PALAVRA DA DIRETORIA
O significado de liberdade é tão amplo que, dependendo do prisma que se o descreve ou tenta decifrar, toma contornos diferentes. E essa liberdade muitas vezes traduzida como livre-arbítrio nos faz tomar decisões que podem parecer absolutas, mas não o são. Serão e devem ser revisitadas, justamente para não nos tornarmos escravos das nossas próprias decisões e, talvez, acomodação. Como nada é por acaso, essas observações se relacionam com a festividade que se aproxima. Ao celebrar Pessach, reunimos a família para contar a história do Êxodo do Egito, há mais de três mil anos. Mas, fazemos muito mais do que isso porque revivemos essa história como se fôssemos partícipes dela. Comemos matzá simbolizando a aflição, as ervas amargas recordando a escravidão e bebemos as quatro taças de vinho para festejar a sonhada e conquistada liberdade. A simbologia e a representatividade nos aproxima bastante daquilo por o que nossos antepassados passaram. Aqui, na Hebraica, nossa segunda casa, realizamos sedarim em vários locais, reunindo gerações para recordar Chag Herut – Festa da Liberdade e reviver essa época de diversos aspectos. No entanto, do que, de fato, nos libertamos ao celebrar Pessach? Qual a simbologia desta lembrança? Qual o limite dessa liberdade? Muitas vezes tomamos decisões e certamente hesitamos porque uma dose de insegurança sempre acompanha nossos atos. Mas, e novamente lembrando de Pessach, devemos ter clara a insegurança e até desespero que cercou nossos antepassados ao saberem que o Faraó e seu exército estavam no seu encalço. É quando Moisés então convoca o povo a não perder a fé, sua fé, e aqui se narra o “milagre” da abertura do mar dos juncos (Vermelho), para os judeus passarem e fugirem dos seus perseguidores. Formam-se dois gigantescos paredões de água e todo o povo atravessa. Quando os egípcios iniciam a travessia suas bigas atolaram. Obedecendo orientação divina, Moisés ergue a mão, e as águas se fecham, dizimando os perseguidores.
Milagre vem do latim miraculum. Na Antiguidade clássica era algo excepcional ou inexplicável, um fato maravilhoso ou extraordinário que provoca admiração. Os mais céticos – e existem muitos –, duvidam da descrição contida na Torá, e preferem atribuir a ocorrência da divisão das águas a fatores naturais. Segundo o professor da Universidade de Cambridge (GrãBretanha), Colin Humphreys, em seu livro Os Milagres do Êxodo, um vento de mais de 130 km/h abriu o Mar Vermelho para os hebreus e Moisés passarem. Colin cita o caso do lago Erie, nos EUA, onde uma ventania fez uma das margens ficar cinco metros mais alta que a outra. E Carl Drews e Weiqin Han, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR), da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, criaram um modelo que simula por computador como o movimento do vento, descrito no Antigo Testamento, poderia ter separado as águas do Mar Vermelho, atribuindo a este fator a abertura do mar. Mas, ainda assim, surge outra indagação, quem movimenta os ventos?!? Por isso, o ditado popular “divisor de águas” remonta à mencionada passagem pelo Iam Suf, o Mar Vermelho. Atualmente, diante de tanta violência e agressividade, precisamos trocar a força pela união; o ódio pela compaixão e olhando à frente, agir com extrema prudência e nos libertar dos problemas cotidianos das nossas vidas pessoais e profissionais. Aliás, dia desses vi em uma rede social algo que me chamou a atenção e me remete um pouco às reflexões acima. Dizia o post: “Pense como um adulto, viva como um jovem, aconselhe como um ancião e nunca deixe de sonhar como uma criança”. É o que desejo a todos. Uma vida equilibrada, ponderada, plena de saúde e rica de felicidade, mas lembrando sempre dos nossos sonhos e objetivos, pois tenho extrema fé em que com dedicação podemos e chegaremos lá. Este espírito está incorporado em todos que comandam a Hebraica exatamente para nos libertar de estigmas e para nos brindar com a alegria que a vida nos proporciona. Chag Pessach Sameach Shalom Daniel Leon Bialski 3
SUMÁRIO
8 DIRETORIA EXECUTIVA 16 ENTREVISTA 20 ACONTECE 24 REGISTRO 32 AGENDA
4
ESPORTES CAPA / MAGAZINE GALERIA ENSAIO
44 52 82 92
CENTRO CÍVICO LOTADO DURANTE O MEGA PURIM QUE ATRAIU DEZENAS DE CRIANÇAS
CARTA DA REDAÇÃO
ANO LVII | NO 674 | ABRIL 2018 | NISSAN/IYAR 5778
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE CORRESPONDENTES MIRIAM SANGER, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS FOTO CAPA DIVULGAÇÃO DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
Pessach é o fim da escravidão
ALEX SANDRO M. LOPES
Esta edição marca o início da colaboração da jornalista Miriam Sanger como nova correspondente em Israel, substituindo o excelente Ariel Finguerman, que contribuiu com seu saber, vasto conhecimento e texto limpo em quase duas centenas de edições. Miriam se formou em São Paulo, fez aliá há alguns anos e estreia nesse número com uma saborosa reportagem a respeito de como os israelenses celebram o Pessach e passam estas longas férias que o calendário mosaico lhes proporciona. Além desse material de Miriam, outro a respeito do desenhista e ilustrador Arthur Szyk, que nos anos 1930 produziu uma fantástica Hagadá na qual o Faraó é Hitler de roupa bávara, coberto de insígnias, de bigodinho e ao lado de Herman Goëring. E, claro, o sempre esclarecedor texto de Joel Faintuch, em “Costumes e Tradições”. Leiam uma entrevista do diretor de Comunicação Eduardo Len a respeito dos projetos da nova gestão para o setor e conheçam os novos vice-presidentes e suas ideias. Além disso, o “Ensaio” trata da nova legislação polonesa que considera crime mencionar a expressão Holocausto sugerindo que a Polônia esteve envolvida nas atrocidades cometidas pelos poloneses simpatizantes do nazismo contra judeus, ciganos, homossexuais e Testemunhas de Jeová. E em “A Palavra”, Philologos trata da hipótese de uma língua franca, no caso o hebraico, capaz de unir judeus e árabes, em Israel. E a partir desta edição não vai mais constar do expediente o nome de Flavio Bitelman que, durante anos, exerceu as funções de publisher. É uma grande figura humana, leal, muito bem relacionado e profundo conhecedor da arte gráfica, do design e do papel de uma revista como a Hebraica na comunidade judaica de São Paulo. Uma pena. Shalom Chag Pessach Sameach Bernardo Lerer – Diretor de Redação
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NA NOSSA MIRA 1
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1. ARTHUR, SÉRGIO WEBER, ALICE, INÊS KOGAN SCHVARTZ, LÍVIA MELAMOUD WEBER E JAIME RANCMAN WEBER FAZEM PIQUENIQUE NA
HEBRAICA
2. AVRAHAM GELBERG, JUNTO COM ELISA NIGRI,
VANESSA KOGAN, ISABEL KOHN E MARIZA DE AIZENSTEIN
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3. MAIER E ILANA GILBERT CAMINHAM COM A CACHORRINHA
4. JAN E LÍLIA T. COIFMAN 5. RICARDO BERKIENSZTAT E AVI MEIZLER PARTICIPARAM DA REUNIÃO DO CONSELHO DELIBERATIVO DA HEBRAICA 14
DIRETORIA EXECUTIVA
Por Magali Boguchwal
“N
UMA EQUIPE COM PRESIDENTE, VICES, SECRETÁRIOS, TESOUREIROS E ASSESSORES TOTALMENTE VOLTADA PARA O ATENDIMENTO AO ASSOCIADO
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Alegria, inovação e dinamismo são as marcas registradas da atual gestão, que desde o início do ano se articula para oferecer atividades e serviços à altura das expectativas dos sócios e que acumula elogios sempre que promove um evento voltado para diferentes faixas de público
osso objetivo é a integração dos sócios por meio de eventos sociais e culturais idealizados e desenvolvidos por uma excelente equipe de profissionais e voluntários”, comenta o vice-presidente Social e Cultural Sandro Assayag, em uma espécie de síntese do que pensam os colegas da Diretoria. Ele cita o Boteco (apresentações de bandas na Piscina), a programação de cinema que a cada semana amplia e diversifica o público das sessões durante a semana e aos sábados e domingos. “Já temos agendadas baladas e shows que fazem tributos a grandes bandas, respondendo ao apurado gosto musical e artístico do nosso público”, acrescenta Assayag. A vice-presidente Administrativa Mônica T. Hutzler lida com uma ampla gama de assuntos, que vão desde Recursos Humanos ao setor de Concessões, que implica um atendimento direto com o público. “Implantamos um serviço no Bar da Piscina que nos finais de semana prepara espetinhos e outros acompanhamentos, atendendo no mesmo espaço os usuários da piscina e sócios que chegam pelo acesso externo”, comenta ela. Em resposta às sugestões, houve redução de preços no buffet do restaurante Casual Mil, que nos finais de semana atende unicamente aos associados. A sauna masculina também desenvolveu promoções para reduzir os preços aos usuários. “Quem vai ao cinema pode terminar a programação noturna saboreando uma pizza na Praça Carmel. Esta e outras novidades servem para atender o sócio e estimular a frequência aos serviços da Hebraica”, completa Mônica.
BASES SÓLIDAS Desde o início desta gestão, as vice-presidências Social e Cultural, de Esportes, Administrativa, de Patrimônio e Juventude trabalham em total sincronia com a Tesouraria e a Secretaria, cujos papéis são fundamentais na organização geral da Hebraica. “Somos responsáveis pelas áreas de Contabilidade e Tesouraria. Do ponto de vista dos processos internos, queremos implantar, em breve, melhorias na confecção do orçamento do clube e seu acompanhamento. A ideia é automatizar ainda mais os processos contábeis, de projeção do caixa e racionalizar a estrutura de custos do clube”, enumera o tesoureiro-geral Marcelo Rosenhek. Está em curso uma ação que deve beneficiar muito as famílias: “Pretendemos modernizar a forma de relacionamento entre o sócio e a Hebraica, estimulando cada vez mais a utilização dos canais e meios eletrônicos para pagamento e obtenção de informações”, completa ele. 17
DIRETORIA EXECUTIVA Atendimento ao público é um dos focos da Secretaria nas áreas de compra e venda de títulos, cadastro, assistência social, além da Central de Atendimento, com todos seus serviços, e a Agenda, que viabiliza o aluguel de espaços. O objetivo principal dessa gestão é aprimorar o relacionamento com o associado, dando continuidade ao que foi feito em gestões anteriores, sempre visando o conforto e a melhoria da experiência das famílias no aproveitamento da Hebraica. Ouvir o sócio e oferecer soluções para os problemas que ele nos apresenta e acompanhar a forma como essas soluções são colocadas em prática também está em nossa linha de ação. Com simplicidade, o secretário-geral Fernando Rosenthal sintetiza o sentimento de toda a Diretoria Executiva ao falar sobre o quadro associativo. ”Queremos estimular nossos sócios para explorar os excelentes espaços que o clube oferece e trazer novos sócios para que tenham a mesma experiência”, conclui. Deyvid Arazi e Fábio Wasserstein trabalham ativamente para incrementar e estimular o sócio a aderir cada vez mais à prática de esportes. “Desde janeiro, jovens de 16 a 25 anos frequentam o Fit Center gratuitamente, em uma promoção inédita, muito bem-sucedida. Incluímos o krav magá no rol de modalidades de lutas à disposição dos sócios”, comenta o vice-presidente de Esportes, Deyvid Arazi. Essas e outras ações ganham brilho e relevância na medida em que todas as dependências recebem manutenção e melhorias constantes. “O Departamento de Patrimônio é um prestador de serviço para todas áreas da Hebraica. São mais de dois mil serviços de manutenção executados mensalmente, além da administração da limpeza, montagem e desmontagem de eventos, zeladoria, segurança do trabalho e bombeiros, tudo para o sócio se sentir acolhido e confortável em qualquer local do clube”, afirma o vice-presidente de Patrimônio, Jacques Steinberg. Mônica Drabik Baran se orgulha de ter atuado na Hebraica durante vinte anos, ora como profissional, ora como voluntária. Hoje, ela é vice-presidente de Juventude e mãe de dois adolescentes que também atuam na Hebraica. “Busco a integração dos nossos jovens ao judaísmo e oferecer-lhes atividades socioculturais e recreativas que os atraiam para o clube”, afirma. Em razão do dia-a-dia da vice-presidência de Juventude estar sempre ligado ao judaísmo, ela viu com naturalidade a área de Cultura Judaica ser acoplada aos diferentes setores da Juventude. “Pretendemos otimizar as áreas de danças, integrar os jovens em novos projetos sociais, além de aperfeiçoar os projetos já existentes e, para isso, contamos com uma equipe de profissionais que coloca as atividades da Hebraica na vanguarda em relação a outras agremiações”, observa. “Teremos shows, viagens, palestras, espetáculos teatrais, musicais e o Back to Adventure com muitas aventuras para os jovens, entre elas Off road, rafting e muitas mais. Temos uma equipe de diretores voluntários e assessores animados e engajados trabalhando com muita sinergia nesses projetos”, completa ela. 18
ENTREVISTA
Por Tania Tarandach
Informar qualidade, vibração e O Departamento de Comunicação é onde o diálogo clube/sócio está mais presente. Ali nascem todos os “produtos” que levam as notícias das realizações sociais, culturais e esportivas da Hebraica. Na entrevista a seguir, o novo diretor do Departamento, Eduardo Len, responde às indagações de muitos sócios
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evista Hebraica – Um dos objetivos desta gestão, como da anterior, é atrair mais sócios e impedir a evasão dos existentes; quais são seus planos no sentido de atrair os que estão fora e fidelizar os que estão dentro? Eduardo Len – Nossos planos são, na realidade, bem simples. Quem frequenta o clube já percebe que as entregas têm cada vez mais qualidade. É nítido o aumento de qualidade dos serviços e atividades esportivas e sociais, do dia-a-dia, a ativação de eventos de alto nível, como foi Purim, por exemplo, a arquitetura dos novos espaços, superagradáveis, como a nova entrada, a música ao vivo, a Dulca e aquele visual. Retenção de sócios também significa ouvir os sócios. Essa gestão é 100% alinhada a essa prática. Cabe aqui dizer que isso não significa implantar imediatamente cada demanda individual. Significa considerar as opiniões para implantar melhorias que atendam a todos, mas com planejamento. Atrair novos sócios passa também pelo mesmo caminho: comunicar ao público que não é sócio toda essa qualidade, vibração e atividades da Hebraica, que vem se renovando e reinventando a cada dia. Somar a isso condições especiais para voltar ou entrar como novo sócio. Por que, na sua opinião, famílias e associados se desligam da Hebraica: são menos judeus, têm outros interesses, custos altos? Len – São vários os motivos. Alguns deles ligados às questões do clube mesmo e outros, os principais, a fatores circunstanciais externos. Do final de 2014 a meados de 2017 vivemos uma retração econômica violenta. Uma forte e longa crise de aproximadamente três anos. Foi (e ainda tem sido) uma situação complicada para todos – dentro e fora da comunidade. Todos nós tivemos alguns amigos ou parentes que fizeram aliá ou se mudaram para outros países. Da mesma forma, as famílias controlaram demais os orçamentos e fizeram cortes: escolas, cursos de inglês, atividades extras, jantares em restaurantes, assinaturas de TV x Netflix, e a Hebraica não escapou. Também vivemos algumas tendências: academias baratas e espalhadas por todos os cantos, os condomínios clubes, que já estão sendo substituídos por pequenos edifícios muito bem localizados, parques bacanas em SP são três importantes 20
motivos, no nosso caso. Cabe aqui, ainda, falar do grande upgrade que o clube deu nos últimos anos, mesmo em meio a toda essa adversidade. Vou elogiar a gestão Avi e falar do bom momento da gestão Bialski. Arremato com uma frase da minha mulher: “Nada substitui a tranquilidade de deixar as crianças em um ambiente que tem essa segurança, vida social ativa, amigos, etc”. Se a história da Hebraica, nestes mais de sessenta anos, fosse dividida em fases, que fase é esta em que você é diretor de Comunicação? Len – Fase de expansão e crescimento. Com o pé no chão e a cabeça nas nuvens. Qual a sua missão, a missão de um judeu como associado e, mais ainda, como dirigente de uma instituição como a Hebraica? Len – Minha missão, como ser humano, é ser justo, amigo e ajudar quem eu puder. Aí vale para dentro e fora da Hebraica. Qual deve ser o papel da Hebraica como centro comunitário judaico, possivelmente o mais importante do Brasil, nesta fase da vida brasileira, de embates e polarização? Len – Mesmo com essa importância na comunidade maior, na minha opinião a Hebraica deve cuidar prioritariamente dos sócios. Focar toda e qualquer ação dentro do seguinte drive: é para os sócios? Vai fazê-los felizes? Vale investir tempo e dinheiro? Traz novos sócios? Na sequência, manter sua postura apolítica e apartidária. Buscar sempre informação verdadeira e assim deixar todos os seus públicos de relacionamento esclarecidos.
ACONTECE
Dia da União Europeia na Hebraica Reúna a família, os amigos e programese para reviver a década de 50, o auge de Elvis Aaron Presley, o Rei do Rock em uma noite única no Teatro Arthur Rubinstein, dia 14, às 21 horas
A Hebraica foi a escolhida para sediar o evento comemorativo à criação da União Europeia. Estão previstas a exposição “Democracia e Cultura” e a realização de recital com o aclamado pianista Christian Leotta
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“H
ormulada oficialmente em 9 de maio de 1950, a criação do Dia da União Europeia é mais do que um processo pós-guerra. Hoje, é um sistema de valores por conta da solidariedade, a reafirmação da criação do projeto europeu e seu futuro. A data é comemorada pelo corpo consular e, este ano, a Hebraica foi escolhida para realizar o evento comemorativo. De acordo com o cônsul-geral de Portugal, Paulo Lourenço, a ideia é trazer uma leitura contemporânea da União Europeia com São Paulo, a maior cidade brasileira, operacionalizando a pauta das comemorações realizadas em Brasília. Por este semestre na coordenação da EU, Portugal tem a tarefa de programar o evento. “Procuramos corresponder ao convite de George Legmann nesse sentido, pois tem a ver com nossa pauta. Com o ato na Hebraica, teremos uma interação muito forte e ampliaremos nossos
NOVA TURMA DE CABALÁ Vão muito bem as turmas de Cabalá iniciadas em 2017. Os sócios pediram e Marcelo Steinberg inicia uma nova turma no nível 1. Para os interessados, fará palestras introdutórias, dias 24 e 30, às 19h, Auditório. 24
parceiros, não só consulares mas a sociedade como um todo”, disse o cônsul Lourenço. A União Europeia é um dos principais investidores no Brasil e atua nas áreas cultural, empresarial e comercial. Para marcar a data, está em preparação uma série de atividades. Inicialmente, a República Tcheca, coordenadora do evento, fará uma exposição no saguão da entrada principal, com o título “Democracia e Cultura”, enfocando a Primavera de Praga. A convite do Consulado da Itália, o Teatro Anne Frank receberá o aclamado pianista Christian Leotta, o mais jovem a realizar recitais em diferentes países, abrangendo a gravação integral das 32 sonatas de Beethoven. Para o cônsul-geral de Luxemburgo, Jan Eichbaum, “é um belíssimo programa, aproximando assim a União Europeia com a comunidade judaica e Israel, momento de integração tão necessária”.
Variedade ao meio-dia Em cada domingo, a Feliz Idade tem uma atração diferente, para satisfazer os diferentes gostos. A começar dia 8 com a presença de Regis Karlik cantando músicas alusivas a Pessach. Uma manhã em que todos cantam, como uma grande família. Domingo seguinte, dia 15, o Instituto Fukuda com seus jovens músicos muito bem afinados, vai mostrar Os Saltimbancos. Dia 22, será a vez do Trio Heranças e, em 29, pontualmente ao meio-dia, será comemorado, no palco do Teatro Arthur Rubinstein, o Dia Internacional da Dança, vai relembrar mais um ano de sucesso, sempre ao meio-dia.
elvis, o Musical” é um espetáculo interativo, uma releitura musical moderna, misto de Las Vegas, Hollywood e Broadway, aplaudido por plateias nacionais e internacionais e, também, em viagens de navio temáticas. Quem comanda o show é Helder Moreira, daí o nome Helvis com “H”, acompanhado de músicos e bailarinas, efeitos cenográficos e projeções de imagens, todo o elenco interagindo com a plateia. Esse conjunto transforma “Helvis, o Musical” em uma atração para todas as idades, “dos 8 aos 80”, como diz seu protagonista. Além das muitas surpresas durante o show, Helder prepara uma exposição de roupas de Elvis, revivendo a época que fez a cabeça de muitos jovens, até hoje fãs do ídolo. Para entrar no clima, a Hebraica convidou e vários sócios terão seus carros da época participando da “Exposição de Carros Antigos”, dias 14 e 15, na esplanada em frente ao Salão Marc Chagall. São modelos idolatrados pelos amantes do automobilismo pelo design inovador e perfil arrojado, entre eles os cobiçados “rabos de peixe”. Um fim de semana em que alguns sócios vão mostrar os carros maravilhosos que andavam nas ruas de São Paulo e eles paqueravam ao som de Elvis Presley.
O primeiro “Entre Amigas” de 2018
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ntre Amigas fez sucesso desde o encontro inicial. Reuniu profissionais de diferentes áreas para um bate-papo durante o café-da-manhã no Espaço Gourmet. E para abrir o calendário de 2018, a convidada é a palestrante Marina Rejman, com o tema “Quer Ficar Antenada?”, enfocando comportamentos e inovações que acontecem no mundo. Marina Rejman é idealizadora da Sala de Cultura, tem formação em marketing pela Universidade da Califórnia e é especialista em inovação. Viaja pelo mundo em busca de novidades nas áreas da tecnologia e comportamento. Suas informações são preciosas para quem quer se manter atualizado e se preparar para o futuro. Faça sua inscrição na Central de Atendimento, os lugares são limitados. Dia 12, o café será servido às 7h30 e às 8 horas Marina inicia a palestra, no Espaço Gourmet. 25
ACONTECE A boa mesa dentro de casa
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ada dia os reality shows de gastronomia ganham mais a preferência dos telespectadores. O mesmo acontece na Hebraica, com chefs que fazem a diferença. Para iniciar as aulas deste ano, o convidado foi o chef Joel Ruiz. A carreira de Ruiz começou nas artes plásticas, antes de partir para as panelas, onde se dá muito bem, desde que atuou com renomados chefs franceses. Foi chefe executivo, por oito anos, do Empório Santa Maria e tem dado aulas na Escola Wilma Kovesi, referência no setor. Chef Ruiz esteve no Espaço Gourmet e agradou. Agora, ele retorna, dia 24, às 19 horas, com um menu mediterrâneo. Para participar, faça a reserva na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889.
