Três colônias de férias, um acampamento e dezenas de opções para todas as idades PRESIDÊNCIA
Avi Gelberg faz um balanço da sua gestão
RÉVEILLON 2018 Uma Noite no Caribe
Ano LVIII No 670
Dezembro 2017 Kislev / Tevet 5778
PALAVRA DA DIRETORIA
O que é democracia? Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que significa “povo”) e kratos (que significa “poder”). No final da segunda semana de novembro, nossa Hebraica estava mais linda, lotada com quase seis mil pessoas, vibrante, plena de atividades e eleições para renovar cem conselheiros do Conselho Deliberativo. Está nos Estatutos da Hebraica, a Constituição da nossa democracia, que a cada quatro anos metade dos duzentos conselheiros eleitos deve ser renovada. E mais 26 conselheiros vitalícios (principalmente ex-presidentes) constituem o quadro do Conselho, que é uma representação do povo, digo, dos associados da Hebraica, e por sua delegação elege o presidente do clube que, por sua vez, compõe a Diretoria Executiva. Quem foi à Hebraica naquele domingo deparou-se com o exemplo de um processo eleitoral democrático e transparente – aliás, nos dois sentidos pois através dos vidros da nova entrada viam-se as urnas e as pessoas que participaram do processo eleitoral. Era um espaço amplo e mais de quarenta cabines de votação. E, para quem não sabe, as urnas eletrônicas utilizadas pelo Brasil afora tiveram origem em eleições realizadas na Hebraica, há muitos anos. Nosso modelo foi copiado pelo Tribunal Superior Eleitoral. É mais uma contribuição da coletividade judaica que sempre prega liberdade, igualdade e a democracia como bandeiras. O que me chamou também a atenção nesse dia foi a convivência da nossa coletividade dentro da Hebraica: casais, jovens, grupos com crianças, famílias inteiras confirmando que o clube é a extensão da nossa casa e lugar
ideal para ensinar às próximas gerações nossa tradição milenar. Isto não se acha em nenhum edifício ou academia por aí. São valores e amizades que levamos por toda uma vida. Temos uma história em comum, uma tradição em comum e principalmente um objetivo em comum: a sobrevivência de nosso povo e de nossa cultura. Estou concluindo a gestão à frente do clube junto com minha equipe. Uma gestão democrática em que os anseios dos sócios e o equilíbrio foram as linhas que orientaram nosso trabalho. Tenho esperança em que tenhamos conseguido prestar um serviço digno e à altura da nossa entidade. Quero agradecer aos voluntários que se dedicaram e contribuíram bastante, aos profissionais que trabalharam com muito afinco e principalmente a cada sócio. É que nós, sócios, somos a razão desse clube estar vivo, ativo, altivo e vibrante cumprindo o papel que lhe cabe na coletividade judaica e paulistana em geral e a judaica em particular. Obrigado. Shalom Avi Gelberg Presidente
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SUMÁRIO
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AGENDA NOSSO CLUBE NA NOSSA MIRA ENTREVISTA CAPA ACONTECE
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS DURANTE A EXPOLITERARTE, NA ESCOLA MATERNAL E INFANTIL
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REGISTRO COSTUMES E TRADIÇÕES MAGAZINE GALERIA OPINIÃO ENSAIO
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CARTA DA REDAÇÃO
ANO LVII | NO 670 | DEZEMBRO 2017 | KISLEV/TEVET 5778
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE CORRESPONDENTES ARIEL FINGUERMAN, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS FOTO CAPA DIVULGAÇÃO DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES
LEIAM. FAZ BEM
DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES
Como sempre, ao final de uma gestão, a revista publica a entrevista do presidente para fazer uma espécie de balanço da gestão. No caso, em vez de relacionar seus feitos, Avi Gelberg preferiu expor conceitos a respeito de como gerir uma entidade como a Hebraica, mais que um clube, um centro comunitário para onde convergem as coisas e as causas da comunidade judaica de São Paulo e, num certo sentido, também do Brasil. Esta edição traz dois textos a respeito de Chanuká, um deles assinado por Joel Faintuch, médico e profundo conhecedor dos costumes e tradições judaicos. O outro trata da menorá, o símbolo de Chanuká e emblema do Estado de Israel. Parece que agora não falta mais nada, pois Israel decidiu incluir no currículo das escolas secundárias, para crianças acima dos 14 anos, aulas de finanças pessoais e é isso que o repórter Ariel Finguerman, nosso correspondente conta. No “Magazine”, um ensaio acerca da participação dos judeus na revolução bolchevique cujo centenário foi comemorado em novembro e um artigo que trata do novo sionismo nacional. Shalom Boa leitura Bernardo Leres Diretor de Redação
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NOSSO CLUBE
Por Magali Boguchwal
Concentração no momento do voto
O trabalho dos cabos eleitorais foi regado a café e simpatia
DEVER COMUNITÁRIO Com 152 candidatos para cem vagas, a eleição para renovar metade do Conselho Deliberativo totalizou 1.550 eleitores e mostrou mais algumas vantagens da nova entrada
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ela terceira vez, Floriano Pesaro, deputado e secretário estadual de Assistência Social, foi o candidato mais votado na eleição para o Conselho Deliberativo, realizada no início de novembro na quadra do Centro Cívico. Cláudio Luiz Lottenberg, ativista que já presidiu a Confederação Israelita do Brasil, Daniel Annemberg, secretário municipal de Inovação e Tecnologia, Mariza de Aizenstein e Vanessa K. Rosenbaum foram os cinco primeiros colocados entre os conselheiros eleitos para o biênio 2017/2019. “Hoje foi um dia especial pois, além da eleição aqui no clube, participei da convenção do meu partido, o Psdb na Assembleia Legislativa, ou seja, vivi um dia inteiro dedicado à política. Foi uma satisfação participar de um ato tão democrático como o que encerramos hoje na Hebraica. O respeito que os eleitores demonstraram me emocionou. Foi uma enorme generosidade e confiança desta comunidade tão querida. Procurarei honrar esta responsabilidade com empenho em fazer o melhor para manter e aperfeiçoar a qualidade do clube”, declarou Pesaro no encerramento das eleições.
Já Marisa de Aizenstein, que na atual gestão da Diretoria Executiva foi assessora da Presidência, dividiu com outras candidatas votação expressiva. “Todas que entraram para o Conselho estão de parabéns. No meu caso, o resultado foi fruto de trabalho e responsabilidade, que herdei do meu pai e que pretendo transmitir para outras gerações”. Entre os conselheiros de primeira viagem estão Manoel David, até recentemente prefeito da cidade de Tietê, no interior de São Paulo. “Fiquei lisonjeado com a expressiva votação, porque embora nascido em São Paulo, ter frequentado a Escola de Esportes, praticado judô e natação no clube e integrado ao Centro Juvenil Hebraikeinu, fiquei afastado da comunidade por muito tempo, como vereador e depois prefeito de Tietê. Conseguir quinhentos votos nesta eleição para o Conselho é uma excelente forma de assumir um trabalho comunitário”, comentou, ao lado do seu melhor cabo eleitoral, o primo Sérgio Rosenberg, também assessor da Presidência.
candidatos. A maioria se comprometeu a ouvir os associados e valorizar o clube no aspecto do convívio judaico proporcionado pelas atividades esportivas, culturais e sociais. Candidatos e cabos eleitorais chegaram cedo e literalmente vestiram as camisetas do ativismo comunitário, conversando com os potenciais eleitores. O fato de a eleição ter sido realizada na quadra do Centro Cívico proporcionou aos candidatos batalhar pelos votos em local abrigado do sol e, aos eleitores, acompanhar através do vidro, a movimentação em torno das urnas. “Quero ajudar o clube a conseguir aumentar o número de sócios e é nesse sentido que pretendo trabalhar”, afirmou Márcio Pitliuk, em sua primeira candidatura ao Conselho. Como muitos candidatos, ele permaneceu nos arredores da quadra até o encerramento da votação e, em seguida, se uniu aos colegas para ouvir o resultado. Ao ler o relatório da sua segunda gestão como o presidente da Mesa do Conselho, Mauro Zaitz, informou que, entre os 152 candidatos inscritos, 53 buscavam a reeleição, quatorze ocuparam em algum momento o cargo em busca de retomar a atividade no Conselho Deliberativo e 84 tentavam a eleição pela primeira vez. Coube ao presidente do Comitê Eleitoral e ex-presidente do clube, Samsão Woiler, a leitura dos cem candidatos eleitos naquele dia. Antes, porém, ele recordou outra eleição da qual tomou parte. “Em 1995, a Hebraica foi pioneira na implantação da urna eletrônica, antes mesmo dessa modalidade de eleição ser adotada no Brasil. Agora, ao realizarmos a eleição aqui, junto à nova entrada recentemente entregue pela Diretoria Executiva presidida por Avi Gelberg, voltamos a inovar com sucesso”, afirmou. Os novos conselheiros eleitos tomaram posse imediatamente e participaram, no final de novembro da votação do orçamento do clube para 2018 e, na reunião do dia 12 de dezembro, elegerão as novas Diretoria Executiva e Mesa do Conselho Deliberativo.
