados pelo “traço caligráfico” de Henfil, algo evidente na simplificação dos cenários e no desenho cinético dos personagens, o tímido Glauco desenvolveu, é claro, um traço próprio. E pessoal. E ansioso. E incontido. E cativante. Um estilo que reforça uma das convenções das tiras e das HQs: a ilusão de movimento que se tem na passagem de um quadro a outro. Afinal, nos desenhos de Glauco, essa sensação costuma ser incessante, com braços e pernas de personagens se multiplicando num mesmo quadro. Seriam imagens em si absurdas, pois humanos não têm três ou quatro pernas, braços e outros membros. Mas, na verdade, o que Glauco nos traz com sua brincadeira visual é um desenho poderosamente comunicativo. Um desenho sempre em movimento. Um desenho que está vivo.

Wellington Srbek é autor e pesquisador de quadrinhos, graduado em história e doutor em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


Em fins dos anos 1970, saltava aos olhos a influência de Henfil nos trabalhos de Glauco. Personagens inquietos, de pernas finas, dedos espetados, olhos e bocas em aberto. Figuras rascunhadas num acaso bastante estudado, sempre em busca da comunicação direta com o público.


Quem vê as premiadas HQs do primeiro Glauco vê obras de um teor político explícito, de um traço veloz e até mesmo feroz. Eram tempos de ditadura, e o desenho do cartunista refletia aquela atmosfera pesada. Ainda assim, já era um desenho que mostrava querer respirar.

Foi nos anos 1980 que Glauco encontrou seu traço próprio, quando o país começava a experimentar ares mais livres e leves. Continuava presente a crítica política, especialmente nas charges. Mas seria nas tiras, com a crônica de costumes, que Glauco se sentiria realmente em casa.


Não é comum um personagem passar peladão pela tirinha, com bebidas nas mãos, cigarros na boca e seringas espetadas no corpo. Nem ter diálogos sexuais com uma boneca inflável ou com sua mãe. Mas foi assim, num traço de cartum cativante, que Glauco e Geraldão desafiaram tabus.

Embora não seja em nada mítico como um deus hindu, nem idealizado como o Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, o Geraldão de Glauco também surge com múltiplos braços e pernas. Uma síntese visual, símbolo da pressa, da ansiedade, da fome de vida, a nos lembrar que o tempo não para.


Com seu estilo dinâmico, inventado para a impressão em P&B, Glauco nem sempre ligava todos os pontos; geralmente não traçava por inteiro linhas de contorno. Quando se trata de um desenho que não se contém, preencher com cores pode ser um desafio e tanto.


Dar cor a uma tira de Glauco não é só o trabalho técnico de selecionar áreas para ser coloridas. É, antes, a escolha de tons que acompanhem o estilo. Tons que podem tanto ser leves quanto berrantes, combinando com a fluidez do traço ou com a força cinética do desenho.



Os balões de fala e pensamento dizem muito sobre personagens e seus criadores. Mas nada nos fala mais diretamente que um estilo próprio. Como o de Glauco, com seus pequenos personagens cartunísticos de braços e pernas multiplicados, marca registrada do autor.


perdetempo

ESPOCANDO A CILIBINA8 NO DADINHO


Instruções Para jogar, primeiramente entre na banheira, pegue um hot dog, ligue a TV e não se esqueça de arranjar um dado (baratinho, pô!). O objetivo é terminar o percurso antes do adversário (óbvio). Indicado para casais neuróticos, roqueiros doidões, profetas equivocados, taradões, taradonas, alienígenas e desocupados em geral. Este jogo foi feito pela equipe do Itaú Cultural, inspirada no humor de Glauco e nos passatempos da revista Geraldão. Não conhece o que é “espocar a cilibina”? É estuporar a piririca. É escumelhar o bimbo. Sacou? Esclarecido o mistério!


Arrumou um emprego no Diário da Manhã, em Ribeirão Preto. Ganhe R$ 100 por turno (mas não é a gente que vai pagar, não!).

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Opa!

Venceu o jogo! Tá espocado!

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Ganhou o Salão Internacional de Humor de Piracicaba tirando sarro da ditadura. Ande duas casas para pegar o troféu!

8 Tomou um chute de um censor desempregado. Volte uma casa.

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Sua esposa disse que o Ricardão vem hoje estudar com ela. Anda duas casas ou fica nesta mesmo para ver como é que vai ser esse estudo?


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Tá demorando muito esse Apocalipse. Perca uma rodada e vá comprar uma pipoca.

Começou a trabalhar na Folha. Descobriu que seu nariz é dois centímetros maior que o do Angeli.

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O Apocalipse vem aí! Em uma casinha ou duas, certeza!

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Soda cáustica, querosene e azeite. Será que dá barato? Ande uma casa.

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Vá para a casa laranja do tabuleiro.

13 * Não sabe o que “bateu”? Essa foi da boa mesmo! Veja a casa anterior.


Foi demitido da Folha. Não dê bola para o chefe e continue aparecendo na redação.

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É hoje que eles não escapam, Dona Marta! Perca uma rodada engatilhando o decote.

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28 Você foi levado pela ditadura para um passeio de camburão. Volte três casas, faça um desenho dos policiais e ande três casas.

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25 Não conseguiu entregar a tirinha de hoje. Veja se alguém completa um esboço por você e ande uma casa.

Passe esse jogo para um amigo e diga que é coisa séria.

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Encontro com o daime e o Céu de Maria. Não precisa mais ganhar jogo nenhum.

35 Você foi abduzido! E Ozêtes nem lhe deram um chopinho. Volte três casas.

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Lançamento da revista Geraldão. Comemore correndo cinco casas sem sair deste quadrinho.