Mais filmes premiados no Oscar A programação de abril está incrível. Começa dia 4 com Trama Fantasma, filme premiado com o Oscar de melhor figurino, às 16h e 20h30. Sábado, dia 7, às 20h30, será a vez de A Grande Jogada, filme que os amantes do pôquer vão apreciar muito. Com direção de Aaron Sorkin. A Livraria, Prêmio Goya de Melhor Filme, estará na tela dia 11, quarta-feira, às 14h30 e 20h30, um drama produzido pela Alemanha, Espanha e Reino Unido. Domingo, dia 15, às 16 e 19 horas o programa é ver Projeto Flórida, recomendado para maiores de 14 anos. Quarta-feira seguinte, dia 18, às 14h30 e 20h30, o filme é para quem gosta de esportes. Borg x McEnroe conta detalhes da preparação dos tenistas Bjorn Borg e John McEnroe para a final do torneio de Wimbledon em 1980. Sábado, 21, às 20h30, e domingo, 22, às 16 e 19 horas, o filme que deu a Gary Oldman a estatueta do Oscar de melhor ator ao interpretar fielmente o lendário ministro britânico Winston Churchill. O Destino de Uma Nação recebeu também o prêmio de melhor maquiagem. O filme israelense do mês será O Casamenteiro, agendado para quarta-feira, 25, às 14h30 e 20h30. Sábado 28, às 20h30, e domingo 29, às 16 e 19 horas Pequena Grande Vida encerra o mês. Em seguida, maio começa com um filme muito comentado, O Insulto. Vale colocar na agenda, para não perder: dia 2, às 14h30 e 20h30 26
“A Salute to Abba” em maio, agende-se “Abba The History” é uma banda formada para comemorar os quarenta anos do grupo Abba, desde sua vitória no Festival Eurovision da Canção, interpretando Waterloo, em abril de 1974. Depois vieram Dancing Queen, Mamma Mia, entre muitos outros sucessos da banda que nasceu em Estocolmo, Suécia. Reserve a data de 5 de maio para o show “The History – A Salute do Abba”, na Hebraica. A banda homenageia o grupo sueco com músicos e cantores talentosos, figurino e coreografia de época, arranjos originais e a oportunidade de reviver os hits dos anos 70 que fizeram sucesso em todo mundo. Um espetáculo cheio de surpresas para todas as idades. O grupo nacional promete transformar a noite na Hebraica em um revival de emoções. (T.P.T)
ACONTECE Um mês de novidades na Feliz Idade
HEBRAICA VALORIZA GENTE DA CASA Ricardo Siqueira é funcionário do clube onde começou há quinze anos no então Departamento de Arte em uma sala pequena e, hoje, é diretor de Criação no Departamento de Comunicação e Marketing. Faz parte da equipe responsável pela Comunicação e tem um bom gosto especial, que vem desde quando começou a dar forma aos banners, flyers e, também, à capa da revista. Por isso, o curador da Galeria de Artes Olívio Guedes, convidou Siqueira para mostrar sua criatividade fora do trabalho. Nasceu assim a exposição “Marés”, que pode ser vista até sábado, dia 14, quando haverá um bate-papo, às 11 horas, com o artista, o curador e o público. “Marés” nasceu das andanças de Siqueira pelo Brasil. É uma reunião de ensaios sobre a água, clicados no horizonte da Amazônia, texturas entre ondas em Ilhabela, no aquífero do Cerrado, no Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros e muito mais.
As reuniões da Feliz Idade começam quinta-feira, 5, com a psicóloga Sílvia Malamud falando de “Ciclos da Vida e Processos Terapêuticos”; sábado, 7, será a vez de conhecer o diretor presidente da organização, Jefferson de Oliveira, que vai contar o que se faz no Centro Cultural da Maturidade: o que vem a ser? Um assunto que muitos querem saber mais: “Alopecia: como Tratar”, será o tema da ginecologista e tricologista dra. Cláudia Leite, quinta-feira, 12. Sábado, 14, toda a turma estará a postos para o sempre aguardado bingo. Em seguida, quinta, 19, uma homenagem aos setenta anos da Independência de Israel com a exibição do dvd Êxodus. Voltando aos cuidados necessários, quinta-feira, 26, será vez de ouvir o dr. Leon Hubner, especialista diplomado nos Estados Unidos e em Israel explicar a respeito de “Catarata e os Cuidados com os Olhos”. Para fechar o mês, sábado, 28, Yanni dará um show de interpretação, alegrando o grupo. Todos os encontros começam às 14h30, na Sala Plenária.
De Shakespeare a Hasbún Este mês, os participantes do Clube da Leitura terão um desafio: o primeiro livro a ser lido e discutido, dia 7, é o clássico O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, que dispensa explicações; duas semanas depois, dia 21, os leitores trocarão comentários com a mediadora Vivian Schlesinger a respeito de Os Afetos, do escritor boliviano Rodrigo Hasbún, eleito em 2010 pela revista Granta entre os melhores escritores de língua espanhola abaixo dos 35 anos. O livro, traduzido por José Geraldo Couto e publicado pela Editora Intrínseca, segue os passos da família Ertl desde a década de 1950 e, mesmo escrito como ficção, os personagens são verídicos. No Auditório, às 16 horas. 28
ACONTECE
LAG BAÔMER E BOA MÚSICA A já tradicional comemoração de Lag Baômer acontecerá dia 6 de maio, a partir das 19h30, com fogueira, harkadá, música e diversos food trucks. Compareça e entre na dança. Dia 8, o clube receberá uma banda entre as muitas mantidas pelo Exército de Israel. É uma oportunidade de ouvir e ver como é possível coexistirem atividades artísticas em meio ao duro treinamento militar.
DO OIS S CURSO OS DO O MERKAZ Z O Merkaz programou dois cursos em abril dirigidos a empreendedores e ao público interessado em novas tecnologias e inovação. Dias 10 e 12, das 19 às 22 horas, o tema será “Investimento em Criptomoedas – na Prática”. Dia 24 está programado um workshop de Light Design, programa para a realização de projetos de iluminação. Os interessados já podem se inscrever na página do Merkaz na Internet (www.merkaz.com.br).
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Domingo especial Dia 16, a vice-presidência de Juventude realizará atividades especiais para o público infantil em homenagem à Independência de Israel e ao Dia da Terra, iniciativa do Adventure Travel, que fez uma parceria com a ONG SOS Ambiental, que trará à Hebraica jogos e instalações para melhor conhecimento da vida dos animais silvestres. Além dessa novidade, a programação inclui ateliê e harkadá ao ar livre e outras surpresas.
Acantonamento de danças O acantonamento do grupo Parparim está marcado para os dias 14 e 15, oportunidade para os dançarinos de 6 a 10 anos reforçarem os laços de amizades, aprenderem novas coreografias e se divertirem muito. Dia 21, será a vez de o grupo Shalom pernoitar no clube e se envolver com jogos, atividades artísticas e uma saída externa para a sede da Congregação Israelita Paulista, onde haverá comemoração de Iom Haatzmaut. (M. B.)
REGISTRO
Os momentos mais apreciados pelo “Seu Affonso” eram na companhia dos acampantes
Professor O DE VIDA O falecimento de Affonso Maurício Vivolo, fundador do Acampamento Nosso Recanto, despertou lembranças e sensibilizou sócios influenciados por ele em diferentes épocas como acampantes nos últimos sessenta anos
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acampamento Nosso Recanto tem quase a mesma idade da Hebraica, 65 anos e desperta os mesmos sentimentos de lealdade, carinho e respeito, o que explica as muitas manifestações de pesar publicadas nas páginas da família Vivolo nas redes sociais, quando se tornou pública a morte do patriarca e idealizador do acampamento, Affonso Maurício Vivolo, ou Safo, como era conhecido pelos acampantes e seus familiares durante as últimas seis décadas. “Perdi um professor que me ensinou as melhores lições da vida... Deixou um legado para filhos, netos e bisnetos... Com ele, vivi os melhores momentos da vida… Grande parte dos meus amigos de hoje foram feitos sob o seu teto.... Obrigado professor Afonso, Safo, Goober... Meu eterno agradecimento a você... Descanse em paz e sinta o meu abraço”, escreveu Denis Fuchman em um depoimento com o que concordaram muitos outros internautas mais velhos ou mais novos que ele. Diferentemente da Hebraica, o Nosso Recanto mudou o local onde recebia, divertia e ajudava a formar o caráter dos acampantes. “Nos anos 50, os filhos de famílias judaicas recém-chegadas ao Brasil passavam as temporadas em Ferraz de Vasconcelos, em uma fazenda que era do meu avô. Ali foi a primeira sede do Nosso Recanto, conta Affonso Celso Vivolo, conhecido como Affonsinho, um dos cinco filhos de Seu Affonso. Ele e a família frequentam a Hebraica e muitos dos seus amigos hoje integram a diretoria da Hebraica. “Daniel Bialski, que eu os amigos chamam de ‘Biba’, lembra sempre das convocações para conversar com meu pai. Era comum ele, meu pai, querer conhecer melhor cada garoto ou garota, orientar, elogiar. Então nunca sabíamos o objetivo da conversa, se era bronca ou não”, recorda Affonso, cuja tarefa é manter e ampliar o legado do pai com mais dois dos cinco irmãos. As lembranças dos acampantes se refe-
rem às várias épocas e sedes do NR, sempre com lindas paisagens, instalações de primeira qualidade em Ferraz de Vasconcelos, Agudos, São Roque e, atualmente, duas unidades em Sapucaí-Mirim, todos no interior de São Paulo. Ao responder a respeito de o que representou Safo para a comunidade, o atual presidente da Hebraica fez questão de recordar que “ele sempre foi um exemplo. Ali cada acampante era como se fosse um filho(a). A comunidade judaica deve reverenciar ao trabalho educacional incrível realizado. Sempre levarei com enorme gratidão tudo o que o NR me proporcionou. O saudoso Safo e equipe criaram líderes, ensinaram ética, união e sempre deram ênfase à amizade. Hoje, na Diretoria, da Hebraica, temos bons exemplos do caráter e dos seres humanos incríveis que ele ajudou a moldar. Tenho certeza de que o Affonsinho e todos da família darão continuidade a esse trabalho maravilhoso”. É Affonsinho que se refere à ligação do NR com a comunidade judaica. “Durante todos estes anos, a comunidade judaica sempre foi parte da nossa história. Aliás, ela nos acompanha desde o início, da época em que meu pai, recém-saído do seminário, sem um diploma, mas com uma base de conhecimentos imensa e, para se sustentar, até terminar o curso Madureza para obter o diploma, decidiu dar aulas particulares. Preparava os garotos para o Colégio Roosevelt, que era disputadíssimo, por exemplo”, conta. “Um dia, a avó de um desses garotos ofereceu ao meu pai uma estadia de um final de semana em um hotel, caso o neto fosse bem nas provas. Pois bem, ele passou no exame e no dia em que meu pai embarcava para o
O casal Affonso e Aracy Vivolo criaram os filhos e orientaram milhares de crianças e jovens dentro de valores como companheirismo, respeito e trabalho em grupo
hotel, ela chegou com o neto e perguntou se meu pai poderia levá-lo. Ele aceitou e então se propôs oferecer atividades para o menino e outras crianças hóspedes do hotel. Então, recebeu convite de uma hóspede para almoçar. Ela nascera na Europa e ao ver meu pai com os garotos em gincanas e jogos, lembrou dos acampamentos comuns na infância dela. Sugeriu que ele começasse algo assim. Meu pai reconheceu na própria experiência no seminário alguns dos elementos a que a senhora se referiu. Disciplina, respeito, autoridade e solidariedade. Talvez faltasse o aspecto lúdico, embora no seminário os alunos praticassem esportes e também se divertissem. Naquele almoço, ele anteviu o projeto e percebeu que tinha o potencial e condições para criar um acampamento com essas características.” Nos primeiros anos, a ajuda da família Kasinski, cujos filhos frequentaram o NR, foi muito importante. “A saída para a temporada era da fábrica da Cofap. Os ônibus e motoristas que levavam as crianças também, e assim por diante. Em determinada época, o diretor do Colégio I. L. Peretz recomendava aos pais de alunos com algum problema de disciplina que os enviassem para o Nosso Recanto e em geral eles voltavam com outra atitude, mudados”, comenta. “Meus laços e dos meus irmãos com a comunidade são tão fortes que casei com Rachel, filha de um antigo diretor da Hebraica, Jacques Katarivas(z’l). Eu sou mais um que até hoje mantém amizades iniciadas durante as temporadas. Creio que muita gente se orgulha dessas amizades e do período passado no acampamento. Esse legado já foi traduzido em um livro, no cinquentenário do Nosso Recanto e em um documentário. Nessa história há, sem dúvida, a mão do meu pai e da minha mãe”, completa Affonsinho, atual diretor de Basquete da Hebraica. (M. B.)
II ENCONTRO MACABEU A sede atual do Nosso Recanto em Sapucaí-Mirim receberá, de 27 de abril a 1o de Maio, o II Encontro Macabeu com a participação de meninos entre 11 e 13 anos de várias capitais brasileiras e também da Argentina e Uruguai para um torneio de diversas modalidades, especialmente o futebol de campo. A primeira edição aconteceu em 2015 com muito sucesso. “Quando aparece um evento como esse e em função da nossa amizade com o Dayvi Arazi e a mulher dele, a Renata, atual vice-presidente de Esportes da Hebraica, nos esforçamos para torná-lo realidade. Em 2015, na primeira edição, os meninos da Argentina adoraram o Nosso Recanto e os brasileiros já participam de treinos para esse segundo encontro”, comentou Affonsinho. 33
REGISTRO
EM 2017, O ATO DE IOM HAZIKARON FOI REALIZADO NA ESPLANADA
De acordo com o calendário judaico, Israel completa setenta anos dia 19 de abril e, por isso, todos os setores da Hebraica se reunirão na Praça Carmel na véspera, dia 18, às 18h30, para o ato de Iom Hazikaron (Dia da Recordação) e, em seguida, para comemorar, juntos, Iom Haatzmaut (Dia da Independência) com música e dança
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ia 18, às 18h30, a Hebraica realiza o seu tradicional ato de Iom Hazikaron, em memória aos soldados caídos nas guerras enfrentadas por Israel, desde a Guerra de Independência, em 1948, até os atentados recentes no Estado de Israel. Sob uma gigantesca bandeira azul e branca, dezenas de atletas, usuários do Merkaz e da Biblioteca se unem aos integrantes dos grupos de dança, monitores do Centro juvenil Hebraikeinu e do Meidá para homenagear e destacar a coragem dos soldados de todas as patentes em defesa de Israel. Desde a proclamação da Independência, todos os cidadãos de Israel servem ao exército por três anos (homens) e dois (mulheres) e após esse período permanecem na reserva para serem convocados em caso de necessidade. Em Iom Hazikaron toca uma sirene por todo o país e a população pára totalmente por um minuto para lembrar os jovens e adultos mortos nas guerras. Nesse mesmo dia, ouve-se uma sirene na Hebraica e todos sob a bandeira dedicam seus pensamentos aos soldados homenageados. Em seguida, anuncia-se o início das comemorações de Iom Haatzmaut e o clima muda. Todos se cumprimentam e se unem aos dançarinos para, com os pés descalços na grama, imitarem os pioneiros nos kibutzim ao dançarem sob o luar, encerrando um longo dia de trabalho. (M. B.)
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Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br
Feira das universidades israelenses na Hebraica
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ela primeira vez, o Brasil será sede da Feira das Universidades Israelenses – Estágios e Oportunidades. Serão duas etapas, uma em São Paulo, na Hebraica, e outra no Hillel Rio de Janeiro. Participam as Universidades de Tel Aviv, Haifa, Hebraica de Jerusalém, Technion-Israel Institute of Technology e IDC-Interdisciplinary Center Herzliya. O público-alvo são pessoas interessadas em estudar e/ou estagiar em Israel, seja na graduação, pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) e pós-graduação lato sensu (MBA e cursos de especialização) em áreas como medicina, engenharia, ciências, humanidades, tecnologia e negócios. Haverá estandes de cada uma das instituições com representantes para informar a respeito dos processos seletivos, cursos disponíveis e detalhes da vida diária em Israel. Durante o evento, haverá espaço para apresentação de oportunidades de estágios e talks com pessoas do Consulado de Israel, Masá e Agência Judaica, ex-alunos e especialistas no exame psicométrico (vestibular), processo de pedido de visto e bolsas de estudos. Participarão da Feira Alex Szapiro, CEO da Amazon
CYMER RMAN NO O SE ENADO FE EDER RAL
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Brasil, com uma palestra enfocando “Os Novos Modelos de Negócios no Mundo da Tecnologia”, Eduardo Wurzmann, ex-presidente do Grupo Ibemec Educacional, o jornalista Ricardo Setyon e André Chusyd, da Universidade de Tel Aviv. A Feira tem apoio do Ministério do Turismo de Israel, Consulado de Israel em São Paulo, Conib, Fundo Comunitário, Fisesp, Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, A Hebraica, Merkaz, Agência Judaica e AD Turismo. Reserve a data para este evento gratuito e aberto ao público: 15 de abril, das 12 às 19h, no Salão Adolpho Bloch da Hebraica. Inscrições, http://bit.ly/feiraunisraelsp.
s senadores Ana Amélia e Jorge Viana conheceram Henrique Cymerman em Israel, durante a viagem do Project Interchange, instituto educacional do Comitê Judaico Norte-Americano (AJC, na sigla em inglês). Foi deles o convite para o jornalista participar de audiência pública no Plenário 7 da Ala Alexandre Costa do Senado Federal, em Brasília. Com a presença dos embaixadores da Líbia e Malásia, representantes das embaixadas da Polônia, Autoridade Palestina, a embaixadora Lígia Scherer, diretora de Oriente Médio do Itamaraty, e a ministra Gisela Padova, da assessoria parlamentar do Itamaraty. Presentes também Ricardo Ferraço, Lasier Martins, deputados Bruna Furlan e Eduardo Cury, integrantes de Missões Parlamentares a Israel, o presidente da Conib, Fernando Lottenberg, e do presidente-executivo da Fisesp, Ricardo Berkiensztat. Cymerman e o embaixador de Israel Yossi Shelley trataram, entre outros temas, da situação do Oriente Médio, os impactos da derrota do Estado islâmico, as perspectivas de paz a partir da aliança entre países anti-extremistas e os riscos do terrorismo na Europa e na América Latina. Mestre em ciências políticas e sociologia pela Universidade de Tel Aviv, Cymerman é reconhecido pela atuação em grandes veículos internacionais de comunicação. O encontro teve ampla repercussão e permitiu interatividade entre o palestrante e seus ouvintes.
Min nniie e Mic ckey y Mouse che ega am a Issra aell O The Jerusalem Post e o Channel 10 News informaram que estão em estágio avançado os planos para implantar um parque temático da Disneyland em Dimona, no Negev. Em uma área de quase 25 hectares terá cinco mundos: oásis, dos espíritos, da nação judaica, da sociedade e do tempo. O parque foi projetado pela mesma empresa que deu vida ao Disney’s Magic Kingdom na Flórida e recebeu 1,5 milhão de dólares de um investidor privado nos últimos três anos. Outros quatrocentos milhões de dólares já estão estimados logo que o projeto receba as licenças necessárias. De acordo com os idealizadores, o parque será “90% divertido e 10% conteúdo”, refletindo “a vida e os valores que não são apenas judaicos, mas universais”. Serão desenvolvidos personagens alternativos, que se tornarão “os heróis culturais do amanhã”. O autor da ideia é o rabino Eli Taragin, de Nova Jersey, que sonhava levar a experiência norte-americana para Israel.
El Al recebe nova aeronave O prefeito de Haifa, Yona Yahav, acompanhou o presidente da El Al, Gonen Usishkin, e os diretores Eli Defes, Tami Moses no recebimento da quarta das dezesseis aeronaves Dreamliner 787 encomendadas pela companhia. O novo avião, cujo nome homenageia a cidade de Haifa, ocupa o lugar do Boeing 747-400 Jumbo, retirado de serviço no final do verão. O novo avião partiu para Hong Kong em seu primeiro voo, rota que fará regularmente.
Paul McCartney se apresentou em Israel, em 2008, e agora é a vez de Ringo Starr & His All-Starr Band, que estará no palco em Tel Aviv, dia 23 de junho. Café for Fun lá em Pinheiros com biscoitos de papoula, receita que Marcella Guttmann pinçou do caderno da vovó. Tudo muito judaico, mais o cuidado especial com a escolha dos alimentos e bebidas. Ofir Akunis, ministro da Ciência e Tecnologia de Israel, esteve em São José dos Campos (SP), onde visitou o Parque Tecnológico, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e a Embraer. Em Brasília, o ministro foi ao Senado, com vistas a cooperação científica entre Brasil e Israel na área de utilização da água para consumo e irrigação.
Jogos educacionais de matemática
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Escola Municipal Professor Lázaro Sagrado de Colorado, no interior do Paraná, registrou queda de 30,7% em 2016 para 4% em 2017 no nível de reprovação dos alunos do segundo ao quinto ano em matemática. O motivo foi a implantação do sistema de jogos educacionais desenvolvido e fornecido pela startup israelense Matific, que já tem 1,6 mil jogos pedagógicos alinhados com o currículo escolar de diferentes regiões do Brasil em mais de 260 colégios, num total de cem mil alunos da rede pública e privada. O programa é on line e é atualizado a cada seis semanas, com mais jogos e outras funcionalidades. “Ensinar matemática por meio da gamificação (games, jogos) substitui a visão negativa de que a disciplina é chata e difícil. Quando bem aplicada e alinhada ao pedagógico, a tecnologia educacional é uma grande ferramenta para os educadores e, ao mesmo tempo, se aproxima da realidade de uma geração acostumada com os sistema digitais”, explica o diretor da Matific no Brasil, Dennis Szyller.