Ritual democrático As eleições para o Conselho Deliberativo acontecem a cada dois anos e alteram a rotina dominical do clube. Este ano, as faixas foram colocadas em pontos de maior circulação com nomes, números e intenções dos
Candidatos esperaram ansiosos a leitura da lista de eleitos
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NOSSO CLUBE
Resultado Final - Eleições 2017 Conheça os cem candidatos mais votados em 2017 POSIÇÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
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NOME VOTOS ANTONIO FLORIANO PESARO (FLORIANO) 1049 CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG 925 DANIEL ANNENBERG 812 MARIZA DE AIZENSTEIN 733 VANESSA K. ROSENBAUM 733 MARCEL HOLLENDER 713 DAVE LAFER 712 CELIA BURD 700 BERTA EL KALAY 698 LUCIANA KLAR FISCHMAN 669 GLORINHA COHEN 666 HENRI ZYLBERSTAJN 660 BRUNO KORN 616 WALTER MEYER FELDMAN 597 JOEL RECHTMAN 593 LIA KAUFFMAN HERSZKOWICZ 590 DEYVID ARAZI 585 DIANA DZIEGIECKI BERESIN 580 EDUARDO LEN 580 JAVIER SMEJOFF 578 DAVID BOBROW 572 MOYSES GROSS 568 LUIZ KIGNEL 564 FABIO MESTER 558 LEO KUZNIEC 555 CHARLES TAWIL 553 JAIME CIMERMAN 549 EDUARDO GOLDSTEIN 540 ANDRE EPSTEIN 539 ESTER TARANDACH 532 RICARDO GORA 528 EDUARDO ROTENBERG 527 ALBERTO MUCINIC (MUCI) 518 SHARON REIBSCHEID GOLDMANN 516 MONICA BARAN 509 PATRICIA RAPOPORT ZEKCER 501 EUGEN ATIAS 500 LINDA DERVICHE BLAJ 487 SANDRO KUSCHNIR 476 EVELYN HIRSCHFELD GOLDBACH (EVELYN ELMAN) 475 MANOEL DAVID KORN DE CARVALHO 475 MOISES S. GORDON 475 MARCIO PITLIUK 471 RAPHAEL HAMAOUI 469 FABIO WASSERSTEIN 457 CARLOS KAUFMANN 456 SONIA MITELMAN ROCHWERGER 454 AIRTON SISTER 451 GERSON GILDIN (GERSINHO) 444 YLAN SHUCHMAN 440
POSIÇÃO 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
NOME REINALDO ARBAITMAN ALBERTO TAFLA VIVIAN B. KOTLER MAIER GILBERT KAREN DEBORA PIHA COHEN MARCELO MELSOHN KAREN BREINIS RENATA ABRAMOVICZ FINKELSZTAIN DEBORA HEMSI CUPERSCHMIDT JACQUES STEINBERG NESSIM HAMAOUI DEBORA MOSS EJZENBAUM JACOB FRIDMAN MAURICIO JOSEPH ABADI RICARDO RADOMISLER AVA NICOLE BORGER (NICOLE BORGER) RACHEL MIZRAHI KAREN FRAJHOF BRAND LILIAN BLECH MARCELO MIROCZNIK VIVIAN DIDIO ARIEL KROK RONI IAMPOLSKY ALBERTO V. G. LEVY RINA ELIMEK DE WEBER LEONARDO MILNER ARY ELWING PEDRO MAHLER FLAVIO ALGRANTI DAVID JACQUES ELWING DEBORA GABANYI RAYS MARCELO FORMA WILLIAM RAIMUNDO PINTO FERNANDA KRACOCHANSKY KALIM CARLA REGINA CALDEIRA EVANE BEIGUELMAN MANOEL KRON PSANQUEVICH MIRIAM NOVINSKY LEFEVRE LEWENSZTAJN DORIO FELDMAN GEORGE FRUG HOCHHEIMER SERGIO MILANO BENCLOWITZ DEBBY FORMAN CLAUDIA ZAITZ TAJCHMAN MAURICE TARANTO KRYSTYNA OKRENT DENYS BLINDER MARCELO ACHERBOIM MARCELO DANGOT ROBERTO PIERNIKARZ DANIEL LISAK
VOTOS 439 436 431 429 429 427 417 415 413 413 413 408 408 406 404 403 397 393 392 392 385 381 381 376 373 372 367 366 365 363 354 344 339 333 332 332 332 330 328 327 323 315 313 312 307 306 306 305 305 298
PIANISTA NA NOVA ENTRADA – MÚSICA AMBIENTE De terças às sextas, das 16h às 18h e aos Sábados, domingos e feriados das 11h às 13h
NOVO BICICLETÁRIO, AGORA COM COMPRESSOR DE AR PARA PNEUS Informe -se sobre as regras no nosso site.
ENTREGA DOS VESTIÁRIOS ABAIXO DO TÊNIS em dezembro/2017
PASSARELA DO TÊNIS JÁ LIBERADA PARA USO Atendendo a pedidos, o ônibus aos domingos mudou para: 14H15 – Hebraica – alterado para às 15h15 15H00 – Higienópolis – alterado para às 16h 16H45 – Hebraica 17H30 – Higienópolis 19H00 – Hebraica
NA NOSSA MIRA 1
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1 - OS AMIGOS CAROL STRUL E CHALÉS TÁWIL DISPUTAM GAMÃO NO BAR DO TÊNIS
2 - JOSÉ LUIZ GOLDFARB AJUDA AS IRMÃS LAURA E BIANCA J. BERENSTEIN NA BÊNÇÃO DO PÃO
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DURANTE O KABALAT SHABAT
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3 - DANIELA ROCHMAN E CARLOS EM MOMENTO MÃE E FILHO
4 - VIVIAM E MENIA GRIMBLAT, 5
APROVEITAM O SOL DE PRIMAVERA
5 - AS FOFAS ANNE 6
E ALICE BRINCAM INDIFERENTES AO MOVIMENTO DAS ELEIÇÕES NA NOVA ENTRADA
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6 - DENISE, MICHEL, DANIEL KATZ, APROVEITAM O CLUBE EM UM DOMINGO
Fotos: Flávio Mello dos Santos
ENSOLARADO
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7 - NAUM ROTENBERG COM
SAMUEL SZWARC RELEMBRAM O PASSADO NA
DOCERIA DULCA.
evista Hebraica – Como foi sua trajetória até a presidência do clube? Avi Gelberg – Minha formação comunitária vem desde Israel. Lá um jovem quando entra para o serviço militar logo aprende a trabalhar em equipe, pois sozinho nunca conseguirá bons resultados. Antes e depois do exército sempre joguei basquete profissionalmente. Este é outro exemplo de trabalho em equipe. Não se ganha um jogo sozinho. Já no Brasil, comecei como diretor no futsal da Hebraica, depois fui diretor do Círculo Macabi e trabalhando para a CBM acompanhei várias Macabíadas tanto como jogador quanto diretor de modalidade e chefe de delegação. Mais recentemente, acompanhei as gestões de Abramo Douek, quando presidente da Confederação Brasileira Macabi, período em que fui designado tesoureiro dos Jogos Macabeus Pan-Americanos, em 2011. Quando Abramo foi eleito presidente da Hebraica, convidou-me para a vice-presidência de Esportes.
E o que os aconselhou a fazer? Gelberg – Percebi que o grupo era bem coeso e entusiasta de mudanças. Expliquei que o primeiro passo era disputar o Conselho Deliberativo; e as eleições seriam naquele ano. Como na eleição do mês passado, quando foram eleitos novos conselheiros. Há quatro anos o número de estreantes também foi alto. Depois de assumirem como membros no Conselho, este grupo pediu mais participação nas ações efetivas do clube. Foi quando propus que trabalhassem na nova Diretoria Executiva. Para isso tínhamos que formar uma chapa. Discutimos o assunto com Abramo Douek e ele sugeriu que me candidatasse à Presidência para liderar e mostrar o caminho das pedras a esses novos ativistas. Consultei alguns ex-presidentes, todos aprovaram. Assim nasceu a chapa Hebraica Para Todos por meio da qual fui eleito presidente.
Na inauguração da nova entrada, o presidente partilhou a alegria com diretores e sócios
E então? Gelberg – Em um evento no Rio Grande do Sul, no último ano da gestão do Abramo Douek eu e ele conversávamos a respeito de temas sempre recorrentes como “futuro” e “renovação”. Mencionei os jovens que acompanhei no futebol e em outras atividades na Hebraica e no Macabi. Por que não envolver essas pessoas e, com elas e a partir delas, começar um ciclo novo de líderes para promover uma renovação? Havia um grande hiato de gerações. Existiam ativistas da geração de 60 anos e outros da geração de 30 anos. Eu intermediava os dois modos de pensar e ver as coisas, uma espécie de elemento de ligação. Eu me ofereci para sondar esses jovens acerca da possibilidade de eles participarem de atividades comunitárias e na gestão da Hebraica. A todos dizia que requer muita dedicação, pois a instituição pode ser comparada a uma pequena cidade e ao orçamento de uma empresa de porte médio com muitos funcionários. Depois de algumas reuniões descobrimos a existência de pelo menos 150 pessoas dispostas a trabalhar como voluntá-
O senhor mencionou suas origens como ativista comunitário. Por que um sócio quer trabalhar pelo clube? Gelberg – Tudo começa com os filhos. Você os leva para praticar futebol, basquete, tênis, judô. Acorda bem cedo para assistir às competições e descobre algo que, acredita, pode ser melhorado. Aos poucos, se envolve em busca desses aperfeiçoamentos capazes de beneficiar seu filho e acaba ajudando os filhos dos outros. Quando assumimos a presidência, houve quem duvidasse da nossa capacidade, mas montamos uma Executiva de altíssimo nível. Os membros são ou foram executivos de grandes empresas em todos os ramos com muita experiência e conhecimento que trouxeram em benefício da gestão do clube. A dedicação deles no primeiro ano foi enorme. Claro que não se mantém o mesmo ritmo o tempo todo, mas todos deram o máximo de seu tempo para este trabalho comunitário voluntário tão importante. No meu caso estruturei minha vida particular e profissional nas minhas empresas de modo a dedicar cerca de 35 horas
Três anos de muito trabalho
E REESTRUTURAÇÃO DE ÁREAS ESSENCIAIS Ao fazer um balanço da sua gestão, o presidente Avi Gelberg equipara a melhoria na administração do clube ao aprimoramento da imagem da Hebraica perante os sócios e dentro e fora da comunidade judaica
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rios na Hebraica. O que me remetia aos primórdios de minha vida comunitária.
Foi nessa função que comecei a entender o modelo A Hebraica de gestão. Esse conhecimento é importante para se chegar a algum resultado. Todos têm ideias, mas há um caminho do papel para a prática. Existem impactos imperceptíveis à primeira vista. É preciso analisar os vários aspectos das questões e procurar uma solução acertada e, muitas vezes, conciliatória. Quantas vezes ouvimos de um departamento que uma atividade poderia ser excluída por causa da pouca adesão dos sócios. Preferimos mantê-la a custos menores sem perder os associados que a praticavam. Implantamos a técnica conhecida como Análise 360 que depois estendemos a todas as áreas do clube. No Departamento Geral de Esportes também testamos uma nova forma de pensar o orçamento do clube, de modo que cada setor apresentasse com clareza suas necessidades e recebesse verbas dentro dessa previsão. Isto é, invertemos a prática comum pela qual se impunha um orçamento mais ditado pela Diretoria e menos pelas demandas dos departamentos.
por Magali Boguchwal
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É preciso analisar os vários aspectos das questões e procurar uma solução acertada e, muitas vezes, conciliatória
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ENTREVISTA
(Avi Gelberg, presidente)
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ENTREVISTA
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Qual o impacto da fusão entre as escolas Alef e Peretz no clube? Gelberg – Posso contar que demos início a esse processo após uma conversa com o presidente da instituição mantenedora do Colégio I. L. Peretz, Eduardo El Kalay que mencionou a necessidade de a escola deixar o prédio da Vila Mariana, pois ficou desloca22
da do eixo da comunidade. Enfim, a escola não conseguiria sobreviver onde estava situada. Como há dois anos o Bialik já funcionava na Hebraica, entendi que deveríamos estender a mão também para o Peretz. Pensou-se inicialmente numa fusão que não emplacou, mas mantivemos o convite, em qualquer circunstância. Da mesma forma que encontramos espaço para o Alef haveria também para o Peretz, ainda que ficassem duas escolas separadas. Enfim, as escolas se uniram e hoje temos o Alef-Peretz. A escola cresceu e expandiu-se. Estava claro que se isso era importante para a educação judaica também era fundamental a Hebraica continuar a fortalecer seu papel de centro comunitário de excelência. A escola sem a Hebraica não é viável; e a escola é importante para a Hebraica. O que se fez, então? Gelberg – Discutimos meios e modos para conciliar da melhor maneira possível a utilização e o usufruto do clube com o funcionamento das escolas. Diminuir a interferência da escola nos horários de maior frequência do sócio, por exemplo, nas primeiras horas da manhã. Das 9 às 15 horas, a escola utiliza os espaços, movimenta os concessionários e quando as aulas acabam, os alunos frequentam as atividades do clube como sócios. Por isso, aumentou a demanda pela Escola de
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semanais para a Hebraica, durante três anos. Mergulhamos a fundo em todas as áreas, em todos os níveis de tarefas. Fizemos muita coisa: superamos a crise hídrica e enfrentamos a crise econômica que assolou o país. Nestes três anos as finanças do clube ficaram equilibradas. O primeiro ano é de aprendizado e descoberta da dinâmica do clube e, como bombeiros, se vai apagando os focos de problemas. No segundo ano, você começa a traçar o projeto e as propostas de sua Diretoria Executiva para o clube. Sempre ouvindo a palavra do sócio de como melhorar além do básico. É quando se começa a dar um salto para as mudanças; e no terceiro ano aparecem os resultados concretos. Um exemplo disto é a nova entrada da Hebraica. Como reconhecimento de nosso trabalho ouvimos de vários sócios elogios de como o clube é bem cuidado e bem administrado, da mesma forma que também ouvimos também reivindicações, muitas delas positivas. Ouvir é essencial.
