H.M. Ward - O Arranjo - Parte - 19

Page 1


Capítulo 1 O tempo para quando nuvens de fumaça derivam em nossa direção em câmera lenta. Cinzas flutuam pelo ar, pousando sobre os meus ombros como flocos de neve enegrecidos. Instintivamente, jogamos nossos capacetes no chão, derramando o peso morto com o que está por vir. Meu coração acelera no meu peito, porque eu sei o que vai acontecer. Sean vai correr de volta para dentro. Não há nenhuma maneira que ele saia sabendo que sua mãe ainda está dentro da mansão. Antes que ele tenha a chance, meus pés estão se movendo, ganhando força rapidamente. Meus braços balançam pelos meus lados, cotovelos dobrados firmemente contra minhas costelas, conforme eu concentro a última gota de velocidade que posso reunir. Eu me afasto de Sean, correndo em direção ao gramado lateral que envolve ao redor da sala onde Constance toma seu café da manhã. Ela tem que estar naquela sala de vidro. Quando a bomba explodiu, ouvi o estilhaçar de vidro, uma explosão de sinos de vento atingindo o cimento. Não há nenhuma maneira que ela esteja viva, mas por amor à Sean, eu espero que ela esteja. — Avery! Pare!


A voz de Sean ressoa atrás de mim, mas eu não consigo parar. Eu não respondo. Meus pés movimentam, batendo na grama mais e mais rápido. Eu atinjo um pedaço que é muito liso. Meu pé desliza para o lado e antes que eu possa me firmar, eu caio no chão, sendo pega por trás. Eu deslizo na grama úmida e paro abruptamente. — Pare! Apenas, pare. Sean rola-me e eu quero chorar, vendo seu belo rosto contorcido de medo. Terror escoa por aqueles olhos azuis sensuais. Seus cílios escuros vibram quando ele me prende, pressionando meu corpo no chão debaixo dele. Ele suga o ar, tentando recuperar o fôlego. Naquele momento, eu estou ciente de pequenas coisas - a maneira como uma gota de suor rola de sua têmpora e cai, atingindo minha pele como uma granada. Sua respiração está quente e perfeita, saindo em sopros rápidos enquanto seu peito se expande contra mim. Suas mãos são ásperas, e há um corte na palma que cobre seus dedos com sangue vermelho escuro. Ele parece não notar o ferimento. Sean coloca suas mãos contra o meu rosto, segurando-me. Seus lábios se abrem como se quisesse falar, mas não sai nada. Ele está olhando para mim como se eu fosse sua alma e ele


está prestes a perdê-la. Suas mãos deslizam sobre minhas bochechas, tremendo antes de respirar fundo e pressionar a testa contra a minha. — Avery, eu não posso te perder. Não. . — Sua voz é muito clara, muito alta. O som é cortado. Sean pisca, e é fácil ver como seus olhos se tornam vítreos. Meu lábio treme quando jogo meus braços em volta dele. — Eu não posso perdê-lo também. Você não pode correr para dentro. Sean, se algo acontecesse com você. A culpa é minha. Eu. . Mas ele não me deixa terminar. Ele abaixa a cabeça e pressiona um beijo suave nos meus lábios. Quando ele se afasta, o tremor diminuiu. A sensação constante de suas mãos retorna e eu sei que ele está controlando todas as emoções que giram e banindo-as para que ele possa passar por este momento. Ele está em modo de sobrevivência, e eu sei que ele tem que fazer isso, mas toda vez que ele volta para aquele lugar dentro de si mesmo, corre o risco de nunca retornar. Eu não posso imaginar uma vida sem emoção, sem sentimento. Não importa o quanto eu tente desligar meus sentimentos do meu corpo, não consigo. Eles vêm correndo para a superfície nos piores momentos.


Como agora. Eu puxo Sean para um abraço apertado e beijo seu rosto. O suor se apega a sua pele encardida conforme a nuvem de poeira assenta sobre o gramado. Eu me afasto e olho para ele. — Prometa que você voltará. Prometa-me. — Eu engulo em seco, esperando por uma resposta. Os olhos safira de Sean travam com os meus. Profundamente, dentro daquelas puras órbitas azuis, as promessas se misturam com a dor. A escuridão está à espreita, pronta para reivindicálo. Ele não pode lutar mais. É hora de escolher entre salvar Sean de seus demônios e se tornar um monstro para salvar sua família. Eu sei a sua escolha. Ele se afasta do gramado com sua expressão endurecida e eu não consigo mais lê-lo. Sua voz é profunda e perigosa. Ele aponta para o outro lado da garagem. — Há um carro no galpão de jardinagem naquela estrada. Eu posso vê-lo daqui. Eles o esqueceram. Leve o carro até Trystan e permaneça com ele até que eu volte. — A maneira como ele diz é definitiva. Não há outra escolha. Ele não me deixará ir com ele. Quando não sigo sua ordem para ir embora, raiva brilha através de seus olhos. — Avery, eu disse vá! Engolindo em seco, cruzo os braços sobre o peito e seguro seu


olhar. — Não. Eu vou ficar com você. Eu não vou deixar você aqui, e você está desperdiçando um tempo precioso discutindo comigo. — Você não pode ficar aqui. Se Vic Jr. aparecer. . — Se ele aparecer, vou matá-lo eu mesma. — Uau, isso soou assustador. Quando me tornei uma fodona? O tom da minha voz faz Sean levantar uma sobrancelha. — Eu não o deixarei machucá-la. — Então, não me despache sozinha. Sean, venha comigo. — Eu procuro sua mão, mas ele se afasta. — Eu tenho que tirar minha mãe de lá. — Ele me observa por um momento, antes de pegar meu pulso. — Fique para trás. Não corra na minha frente ou você terá uma bala na sua bunda. Você entendeu? Eu vou atirar em você eu mesmo se continuar a correr para dentro. Não se afaste novamente. Entendido? Enquanto ele fala, meu estômago embrulha e os pelos na minha nuca levantam. Ele quer dizer cada palavra.


Capítulo 2 Concordo uma vez e olho para trás em direção a casa. Não houve um som desde a última explosão, o que é estranho. Veículos de resgate deveriam estar rasgando o nascer do sol com sirenes barulhentas, mas está tranquilo. Sean lidera o caminho em direção à parte de trás da casa, passando por cima de pedaços de parede, vigas e o que parece ser um pedaço da porta da frente. A madeira lascada está queimando, enviando um feixe de fumaça negra repugnante. O cheiro me faz engasgar quando passamos. Sean, de repente, tira sua camisa e a rasga em duas, então entrega um pedaço para mim. — Amarre-a e certifique-se de cobrir o nariz e a boca, há muita fumaça e cinzas no ar. Se ficar demais, diga-me e vamos voltar. — Ele olha por cima do ombro para mim e eu sei que ele não quer fazer isso. Se vamos voltar para esta casa, é possível que nenhum de nós vá sair. Eu faço o que ele diz, pego o pedaço de tecido rasgado e o amarro atrás da minha cabeça, ajustando a frente para cobrir meu rosto logo abaixo dos meus olhos. Sean se vira, certificando-se de que eu fiz como ele queria. Um riso me escapa quando vejo seus belos olhos azuis perscrutando por


cima do tecido. — Você está rindo? — Ele parece surpreso. Afasto o sorriso do meu rosto, mas ele volta novamente. Eu dou de ombros. — Eu sou uma lunática emocional. Eu não posso ser responsável por minhas risadas. Além disso, se eu não rir agora, irei chorar. — Sean revira os olhos e está prestes a voltar para a casa esfumaçada quando eu pego seu braço. — Ei. Não faça isso comigo. Você lida com o estresse do seu jeito e eu lido do meu. Se eu pensar que deveríamos roubar um banco e montando em cavalos me ajuda, então me deixe. Fico na ponta dos pés bem na frente do seu rosto e repreendendo-o seriamente quando falo. Eu não consigo ver nada além dos seus olhos, que parecem irritados. Fico ali até que ele ri e eu recuo. Sean pigarreia. — Eu amo você. Seja a lunática que é. Abrace com orgulho sua esquisitice, Avery. Essa é uma das razões pelas quais eu amo você. Só estou preocupado que esteja muito atrasado. Mamãe não deveria estar aqui. — Sean se vira para olhar a casa. Seus olhos examinam as árvores alinhadas que rodeiam a propriedade. Seus olhos param e estreitam, observando um único ponto atentamente como se ele visse algo.


Eu agarro seu antebraço e puxo. Os olhos de Sean voltam para mim. — Obrigada, parceiro. — Eu inclino meu chapéu de cowboy imaginário em direção a ele. Eu juro que ouço uma risadinha vindo da sua máscara e sei que ele sorri, porque os cantos dos seus olhos enrugam. Eu amo fazê-lo sorrir. Ele pega a minha mão. — Vamos entrar antes que outra bomba exploda. Deveria ter mais uma, de acordo com Masterson. Deveria ter explodido já. — Talvez tenha falhado? — Isso pode acontecer? — Possivelmente, mas não podemos arriscar nos demorando aqui. É possível que o bastardo fraudasse a bomba final para explodir quando os médicos aparecessem. Isso iria matar todos os sobreviventes e assegurar o controle do Vic. Além disso. . — Sua voz soa fria e sem vida, o Sean que eu conheci antes de tudo isso começar. — . .É o que eu faria se tivesse que eliminar uma família inteira de uma só vez. Meu estômago vira em resposta ao ouvi-lo admitir isso. Ele não é mais o Sean tímido que se esconde por trás daqueles


cílios escuros. Aquele homem se foi para muito longe e no seu lugar está um ser mais monstro do que homem. Mata-me ouvi-lo falar assim. Eu preciso nos tirar desta situação e levá-lo para longe daqui. Havia uma boa razão para Sean estar na costa oposta, uma boa razão para suas estadias em Nova Iorque serem curtas: ele estava evitando perder mais de si mesmo. Cada minuto que ele permanece aqui, outro pedaço da sua alma some, perdido para sempre. Nada que posso fazer mudará isso. Sean negociaria sua vida para salvar sua mãe, embora ela não mereça isso. Parte de mim espera entrar no solário e vê-la de pé naquele roupão vermelho-sangue sem um arranhão entre os escombros, e ainda perfeitamente alinhada e intocada, com uma xícara de chá na mão. Se ela tiver alguma coisa a ver com isso, vou estrangulá-la eu mesma. Sean se vira e se dirige para o solário. Movemo-nos sorrateiramente ao redor da propriedade, permanecendo nos jardins que estão perto da casa, mas não tão perto que poderíamos torrar se outra bomba explodir. As sombras das primeiras horas se estendem através do gramado, protegendo-nos. A luz suave nos deixa mais difícil de ver, mas também mascara qualquer outra pessoa que possa


estar lá fora. Eu continuo examinando as árvores, procurando o homem que fez isso - à procura de um irmão que eu nunca soube que existia. Quando era mais nova, eu teria ficado emocionada ao descobrir que tinha um irmão. Eu sempre quis alguém para brincar, mas meus pais nunca tiveram outro filho. Saber que meu pai não era meu pai foi difícil, mas descobrir que meu verdadeiro pai era um assassino e meu novo irmão é muito mau - bem, é uma merda. Eu quero um ressarcimento. Eu não pedi esta vida. Isso irá me modificar. Não tem como evitar isso. Tive aulas suficientes para saber o que acontece com uma pessoa quando o seu passado é arrancado e substituído por um que ele não quer, cheio de pessoas que não quer conhecer.