Danielle (Burd) e Nicolau Piratininga levaram a Laura à Sinagoga da Hebraica para receber o nome em hebraico: Ahuva Ruth. Belle Toujours foi a escolha de Tufi Duek para a coleção Outono Inverno 2018. Partindo do poder feminino através do mistério, da fantasia e do fetiche, tudo com o olhar contemporâneo do seu criador. 37
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Se egurança da e informação m destaque em “Proteção de Dados e Segurança da Informação – Novos Desafios Regulatórios para 2018” foi o tema levantado por Pedro H. Ramos e Renato Leite, sócios do Escritório Baptista Luz Advogados em almoço da Câmara BrasilIsrael de Comércio e Indústria. Os palestrantes apresentaram o cenário regulatório de proteção de dados no Brasil e a regulamentação europeia (GDPR), que entrará em vigor no próximo mês com impacto nas empresas nacionais. Para Norberto Birman, ex-diretor da Amil, “os advogados agregaram muito conhecimento, com dicas de como as empresas devem se posicionar para o futuro neste momento de incerteza no mercado global. Saímos mais fortalecidos e preparados para essa nova jornada do mundo cibernético”.
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Tou ur fem min nin no na Kne esset Israel
s rabinos Moti Malowany e Avraham Stiefelman ciceronearam um grupo de mulheres, que conheceram as obras do prédio, em vias de finalização, onde funcionará a Sinagoga Knesset Israel, na rua Brasílio Machado, em Higienópolis. O novo Groisse Shil abrigará duas sinagogas, uma com quinhentos lugares e outra para 120 pessoas sentadas. Em um prédio com salas de aula, brinquedoteca, área de convivência, biblioteca, mikve, cozinha gourmet com forno de pizza e churrasqueira, sauna seca e úmida, elevadores e rampas. As mulheres terão espaços mamãe e bebê e uma sala especial para noivas, com entrada independente. O salão de festas terá lounge e cozinha independente. Entre o grupo, os comentários foram elogiosos e emocionou as frequentadoras da sinagoga, hoje situada na avenida Angélica. 38
Valdez Está Aqui é a homenagem de Belinha ao querido Valdemar Szaniecki (z’l). Ela conta as passagens do jornalista baiano, galerista e muito mais, que fez de São Paulo sua casa. O livro tem a mão final de Mino Carta, Pilar Velloso e Rosana Rodrigues. A visita oficial de um ministro do Exterior do Brasil a Israel após muitos anos mereceu destaque do presidente israelense Reuven Rivlin a Aloysio Nunes. No Instituto Tomie Ohtake, Andi Rubinstein contou histórias em meio a exposição de Joana Lira. Núpcias na Colômbia levou uma caravana de brasileiros em voo direto. Convidados para ouvir o “sim” de Tom, filho de Lilian Ring e Kiko Farkas, e Diana, filha de Rosa e Ciro Galvis. No Teatro Augusta, Tuna Dwek mediou o debate “Pólvora & Poesia”. Leitura dramática com realização da Cena 10. Leo, o primogênito de Alisha e Luís, chegou trazendo muita alegria para as famílias Sobel e Schuster. Em uma mesma manhã, a Sinagoga da Hebraica recebeu Daniela e Sami Karlik com Letícia (Liora Chaia); Ludmila e Benjamin Bekerman com Laila. Papais felizes selaram os nomes hebraicos das meninas.
Encontro de líderes com o papa
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íderes do Congresso Judaico Mundial (CJM) e da seção Latino-Americana (CLM) estiveram com o papa Francisco na Residência Santa Marta, no Vaticano, ao término da campanha do Dia Internacional do Holocausto. A exemplo de outras figuras mundiais, Sua Santidade posou para foto com o cartaz escrito #weremember junto aos representantes judeus. Jack Terpins, presidente honorário do CJM, e Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, estavam junto com o presidente do CJM, Ronald Lauder. Ao proporem a organização de uma série de encontros com líderes cristãos, muçulmanos e judeus para a construção da convivência, o papa respondeu aos visitantes que “a construção desse diálogo é imprescindível”. Para Terpins, foi importante “a sensibilidade e predisposição do papa Francisco e, sobretudo, seu compromisso com o fortalecimento da educação e da lembrança à memória dos milhões de judeus que pereceram durante o Holocausto”.
UM MA DE E MUITA AS HIS STÓRIA AS DA SHOÁ Jennifer Teege é filha de mãe alemã e pai nigeriano. Criada em um orfanato, foi acolhida por uma família aos 3 anos. Aos 38 anos, descobriu, casualmente, que o avô, Amon Goth, comandou o campo de concentração de Plaszow, ela decidiu contar a história. Amon: o Meu Avô Podia Ter-me Matado foi editado em Portugal pela 2020. Quando jovem, Jennifer viveu algum tempo em Israel. Regressou anos mais tarde ao país, trabalhou com sobreviventes da Shoá e fez amigos judeus, ainda sem saber da sua história. Goth foi o personagem interpretado por Ralph Fiennes no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg.
Einstein Vacinas na sua telinha Para quem não tem o hábito de guardar datas de vacinas e atualizar a caderneta de vacinação, o Hospital Israelita Albert Einstein tem a solução: é o Einstein Vacinas, aplicativo gratuito para smartphones, que ajuda no controle pessoal do calendário de imunização. Ele gerencia a caderneta, com alertas para a próxima vacina, imagens da versão impressa da carteirinha e a necessidade de imunização em caso de viagens. E mais um item: qual o lugar mais próximo para se vacinar. Conheça em www.einstein.br.
Membro da Câmara Brasil-Israel RJ, Ruy Schneider assumiu a presidência do Conselho Administrativo da Liga da Reserva Naval do Brasil. Entre os conselheiros estão Arnaldo Niskier, Danny Aronson e Marcelo Szpilman. CD novo com músicas clássicas em versões nacionais. Obra de Cláudio Goldmann, lançado na Tupi or Not Tupi, na Vila.
O Dia Mundial da Justiça Social foi comemorado no Ten Yad. Com a presença de Luiz Kignel e Ricardo Berkiensztat, presidente e presidenteexecutivo da Fisesp, com direito a almoço no Refeitório Comunitário Eshel Menachem, que serve 360 refeições, em média, diariamente. Com passagem por Paris, Cláudia Costin esteve em Genebra, participando da reunião da Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho. Em Brasília, Alexandre Schneider e Floriano Pesaro, secretários municipal de Educação e estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo, receberam a Ordem Nacional do Mérito Educativo, durante cerimônia no Palácio do Planalto. Grupo Chaverim promoveu uma rodada de conversa com a empresária Andreia Schwarz, voltada à colocação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 39
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BENEMERÊNCIA EM FAMÍLIA
FC oferece noite inesquecível Iniciando as comemorações dos setenta anos de independência de Israel, o Fundo Comunitário reuniu três personagens da história israelense. Arieh Oz é um dos mais experimentados pilotos israelenses e tem no currículo fatos marcantes: pilotando um Hercules C-130, foi o terceiro a aterrissar no resgate dos reféns de Entebe, fato até hoje considerado “inimaginável” na aviação mundial; outro feito, marcado no Guiness Book, foi trazer 1.087 judeus etíopes em um só voo da El Al de Adis Abeba para Israel. Eyal Biram, jovem que terminou seu período nas Forças de Defesa de Israel e, durante o shnat chofesh (ano sabático) viajou para países asiáticos, onde viu o desconhecimento total dos jovens em relação ao Estado de Israel. Regressou e criou Israel-is, programa para que os quarenta mil jovens que terminam o serviço militar e saem em viagem pelo mundo sejam os novos “embaixadores” preparados de Israel. Para encerrar a noite, o jornalista Henrique Cymerman falou a respeito dos fatos atuais relacionados a Israel com o mundo que o rodeia. O evento foi aberto por Cláudio Bobrow, ex-presidente do FC, e encerrado com as palavras de Abrão Lowenthal, recém-eleito presidente da entidade.
Fundada pelo empresário Vivian de Picciotto, em homenagem à mãe, uma benemérita, a Associação Fortunée de Picciotto oferece atendimento odontológico gratuito, desde outubro de 2014, no Bom Retiro. Desde a ideia inicial, em 2009, foram anos de trâmites burocráticos, com a orientação de Marco Antonio Bottino e Francisco Todescan e o apoio da Brazil Foundation. A Associação funciona de segunda a sexta-feira no período da manhã, com oito odontopediatras em consultórios, salas de esterilização, “escovódromo” para ensinar os cuidados diários, e sala de espera para os pais. Desde a inauguração, a clínica atendeu perto de dezenove mil crianças, e previsão de quinze mil este ano. Elas têm entre 2 e 17 anos e são indicadas por 39 entidades listadas, passando por uma avaliação socioeconômica e integradas ao quadro de pacientes, recebendo os tratamentos odontológicos necessários.
Homenagem a quem merece
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residente de Honra da Wizo São Paulo, Sulamita Tabacof foi a homenageada no Dia Internacional da Mulher, evento já tradicional do grupo Chana Szenes. Filhos, netos e bisneta completaram a alegria do casal Sulamita e Boris, mais a presença dos amigos baianos e os muitos mais que ela fez em sua trajetória vitoriosa em São Paulo. As vozes de Sabrina Shalom e Cláudio Goldman, mais o som da clarineta de Gabriel Goldman completaram a tarde. 40
Em homenagem ao Dia da Mulher, quem foi ao Museu Felícia Leirner teve guia para conhecer a história da famosa escultora e os personagens que fizeram parte de sua trajetória, uma das mais importantes artistas brasileiras. Alunos da Yeshivá Gevohá Be’er Avraham produziram um clipe para Purim. E tiveram como diretor o produtor e arranjador Shai Fishman, indicado ao Grammy, o maior prêmio do mundo musical.
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Por Philologos
PERSO N AG EM
Boaretto e Zular fazem a ponte Weizmann/USP
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ísica nuclear educada na Itália e em Israel, Elisabetta Boaretto passou três anos no MAS 14C Dating Laboratory, na Universidade Aarhus, na Dinamarca. Desde o ano 2000, ela dirige o Centro Kimmel para Ciências Arqueológicas e o Laboratório de Datação por Rádio-carbono D-REAMS do Instituto Weizmann. Sua vinda a São Paulo foi festejada em vários encontros: na USP, na CIP, onde abordou o tema “Ajustando o Relógio em Israel: Microarqueologia Mudando a Cronologia de Jerusalém”, em entrevista à Folha de S. Paulo na Hebraica e durante a visita ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, onde viu a arte rupestre pré-histórica em sítios arqueológicos milenares e de importância internacional. André Zular, primeiro bolsista brasileiro do Programa de Verão do Instituto Weizmann, em 1982 e atualmente fazendo pós-doutorado no laboratório da professora Boaretto, acompanhou a visita. “Estudando o clima do passado, as provas são obtidas em cavernas que mostram a passagem do homem. Aí se faz a conexão de como o clima afetou as migrações humanas nos últimos mil anos”, explica Zular. O Instituto de Geociência da USP estuda o clima do passado e o Weizmann, as ocupações humanas. A professora israelense destacou que pretende estabelecer uma colabora-
Ja ard dim e pomar mulltiiss sensorial parra cria anças
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ção entre o Weizmann e a USP “para trabalharmos juntos nesse sítio arqueológico”. Em Israel, seu trabalho atual com os colegas do Weizmann revolucionou o que se conhecia da cronologia de Jerusalém aplicando técnicas de datação por radiocarbono ou carbono-14. “Estamos datando materiais obtidos em escavações atuais, cujo contexto arqueológico está bem claro, e não artefatos de escavações mais antigas, menos controladas, que já passaram de mão em mão”, explica. No início eram apenas dez datações de radiocarbono publicadas para Jerusalém; hoje, chegaram a cem, mostrando a relevância do projeto, que levou a Fundação de Ciência de Israel a investir o equivalente a 1,2 milhões de reais num período de quatro anos. De modo a que, por meio dessa tecnologia do Weizmann, seja conhecida a verdadeira idade da ocupação humana na capital de Israel.
rianças com doenças crônicas e necessidades especiais terão um jardim e um pomar na Jordan River Village, em Israel. O KKL está criando esse espaço, onde haverá sistemas de orientação em braille, caminhos com pavimento texturizado, corrimãos e rampas acessíveis. O pomar, onde o KKL vai plantar cinquenta árvores frutíferas com sistema de irrigação, servirá de área experimental para estudos de proteção ambiental, permitindo que as crianças convivam com a natureza e aproveitem dos frutos.
AGENDA 14/4, às 21h – “Venha Dançar com a Na’amat” no Clube Atlético São Paulo. Comida de boteco para acompanhar. Informações, naamat.sp@naamat.org.br 23/4 a 2/5 – KKL Brasil leva excursionistas a Israel. Detalhes pelo e-mail viagemaisrael@kkl.org.br 29/4 a 1o/5 – “Ídiche no Século XXI”. Realização Conib e World Jewish Congress, Museu Judaico de São Paulo, Casa do Povo, PUC-Rio. Apoio, Fiesp e Fierj
ESPORTES
Pela primeira vez, o Torneio de Purim foi disputado por crianças e jovens
Vale a pena jogar na Hebraica
Alegria, dentro e
FORA DAS QUADRAS
O Departamento de Tênis abriu a agenda de eventos organizando um Fun Day, torneio recreativo que serviu também para a entrega de troféus e medalhas aos vencedores de certames realizados no ano passado
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rês eventos agitaram o Departamento de Tênis no início deste ano. Em fevereiro, o II Fun Day abriu um dia inteiro de atividades nas quadras e em seguida no Espaço Adolpho Bloch, onde foram entregues os troféus e prêmios dos torneios realizados em 2017. “Tivemos mais de noventa tenistas inscritos no Fun Day e o mesmo clima de amizade e diversão que reinou nas quadras vemos aqui no Espaço Adolpho Bloch. Imagine, até os integrantes da Banda Friends, que está animando a festa, jogam tênis no clube”, comentou o diretor Peter Kauffman. Para a reportagem da Revista, ele antecipou algumas iniciativas que ele e equipe pretendem implementar. “Vamos reformular o ranking interno, que agora será baseado em quatro torneios promovidos durante o ano e não só a Copa Shalom e ele será organizado em três categorias, uma para os trinta melhores tenistas do clube, a segunda incluindo os sessenta melhores e a C para todos os tenistas. Os quatro campeonatos serão nomeados conforme as festas do calendário judaico”, adiantou Peter. Já em março, duas quadras de tênis foram inauguradas depois de passarem por um manutenção e reforma. Os primeiros a usarem foram algumas das sessenta pessoas entre 10 e 16 anos que participaram do Torneio de Purim, redirecionado para os alunos da Escolinha e os atletas iniciantes no competitivo. “Foi um sábado mágico. Choveu na cidade inteira menos na 44
nossa área de Pinheiros, então as partidas de duplas aconteceram normalmente e pudemos premiar os alunos da Escolinha, do treino juvenil e do competitivo. Este torneio nos deixou muito animados e prontos para trabalhar pelo crescimento da modalidade”, comemorou Kaufmann. PREMIAÇÕES Na categoria Bola Laranja as duplas vencedoras foram Rafaella Feres e Rafael Fiszman Turkie (campeões) e Eduardo Dayan e Leo Susskind (vices). Já Victor Szprynger e Beny Schur foram os campeões na categoria Bola Verde, seguidos por Luíza Leis e Rafael Salfatis. Kadu Silva e Eduardo Kuperman venceram na categoria Treino Juvenil, enquanto Felipe Silberberg e Caio Homa ficaram em segundo. As duplas Kaio Sacchie e Gabriel Newmann e Lucca Wasserstein e Maurício Garboua foram os melhores tenistas do competitivo no Torneio de Purim.
Os dois primeiros eventos promovidos pelo Departamento de Tênis mostraram o quanto a modalidade serve para incentivar o espírito competitivo e o convívio entre amigos
Peter Kaufmann assumiu este ano a diretoria Departamento de Tênis e reuniu um grupo de ativistas para reformular o departamento e atrair um número maior de praticantes da modalidade. Tenista desde a infância, ele começou no Paulistano aos 7, clube que trocou pela Hebraica há trinta anos. “Quando me decidi a jogar na Hebraica, fiz o cálculo: a taxa cobrada pela Hebraica, que inexiste no Paulistano, é menor do que o que eu gastaria comprando as bolinhas que uso diariamente. A Hebraica fornece as bolas, coisa que o Paulistano nunca fez. Além disso, aqui me sinto em casa e o sistema de distribuição de casa é melhor, porque é feito por tempo de uso da quadra e não por partidas, que podem demorar muito tempo. É muito mais democrático.” (M. B.) 45
ESPORTES
Defesa pessoal
POR EXCELÊNCIA Sócios de todas as idades participaram das aulas de apresentação do krav magá, nova modalidade oferecida na área de lutas, somando-se ao judô e ao jiujítsu e que, diferentemente das duas primeiras, competitivas, esta se propõe exclusivamente à autodefesa
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ma das primeiras iniciativas do recém-criado Departamento de Lutas foi implantar um curso de krav magá, expressão traduzida no Brasil como “luta corpo a corpo”. O professor Clayton Martins é credenciado pela Federação Brasileira de Krav Maga e Kapap - FBKMK, e possui 24 anos de experiência em segurança pública vivendo o dia a dia da violência urbana nas ruas. O Krav Maga é a única luta reconhecida mundialmente como defesa pessoal e não arte marcial sendo adotada por diversas forças de segurança como: Mossad, FBI, Interpol, tropas de elite policiais, e claro, em Israel onde foi densevolvida. Aliás, a história do krav magá, criado por Imi Lichtenfeld se mistura aos setenta anos de história do Estado Judeu”, comenta o diretor de lutas Eduardo Goldstein, ele mesmo praticante do krav magá. Segundo ele, o krav magá deve cair no gosto dos sócios por seu caráter eclético. “Ele pode ser praticado em qualquer idade ou condição física, desde que cada um respeite seu limite. No krav magá, a intenção é pressionar pontos específicos que desestabilizam o adversário, então conhecer os movimentos é importante para lidar com situações violentas hoje comuns na rotina do cidadão. A ideia não é derrotar o atacante, mas se livrar da situação e voltar para casa vivo”, explica ele. Entre os benefícios do krav magá, cita a melhora na autoconfiança, flexibilidade, agilidade, força e equilíbrio. “Em uma turma temos pessoas de todas as idades e compleições físicas e, de acordo com suas possibilidades, todos se beneficiam dessa técnica. “Sua técnica simples e objetiva visa à legítima defesa em situações de perigo real, não havendo competições como o judô”, compara.As aulas de krav magá não fazem parte da grade do Fit Center, mas os inscritos na academia têm desconto, e vice-versa. Mais informações e inscrições pelo telefone 3818-8903. (M. B.) 46
ESPORTES
Mentes afiadas Cento e cinquenta adolescentes disputaram o Campeonato Paulista de Xadrez para menores, na quadra do Ginásio Poliesportivo em parceria com a Federação Paulista de Xadrez 48
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urante um final de semana do início de março, uma das quadras do Poliesportivo foi reservada para um torneio sem bola: o Campeonato Paulista de Xadrez para Menores, com atletas entre 10 e 18 anos. Do certame participaram equipes e jogadores individuais da capital e de cidades do interior do estado. Nos intervalos entre as partidas na área em volta do Poliesportivo pais, adolescentes e técnicos utilizavam equipamentos eletrônicos para rever estratégias e estudar os adversários seguintes. “Hoje vemos aqui jovens alunos de escolas públicas e privadas e também representantes de clubes esportivos. Daqui sairão os campeões em cada categoria, mas para conquistar o título os jogadores enfrentam longas partidas. As categorias sub-10 e sub-14 são as mais numerosas com 42 e 48 participantes respectivamente”, comentou o coordenador de xadrez da Hebraica, Davy D’Israel. A Hebraica tinha quatro jogadores na categoria sub-10 estreando em competições: Artur Wagner (décimo primeiro colocado) Felipe e Vítor Rotenberg (23o e 21o colocados, respectivamente) e Alexandre Finkelstein, 31� colocado. Nas mesas do bar do Pedrinho, os enxadristas repunham as energias e exibiam, com orgulho, as camisetas das cidades ou equipes. Os times dos colégios Albert Sabin, Augusto Laranja, da capital e de Praia Grande, no litoral, tinham mais jogadores, segundo o presidente da Federação Paulista de Xadrez, Henrique Salama, também diretor da modalidade na Hebraica. Entre os grupos reunidos no Bar do Pedrinho, o de Rio Claro mesclou alunos de três colégios, entre eles o Objetivo, o maior da cidade, para prestigiar o torneio. “Alguns estiveram aqui no clube no ano passado, mas temos também os que vieram pela primeira vez e estão adorando o torneio”, comentou o técnico que acompanhou os garotos. As premiações foram em duas etapas, de manhã e à tarde do domingo e uma aluna de Rio Claro ficou entre os seis primeiros colocados da categoria sub-14. “Levamos essa lembrança para a cidade”, comentaram os jogadores de Rio Claro ao se despedirem dos novos amigos feitos durante o torneio. (M. B.)
ESPORTES Novos rumos ao triathlon
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iane (Lica) Schwartz Buchman disputou a décimasegunda edição do Triathlon Santa Cecília, no Guarujá, e terminou a competição em primeiro lugar em sua categoria e em quinto lugar na contagem geral de pontos. Lica é a nova diretora da modalidade na Hebraica e retoma com vitórias a carreira esportiva iniciada em 1997 e interrompida com o nascimento dos dois filhos. “Nesses treze anos eu corria, dava umas braçadas no clube. Um dia estava na praia e me encontrei
com o Alexandre, que foi meu técnico e ainda dirige a equipe da Hebraica, que me convidou para treinar novamente. Em novembro último, disputei minha primeira prova nessa nova etapa e venci, o que me
APERFEIÇOAMENTO NA GINÁSTIC CA
deu muita alegria”, conta Lica. A Santa Cecília é uma prova de curta distância e, segundo a atleta, reuniu muitos participantes da sua faixa etária. “O interessante é que o triathlon é um esporte mais dirigido aos adultos. Minha categoria, de 40 a 44 anos, é a que mais tem atletas do sexo feminino inscritas”, comentou. Entre os projetos futuros, Lica pretende disputar o meio Ironman no Rio de Janeiro, em setembro. E, como diretora, pretende incentivar mais associados a praticar o triathlon. “É daqueles esportes que todos podem praticar e uma vez disputada a primeira prova vai sempre querer disputar uma mais difícil”, descreve.