Das 9 às 15 horas, a escola utiliza os espaços, movimenta os concessionários e quando as aulas acabam, os alunos frequentam as atividades do clube como sócios (Avi Gelberg, presidente)
Esportes, Centro de Música, teatro, danças, After School, combinando educação não formal com a formação oferecida pela escola. Com isso demos ainda mais vida ao clube, tranquilidade para o associado e autonomia para a escola no espaço que ocupa. A partir daí – e quase como consequência lógica –, surgiu o projeto Nova Hebraica no momento no final de uma fase e às vésperas de outra. Serão três etapas. A primeira, já concluída, foi a ampliação da Escola Maternal, a nova entrada e a revitalização dos espaços do clube, como por exemplo piscina, barbeiro, cabeleireiro, novos vestiários e quadras de tênis entre outros. A segunda etapa é a nova academia, novo playground, novo espaço de lutas (judô e outros), nova sede administrativa, novo Departamento Médico e novo espaço de tiro. A terceira etapa é um novo ginásio multiuso no lugar das quadras externas e a Casa. Vale a pena mencionar a implantação do Merkaz, um atrativo para os jovens totalmente inovador pela parceria com o Fundo Comunitário e a Congregação Israelita Paulista. Pois, afinal e principalmente, a Hebraica é um centro comunitário. Nesse espaço novos empreendedores conseguem desenvolver ideias e start-ups com a ajuda de tutores ícones da comunidade judaica no país. Que mensagem passa para os 55 conselheiros estreantes? Gelberg – O papel do Conselho é, de fato, muito importante, mas seu formato precisa ser alterado. Temos de encontrar uma forma de o Conselho atuar mais na governança do clube com a sua ajuda efetiva, e não fazer apenas assembleias informativas que se transformam em repositório de queixas e reclamações sem resultado. A tarefa é estimular uma participação efetiva. Por exemplo, a gestão do Mauro Zaitz, presidente da Mesa Diretora, que termina agora em dezembro, criou novas comissões que envolveram e motivaram os conselheiros. Mas são necessárias mais comissões e cada uma deve designar um representante para interagir e trabalhar com o Executivo. Temos muitos talentos subutilizados. Estas comis-
sões mudariam a linha de atuação do Conselho, que realizaria uma ou duas assembleias anuais apenas para votar questões importantes como orçamento, ou, de acordo com o calendário dos Estatutos, eleger a Diretoria. Os conselheiros novos e antigos devem participar mais, conhecer a fundo os problemas e, a partir daí, trabalhar pelo clube. Não somente criticar ou apresentar agendas próprias, individuais, mas atuar num sentido coletivo. É claro que isso requer um mínimo de dedicação. E antes de votar o orçamento, lê-lo atentamente para entender os números e o que significam. Caso queiram trabalhar mais, há os cargos na Diretoria, mas estes requerem dedicação ainda maior. Quando converso com os voluntários digo que, uma vez no cargo, o trabalho e a responsabilidade são os mesmos que de um profissional. Senti muito isto no exercício da presidência em que atuei como se fosse o CEO de uma empresa. Aliás, até com mais responsabilidade, pois trata-se de dinheiro e patrimônio de todos, do coletivo, e, justamente por isso, mais complicado administrar.
O CLUBE ESTÁ ABERTO PARA TODAS AS ENTIDADES COMUNITÁRIAS E CORRENTES RELIGIOSAS
A reforma da nova entrada foi possível com doações. Qual a importância desses recursos? Gelberg – Essa gestão arrecadou cerca de vinte milhões de reais em doações, dos quais pelo menos onze milhões já entraram no caixa do clube. Até o final do ano devem entrar mais dois ou três milhões, e o restante em 2018. A Hebraica é um centro comunitário
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ENTREVISTA onde pretendemos criar nossos filhos para que encontrem pessoas com a mesma formação e tradição. Aqui mantemos acesa a chama do judaísmo e o contato com o Estado de Israel. Temos algo que nenhum condomínio ou academia oferece. O associado vem para o Fit Center porque no final do exercício ele se encontra com os amigos, seus irmãos. E isso vale para todas as atividades. Por isso, é em nome desses e outros valores que faz todo o sentido pedir doações a quem pode colaborar. O judeu tem um pé no socialismo, por assim dizer. As pessoas que nos doam, graças a D’us e à sua capacidade, chegaram a um bom patamar e entenderam nosso propósito. Mais de uma vez, quando saí em busca de doações ouvi: “Avi, você dedica seu tempo à Hebraica e nós ajudamos com dinheiro, pois não temos tempo para dedicar”. Ajudar o próximo faz parte dos valores do judaísmo e, nesse sentido, a Hebraica também cumpre seu papel em projetos sociais. Recentemente firmamos uma parceria com a comunidade de Heliópolis e quatro jovens atletas de lá começaram a praticar futsal no clube. Da mesma forma, temos parcerias no judô com o Lar das Crianças, as ações dos Jovens sem Fronteiras e da Diretoria com a Unibes. Esse trabalho é fundamental, pois quem salva uma alma, salva o mundo. Aconselho o próximo presidente a fazer o mesmo, porque isto transmite valores para as próximas gerações. A verdadeira doação é aquela que provoca uma sensação de falta no doador. Ela tem de ser sentida. Senão, é esmola. Espero que a Hebraica continue atuando no cenário da ajuda ao próximo e aos carentes dentro e fora da comunidade. Hoje o senhor acumula as presidências da Acesc e da Confederação Brasileira Macabi. Qual a imagem da Hebraica fora da comunidade? Gelberg – Ela é muito boa. Fora da comunidade a Hebraica sempre foi bem vista. Nosso relacionamento com os clubes é espetacular na Acesc, Sindiclubes e Fenaclubes. Pela primeira vez, e de forma inédita, a Hebraica 24
recebeu verbas da Confederação Brasileira de Clubes. Assumimos o projeto olímpico de polo aquático juvenil e realizamos um exitoso primeiro campeonato. Estamos deixando o clube em condições legais de captar recursos por meio da Lei do Incentivo do Esporte. São novidades que envolvem a gestão do clube em âmbito municipal, estadual e nacional, valorizando o nome da Hebraica e, por extensão, da comunidade judaica brasileira. Uma das razões de eu ter aceitado presidir a Acesc foi aprofundar esse trabalho e contribuir com os clubes. No âmbito da coletividade, a Hebraica é o verdadeiro centro comunitário onde todos, entidades e pessoas, são bem recebidos e cujo funcionamento deve ser primoroso visando o futuro. As portas se abrem para nós em todos os lugares e entidades, e nós recebemos a todos. Que conselho daria ao próximo presidente? Gelberg – Quem assume a cadeira de presidente da Hebraica tem uma luz a ser seguida, mais clara e luminosa a cada gestão. Existem vários caminhos que ele deverá escolher, seguir e assumir, mas com muito trabalho e dedicação. Agora devo assumir a presidência da Mesa do Conselho Deliberativo com a tarefa de ampliar a participação desses jovens recentemente eleitos de modo a se sentirem acolhidos e úteis. O fato é que três anos de gestão são insuficientes. Guardo comigo ideias e projetos que não consegui concluir e exigiriam mais tempo. No entanto, a democracia sugere alternância no poder, de preferência com renovação. O que é até bom, porque você ainda tem energia e vai entregar o cargo para outro ativista. Agora é com ele. Boa sorte e bom trabalho.
Ajudar o próximo faz parte dos valores judaicos e nesse sentido a Hebraica cumpre seu papel em projetos sociais
CAPA
Por Magali Boguchwal
Veja como aproveitar o Agora é hora de planejar o que fazer no recesso de final de ano e nos meses de janeiro e fevereiro, quando há mais disponibilidade para a diversão, relaxamento e atividades ao ar livre
Colônias de férias mesclam atividades nos equipamentos do clube e passeios externos
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Centro Juvenil Hebraikeinu, a Escola de Esportes e o Ateliê Hebraica já receberam consultas a respeito de datas e programação das colônias de férias. Muitas famílias planejam com antecedência as férias das crianças e elas já têm respostas concretas, também quanto à Machané, de 13 a 20 de janeiro, no Rancho Ranieri, em São Lourenço da Serra, local que oferece completa infraestrutura para atividades esportivas, recreativas e a transmissão do conteúdo informativo aos chanichim de 7 a 17 anos. “Muitas vezes, a machané é o primeiro contato de uma criança ou adolescente com o movimento e ao voltar para São Paulo ela em geral se integra ao grupo na sua faixa etária”, informa o coordenador Gabriel Scherer. A colônia de férias do Centro Juvenil Hebraikeinu é a única que oferece atividades a partir dos 2 anos, diferencial que incentiva os pais a inscreverem os pequenos nas atividades semanais do Hebraikeinu. A colônia será de 15 a 24 de janeiro, com passeios e atividades internas para crianças até 8 anos. De 8 a 19 de janeiro, a Escola de Esportes promove a tradicional colônia de férias com atividades internas e externas para crianças de 3 a 12 anos. Inscrições no Departamento Geral de Esportes. A programação da colônia da Escola de Esportes inclui passeios destinados à faixa etária de 3 a 6 anos para o Pet Zoo, Fazenda dos Contos e Parque da Mônica. Crianças de 7 a 12 anos vão para o SP Diversões, Toca da Raposa e Kidzânia. O formato da colônia Ateliê nas Férias, de 15 a 19 de janeiro, é diferente das outras e oferece atividades artísticas voltadas aos trabalhos manuais para crianças de 4 a 10 anos, das 14h30 às 17 horas. A inscrição pode ser feita para os cinco dias ou de forma avulsa. Adultos e adolescentes podem aproveitar o clube de forma menos estruturada, mas também conhecendo novos amigos e desenvolvendo aptidões ainda não exploradas. “O curso de natação é uma opção a ser considerada. De 10 a 31 de janeiro, abrimos três horários às terças e quintas e dois às quartas e sextas, para alunos intermediários
e avançados”, informa a técnica da equipe master, Adriana Silva. Ainda na área de atividades aquáticas, as aulas de hidroginástica estão entre as atividades do clube que não sofrem interrupção no verão. “Vale observar que muitos sócios participam das aulas nos finais de semana, que são gratuitas e um grande número de alunos frequenta também nas aulas de ginástica durante a semana na Pista de Atletismo”, afirma o gerente de Esportes, Carlos Inglez. No departamento de cuidados pessoais, os serviços do Spa Hamsa, do QGHair e podologia apresentam um aumento no número de frequentadores. “Estamos sempre oferecendo o que há de mais avançado no mercado em tratamentos para a pele, gordura localizada e relaxamento. As sócias que frequentam o nosso Spa sempre elogiam a qualidade da equipe”, anuncia a gestora do SPA, Milene Carvalho.