Embora eu não tenha aceitado ENTÃO SEU PAI DE VERDADE É REALMENTE UM

ASSASSINO 101, eu sei que vou lutar uma batalha emocional que não posso ganhar. Não importa o que, sangue é sangue. Meu pai era um assassino distorcido e meu irmão é tão ruim quanto. Entramos em uma clareira e a visão do grande solário me tira


dos meus pensamentos. Está rachado como um ovo com muita fumaça saindo dos restos do telhado. Metal retorcido pende do topo da cúpula, balançando pedaços de vidro quebrado ainda agarrados desesperadamente na moldura. A cada segundo, o silêncio mortal rompe com sons de fogo crepitante, quebra de vidro, barulho de metal. Entre esses sons não é nada além do silêncio. Sean não para no limiar torcido. Em vez disso, ele abaixa através do metal dobrado e enegrecido e caminha para dentro. — Mãe! Onde você está? — Ele grita, mas não há resposta. Meu coração bate em meus ouvidos quando Sean solta minha mão. Ele dá um passo para a frente, triturando vidro sob seus pés. Ele levanta folhas de palmeiras queimadas e grandes pedaços de vasos quebrados, fazendo um caminho para o outro lado da sala. A parte do solário anexo a casa ainda está de pé com o telhado de vidro intacto. Se ele puder chegar até lá, consegue ver o local onde sua mãe habitualmente toma o café da manhã todos os dias. Eu fico pensando no que ele disse. Ela não deveria estar aqui. Imagens surgem na minha mente de uma jovem Constance criando três meninos. Eu me pergunto se Sean brincou aqui quando criança. Gostaria de saber se, conforme ele pisa e ouve a quebra de vidros sob seus pés, uma lembrança de sua


infância despedaça. Eu olho ao redor da sala e tento não engasgar. Cinzas estão flutuando através do ar, tornando-o difícil de enxergar. Eu ando com cuidado, olhando em volta enquanto o faço, na esperança de qualquer sinal de sua mãe. Sean continua a limpar o caminho para a mesa de bistrô, do outro lado da sala. Eu permaneço atrás dele, observando os escombros em busca de sinais de vida. — Constance? Você está aqui? — Eu grito, esperando por uma resposta, mas ninguém responde. Sean se inclina e levanta um feixe que já foi parte da viga. Os músculos do seu pescoço são como uma corda apertada, enquanto ele tenta movê-lo. Ele olha para mim e puxa para baixo sua máscara. — Eu não consigo passar. — Sean, ela não está aqui. — Eu não quero dizer isso, mas não há nenhuma indicação de que Constance estava aqui, além dos ruídos no telefone. — Talvez ela estivesse lá dentro? Talvez foi ela a pessoa que fez isso. Eu penso isso, mas não posso dizer. Ainda não.


— Não, a voz dela. . — Diz ele, balançando a cabeça. — Ela estava aqui. O vidro e a forma como o som veio através do fone de ouvido. Ela tinha que estar nesta sala. Havia muito vidro. Ele fecha os olhos por um segundo, então inclina a cabeça para trás e olha para o céu, antes de limpar o suor do rosto. Seu peito está brilhando com um brilho fino de suor. Está incrivelmente quente aqui. Há pequenas fogueiras queimando tudo à nossa volta, principalmente nos pequenos montes onde eu assumo que as plantas de Constance pegaram fogo. Sean coloca as mãos em seus quadris e olha para mim. Seu estômago está trincado, tenso, e pronto para fazer o que for necessário. Eu consigo caminhar até ele e coloco uma mão em seu braço. — Sean, ela não está aqui. — Ela tem que estar. Ela não teria. . — Sean balança a cabeça quando suas palavras morrem na boca. Ele aperta o maxilar e parece que está prestes a gritar quando nós dois ouvimos um som fraco. Viramos em direção ao barulho e depois olhamos de volta um para o outro. — Você ouviu isso? Sean concorda e coloca um dedo sobre os lábios. Ele espera e


nós o ouvimos novamente. Parece que alguém está chorando, baixinho, com voz fraca. Sean se agacha, perscrutando entre os escombros. Eu o copio e faço a varredura da sala. Que é quando eu vejo - uma xícara de chá quebrada nos escombros. A alça está ausente, mas a base está intacta. Eu endureço quando meus olhos notam a outra parte. — Sean. — Eu aperto seu braço nu e agacho em direção a ela. — Aquilo é? Isso é? Sean está imóvel. Eu não sei se ele não vê ou não consegue acreditar no que está vendo. Alguns metros a nossa frente, escondida entre fragmentos de cerâmica e sob um painel de vidro caído, está a alça da xícara, com um único dedo ao redor dela. O dedo é fino e feminino com a unha pintada de vermelho sangue. Eu suspiro e olho, enquanto meu estômago revira, ameaçando vomitar qualquer conteúdo no chão. Isso não está acontecendo. Isso não pode estar. Tremendo, eu examino a sala procurando o resto do corpo. Sean ainda não se moveu; seus olhos estão bloqueados em um ponto a minha esquerda, não muito longe da primeira peça da xícara de chá. Sob uma viga de metal maciço, que uma vez


pertenceu a uma estrutura e agora descansa inutilmente no chão, está um braço pálido. Sangue cobre a palma, reunindo no centro como uma pedra líquida preciosa. — Mãe. — Ele diz a palavra como se estivesse conjurando um fantasma e corre em sua direção. Sean toca o braço da sua mãe, dizendo que ela vai ficar bem, enquanto eu observo aterrorizada. O corpo de Constance está sob essa viga. As únicas partes que deslizam para fora são o antebraço e punho. Sean tenta empurrar a viga de cima dela, mas não se move. Ele tenta de novo e de novo para fazê-la se mover, mas não existe nenhum jeito de mover isso sem um guindaste. Ele lhe diz novamente. — Eu vou tirar você. Você vai ficar bem. — Sean empurra seu ombro no metal e tenta levantá-lo novamente. Ele range os dentes e veias surgem em todo o seu pescoço e peito quando ele o faz. A viga começa a mover. Saindo do meu choque, eu caio de joelhos e pego sua mão mole. — Constance! Eu vou puxá-la para fora! Aguente! O rosto de Sean está pingando suor. Seu corpo está tenso e tremendo, enquanto ele tenta levantar a viga, mas ele o faz. Cada músculo em seu corpo treme quando ele consegue levantá-la do chão.


Eu não hesito. Eu agarro o pulso de Constance e puxo. A abertura é pequena, mas oferece o suficiente para tirá-la. Sean grita de dor enquanto tenta segurar a viga por mais um segundo. Eu puxo o braço dela esperando que ela se mova, mas não o faz. A viga deve estar em seu ombro ou algo assim, porque é preciso muito mais força para fazê-la se mover. Lágrimas ardem meus olhos, e eu tento afastá-las, mas apenas embaça minha visão. O grito de Sean faz me esforçar mais. Eu afundo em meus calcanhares e me inclino para trás, dando-lhe tudo. Quebrando ombro ou não, não há nenhuma maneira que ela possa ficar presa. Quando a viga levanta aquela parte, o braço dela se liberta. Eu caio de costas à espera de ver uma amarrotada Constance Ferro no chão na minha frente, com o rosto ensanguentado e vestido rasgado. Espero ossos quebrados e um rosto que vai precisar de pontos. Mas não era nada disso que eu esperava. Sean abaixa a viga e cai no chão, tremendo de raiva e lágrimas inundam seus olhos e gritos. O som rasga minha alma em duas. No chão, nos escombros, está um braço decepado com um anel de ouro ainda em um de seus dedos. O padrão é inconfundível


- é o brasão da família Ferro. É o anel da sua mãe. Aquele que ela usa todos os dias e nunca retira. Constance Ferro está morta.

Capítulo 3 Minha garganta aperta quando ouço Sean gritar. Eu sei que ele não se dava bem com a mãe, inferno ela o odiava – ela odiava todo mundo – então a extensão da sua reação me surpreende um pouco. Eu não tinha ideia do quanto ele se importava com ela, apesar da maldade. Eu não sei o que pensar sobre isso, sobre qualquer coisa. Eu fico olhando para o braço decepado e desejo que isso nunca tivesse acontecido. A posição do braço faz com que pareça como se ela estivesse dormindo. Engolindo em seco, eu tento não sufocar. Estou tão perto de perder a cabeça totalmente, mas não posso por causa de Sean. Se eu visse minha mãe destroçada, eu perderia a cabeça. Eu gritaria até meus pulmões queimarem e minha garganta estivesse em carne viva. Terror rastejaria pela minha espinha como um dedo gelado e me faria passar mal. Eu veria o mundo


à minha volta congelar. A enxurrada de tarefas diárias sem sentido explodiria da minha cabeça. Cada preocupação, cada pensamento seria eliminado exceto o pensamentos dela. Arrependimento por todas as coisas que eu não cheguei a dizer ou fazer, me consumiria. Gostaria de saber se ela estava com dor quando morreu. Não tenho palavras. Elas caem lentamente, tornando-se mais claros à medida que aterrizam, pequenos pedaços de cinzas à deriva através do ar. Sean está vivendo esse pesadelo, o pior pensamento aparecendo em seu rosto - ele não conseguiu salvá-la. Ele chegou perto, mas seu fracasso significa a morte de Constance. Com a garganta apertada e queimando, eu agacho no chão coberto de vidro e me ajoelho ao lado de Sean. Eu levanto minha mão para colocá-la em seu ombro com a palma pairando sobre ele, sem saber o que fazer. Eu quero tirá-lo desse pensamento. Ele não poderia tê-la salvado. Ele não poderia ter salvado Amanda. Eu luto com o mesmo pensamento de salvar meus pais. Eu sinto a culpa disso a redor do meu pescoço espremendo a vida de mim. Às vezes não há nenhuma culpa, nenhuma falha. Mesmo se houver um dedo para apontar para alguém, não é Sean. O homem vive uma vida dupla. Há um exterior endurecido que é


cruel e assustador, mas abaixo da superfície está um homem quebrado com muita empatia para viver com a perda. A explosão acrescenta mais uma vida à pilha, mais uma pessoa para estar de luto, e mais uma pessoa para revirar sua alma torturada até que ele caia por terra. — Sean. Ele não se move. Seu peito se expande quando ele respira e sufoca de novo um soluço com raiva. Aqueles olhos escuros focam no anel de sua mãe; suas pálpebras inferiores se contraem para cima, como se ele não pudesse controlar isso por mais tempo. Seu maxilar trinca e ele balança a cabeça. O choque é uma coisa estranha. No início, senti como se eu pudesse nos puxar para a segurança. Eu pensei que salvaria sua mãe e correria para fora daqui, mas o mal estar no meu estômago não deixaria. A única coisa que posso pensar é sua mãe sentada aqui, pressionando o telefone no ouvido, repreendendo Sean antes da sala explodir. Ela sabia que ia morrer? Ela tinha que saber, ela gritou horrivelmente pelo telefone. Não é um som facilmente esquecido. Eu tento engolir, mas não consigo. O nó na garganta não se moverá. Minhas pernas cedem, e eu abraço meus joelhos mais forte com a intenção de enterrar meu rosto. A voz de Sean me faz virar a cabeça para o lado.


— Avery? Eu pisco uma vez lentamente. De repente, a sala se desloca violentamente e meu rosto cai com força contra cacos de vidro no chão. Eu tento removê-lo e sentar, mas não consigo. A sala não para de girar. Eu pisco algumas vezes, tentando concentrar meus olhos e falho. A voz de Sean ecoa como se ele estivesse muito longe. O anel de Constance é a última coisa que eu vejo antes que o mundo se torne escuro.

Capítulo 4 Meu corpo formiga com arrepios, mas eu não posso sentir o ar da noite. Eu movo minha mão através da fina camada de névoa não sentindo nada. Eu não estou do lado de fora. Estou sozinha, de pé no meio de um quarto vazio. Não há paredes, apenas a escuridão. Eu não sei onde estou. Meu coração bate mais forte no peito e não posso respirar. Há fumaça. Está em toda parte, enchendo a sala de cima para baixo em grossas nuvens negras ondulantes. Eu grito por Sean, mas não tenho voz. Eu tento novamente, mas o único som é um grito de gelar o sangue. Parece que


nunca vai acabar. Eu caio de joelhos e pressiono meu rosto no chão, cobrindo minha cabeça. Lágrimas marcam meu rosto, mas não consigo senti-las. Eu não sinto o calor do ambiente ou fumaça, mas me sufoca mesmo assim. Meu corpo me trai e eu caio no chão como uma boneca de pano, não sendo capaz de me mover. É como se eu estivesse soterrada no papel de piche, presa no lugar. Abro a boca e inalo profundamente, com a intenção de gritar tão alto quanto eu posso, mas o grito é silencioso. Ninguém pode me ouvir. Eu vou morrer aqui, sozinha. Eu pisco, tentando me concentrar. Do meu outro lado, como um pequeno sol na escuridão, algo brilha. Eu pisco afastando a fumaça e engulo a dor, tentando ver o que é. Estendo a mão em direção à luz e encontro um toque familiar — Sean. Ele está usando o anel da sua mãe em seu dedo mindinho. Ele estende a mão para mim e pega a minha mão. — Eu sinto muito, Avery. — Suas palavras são um sussurro. Elas atravessam a fumaça e tocam meus ouvidos como um beijo. Medo flui através das minhas veias. Ele está desistindo? Não podemos morrer aqui! O aperto de Sean na minha mão solta, então eu aperto meu punho.