Sócios, professores e técnicos da modalidade de ginástica artística feminina e masculina participaram de um curso de coreografia, psicologia e fisioterapia de ginástica, realizado na Hebraica no início do ano. O coreógrafo Eduardo Junqueira, a psicóloga do esporte Maria Cristina Miguel e o fisioterapeuta Rodrigo da Silva ministraram o curso. Maria Cristina trabalha com o atleta olímpico Arthur Zanetti e Rodrigo atua junto ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também com a ginasta Daniele Hypólito. Do evento, participaram profissionais de Salto, Botucatu, Sorocaba, Campinas e outros, permitindo um intenso intercâmbio de experiências.
Exibição de squash O jogador Alexandre Baruzzi, Top 10 no Brasil no squash, participou, em fevereiro, na Hebraica, de um jogo exibição contra o sócio e atleta do clube Fábio Neumark. Na opinião do diretor da modalidade, Leonardo Milner, o evento serviu como estímulo para aumentar número de sócios praticantes e melhorar ainda mais o desempenho da modalidade.
Vôlei no Sindi-Clube Equipes da Hebraica iniciam treinos preparando-se para o Campeonato SindiClube e o torneio promovido pelo Esporte Clube Pinheiros. As categorias pré-mirim, mirim e infantil feminino e masculino treinam para a temporada 2018 com jogos agendados já para o início deste mês. As categorias pré e mirim feminino disputam o Torneio do Pinheiros com as finais previstas para este dia 14.
Esg grim ma no Pan--Ameriican no Luana e Bruno Pekelman participaram do Campeonato Pan-Americano Cadete e Juvenil de Esgrima, realizado em San José, Costa Rica, no início de março. Luana, 16, conquistou o segundo lugar na categoria cadete e o terceiro na categoria juvenil (18 a 21 anos), condição permitida pelo regulamento. A atuação da Luana e da equipe brasileira ganharam destaque em canais especializados em esporte como o Espn. Alkhas Lakerbai, que acompanhou a equipe brasileira no Pan-Americano, também ministra aulas de esgrima na Hebraica. (M. B.)
Judô faz bonito em Mogi O primeiro compromisso da equipe competitiva de judô este ano foi no Ginásio Municipal de Mogi das Cruzes, com a disputa do Troféu Yokishi Kimura, promovido pela Federação Paulista de Judô e a prefeitura da cidade.Foram inscritos atletas de setenta entidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, num total de 1.500 participantes, o que exigiu dos atletas até seis lutas antes do resultado final.“Vários sócios integraram a equipe em várias categorias e terminamos o torneio em quarto lugar no placar geral, à frente de vários clubes coirmãos”, afirmou a coordenadora do judô, Miriam Minakawa.Miriam destacou a atuação do sócio Lior Wajchenberg, 7 anos, que venceu os quatro combates que disputou e conquistou o ouro. Além dele, Guilherme Z. Minakawa e Renata Pati também ficaram em primeiro lugar em suas categorias. (M. B.) 50
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CAPA
Por Miriam Sanger, de Israel
Uma nação em ritmo de Na Diáspora, celebrar a Festa da Liberdade é uma opção. Em Israel, ninguém escapa dela, pois o país inteiro respira ares de renovação
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PESSACH
(Foto Jorge Novominsky, Ministério do Turismo)
ssim que a descontração de Purim termina, a aproximação de Pessach faz Israel pulsar em um ritmo diferente. Paira um indisfarçável clima de estresse, que se soma ao já frenético ritmo do país. É hora de renovar a casa, limpar armários – trocando de lugar as roupas de verão guardadas em algum canto pelo vestuário de inverno, que chega ao fim –, planejar o Seder e as férias “forçadas” da família. Essa festa, mais do que qualquer outra, exige fôlego. Em Israel, Pessach é mais do que uma comemoração religiosa. Segundo o Instituto de Pesquisas Geocartography, os vários significados do Seder vão além da expressão da fé judaica. Em 2017, 98% da população afirmou que participaria do tradicional jantar que celebra a libertação dos judeus do Egito. Mas de acordo com uma pesquisa do Gallup, de 2015, 65% dos israelenses se declaram não religiosos ou ateus, enquanto outros 30% afirmam ser religiosos em diferentes níveis.
(Foto Itamar Grinberg, ministério do Turismo)
O Seder é uma festa principalmente para as crianças, mas até um certo momento, pois a fome aperta
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A pesquisa também apurou qual a motivação para sentar à mesa do Seder, e para 66% é um evento familiar, 23%, religioso, e 6% disseram que não tem significado algum. O restante declarou que essa é uma noite como qualquer outra. Seja como for, o Seder fica na segunda posição na “preferência nacional” quando o tema são cerimônias judaicas. Circuncisão, o primeiro. Apesar de este ano o Seder ter sido celebrado em 30 de março – e vale lembrar que em Israel se realiza apenas um –, a rotina começou a mudar bem antes dessa data. Em todo lugar, os grandes anunciantes se fizeram notar por meio de promoções especiais de tudo o que se possa imaginar, com foco especial nos eletrodomésticos. E os supermercados também com bons preços em material de limpeza – afinal, é tempo da famosa faxina de Pessach, que provoca calafrios em religiosos, que limpam
com rigor o chametz (alimentos que contêm os grãos proibidos nessa festa) espalhado pela casa. Todos aproveitam para fazer uma grande limpa, pois Pessach é sinônimo de renovação. E o que não tem mais serventia é posto fora e dá lugar ao novo. Nos dias anteriores à festa, gôndolas com alimentos chametz são cobertas com plástico e outras liberadas para produtos kasher LePessach, desde temperos, bolos e doces, até Coca-Cola. Montam-se nos supermercados montanhas de caixas de matzá de diversas marcas e preços convidativos se comparados àqueles vendidos na Diáspora. Dentro das casas o astral se renova e há os que pintam as paredes e trocam móveis. Como por aqui existe o costume americano de pôr na rua o que não se quer mais em casa, muitos aproveitam para rodar pela cidade nas noites anteriores a Pessach para recolher, antes do caminhão de lixo, de ma-
PARA OS QUE CONSEGUE EM CHEGAR ATÉ LÁ, O RIO JORD DÃO OFERE ECE ÓTIM MOS TRECHOS PA ARA RAFTIING
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(Foto Miriam Sanger)
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caminhos que levam a Jerusalém, pois, mantendo a tradição milenar, muitos israelenses, em especial os religiosos, reservam um dia para “peregrinar” à cidade sagrada. Povo que não perde uma viagem por nada, desde o início do ano muitos israelenses se programam para essa parada obrigatória e sair pelo mundo. Milhares optam por passar todo o feriado longe de casa e, no ano passado, mais de oitenta mil passageiros saíram pelo Aeroporto Internacional Ben-Gurion na véspera do Seder, o dia mais congestionado do ano. Destinos mais procurados: Estados Unidos (10% dos passageiros), Alemanha, Turquia, França e Rússia, nesta ordem. Quem prefere celebrar o Seder em Israel mesmo e só viajar depois, também precisa ter nervos de aço e usar a pouca paciência que lhe resta para o check in no aeroporto. O israelense é um cidadão do mundo, mas os preços dos pacotes assustam, porque esse período é um dos mais caros para viajar dentro e fora do país. Mesmo assim, vai. E se não encara um camping descolado dentre os inúmeros espalhados pelo país, e busca o conforto de um hotel, pagará uma pequena fortuna. Neste ano, por exemplo, uma família de quatro pessoas que curtiu o feriado no Mar Morto deixou no hotel entre oito mil e doze mil shekels (valores equivalentes em reais) por uma semana; quem escolheu se hospedar em Tiberíades e se refrescar no concorrido Mar da Galileia, pagou entre oito mil a treze mil shekels. E, acredite, há quem poupe o ano inteiro para aproveitar a festa com um pouco de luxo. Pessach convida à celebração da liberdade e ao convívio familiar – e também ao cultivo do espírito. Em Israel, as rezas desse chag trazem uma pequena, mas muito significativa, mudança: em lugar de “no ano que vem em Jerusalém”, se pede “no ano que vem na Jerusalém reconstruída”, referência à desejada construção do Terceiro Templo. Vale lembrar que mesmo quem não tem família ou disposição para realizar o próprio Seder tem sempre ajuda, pois milhares de sinagogas e organizações promovem jantares comunitários por
todo o país. Só fica de fora quem quiser. Ao longo de Chol Hamoed – período entre o Seder e o último dia de chag –, cai a opção de restaurantes porque muitos fecham as portas para evitar o rigoroso processo de kasherização e o alto custo de obtenção de certificados de kashrut, emitidos pelo rabinato. Por isso, convém programar algumas refeições nos valentes locais que insistem em abrir: o cardápio se adapta às leis de Pessach ou muda completamente, de modo a que o pãozinho de acompanhamento, por exemplo, é substituído por deliciosos pães de batata. E então, depois de oito dias de matzá, macarrão de ovo, farfale, fécula de batata e kneidlach, chega a hora do amado, desejado e esperado mimuna, uma celebração originária do Marrocos e febre em Israel nos últimos anos. Em Tel Aviv, são cada vez maiores as ofertas de festas para quem não tem um marroquino na família. Parentes e amigos se reúnem para quebrar o jejum dos grãos proibidos, colocam o som no último volume e, entre danças e risos, se refestelam com as mufletas, espécie de crepe de farinha de trigo que é servida com manteiga e mel. São as rainhas da mesa, dividindo espaço com tâmaras, frutas secas ou açucaradas, geléias e sfenjs, outra gostosura marroquina que se parece com um donut. Diferente de outras festas, Pessach em Israel é recebida com cansaço e nervosismo, e encerrada com júbilo e uma enorme sensação de alívio. Talvez porque, mais uma vez, o povo israelense tenha perpetuado um dos seus mais amados valores: a liberdade.
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(Foto Alon Ron, ministério do Turismo)
MUITOS ESCOLHEM O CAMPING EM LOCAIS COM BOA ESTRUTURA COMO ESTE, EM FRENE AO LAGO TIBERÍADES
nhã, o possível e o imaginável: peças de decoração, eletrodomésticos, roupas e até móveis em ótimo estado. Isso revela algo pouco conhecido no exterior, o consumismo israelense. Mas esta é outra história. O lado mais difícil de todo esse movimento frenético fica por conta de administrar as longas férias escolares, de 18 de março a 8 de abril. Se essa interrupção no calendário escolar excita as crianças estressa os pais, que continuam trabalhando normalmente e precisam encontrar soluções para entreter os filhos. Este ano, o governo finalmente encontrou um jeito de aliviar essa dor de cabeça, estendendo um pouco os dias de atividade escolar (ver box). E franqueou à população os parques e atrações nacionais, com patrocínio de bancos, cartões de crédito e empresas. Para os com dinheiro, a solução é inscrever a criançada em uma das keitanot (espécie de colônia de férias) que oferecem uma variedade de atividades, desde passeios pelo país e aulas de culinária até artes manuais. Com tantos parques públicos à disposição, o israelense também costuma aliar o clima ameno da primavera ao amor por atividades externas, e se esbalda em churrascos e piqueniques pelo país. As muitas áreas de camping, uma paixão nacional, lotam, e as estradas ficam congestionadas, principalmente os
Nova lei reduz dias do feriado escolar Em janeiro, os ministros da Educação, Naftali Bennett, e da Economia, MoshÉ Kahlon, anunciaram uma verba de quatrocentos milhões de shekels para reduzir os dias de feriado escolar na soma das comemorações de Pessach e de Chanuká, que tradicionalmente duram cerca de vinte dias. O projeto “Escola de Férias” inclui dez dias por ano de atividades extracurriculares para crianças da pré-escola até o terceiro ano na própria instituição de ensino. Até agora, cerca de duzentas das 256 escolas do sistema público já conseguiram adequar-se para participar do programa. As demais ainda têm dificuldades principalmente para encontrar funcionários para estes períodos. Para esse fim, estão sendo contratados temporariamente estudantes, voluntários do serviço social, professores e assistentes. O governo vai garantir a maior parte dos custos e o restante será dividido com os pais, de acordo com o nível socioeconômico de cada cidade. Nas mais pobres, o programa será gratuito; nas outras, vai custar entre vinte e trinta shekels por dia. O projeto foi muito comemorado pelas famílias que, segundo o governo, economizarão cerca de mil shekels por ano. 55
Em dois anos, entre 1934 e 1936, o artista e ilustrador Arthur Szyk (1894-1951) fez 48 desenhos em miniatura que, em 1940, ilustrariam uma Hagadá. Szyk se tornaria o modelo de artista que usou o seu ofício para defender os judeus europeus no seu momento mais crítico e, depois, a criação do Estado de Israel
OS QUATR RO FIL LHOS NA HA AGADÁ DE SZYK. O PRIM MEIRO, O FILH HO MAU, É REPRESENTADO PELA FIGURA DE UM HIT T L E R, C O M ROUPA BÁVARA
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Por Bernardo Lerer *
INSTRUMENTO DE LUTA
UMA A DA AS MUITAS S CARIC CAT TUR R AS DESE ENH HADAS S DU URANTE E A GU UERRA.. MIN NÚCIAS E ILU UMIN NUR RAS S EM M TODO OS OS S DESE ENHOS
E
ssa Hagadá foi a evolução natural do seu engajamento político na luta contra o antissemitismo e a ascensão de Hitler, em 1933, quando, logo que os jornais noticiaram a vitória do ditador, Szyk o desenhou como um velho e decrépito faraó. Ele também mostrava capatazes egípcios usando suásticas e uma sinuosa serpente com uma fileira de suásticas nas costas. Szyk já morava nos Estados Unidos, para onde fugiu com a família, e teve o cuidado de cobrir esses símbolos com tinta para garantir a publicação da obra, algo duvidoso na época e naquele país, que pregava o isolacionismo e não se preocupava com os judeus da Europa. A mensagem antinazista fica mais evidente na ilustração que faz para a parábola judaica dos Quatro Filhos descrição irônica que faz do filho “pecador” como um judeu alemão assimilado que ostenta orgulhosamente um equipamento de equitação ao estilo bávaro e um bigode de Hitler. Embora seja considerada sua obra-prima, a Hagadá foi apenas parte da artilharia política de que se valeu, como um autodeclarado “soldado da arte”, antes, durante e depois da Segunda Guerra, nos anos 1930 e 1940, para combater o fascismo, lutar pelo resgate do judaísmo europeu e se engajar pela criação do Estado de Israel, na antiga Palestina. Ele fazia ilustrações e desenhos vigorosos e apaixonados, vistos em caricaturas políticas mordazes em jornais dos Estados Unidos, nas capas de revistas de circulação de massa e em car-
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Em caso de modelos militantes para inspirar seus companheiros judeus a reagir, o Moisés de Szyk é um líder musculoso, seu David derruba Golias, seu Elias mata Acab e sua Judite decapita Holofernes
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CAPA
(Irvin Ungar, rabino)
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CAPA
tazes, programas e toda sorte de material impresso. É preciso uma lupa para explorar plenamente as complexidades elegantes de seus padrões de bordas, muitas vezes intercalados com delicadas caligrafias e figuras em miniatura de humanos e animais. O rabino Irvin Ungar, colecionador e estudioso do trabalho de Szyk, também destaca o livro como um chamado judaico para a ação. “Em caso de modelos militantes para inspirar seus companheiros judeus a reagir, o Moisés de Szyk é um líder musculoso, seu David derruba Golias, seu Elias mata Acab e sua Judite decapita Holofernes”, escreve Ungar. A arte engajada foi o aspecto mais dramático da exitosa carreira de Szyk que também ilustrou os contos de fadas de Hans Christian Andersen, Os Contos de Canterbury, de Geoffrey Chaucer (1343-1400), e outros clássicos literários. Em fevereiro de 1943, por exemplo, o jornal Chicago Sun publicou um desenho dele com o título De Profundis retratando uma massa de judeus extenuados, alguns moribundos e outros já mortos, sobre a qual Jesus segura as tábuas dos Dez Mandamentos, e o texto “Caim, onde está Abel, seu irmão?”. Outro, é uma coleção de caricaturas antifascistas de Hitler, Mussolini e Hirohito, uma das quais leva o nome de Murder Incorporated (Assassinato Sociedade Anônima), mesmo nome que se dava à época às gangues, e os três seguram uma bandeira pirata com caveira e ossos. Para comemorar o levante do Gueto de Varsóvia, ele pintou os combatentes judeus como Sansões modernos e musculosos. Também em 1943, ele pintou a Ballad of the Doomed Jews of Europe (“Balada dos Judeus Condenados da Europa”) mostra a indiferença ocidental à aniquilação dos judeus europeus com um poema de Ben Hecht ilustrado com imagens de judeus vestidos de modo tradicional pendurados em forcas e um soldado dos Estados Unidos indiferente ao toque insistente de 58
um telefone trazendo notícias sobre esses horrores. Ele pintou cartazes patrióticos mobilizando os norte-americanos para apoiar o esforço de guerra, o mais famoso deles o Arsenal of Democracy (Arsenal da Democracia), mostrando operários norte-americanos martelando o armamento necessário para vencer a guerra, e ao fundo o porto de Nova York com a Estátua da Liberdade e uma cobra rastejante decorada com suásticas que, desta vez, Szyk não cobriu. A imagem foi capa da revista Collier – e das listas telefônicas de Manhattan e Brooklyn. Outra ilustração famosa justapõe uma representação do Mayflower com um navio “ilegal” transportando sobreviventes judeus do Holocausto na rota para a Palestina, de onde seriam expulsos pelos britânicos.
DES SDE A TENRA A IN NFÂNCIA Szyk nasceu em 1894, em Lodz, na Polônia, então ocupada pela Rússia, filho de pais judeus não observantes de classe média. Aos 6 anos já revelava um talento precoce desenhando cenas da Bíblia, e na adolescência no estúdio na Académie Julian, em Paris. De volta à Polônia, foi estudar na Jan Matejko Academy of Fine Arts, em Cracóvia, onde revelou o interesse e preocupação com questões políticas e sociais desenhando caricaturas políticas para jornais poloneses. Em 1914, passou seis meses na então Palestina com um grupo de artistas judeus da Polônia, tempo suficiente para solidificar sua relação com o sionismo. Ver colonos e agricultores judeus no trabalho foi uma experiência tão poderosa que a registrou na Hagadá com a imagem idílica de um agricultor com uma kipá, já bem gasta, semeando o campo. Szyk foi recrutado logo em 1914 pelo exército russo para lutar na Primeira Guerra. Ele deu baixa no exército – ou desertou, não se sabe – depois de combater os alemães na Batalha de Lodz, e passou o resto da guerra na Polônia. De 1919 a 1921, Szyk usou o uniforme de soldado outra vez, agora como segundo-tenente, para lutar contra a União Soviética, na Guerra Soviético-Polonesa. Em 1921, com a mulher, Julia, mudou-se para Paris, onde nos doze anos seguintes, Szyk desenvolveu o seu ofício em que se notam influências diretas dos pintores do Renascimento italiano, como no retrato da mulher, em 1926, em que uma janela aberta revela um jardim murado e um céu azul. Ele também homenageia as iluminuras da Idade Média e do Renascimento por meio de elaboradas bordas decorativas, o uso de painéis e inserções contando várias histórias ao mesmo tempo, imagens de brasões, fantásticos e inventados, animais reais e míticos, e caligrafia requintada, tudo coberto de cores brilhantes. Esses elementos tornam-se extraordinariamente vívidos em sua série, do final da década de 1920, de 45 pinturas em miniatura, em aquarela e guache, ilustrando e lembrando da chamada Carta Magna Judaica, o Estatuto de Kalisz do século 13. Esse Estatuto garantia tratamento justo aos judeus da Polônia, protegendo-os contra uma longa lista de abusos, muitos dos quais começaram a reaparecer no próprio tempo de Szyk.
UM RETRATO DE SZYK AO S E U ES STIL LO
Uma das ilustrações mostra judeus poloneses contemporâneos ocupados em suas profissões e negócios (fabricação de calçados, panificação, tecelagem, forja, etc.), fazendo uma declaração sobre os papéis que os judeus desempenharam no passado na vida da Polônia, com uma expectativa implícita de que continuariam a fazê-lo no futuro. Isso revela a identidade de Szyk como judeu e polonês, e prepara o cenário para as obras políticas. Quando Hitler chegou ao poder em 1933, Szyk já havia exibido com êxito seu trabalho na França e na Polônia, publicado vários livros ilustrados, incluindo o brilhante Livro de Ester e recebido prêmios dos governos francês e polonês. Ele também se preparava para visitar os Estados Unidos, e realizar outro trabalho – 38 pinturas a respeito de George Washington e a Revolução Americana – que seria exibido no Museu do Brooklyn e na Biblioteca do Congresso como parte da celebração do 200o aniversário de Washington. Em 1934, Szyk voltou para a Europa – para Lodz – e começou sua Hagadá. A mensagem de luta de Szyk era inconfundível: “o artista como soldado e o artista como mensageiro”, e ele a levou para Londres, onde morou de 1937 a 1940 e depois para os Unidos Estados, para onde ele e a família imigraram e passaram o resto da vida. A dedicação de Szyk aos ideais da democracia norte-americana, expressada em sua série anterior sobre George Washington, reaparece em quatro aquarelas de 1942 que representam um cavaleiro que defende as Quatro Liberdades que o presidente Franklin Delano Roosevelt havia destacado no discurso do Estado da União de 1941. Depois da Segunda Guerra, Szyk continuou a lutar pela democracia com caricaturas políticas mordazes condenando o racismo, defendendo os direitos civis e atacando o macartismo. Em 1951, dois anos depois de se tornar alvo do Comitê de Atividades Anti-Americanas da Câmara dos Deputados, morreu de ataque cardíaco. Apesar da popularidade de Szyk em vida, depois de morrer todo seu trabalho caiu no esquecimento, menos a Hagadá e alguns livros ilustrados.