Sem custo Frequentar a Hebraica garante entretenimento, sem representar um custo imediato. A Pista de Atletismo e a piscina são ótimos exemplos disso, assim como a Biblioteca e o cinema. A Biblioteca Ben-Gurion é uma das mais completas da cidade, oferecendo local e acervo para consulta, títulos de todos os gêneros para empréstimo e a possibilidade de renovação por telefone ou internet. A programação de cinema também traz clássicos de qualidade, filmes recentemente apresentados no circuito comercial e pré-estreias em equipamento digital e tela grande. Então a dica é preparar a sacola, cancelar os outros compromissos, compartilhar a dica com os amigos e rumar para a Hebraica.
FIQUE DE OLHO Projeto Verão Entre dezembro e fevereiro, jovens de 16 a 25 anos usarão gratuitamente o Fit Center. Mais informações, no Departamento Geral de Esportes, fone 3818-8912 27
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O REINO DOS PEQU UENOS S O Espaço Bebê ganhou instalações na nova entrada da rua Alceu de Assis. “Foi uma troca com muitas vantagens, entre elas o acesso mais fácil para os pais com bebês pequenos, também em dias de chuva, a existência de uma área externa para as crianças brincarem, elevador para gestantes e cuidadores com bebês recém-nascidos e uma sala no subsolo ideal para a realização de oficinas e talvez nos permita ampliar a faixa etária atendida dos 3 para os 4 anos”, informa a coordenadora responsável pelo projeto e desenvolvimento do serviço há oito anos, Talita Pryngler. “O tempo voou e só percebo isso quando vejo um dos bebês que frequentaram nossas atividades nos braços das mães e hoje percorrem as alamedas do clube com autonomia e animação”, diz Talita. A nutricionista Vanessa Dorfman Presch, mãe de Isabel, foi uma das primeiras usuárias do Espaço Bebê. “Minha filha tinha cerca de seis meses, quando eu e meu marido conhecemos o serviço, que ainda era novo. Nos encantamos com os brinquedos, ideais para a faixa etária da minha filha, com a segurança do local e fomos acolhidos pela equipe. Eram profissionais sempre disponíveis e bem preparados para lidar com os pequenos e também orientar as mães. Ali eu conheci outras mães estreantes, como eu, podíamos deixar os bebês brincarem livremente. Assistia a todas as sessões de contação de histórias, uma novidade na época”, conta a mãe, que hoje traz o pequeno Ariel, de 1 ano e meio para o novo Espaço Bebê. “Não era só eu que gostava. Sempre que chegávamos ao clube, a Isabel, olhava e dizia ‘qué bebê’, que na linguagem dela significava quero ir para o Espaço Bebê. Hoje, eu tenho o Ariel, de 1 ano e meio, e é com alegria que conto com a mesma qualidade de serviço”, completa. Segundo Talita, embora tenham surgido na cidade outros serviços para a faixa etária dos zero aos três anos, o Espaço Bebê ainda mantém a originalidade. “O que é oferecido na cidade, são espaços voltados somente à brincadeira infantil. Nós acompanhamos o desenvolvimento da família, promovemos a inclusão dos pais nos cuidados das crianças. É comum eles participarem de oficinas de canto, shantala e outras técnicas que reforçam o vínculo familiar e certamente contribuem para o desenvolvimento dos bebês”, conclui Talita. 28
PAIS S E FIL LHOS AP PRO OVARAM A NOVA LOC CAL LIZ ZAÇÃO DO ES SPAÇO BEBÊ
ACONTECE
Um mestre para o Em plena temporada de ensaios e preparativos para o 37o Festival Carmel Belibi, dias 8, 9 e 10 de dezembro, dançarinos e coreógrafos ouviram as orientações de Yonatan Karmon, um dos pioneiros na dança folclórica em Israel
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FUTURO
O encontro com Yonatan Karmon foi realizado na Esplanada
dança folclórica é uma atividade que sugere eterna insatisfação. Coreógrafos, professores e dançarinos estão sempre em busca de informações, inspiração e conteúdo para aperfeiçoar o desempenho no palco ou durante uma sessão de rikudei am (“dança de roda”). Eis a razão do interesse provocado pela notícia de que Yonatan Karmon daria uma palestra no final da tarde de um domingo. Karmon criou o Festival Karmiel, o maior evento de dança folclórica israelense do mundo. “Ele veio a São Paulo outras vezes, mas nunca conseguimos trazê-lo para um encontro na Hebraica”, comentou a coreógrafa do grupo Ofakim (adultos), Adriana Gordon. Aos 86 anos, Karmon passa seis meses nos Estados Unidos e seis meses em Israel. Antes de coordenar, durante treze anos, o Festival Karmiel em Israel, ele dirigiu o Olympia de Paris e várias produções na Broadway. Sobrevivente da perseguição nazista na Hungria, ele imigrou para a Palestina em 1944 e junto com outros pioneiros praticamente formatou as primeiras coreografias de dança israelense. “Estávamos no kibutz e depois do trabalho as pessoas queriam relaxar, brincar. Nas festas judaicas, pegávamos uma frase da liturgia, aplicávamos a ela uma me30
lodia, dávamos alguns passos em roda e todos dançavam. A noção das coreografias em palco veio depois”, contou Karmon. Independentemente do currículo de trabalho, ele se concentrou em transmitir duas noções para ele fundamentais quando estava na ativa e continua assim na atualidade. “Trata-se da dança israelense e não judaica. Ela recebeu e contém influências de todos que viveram no país, mas evolui com o povo. Não pode ficar estática nos mesmos passos de sempre. Como coreógrafo sempre procurei inovações e é o que vocês devem fazer também”, recomendou.
Hora de prestigiar Os ingressos para os shows do 37a Festival Carmel BelibI já estão à venda na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889. Este ano, além dos grupos de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Minas Gerais e Porto Alegre, participam três grupos de Israel, dois do Uruguai, dois do México e um da Argentina. “Os shows serão lindos, mas vale a pena prestigiar as outras atividades, as harkadot, o shuk (‘feira’) e partilhar conosco o clima especial que toma conta do clube durante o Festival Carmel”, afirma a diretora artística do evento, Nathália Benadiba. (M. B.)
ACONTECE Dez artistas na Galeria
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LUZES DE CHANUKÁ
ara quem gosta de uma exposição, conhecer o ProCoa será um bom pretexto para ir à abertura da “Adherere – Poéticas Paralelas”, dia 16, sábado, às 12 horas, na Galeria de Arte. O ProCoa (Projeto Circuito Aberto) começou em 2005, congregando vários ateliês abertos à visitação em outubro. O sucesso tornou o projeto aberto sempre, com visitas agendadas. Cada artista tem seu universo iconográfico e poéticas próprios. “Na Hebraica, a ocupação do espaço terá uma unidade por meio de uma irradiação, um adesivo, daí o nome Adherere, do infinitivo latino adhaerere e do verbo português ‘aderir’, estar unido por aderência, pegar-se, ligar-se”, explica Luciana Mendonça, uma das integrantes do grupo. Os adesivos remontam a um projeto anterior do grupo, que discutia novas tecnologias de impressão digital e sua respectiva apresentação no campo das artes. Também fazem parte do projeto Carmen Gebaile, Cildo Oliveira, Cristina Parisi, Gersony Silva, Heráclio Silva, Lucia Py, Lucy Salles, Regina Azevedo e Renata Danicek. A mostra fica aberta até 14 de janeiro de 2018.
Sua mesa já está reservada?
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Dia 12, terça-feira, as luzes de Chanuká começarão a brilhar nos lares e se estenderão por toda a semana, até o dia 19, quando a chanukiá estará com suas oito velas acesas. No clube, a data será comemorada dia 16, com o acendimento da quinta vela, após o serviço de neilá e a havdalá na sinagoga. Em seguida, foi convidada a Orquestra de Cordas Laetare e sua maestrina Muriel Waldman para um concerto especial. Terminando com os sufganiot (sonhos) tão esperados pelas crianças, e adultos também.
Começa dezembro e todo mundo lembra do Réveillon. Aí acontece a corrida atrás de reunir amigos, escolher o local e reservar os lugares. Pois na Hebraica muita gente pensou em tudo isso mais cedo e já garantiu as reservas. Se você está entre a primeira turma, não fique entre os retardatários, vá a Central de Atendimento e garanta seu lugar no Réveillon do Caribe. Ambientação, boa música, menu especial, queima de fogos e muita alegria à beira da piscina prometem a Banda Feelings, o pessoal do Casual Mil, Eduardo Honora e Hermes Santos, que darão o toque na decoração, os monitores para as crianças e todos os envolvidos em fazer desse réveillon um espetáculo especial.
DOIS ESPETÁCULOS AO MEIO-DIA Um domingo mesclado de chorinhos e músicas judaicas acontece dia 3, com o show Veint Nisht, que promete agradar a todos, com o grupo “Chore Não”, tradução do nome, em ídiche, do programa. A Série Santa Marcelina Cultura sempre agrada, pois seus grupos trazem a boa música por meio da interpretação de jovens dedicados e engajados com a arte. Próxima apresentação, dia 17. Sempre ao meio-dia, no Teatro Arthur Rubinstein.
BELLOW NO CLUBE DE LEITURA O livro escolhido por Vivian Schlesinger para a leitura dos integrantes do Clube de Leitura é Herzog, de Saul Bellow. Publicado em 1961, esse personagem consolidou Bellow como um dos grandes escritores do século 20, pela maneira de mostrar as neuroses do homem urbano da época. Ao descrever o anti-herói norteamericano, o autor traz as próprias virtudes para o papel ao mostrar o humor amargo, a ironia, além da grande humanidade. Os comentários dos leitores serão trocados no Auditório, dia 2, às 16 horas.
PREMIADOS E ESTREIAS NO CINEMA
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sessão vai começar, mas antes serão sorteados prêmios. É assim cada sessão de cinema no clube. Para dezembro, foram programados ótimos filmes. Dia 3, às 19 horas, Ópera de Paris, vencedor do melhor documentário no Festival Internacional de Cinema em Moscou, com os bastidores da apresentação de Moisés e Aarão. Quarta-feira, dia 13, a pré-estreia de Lumière! A Aventura Começa. São 114 obras, entre os 1.400 filmes dos irmãos Lumière, restauradas pelo diretor do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, e mostradas em um filme que celebra a magia do cinema. Em duas sessões, às 14h30 e 20h30. No fim de semana, estará na tela O Motorista de Taxi, filme exibido na recente Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. É a história real da revolta de Gwangju, em Seul, vivida por um taxista e seu passageiro. Sábado, 16, às 20h30 e domingo, 17, às 19 horas. Sucesso de público nas salas da cidade, João, o Maestro, dia 20, às 14h30 e às 20h30. O filme conta a vida do pianista e maestro João Carlos Martins e a superação, após dois graves acidentes, tendo a música como inspiração. Encerrando o ano, dia 23, às 20h30, um filme acompanhado de audiodescrição para as pessoas com deficiência visual. Na tela Olhando para as Estrelas, a história de duas bailarinas da Associação Fernanda Bianchini, a única escola de balé para cegos no mundo.
NOVOS AUTORES NA BERLINDA
Novidade no Recreativo
Dia 2, às 18 horas, na Plenária, serão conhecidos os vencedores do XII Concurso Ben-Gurion. Os candidatos enviaram contos, crônicas, poesias e depoimentos seguindo as regras do Concurso e, nesse dia, eles saberão, finalmente, quais os escolhidos pela comissão julgadora. As torcidas aumentarão ainda mais a expectativa em torno do resultado.