Tento gritar. — NÃO! Não me deixe! Sean! Eu me viro para empurrar meu corpo pesado para a frente, o suficiente para segurar sua mão com firmeza. Eu quero puxar sua mão no meu rosto. Eu quero tocá-lo, abraçá-lo uma última vez. Meu estômago está em nós quando o medo empurra minha pulsação para a zona de ataque. Eu digo coisas que não têm sentido e levanto sua mão pesada, puxando-a para mim. Eu pressiono a parte de trás da sua mão na minha bochecha, e quando abaixo minha boca em sua pele, pressiono meus lábios nela. Quando abro meus olhos, eu vejo o que estou segurando – o braço decepado de Sean, gotejando sangue. Um grito rasteja através do meu corpo, saindo da minha boca. Eu me sento, coberta de suor e choro como uma alma penada. Uma mão firme me agarra e silencia meu grito. O hálito quente de Sean toca na minha orelha. — Está tudo bem. Avery, precisamos ficar quieto. Os homens de Vic ainda estão aqui.


Eu pisco, confusa. Lentamente, me viro para Sean com o coração ainda acelerado no peito. — Você está vivo. — Lágrimas ardem meus olhos enquanto jogo meus braços em volta do seu pescoço. — Oh, Deus, Sean. — Você estava sonhando. Eu estou bem aqui. — Ele diz, beijando o topo da minha cabeça. Ele me segura por um momento; seu toque normalmente afugenta os meus pesadelos, mas desta vez isso não acontece. Aquelas mãos, aquelas mãos fortes, com certeza acabarão tão sem vida quanto as da sua mãe. Um caroço do tamanho de uma bola de tênis se forma na minha garganta. Eu não posso imaginar o meu mundo sem ele. A culpa é minha. Tudo isso. Sean se afasta, mas agarra meus ombros. Ele oferece um pequeno sorriso antes de tirar uma mecha de cabelo dos meus olhos. — Você passou pelo inferno hoje. Se não tivesse pesadelos, eu estaria preocupado. Está tudo bem, Avery. Meus lábios tentam se abrir em um sorriso, mas eles tremem e caem. Eu vou perder a cabeça. Se continuarmos indo por este caminho, Sean vai acabar debaixo de sete palmos de terra. Eu


olho para longe, não querendo que ele veja meus pensamentos. Minhas sobrancelhas se juntam quando eu noto o que me rodeia. Antigas tábuas de madeira escurecidas cobrem as paredes e o chão. Um pedaço do luar brilha através do telhado, lançando luz prateada pelo chão envelhecido. No centro da pequena sala está o tronco de uma árvore de carvalho maciço. Eu pisco novamente. — Eu bati minha cabeça muito forte? Tradução: Onde diabos estamos? — Bem-vinda à Casa Dei Diamanti. — Sean responde, rindo. Ele inspira o ar da noite vigorosamente com o regozijo atingindo seus olhos por um breve momento antes de a tristeza mandar isso para longe novamente. — Bem-vinda à casa demente? Sério? — Minhas sobrancelhas disparam inquisitivamente. Sean balança a cabeça com os seus cabelos escuros caindo para a frente. Quando ele olha para cima, olha para mim por debaixo daqueles cílios escuros, como se fosse compartilhar alguns segredos profundamente escuros.


— Você está brincando, certo? Todo mundo tem que aprender uma segunda língua no ensino médio. Você é uma mulher culta, senhorita formada na faculdade. Como não sabe o que significa — Diamanti? Ofendida, eu sorrio com paciência fingida. — Desembucha, Sr. Jones. Onde estou? A Batcaverna? A árvore levantou seu maligno covil subterrâneo para o céu enquanto crescia? Ele meio que bufa e meio que ri como um garotinho como se eu fizesse cócegas no ponto certo. — Por que todo mundo diz isso? Eu não era uma criança sombria. — Ele abaixa seu olhar para suas mãos com seu tom sério. — Isso veio mais tarde, muito mais tarde. Eu sei que este lugar está diretamente no topo de um nervo exposto para ele, mas não sei por que. Eu olho em volta, esperando que ele me diga mais, mas ele está quieto. Há um baú no lado da sala, logo abaixo de uma pequena janela. Não há nenhum sinal da saída de emergência ou buraco no chão, mas há uma escada de corda bamba empilhada em um canto. Eu me pergunto como ele me trouxe aqui. Ele deve ter me carregado.


O teto é baixo e em ruínas, cedro caindo através de buracos no teto. Em seu auge, o pequeno forte deve ter sido impressionante. Sinto-me quase triste de vê-lo em condições precárias com cipós e galhos crescendo de forma incontrolada. — Então, nós ainda estamos na mansão? — Eu pergunto, rastejando até a janela. Eu testo o chão com cuidado, pressionando cada tábua, preocupada se vou cair. — É resistente. Você não vai cair. E sim, ainda estamos junto à casa. — Sean se apressa e se inclina contra a parede. Lanço os olhos sobre o parapeito e olho para fora. Tudo o que posso ver são árvores. Desapontada, eu me sento. O chão debaixo de mim range sob o meu peso, e eu rastejo como um caranguejo em direção à árvore. — Você tem certeza de que este lugar não é como a casa do Owl? Aquele otário surpreendeu o Leitão e o ursinho Pooh. — Você está falando de um livro infantil? — Sean pisca e sorri. — Ursinho Pooh era recheado com espuma. Eu sou um pouco mais, bem, recheada com ossos que não querem quebrar quando esta coisa cair do céu. Meu coração está acelerado, incapaz de se acalmar. Sean sorri


suavemente, pegando a minha mão e me puxando em direção a ele. Eu balanço minha cabeça, me recusando a mover. — Você tem medo de altura, senhorita Smith? — Só quando não há um avião perto de mim. — Sério? — Diversão ilumina seu rosto, sua expressão traindo sua crença de que isso é uma coisa tola para temer. — Diga-me alguma coisa. — Eu digo acenando com a cabeça e fechando os olhos com força. — Fale, ou vou pirar. Ele percebe a maneira como estou tremendo e vem se sentar ao meu lado. Ele coloca a mão em cima da minha, e aperta suavemente. — Nós estamos na minha antiga casa da árvore. Peter e eu brincávamos aqui quando crianças. Eu tinha uma tendência a encontrar a árvore mais alta e escalá-la. Minha mãe. . — Sua voz para em sua garganta, mas ele solta o resto do pensamento. — Não gostava, mas meu pai nos incentivava a subir mais alto e ir mais longe. Um dia ele nos trouxe de volta aqui e perguntou que árvore que eu mais gostava. Eu escolhi essa. Mostrei a ele como eu poderia subir alto. A próxima vez que nos trouxe para fora, esta casa de árvore estava duas vezes maior do que eu tinha escalado. Quando éramos crianças, o


homem estava sempre nos empurrando para ir mais longe, escalar mais alto e sonhar grande. Deus, ele mudou. — Sean esfrega a mão sobre o rosto e inclina a cabeça contra a parede. — Então, alguma vez, seu pai foi bom? Os olhos de Sean cortam para mim. Ele dá de ombros. — Sim, ele foi. Antes das amantes aparecerem, ele dava a mim e Pete toda a atenção. Ele me disse que eu poderia ter este lugar e fazer qualquer coisa que quisesse com ele se eu pudesse chegar até aqui. Não havia uma escada. Levei um mês para chegar até aqui. Acho que foi mais para mim do que para Pete. Ele ainda era jovem e não podia subir do mesmo jeito que eu. Papai acrescentou a escada mais tarde para ele. — Então, você brincou aqui quando você era pequeno? — Eu olho em volta novamente, me perguntando sobre o homem sentado ao meu lado. É uma casa de árvore normal, exceto que é praticamente nas nuvens. — Sim, eu brinquei. Eu não consigo me lembrar da última vez que estive aqui. Eu tinha que ter treze anos ou algo assim. — Ele sorri suavemente, perdido em pensamentos. — Eu tinha acabado de dar o meu primeiro beijo, e subi aqui depois para ficar longe de Pete e Jon. Desde então ela foi coberta de mato e envelhecida. Esta manhã, eu quase não conseguia encontrá-la. A floresta cresceu em volta dela, devorando-a.


O terror se derrete conforme ele fala, e eu começo a ver um lado que ele normalmente mantém escondido. — Primeiro beijo? — Sim. — Ele sorri. — Foi doce e rápido. Mas, na época, parecia um mar de felicidade. — Sean percebe que tem um sorriso em seu rosto e o desvanece. — Sean Ferro beijou uma garota docemente? Eu não consigo imaginar isso. É como dizer que os dentes de Drácula são de pipoca doce. — Não é? — Seus olhos estão rindo quando ele olha para mim, e tudo que eu quero é mantê-lo assim. — Bem, você acha que ele será todo mal e sórdido, mas não ai de mim! O cara sombrio na capa querendo sangue é apenas um viciado em açúcar que. . — Você não vai me comparar ao Drácula. — Sean interrompe. — Blah! Eu quero sugar seu doce! — Eu ergo minhas mãos e aponto os dedos para baixo como dentes, falando com o meu melhor sotaque da Transilvânia.


Os olhos de Sean se arregalam e então ele ri de verdade. — Você é louca. — Puta merda! Você deu uma risadinha. Eu ouvi. — Eu agarro sua camisa super apertada e a puxo em minha direção. — Abra. — Eu toco seus lábios. — Eu preciso verificar seus dentes. Sean observa minha boca enquanto eu falo, com o sorriso doce ainda em vigor. É tão diferente dele, que faz meu estômago pular. Ele se aproxima de mim devagar e, quando nossos olhos se encontram, ele segura meu olhar. Sean arrasta sua mão no meu rosto e desliza os dedos em volta do meu pescoço. Sua outra mão encontra meu rosto e centímetro-por-centímetro ele se aproxima. Meu pulso está martelando nos ouvidos, e é tudo o que posso fazer para não gritar. Borboletas entram em erupção no meu estômago e me percorrem em ondas. A vibração feroz torna difícil respirar conforme a linda boca de Sean se aproxima. Geralmente, ele pega o que quer ou me diz isso, mas dessa vez é diferente. Ele me deixou sobrecarregada, e cada polegada minha está formigando. É como se eu tivesse lambido uma tomada elétrica. Não consigo me mover. Eu quero me inclinar para o beijo, mas quero ver o que ele vai fazer. A maneira como ele se


move em minha direção e me olha através desses cílios escuros, a maneira como ele embala minha cabeça e segura minha bochecha - é como se ele estivesse perguntando e isso me deixa trêmula. Ele para antes que nossos lábios se toquem, um fôlego. Seu olhar cai para a minha boca, e ele faz uma pausa, sem beijar, apenas esperando. Não posso me mover. A magia do momento faz com que o resto do mundo derreta. É uma sensação pura e perfeita. Eu não sabia que ele poderia ser assim. Sean revela outra versão dele há muito tempo enterrada. Eu sou atraída por ele, puxada por sua boca. Eu quero seus braços para me abraçar forte, mas não há nada áspero ou apressado. Sua respiração cai sobre minha boca e meus lábios se abrem ligeiramente, querendo-o, esperando que ele me beije. Os cílios escuros de Sean se fecham, e ele se inclina, deslizando suavemente seus lábios contra os meus. As borboletas zumbem através de mim enquanto seu toque desencadeia uma chuva de faíscas. A suavidade do seu lábio inferior contra o meu, a maneira como ele se move suavemente e incendeia cada centímetro meu. Eu quero mais, mas ele não aprofunda o beijo. Em vez disso, ele lentamente desliza os lábios fechados antes de pressionálos nos meus e depois se afasta.