Szyk pintou cartazes patrióticos mobilizando os norteamericanos para apoiar o esforço de guerra, o mais famoso deles o Arsenal of Democracy (Arsenal da Democracia), mostrando operários norteamericanos martelando o armamento necessário para vencer a guerra, e ao fundo o porto de Nova York com a Estátua da Liberdade e uma cobra rastejante decorada com suásticas
* A partir de informações nos catálogos das exposições de Arthur Szyk
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COSTUMES E TRADIÇÕES
Por Joel Faintuch
PESSACH, MATZÁ, MAROR Alguém já limpou os dentes com sal? Isso mesmo, um paninho molhado no sal de cozinha. As gengivas ardem e é preciso enxaguar a boca a cada instante. E o resultado não compete com o dos melhores dentifrícios. No entanto, era assim no shtetl, em Pessach, há mais de cem anos
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e fato nem escova decente havia, pois os modernos produtos de nylon só foram inventados em 1938, nos Estados Unidos. Havia escovas primitivas, à base de fibras vegetais ou animais, mas pouco populares e de duvidosa eficiência. Tampouco pasta de dentes kasher para Pessach, ou mesmo qualquer outra pasta moderna. E que tal comer durante oito dias bubale no café-da-manhã, aquela panqueca frita, de ovos com farinha de matzá. Era o cardápio padrão, também por falta de alternativas. No primeiro dia era uma delícia, mas lá pelo quinto dia, descia com a suavidade de uma bala de canhão azeitada. A farinha de matzá não se presta para produtos culinários excessivamente leves e delicados. Sua textura é um tanto grosseira, e como não tem fermento, proibido na festa, a massa dificilmente cresce. Sem contar a repetição de borscht (sopa) de batatas, todo dia no almoço. É verdade que, atualmente, pelo menos
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ESTILIZAÇÃO DE UM SANDUÍCHE DE MATZÁ COM MAROR
em Israel, é imensa a variedade de acepipes saborosos kasher para Pessach, doces e salgados. Desfruta-se do festival, praticamente sem se dar conta das severas restrições alimentares. Há também hotéis gourmet em diversas partes do mundo, no Brasil inclusive, para quem deseja apreciar o festival de modo kasher, contando com a criatividade e competência de chefs especializados. Mas que restrições são essas? A Torá limita-se a apontar o pão (fermentado), devendo-se em substituição apelar para a matzá (pão ázimo), tanto na primeira noite (saída do Egito), quanto nos sete dias seguintes (Shemot/Exodus, capítulo 12). No entanto, a Gemará (Tratado Menachot, capítulo 70), estende a proibição a qualquer produto de trigo, centeio, cevada, aveia ou espelta (espécie de trigo vermelho). Em tese, qualquer destes grãos pode fermentar, o que não é aceitável. E, logicamente, nenhum fermento tampouco, adicionado às farinhas exatamente para intensificar o processo proibido. Desta forma, nem pensar em cerveja, uísque ou vodca, todos derivados de cereais fermentados. Em outro tratado (Pessachim, capítulo 40), o rabino Rava desaconselhou o consumo de lentilhas (chasisi), pois lembravam alimentos não kasher para Pessach. Outros sábios endossaram a precaução, pelo risco
de haver trigo inadvertidamente misturado com outras sementes. O Gaon de Vilna, rabino Eliahu ben Shlomo Zalman (1720-1797), formalizou e ampliou a interdição para todos cereais, leguminosas, e sementes, a saber: arroz, milho, milheto, soja, semente de gergelim, trigo sarraceno (kashe), quinoa, feijão, ervilha, grão-de-bico e assemelhados. Tratam-se dos kitniot, que os asquenazitas não consomem. Os sefaraditas não aderiram à proposta do Gaon, por isso estão autorizados a ingerir kitniot. No entanto, os hotéis especializados em Pessach, assim como os jantares comunitários, acabam descartando kitniot, pois nunca conhecem exatamente a origem de cada hóspede. O maror, ou erva amarga, também faz parte das “amarguras” de Pessach, porém em proporção infinitesimal. Apenas nas duas primeiras noites, durante o Seder, ou jantar com recitação formal da saída do Egito, a Hagadá de Pessach, é obrigatório incluir alguma erva amarga no prato ritual (keará), o que todos consomem em pequena quantidade, o suficiente para cumprir o mandamento (mitzvá de maror). Deve-se concluir que Pessach é uma festividade insípida e indigesta, daquelas que se varre prontamente da memória? Em absoluto. Todos que acompanharam o Seder tradicional na infância, lembram com alegria dos quatro copos de vinho, e das dez gotas do mesmo vinho, entornadas com o dedo, na recitação das pragas do Egito (Esser Makot). É costume as crianças formularem as quatro perguntas da noite, listadas na Hagadá, geralmente em forma musicada e seguida por todos. E cabe a elas esconder o afikoman, ou último pedacinho de matzá, bem como negociar um prêmio para revelar aos pais o esconderijo. Cada comunidade possui suas canções do Seder, plenas de doçura e harmonia, e refinadas ao longo dos séculos. Uma delas, Echad mi iodea, ou melhor, Uno chi lo sa, em italiano, aparece no filme Il Giardino dei Finzi-Contini (O Jardim dos Finzi-Contini), da década de 1970, de Vittorio de Sica, disponível no Youtube. Baseado no livro homôni-
mo de Giorgio Bassani, reconstitui o último Pessach de uma família da gloriosa comunidade italiana de Ferrara, pouco antes de desaparecer no Holocausto. Como Pessach não significa apenas proibições, mas também uma divertida efeméride, eis duas pequenas histórias a respeito. O grande líder Moisés havia acabado de chegar ao Egito, com a missão de salvar o povo de Israel da escravidão. O faraó não lhe dava atenção, e os judeus menos ainda, sufocados pelo trabalho insano e cruel. Desesperado, Moisés quase desistiu de tudo. Foi quando uma voz poderosa rasgou os céus: – Moisés, tenho boas e más notícias. – Sim, Eterno. – Vou coagular as águas do Nilo, que se converterão em sangue. Vou inundar o país de sapos, gafanhotos, animais selvagens, e muito mais. Castigarei o faraó e os egípcios, até que concedam plena liberdade a todos. – Obrigado, Eterno. Mil vezes obrigado, mas qual a má notícia? – Cabe a você proceder a uma análise de risco ambiental, nos moldes do Ibama do Egito, e dar entrada a um pedido de licença ambiental, para cada uma das dez pragas. Um grande industrial britânico judeu procurou um rabino. Por ser um homem importante, foi escolhido pela rainha para receber o título de “Sir” (cavaleiro), naquele ano. Ele não era religioso, mas sabia que na cerimônia tinha de falar algumas palavras em latim, o idioma da Igreja, o que o deixava desconfortável. O rabino pensou, e encontrou a solução. Como todo judeu, ele certamente conhecia as perguntas da Hagadá, principalmente a introdução da primeira delas, Má nishtaná halaila hazé mikol haleilot (“Porque a noite de hoje é diferente das demais noites?” ). Pois é isto que deveria recitar. Em meio à agitação, a rainha jamais perceberia a troca. Dito e feito. O industrial proferiu o Má nishtaná com toda tranquilidade. No que a rainha se virou para o ajudante de ordens e perguntou: – Porque este cavaleiro é diferente de todos os outros?
Deve-se concluir que Pessach é uma festividade insípida e indigesta, daquelas que se varre prontamente da memória? Em absoluto. Todos que acompanharam o Seder tradicional na infância, lembram com alegria dos quatro copos de vinho, e das dez gotas do mesmo vinho, entornadas com o dedo, na recitação das pragas do Egito
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12 NOTÍCIAS
por Miriam Sanger, de Israel
REI DAVID VERSÃO HIGH TECH – Um espetáculo de som e luzes de encher os olhos ao reunir o lado histórico e o high tech de Israel. Essa é a essência do “King David”, novo show a partir de abril no Museu da Torre de David, dentro das muralhas da Cidade Velha de Jerusalém, contando a história do mais conhecido dos reis bíblicos. Foram investidos quatro milhões de shekels (valor equivalente em reais) no projeto, e é mais uma razão para o turista estender sua permanência na cidade uma noite a mais. “Estamos dando um novo passo em direção à Renaissance cultural de Jerusalém prometida pelo prefeito Nir Barkat”, comemorou a diretora cultural da prefeitura da cidade Ariella Rejwan, durante a apresentação do evento para a imprensa. Não apenas o efeito visual é diferenciado – por vezes, o espectador tem a sensação de estar em uma sala de cinema – como, também, a preocupação com a sustentabilidade dos projetores. As dezoito mil lâmpadas a laser sem mercúrio dos projetores têm vida útil de pelo menos dez anos.
CRESCIMENTO INSUSTENTÁVEL – Surpresa geral: a população de Israel cresce além da conta, segundo revelou o presidente do Departamento de Política Pública da Universidade de Tel Aviv, professor Alon Tal, durante a conferência The Israel Forum for Population, Environment, and Society. “A média atual no país é de 3.1 crianças por família. A se manter esse número, em 35 anos o país vai enfrentar uma crise superpopulacional, quando deve alcançar a marca de quinze milhões de habitantes. O problema será exacerbado por uma infraestrutura profundamente limitada”, declarou. E quanto à “guerra demográfica” para que Israel continue sendo um país predominantemente judaico? Alon Tal diz que ela já foi superada. “Entre os árabes, há em média quarenta mil nascimentos por ano; entre os judeus, são cem mil”, afirmou.
ISRAEL PARA CASAIS MISTOS OU GLS – Em 2013, o Pew Research Center divulgou o resultado alarmante de uma de suas pesquisas: quase 60% dos judeus norte-americanos que se casaram entre 2000 e 2013 escolheram como parceiro um não-judeu. Em resposta a essa realidade, a empresa Honeymoon Israel lançou pacotes de viagem diferenciados para jovens casais americanos, incluindo o público GLS. As despesas são subsidiadas pela One8 Foundation, organização filantrópica com sede em Boston, e o apoio de outras quinze fundações, o que reduz o preço original do pacote de dez mil dólares mil para 2,2 mil. “Queremos aproximar esse público de Israel por meio de opções que exibam a diversidade do país”, diz o fundador da Honeymoon Israel, Mike Wise. A ideia está dando tão certo que agora tem uma fila de espera de milhares de casais que nunca antes tiveram ligação com o judaísmo e com a Terra Santa. LEI QUE DEU CERTO – Se não vai pela educação ou pela consciência, vai pelo bolso – e dá certo. Um ano depois de Israel introduzir uma lei que obriga os supermercados a cobrar dos clientes dez centavos para cada saco plástico utilizado, o volume dos ingratos saquinhos encontrados na costa marítima israelense diminuiu em 80%, segundo o governo. A lei determina que o valor do saco deve constar da nota fiscal da compra, e o dinheiro arrecadado vai para projetos nacionais de redução da poluição. “Esse resultado é um sucesso e supera até mesmo os padrões internacionais”, comemorou o ministro israelense de Proteção Ambiental, Zeev Elkin. “Devemos nos orgulhar do fato de o público israelense ter compreendido a importância de reduzir o uso de sacos plásticos e de ter mudado tão rapidamente o seu comportamento”. 62
NOVIDADES GELADAS – Sorvetes são um dos amores de verão israelenses, e a cada ano a indústria prepara novidades para romper a monotonia da clientela. No país, os maiores fabricantes são a Strauss, a Nestlé e a Ben & Jerry. O restante do mercado fica para a marca Rio, que atende principalmente o público ultraortodoxo, e também importa sorvetes kasher de outras marcas. Entre as novidades do verão 2018, estão os picolés com historinhas que remetem a livros conhecidos do público infantil. Na categoria dos picolés de baixa caloria, a série LaFrutta incluirá os sabores romã e maçã. Para Pessach, a novidade é o Cornetto kasher LePessach, que fará também a alegria do público que sofre de doença celíaca (não contém glúten). EITA NOME ESTRANHO… – A criatividade israelense que gera tantas patentes e start-ups não para nos produtos: os nomes das companhias não deixam nada a desejar nesse quesito. Não apenas aqui, mas também em outras partes do mundo, surgem denominações cada dia mais esquisitas. Que tal uma companhia chamada Cake Technology (Tecnologia de Bolo)? É possível também adquirir hipoteca em uma empresa chamada Morty, lentes de contato Waldo ou oferecer aos funcionários seguros da Pie Insurance (Seguros Torta). Frutas caíram na graça popular e, depois do “vovô” Apple, chegou a vez da Carrot Fertility (Fertilidade de Cenoura), um sistema de apoio às finanças pessoais. Texturas são outra tendência e há várias start-ups associadas a nomes esponjosos, sedosos, gelatinosos, pastosos, cabeludos e fofinhos.
DESFILE DE BRASILEIROS – Cerca de cem brasileiros residentes em Raanana, na região central de Israel, se reuniram no primeiro bloco de olim chadashim (“novos imigrantes”) da cidade durante o tradicional desfile de Purim, a Adloyada. Com cartazes de Carmem Miranda, camisetas verdeamarelo, apitos e trombetas, fizeram bonito durante o desfile que percorre todos os anos a principal avenida da cidade, a Ahuza. A Kehilá Yalla Chaverim, criada por voluntários brasileiros residentes em Raanana e Kfar Saba, foi responsável pela organização dos brasileiros e a negociação com a prefeitura de Raanana, que tem estado atenta à presença cada vez maior de brazucas na cidade. Estima-se que, hoje, aproximadamente oitocentos brasileiros residam ali.
VOO HISTÓRICO SOBRE A ARÁBIA SAUDITA – A Air India fez o que nenhuma outra companhia de aviação conseguiu no passado e obteve autorização para utilizar o espaço aéreo saudita para voos de e para Tel Aviv. A partir de março, os voos entre Israel e Índia operados por ela duram duas horas menos (sete horas), o que também diminuirá o custo da passagem. É a realização do sonho dos milhares de jovens israelenses que, após o fim do serviço militar, saem para uma longa viagem de descompressão – Índia e Tailândia são dois dos destinos mais procurados. No entanto, o que é sonho para uns é pesadelo para outros, e a israelense El Al, imediatamente após a divulgação da notícia, enviou uma carta oficial ao IATA (International Air Transport Association) reivindicando receber a mesma autorização. 63
12 NOTÍCIAS JUÍZA ULTRAORTODOXA – Não é incomum juízas nas cortes israelenses, mas pela primeira vez uma mulher ultraortodoxa foi apontada para a função. Chavi Toker tem quatro filhos, longa carreira na magistratura e a nomeação foi uma promessa – cumprida – da Ministra da Justiça, Ayelet Shaked. Toker é filha do rabino Rafael Volf, figura pública bem conhecida de Bnei Brak, cidade onde ela nasceu e cresceu. Toker formou-se em direito pela Universidade Hebraica de Jerusalém, graduou-se com distinção e trabalhou na Unidade de Investigação Policial do Ministério da Justiça. No dia de sua nomeação, o presidente de Israel, Ruben Rivlin, escreveu em seu twitter: “Esse é um dia feliz para ela e para o Estado de Israel.
POLÍTICA E ENSINO SUPERIOR – A Knesset aprovou a lei que coloca as faculdades e universidades localizadas na Judeia e Samária sob a autoridade do instituto que regula todo o ensino superior de Israel. Desde 1967, havia distinção entre as escolas localizadas em território israelense e aquelas em áreas além da Linha Verde. A lei, que está sendo chamada de Lei da Universidade de Ariel, foi proposta por dois membros do parlamento pertencentes ao partido ultraortodoxo Shas, Shuli Mualem Refaeli e Yaakov Margi. Isso muda a situação anterior, na qual as entidades de ensino superior localizadas nessas áreas – como a enorme Universidade de Ariel, a Orot College, em Elkana, e a Herzog College, em Gush Etzion – eram acreditadas por um conselho estabelecido em separado para a Judeia e a Samaria, que será extinto. A lei teve ampla oposição de acadêmicos de esquerda, que reuniram duzentas assinaturas em uma petição para o governo rejeitar a proposta. MARTE NO NEGEV – Seis astronautas israelenses aprenderão como é viver em Marte – sem, no entanto, sair de Israel. Uma experiência inovadora que simula todas as condições do planeta vermelho, localizado a trezentos dias de viagem da Terra, será realizada em Mitzpe Ramon, no coração do deserto do Negev. Ali, os “ramonautas” – apelido recebido pelos astronautas que participam do experimento – viverão a mesma rotina que teriam em Marte: só deixarão a base com uniformes espaciais, realizarão missões exploratórias e medições científicas. Essa região, localizada no sul do país, foi escolhida por apresentar grande similaridade com a estrutura geológica, a aridez e o isolamento da superfície marciana. O projeto foi lançado durante a 13o Conferência Aérea Internacional Ilan Ramon, no auditório Smolarz da Universidade de Tel Aviv.
PROTESTOS PRÓ-REFUGIADOS – A expulsão de quarenta mil refugiados (ou infiltrados, como define o governo israelense) africanos que procuram asilo em Israel continua causando polêmica e está longe de um consenso. A maioria dessas pessoas são da Eritreia e do Sudão, e entraram em território israelense por terra, a partir do Egito. Para evitar o ingresso de novos refugiados, o país ergueu uma barreira física, concluída em dezembro de 2013. Segundo a decisão do governo, aqueles que voluntariamente aceitarem ser enviados a um país indeterminado receberão a passagem aérea e US$ 3,5 mil. Desde 1o de abril, o destino dos que recusarem a oferta pode ser a cadeia. Recentemente, um grupo de rabinos israelenses lançou um movimento chamado Anne Frank Home Sanctuary, que convoca israelenses a esconderem em sua casa essa população. 64
MAGAZINE
Por Ruth Schuster
“A LISTA DE SCHINDLER”
Alice Herz-Sommer, aos 106 anos, pouco antes de morrer. Era a mais velha sobrevivente do Holocausto, retratada no filme A Música Salvou a minha Vida
Eis uma lista de filmes às vezes esquecidos a respeito do Holocausto, mas que merecem ser vistos. São dezessete produções que precisam estar na lista de quem se propõe conhecer melhor a história
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esde as terríveis descobertas de como a Alemanha nazista decidiu erradicar os judeus da Europa com o apoio de populações antissemitas ou intimidadas, a humanidade luta para entender o que aconteceu. E para responder se isso poderia se repetir o assunto é coberto pela mídia, literatura, e o cinema em que os diretores se dividiram entre a forma de documentário, outros investigaram e alguns improvisaram. A lista a seguir não inclui o épico de 1993 de Steven Spielberg A Lista de Schindler, que o próprio diretor disse ter se sentido na obrigação de fazer em vez de querer fazer e um trabalho que se tornou quase um paradigma de cobertura cinematográfica do Holocausto. Com base no livro Schindler’s Ark (A Arca de Schindler), de Thomas Keneally, o filme explica como a latrina fedorenta sob um banheiro comunitário pode ser o paraíso para uma criança. 66
NEGAÇÃO (2016) – Este drama britânico-americano conta a incrível história verídica do caso Irving x Penguin Books Ltd, em que Rachel Weisz interpreta a professora norte-americana de estudos do Holocausto Deborah E. Lipstadt, processada pelo estudioso da Alemanha nazista David Irving. Irving processa Lipstadt por difamação, porque o chamou de negacionista. Julgado em um tribunal britânico, o ônus da prova recaiu sobre ela que deveria provar que o Holocausto era um fato e Irving distorcera fatos para se adequar à sua visão da história. Na busca pelo ônus da prova viajou pela história do Holocausto. O LEITOR (2008) – Ralph Fiennes e Kate Winslet protagonizam este filme alemão-americano dirigido por Stephen Daldry, a partir do livro alemão de 1995 de Bernhard Schlink. Winslet ganhou o Oscar de melhor atriz de 2009 como a mulher julgada no final da vida por crimes de guerra por ter sido guarda de um campo de concentração nazista. Parte um drama romântico à medida que a personagem de Winslet tem um caso com um adolescente mais tarde advogado presente no julgamento, e parte filme do Holocausto, O Leitor é um conto trágico de redenção e amor jovem. O filme não é realmente a respeito do Holocausto, mas da geração que cresceu à sua sombra.
deiro do menino judeu que se disfarçou de membro do Partido Nazista para sobreviver. Dirigido por Agnieszka Holland, que tratou do Holocausto em filmes anteriores, Filhos da Guerra conta a história de Solomon “Solek” Perel, interpretado por Marco Hofschneider. Quando a Polônia é invadida pela Alemanha, Solek é separado da família e vai parar em um orfanato. Os nazistas chegam, ele se desfaz dos seus documentos e se autodeclara Josef Peters, alemão étnico, e se junta às tropas alemãs contra a Rússia. Enviado a uma escola da Juventude Hitlerista, sobrevive por pouco ao avanço soviético e à guerra, e chega a Israel. Ganhou o Globo de Ouro de melhor filme de língua estrangeira. THE LADY IN NUMBER 6: MUSIC SAVED MY LIFE (“A MÚSICA SALVOU A MINHA VIDA”, 2013) – Este fantástico filme de 38 minutos ganhou o Oscar de melhor documentário de curta-metragem, em 2014. É a história de Alice Herz-Sommer (1903-2012) que morreu um ano antes do lançamento do filme, aos 109 anos e era a sobrevivente do Holocausto viva mais velha do mundo. Ela nasceu na Alemanha em uma família judia de classe alta que gostava de literatura e música clássica. Em 1943, Alice, o marido, o filho de 6 anos Raphael (Rafi) e a mãe são levados para Theresienstadt, cidade-fortaleza próxima de Praga e transformada em gueto-modelo pela propaganda nazista. Tinha orquestra, grupo de teatro e até equipes de futebol. Ao longo do filme, Alice, pianista de concertos, descreve como o seu otimismo e a música possibilitaram a sobrevivência.
FILHO DE SAUL (2015) – O drama húngaro Filho de Saul conta a trágica história do prisioneiro judeu de Auschwitz, Saul Auslander, obrigado a trabalhar no Sonderkommando, queimando corpos de prisioneiros assassinados. A história é vagamente baseada em testemunhos reais de membros do Sonderkommando. O poeta húngaro Geza Röhrig, interpreta Auslander que enlouquece ao receber a ordem de cremar o cadáver de um menino que supõe ser o filho. Dirigido por László Nemes, o filme foi muito elogiado pela crítica e ganhou o Globo de Ouro de melhor filme de língua estrangeira.
IDA (2015) – Filme polonês dirigido por Pawel Pawlikowski a respeito da jovem freira que se descobre filha de pais judeus mortos durante o Holocausto. Ida ganhou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, em 2015. É um filme que merece ser visto, embora com alguma restrição pela forma como estiliza a memória; a busca pela simplicidade sugere uma espécie de ostentação.