Para quem aprecia o Texas Hold’em prepare-se: a partir de dezembro, sábados, domingos e feriados, das 13 às 21 horas, no Recreativo, haverá mesas para os fãs dessa que é a variante mais popular entre os jogadores. (T. P.T.) 33
REGISTRO
FUNDO DE BOLSAS
ARRECADA QUATRO VEZES MAIS
Uma das maiores preocupações comunitárias é a necessidade de suprir os custos dos alunos bolsistas da rede de educação judaica. As escolas oferecem descontos nas anuidades para famílias com muitos filhos, mas não conseguem atender à crescente demanda dos alunos em situações vulneráveis. Para tentar suprir essa procura foi criado o Fundo de Bolsas e a última campanha de arrecadação de fundos teve grande êxito. Para saber como isso aconteceu, os gestores Gabriel Zitune e Roberto Zac deram entrevista à revista Hebraica
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ebraica – Como foi concebido o projeto. Ele tomou como base alguma experiência anterior? Gabriel Zitune – Criado em 2016, por iniciativa das famílias Horn, Klein e Nigri, o Fundo de Bolsas é inspirado no Projeto Ieladim e Bolsas Arymax. A proposta é centralizar e gerir o programa de bolsas de estudo para estudantes das escolas judaicas em situação de vulnerabilidade. Em São Paulo, menos da metade dos doze mil jovens em idade escolar, cerca de 4.800 estão nessas escolas e, desses, quase dois mil são bolsistas. Isto significa 40%, o que é muito alto. Roberto Zac – Assim surgiu a oportunidade, ou necessidade, de apoiar todas as escolas judaicas de São Paulo em um único projeto. Uma forma de catalisar e dar melhor aproveitamento à verba existente. O Fundo de Bolsas veio para inovar. Além de ampliar a capacidade de atuação, seu papel é colaborar para uma educação de qualidade, pois os recursos são direcionados para o projeto e, desta forma, as escolas podem se dedicar à sua tarefa, que é planejar e executar um ensino de primeira linha. Como surgiu a campanha? Zitune – Com o êxito das primeiras campanhas do Charidy no Brasil (Beit Lubavitch, no Rio de Janeiro, e Escola Gani/Lubavitch, em São Paulo), surgiu a oportunidade de fazer uma grande campanha para bolsas unindo todas as escolas paulistas. Entramos em contato com o Charidy, instituição norte-americana reconhecida mundialmente. Nossa proposta de campanha foi aceita e iniciamos a mobilização da comunidade e dos parceiros que prontamente compraram a ideia, contribuindo para o sucesso obtido. Qual foi o diferencial da campanha? Zac – O apoio dos filantropos teve peso fundamental. Mostrou credibilidade, visibilidade e estímulo para adesão. Uma das primeiras iniciativas das famílias Horn, Klein e Nigri foi pesquisar qual o número de bolsistas de cada escola. Mais isento impossível. Foram mapeados mais de 1.500 bolsistas, desde 5% até 100%. Hoje, as escolas arcam com dois terços, porém é preciso cobrir esse buraco. Aí veio a decisão: “Se os doadores fizerem a parte deles, nós topamos fazer a nossa parte e quadriplicar o valor de cada doação”. A meta, inicial, era chegar aos quatro milhões de reais. Essa cifra foi atingida nas primeiras horas da campanha. À medida que
Equipe de profissionais e voluntários comemora o sucesso da campanha
crescia o número dos doadores, os filantropos eram consultados e a resposta unânime foi: “Continuamos”. Quantas pessoas se envolveram no processo todo e na execução. Todos voluntários? Zitune – Ao todo, na campanha, participaram mais de 320 pessoas, entre voluntários, influenciadores, equipe gestora, representantes das escolas, fornecedores e empresas parceiras, além da mídia judaica. E qual foi o resultado? Zac – Saímos de quarenta patrocinadores, até então, para mais de três mil. Da meta original de quatro milhões de reais, ultrapassamos os doze milhões. Foram 3.893 ligações realizadas e 868 ligações recebidas durante as 24 horas da campanha. Como a meta quadruplicou, o Fundo de Bolsas será ampliado? Zitune – Em 2017 tivemos 393 pedidos para atender a crianças expostas a alta vulnerabilidade entre as quinze escolas e ieshivot paulistas. Havia outros pedidos, que não conseguimos atender. Para 2018, já recebemos mais de oitocentos pedidos de bolsas. Com o resultado obtido, quere-
mos acelerar o processo dentro da demanda existente. Como vai funcionar o Fundo? Existe uma central? Todas as escolas serão contempladas? Zitune – O Fundo de Bolsas é um programa de apoio à educação judaica, uma entidade autônoma gerenciada de forma transparente. A concessão das bolsas é feita a partir de criteriosa análise socioeconômica das famílias e prevê o acompanhamento pedagógico das crianças atendidas. O Fundo apoia os pais e responsáveis com programas de capacitação e aproximação da cultura judaica. O anonimato da criança e sua família é sempre preservado. Como é a governança do Fundo de Bolsas? Zac – Há um Conselho Estratégico, formado pelas quatro famílias instituidoras (Horn, Klein, Nigri e Safra), que indicaram os representantes para o Comitê Gestor (Patrícia Hasbani, Yael Sandberg, Raphael Shammah e Roberto Zac), mais o gestor executivo Gabriel Zitune. É este Comitê Gestor que define o limite de bolsas para cada escola e outros assuntos estratégicos. O Comitê de Doação é formado pelo Comitê Gestor mais o presidente da Fisesp (Bruno Laskowsky), do Vaad Hachinuch (Jacques Griffel), um membro independente (Boris Ber) e um presidente de escola rotativo anualmente (Marcelo Kauffmann, em 2017). A eles cabe distribuir a verba entre as escolas. O Fundo está centralizado na Fisesp, com equipe exclusiva e conta específica, movimentada pela sua diretoria. Para agilizar os contatos com o Fundo, doadores, voluntários e solicitantes têm como canal o endereço www.fundodebolsas. com.br. (T. P. T.) 35
REGISTRO
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Arie Hemsi e Eduardo Wolk exibem seus troféus e comemoram com Pedro Muszkat a incubação no Merkaz
Com a escolha de duas novas start-ups incubadas, a Oxiot e 60 + Care e a promoção de uma palestra em parceria com a Foxbit sobre a cybermoeda, o bitcoin, que lotou o Teatro Arthur Rubinstein, o Merkaz ampliou seu espaço entre os empreendedores
Especialistas no mercado financeiro explicaram as vantagens e desvantagens do bitcoin
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riel Hemsi, da 60 + Care, e Eduardo Wolk, da Oxiot, impressionaram os jurados responsáveis pela escolha de duas novas empresas a serem incubadas pelo Merkaz. O prêmio garante às duas empresas o uso do coworking e sessões de mentoria abordando questões específicas de cada uma das start-ups. O corpo de jurados que acompanhou as apresentações (no jargão dos empreendedores, pitch) das seis empresas concorrentes à incubação era formado por Flávio Pripas, diretor do Cubo, também uma incubadora, Rodrigo Gazzinelli, da Falconi, Eduardo Grytz, tesoureiro da Hebraica e gestor da Performa Investimentos, e Nadav Peretz, diretor da Flowsense, primeira empresa incubada pelo Merkaz. “A Oxiot se candidatou à incubação no ano passado e creio que de lá para cá, evoluímos bastante. Participamos de vários eventos promovidos pelo Merkaz. Foram palestras sobre temas interessantes nas quais fizemos contatos comerciais e networking. Agora incubados, creio que nosso desenvolvimento será acelerado”, afirmou Eduardo Wolk, um dos idealizadores da Oxiot, start-up que combina hardware e software para fornecer oxigênio como um dos tratamentos para doenças respiratória crônicas. A 60 + Care trabalha no desenvolvimento de uma pulseira que facilita o contato de idosos com equipes médicas em casos de emergência. Dias depois da escolha das novas empresas incubadas, o Merkaz reuniu uma plateia de quinhentas pessoas no Teatro Arthur Rubinstein para um debate sobre o bitcoin, a cybermoeda que tem sacudido o mercado investidor. Na abertura do evento, Pedro Muszkat, gestor do Merkaz, explicou o trabalho do Centro de Empreendedorismo que é uma iniciativa inédita da Hebraica, Congregação Israelita Paulista e Fundo Comunitário e agradeceu a parceria da Foxbit, que viabilizou o encontro. “Ao trabalharmos com empreendedores da comunidade, procuramos também incluir os de fora da comunidade para estimular o intercâmbio e o fluxo de informações e este evento, com a participação de João Canhada, da Foxbit, Oliver Cunningham, da KPMG Brasil, e Safiri Felix, da Consense, três empresas especializadas no mercado financeiro e aptas a desvendar o bitcoin, da ‘Introdução à Economia’, que é o título da palestra”, explicou, antes de passar a palavra aos convidados. (M. B.)
REGISTRO
É TRICAMPEÃO! Noite de música
GRUP PO QUE EST TÃO O NO PALCO Os quatorze atores do Grupo Questão se saíram bem nas duas sessões dominicais da peça Moda Livre, apresentadas no Teatro Anne Frank. Para muitos, a peça dirigida por Heitor Goldflus foi a estreia no palco e o ponto alto do trabalho realizado pelo grupo em 2017. Rafael Hercowitz adaptou o enredo e os personagens originais do texto A Onda (do original de Todd Strasser) e introduziu elementos contemporâneos ao drama vivido pela maioria dos jovens de grandes núcleos urbanos. Annie Veraart, Dani Serwaczak, Gabi Zveibil, Gisele Rinaldi, Nicole Worcman, Nina Kirchenchtejn, Noah Hamaoui, Ricardo Giorgion, Taly Carasso, Tamara Stock, Tati Wirzmann, Thomas Waiswol e Tiago Besen encenaram cenas de consumo exagerado, bullying, fanatismo e imprimiram aos personagens o tom realista de quem vive essa realidade diariamente. Para o coordenador do Departamento de Teatro, Henrique Schafer, a estréia de Moda Livre, é mais um espetáculo bem-sucedido do Grupo Questão. “É mais uma comprovação da validade do trabalho realizado na Hebraica, em que a prática se baseia em princípios pedagógicos que visam, prioritariamente, a formação do indivíduo que, entre outras coisas, atua com qualidade.”
A convite do coral da Hebraica, o Coro Jovem Sinfônico de São José dos Campos, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, participou do Festival de Halleluyas, espetáculo especial realizado no Teatro Arthur Rubinstein. De fato, foi o grande evento do coro em 2017, que lotou a plateia e reuniu cerca de cem vozes regidas pelo maestro Leon Halegua. No programa, além das cinco versões do Halleluya, de Wolfgang A. Mozart, Randal Thompson, Leonard Cohen, Louis Lewandowsky e George F. Haendel, outros números emocionaram o público, que aplaudiu também as apresentações dos pianistas convidados Fernando de Castro e Guilherme de Almeida, dos solistas Laura Duarte e Maria Regina Soldi (sopranos), Fernanda Meyer e Alessandra Cynthya (mezzo sopranos), Caio Monteiro, Fernando de Castro e Fábio Bustamante (tenores), Flávio Costa e Souza Jr. (baixo).