Laerton y Angel Villa armaran una emboscada para Glauquito! Pero él no aparició en la huera marcada.




ficha técnica Pesquisa, concepção, curadoria e realização Itaú Cultural Produção executiva Jahitza Balaniuk, Ricardo Tayra e Simoni Barbiellini Projeto expográfico Thereza Faria ITAÚ CULTURAL Presidente Milú Villela
 Diretor-superintendente Eduardo Saron Superintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki NÚCLEO DE AUDIOVISUAL E LITERATURA Gerência Claudiney Ferreira
 Coordenação de conteúdo audiovisual Kety Fernandes Nassar
 Produção audiovisual Jahitza Balaniuk e Ricardo Tayra Roteiro, captação e edição Richner Allan Técnicos de som Raquel Vieira e Tomás Franco (terceirizado) Captação de imagens André Seiti NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO Gerência Ana de Fátima Sousa
 Coordenação de conteúdo Carlos Costa
 Produção e edição de conteúdo Duanne Ribeiro e Thiago Rosenberg Redes sociais Renato Corch
 Supervisão de revisão Polyana Lima Revisão de texto Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas) Coordenação de design Jader Rosa Produção editorial Bruna Guerreiro Produção gráfica Lilia Góes e Toninho Amorim Comunicação visual Guilherme Ferreira, Liane Iwahashi, Yoshiharu Arakaki e Lilian Mitsunaga (criação de tipografia/ terceirizada) Coordenação de eventos e comunicação estratégica Melissa Contessoto Produção e relacionamento Vanessa Golau Olvera NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE EVENTOS
 Gerência Henrique Idoeta Soares

Coordenação Edvaldo Inácio Silva e Vinícius Ramos
 Produção Carmen Fajardo, Daniel Suares (terceirizado), Érica Pedrosa, Fernanda Carnaúba (terceirizada) e Wanderley Bispo NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTO
 Gerência Valéria Toloi
 Coordenação de atendimento educativo Tatiana Prado Equipe Amanda Freitas, Caroline Faro, Danilo Fox, Thays Heleno, Victor Soriano e Vinicius Magnun Estagiários Alan Ximendes, Bianca Ferreira, Breno Gomes, Camille Andrea de Carvalho, Edson Bismark, Giovani Monaco, Giovanna Nardini, Graziele de Almeida, Kleithon Barros, Leandro Lima, Lennin de Almeida, Letícia Sato, Lidiany Shuede, Lucas Albuquerque, Lucas Balioes, Marcus Ecclissi, Maria Luiza Kazi, Marina Moço, Mayra Rocha, Paloma Rodrigues, Pamela Mezadi, Rafael Freire, Renan Ortega, Sara Barbosa, Sidnei Santos, Silas de Almeida, Thomas Angelo, Vitor Rosa e William Miranda Coordenação de programas de formação Samara Ferreira Educadores Carla Léllis, Claudia Malaco, Edinho dos Santos, Josiane Cavalcanti, Lucas Takahaschi, Luisa Saavedra, Malu Ramirez, Raphael Giannini, Thiago Borazanian e Viny Rodrigues Agradecimentos Alexandre Pastore Jr., Angeli, Beatriz Veniss, Carlos Aparício Clemente, Carolina Guaycuru, César Augusto Vilas Boas (Pelicano), Clint Bernardes, Companhia das Letras, Cristiane Alves, Emilio Damiani, Érica Ornellas, Ipojucã Vilas Boas, Jair de Oliveira, Mariza Dias Costa, Laerte, Leonardo Christo, Nilson Azevedo, Orlando Cardoso de Oliveira, Otávio Frias Filho, Polyana Vilas Boas e Toninho Mendes


EXPEDIENTE Coordenação editorial Carlos Costa Edição Duanne Ribeiro Conselho editorial Ana de Fátima Sousa, Claudiney Ferreira, Jahitza Balaniuk, Kety Fernandes Nassar, Melissa Contessoto, Ricardo Tayra, Simoni Barbiellini, Vanessa Golau Olvera e Thiago Rosenberg Coordenação de design Jader Rosa Projeto gráfico e diagramação Guilherme Ferreira e Liane Iwahashi Produção editorial Bruna Guerreiro Supervisão de revisão Polyana Lima Revisão Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas) Colaboraram nesta publicação César Augusto Vilas Boas (Pelicano), Beatriz Veniss, José Hamilton Ribeiro, Nilson Azevedo, Emilio Damiani, Jair de Oliveira, Orlando Cardoso de Oliveira, Toninho Mendes e Wellington Srbek Colaboraram no jogo Espocando a Cilibina no Dadinho Edvaldo Santos, Luisa Saavedra, Samara Ferreira e Thiago Borazanian


Ocupação Glauco abertura sábado 9 de julho de 2016 | 11h visitação sábado 9 de julho a domingo 21 de agosto de 2016 terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] sábado, domingo e feriado 11h às 20h piso térreo

entrada gratuita

#ocupacao #glauco

avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô] itaucultural.org.br atendimento@itaucultural.org.br fone 11 2168 1777

Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoas. Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 121335 – Vencimento: 1/9/2017.



Centro de Memória, Documentação e Referência – Itaú Cultural

Ocupação Glauco / organização Itaú Cultural. - São Paulo : Itaú Cultural, 2016. 48 p. : il.

ISBN 978-85-7979-084-3

1. Glauco. 2. Desenho. 3. História em quadrinhos. 4. Artes visuais. 5. Religião. 6. Cartunista. 7. Exposição de arte – catálogo. I. Instituto Itaú Cultural. II. Título. CDD 741.5




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