FILHOS DA GUERRA (1990) – Filhos da Guerra também se baseia no relato verda-
SECRET LIVES: HIDDEN CHILDREN AND THEIR RESCUERS DURING WWII (“VIDAS
O Leitor é um conto trágico de redenção e amor jovem. O filme não é realmente a respeito do Holocausto, mas da geração que cresceu à sua sombra
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MAGAZINE SECRETAS: CRIANÇAS ESCONDIDAS E SEUS SALVADORES DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL”, 2002) – Este documentário soberbo evita grande parte da idealização costumeira em torno do resgate do Holocausto. Com base em entrevistas com crianças judias como a diretora Aviva Slesin, salvas por cristãos, o filme revela que, mesmo décadas após a guerra, esses sobreviventes continuam a abrigar sentimentos de ressentimento em relação aos pais que os abandonaram e sentimentos de culpa por cortar laços com aqueles que arriscaram tudo para salvá-los. Em uma cena, depois de muitos anos, um sobrevivente encontra quem o salvou e descobre o armário onde ficou escondido durante meses ainda no mesmo lugar. Em outra, filhos de holandeses que socorreram judeus revelam sua estranheza com os pais que se arriscaram para salvar crianças que não eram deles. INIMIGOS: UMA HISTÓRIA DE AMOR (1989) – Todos conhecemos triângulos amorosos. Mas Inimigos: Uma História de Amor é um quadrilátero de amor em que, em 1949, os quatro, sobreviventes do Holocausto polonês, moram em Nova York e tentam reconstruir a vida. Com base no romance de Isaac Bashevis Singer do mesmo nome e dirigido por Paul Mazursky, o filme se destaca pelo desempenho do falecido Ron Silver. Embora seja difícil imaginar um filme do Holocausto sendo simultaneamente engraçado, sexy, provocador e trágico, esse consegue a façanha. O HOMEM DO PREGO (1964) – Holocausto não é o tema de O Homem do Prego, mas o pano de fundo do filme e do personagem principal, sobrevivente do Holocausto que vira proprietário de uma casa de penhor no Harlem, e que o assassinato da família pelos nazistas (descrita em flashbacks) molda sua personalidade e conduz suas ações. O retrato fenomenal do sobrevivente/penhorista desempenhado por Rod Steiger basta para qualificar a película como um “filme do Ho68
Rod Steiger em uma das imagens mais emblemáticas de O Homem do Prego, filme em que são recorrentes as memórias do Holocausto
locausto”. Dirigido por Sidney Lumet, é um dos melhores filmes em qualquer categoria em que seja colocado. A VIDA É BELA (1997) – Ao ser lançado, A Vida é Bela causou muito debate pela audácia de tratar o Holocausto com humor. Mas é assim que o protagonista, o garçom judeu-italiano Guido, sempre navegou pela vida, então por que parar quando ele e o filho são enviados para um campo de concentração? O diretor e personagem Roberto Benigni (que co-escreveu o roteiro) tem um insaciável entusiasmo pela vida, ajudando a explicar a esquizofrenia do filme: ela se desenvolve lentamente do romance encantador para o drama do Holocausto, trazendo, do começo ao fim, uma amostra do espírito humano. NUMBERED (“NUMERADO, 2012) – Algumas das cerca de quatrocentas mil pessoas tatuadas com números em Auschwitz e seus subcampos ainda sobrevivem. O documentário Numerado, dirigido por Dana Doron e Uriel Sinai, explora o significado dos números para estas pessoas, famílias e comunidades. São marcas de vergonha para alguns, emblemas de honra para os outros – e para outros ainda? Uma mulher relata como a família usa o número de pai em Auschwitz na vida cotidiana: senha do alarme de casa, conta bancária e internet. Quando o pai faleceu, ela teve o número tatuado no tornozelo, com resultados imprevistos. Um jovem fez um esforço semelhante para preservar o legado do Holocausto na família. Esta é a nossa conexão, ele diz, posando para uma foto com o avô idoso – cada homem segurando o braço com o número idêntico gravado sobre ele. “Eu não quero que desapareça.”
BASTARDOS INGLÓRIOS (2009) – Bastardos Inglórios é uma travessura exemplar de Quentin Tarantino e um audacioso filme de vingança em busca de uma categoria. Um conto de fadas dos mais assustadores, esta festa visual atravessa a linha desfocada entre a fantasia e o horror com cenas de tensão. Mas o poder real está na reescrita ultrajante da história do Holocausto. Rejeitando a mera reconstituição e transcendendo a típica lição de história de Hollywood, faz um caso atrevido sobre o que poderia ter sido.
vem judia que vive nos Estados Unidos no final do século 20. Entediada com o Seder de Pessach vive atormentada por lembranças. De acordo com a tradição, em um momento do Seder abre-se a porta para o profeta Elias. Essa tarefa cabe a ela, que se vê subitamente na Polônia em 1942. É deportada para um campo de concentração e mesmo com poucas possibilidades, Hannah reúne sua forças internas como esperança e solidariedade para sobreviver. É dirigido por Donna Deitch com base em um livro de Jane Yolen.
FUGITIVE PIECES (“PEDAÇOS FUGIDIOS”, 2007) – Fugitive Pieces é um drama dirigido por Jeremy Podeswa, adaptado do mesmo premiado romance de Anne Michaels. Conta a história de Jakob Beer, órfão na Polônia durante a Segunda Guerra salvo por um arqueólogo grego. Estrelando Nina Dobrev e Stephen Dillane, o filme abriu o Festival de Cinema de Toronto de 2007. É a busca da libertação de lembranças, de amor e redenção que envolve três continentes e três gerações. É tocante a representação do vínculo entre o menino e o salvador, tipos muito diferentes de refugiados, e as metáforas históricas que ajudam a estabelecê-los no mundo dos vivos.
VALENTINA’S MOTHER (“A MÃE DE VALENTINA”, 2008) – Um relacionamento complicado se forma entre Paula, sobrevivente do Holocausto que vive sozinha em Israel, e Valentina, jovem trabalhadora migrante da Polônia que vem morar com ela neste filme dirigido por Matti Harari e Arik Lubetzky. Ao conhecer Valentina, são despertadas as lembranças reprimidas do Holocausto. Paula começa a compartilhar seu passado com Valentina e se torna extremamente dependente dela e a obsessão por Valentina, de quem se considera alma gêmea, fica fora de controle. E à medida em que as lembranças do passado continuam a aflorar, ela começa a perder a compreensão da realidade. Quando se torna muito intensa para Valentina, Paula tenta segurá-la a qualquer preço. O filme, estrelado por Atel Kobinska e Sylvia Drori, é baseado em uma novela do escritor israelense Savyon Liebrecht.
BENT (1997) – A adaptação cinematográfica da peça de 1979 de Martin Sherman é um filme do Holocausto com foco no modo como os homossexuais eram tratados no período. A trama segue a história trágica de Max, homossexual de Berlim, interpretado por Clive Owen ainda jovem, que passa de golpista arrogante a um amante verdadeiro obrigado a matar o namorado. Enviado para um campo de concentração lá encontra o amor verdadeiro. Mick Jagger faz uma pequena ponta que romantiza os excessos liberais da Berlim do pré-guerra e termina com uma dolorosa cena de tragédia que marca o espectador por anos. MATEMÁTICA DO DIABO (1999) – Hannah Stern, interpretada por Kirsten Dunst, é uma jo-
Embora seja difícil imaginar um filme do Holocausto sendo simultaneamente engraçado, sexy, provocador e trágico, Inimigos: Uma História de Amor consegue a façanha
UM VIOLINISTA NO TELHADO (1971) – Este brilhante musical situado na Rússia czarista tem pouco a ver com o Holocausto. Mas pelos créditos finais deste brinde à vida no shtetl de Anatevka, visto através dos olhos sábios de Tevye, o Leiteiro, interpretado por Topol, começamos a entender a tragédia do “Nascente, Poente” (Sunrise, sunset), de um mundo que não existe mais. Dirigido por Norman Jewison, adaptado de uma história escrita por Sholom Aleichem e estrelado por Topol, Molly Picon e Paul Michael Glaser ainda jovem. 69
MAGAZINE
Por Ushi Derman
O famoso pirata judeu No século 16, “exploração” e “tráfico” não tinham o mesmo significado que hoje. Na verdade, costumavam explicar o movimento físico de homens e mercadorias por terras e mares. Foram dias de florescimento da indústria náutica, que envolveu as mentes mais argutas do período
NOS NAVIOS DA FROTA PIRATA DE PALLACHE A COMIDA ERA KASHER E SE IMPROVISAVAM SINAGOGAS
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ortugal era a “nação start up” que liderava essa indústria e de lá saíram os grandes exploradores Fernão de Magalhães e Vasco da Gama. As descobertas e as inovações marítimas ocupavam matemáticos, físicos e cartógrafos judeus, como Abraão Zacuto e Pedro Nunes, que desenvolveram instrumentos de navegação com base no sol e nos corpos celestes, muitos anos antes dos aplicativos de GPS. No entanto, para os inventores judeus o trabalho técnico era pouco e tinham de testar eles mesmos suas invenções. Estranhamente, na época, especialmente após a expulsão dos judeus da Espanha, uma das profissões mais comuns dos judeus convertidos na Holanda e no Marrocos era escoltar e assessorar os comandantes de navios mercantes e exploradores de terras. Se é estranho imaginar marinheiros judeus, o que dirá de piratas judeus. Pois o livro Jewish Pirates (“Piratas Judeus”), de Edward Kritzler, ilumina um fenômeno extraordinário: após a expulsão da Espanha no final do século 15, piratas judeus atacavam principalmente navios espanhóis como forma de vingança. O mais notável deles foi o rabino, capitão de navio, embaixador, espião e agente duplo Don Samuel Pallache. E pirata. Samuel Pallache nasceu no Marrocos em 1550. Como muitos judeus do bairro judeu de Fez, seus ancestrais descendiam dos deportados da Espanha. O pai, rabino e professor, planejava a mesma carreira para o filho. Mas Samuel, que fora ordenado rabino, aspirava a sonhos diferentes daqueles do pai. Ele ansiava por viagens a mares distantes, longe dos muros do bairro judeu estimulado pelas histórias que um parente costumava
lhe contar a respeito de marinheiros judeus, como o famoso pirata Salah Sinan, chamado de “o Grande Judeu”, que combateu os irmãos Barba Ruiva da marinha otomana. Pallache viajou com o irmão Yosef primeiro para Tetuan, no norte do Marrocos. Em breve se tornariam piratas ousados, espertos e sofisticados. Os irmãos Pallache costumavam atacar navios mercantes espanhóis que chegavam da América do Sul e depois, vestidos como comerciantes espanhóis, logo vendiam os bens furtados em cidades portuárias espanholas. A fama de Pallache era tal que seu nome chegou aos ouvidos do sultão do Marrocos Ahmad al-Mansur, “o Rei de Ouro”, devido à sua grande riqueza. O sultão queria fortalecer os laços com a Holanda e nomeou Samuel embaixador do Marrocos na Holanda. Além do prestígio como famoso marinheiro, Samuel Pallache também falava espanhol, português, árabe e francês, o que fez dele um ativo diplomático precioso para o sultão. Assim, em 1596, Samuel Pallache passou da pirataria para a diplomacia, e se fixou em Haia, onde funcionava o Parlamento holandês e onde viviam os representantes de países estrangeiros. Ele fundou um dos primeiros minian na cidade, e serviu com rabino da comunidade judaica local. Mas a confortável rotina diplomática foi interrompida quando, no fim do século 16, o sultão, apaixonado por tesouros, mandou que viajasse para Lisboa e comprasse pedras preciosas em troca de cera. Naquela época, a Espanha havia conquistado Portugal e governava toda a Península Ibérica. Pallache estava com problemas financeiros e se ofereceu para vender informações a respeito da corte do sultão aos espanhóis. Mas a Inquisição suspeitava que o rabino estaria tentando trazer conversos de volta ao judaísmo e, por isso, decidiram segui-lo e escapou por pouco. Falido e cheio de problemas, voltou à Holanda e, por meio de seus contatos, reuniu-se com o príncipe Maurício, filho de Guilherme, o Taciturno, fundador da república holandesa. Pallache ofereceu ao príncipe a cooperação do Marrocos contra o inimigo comum – a Espanha. Excelente estrate-
Samuel Pallache nasceu no Marrocos em 1550. O pai, rabino e professor, planejava a mesma carreira para o filho. Mas Samuel aspirava a sonhos diferentes daqueles do pai. Ele ansiava por viagens a mares distantes, longe dos muros do bairro judeu estimulado pelas histórias que um parente costumava lhe contar a respeito de marinheiros judeus
ESTADO ATUAL DO ANTIGO BAIRRO JUDEU DE FEZ, NO MARROCOS
gista, o príncipe também desprezava os espanhóis e, juntos, tiveram uma ideia: como havia uma trégua entre Holanda e Espanha, ele sugeriu criar uma frota pirata formada por aventureiros, marinheiros e desocupados em geral, patrocinada pelos holandeses e ajuda do Marrocos. Pallache odiava os espanhóis pela deportação dos ancestrais viu a oportunidade de se vingar mais uma vez e em pouco tempo conseguiu formar uma grande frota de navios piratas, com comida kasher e sinagoga em cada um deles. Os navios ficavam fundeados no porto de Amsterdã. Durante um desses ataques piratas a navios espanhóis em alto mar, em 1614, uma doença se espalhou entre a tripulação e na emergência tiveram de atracar em Plymouth, na Inglaterra. Ao saber que Pallache estava lá, o embaixador espanhol em Londres exigiu que fosse preso e executado pelos ataques a navios espanhóis. Pallache defendeu-se perante o juiz inglês que o libertou. De volta da Inglaterra, Pallache não perdeu tempo e roubou outro navio espanhol. Essa, no entanto, foi a sua última batalha, pois o velho pirata estava muito doente desde quando estava preso, na Inglaterra. Em 1616, dois anos depois, Samuel Pallache morreu aos 66 anos. Milhares de pessoas acompanharam o seu funeral em Amsterdã, tanto judeus como não judeus, incluindo o príncipe Maurício e família. Em seu túmulo está gravado um versículo do Livro dos Provérbios. 71
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Por Elon Gilad
A ORIGEM DA SUCÇÃO ORAL DEPOIS DA CIRCUNCISÃO Como a mudança na interpretação das antigas palavras hebraicas metzitzah b’pé pode ser uma questão de vida e morte para bebês. As autoridades de saúde chegaram a um acordo provisório com a comunidade ultra-ortodoxa da cidade de Nova York a respeito da regulamentação da polêmica prática conhecida como metzitzah b’pé , ou “circuncisão por sucção oral”
Essa prática poderá acabar pelo risco de herpes infantil que matou duas crianças em Nova York
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tradição de metzitzah b’pé remonta aos tempos bíblicos, mas criou um dilema moderno para os religiosos. Funcionários de saúde de Nova York associaram tal prática a dezessete casos de herpes infantil desde 2000, dos quais dois morreram. Com as novas regras, o mohel que usa a sucção oral não será mais obrigado a ter a assinatura dos pais dos circuncidados em formulários de consentimento que, de qualquer maneira, muitos não cumpriam. Em vez disso, as autoridades municipais vão educar os membros da comunidade ultra-ortodoxa a respeito dos riscos e perigos dessa prática. Mas o que é que a metzitzah b’pé , e qual sua origem? Embora ainda para um pequeno número de comunidades observantes essa prática seja rotineira e normal, para os sofisticados cosmopolitas pode parecer algo horrível. Depois que corta o prepúcio, o mohel usa a boca – faz uma sucção oral, em vez de esponja – para limpar o sangue da ferida no pênis do bebê, para não coagular e deteriorar. Quanto às origens, a metzitzah b’pé é uma tradição consagrada e consta dos mais importantes escritos judaicos, assim como a própria circuncisão. TEORIA MÉDICA GREGA ANTIGA A primeira menção dessa prática está na Mishná, o primeiro compêndio das leis do judaísmo rabínico (cerca do ano 200 da Era Comum) – “Realizamos todos os requisitos da circuncisão no sábado: circuncidamos, descobrimos, sugamos e colocamos uma compressa com cominho sobre ele” (Shabat 19b). A palavra crítica aqui é a palavra hebraica para “sugar”: metzitzah. No comentário talmúdico a respeito dessa passagem na Mishná (Shabat 133b), lê-se que o fracasso em realizar
essa sucção é perigoso para o bebê, e qualquer mohel que negligencie o ritual deve ser despedido. Isto é, para os rabinos a metzitzah era uma medida profilática e, do ponto de vista médico, se baseava na teoria de Hipócrates, predominante da época, a teoria dos quatro humores, e desenvolvida pelo médico grego Galeno no século 2. Um dos tratamentos que Galeno prescrevia para uma variedade de doenças era a sangria, que acreditava ser uma maneira de restaurar o “equilíbrio” entre o sangue e os outros três humores – fleuma, bile amarela e bile negra. E também acreditava que o sangue estagnado causa deterioração. Especificamente, no caso de feridas, segundo Galeno, o sangue não pode se acumular em torno da ferida para não coagular e deteriorar, e, desta forma, apodrecer a ferida. A sucção oral parece ter se desenvolvido como maneira de garantir ao bebê circuncidado fosse devidamente sangrado, para evitar a formação de coágulos e a deterioração, e que todos os seus humores estivessem em equilíbrio. A CIÊNCIA DA MEDICINA E OS SURTOS Os judeus obedeceram esta diretriz de saúde por gerações. No entanto, no século 19 a ciência reconheceu os agentes microscópicos da doença, a teoria dos quatro humores foi contestada e a ciência da medicina começou a mudar. Um momento decisivo ocorreu em 1836, quando um surto de herpes surgiu entre bebês judeus recém-nascidos em Viena. O rabino Elazar Horowitz observou que todos os bebês, alguns dos quais morreram pela doença, foram circuncidados pelo mesmo mohel. Além disso, todos exibiram os mesmos sintomas – erupção que progredia do pênis para o resto do corpo. Horowitz consultou médicos para os quais a sucção oral poderia ser a origem do problema. O médico-chefe do hospital judeu da cidade, Samuel Wertheim, sugeriu que o mesmo efeito de limpeza e sucção poderia ser conseguido com uma esponja embebida em vinho aplicada na incisão enquanto o mohel pressionava o pênis.
Horowitz escreveu então ao rabino Moses Sofer, chefe da Bratislava Yeshivá – um dos rabinos mais importantes da época – e pediu orientação para que os judeus da cidade não fizessem mais sucção oral e usassem o método sugerido por Wertheim. O rabino Sofer respondeu no início de 1837 que o novo método era aceitável, com base no estudo cuidadoso da etimologia dos verbos hebraico e aramaico para a sucção – matzatz. A palavra implicava sucção, escreveu Sofer – mas não necessariamente com a boca. Em qualquer caso, o próprio método da circuncisão já havia mudado, ressaltou o rabino: a Mishná pede o uso de cominho na atadura que protege o pênis circuncidado, mas, ao longo das gerações, a especiaria foi substituída por outras substâncias. Seguindo a decisão de Sofer, durante o século 19 muitos rabinos começaram a instruir os mohels da comunidade a abandonar a sucção oral e usar outros métodos, embora algumas figuras importantes da comunidade ultra-ortodoxa argumentassem que metzitzah b’pé fazia parte do mandamento para circuncidar, e assim não podia ser omitido ou alterado. No final do século 19, à medida que o Ocidente reconheceu o papel dos agentes microscópicos na doença, começaram a aparecer estudos em revistas médicas vinculando a sucção oral à doença infantil e à mortalidade. Atualmente, a prática é muito rara, tendo sido substituída, em grande parte, por métodos alternativos de sucção. No entanto, uma minoria de mohels em comunidades ultra-ortodoxas continua a praticar a metzitzah b’pé, insistindo em que, de outra forma, não estaria seguindo a lei ao pé da letra, e um mohel que não o faz deveria ser demitido. Além disso, a sucção com a boca é mais eficiente do que tentar alcançá-la com, digamos, um pano seco, explicam. E pelo menos onze meninos contraíram herpes na cidade de Nova York desde 2000 e dois morreram. Assim, para alguns bebês o significado exato da palavra metzitzah é a diferença entre a vida e a morte.
Um momento decisivo ocorreu em 1836, quando um surto de herpes surgiu entre bebês judeus recémnascidos em Viena. O rabino Elazar Horowitz observou que todos os bebês, alguns dos quais morreram pela doença, foram circuncidados pelo mesmo mohel
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Por Bernardo Lerer
Tolos, Fraudes e Militantes Roger Scruton | Editora Record | 409 pp. | R$ 54,90
Babilônia Paul Kriwaczek | Zahar | 383 pp. | R$ 62,90
O subtítulo, “A Mesopotâmia e o Nascimento da Civilização”, já diz bem de que trata o livro descrevendo que seis mil anos antes de Cristo o povo da Mesopotâmia lançava as bases da civilização tal como a conhecemos. Porque nas terras entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje é o Iraque, surgiram a escrita e a literatura, o direito, a engenharia civil, a matemática, a educação. Sua população foi a primeira a dominar a roda e a controlar o vento nas embarcações e aperfeiçoou os conceitos de medidas. Somando tudo, a Babilônia construiu os fundamentos da história.
O autor escreve para revistas e jornais conservadores da Inglaterra e Estados Unidos, se coloca como uma espécie de ideólogo da Nova Direita nesses países e, portanto, em condições de dizer o que pensa da esquerda e o que é a esquerda atualmente e como evoluiu e o que mudou desde 1989, quando o Muro de Berlim foi derrubado. Segundo ele, a esquerda agora fez um deslocamento tático no exercício do poder e não se preocupa nem se interessa mais tanto pelos direitos dos trabalhadores e suas lutas, preferindo proteger e falar por mulheres, LGBT’s e imigrantes. E, claro, ataca os pensadores mais influentes da esquerda.
Era uma Vez uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha Companhia das Letras | 202 pp. | R$ 44,90
Por trás desse título enorme está uma das mais importantes escritoras russas da atualidade, muito elogiada pelo The New York Times e vencedora do World Fantasy Award, isso mesmo, um prêmio para quem escreve histórias fantásticas e, nesse livro, reúne histórias e contos de fadas assustadores: um feiticeiro pune duas belas bailarinas transformando-as em uma artista de circo enorme; uma menina nasce pequena como uma gota dentro de uma folha de repolho; um homem morto volta para ser devidamente enterrado, e outras.
Extraordinário R. J. Palacio | Intrínseca | 343 pp. | R$ 27,90
Me Chame pelo seu Nome André Aciman | Intrínseca |287 pp. | R$ 31,52
Judeu, nascido em Alexandria, ensaísta, romancista e pesquisador da literatura do século 17, o autor desvenda as facetas do desejo, da descoberta da sexualidade e do início da vida adulta a partir do encontro entre dois jovens que vão tateando o desconhecido e o instável terreno que os separa e o que parecia uma relação de indiferença supera o medo e a obsessão para se transformar em uma troca íntima que vai marcar os dois pelo resto da vida. Virou filme muito aclamado.