O feriado de 15 de novembro ficará na memória dos fãs de esporte por várias razões. Para os coordenadores, monitores e chanichim do Hebraikeinu será lembrado como o dia em que venceram o Intertnuot, evento realizado na Hebraica, reunindo todos os movimentos sionistas juvenis de São Paulo em competições de futebol cultural, futebol, vôlei, handebol, tênis de mesa, cabo de guerra e modalidades inéditas como a corrida pô e dodgeball, além de jogos eletrônicos e de mesa como truco e uno. “Nos três últimos conquistamos dois Intertnuot e em um ficamos em segundo lugar sempre com muita união e garra, sinal de que o slogan do Hebraikeinu – educando para vida – é uma realidade”, afirmou Elisa Nigri Griner, vice-presidente de Juventude nas redes sociais, ao comemorar o título. Ela parabenizou o Hebraikeinu e os integrantes do Conselho Juvenil pela organização do Intertnuot e o presidente do Conselho e ex-integrante dos grupos de teatro do clube Rudi Solon, retribuiu o agradecimento público. “Foi uma honra encher a Hebraica de jovens interagindo e jogando em prol da união da juventude judaica. Agradeço imensamente a Hebraica por todo apoio, e cito Nicolas Prati Gelernter, meu braço direito nessa jornada ajudando em toda logística. Que possamos seguir sempre unidos e em movimento”, concluiu o jovem. Para muitos participantes do Intertnuot foi uma vitória dupla, pois o Corinthians Paulista se tornou heptacampeão no mesmo feriado.
DÚVIDAS paternas e maternas
Maioridade religiosa A cerimônia de bat-mitzvá encerrou com brilho um dia repleto de atividades na Hebraica. As famílias de Beatriz Novik Falcão, Camila Bauer Mnitentag, Carolina Guimarães Castiel, Carolina Mazaferro Melsohn, Clara Karaber Katchborian, Isabela Tajtelbaum, Letícia Karaber Benjamim, Lorena Rozenblit, Olívia P. Leichsenring, Rebeca Novik Falcão e Thaly Kotler lotaram o Teatro Arthur Rubinstein e acompanharam cada movimento das adolescentes, desde a entrada solene aos cânticos no palco. As jovens frequentaram o curso preparatório ministrado pela equipe formada por Joyce Szlak, Berenice Berzinsky e Tânia Frenkiel. 38
Sócios torcedores
Arte e ecologia A Escola Maternal e Infantil promoveu, no início de novembro, mais uma edição da “Expoliterarte”, evento no qual os alunos apresentaram trabalhos e projetos realizados em classe e que oferecia oficinas e atividades a serem partilhadas entre pais e os pequenos alunos e irmãos. O tema escolhido – arte, ecologia e exploração – foi inspirado no trabalho da educadora dinamarquesa Anna Marie Holm e traduzido em propostas diferenciadas para cada faixa etária. Adultos e crianças fizeram esculturas com sucata, desenharam sobre bandejas de papelão, participaram de cantorias, sempre orientados pela equipe pedagógica da escola.
Para comemorar a mudança para a nova entrada, o Espaço Bebê organizou um encontro para pais e mães com o tema “Como a Chegada de um Bebê Transforma a Vida do Casal”. A conversa foi mediada pela coordenadora do Espaço Bebê, Thalita Pryngler. Teve a participação de Vera Iaconelli, psicanalista, mestre e doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP, além de diretora do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal; Natália Zekhry, ginecologista e obstetra da Clínica Célula Mater, formada pela Universidade Federal de São Paulo; Sandra Feliciano e Mariana Ribeiro, psicólogas do “Primeiras Histórias”, grupo multiprofissional, que oferece suporte às famílias durante a gestação e a chegada do bebê, por meio de atendimentos domiciliares e outros serviços. Palestrantes e público debateram abertamente o tema e parabenizaram o Espaço Bebê por esta e outras iniciativas de apoio às gestantes e mães e pais de primeira viagem.
Idéia original do Adventure Travel proporcionou a um grupo de torcedores do Corinthians a oportunidade de acompanhar jogos nos estádios, contando antecipadamente com transporte ida e volta e ingressos garantidos. Nas últimas etapas do Campeonato Brasileiro grupos de entusiasmados sócios embarcaram em um micro-ônibus no clube e foram para a Arena Corinthians, primeiro para a partida contra o Palmeiras e depois na final, contra o Clube Atlético Mineiro, quando assistiram à entrega da taça de campeão para o Corinthians. (M. B.) 39
COLUNA UM
Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br
Lideranças prestigiam a Conib No Espaço Adolpho Bloch, da Hebraica, com a presença do governador Geraldo Alckmin, do ministro da Educação Mendonça Filho, do senador José Serra e prefeito João Doria foi aberta a 48a. Convenção Nacional da Conib, e a reeleição, por aclamação, de Fernando Lottenberg para o triênio 2017-2020. “Temos orgulho do que foi feito e vamos continuar enfrentando os desafios de liderar a comunidade judaica com um ativismo sem improvisação e extremismo”, disse Lottenberg. Alckmin perguntou ao presidente “qual o segredo para se eleger por unanimidade”. E completou que a comunidade judaica “faz a diferença nas artes, na cultura, na ciência, na economia e, em especial, no amor às pessoas”. Homenageado porque o Enem não fosse aplicado aos sábados, o ministro Mendonça Filho ressaltou que “há uma agenda comum entre os judeus e a educação”. Serra citou seu encontro com o primeiro-ministro Biniamin Netanyahu, em 2016, em Israel. E o prefeito disse que “estar aqui neste evento faz parte do meu DNA”, lembrando seus amigos da época do Colégio Rio Branco. Impressionado com o número de autoridades presentes o convidado especial David Harris, diretor executivo do American Jewish Committee, falou do governo Trump e a relação EUA-Israel. Em lembrança aos setenta anos da Assembleia Geral da ONU que votou pela Partilha da Palestina, a Conib convidou Pedro Corrêa do Lago, neto do chanceler Oswaldo Aranha, para uma homenagem especial. No final, o ator Dan Stulbach apresentou, em vídeo, as realizações da Conib no primeiro mandato de Lottenberg e convocou a comunidade para se aproximar mais das entidades judaicas brasileiras. 40
Centro Janusz Korczak/Nina Korall, Associação Janusz Korczak do Brasil, Consulado de Israel em São Paulo e a Hebraica promoveram o 1a. Korczak Day Festival. Com atividades para crianças e adultos, lembrando os 75 anos da morte do educador polonês, que caminhou para os fornos crematórios com seus alunos. Após a apresentação da peça A Mala de Hana, Sarita Saruê falou da vida do educador pela paz, seguido de apresentação do filme Korczak e as Duzentas Crianças.
A tecnologia na educação O tema “Textos, Valores e Tecnologia na Educação Judaica: Métodos e Ferramentas”, foi tratado pelo diretor do Melton Centre for Jewish Education da Universidade Hebraica de Jerusalém, Jonathan Cohen, e o coordenador acadêmico Marcelo Dorfsman. No Rio de Janeiro e São Paulo, proporcionaram atividade de capacitação para professores das escolas judaicas. Cohen trabalhou as fontes judaicas e seus dilemas; Dorfsman mostrou o uso da tecnologia no trabalho educativo em propostas que enriquecem o ambiente da sala de aula. Foi iniciativa da Conib, com apoio da Agência Judaica, Pincus Fund e Instituto Samuel Klein.
(foto – crédito Eliana Assumpção)
(foto – crédito Eliana Assumpção)
Lembrando o educador pela paz
“Como Capturar, Convencer e Fechar Negócios Cientificamente” foi o tema de Renato Sneider, da Sales Brain, primeira agência mundial de neuromarketing, a convite da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria.
Convenção aproxima o Brasil judaico
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a 48a. Convenção, a Conib reuniu representantes, a maioria mais jovens do que nas edições anteriores, de quatorze estados brasileiros. Com a presença do convidado especial David Harris. Durante entrevista ao jornalista Caio Blinder, vindo dos EUA, o “ministro das Relações Exteriores do povo judeu”, com o Shimon Peres (z’l) o chamava, Harris falou de sua trajetória e como despertou para a causa judaica nos anos 1970, quando do movimento pela emigração dos judeus da então União Soviética. “Minha conexão com o judaísmo é tribal, tenho muita história, em várias línguas”, disse. A tarde foi dedicada a temas de interesse comunitário. O primeiro tratou das fake news e do antissemitismo no Brasil. Com os jornalistas Sérgio Malbergier e Alon Feuerwerker e a mediação de Milton Seligman, diretor da Conib. Os advogados Alexandre Pacheco da Silva e Marina Feferbaum, da FGV, apresentaram o projeto “Contra o Discurso de Ódio”, em parceria com a Conib, que prevê o lançamento de um e-book, no próximo ano, com ferramental para identificar discursos de ódio. David Diesendruck apresentou o Instituto Brasil-Israel e coordenou uma dinâmica a respeito das universidades e as redes sociais.
Kleztival em números
Na oitava edição, o Kleztival chegou a números inimagináveis na comunidade: 28 eventos em nove dias, público de quase 2.500 pessoas, em quinze locais, oito na comunidade, como Renascença, Sinagoga de Pinheiros e Hebraica, e sete fora. Entre estes, Sesc, Tucarena (PUC), Faculdade Cantareira, MIS, Fundação Ema Klabin e Higienópolis Suítes. Nesse total não estão incluídas as três apresentações no Metrô Sé. Edy e Nicole Borger recepcionaram oito artistas internacionais e setenta nacionais.
Liat Ben David, diretora do Instituto Davidson de Educação em Ciências do Instituto Weizmann de Ciências, participou de painel “Diálogos entre Universidade e Escola”, realizado em parceria com a Febrace/USP, representada pela pesquisadora Roseli de Deus Lopes, na Escola Alef-Peretz. Em 2018, vários murais do grafiteiro brasileiro Eduardo Kobra farão parte da paisagem novaiorquina. Projeto que contempla os 25 anos da United Airlines no Brasil. Eram mais de 120 profissionais da área médica a postos no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em Interlagos, liderados por Dino Altmann, do Hospital Leforte. Sucesso de público e vendas na Parte. Carmen Schivartche, Tâmara Perlman e Lina Wurzman comandaram a feira de arte no Salão Marc Chagall, reunindo artistas e galeristas nacionais e internacionais. Hemorragias Elétricas reúne em livro 48 crônicas escritas por Paulo Ludmer para a revista Eletricidade Moderna, entre 2011 e 2015, retrato fiel da situação energética no país. Traduzido para 45 idiomas, o livro Sapiens: uma Breve História da Humanidade vendeu mais de 230 mil cópias no Brasil. O autor é o israelense Yuval Noah Harari. 41
COLUNA UM SETE DÉCADAS À FRENTE DA COMUNIDADE
A atriz Tuna Dwek recebeu o Life Achievement Award, durante o X Los Angeles Brazilian Film Festival. Curador e crítico de arte, Felipe Chaimovich foi um dos convidados para a 11a edição do Seminário de Pesquisa em História da Arte, realização da Fundação Armando Álvares Penteado/Faap.. Karina Ades criou a ação que promove a hashtag #monaMU para incentivar a torcida de Monalysa Alcântara, candidata brasileira ao título de Miss Universo.