Estou sem fôlego. O beijo faz parecer como se tivesse congelado o tempo, mas passa muito rapidamente. É um enigma que eu não entendo. Eu pisco descontroladamente, e tento entender por que aquilo me afetou tanto. Sean não sorri ou diz qualquer uma das coisas idiotas que normalmente faz. Ele não tenta me possuir, me tomar ou ordenar-me. Ele somente se afasta, como se não soubesse o que fez comigo. Como pode um beijo fazer isso? Depois de um momento, eu consigo capturar seus olhos. O canto de sua boca se inclina, e ele rapidamente olha para longe. Meu peito aperta enquanto meu coração bate mais forte. Meu impulso está me dizendo para pular em cima dele, mas há algo tão frágil nele que eu não consigo. Meu peito sobe e desce, quando eu respiro fundo para conseguir mais ar. Eu não posso esconder o que fez para mim, como me fez sentir. Eu finalmente exalo seu nome. — Sean? — Ele olha para mim pelo canto do olho. — Sim? O que posso dizer? Eu quero lhe perguntar por que ele não me ama dessa forma, mas como posso? Ele menciona seu primeiro


beijo e doce, em seguida, me dá esse beijo orgasticamente alucinante. Que porra é essa? Eu não posso dizer nada disso, então eu apenas fico ali, pasma com a minha boca aberta. Ele sorri. — Então, eu suponho que você goste de beijos doces, agora? — Eu gosto dos seus beijos, todos eles. Eu gosto de como você me surpreende, como há sempre outro lado seu que eu não tenha visto antes. Você literalmente me tirou o fôlego. Você sabe como isso é raro? — Olho para ele e acho que ele honestamente não sabe. — Não é algo que eu gosto de fazer. — Ele olha para suas mãos, e eu juro que ele está parado como um adolescente, ombros caídos para frente, costas curvadas e a cabeça abaixada em suas mãos. — É também. . — Ele respira de forma entrecortada e termina. — Invasivo. Essa não é a palavra que eu pensei que ele fosse dizer. — Como assim? — Revela algo sobre você, sobre mim. — Diz ele, sem olhar para mim. — É vulnerabilidade e fraqueza embrulhados em prazer. O prazer tem uma maneira de despir todo o resto e tomar decisões que


normalmente não faríamos. Eu jurei que nunca beijaria alguém assim de novo. Eu não sei o que dizer. Parece como se ele tivesse revelado um grande segredo - eu posso sentir o peso disso - mas não posso ver como ele chegou a isso. Eu toco seu joelho. — Nós não podemos mudar o que somos, Sean. Beijos como esse são raros. Duraram para sempre, mas não o suficiente. Sean, eu tive beijos doces antes. Não é assim. Não é que eu seja uma fodona nessa coisa doce, também. — Ele sorri e olha para mim. — É você. É quando você se permite ser visto - essa é a diferença. Seus lábios abrem como se quisesse dizer algo, mas ele fecha os olhos e olha para longe. Inclinando a cabeça contra a parede, ele abre aqueles olhos escuros e olha para o céu estrelado. — Eu tenho problemas com isso. Eu sei que é um eufemismo, mas é difícil dar a alguém um pedaço do seu coração de bom grado apenas para tê-lo arrancado. Uma pessoa só pode fazer isso algumas vezes.


— Sim, mas você ainda tem um coração para dar. — Eu bato em seu joelho com o meu. — Mesmo depois de tudo o que você já experimentou. Sean, você não é normal, e acho isso ótimo. — Eu sorrio para ele. Ele engole em seco e olha para mim. — Outra parte minha morreu hoje. Quando eu vi a mão da minha mãe sobre a xícara de chá, pensei que ela estava morta. Então nós a encontramos. Avery, eu pensei que nós poderíamos tirá-la. Eu pensei. . Eu queria que ela de alguma forma ainda estivesse viva. Eu pressiono meus lábios e arrasto meu braço por cima do seu ombro. — Eu também. — Eu sei que você gostaria. — Sean sorri fracamente para mim e respira fundo. Seu peito enche lentamente e sobe antes que ele o solte. — Eu continuo cometendo o erro de pensar que tudo vai dar certo, que tenho tempo para corrigir os meus erros. — Ela ainda pode ouvi-lo. Tenho certeza que você sabe disso, caso contrário eu não teria visto você falar com uma lápide. A menos que loucura seja contagioso, porque eu faço isso o tempo todo. — Eu sorrio para ele por um breve momento. — Nunca é tarde demais. — Ele olha para mim, surpreso.


— Você realmente acredita nisso? — Sim, eu acredito. — Eu aceno, secretamente chocada com a minha súbita certeza. — Eu acho que é por isso que não fui sugada em um buraco negro emocional quando eles morreram, ou com qualquer merda que aconteceu depois. Não importa o quê, eu não estou totalmente sozinha. Eles me ouvem, mesmo que eu não possa mais ouvi-los. Se eu os ouvisse, acho que faria xixi nas calças. — Eu rio e me contorço pensando nisso. — Obrigado por não me questionar sobre a minha mãe ou nossa relação. Você aceitou isso como se ela me amasse e então eu devolvi o carinho da minha maneira. Eu acredito que ele a amava, mas não estou tão certa sobre Constance. Eu estudo as tábuas antigas e me pergunto sobre a versão mais nova da rainha do gelo, a versão que se preocupava que seu filho cairia de uma árvore. Eu me pergunto como ela se transformou na mulher fria e calculista que se sentava no solário todas as manhãs, a mulher que queria que eu sumisse. Eu não quero as pessoas me perguntando sobre isso. Eu não quero ir por esse caminho.


— Ei. — Eu digo a Sean, batendo seu ombro com o meu. Quando ele olha para mim com aqueles olhos azuis, eu digo. — Prometa-me uma coisa. — Qualquer coisa. — Prometa-me que teremos mais um beijo doce. Não agora, mas em algum momento, quando as coisas estiverem normais e os ninjas não estiverem nos caçando. — Eu olho para a janela, feliz que ninguém cuidou desta parte da floresta. Se o tivessem feito, não haveria nada a esconder. — Eles não são ninjas ou já estaríamos mortos. Nossa salvação é que Vic seja mesquinho e negociou com assassinos mercenários, em vez de assassinos treinados. — Ele se vira e bate no meu nariz. — Senhorita Smith, eu acho que você pode ser uma fodona nessa coisa doce presa, por fim, mas vou conceder o seu pedido. Reservado para você um beijo completamente vulnerável, sem paredes erguidas, nenhuma distância e nenhum coração escondido. Somente me prometa que você vai usar isso para o bem e não o mal. Eu sorrio tanto que meu rosto dói. — Você sabe que eu irei me referir a este lugar a partir de agora como a Batcaverna, certo?


— Se você diz. Dizemos isso juntos, e rimos. — Para a Batcaverna!

Capítulo 5 Meus olhos se abrem, e eu pisco. Demoro um momento para lembrar onde eu estou. Há uma tábua de madeira embaixo da minha cabeça e um braço sobre minha cintura; eu sorrio quando percebo que é Sean. Eu rolo em direção a ele e meu estômago ronca. Parece que ele não tem dormido há dias. Há olheiras sob seus olhos. Ele está acordado, me observando. — Bom dia, linda. Eu sorrio para ele, observando seu cabelo bagunçado, o rosto sujo e uma pequena camiseta. Eu olho para ele de novo, finalmente percebendo o que é. Do outro lado do peito da camisa cor de ferrugem, escrito em cor de café queimado são as palavras CROSS COUNTRY. O resto está muito desbotado para ler. — Isso era seu?


— Um milhão de anos atrás. — Diz ele balançando a cabeça. — Você era um corredor? Sean se senta e estende a pequena camisa revelando seu estômago duro quando se move. Ele se inclina para trás contra a parede e puxa a barra para baixo. — Sim, foi uma das poucas atividades escolares que eu gostava. Nosso pai nos empurrou para tudo o resto. Deus, você deveria ter visto a cara dele quando Peter começou a dançar swing. Os sapatos Saddles fez o velho achar que Pete mudou de time. — Sean ri uma vez lembrando-se de algo de muito tempo atrás. — Eu nunca ouvi você falar muito sobre o seu pai. — Eu falo com cautela. Sean é uma bagunça bruta de emoções, o que significa que ele está tentando manter tudo trancado, mas vai entrar em erupção em algum momento e ficar maluco pra caralho. — Mas eu gosto da camisa apertada; é sexy. Ele sorri e olha para a camiseta antes de passar suas mãos sobre as letras desbotadas. — Papai era difícil. — Ele faz uma pausa, procurando as palavras certas. — Ou ele estava muito em cima ou


completamente ausente. Ele sempre ia aos extremos. Eu sorrio ligeiramente antes do meu estômago roncar novamente, desta vez, mais alto. Sean olha para mim. — Sinto muito, não podemos pegar panquecas. Eu gostaria que as coisas fossem diferentes. — Ele rasteja pelo chão da casa da árvore e abre a velha caixa, retirando garrafas de água e um invólucro de prata que parece com uma barra de chocolate. Ele as joga para mim. — Você abasteceu a casa na árvore? — Não eu, Jon. — Diz ele, balançando a cabeça. — Ele era um pouco paranoico um tempo atrás. Essas barras de refeição duram uma década. A água é um pouco questionável, mas eu bebia e ainda estou aqui. Você vai ficar bem. Eu rasgo a embalagem e coloco a refeição na minha boca. Estou faminta. Não importa que tenha gosto de uma combinação de feno, argila e casca. — Então, o que há entre você e Jon? — Ele olha para mim. — O que você quer dizer?


— Parece que há alguma tensão. Quero dizer, não da sua parte - você parece que é tenso com todos - mas Jon. Ele é fácil com todos, exceto com você. Vocês tiveram uma briga ou algo assim? Sean puxa lentamente o ar e expira, em seguida, passa as mãos pelos cabelos. — Algo assim. Está bem. Acho que nós não vamos falar sobre isso. Sean se levanta e olha para baixo. O sol não está muito alto ainda e o céu azul da manhã, com uns salpicos de estrelas, pouco visível através das copas das árvores. Ele olha para mim. — É hora de encontrar com Masterson. — Sim. Marty. — Eu não sei mais o que pensar dele. Eu não gosto que ele tenha ficado tão próximo à mim sem que eu tivesse alguma ideia de quem ele realmente é. Isso me assusta muito. Eu olho para Sean perguntando o quanto eu ainda não sei sobre ele. — Ele é um trunfo dessa maneira e estar apaixonado por você a manteve viva. Vamos lá. — Ele joga a escada para o lado.


Eu vou para jogar minha perna para o lado, então olho para baixo. Meu coração pula em minha garganta e cai para fora da janela. — Puta merda! Estamos bem alto! — Você olhou na noite passada. — Ele aponta, rindo. — Estava escuro como breu da noite passada. O chão é muito mais longe do que eu pensava. Quem diabos faz uma casa na árvore para crianças há 9 metros do chão? — Meu pai. E nós não estamos tão altos. Você pode fazer isso. Basta ir um degrau de cada vez e não olhe para baixo. — Puta que pariu. — Eu murmuro as palavras sob a minha respiração e atiro minha perna sobre o parapeito. Meu pé encontra o primeiro degrau, e eu deslizo o resto do meu corpo sobre a borda e desço a escada. O murmúrio não para até que meus pés tocam a grama. — Graças a Deus! Sean pula atrás de mim, saltando os últimos degraus. Ele desliza as mãos em volta da minha cintura e me puxa para perto. — Eu não pensei que você fosse uma pessoa religiosa. — Eu não sou, não realmente. Por quê? — Você estava rezando durante o caminho para baixo. Eu teria


pensado que você estaria xingando, mas você está recitando salmos. Como você os conhece? — Sean parece surpreso. Eu dou de ombros. — Minha mãe costumava dizer essas coisas. Eu realmente nunca pensei sobre isso. — Vamos. — Ele pega a minha mão e nos vamos para o galpão na beira da propriedade. Nos enfiamos em um espaço escuro que cheira a semente de grama e de produtos químicos, antes de ver um pedaço de lona cobrindo um carro através de uma porta. Ele está escondido atrás de uma tonelada de equipamento do gramado. Sean corre em direção a isso e retira a cobertura. Eu pisco várias vezes antes de dizer. — Puta merda! É o Batmóvel! — Há um impressionante Maserati preto fosco, com uma faixa preta brilhante no centro. Tem bordas pretas e vidro preto. A coisa parece totalmente incrível. — Por que você tem isso? Existe algo que não está me dizendo? Sean me ignora e pega uma chave que está embaixo da roda dianteira e abre a porta. — Entre. — Eu entro e fecho a minha porta. — Então, você vai me dizer? — Sean liga o motor e a coisa ronrona à vida.