Augus (Augie) Pullman nasceu com uma síndrome genética que provocou uma deformidade facial e a necessidade de cirurgias. Por isso nunca frequentou uma escola regular, até ser matriculado numa, de verdade. E todos sabem como é difícil ser aluno novo ainda mais com um rosto tão diferente e no início do quinto ano sua missão é convencer os colegas de classe de que, apesar da aparência incomum, é um menino igual a todos os outros. Também virou filme de sucesso e o livro inclui extras da fita. A autora escreveu outros livros com o mesmo título, e histórias diferentes.
As Virtudes do Fracasso A Grande Jogada
A Última Dama
Charles Pépin | Estação Liberdade | 184 pp.
Elizabeth Fremantle | Editora Paralela |
R$ 39,00
375 pp. | R$ 54,90
O autor chama a atenção do leitor para o aprendizado por meio do erro e, para isso, junta a história da filosofia a casos reais para mostrar que mais que uma parada inevitável no caminho para o êxito, o fracasso muitas vezes é essencial. Ele examina as biografias de gente como Lincoln, de Gaulle, Rafael Nadal, Steve Jobs, Thomas Edison, entre outros. Para ele, a adversidade pode ser aproveitada e o fracasso oferecer informações a respeito de algo ou de nós mesmos, revelar um desejo ou oportunidade oculta ou nos tornar disponíveis para algo novo.
Molly Bloom | Intrínseca | 268 pp. | R$ 63,00
Esse livro também virou filme, pelas mãos do diretor Aaron Sorkin e conta a história verdadeira de Molly Bloom que, aos 30 anos, comandava uma das mais valiosas mesas de pôquer dos Estados Unidos até ser presa, em 2013, pelo FBI, acusada de operar ilegalmente o jogo. Ex-integrante da seleção americana de esqui, bonita, atraente, cortejada por homens poderosos, perdeu o controle que separa o legal do ilegal ao mesmo tempo em que juntava milhões de dólares.
Ficção histórica em torno dos segredos e paixões durante o reinado da última monarca Tudor e cuja principal personagem é Penelope Devereux, a dama de companhia da rainha, musa celebrada por poetas, adúltera, inimiga do Estado, fofoqueira, de caráter ardiloso e dissimulado, que removia quem atravessasse seu caminho, inclusive o próprio marido. Mas ela tem um inimigo na corte, interessado em prejudicá-la e ao seu irmão, o conde de Essex. Intriga das boas.
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A Forma da Água Daniel Kraus | Intrínseca 352 pp. | R$ 33,00
O diretor Guillermo Del Toro ganhou o Oscar de melhor filme e melhor diretor com a história de Elisa Esposito, muda e órfã e faxineira de um centro de pesquisas espaciais nos Estados Unidos, em 1962. Até que um dia vê um dos segredos mais bem guardados: um homem anfíbio capturado na Amazônia, chamado apropriadamente de deus Braquia pelo povo local e que será estudado e utilizado em avanços tecnológicos durante a Guerra Fria. Ele é assustador, majestoso e capaz de entender emoções. Ele e a mulher aprendem e conseguem se comunicar e o afeto se transforma em amor que dará novo sentido à vida de Elisa.
Vacinar, Sim ou Não Guido Carlos Levi, Mônica Levi, Gabriel Oselka | MG Editores | 94 pp. | R$ 38,90
Nesses tempos em que se formam filas para a vacina contra a febre amarela e há cem anos houve uma revolta no Rio de Janeiro contra a vacinação, o infectologista Guido Carlos e os pediatras Mônica e Gabriel contam a história das vacinas desde a sua descoberta no final do século 18, os milhões de mortes que evitaram, o aumento da expectativa de vida em 30 anos, etc. Os três se preocupam agora com os antivacinistas, médicos e leigos que, sem comprovação científica, divulgam fatos negativos a respeito das vacinas. Vale muito a pena. 75
CURTA CULTURA
Por Bernardo Lerer
“Itzhak”, o documentário Uma sugestão aos programadores do próximo Festival do Cinema Judaico de São Paulo, que se realiza anualmente na Hebraica e em algumas salas da capital: o documentário Itzhak, a respeito da vida e carreira do violinista Itzhak Perlman, e que venceu os festivais de cinema judaico de 2018 de Miami e Atlanta, nos Estados Unidos, e ganhou elogios de revistas especializadas como a Variety, por exemplo. Perlman tocou em eventos especiais celebrando os cem anos da Estátua da Liberdade, a convite da rainha Elizabeth e com as mais importantes orquestras do mundo, além de vitoriosa turnê pela antiga União Soviética com a Filarmônica de Israel. Perlman nasceu em Tel Aviv em 1945 de pais poloneses que se conheceram na antiga Palestina nos anos 1930. Tinha 3 anos quando ouviu um concerto de violino no rádio e pediu aos pais para aprender o instrumento. Não conseguiu ser matriculado na Academia de Música Shulamit porque o violino era maior que ele. O impasse foi resolvido quando os pais compraram um violino de brinquedo. Um ano depois contraiu poliomielite, foi aceito na escola, a paralisia parece o ter estimulado ainda mais para os estudos e, aos 10 anos, deu o primeiro concerto, que lhe abriu as portas na prestigiosa Juilliard School, de Nova York, e se tornou o preferido do pedagogo musical Ivan Galamian. O resto é história.
Árabes de Israel preferem viver lá a na Palestina As tensões entre judeus e árabes são cada vez mais intensas e a perspectiva de poderem viver juntos e pacificamente caiu significativamente de 2015 para 2017 segundo pesquisa realizada por Sammy Smooha, da Universidade de Haifa, que perguntava a árabes e judeus se aceitavam suas respectivas contrapartes como cidadãos israelenses, com os mesmos direitos e deveres. A mesma pesquisa revelou que, apesar disso, a maioria dos árabes israelenses é um bom lugar para viver e não gostariam de ser realocados em um futuro Estado palestino. O levantamento mostrou que 58,7% dos árabes israelenses entrevistados responderam que Israel tinha direito à soberania, contra 65,8% em 2015, e caiu de 53,6% para 49,1% os que consideravam Israel como um Estado judeu e democrático. Da mesma forma, caiu de 60,3% para 44,6% o reconhecimento de que Israel é um Estado com maioria judaica e decresceu significativamente o percentual dos que consideram o hebraico como a língua dominante. Foram entrevistados setecentos judeus e setecentos árabes em diversas regiões do pais durante dois meses, o ano passado.
Fim da era dos cd’s A Tower Records foi a mais famosa loja de cd’s e dvd’s de Nova York. Mais que isso, foi a maior loja de discos do mundo, ocupando uma esquina da cidade. Fechou. Agora existem algumas franquias em várias cidades do mundo e vendas pela internet. Russel Solomon fundou-a em 1960 em Sacramento, California. E foi em Sacramento, numa casa enorme que a fortuna lhe proporcionou, que Russ, como era conhecido, morreu, copo de uísque na mão, domingo à noite, enquanto assistia à premiação do Oscar. Os clientes da loja gostavam de passear por entre os aparentemente sem fim balcões onde havia cd’s e dvd’s de música erudita, popular e étnica catalogados das mais diversas formas de modo a ajudar os consumidores e, principalmente, alguns dedicados funcionários que sabiam orientar o cliente. Houve um tempo que passou a oferecer partituras dos grandes sucessos de música popular que, se não havia para pronta entrega, eles encomendavam às editoras e remetiam para a casa do cliente, onde quer que morassem, o Brasil inclusive. Nem o gênio criativo de Russ conseguiu vencer a onda avassaladora do Youtube e dos muitos serviços disponíveis na internet, como o Spotify, por exemplo, que oferece milhares de músicas a custo ínfimo.
Carvalho de 650 an nos es sco ond deu jud deu us na gue errra Uma votação realizada no final do ano passado escolheu um carvalho de mais de 650 anos com o tronco todo esburacado como a “árvore mais popular da Europa”, ou a Árvore do Anão na Europa. A árvore tem até nome e se chama Jozef, fica em um bosque próximo da cidade de Wisniowa, no sudeste da Polônia, e é símbolo de orgulho na Polônia há várias gerações. Conta-se que o carvalho de mais de trinta metros de altura foi abrigo para dois irmãos judeus poloneses da família Hymi, que se esconderam no interior do seu tronco durante a Segunda Guerra e conseguiram sobreviver aos nazistas. Não se sabe se fugiram do gueto de Frysztak ou de um campo de trabalhos forçados na região. O carvalho é objeto de visitação pública e o principal detalhe fotografado são os dois buracos no tronco: o de baixo servia de abrigo e o de cima como posto de observação. Não se sabe o destino dos dois irmãos, depois da guerra. Do concurso para escolha da árvore mais popular participaram concorrentes de dezesseis países 76
e o carvalho Jozef derrotou um exemplar e mais de quinhentos anos do País de Gales, certamente menos pela idade e mais por sua história. Mais de 120.000 pessoas votaram pela internet.
MULHERES NO HOLOCAUSTO Acessem, por favor, duas novas mostras no Instituto Yad Vashem dedicadas às mulheres: uma é “Spots of Light: Women in the Holocaust” e a outra é uma coleção de objetos pertencentes às mulheres usados durante o período do Holocausto. A mostra “Spots of light” é dividida por temas como amor, maternidade, amizade e fé, que se ligam por meio de testemunhos de sobreviventes, fotos de arquivos e objetos. Por trás do clique em cada foto é contada uma história relativa a ela, como a pequena sacola na qual a sobrevivente Hilde Grünbaum escondia as partituras da orquestra feminina de Auschwitz. As mostras foram abertas no mês passado durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher e uma das diretoras do
International School for Holocaust Studies, Naama Shik, assinalou que “a realidade do campo, na forma de fome, perda do sentido da vida, doenças, trabalho forçado e horror – não distinguia gênero e nem estabelecia diferenças entre quem passava mais fome ou sofria mais. Foi uma experiência humana, comum a homens e mulheres”. De todo modo, o historiador do Gueto de Varsóvia, Emanuel Ringelblum, que escondeu tudo o que conseguiu colecionar a respeito da vida no Gueto durante anos em latões de leite descobertos depois da guerra, escreveu que “os futuros historiadores vão dedicar um capítulo especial às mulheres judias na guerra, por sua coragem e firmeza. Por seu valor, milhares de famílias conseguiram vencer o horror daqueles tempos”. 77
CURTA CULTURA A Ph hilip ps na histó ória de Marx
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arl Marx – Uma Vida do Século XIX, de Jonathan Sperber, (Amarilys, 612 pp., R$ 82,00) é uma obra preciosa, entre outras razões porque enquadra o filósofo nas correntes sociais e intelectuais do século XIX em vez de interpretá-lo à luz do século XX, como a maioria dos livros dedicados a ele. E à página 37 lê-se: em 1814, Heinrich (o pai de Karl) Marx deu mais um passo, visando cumprir uma pré-condição necessária para se estabelecer como advogado atu-
ante: casou-se. A noiva, Henriette Pressburg, onze anos mais nova, era de Nijmegen, na Holanda, e descendia de uma família de judeus que, como o nome indica, era originária da Hungria (da cidade de Pressburg, hoje Bratislava, atual capital da Eslováquia) e se fixara na Holanda no século XVIII. Tendo sido bem-sucedida em suas iniciativas dedicadas ao comércio. A irmã mais nova de Henriette, Sophie, casou-se com o empresário Lion Philips, que se encar-
regou de administrar as finanças da cunhada, depois que o marido dela faleceu, tornando-se, depois, amigo e confidente de Karl Marx adulto. Os netos de Sophie e Lion fundaram a multinacional de eletrônicos e equipamentos elétricos que leva o nome da família.”
E na Netflix...
Um hotel no velh ho ce emité ério o judeu de Wroc cla aw Mais Holocausto que, como se vê, é uma fonte inesgotável de notícias, mais de setenta anos depois do fim da guerra. A cidade polonesa de Wroclaw, fica entre Dresden e Cracóvia, é a quarta maior cidade da Polônia e chamava-se Breslau antes da guerra. Sempre teve uma ligação estreita com a Alemanha e lá viveu uma próspera comunidade judaica, a quarta maior da Alemanha, que se estabeleceu há mais de oitocentos anos. Em 1933 havia mais de vinte mil judeus, mais da metade foi assassinada pelos nazistas e os que sobreviveram se espalharam. A memória judaica da cidade foi destruída primeiro pelos nazistas e, depois, pelos comunistas. Restam apenas dois cemitérios, alguns edifícios projetados por arquitetos judeus e a sinagoga Stork, toda branca, em parte destruída pelos nazistas e reconstruída no começo dos anos 2000. Agora, um dos dois cemitérios, aquele datado de 1761, corre o risco de desaparecer pois a área, na rua Gwarna, foi adquirida pela rede americana Best Western que planeja construir um hotel. Há um grande debate entre as lideranças comunitárias e as autoridades municipais a respeito da preservação do local. 78
Quando entrarem no catálogo da Netflix assistam a Un Village Français, série francesa que conta a história de como os habitantes de uma pequena cidade no interior da França aturaram, adaptaram-se e reagiram à ocupação nazista durante a Segunda Guerra. O destino dos judeus sob o governo colaboracionista de Vichy é um dos temas da série, mas não o único: como as pessoas fazem para sobreviver quando seu governo democrático perdeu a guerra; como funciona o amor e se a moral permanece estática ou reage. É sucesso na França. Outro é Babylon Berlin, considerada a série mais cara da televisão alemã (quarenta milhões de dólares), empregou cinco mil extras, foi filmado em trezentas locações e já foi comprado por mais de sessenta países. A série tem dezesseis episódios e é ambientada nos anos 1920 da República de Weimar. A série tem por base o romance de Volker Kutscher e tem de tudo: sexo, corrupção, vício, cabarés, stalinistas, trotsquistas e um policial que sofre de neurose da Primeira Guerra viciado em morfina. Quem assistiu a alguns episódios, além da alta qualidade da série, garante ter visto também o mais exuberante guarda roupa da época.
A PALAVRA
A língua falada PODE UNIR
A quem se interessar – e, acredita-se, muitos podem se interessar – foi lançado nos Estados Unidos o livro Modern Hebrew: The Past and Future of a Revitalized Language (“O Hebraico Moderno: Passado e Futuro de uma Língua Revitalizada”), de Norman Berdichevsky
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Por Philologos
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odern Hebrew... é, também, uma importante pesquisa a respeito do tema. Em apenas duzentas páginas, Berdichevsky toca em quase cada aspecto do êxito obtido pelo sionismo, depois de dois mil anos, em reavivar o hebraico como língua falada, façanha sem igual na história da humanidade. Uma das partes mais sugestivas do livro é o capítulo “Do Estado Judeu a República Hebraica?”, que trata do futuro e no qual o autor coloca em debate a esperança de se formar uma identidade comum israelense de modo a que a minoria árabe participaria ao lado da maioria judia adotando o hebraico como sua língua, da mesma forma que os habitantes da França se consideram franceses, independentemente de diferenças étnicas, religiosas ou políticas, porque falam francês, e os habitantes de Israel se sentiriam igualmente israelenses por falar hebraico. Berdichevsky é mais um que, ao tratar das relações judaico-árabes em Israel, defende esse argumento, e nem a expressão “República Hebraica” é original. Essa expressão tem uma história antiga, que retrocede a livros como De Republica Hebraeorum, de Carlo Sigonio, de 1582, um estudo de antigas instituições israelitas e sua relevância para as europeias contemporâneas. Em 1617, Petrus Cunaeus escreveu uma obra com o mesmo tema e nome. Mais recentemente, o comentarista político e econômico Bernard Avishai usou a expressão para o conflito israelo-palestino no livro The Hebrew Republic: How Secular Democracy and Global Enterprise Will Bring Israel Peace at Last (“A República Hebraica: Como Finalmente a Democracia Secular e a Empresa Global Trarão Paz a Israel”). No entanto, Avishai está interessado principalmente na economia como fator potencialmente unificador de judeus e árabes. Berdichevsky pre-
fere acreditar na primazia da língua. A visão de Berdichevsky é realista? Embora quase todos os árabes israelenses (e uma alta percentagem de palestinos da Cisjordânia) falem hebraico com vários graus de qualificação, todos falam hebraico como segunda língua. O árabe é a língua materna, na qual são criados ou criam os filhos. Mesmo concordando com Berdichevsky a respeito de como seria desejável trocar o árabe pelo hebraico, existe alguma possibilidade de isso acontecer? Ou é apenas uma bem intencionada fantasia sem fundamento? Historicamente, é claro, a assimilação linguística é um processo perfeitamente possível. Minorias que vivem entre maiorias mais poderosas que falam uma língua diferente da deles, bem como as maiorias governadas por minorias conquistadoras cuja língua tem prestígio maior e vantagens sociais maiores que as deles, adotaram a língua do outro. Às vezes isso ocorre rapidamente, às vezes lentamente; várias influências políticas, culturais e demográficas determinaram o resultado. Quase todas as tribos nativas da América do Norte, por exemplo, ou pelo menos aquelas que sobreviveram, desistiram completamente da língua nativa cem anos depois de serem derrotados pelos colonos brancos, e adotaram o inglês. Em muitas partes da América do Sul línguas nativas como quíchua, aimará, guarani e nahuatl ainda são faladas hoje por dezenas de milhões de pessoas mais de cinco séculos depois da conquista espanhola. Infelizmente para os que propõem a “República Hebraica”, muitos condicionantes prometem atrasar em vez de acelerar a possível adoção do hebraico como primeira língua dos árabes israelenses. Um, é o preconceito anti-árabe dos judeus israelenses, o que dificulta a integração social e econômica dos árabes à vida israelense. Outro, é o vasto mundo de língua árabe cercando os árabes de Israel, do qual se sentem parte ou gostariam de estar associados a ele. O Islã é mais um. Cerca de 90% dos árabes israelenses são muçulmanos (os restantes são cristãos e drusos), e o Corão – como a Bíblia hebraica, mas diferente do Novo Testamento – está ligado à língua. Para a cristandade, é pouco ou nada importante a língua em que se lê o Novo Testamento, ou na qual as orações são ditas, porque o Novo Testamento é considerado um trabalho de autores humanos, não uma revelação divina. Mas os judeus acreditam que a Bíblia foi dada por Deus, assim como os muçulmanos em relação ao Corão, o que significa que o hebraico e o árabe, línguas em que os livros sagrados foram escritos, também o são. Desta forma, não se abandona uma língua sagrada tão facilmente como uma língua profana. Por todos esses motivos, em um futuro próximo a grande maioria dos árabes israelenses não vai começar a adotar o hebraico como língua materna. Embora o processo seja mais rápido entre cristãos e drusos, levará, no melhor dos casos, algumas gerações para se realizar. Atualmente é possível ouvir muitos árabes israelenses incorporarem palavras e expressões em hebraico em sua fala árabe, e o hebraico vem se tornando cada vez mais parte da vida; mesmo assim, não existe uma única família árabe em Israel na qual o hebraico seja a língua doméstica, e até que uma família assim mostre sinais de existir, a assimilação está em estágio inicial. Portanto, infelizmente a “República Hebraica”, que muitos gostariam que existisse, ainda está muito longe.