Era o ano 5707, 1946 do calendário comum, o Estado de Israel seria proclamado pouco depois, e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) era fundada por idealistas, muitos deles saídos dos campos de concentração, iniciando uma nova vida em um país desconhecido. Ao completar setenta anos, a diretoria da Fisesp, presidida por Bruno Laskowsky, comemorou a data. Na Sala São Paulo, a Orquestra Filarmônica Jovem de Israel, sob a regência do maestro Eyal Ein-Habar, mostrou um altíssimo nível musical. Incluindo a presença de cinco jovens brasileiros, levados para Israel pelo maestro Zubin Mehta para estudar e tocar com os jovens israelenses. O programa incluiu uma sinfonia e o Concerto para Violino, de Johannes Brahms, com solo de Guy Braunstein, por 13 anos spalla da Filarmônica de Berlim. Desde a execução dos hinos do Brasil e de Israel, a plateia se emocionou. Culminou nos primeiros acordes de Tico-Tico no Fubá, com arranjo e coreografia especiais, número que, na noite seguinte, empolgou também os componentes da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, do grupo especial do carnaval paulistano. No final, a Unidos de Vila Maria fez um minidesfile para os músicos e a noite só podia terminar, como era de se imaginar, em samba. 42
Em Los Angeles, o cineasta brasileiro Daniel Bydlowski terminou Bullies, seu filme mais recente, no qual coloca em evidência o tema do bullying. O Beit Chabad de Brasília reuniu oitenta mulheres para o Mega Chalá. Ana Rosa Rojtenberg, na foto com a rabanit Sara Rojtenberg e a embaixatriz Dina Shelley, viajou especialmente para apresentar o evento. Compositor e cantor Manu Lafer e o produtor e guitarrista Sandro Albert estrearam em show da Banda Run N’ Fly, no Iridium Jazz Club, em Nova York. Convidada pelo grupo de danças Zehut, da Comunidade Shalom, a lehaká Carmel da Hebraica participou do show Dançando Nossa Identidade, no palco do Teatro Sérgio Cardoso.
Pluralismo na América Latina Representantes cristãos, judeus, muçulmanos assinaram documento, em Córdoba, Argentina, para “potencializar o trabalho conjunto e exportar a mensagem de convivência”. “Com este espírito e o objetivo de fortalecer a convivência e proteger o pluralismo de nossa região, declaramos a América Latina e o Caribe ‘Zona de Convivência Interreligiosa’.” Este é o final do documento, ponto de partida para criar programas e projetos que promovam a paz e a harmonia na região.
AGRICULTURA E TECNOLOGIA A Embrapa e a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã firmaram parceria com a empresa israelense de agricultura de precisão Agritask, que já atua no México, Peru, Colômbia e Austrália. A intermediação foi do Israel Trade & Investment Brazil, durante o Global Agribusiness Forum e permitirá aos pesquisadores da Embrapa ferramentas práticas para a gestão inteligente do agronegócio à distância frente as ameaças aos produtores no campo.
PIONEIRAS REELEGEM DIRETORIA “Trabalhamos pela mesma causa e temos que estar unidas. Fiquei emocionada em ver que grupos de jovens que tem essa causa com amor e sempre vestem a camisa da Na’amat”, destacou a presidente da Na’amat Brasil, Clarice S. Jozsef, ao final do XXI Kinus Artzi Kef 2017.
APRENDER COM JOGOS Start-up israelense em games para ensinar matemática da educação infantil até a sexta série, a Matific é uma das finalistas da segunda edição do Pitch Gov.SP, programa de inovação que conecta o governo paulista e empresas de tecnologia para melhorar os serviços públicos. Uma das metas é combater a defasagem do ensino da matemática no país e aumentar o engajamento de alunos e professores por meio de novas tecnologias de aprendizagem. A apresentação foi no Palácio dos Bandeirantes. “O sistema de gamificação promove aprendizagem mais profunda, pois, além de engajar os alunos em situações cotidianas, estimula curiosidade, exploração, raciocínio lógico e aprendizagem pela descoberta, em um ambiente lúdico e interativo”, afirmou Dennis Szyller, diretor da Matific Brasil. Este sistema é adotado em mais de quarenta países, para quase dois milhões de alunos e três milhões de jogos executados por mês.
Eleita três vezes a melhor doceria de São Paulo pela Veja Comer & Beber, a chef Marília Zylbersztajn inaugurou mais um endereço, desta vez no Itaim Bibi. Representando a Agência Judaica no Brasil, Revital Poleg fez palestra no Recife, convidada pelo Departamento de Comunicação Comunitária da Federação Israelita de Pernambuco. Bruce Gomlevsky participa do documentário Paulo Autran – O Senhor dos Palcos, de Marco Abujamra, exibido em première na 41a Mostra Internacional de Cinema. Nome de destaque no universo turístico, Ilya Hirsch está às voltas com as viagens especiais de fim de ano na Ásia a bordo do Regent Seven Seas. Marcos Arbaitman, da Associação AME Jardins, Gabriela Aidar, do Conselho Internacional de Museus, Flávia Veloso, diretora do MuBE, e Marcos da Costa, presidente da OAB paulista, foram debatedores durante a 4a Rodada de Conhecimento, realizada pela Federação de Amigos de Museus do Brasil. Revista da Folha destacou show dos Skeletons, no bar Dois Irmãos, no Campo Belo. Formado por Nelson Hamerschlak (baixo elétrico), Carlos Roberto Jorge (guitarra solo) e José Roberto de Paula (guitarra base). Em comum: são três conceituados médicos. Na bateria, Kiko Carbone, paciente do trio. Caio Calfat, do Secovi/SP, foi um dos palestrantes do 1o Fórum de Moradia para a Longevidade, tema em evidência também na comunidade. Gabriel e a Montanha, de Fellipe Barbosa, recebeu o prêmio da crítica como melhor filme brasileiro na 41a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, além dos festivais de Jerusalém, Munique, Odessa, Sarajevo e no Rio de Janeiro. 43
COLUNA UM Como era a vida dos judeus no Egito moderno?
O Teatro Arthur Rubinstein lotou para assistir à sessão especial de Jews of Egypt, do cineasta Amir Ramsés, evento que marcou os sessenta anos da expulsão dos judeus do Egito. “O documentário aborda um tema pouco conhecido, o Êxodo Esquecido, que destruiu uma comunidade de oitenta mil judeus egípcios, que gozavam de uma vida boa e livre no país”, disse Nessim Hamaoui, que articulou a vinda do cineasta. Amir Ramsés disse que “ao contrário do que a censura imaginava, o filme teve sucesso e os censores começaram a se preocupar que, com a revelação da expulsão dos judeus egípcios e o fato de os seus bens terem sido confiscados, reivindicariam a devolução deles e da sua identidade”.
AGENDA 4 a 13/3/2018 – Vivencie Israel com estilo. Roteiro flexível e personalizado, refeições gourmet kasher. Palestrantes, encontros com jornalistas, visita e churrasco em uma base da IDF. Informações, fones 3087-0319 ou 983-158-770, com Sarah 16 a 31/7/2018 – Marcha da Vida Jovens (20 a 35 anos). Pensão completa, transportes, passeios e seguro médico inclusos. Informações, fone 3081-7244
Parceria Museu Judaico e Harvard
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O Museu Judaico de São Paulo estabeleceu uma parceria com a Biblioteca de Harvard, Estados Unidos, para disponibilizar alguns periódicos de seu arquivo nos sites das duas instituições. Para tanto, procura proprietários/ herdeiros dos seguintes jornais: A Columna, A Gazeta Israelita São Paulo, Al Hamishmar, Aonde Vamos?, ARI, Revista Brasil-Israel, Diário da Noite, O Novo Momento, Seminário Israelita, revistas A Luz, O Espelho do Mundo e O Tempo. Para informações, entrar em contato com Beatriz Blay, pelo telefone (11) 3088-0879.
Obras de Giselle Beiguelman figuraram na 7a Mostra 3M de Arte Digital. Empreendedor social, Michel Freller publicou o Guia sobre Incentivos Fiscais para Captadores de Recursos de OSCs, editado pela Filantropia e apoio da Paulus. Guilherme Wroclawski, fundador do SaveMe, Modait e o app Vah, Alexandra Loras, ex-consulesa da França, e Eduardo Wurzmann, investidor anjo em Edtechs, estavam entre os participantes de Mitos & Fatos, congresso que discutiu o empreendedorismo no Brasil. A artista plástica Débora Muszkat, reconhecida por agregar valor ao vidro por meio da arte (upcycling), começou um projeto social para capacitar e profissionalizar artesãos e multiplicadores para desenvolverem peças de design a partir de cacos de garrafas, frascos de perfume, e outras embalagens descartadas. “Através do Vidro” é realizado em conjunto com a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado de São Paulo. Editora Humanitas, Leer e Unibes Cultural em noite de lançamento literário: Gueto de Varsóvia: Educação Clandestina e Resistência (Nanci Nascimento de Souza), Memórias da Injustiça: Análise Hstórica e Jurídica (Túlio Chaves Novaes), Tempos de Guerra e de Paz: Estado, Sociedade e Cultura Política nos Séculos XIX e XX (organização de Maria Luíza Tuccia Carneiro), Invadindo o Espaço Público: o Movimento de Mulheres 1945-1964 (Marcela Cristina de Oliveira Morente).
COSTUMES E TRADIÇÕES
CHANUKÁ:
Oito dias, três festas No dia 12 de dezembro será acesa a primeira vela de Chanuká. Tradicionalmente entendida como o milagre da lamparina que ficou acesa durante oito dias no Segundo Templo, a festa também pode ser compreendida no seu contexto histórico, ou seja, como a revolta dos macabeus contra o processo de helenização do judaísmo
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odos sabem que Chanuká é uma festa longa, entretanto única, a partir do dia 25 de Kislev. Acendem-se luzes no candelabro específico (chanukiá), durante os oito dias da efeméride, inclusive em anos recentes, nas praças e locais públicos de grande cidades do mundo. No shtetl, há cem anos, o acendimento era estritamente privado. Lamentavelmente, o antissemitismo era permanente na maioria dos países da Europa Central e Oriental. Mais ainda quando Chanuká coincidia com o Natal, e alguns inflamados apedrejavam as residências dos israelitas. Quais as raízes da festividade? Na Gemará Shabat capítulo 21, lê-se que os gregos haviam conquistado Jerusalém e o Grande Templo. No santuário eles profanaram tudo, inclusive os óleos utilizados para manter aceso o candelabro sagrado. O sumo sacerdote (Cohen Gadol) Matitiahu e principalmente seus filhos, da dinastia dos Hasmoneus, chefiados por um deles, Yehuda, o Macabeu, revoltaram-se contra estes usurpadores (no ano 164 antes da Era Comum), e os expulsaram do Grande Templo. No entanto, só encontraram uma garrafinha intacta de azeite de oliva, suficiente para acender o candelabro por apenas um dia. Por milagre, o óleo ardeu oito dias consecutivos, estabelecendo-se a partir deste fato a comemoração anual. No Sefer Hamakabim (Livro dos Macabeus), um depoimento escrito na época e, portanto, das mais importantes fontes da celebração de Chanuká, volume I, capítulo 4, a narrativa é algo discrepante. Informa-se que Yehuda, o Macabeu, efetivamente libertou o Templo dia 25 de Kislev. Lá, ergueu um altar sagrado e celebrou sacrifícios, durante oito dias, acompanhados de música e cantos. Por esta razão criou-se a festa de Chanuká. Nada se menciona a respeito de óleo e 46
Por Joel Faintuch
acendimento do candelabro. Temos, portanto, duas festas, coincidentes, mas distintas: a das luzes, relatada na Gemará, e a da reinauguração do Templo, após a vitória militar dos macabeus, de acordo com o livro dos Macabeus I. Flavius Josefus é figura controversa da época, embora importante. Historiador judeu, converteu-se à religião romana, sem, contudo, perder o interesse pelos ex-irmãos. Escreveu tratados a respeito da vida judaica muito precisos e de grande valor, talvez favorecido pela independência de pertencer à potência dominadora. No livro Antiguidades dos Judeus, capítulo 12, escrito pouco depois do surgimento de Chanuká, Flavius Josefus a designa como Festa das Luzes. Ainda assim, só descreve a realização de sacrifícios e o ambiente festivo no Templo, nada registrando acerca de candelabros ou acendimentos. Chanuká seria, em sua opinião, a festa da liberdade religiosa recuperada. A terceira vertente do evento é 100% leiga, sem o menor respaldo nas Escrituras. Surgiu nos Estados Unidos da América, na segunda metade do século passado. O Natal já era a poderosa e avassaladora festa dos cristãos em todo mundo, com penetração crescente na comunidade judaica. Intencionalmente ou não, luzinhas multicoloridas embelezavam lares e estabelecimentos comerciais nesta ocasião, rivalizando com a modesta chanukiá. Alguns quiseram enfatizar que os israelitas não necessitavam do Natal, pois tinham Chanuká, o “Natal Judaico”. Outros, ainda mais “criativos”, chegaram a propor que as duas datas fossem somadas e mescladas. Qual das diversas roupagens é a autêntica? Lógico que Chanuká jamais foi ou será o “Natal Judaico”, salvo para pessoas mal intencionadas, interessadas em semear confusão. Com todo respeito pelo calendário universal, a reinauguração do Templo de Jerusalém por Yehuda, o Macabeu, e seus irmãos, em nada tangencia a religião cristã. O máximo que se poderia alegar em favor da proximidade entre as datas, é exatamente a vizinhança de calendário: Chanuká geralmente aconte-
ce entre os finais de novembro e dezembro. Quanto aos relatos divergentes na Gemará e no Tanach, trata-se de conflito apenas aparente. A revolta dos Macabeus foi real e notável. Até foram encontradas moedas, cunhadas por eles em substituição à dracma grega, e que circularam por Israel durante um período. A ressacralização do templo foi completa, abrangendo toda a liturgia. Por costume milenar, o mais enfatizado é o milagre do azeite. Alguns mesmo não usam velas, mas lamparinas de azeite de oliva, exportadas de Israel nessa época, e caracterizam com mais propriedade a natureza da festa.