Isso parece novo. Inclino-me e olho para o hodômetro. Isso é novo! Eu deslizo os dedos sobre o couro italiano e dou um gemido. — Este carro é do jardineiro? Porque se for, escolhi o curso errado. Eu deveria ter estudado jardinagem, porque caramba! Os lábios de Sean sobem no canto. Ele aperta um botão e uma porta da garagem levanta atrás de nós. Sean observa com cuidado, em seguida, coloca no Drive e o carro ronrona sensualmente abaixo de nós. — É de Jon. Lembra-se de como ele estava agindo como um idiota irresponsável? — Eu aceno. — Eu peguei seu carro e o escondi no abrigo. — Eu pisco enquanto ele dirige para o caminho de cascalho. — Você escondeu um carro de milhões de dólares no galpão? — Sim, eu estava tentando lhe dar uma lição. — Sean está impassível quando diz isso, mas há uma pequena contração no canto de sua boca como se quisesse sorrir. Eu corro minhas mãos pelas curvas sensuais do painel antes de me encostar no banco. — Funcionou? — O inferno se eu sei. Ele saiu e comprou um carro mais


barato. O idiota acha que perdeu este aqui. Ele nem sequer disse isso a nossa mãe. Sean dirige pela parte traseira da propriedade até que cruza com uma das estradas vicinais. Ele pisa e o carro ruge para a vida. É o som de carro mais legal que já ouvi. — Deixe-me ver se entendi: Jon acha que ele perdeu um carro? — Sean balança a cabeça e acelera para longe da mansão, passando por uma fileira de ambulâncias. — Então, você pode perder um milhão de dólares e não se importar com isso? Sean me dá um olhar de lado. Ele está dirigindo um carro turbinado, sem camisa e coberto de suor. A ligeira contração dos lábios torna-o quase irresistível. — Talvez. — Talvez significa sim. — Eu sorrio e me acomodo no banco. — Então, um milhão de dólares é como uma moeda de um centavo para você? Se você o visse na calçada, simplesmente continuaria andando? Wow. — Eu fico em silêncio por um momento, pensando. Eu junto minhas palmas e desvio o olhar para fora da janela. — Eu não disse isso, você disse, e eu conheço esse olhar. Tudo o que você está pensando, está errado. — Sean retorna para a estrada e corre insanamente rápido em direção à praia. Olho


para ele. — Eu fiz muito mais por muito menos. Isso não te incomoda? — Eu o vejo por um momento, imaginando o que ele deve pensar de mim. Eu abaixo meus cílios e olho para as minhas mãos no colo. Sean se estica e pega a minha mão. — Você vale mais do que qualquer coisa que eu possuo, qualquer coisa que eu tenha. Estou feliz que você não me deixou te mandar embora naquela primeira noite. Estou feliz que você saiu do quarto e tocou piano comigo. Avery, eu desistiria de tudo por você. Uma mulher como você vem uma vez por século, e você é minha. Eu olho para os cortes na parte de trás da sua mão e mentalmente listo tudo o que ele perdeu por minha causa. Se eu não tivesse entrado em sua vida, sua mãe estaria viva e sua casa seria mais do que cinzas, fumaça e escombros. Eu não posso dizer o que precisa acontecer, mas já sei. Eu ofereço um sorriso fraco e aperto sua mão delicadamente. — Eu amo você, Sean. — Eu também te amo. Nós vamos passar por isso, Avery.

Capítulo 6


Nós dirigimos em silêncio, cada um de nós perdidos em nossos pensamentos até que chegamos à calçada que leva à Oak Island. É um caminho totalmente aberto cercado por dunas de areia e grama da praia. Há animais espalhados entre as árvores baixas, alimentando ao longo da estrada. Sean acelera, e nós voamos sobre a primeira ponte tão rápido que meu estômago está em minha espinha. Eu grito e procuro “a porra” do cinto, mas não há um. Sean sorri e olha para mim. — Você gosta disso? Antes que eu possa dizer não, ele acelera mais e nós afastamos ainda mais rápidos. Meus joelhos sobem, e estou pronta para enrolar em uma bola e gritar. Mas Sean desacelera antes que isso fique tão ruim. — O que há com você? — Ele parece perplexo. Eu quero dar um tapa nele. Eu mal posso respirar. — Eu odeio pontes e você estava dirigindo a 321 km por hora! — Você está com medo de pontes? É por causa de trolls1?


Uma estridente gargalhada histérica escapa da minha garganta e eu olho para ele. — Trolls? — Eu achei que você ia ter uma resposta colorida. Desculpe. Não quis fazer você surtar. Bem, não muito. — Ele pisca para mim, então vira para um estacionamento. Ele se dirige a uma vaga e sorri. — Perfeito. Sean dirige o carro ao lado de um grupo de jovens. Eles não têm mais do que dezesseis anos e, pela aparência, estão realmente entediados. Todos eles olham quando nós saímos do carro. Um adolescente com um gorro no cabelo desgrenhado se levanta. Ele pode estar um pouco chapado. — Caranga legal, cara. É um Maz de verdade? 1 Trolls - Originalmente, trolls são criaturas antropomórficas do folclore escandinavo. Certo, ele está super chapado. Outro cara com um skate se levanta e dá ao seu amigo um pedaço de um embutido. Parece uma salsicha de natal de Hickory Farms. O maconheiro morde um pedaço e mastiga como um bode.


— Sim, é. — Sean acena e joga as chaves para o garoto. Faz o cara largar o sua carne e cobrir o rosto. Ele grita quando faz isso, enquanto seu amigo ri como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. A chave atinge sua cabeça e cai no chão. — Que diabos, cara? — Ele deixa cair às mãos do seu rosto, olhando para Sean. — Você gosta do carro? — Sean está no modo Sean-merda para lidar com eles. Seu tom está além de exasperado. — Foda-se, sim. — Ambos respondem em uníssono. — Eu vou deixar você dar uma volta se concordar em me fazer um pequeno favor. — Sean olha para os quatro jovens, examinando seus olhos procurando sinais de coerência. Um garota sentada na calçada não olha para cima, mas posso dizer que está tendo um momento de FODA-SE. Os caras estão muito chapados para perceber como isso é estranho. — Claro cara. O que você quiser. — Bom. Leve o carro para algum lugar sem câmeras, arrebente-o e deixe-o lá. Sem policiais e você não pode ser pego. — Sean aponta para a menina no meio-fio. — Eu sugiro que a menina dirija, já que ela é a única que ainda está sóbria.


Todos no pequeno grupo viram e olham para a menina. Ela tem um longo cabelo azul escondido debaixo de uma presilha preta. Ela está olhando para seus pés tão atentamente que seu olhar poderia queimar buracos neles. Sean está certo, ela não está chapada, apenas fingindo estar. — Por que você acha. . — Sean a corta. — Sério? Você vai deixar um deles dirigir? Vai acabar caindo da ponte. Eu acho que é uma experiência desagradável. — Ela olha e sorri. — Ei, não te conheço? — É pouco provável. — A voz de Sean é monótona. O olhar da menina deriva entre o abdômen de Sean que aparece através da minúscula camiseta e depois para mim. Ela franze a testa e olha para o carro. — Por que você quer destrui-lo? É um carro legal. — Sean suspira e puxa um monte de dinheiro do bolso. — Sem perguntas. Pegue isso e compre uma caminhonete ou algo assim. É bom para todos. Seus amigos irão segui-la porque você estará motorizada e não terá que fumar essa merda, e eles não se


importarão. — Ele segura um maço de notas de centenas de dólares que poderiam facilmente ser três grandiosos maços. Essa garota não é estúpida. Ela olha para mim, e eu me pergunto se isto é uma boa ideia. — E se eles forem pegos? — Ele olha para mim como se eu tivesse tijolos no meu cérebro. — Então Jon diz que emprestou a eles. Já que ele não se lembra aonde colocou a maldita coisa, não vai dizer que foi roubado. — Ele se vira para a garota. — Mas é melhor que você não seja pega. — Por que destruir isso, então? — Eu pergunto, embora não devesse. — Para Jon não ter mais problemas quando encontrarem isso. — Sean olha para a menina. — Temos um acordo? Ela pega o dinheiro e sorri, antes de se abaixar para pegar as chaves caídas. Os garotos que estão com ela batem seus punhos e gritam. — Maconha! Eles deslizam para dentro e ela liga a motor. Quando acelera,


eles fecham as janelas e eu consigo ouvi-los gritando enquanto ela se distancia. — Para a Batcaverna! — Eu não quero que eles entrem em apuros. — Eu digo, olhando para Sean. — Contanto que não derrubem uma loja de bebidas, eu acho que vão ficar bem. Ninguém está procurando o carro além do Jon, e honestamente, é possível que ele tenha se esquecido. Faz um tempo que eu peguei. — Eu sorrio e caminho com ele. — Eu não posso acreditar que você fez isso. — Eu não posso acreditar que Jon nunca entrou no galpão. Nós dois sorrimos um pouco e começamos a caminhar em direção à água. Precisamos caminhar descendo algumas dunas para chegar ao barco. É melhor fazer isso em um local onde há outras pessoas. A maioria dos corredores masculinos em volta de nós está sem camiseta, então Sean se mistura um pouco mais, e estamos caminhando entre eles. Quando passamos por uma lata de lixo, ele tira a camiseta e a joga. Eu tenho o meu homem com o peito nu. Enquanto o sol se arrasta mais alto no céu, a luz da manhã pinta as nuvens cor de laranja e rosa. Eu inspiro


profundamente, apreciando a água do mar e o vento no meu cabelo enquanto ando de mãos dadas com Sean. Eu gostaria de poder congelar o tempo e manter as coisas assim, neste momento é apenas ele e eu, nenhum de nós consumido pela dor ou mágoa. Esse pensamento solidifica algo, uma sensação incômoda de que não se concretizou até agora. É claro - só há um caminho que leva à felicidade de Sean, e não é esse.

Capítulo 7 Quando chegamos à casa de Marty, ela está vazia. Sean e eu pegamos as sobras da geladeira e depois vamos para o sofá. Sean se senta e dá um tapinha no lugar ao lado dele. Eu fico olhando para sua mão, a forma como ele toca o sofá, e penso no braço sem vida da sua mãe, seu corpo destroçado. Poderia ter sido Sean. A única razão pela qual ele ainda está vivo agora é por causa de Marty. Sean não estaria na mansão se não fosse por mim. Eu serei aquela que a matou. Sean olha para mim com aqueles belos olhos azuis. — Pare de pensar tanto. — Sorrindo, eu me sento e dobro minha perna debaixo da bunda, antes de me inclinar para ele.


— Fácil dizer, não tão fácil de fazer. Nós ficamos ali em silêncio, e antes que eu perceba o que acontece, estou na sala escura novamente. A fumaça forma pequenas nuvens negras que me engolem toda. Não consigo ver. Estou presa, e então ouço a sua voz. Parece que ele está longe, mas eu vejo sua mão - eu vejo o anel brilhar na frente dos meus olhos. Estendo a mão e o agarro. Segurando o braço de Sean, eu tento puxá-lo para a segurança, mas não há nenhum lugar seguro. Estou segurando uma mão decepada, ainda pingando sangue. Um grito rasga através de mim e então acordo. Sentando-me, eu suspiro e olho ao redor. Sean não está ao meu lado. — Oh, Deus. Eu jogo minhas pernas no chão e esfrego meu rosto. Eu fico assim por um momento, desejando que meu coração se acalme, quando ouço o ranger de tábuas de madeira. Poderia ser uma tábua do chão da varanda dos fundos. Minha coluna se endireita e meus olhos se arregalam. Levanto-me e corro até a parede, com cuidado para não fazer um som.


Eu não vejo Sean, apenas o mobiliário da avó de Marty. Eu deslizo ao longo da parede até que estou em uma pequena cozinha. A porta dos fundos está aberta, balançando suavemente ao vento, oscilando a cortina da janela. O som vem uma segunda vez. Está mais perto, mais alto. Eu não consigo ver ninguém. Tem que ser Sean, mas a forma como meu corpo reage me faz pensar que não é. Quando avanço mais perto da janela com a visão para a varanda, eu prendo a respiração. Chego mais perto até olhar pela janela, uma voz atrás de mim me assusta. — O que diabos você está fazendo? — Marty ri e caminha em minha direção. Eu grito como se alguém tivesse enfiado um garfo no meu olho e caio de bunda. — Marty? Quando você chegou aqui? — Uh, ontem à noite. Você dormiu por quase 24 horas, princesa. Confusa, eu olho para fora da janela. É nascer do sol. Será que eu dormi tanto tempo, sério? — Sério?


— Sim, mas não se preocupe com isso. Você estava cansada. Provavelmente poderia dormir por uma semana. Enquanto Marty fala, eu o observo. Ele está mais bronzeado do que o habitual, e está vestindo um jeans preto e uma camiseta justa. Seu cabelo cor de areia está mais comprido e está penteado para trás. Ele pareceria mais agradável se não fosse um capanga idiota. — Não me venha com esse olhar. — Ele repreende, balançando o dedo para mim antes de se sentar em um balcão. — Como o quê? Como se você tivesse mentido muito ou como dormi ao seu lado, derramei meu coração e não tinha ideia de quem você realmente era? Porque isso é uma merda. — Marty revira os olhos. Ele desliza para fora do balcão. — Vá mastigar algum Midol2, princesa. Nós não podemos ser tão sinceros como você. Oh espere, é verdade - você mente como um cão, também. Sem mencionar que está um pouco fedida. Se não se importa, banho, e então podemos discutir. — Eu odeio você. — Eu digo as palavras sem sentimento, não querendo dizer isso. É mais como eu odeio o fato de que ainda gosto dele, que ainda me preocupo com ele. Ele entra em um corredor, arranca uma toalha de um armário e a arremessa em minha cabeça.