Os judeus acreditam que a Bíblia foi dada por Deus, assim como os muçulmanos em relação ao Corão, o que significa que o hebraico e o árabe, línguas em que os livros sagrados foram escritos, também o são. Desta forma, não se abandona uma língua sagrada tão facilmente como uma língua profana
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7 6 1. NESSIM HAMAOUI FALOU SOBRE “SETENTA ANOS DE ISRAEL”, FRUTO DA EXPOSIÇÃO NA GALERIA DE ARTE, COM CURADORIA DE OLÍVIO GUEDES; 2. MEDITAÇÃO NA ORDEM DO DIA DA HEBRAICA COM THAÍS IENAGA; 3 E 5. A ARTE DE CARLOS ZIBEL CHAMOU A ATENÇÃO E FOI GUARDADA NO CELULAR; 4. ACOMPANHADO POR DANIEL UMBELINO, A VOZ DE FLÁVIO LAGO ECOOU NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN; 6. PESSACH COMEÇOU COM O PRÉ-SEDER DA FRATERNIDADE CRISTÃO-JUDAICA, NA PARÓQUIA SÃO JOSÉ DO IPIRANGA; 7. CLUBE DE LEITURA INICIA O ANO; 8. NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH, BOAS COMPRAS REVERTERAM PARA O GRUPO CHAVERIM
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1 E 2. MICHELE GIALDRONI, PRESIDENTE DO INSTITUTO CULTURAL ITALIANO; DANIEL BIALSKI RECEBEU O CÔNSUL PAULO LOURENÇO, DE PORTUGAL, VISANDO A COMEMORAÇÃO DO DIA DA UNIÃO EUROPEIA, EM MAIO, NA HEBRAICA; 3 E 4. RABINO SHABSI ALPERN, LEIVI ABULEAC E DANIEL BIALSKI NA HOMENAGEM DAS FAMÍLIAS ABULEAC, SCHWARTZMAN E BIDLOVSKY À MATRIARCA GENI ABULEAC (Z’L), NOME DADO AO NOVO SAGUÃO DE ENTRADA DA HEBRAICA; 5 E 6. EM MONTEVIDEO, NAVA POLITI, ROSANA SILBER, CLÁUDIA SCHEINBERG, DESIRÉE SUSLICK E MÁRCIA PROCCACIA COM RIVKA LAZOVSKY, PRESIDENTE DA WIZO MUNDIAL NO SEMINÁRIO QUE REUNIU CHAVEROT DA AMÉRICA LATINA; 7 E 8. CEO DA ORCAM, ZIV AZIRAM FALOU SOBRE “ENTREPRENEURSHIP ON A NUTSHELL”, NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN; JOVEM UTILIZA O DISPOSITIVO ORCAM MY EYE, TRAZIDO PELA MAIS AUTONOMIA TECNOLOGIA ASSISTIDA
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FESTIVAL DA HOLANDA NA HEBRAICA. 1. CÔNSUL COR VAN HONK E GEORGE LEGMANN; 2. VICE-PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL SANDRO ASSAYAG HOMENAGEIA EMILE SCHRIJVER, POR SEU TRABALHO DEDICADO AO PATRIMÔNIO CULTURAL DOS JUDEUS DE AMSTERDÃ; 3. BIALSKI E SCHRIJVER; 4. FELIZ, EVA OKSMAN GANHOU VIAGEM COM HOSPEDAGEM EM CURAÇAO E MOSTRA O SUPERVOUCHER QUE MUITOS ESPERAVAM GANHAR; 5. APÓS PALESTRA, JOVENS CERCAM O FILÓSOFO HOLANDÊS; 6. PRESENÇA DE CÔNSULES, ENTRE ELES LUIS MADRIGAL, DO MÉXICO, E PAULO LOURENÇO, DE PORTUGAL; 7. BERTA EL KALAY E SÔNIA ROCHWERGER; 8. ENCERRANDO O FESTIVAL, NANETTE KONIG FALOU DA VIDA NA HOLANDA, AO LADO DO MARIDO JOHN KONIG, HADASSA E JACQUES RECHTER
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1, 2, 3 E 4. FELIZ IDADE INICIA O ANO COM VISITA DO PRESIDENTE BIALSKI; TARDE DE CRIATIVIDADE E TÉCNICA DE ORIGAMI DE DIANA ISHIMITSU; 5. E 6. CONSULADO DA HUNGRIA TROUXE EXPOSIÇÃO SOBRE ESPORTISTAS JUDEUS NO PAÍS E NO BRASIL; AVI GELBERG RECEBEU OS ATLETAS MACABEUS HÚNGAROS, NA ABERTURA DA MOSTRA NO SAGUÃO DA HEBRAICA; 7. NA SINAGOGA, HABITUÉS DO KIDUSH APÓS AS REZAS DE SÁBADO
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O MEGA PURIM 2018 FOI O PRIMEIRO A SER REALIZADO DEPOIS DA INAUGURAÇÃO DA NOVA ENTRADA DA RUA ALCEU DE ASSIS, O QUE DEU MAIOR VISIBILIDADE AO EVENTO QUE COMEÇOU COM A LEITURA DA MEGILAT ESTER A CARGO DO CHAZAN DAVID KULLOCK, DO BAAL KORÊ DANIEL GRABARZ E A NARRADORA SYLVIA LOHN. NA SEQUÊNCIA, O CENTRO DE DANÇAS ORGANIZOU UMA HARKADÁ, O ATELIÊ HEBRAICA INICIOU UMA OFICINA DE MÁSCARAS E O OS TÉCNICOS DE GINÁSTICA ORIENTAVAM BRINCADEIRAS NA CAMA ELÁSTICA
NA PROGRAMAÇÃO DO MEGA PURIM, CRIANÇAS DE COLO ATÉ A IDADE DE 12 ANOS SE DIVERTIRAM COM BICICLETAS, BRINQUEDOS INFLÁVEIS, ALÉM DE FANTASIAS E MAQUIAGEM. À TARDE, AS MAIORES ATRAÇÕES FORAM AS CONTADORA DE HISTÓRIAS JANE FUCS, UM DESFILE DE FANTASIAS ORGANIZADO PELO HEBRAIKEINU , UMA APRESENTAÇÃO MUSICAL DO GRUPO FUZUÊ E SORTEIOS DE BRINDES
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GALERIA
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1 E 4. ZIV AVIRAN, DA EMPRESA ISRAELENSE ORCAM, E RONY MEISLER, DA RESERVA, APRESENTARAM A UM GRANDE PÚBLICO NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN COMO COLOCAM EM PRÁTICA A FILOSOFIA DO “CAPITALISMO CONSCIENTE”; 2 E 3. UM WORKSHOP SOBRE ASSERTIVIDADE COM A PSICÓLOGA LILIAN KOSLOWSKI WIZENBERG, PROMOVIDO PELO MERKAZ, REUNIU EXECUTIVOS DE VÁRIAS EMPRESAS NA SALA PLENÁRIA; 5. O DOCUMENTÁRIO UM NOVO CAPITALISMO FOI DEBATIDO NO TEATRO ANNE FRANK, POR INICIATIVA DO MERKAZ, COM DIRETOR HENRY GRAZINOLI E A PRODUTORA NINA VALENTIN COM MODERAÇÃO DE MARCELO DOUEK
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COM SEMANAS DE ANTECEDÊNCIA O GRUPO JOVENS SEM FRONTEIRAS INCENTIVARAM SEGUIDORES NAS REDES SOCIAIS A OPINAREM SOBRE ASPECTOS DO EVENTO PROGRAMADO PARA O SEGUNDO FINAL DE SEMANA DE MARÇO. COMO RESULTADO DAS VOTAÇÕES ON LINE, A “FESTA DEMOCRÁTICA” TEVE COMO ATRAÇÃO MUSICAL O BLOCO CARNAVALESCO PARANGOLÉ, CHURRASCO, CHURROS E CERVEJA PARA ENERGIZAR OS CONVIDADOS
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GALERIA 1
1. OS TÉCNICOS DE BASQUETE WILSON CORRÊA E DIEGO FLOREZ PARTICIPARAM NO INÍCIO DO ANO DO CAMPUS PENÃROL DE TECNIFICACIÓN Y RECLUTAMIENTO DE BASKETBOL, EM MAR DEL PLATA, ARGENTINA; 2. DE ACORDO COM A DIRETORIA DE POLO AQUÁTICO, A EXPEDIÇÃO DAS EQUIPES SUB-13 E SUB-15 PELA EUROPA FOI ENCERRADA COM UM GIRO PELA HUNGRIA. ALÉM DE CONVERSAS COM OS MELHORES JOGADORES DO MUNDO DAS SELEÇÕES DA SÉRVIA E DA HUNGRIA; 3. RENATA PATY FOI DESTAQUE NO TORNEIO YOKICHI KIMURA, DISPUTADO E MOGI DAS CRUZES, VENCEU TODAS AS LUTAS POR YPON E SUBIU AO PÓDIO; 4. MICHELE PIKMAN GUERRA PARTICIPOU DA CORRIDA TRACK & FIELD ETAPA MARKET PLACE E FICOU EM QUINTO LUGAR; 5. ALUNOS DA ESCOLA DE ESPORTES SE DIVERTEM OCASIONALMENTE NA PISCINA COBERTA; 6. WILSON CORREA, COORDENADOR E TÉCNICO DA HEBRAICA, FOI UM DOS PALESTRANTES CONVIDADOS DA III CLÍNICA INTERNACIONAL DE BASQUETE, REALIZADA NO CLUBE ESPÉRIA
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ENSAIO
Por David B. Green
Houve “perpetradores judeus”
DA SHOÁ?
O parlamento polonês votou e aprovou uma lei que considera crime qualquer referência à participação de poloneses no Holocausto. Dias depois da votação, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki insinuou que durante a guerra, assim como perpetradores poloneses, havia os chamados “perpetradores judeus”. Com isso queria tornar nebulosa a linha que separa assassinos e vítimas
O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki não quis dizer o que disse, mas é o que sente
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A
quem, portanto, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, referia-se ao tratar de “perpetradores judeus” no Holocausto, ao responder a uma pergunta do jornalista israelense Ronen Bergman, durante a recente Conferência de Segurança de Munique? Bergman, filho de sobreviventes poloneses do Holocausto, disse ao primeiro-ministro que a mãe havia lhe contado que ela e a família se salvaram unicamente porque os vizinhos gentios não sabiam da existência deles. Segundo Bergman, os vizinhos “deduravam para a Gestapo” os judeus escondidos nas imediações. Depois disso, se levada ao pé da letra, a legislação aprovada pelo parlamento polonês, Bergman poderia ser acusado criminalmente. Mas Morawiecki negou que alguém devesse temer ser punido na Polônia por afirmar que havia “perpetradores poloneses”, pois, segundo ele, também havia “perpetradores judeus, como havia perpetradores russos, como havia ucranianos – não apenas perpetradores alemães”. É inegável que, ao ocuparem a Polônia, os alemães obrigaram os judeus do país a colaborarem num autogoverno por meio dos Judenrat (os conselhos judeus) e da polícia judaica, responsáveis por dirigir os assuntos do dia-a-dia e a manutenção da ordem nos guetos judeus. Quando os nazistas começavam a “liquidar” um gueto, obrigavam o Judenrat a lhes fornecer listas de residentes judeus e, às vezes, a selecionar as vítimas. Em alguns casos, como o do líder do Judenrat do Gueto de Varsóvia, Adam Czerniakow, preferiu se suicidar a colaborar na deportação de companheiros judeus: em 23 de julho de 1942, dia de início dos transportes, Czerniakow ingeriu uma pílula de cianeto. Muito mais controverso foi o líder do Gueto de Lodz, Chaim Rumkowski, que implorou aos judeus para ajudá-lo a entregar as crianças e os idosos do Gueto aos alemães para salvar o resto. Todos os judeus de Lodz foram deportados, incluindo Rumkowski, assassinado em Auschwitz, aparentemente por membros do Sonderkommando judeu, em 28 de agosto de 1944. Como se sabe,
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COMPARAÇÃO ULTRAJANTE O historiador de Yad Vashem e editor do jornal Yad Vashem Studies, David Silberklang, concorda com Dreifuss, dizendo que foi “ultrajante” comparar colaboradores judeus e poloneses. Assim como Havi Dreifuss, ele enfatizou que o fenômeno foi “marginal”, e 94
os judeus que ajudaram os alemães “procuravam uma maneira de salvar a vida”. Quanto aos poloneses gentios, “trata-se de pessoas que fizeram de tudo para perseguir judeus”, disse Silberklang. Para Morawiecki, é errado falar de “campos de extermínio poloneses”, pois “não havia estado independente polonês” durante a Segunda Guerra, e os campos de concentração e de morte eram organizados e operados pelos ocupantes alemães nazistas. Mas logo teve de se corrigir ao começar uma frase com as palavras “Na Polônia”, e emendou: “Eu deveria ter dito ‘na terra polonesa’, porque não havia Polônia durante a Segunda Guerra”. Essa afirmação também é um pouco enganadora, pois durante a guerra havia tanto um governo polonês no exílio com base em Londres como havia a Delegatura, chamada de “Estado clandestino”, cuja missão, de acordo com Silberklang, “era tentar manter a sociedade polonesa unida contra os ataques dos nazistas, que pretendiam acabar com ela”. Além disso, em 1942, havia uma força policial polonesa de quinze mil membros que atuava tanto nas cidades como no campo na área do Governo Geral, que compreendia os distritos de Varsóvia, Cracóvia, Radom, Lublin e Galícia Oriental. Silberklang: “Estes policiais caçavam os judeus que fugiram e eles poderiam ter decidido fechar os olhos e não encontrar os judeus”. “Eles poderiam ter encenado a busca e argumentar: ‘Esses judeus são tão bons em se esconder, que não conseguimos encontrá-los’. Mas não fizeram isso, pelo menos não de modo institucionalizado.” Além disso, nem o governo no exílio, nem a Delegatura, na Polônia ocupada, e nenhuma das várias organizações militares clandestinas “jamais tentaram incluir entre suas tarefas militares ajudar os judeus na luta contra os alemães”, enquanto organizações de resistência holandesas e dinamarquesas fizeram disso parte da sua missão. Mas os poloneses, não. Muitos nem aceitaram judeus em suas fileiras, e alguns até caçaram ativamente os judeus e os mataram.
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A reação hostil de muitos poloneses aos judeus perseguidos era comum na maioria das regiões da Polônia. Os poloneses odiavam e temiam a Alemanha nazista, mas muitos deles viram o assassinato de judeus como um resultado ‘positivo’ da guerra.
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ENSAIO os Sonderkommando eram outro exemplo de judeus pressionados a fazer o trabalho sujo dos nazistas, removendo cadáveres das câmaras de gás. São bem conhecidas as histórias de Rumkowski, da polícia judaica e de outros episódios constrangedores de judeus que colaboraram com os alemães – alguns porque imaginavam ter a vida poupada e outros por aquilo que se chama de depravação moral. Segundo a professora de história da Universidade de Tel Aviv e pesquisadora do Yad Vashem, Havi Dreifuss, “este foi um dos primeiros assuntos do Holocausto que estudiosos judeus e israelenses trataram” e é estudado até hoje. Em Israel, “alguns judeus foram julgados por seus atos durante a guerra. É uma questão muito sensível, mas não é tabu estudá-lo e mesmo que fosse algo marginal, nem se imagina sugerir que não fosse pesquisado”. Dreifuss suspeita que os comentários de Morawiecki, em Munique, são parte de um esforço maior, atualmente na Polônia, destinado a “desfocar as diferenças entre os assassinos e as vítimas”. Mas “as diferenças são enormes”. “Primeiro, o alcance do fenômeno foi periférico no caso judeu – importante, mas acessório – enquanto a reação hostil de muitos poloneses aos judeus perseguidos era comum na maioria das regiões da Polônia. Os poloneses odiavam e temiam a Alemanha nazista, mas muitos deles viram o assassinato de judeus como um resultado ‘positivo’ da guerra. Em segundo lugar, há a questão dos motivos. Enquanto a maioria dos judeus colaborava na esperança de se salvar, salvar a família ou parte da comunidade – os poloneses ajudaram a Alemanha nazista a caçar judeus por várias razões, entre elas ódio e benefícios econômicos.”
(Havi Dreifuss, pesquisadora do Yad Vashem)
ENSAIO
PLACA COMEMORATIVA A DA ORGANIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA ZEGOTA A, EM VARSÓVIA, DE JUDEUS E NÃO JUDEUS POLONE ESES S
Aproveitando sua estada em Munique, Morawiecki colocou uma coroa de flores no local onde estão enterrados alguns destes “caçadores de judeus” em um cemitério da cidade homenageando a memória de membros da Brigada das Montanhas Santa Cruz, um grupo clandestino anticomunista de extrema-direita. Enfim, segundo Silberklang, “não se trata apenas de uma questão de ‘para mim o seu herói é criminoso; para você meu herói é criminoso’. Alguém que mata pessoas não pode ser o herói de ninguém”. A organização polonesa Zegota, fundada por judeus e não-judeus, dedicada a resgatar os judeus, agora é usada como exemplo do espírito do povo polonês. No entanto, os poloneses que tentaram ajudar os judeus temiam mais a seus vizinhos do que aos alemães, porque muitos dos vizinhos queriam entregá-los. Um exemplo é Irena Sendler, a gentia que resgatou crianças judias do Gueto de Varsóvia. Ela salvou talvez umas duzentas crianças e pagou sendo presa e espancada pelos alemães. Sobreviveu. Depois da guerra comentou que, na Polônia, era mais fácil esconder um tanque debaixo do tapete do que uma criança judia em um lar cristão. O governo polonês emitiu um comunicado segundo o qual as palavras do primeiro 96
ministro “devem ser interpretadas como um pedido sincero de discussão aberta de crimes cometidos contra judeus durante o Holocausto, independentemente da nacionalidade dos envolvidos”. No entanto, a nova lei polonesa, que reativou o debate a respeito da Polônia e o Holocausto, proíbe a discussão aberta a respeito do assunto, tornando ilegal qualquer declaração acusando a “nação, o povo ou o Estado polonês” de participar de qualquer forma no Holocausto. Mas não se trata de uma questão entre “judeus” e “poloneses”. Existem importantes estudiosos poloneses que contribuíram enormemente para o conhecimento do Holocausto, inclusive – mas não só – alguns aspectos mais sombrios das relações entre poloneses e judeus. A discussão é entre pessoas que querem escrever a história e falar da história, com base na documentação existente e no conhecimento atualizado, e aqueles que não querem permitir essa discussão aberta. O mais triste será se essa tentativa de desfocar as diferenças e assustar a promissora geração mais nova de estudiosos poloneses seja bem-sucedida. Neste caso a simplificação vai prevalecer, e a complexa realidade desses terríveis dias será prejudicada.
O mais triste será se essa tentativa de desfocar as diferenças e assustar a promissora geração mais nova de estudiosos poloneses seja bemsucedida. Neste caso a simplificação vai prevalecer, e a complexa realidade desses terríveis dias será prejudicada
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GASTRONÔMICO
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DIRETORIA Executiva Gestão 2018 / 2020 PRESIDENTE Diretor Superintendente Assessores
DANIEL LEON BIALSKI Gaby Milevsky Airton Sister Celia Burd Diana Dziegiecki Beresin Isy Rahmani Mariza de Aizenstein Rina Elimelek de Weber Sami Sztokfisz
VICE-PRESIDENTE DE ATIVIDADES SOCIAIS E CULTURAIS Diretora Social e Cultural Assessora Cultural Assessora de Inovação Diretores Social
Assessores Social Diretora de Planejamento Estratégico Diretor de Marketing Diretor de Meio Ambiente e Rel. Instituc. Diretor de Lei de Incentivo Diretor voluntário a Gerência de Sede
Stefanie Stern Eduardo Len Sergio Rosenberg Saul Anusiewicz Abraham Goldberg
VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO Diretora de Recursos Humanos Diretora de Tecnologia da Informação Diretor de Concessões Consultor Estratégico Compras Diretora Departamento Médico
MONICA TABACNIK HUTZLER Carla Rosenthal Gil Vivian Didio Nissim Levi Heitor Weltman Hutzler Ilana Holender Rosenhek
VICE-PRESIDENTE DE ESPORTES Diretor Geral de Esportes Basquete Ciclismo Fit Center Futebol (Campo/Society)) Futebol (Campo/Society)) Futebol Feminino Ginástica Artística Handebol Handebol Lutas Natação Polo Aquático Sinuca Squash Tênis Tênis Tênis Tênis de Mesa Triathlon Voleibol Xadrez VICE- PRESIDENTE PATRIMONIAL Diretor de Manutenção Diretor de Obras
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SANDRO ASSAYAG Andrea Eberhardt Birsztein Karin Sapocznik Sapiro Andrea Bisker Berta El Kalay Fernanda Smejoff Sonia Mitelman Rochwerger Bruno Korn Ylan Schuchman
Diretora Melhor Idade Assessora Melhor Idade Diretor e Curador Galeria de Artes Diretor de Cinema e Biblioteca Diretora do Recreativo
Glorinha Cohen Lilian Blech Olivio Guedes Joel Rechtman Eliane Esther Simhon Forti (Lily)
VICE-PRESIDENTE DE JUVENTUDE Assessores
MONICA DRABIK BARAN Alan Cimerman Luciana Klar Fischman Tania Hollender
DEYVID ARAZI Fabio Wasserstein Afonso Celso Vivolo Beno Mauro Shehtman Manoel K. Psanquevich Marcello Broncher Brand Daniel Goldmann David Jacques Elwing Helena Zukerman José Eduardo Gobbi Marcelo Falkowicz Eduardo Goldstein Gilberto Kon Carlos Eduardo Finkelstein Fabio Karaver Leonardo Milner Pedro Kaufmann (Peter) Lia Kauffman Herszkowicz Sérgio Mester Roberto Weiser Liane Schwarz Buchman Michelle Clerman Henrique Salama
Assessores Hebraikeinu e Meída
Deborah Moss Ejzenbaum Luciana Klar Fischman
Diretores do Adventure
Carla Regina L. Caldeira Israel de Vasconcelos Levin
Diretora de Música Diretora Brinquedoteca e Espaço Bebê Diretor de Danças Diretora da Escola Maternal Diretor de Cultura Judaica Assessor da Cultura Judaica Assessor da Sinagoga
Claudia Hemsi Leventhal Renata Hamer Len Alan Cimerman Graziela Zlotnik Chehaibar José Luiz Goldfarb Gerson Herszkowicz Mauricio Marcos Mindrisz
SECRETÁRIO GERAL SECRETÁRIO Diretora Colaboradora Diretor Jurídico Sindicância e Disciplina
FERNANDO ROSENTHAL JAVIER SMEJOFF Anita Rapoport Samy Garson Carlos Shehtman Gabriel Huberman Tyles Ilan Drukier Waintrob Ligia Shehtman Tobias Erlich
JACQUES STEINBERG Rui Gelehreter da Costa Lopes Sergio Mester
Diretor de Segurança
Claudio Frischer (Shachor)
TESOUREIRO GERAL TESOUREIRO Diretor Tesoureiro
MARCELO ARIEL ROSENHEK FERNANDO GELMAN Ivan Kraiser
CONSELHO DELIBERATIVO CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL
2018 Abril
Novas perspectivas Gostaria, primeiro, de agradecer aos conselheiros que se inscreveram em todas as comissões, estatutárias e não estatutárias, demonstrando uma vontade ímpar de participar e ajudar a nossa querida Hebraica. Já instalamos todas as comissões e iniciamos os trabalhos, posso afirmar que em todas temos pessoas com qualidades e especializações nas áreas afins e já com muitas ideias importantes para melhorar cada vez mais nosso clube, dar apoio ao trabalho dedicado e incansável dessa Diretoria Executiva que está trazendo novidades e melhorias todos os dias. Nosso papel é de pensar no futuro, oferecendo estudos e possibilidades para que a Executiva possa tomar decisões acertadas. Na nossa primeira reunião do Conselho Deliberativo, já implantamos novidades tecnológicas, de presença e votações, aplicativo para facilitar a vida do conselheiro, dar agilidade nas comunicações, com reuniões eficientes e bem definidas. É nossa intenção que os conselheiros sejam o elo com os sócios para poderem cada vez mais trazer os anseios e as necessidades e pode representar los nos nossos trabalhos. Desejo que todos tenham desfrutado de um Pessach kasher e que continuemos seguindo nossos antepassados na missão de manter a chama do judaísmo cada vez mais forte. Shalom Avi Gelberg Presidente do Conselho Deliberativo
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2018
16 DE ABRIL 13 DE AGOSTO 12 DE NOVEMBRO 10 DE DEZEMBRO
1 *6 7 12 18
DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 4ª FEIRA
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5ª FEIRA
Maio
3 13 19 20 *21
Julho
1 21
22 27 9 10 11 18 19 23 * 24 * 25 30
* 1 * 2
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ASSESSORES:
JAIRO HABER DANI AJBESZYC ALBERTO SAPOCZNIK JEFFREY A. VINEYARD ROBERTO PIERNIKARZ MANUEL DAVID KORN
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
2ª FEIRA 3ª FEIRA
Novembro 5
2ª FEIRA
Dezembro 2 9
DOMINGO DOMINGO
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN AO ANOITECER, 1A. VELA DE CHANUCÁ AO ANOITECER, 8A. VELA DE CHANUCÁ
2019 Janeiro
Março
MES MESA ME SA DO CO SA CONSELHO CONSELHO AVRAHAM GELBERG ELISA R. NIGRI GRINER VANESSA KOGAN ROSENBAUM ISABEL R. DE ALMEIDA KOHN MARISA DE AIZENSTEIN
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 6ª FEIRA TU BE AV
Outubro
21 27
PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO
5ª FEIRA LAG BAÔMER DOMINGO IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT SÁBADO DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR
Setembro ** ** ** ** **
PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 70 ANOS
20 21 22
2a. FEIRA DOMINGO
TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL DO HOLOCAUSTO (ONU)
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos