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MARKETING DA FÉ
XII DOZE
MARKETING DA FÉ
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É preciso distinguir e compreender bem o verdadeiro signifi cado e sentido da palavra fé. A primeira ideia que nos vem à mente é a de crença. Crer, acreditar, ter por certo. Crença no sentido religioso, ter confi ança, dar crédito. Outro conceito apresentado por dicionários é o de fi rmeza, pontualidade, fi delidade ao cumprimento de um compromisso ou realização de uma promessa.
Na concepção religiosa é a primeira virtude teologal, que é representada através da cruz. É, ainda, referida como testemunho autêntico dado pela palavra falada ou escrita e, em certos casos, confi rmado com a própria vida. A bíblica revela como a resposta do homem ao plano e a vontade de Deus, inserido na caminhada histórica e sagrada da salvação da humanidade, em seu processo de resgate. Nesse sentido ela toma a conotação de fonte primeira donde brota e jorra a vida religiosa e, ao mesmo tempo, torna-se o epicentro da religiosidade humana.
Embora tenha, em sua origem, alguma variedade, desde a língua hebraica, onde se apresenta oriunda de, no mínimo, duas raízes, a fé como virtude requer de si, a atitude defi nida e clara daquele que crê, independente da compreensão ou não do objeto.
Uma das primeiras fontes de origem dessa palavra é a expressão, da língua dos hebreus, aman (amém) que se expressa como a fi rmeza, a solidez e a certeza. Na mesma linha, outro vocábulo que, também, lhe dá origem é o batah, que denota a ideia de segurança e confi ança. Embora haja variedade e complexidade na origem do termo que se refere à fé a atitude do crente deve ser autêntica, pura, simples e defi nitiva. A Sagrada Escritura mostra isso quando usa as expressões “fi el” e “fi delidade”, no sentido de que há um compromisso de confi ança e um engajamento totalitário do homem em relação a Deus. Além disso, subentende-se que haja um comprometimento intelectual, no qual o raciocínio utiliza-se de palavras, expressões, gestos e atitudes concretas para manifestar sua aceitação e concordância com tudo. Mesmo se isto fugir e estiver além dos sentidos e do conhecimento sensível.
Assim, conhecida, concebida e compreendida a fé como de
fato é, então poderá o homem começar praticá-la, longe da superstição, de falsas crenças, que lhes são impingidas por indivíduos que se auto denominam proprietários dos poderes divinos e que pretendem escravizar seres humanos para sua própria satisfação pessoal e monetária, com interesses escusos. E, com isso, usam a simplicidade, ingenuidade e ignorância de alguns pseudos crentes que, ao se aventurarem em busca da verdade, encontram pelo caminho os mercadores da fé e lhes dão tudo o que têm em troca de ilusões.
A fé é propriedade exclusiva e particular de toda pessoa criada por Deus como indivíduo. Ela é manifestada individualmente pela pessoa que crê, sem nenhuma restrição ou controle externo e pode ser demostrada coletivamente, desde que haja permissão, liberdade e iniciativa da pessoa em sua privacidade. O compromisso é pessoal. Ninguém pode assumir a responsabilidade da crença em nome de outrem. E ninguém pode determinar que as outras pessoas acreditem da mesma forma que ele ou ela creem. Ninguém tem o domínio sobre a fé dos outros senão, unicamente, Deus.
A fé não pode ser manipulada e comercializada, como um produto ou objeto a ser vendido. Vê-se, por aí, propaganda em rádio, televisão e jornais, evidentemente pagas, fazendo o marketing da fé. Existem pessoas enriquecendo materialmente à custa de crenças e crendices dos que não tiveram acesso à verdadeira e completa formação intelectual. Isso é um absurdo. Ainda bem que existe inferno para que os “comerciantes” da ingenuidade do povo possam se estabelecer um dia, no lugar que lhes é devido. E, por outro lado, fi ca a consolação de que toda pessoa simples, ingênua, humilde e de boa vontade, será perdoada e terá um bom lugar nas “muitas moradas que existem na casa do Pai”.