— Sim, sim. Diga-me algo que eu não sei. Eu coloquei roupas limpas no banheiro para você. Dobrando a toalha debaixo do braço, eu caminho passando por ele. Marty me para com o braço e olha para mim. Seu cabelo cai para a frente, suavizando seus traços. — Estou feliz que você esteja segura. 2 Midol – remédio para controlar a tensão pré menstrual. Eu olho para ele e quero chorar. Eu quero dizer a ele a mesma coisa, mas não posso. Minha garganta enche com insultos e as coisas desagradáveis para jogar em seu rosto por ter mentido para mim todo esse tempo. — Avery, tudo bem que você esteja com raiva. Eu não espero que você me perdoe. Ele põe a mão no meu ombro, e eu desabo. Bolhas de soluços saem profundamente de dentro de mim, e eu desmorono. Lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto fico ali parada chorando. — Eu não posso fazer isso! Já era ruim o suficiente descobrir que o imbecil do Victor Campone é meu pai, mas tenho um irmão também! E ele não quer me conhecer e ver como a sua


irmã mais nova tem se virado todos esses anos, não! Ele quer colocar uma bala na minha cabeça! E quando não podem chegar a mim, atacam os que me rodeiam. Eu não deveria estar aqui, Marty. Você vai acabar com sua garganta cortada, e. . — O choro ficou tão ruim que meu discurso não é mais inteligível. Marty entra em cena e envolve seus braços em volta de mim. Ele me mantém assim até eu olhar para cima e ver Sean na sala de estar. Eu pulo para trás como se estivéssemos fazendo algo errado. Eu enxugo as lágrimas do rosto e corro por ele. Quando eu chego ao banheiro, ligo o chuveiro e grito, nem mesmo sentindo a cascata de água descendo no meu corpo. Eles estão arriscando tudo por mim, e não há nenhum jeito que eu abandone qualquer um deles. Eu poderia correr, fugir no meio da noite, mas Sean vai me procurar e Marty irá ajudá-lo. Eu preciso fazer algo drástico, algo que vai fazer Sean se afastar de mim. Quando eu finalmente paro de chorar, a água quente alivia meu corpo dolorido e uma ideia se forma. É terrivelmente cruel e completamente final, mas vai fazer Sean ir embora e não olhar para trás. Por um momento, eu posso entender o que deve parecer para Sean viver com a morte da sua esposa, porque sinto a mesma


dor da culpa por ele ter sido sugado para isso. A sensação única endurece a minha determinação. Eu tenho que fazer isso e sei que ele não vai me perdoar por isso. Nunca.

Capítulo 8 Depois de ficarmos trancados por três dias dentro da casa de praia do Marty, eles finalmente concordam que é seguro nos aventurarmos sair, mas só depois de escurecer. O sol está se pondo, Sean e eu passeamos pela praia privada sozinhos. Eu entrelaço nossos dedos juntos e tento não focar na rápida batida do meu coração. Inclino-me contra ele, aproveitando a sensação acolhedora do seu corpo contra o meu, desejando que poderíamos ficar assim para sempre. Quero uma vida onde não há nada do que correr, ninguém a temer. Só há uma maneira de conseguir isso. Tenho que encontrar meu irmão. Tenho que desmontar o resto da máfia de Victor, então não haverá nada para Sean assumir. Cenários aparecem em minha mente, cada um terminando comigo dentro de um saco preto. Eu deveria ter feito outro curso na faculdade. Meu diploma não serve para nada aqui. Além disso, eu deveria ter tido uma maldita aula de ginástica.


Pois é, minhas coxas estão queimando tentando andar na areia. Eu acho que não estou fora de forma. Talvez só esteja cansada. Sean aperta minha mão e olha para mim. — Um centavo pelos seus pensamentos, senhorita Smith? — O canto de minha boca sobe em um pequeno sorriso. — Você é mais rico do que Deus e me oferece um centavo? Você está mesquinho, Sr. Jones? — Só quando se trata de você. — Ele diz inexpressivo e depois sorri. Eu paro de andar com meu queixo arrastando na areia. — Você não disse isso! — O que você vai fazer? — Sean se vira para mim e me puxa para ele. Ele coloca uma mão no meu rosto e passa os dedos na minha pele, deixando uma sensação de formigamento em todo lugar que toca. Estendendo a mão eu coloco meus braços em volta do seu pescoço, puxando-o para mim, então ficamos olho no olho. — Senhor Jones, você quer apanhar de uma garota aqui na praia? Não me tente. — Não há um sorriso em minha voz mesmo que eu esteja morrendo por dentro.


— Então pare de ser tão sexy pra caralho. — Ele aperta a ponta do seu dedo no meu nariz. — Boop. Sorrio. Não consigo evitar. — Sério? 'Boop'? — Ele balança a cabeça. — É uma brincadeira que aprendi com uma garota gostosa. Ela vai ser psiquiatra, então sabe toda essa coisa freudiana sobre a leitura de pessoas e entrar em suas cabeças. A coisa é, ela foi tão longe na minha que nunca mais serei o mesmo. Ela não tem ideia de como é incrível e como ela vale a pena. Ela também acha que pode enfrentar o mundo, sozinha, mas não precisa. — Sua voz é tão suave que eu mal posso ouvi-lo sobre o som das ondas. Ficamos ali, nos observando mutuamente. — Não faça o que está pensando em fazer. Não quero enganá-lo. Não quero que as coisas sejam assim, mas sou eu quem o está puxando para baixo. Aceno e deslizo minhas mãos em seu corpo firme, sentindo as pontas dos meus dedos tocando em cada músculo tonificado até que descanso minhas mãos em sua cintura. O pensamento está nos meus olhos, e eu sei que ele vê isso. Sean pode ver através de mim, é por isso que me mata dizer, mas eu tenho que fazê-lo. Uma faca no coração irá adicionar o sangue na água. Isso vai manchar tudo, cada emoção, cada pensamento.


Pressionando meus lábios, olho para a areia e falo. — Sean, eu não quero falar sobre isso agora. Falar sobre isso só vai tornar o que é difícil, mais difícil ainda. — Ele engole em seco e olha meu rosto. — É por isso que você precisa me dizer. Deixe-me ajudá-la. — Meus lábios se separam. Eu tenho as palavras, mas engulo-as. — Eu vou descobrir. Não é um bom momento. — Avery, nunca há um bom momento. Apenas me diga. — Ele pega minhas mãos, e nós paramos de andar. Estou olhando para a areia, tentando encontrar a coragem que preciso para dizer. Elas vão cortá-lo ao meio. — Eu acho que você está certo, sobre Trystan. Ele parece surpreso, o que é bom. Isso significa que não vai ver isso chegando. Significa que eu estava certa sobre essa ferida ainda aberta. Sean acha que pertenço a Trystan. — Estou surpreso de ouvi-la admitir isso. Chuto a areia e dou um passo para trás. Olho para ele, tomando cuidado de encontrar e manter seu olhar. Não pode parecer que estou mentindo. — Eu sabia; eu sempre soube como me sentia a respeito dele.


A coisa é, eu queria mais. Mas Sean, eu não posso viver assim. Terror sempre está seguindo-o. Eu estava puxando o braço amputado da sua mãe há poucos dias. — As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto. — Avery, eu sei, é difícil. — Ele parece com medo agora. — Sean, mesmo eu o amando, sei que isso não vai dar certo. — As palavras me cortam, fazendo meu coração gritar quando digo isso. Meu tom é equilibrado e frio. Eu pareço imparcial e sincera ao mesmo tempo. Sean olha como se eu lhe atingisse. Ele pisca uma vez, chocado e assente. Eu sei que não vai refutar um plano que ele criou, não quando compromete a minha segurança. Eu sei por que Sean quer que fiquemos juntos - ele acha que estou apaixonada por Trystan. A sua insegurança é do tamanho de um grão de areia, mas as minhas palavras a torna uma montanha. A última parte é a pior. Por um momento, eu acho que não serei capaz de fazer isso, mas antes que desista, eu digo. — A coisa é, não se trata apenas de mim e logo não serei capaz de esconder isso. Você se lembra da noite que Trystan e eu desaparecemos? Algo aconteceu. Você estava certo Sean - há algo entre mim e Trystan.


Sean fica em silêncio. Seu rosto está branco, inexpressivo quando enfio a faca em seu coração. Meu estômago embrulha e quero chorar, mas não o faço. Eu não posso. Ele tem que acreditar na minha história, por fim. As mãos de Sean soltam da minha cintura. Ele olha para as ondas e pergunta: — Você dormiu com ele? — Dormi. — Sean não vai detectar a mentira, porque não sei se estou dizendo a verdade. — Há algo mais. Sean se vira para me encarar, seus olhos vidrados de lágrimas que se recusam a cair. Ele acha que estava certo, que Trystan me roubou dele. O nó na garganta está ficando grande demais para falar. Eu tenho que dizer-lhe o resto. Eu tenho que colocar o último prego no seu coração, assim ele vai me deixar ir embora. — Não sei como dizer isso, então só vou dizer-lhe. Não queria que isso acontecesse. — Começo torcendo minhas mãos enquanto falo e olho para as ondas quebrando na areia. — Apenas aconteceu. Estávamos chateados e encontramos conforto um no outro. Essa é a coisa, Sean - quando as coisas com você são ruins, Trystan está sempre lá. Ele é doce e se preocupa comigo. Essa é a única razão que não estou pirando agora. — O vento chicoteia meu cabelo no meu rosto, e gruda nos rios de lágrimas ainda escorrendo de meus olhos.


— Sean, estou grávida. Sinto muito. Sinto muito, mas não é seu. Eu não posso. . — De quem é? Meu queixo cai e de repente não posso fazer isso. Isso irá matá-lo. O que resta da sua alma vai murchar e morrer. Estendo a mão para ele, mas Sean se afasta. — Sean, eu não acho que nós sequer. . — Um nome. Você me deve um nome. — Ele fica ali na areia com o vento jogando seu cabelo para trás e de volta para aqueles olhos azuis profundos. Eles já foram tão imóveis quanto o oceano, e suas profundezas guardavam segredos atados com muita dor para uma pessoa suportar. É tarde demais para desfazer isso, e ainda é a melhor maneira de mantê-lo seguro. Sean morreria por mim, eu sei que ele o faria - é por isso que tenho que terminar. Engolindo em seco, sussurro o nome. — Trystan. O homem na minha frente se transforma em pedra. Aqueles olhos escuros não piscam. Eles permanecem fixos em um ponto na costa enquanto ele fica ali perfeitamente imóvel. É como se eu o tivesse acertado com um bastão no pior momento, da pior maneira possível. Não importa o que Sean quer, não há futuro para nós. Não há cercas brancas, não há


casinha. Nada. Todas essas coisas estão correndo através de sua mente. Cada pensamento rompe a conexão que nós encontramos e dizima qualquer esperança que as coisas vão acabar bem para nós. Esse é o problema - não há final feliz para nós - não com a forma como as coisas foram desvendadas. Todo esse tempo eu era o alvo, não Sean. Todo esse tempo eles estavam me caçando, e talvez não fosse cruel inicialmente, mas é agora. Não há nenhum outro jeito além de fazer Sean ir embora, ele vai viver. Ele vai se curar. Ele não pode seguir em frente comigo. Meu futuro vai acabar com uma etiqueta no dedo e um saco preto. Meu estômago se agita como se eu tivesse comido vidro. Eu quero vomitar na areia e cair de cara, chorando. Tudo o que fiz foi em vão. Todo mundo que tentou me proteger morreu. As pessoas ao meu redor foram privadas de uma vida longa, porque o destino me fez cruzar seus caminhos. Meus pais. . Eu não posso nem pensar nisso. Minha mãe passou a vida inteira me escondendo, meu pai nos protegendo, e em um piscar de olhos - se foram. Eles morreram por minha causa.


Meu pai biológico é um assassino que me queria morta. Já que Bryan atirou nele, nunca vou saber o porquê. O que eu fiz para justificar uma bala na cabeça? Foi uma vingança contra mim ou minha mãe? Marty disse que eu deveria morrer naquela noite também. Meu irmão vai terminar o que nosso pai começou. Se ele estava disposto a ir atrás da família Ferro - se Vic eliminou Constance - estou frita. Não há nenhuma chance de fugir disso. Não posso condenar Sean à morte. Eu não posso puxá-lo para baixo comigo. Sinto-me cruel. Eu sei como isso vai rasgar Sean. Eu sei o que minhas palavras estão fazendo para Sean enquanto nós estamos ali em silêncio. Não há volta deste ponto. Eu mandei a nossa relação para borda de um penhasco e empurrei. Ele quer ir embora. Ele tem que ir. Sean está ali, em silêncio por muito tempo. Seu rosto está caído quando ele olha para o oceano. Memórias de nós vêm à tona. A maneira como ele se sentou comigo na areia, o dia em que ele me segurou e me amou, as discussões que sempre acabavam em reconciliação - todas aquelas memórias foram manchadas agora. Eu envenenei o poço. Finalmente, eu ando e fico ao lado dele. Eu preciso terminar. Eu preciso ter certeza que ele não dê uma de mártir e volte para


mim novamente. Minha boca está seca e meu coração acelera quando formo frases em minha mente, entrelaçando as coisas que eu não quero dizer. — Sean, não sabia como lhe dizer. Sinto muito. Quando ele finalmente fala, sua voz é sem emoção. Não há nenhuma luta dentro dele. Sean olha para mim e a única indicação de que ele está chateado é a forma como seu maxilar fica tenso. — Nós conversamos sobre nossos passados e amantes - Avery, você mentiu para mim. Como você poderia me dizer. . — Sua voz é dura antes que ele possa terminar. Ele limpa a garganta e passa as mãos pelo cabelo, empurrando-o para longe do seu rosto. Quando Sean olha para cima, o brilho em seus olhos se foi. As lágrimas que apareceram nunca serão derramadas. Ele endureceu a si mesmo. Posso vê-lo se afastando de mim naqueles segundos, e é como ter uma guilhotina caindo no meu coração. Minhas lágrimas são reais, tão reais que queimam minha pele. Elas poderiam muito bem ser ácidas de tanto que doe. Engulo duro e viro o rosto para o vento. Ele atinge o meu rosto e chicoteia meu cabelo. O aperto no meu peito é paralisante, mas


não havia outra maneira. Sean nunca vai me perdoar por isso. Eu já destruí qualquer chance de um futuro que poderíamos ter tido, mas sei que Sean vai estar seguro. Que vale a pena. Ele vai se afastar de tudo. Ele vai viver. Sean vai voltar para a sua vida na Califórnia e fazer outros bilhões de dólares. Ele vai se lembrar deste momento comigo como uma praga que o atormentava. Ele nunca vai ser o mesmo, mas pelo menos vai viver, que é mais do que eu posso dizer sobre mim. Ainda é impossível para mim conseguir sair dessa bagunça sem ser dentro de um saco preto.

Capítulo 9 Sean não fala comigo depois disso. Nós caminhamos em silêncio, e sou eu que estou com a bochecha molhada. As lágrimas continuam caindo, mesmo que eu não queira. Uma falsa gravidez e noivado falso estão à minha frente. Eu vou saltar através dos aros e espero que possa descobrir algum jeito de encontrar o meu irmão antes que Trystan se machuque. Eu não posso deixar que nada aconteça com ele também. Ele já sofreu bastante.


— Você está pensando nele. — A voz de Sean me tira dos meus pensamentos e o olhar de culpa no meu rosto é a única resposta que ele precisa. — Você deveria ter me dito. Pensei que ele estivesse atraído por você - eu sei que está - eu só não sabia que era recíproco. Mentira. Avery, você não pode dizer a ele que foi um acidente. Você não pode dizer que não tem certeza do que aconteceu naquela noite, a pequena voz na minha cabeça lamenta. Isso é tortura. Ando mais rápido, pressionando meus pés contra a areia mais forte e aumentando meu passo. — Mas é. Quando você percebeu, me senti mal, então neguei mas já tínhamos dormido juntos. — Meu queixo aperta quando cuspo as palavras. — Então eu estava certo, Trystan falava sério quando disse que ia roubar você de mim. Sinto muito. — O quê? — Quase tropecei nos meus pés. Sean me segura pelo braço e me vira em direção a ele. — Por que você diria isso? Você não tem nada que se desculpar. Fui eu quem. . — Sean coloca um dedo sobre meus lábios enquanto olha nos meus olhos. — Eu fiz isso. Eu quebrei você e a empurrei até o limite. Quando você mais precisava de mim, joguei você para Trystan. Ele te ama, Avery. Eu sei que vocês vão ser felizes juntos. Ele


pode dar-lhe tudo o que eu não posso. — As mãos de Sean ficam no meu rosto. Ele arrasta o dedo ao longo da minha bochecha e empurra uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Afasto-me dele, horrorizada. — Eu traí você. Você não me obrigou fazer isso, e eu, com certeza, não escorreguei e caí sobre o pau dele! Sean, aceite isso pelo o que é - fim. Um casal de idosos se vira para mim enquanto eu grito. A velha está com um chapéu de sol e seus lábios se contorcem enquanto eu xingo. Seus olhos são cinza, e sua pele está enrugada com a idade. Ela se inclina para o homem e sussurra alguma coisa. Um momento depois, ela caminha até Sean, se inclina e sussurra algo. Não consigo ouvir uma palavra. Sean olha para ela como se dissesse algo absurdo. A velha agita seu dedo indicador para ele enquanto se afasta. — Não se esqueça do que eu disse. — E fala com um piscar de olhos, quando se vira para o homem idoso e pega a sua mão. Poderíamos ser nós - velhos e felizes. É um futuro que nunca teremos. Eu afasto o pensamento da minha mente quando a curiosidade toma conta. — O que ela disse? —Tolices, nada mais. — Sean diz, balançando a cabeça.


Eu vou para pegar o braço dele e paro a mim mesma. Sean olha para seu braço, no lugar que quero tocá-lo. Seus olhos escuros levantam e encontram os meus. — Sean, você não vai me dizer? — Parece insignificante. Eu só rasgo sua alma, e estou pedindo para saber o que uma estranha disse. A verdade é que ele não tem que me dizer mais nada. Isso é o que eu quero, certo? Afastá-lo? Para mantê-lo seguro? Paro de pressioná-lo e abaixo o meu olhar. As coisas têm que mudar. O arranjo não é o mesmo. Nunca haverá um anel ou um casamento, não com Sean Ferro. Os segredos compartilhados irão desaparecer como um floco de neve na ponta do meu dedo. Vou me lembrar de como é senti-lo e do seu rosto, mas logo essas lembranças vão desaparecer também. Não tenho o direito de pedir mais nada. O pensamento deixa um caminho de solidão em seu rastro. Eu envolvo meus braços em volta da minha cintura e respiro fundo. Olhando para ele, forço um sorriso. — Desculpe. — É uma palavra tão pequena, mas significa muito. Me desculpe que as coisas terminaram desse jeito.


Me desculpe, por ter trazido tanta dor em sua vida. Me desculpe, pela morte me seguir e lançar sua sombra sobre você. Me desculpe, que as coisas não podem ser do jeito que queremos. Me desculpe, por não poder encontrar outra maneira de deixar isso para trás. Me desculpe, por tê-lo machucado. Me desculpe, por tudo. Ele me olha por um momento, seus olhos azuis procurando lentamente meu rosto antes de encontrar meu olhar. O olhar perdura, e cada arrependimento que tenho sobre nós aparece em seu rosto. É como se ele soubesse como me sinto e o quanto gostaria que isso não precisasse acontecer. Ele acha que o bebê é real. Não é. Naquele momento, o mundo desaparece. A única coisa que posso pensar é a vida que joguei fora. Não a cerca ou a pequena casa, mas a vida real que poderíamos ter tido juntos, o bebê que se pareceria com Sean. Lamento a vida real de beijos apaixonados de um homem que me ama e das conversas que


começam meia-noite e duram até o amanhecer. Durante muito tempo, só vi o exterior das coisas - a casa, o jardim, as flores não a família dentro da casa. Eu nunca percebi o quanto queria segurar seu filho nos meus braços. Agora nunca terei isso. Sinto que vou passar mal e tento esconder isso. Sean percebe. — Você tem feito tudo isso grávida. Eu nem percebi. Sinto muito por tudo, Avery. Ele respira fundo e olha para o casal de idosos na praia. Quando olha para mim, a suavidade em seu olhar desaparece e suas paredes voltam a subir. — Ela disse que você vai ter uma menina. As pessoas mais velhas podem localizar uma mulher grávida a quilômetros de distância. Ela pensou que eu era o pai. Eu não a corrigi. Vamos lá, vamos encontrar Trystan.

Capítulo 10 Mesmo que seja noite, e tenha muito pouca luz, eu ainda sinto que estou indo para ter minha cabeça estourada. O objetivo deles é me deixarem fugir com meu namorado estrela de rock,


enquanto os dois descobrem como sair dessa confusão. Quando nos aproximamos da costa, há um pequeno barco branco parado na areia com dois remos no assento. — Entre. — Subo na pequena embarcação e me sento enquanto Sean agarra os remos. Ele balança a cabeça e aponta para o local em frente ao banco. — Você não pode se sentar ai. Este plano só funciona se ninguém a ver. Água suja, areia e algo viscoso cobre a parte inferior do barco. Eu faço uma careta e quase protesto, mas quando olho para Sean, apenas faço isso. Pressiono o meu corpo para baixo na parte inferior do barco, descansando em algo frio e viscoso, incapaz de sentir qualquer cheiro além de madeira podre. Sean nos leva através dos juncos por trás, movendo o barco insanamente lento para não fazer barulho. Ele está constantemente olhando em volta, examinando em todos os lugares sem mover a cabeça. Não consigo imaginar o que está acontecendo dentro da sua mente brilhante. Ele deve sentir-se tão traído, mas eu tinha que fazer isso. Sean não é indestrutível. Sua mãe era indestrutível, e ainda assim, ela está morta. Quando paramos em frente ao cais na margem oposta, eu me sento e limpo a lama do meu rosto. Sean agarra uma corda e amarra o barco, então se vira para me ajudar a descer no cais.


Estamos perto de algumas casas e do outro lado da estrada principal para sair daqui. — Por que viemos para cá? — Não entendo o que eles estão fazendo. Não importa o que, vou ser vista indo por este caminho. — Masterson vai nos encontrar aqui com um barco mais rápido. Ele vai nos levar a uma cais diferente e Trystan a pegará lá. Eu não poderia arriscar que você fosse vista saindo daqui. Antes que eu possa responder, os pelos na parte de trás do meu pescoço arrepiam. Um momento depois, os pelos dos meus braços fazem o mesmo, e arrepios cobrem meu corpo. — Parece que alguém está nos observando. — Sussurro para Sean. — Eu sei. — Quem é? — Tropeço saindo do barco como uma bailarina bêbada, rodando para me equilibrar. Sean pega a minha mão e me estabiliza. — Eu não sei, mas eles tiveram muitas oportunidades para nos levar para fora e eles não o fizeram.


— Então, é amigo? Suas sobrancelhas se juntam, como se eu devesse saber a resposta a essa pergunta. Ele solta minha mão e olha por cima do ombro, antes de voltar o olhar para o meu. — Você conhece alguém que arriscaria a sua vida por você que já não esteja aqui? Eu engulo o soluço que quer subir e balanço a cabeça. Ele me odeia. Oh, Deus! Sean vira a cabeça para o lado, indicando que eu deveria seguilo. Tento andar ao lado dele, mas Sean não me espera. Seu passo é muito longo, então ele está meio passo à frente. — Trystan não é tão estúpido. A distância dele a mantém viva, de modo que não é ele. Todos os demais associados com você parecem ter fugido. Estou supondo que você notou isso, certo? Black está quieta, Gabe despareceu e Mel fugiu. — Mel não fugiu. Alguém armou para ela. Os policiais ainda estão à procura de. . Ele se vira para mim, me cortando. — Ninguém está procurando por ela, Avery! Mel não é a porra da sua amiga e pense para onde você está indo, você vai ter


sorte se não for o alvo dela, também — Ele grita em um sussurro abafado. — Alvo para quê? De uma vida fabulosa de domínio de prostituta? O que diabos você está falando? Ele fecha os olhos e aperta os dedos em sua têmpora. Quando olha para mim de novo, ele está além de lívido. — Victor. Tudo isso volta para ele. Tudo começou com ele, e deveria ter terminado com ele quando Bryan colocou uma bala em sua cabeça, mas o seu filho cérebro de merda apareceu. Pense nisso Avery, por que Victor mencionou você no testamento? Por que ele iria insistir em dividir os bens entre os seus dois filhos? Desvio o olhar. Paro de andar. Passando os braços firmemente ao meu redor. Olho para o espaço, piscando para conter as lágrimas que não podem se formar. — Prefiro não pensar naquele homem. Tenho dificuldade em acreditar que ele é o meu pai biológico, mas. . — Minha voz falha. A forma como a minha mãe agiu todos esses anos, sempre preocupada, sempre olhando por cima do ombro, faz mais sentido agora. Eu respiro fundo e olho para Sean, que parou a poucos passos na minha frente. — Eu sei que Victor me queria morta.


— Certo, então por que a colocou em seu testamento? É também para irritar Vic ou. . — Ou o quê? Sean olha para mim e abaixa seus cílios. Seu maxilar fica tenso e ele olha para longe. — Ou o quê? — Eu ando até ele, querendo uma briga. — Diga-me. — Quando ele não responde, eu empurro-o e grito — DIGA-ME! Sean me agarra ao redor da minha cintura e puxa minhas costas à sua frente em um movimento rápido, antes de jogar suas pernas debaixo de mim. Caímos na areia, eu de cara e com a com a mão de Sean sobre a minha boca para abafar meus gritos. Seu corpo é pressionado contra mim, prendendome contra a areia. Ele vira minha cabeça para o lado para que eu possa respirar e sussurra em meu ouvido. — Isso foi uma precaução de segurança. Se você viveu e Victor morreu, você ficaria marcada para sempre como a filha bastarda que Victor Campone não queria. Ele marcou você. Era uma merda gigante de vida após a morte. As palavras rasgam em mim, me cortando ao meio. Eu luto para Sean me largar, chutando e girando até conseguir encará-


lo. — Essa foi a coisa mais desagradável que você já me disse. — É verdade. O homem odiava sua mãe e claramente não queria você. Ele passou a vida tentando matá-la. — A voz de Sean é dura. Seu olhar é fechado, desprovido de emoções. Posso sentir seus pulmões expandirem quando ele respira, fazendo seu corpo pressionar contra o meu. A maneira como ele olha para mim, do jeito que ele está se afogando em traição e desconfiança, me faz morrer por dentro. Eu quero envolver meus braços em volta dele e dizer-lhe a verdade, mas não posso. Eu odeio senti-lo tão perto. Eu odeio que suas palavras sejam verdadeiras. Agora que Sean disse isso, não há como apagar o pensamento. Abrindo meus dedos, eu pego um punhado de areia e jogo em seu rosto. O vento pega e sopra a maior parte dele de forma errada. Assim que meu punho se abre, Sean agarra meu pulso e abaixa. Ele usa o resto do seu corpo para me manter no lugar, então não posso me mover. — A verdade é que nós dois somos pessoas fodidas que


ninguém queria. Aprenda a viver com isso. — Sean me libera e fica em pé. Então caminha em direção à casa de novo sem olhar para trás. Eu merecia isso, sei que merecia, mas ele me machucou com uma ferida que irá sangrar para sempre. Acho que estamos quites.

Capítulo 11 Eu sigo Sean pela margem do rio, andando na areia solta pelas dunas, por um quilômetro ou mais. Meus músculos estão queimando. Cada passo que dou parece que alguém está empurrando facas em minhas coxas. Sean está à frente, andando rápido, sem se preocupar em se virar. Sua camiseta era branca, mas agora está agarrada ao seu corpo coberta de suor. Sua calça jeans está baixa em volta da sua cintura tonificada e é difícil não notar como ele está lindo. Engulo em seco e forço o meu olhar para a areia. Não posso me lembrar mais dele desse jeito. Eu preciso descobrir como encontrar o meu irmão enlouquecido e acabar com isso. Eu tenho que fazer isso para afastar ambos de mim. Acho que Sean está pronto para fazer isso. Mais algumas palavras


desagradáveis e ele irá embora. Uma ideia se forma e eu decido fazer isso. Perseguindo Sean, apresso ao lado dele. — Ferro, espere! Sean não olha para mim ou retarda o passo. Suas pernas são puro músculo. O homem é um Deus, não mostrando nenhum sinal de tensão diferente do seu corpo brilhante. — Ei! — Pego seu braço e puxo. — Estou falando com você! Pare! — Sean puxa seu braço. — Não temos tempo para conversar, Avery. Vic está nos procurando, Marty está arriscando sua vida, e alguém está nos seguindo. O que você quer dizer não importa. Continue andando. — A testa de Sean franze quando ele se afasta e começa a andar mais rápido. Eu passo na frente dele e levanto as duas mãos. Ele bate direito em mim. — Puta merda, Sean! — Eu quase caio. Sean não tenta me segurar. Em vez disso, ele tenta continuar andando. Eu grito quando ele passa. — Eu queria te dizer uma coisa, mas se vai ser um idiota, não merece isso. Ele para. Seu corpo fica tenso, omoplatas quase se tocando e ele me circula, ficando na minha frente.


— Eu não mereço isso? Eu que sou o infiel e engravidei? Oh, espere, é você! — Seus olhos estreitam em fendas finas, e a forma como ele olha para mim me preocupa. O velho Sean ainda está ali, esperando para consumi-lo. Não sei até onde posso manipular sem destruí-lo. O vento chicoteia o meu cabelo em meu rosto. Empurro isso de volta e lanço nele. — Você me jogou para ele! Eu queria você, mas onde você estava, Sean? Saiu! Você não estava lá quando eu precisava de alguém! Você nunca está lá! As lágrimas caem dos meus olhos. Estou usando suas inseguranças contra ele, abrindo uma fenda entre nós tão grande que vamos nos afastar e nunca reataremos. Não haverá nada depois disso. Ele vai se afastar de mim. — Eu estava cuidando das pessoas que amo. Alguns deles ficaram na merda, e você sabe o quê? Ninguém mais ajudou, mas eu poderia, então o fiz. Me desculpe por não poder segurar sua mão e mimar você. Me desculpe se eu a fiz sair com uma estrela do rock e se vestir como uma vagabunda no palco e dançar com ele. Se eu não tivesse feito isso, não teria perdido você.


Enquanto ele fala, a arrogância em seu tom morre e seu olhar amolece. Não! Ele não pode me perdoar. Que diabos ele está fazendo? Ele deveria brigar, mas está recuando. Empurro o seu peito com força e ele recua. Eu faço novamente, batendo duro. — Isso não é bom o suficiente! Você nunca estava por perto! Você coloca todos os outros antes de mim, até mesmo a sua mãe! Ela nem sequer te amou! Você correu para uma zona de guerra do caralho por alguém que te odeia! Sean permanece completamente imóvel. Seu peito não sobe ou desce. Seus olhos não piscam. Seus lábios são a única coisa que se movem, e enquanto eu falo, eles se separam e seu queixo cai mais e mais. Cada golpe é baixo, precisamente destinado a eliminar qualquer afeto que ele ainda sinta em relação a mim. Eu atinjo suas fraquezas e vulnerabilidades. O Sean que amo, a versão aberta que era tão difícil sair, nunca aparecerá novamente. Eu cerro meu maxilar e contraio os músculos para impedir os tremores. Estou pronta para chorar, mas não posso. Ele vai saber o que estou fazendo, se de repente começar a chorar. Acabe com isto.


Aperto meus lábios e lanço a pedra final, aquela que vai destruir tudo. — Eu nunca te amei. Como eu poderia? Você é um monstro, Sean Ferro. Você era o meu alvo desde o primeiro dia. Miss Black queria você em sua lista de clientes, e eu disse a ela que o conseguiria. — Enquanto falo, os músculos nos braços de Sean ficam tensos até que a veia em seu pescoço salta. Isso está pulsando forte com a raiva inundando seu corpo. Suas mãos flexionam em punhos. Eu continuo falando, vomitando mentiras até que ele quebra. — Nunca foi sobre você. Eu queria o seu dinheiro, e ela queria o polegar de em um Ferro. Você era uma aquisição de negócios, e nada mais. Ele corre para mim, com as mãos sobre os meus ombros agarrando-me com força. Seus olhos azuis estão em algum lugar entre lívido e ferido. Sua voz é quase inaudível. — Você não quer dizer isso. Nada disso é verdade. — Você é tão ingênuo. Você só vê o que quer; você foi manipulado. Seu primeiro instinto foi correto, Black armou para você e você caiu nessa. Ele aperta o queixo por um momento e então pergunta: —


Como você pôde fazer isso comigo? — Seus olhos encontram os meus, mantendo meu olhar, esperando a resposta que irá destruí-lo. Minhas palavras vão mandá-lo direto para o inferno, que ele residiu por tanto tempo. Meus lábios se abrem e eu sei o que preciso dizer, mas as palavras não vêm. Começo a tremer e depois corro para longe dele, puxando para fora de seu controle. Dou um passo para trás uma vez, e, em seguida, novamente. Estou de pé entre as plantas da grama nas dunas. Olhando para a areia, eu o cuspo. Eu tenho. Ele tem que ir embora, ou ele vai morrer. Meus lábios tremem ligeiramente, mas minha voz é firme e plana. —Você matou a sua esposa e filho por nascer. Você realmente acha que eu teria qualquer empatia por um assassino de esposa? Quem precisa de planejamento familiar quando você está por perto? Eu olho para cima quando digo a última parte. Eu tenho que ter certeza que ele acredita em mim. Eu vejo aqueles olhos azuis se encherem de angústia enquanto falo. Por um momento, ele não diz nada. Então Sean cai para frente, de cara na areia. Meus olhos se arregalam quando vejo um homem de pé atrás dele com uma arma na mão. Eu olho para baixo para Sean para ver florescer vermelho de um único ponto na parte de trás de sua camisa. O homem é magro, com o cabelo escuro que espreita de um


couro cabeludo uma vez raspado. Uma tatuagem envolve a parte de trás de seu crânio. Não posso dizer o que é a partir daqui. Cada músculo está mostrando através de sua pele bronzeada, apertado com fio, como corda. Ele inclina a cabeça para o lado, e outros quatro homens - enormes homens parecendo assustadores - imediatamente o cercando. —Leve o lixo para fora. Ele encara Sean enquanto seus homens o agarram pelos braços e o arrastam para a água. Sean ainda está vivo, xingando, tentando se livrar, mas ele não pode. Um homem o detém, enquanto o outro empurra seu rosto na água prendendo-o lá. Braços e pernas de Sean se debatem enquanto eles tentam afogálo. Corro para a frente, pronta para implorar pela vida de Sean, mas o homem aplaude lentamente, um aplauso de cada vez. — Isso foi bonito pra caralho. Você brincou com este idiota por meses, enrolou-o, e levou-o direto para mim. Não admira por que Pop não queria você por perto. Você é uma cadela sem coração — Ele segue o meu olhar para a água, onde estou assistindo Sean lutar menos e menos. Vic estala os dedos, e seus capangas puxam o rosto de Sean para fora da água.


Sean sobre ofegando e sufocando. Toda a sua camisa está vermelha brilhante e agarrando-se a suas costas. Areia adere ao lado do seu rosto conforme a água rola pelo seu rosto. Ele olha para cima e vê-me de pé ao lado do meu irmão. A forma como seus olhos piscam com a compreensão assusta o inferno fora de mim. A voz de Sean é áspera. Ele cospe na areia e tenta se afastar dos homens que o seguram, mas ele está muito fraco. Ele olha pra mim. — Sua puta fodida. Foi você — Ele engasga novamente e levanta seu corpo flácido, antes de tentar correr até mim. Os homens de Vic’s o seguram. — Foi você! Esse tempo todo, tudo o que aconteceu, todo mundo que morreu! É a porra da sua culpa! Vocês estavam trabalhando juntos desde o começo! Parece que ele me esfaqueou no estômago com um pingente de gelo. O medo corre por minhas veias quando ele junta todas as peças, formando um padrão que se alinha com as minhas outras mentiras. Ele acha que planejamos isso juntos - que Vic e eu estávamos vindo até sua família a partir de lados diferentes. Sem o clã Ferro no caminho, minha família mantém um firme


controle sobre Nova York - em cada família rica, cada empresário corrupto, e todos os políticos de duas caras. Eu estou tão morta. Nós dois estamos se eu não disser a coisa certa agora mesmo. Olho para o meu irmão e me aproximo dele com um sorriso suave, confiante no meu rosto. — O sangue é mais espesso do que a água. É melhor você se lembrar disso na próxima vez que eu o ver. Oh espere. Não haverá uma próxima vez — Eu arqueio uma única sobrancelha para ele, fingindo confiança e viro em meus calcanhares. Vic ri e estala os dedos novamente. — Livre-se dele. Os homens arrastam Sean, mesmo que ele lute para se libertar. Espero que eles possam mantê-lo, porque se não puderem, estou morta. Ele não vai esperar por mim para dizer uma palavra, não com os pregos que eu ataquei seu coração ao longo dos últimos dias. Finalmente tive meu bonito, atencioso, vulnerável Sean, e o destruí.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.