“Causos” de Chanuká O pequeno Michael tinha um amigo não judeu, e ao visitá-lo na época de Chanuká, viu uma pequena árvore de Natal na sala, já decorada com luzes. Michael voltou para casa e perguntou: – Papai, porque não podemos ter também nossa arvorezinha de Natal? – A última vez que um judeu se envolveu com um arbusto iluminado, os judeus estavam escravizados no Egito, e acabaram perambulando no deserto por quarenta anos. A morá (professora) tinha dificuldades para explicar o milagre da lamparina de azeite. Nenhuma criança jamais havia visto uma, nem entendia como funcionava. Então ela contou:
Yehuda, o Macabeu, encontrou um celular, no Templo, com bateria para um dia. Mas conseguiu falar durante oito dias, sem recarregar nenhuma vez. Consta que um grupo de ativistas infantis em Nova York (sim, lá as crianças são precoces), aceita que Chanuká seja em dezembro, como geralmente acontece. Mas preferem receber o Chanuká-gelt, as moedas tradicionalmente repartidas entre os filhos, até meados de novembro. É para não perder as ofertas do Black Friday (terceira semana de Novembro). Chanuká é uma festa familiar, e visitas são incomuns na ocasião. Mas a esposa de Ichiel viajou deixando-o sozinho, de modo que seu amigo Benjamin convidou-o para o acendimento da primeira vela. Ao trazer o visitante de surpresa, lembrou-se de que o banheiro do corredor estava quase sempre atulhado de brinquedos e roupas jogadas das crianças. Por isso, apontou o sanitário para a esposa de modo discreto, para que ela desse um jeito no local. Depois da vela e de comer latkes (panquecas típicas de Chanuká), como se esperava, Ichiel pediu para usar o sanitário. Benjamin apontou a porta, mas por segurança fez uma inspeção. Não havia nada no chão, mas a esposa pregara um bilhete no box: “Por favor, não abra a cortina”.
A revista satírica alemã Schlemiel publicou, em 1906, esta “evolução” da Chanukiá em árvore de Natal. Seu editor, Sammy Gronemann, lho do grão rabino de Hannover, fugiu para Paris em 1933 e para Tel Aviv, em 1936
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COSTUMES E TRADIÇÕES
Por Miriam Feinberg Vamosh
A menorá que se vê no Arco de Tito, em Roma, esculpida para registrar o triunfo romano, no ano 70 EC, serviu de inspiração...
MENOROT ANTIGAS
tinham menos braços
A
menorá de Chanuká hoje tem nove braços: um para cada um dos oito dias do milagre de Chanuká, e o tronco central segurando o shamash. No entanto, as representações mais antigas conhecidas de menorot eram diferentes: geralmente tinham seis braços e o tronco central, e alguns exemplares raros têm apenas quatro braços. Não há consenso a respeito de como surgiu o candelabro de nove braços usado atualmente para comemorar Chanuká, especialmente diante de uma diretriz divina que orienta fazer menorot de sete braços inteiramente para outros fins, mas existem ideias intrigantes. O próprio Chanuká comemora o suposto milagre em que o óleo suficiente para durar um dia chegar a durar oito dias, no auge da revolução macabeia contra os opressores gregos no século 2 antes da Era Comum. Em nenhum lugar as fontes judaicas determinam que uma menorá seja iluminada em comemoração, mas essa é a prática atual. Quanto às menorot, uma das primeiras representações conhecidas data de cerca duzentos anos depois, e está em Roma. No entanto, a mais antiga referência a uma menorá é bem anterior, em um tempo a respeito do qual não se tem qualquer evidência arqueológica e que se refere ao vagar dos judeus no deserto.
Por uma diretriz divina, as imagens antigas das menorot de Chanuká geralmente tinham sete braços, mas surgiram alternativas em razão de um luto amargo e a uma proibição rabínica
trizes bem específicas e claras para o seu santuário e para a menorá que ficar no seu interior (Êxodo 25: 31-40): deveria ser feita de ouro batido, ter seis braços, três de cada lado, e com uma haste central. De fato, candelabros de sete braços aparecem em antigas moedas judaicas que datam do tempo do governante asmoneu Antígono 2 Matatias (40-37 antes da Era Comum). Uma menorá esculpida em uma pedra reconstruída na construção de uma igreja bizantina de 1.400 anos em Abila, na Jordânia, também tem seis braços principais (e é a melhor e mais antiga prova da presença judaica naquela cidade). No entanto, evidentemente, nem todos seguiram a diretriz divina para fazer candelabros com três braços de cada lado. Uma imagem bruta de menorá encontrada em um antigo túnel de drenagem em Jerusalém, esculpida em uma pedra e que data de pelo menos dois mil anos atrás, tem apenas quatro braços principais. Essa escultura poderia ser mais antiga ou contemporânea da menorá do Segundo Templo. Independentemente de Deus orientar ou não o design da menorá, o motivo dos braços que emergem de um caule central foi inspirado pela planta sálvia aromática (Salvia hierosolymitana), especula o botânico israelense Ephraim Hareuveni, em um livro divulgado por seu filho Nogah Reuveni. A base de sua teoria é unicamente a aparência da planta, conhecida localmente como moriá e que pode ser bastante parecida com a menorá. A explicação do historiador judeu da era romana Flávio Josefo é que os sete braços da menorá do Templo simbolizaram os “sete planetas”: “Foi feito com seus botões, lírios e romãs e taças... pelo que o eixo elevou-se no alto de uma única base, e se espalhou em tantos ramos como existem planetas...”, aqueles que são a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. E por que não, afinal os hebreus antigos estavam entre os povos com uma compreensão avançada da astronomia.
Deus determina: seis braços
Alguém entendeu errado
De acordo com a Bíblia, ao falar a Moisés no monte Sinai, Deus transmitiu dire-
Dados os antecedentes incertos da imagem
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da menorá de quatro braços encontrada em Jerusalém, é impossível dizer qual é a primeira representação. Ou com o que a grande menorá no Segundo Templo realmente se parecia. Durante anos, a menorá apresentada no Arco de Tito em Roma, celebrando a marcha triunfal das tropas romanas depois de esmagar a Grande Revolta Judaica em 70 da Era Comum, foi considerada a mais antiga representação conhecida, e também por mostrar a menorá como ela realmente era (os romanos deveriam saber, pois eles saquearam do templo). O emblema oficial de Israel foi até projetado com base nisso. Então, os arqueólogos que escavavam o bairro judeu da Cidade Velha de Jerusalém em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, encontraram a imagem esculpida de uma menorá na parede de uma mansão que aparentemente pertencia a judeus ricos no século 1 da Era Comum. Em outras palavras, eles podem ter sido contemporâneos da existência (e destruição) do Segundo Templo, e deveriam ter sabido como era a menorá verdadeira. Mas se tanto a menorá do Arco de Tito como a da casa deveriam representar a menorá do Templo, alguém errou. A menorá mostrada no Arco de Tito foi esculpida em três dimensões. A menorá na chamada “Mansão Herodiana” em Jerusalém é incisada, quase como uma linha de desenho, com mais ênfase nas protuberâncias de “brotos e flores” dos galhos. A grande diferença é que a base triangular da menorá da mansão é simples, enquanto a base da versão romana era escalonada em relevo. Não sabemos qual e se, tampouco, alguma delas, é uma descrição fiel da menorá do Templo, e poderemos nunca saber. Seja como for, a menorá levada pelos romanos do Segundo Templo desapareceu. Os vândalos que saquearam Roma em 455 da Era Comum teriam levado a menorá para Cartago, e cerca de oitenta anos depois, o general cristão bizantino Belisário a teria transportado para Constantinopla. Procópio, historiador da corte do imperador bizantino do século 6, Justiniano, diz que o chefe dele enviou este e outros equipamentos do Templo de volta a Jerusalém advertido pelos judeus de que lhe
Evidentemente, nem todos seguiram a diretriz divina para fazer candelabros com três braços de cada lado. Uma imagem bruta de menorá encontrada em um antigo túnel de drenagem em Jerusalém, esculpida em uma pedra e que data de pelo menos dois mil anos atrás, tem apenas quatro braços principais 49
COSTUMES E TRADIÇÕES aconteceriam coisas terríveis se não o fizesse. Se os cristãos realmente trouxeram a menorá de volta a Jerusalém, e se ela sobreviveu ao assalto persa da cidade em 614 EC, os estudiosos imaginam que provavelmente teria encontrado abrigo em uma das maiores igrejas de Jerusalém, conhecida como Nea que foi redescoberta perto da Porta de Zion, depois da Guerra dos Seis Dias, e desencadeou uma busca do candelabro desaparecido. Infelizmente, a menorá não foi encontrada e um vistoso playground foi construído sobre onde estavam os maciços cofres arruinados da igreja.
A imagem é banida, mas pelos rabinos Enquanto isso, imagens da menorá com quatro e oito braços poderiam ter surgido devido a uma proibição rabínica. Depois da destruição do Segundo Templo em seguida ao fracasso da revolta judaica em 70 EC, os sábios proibiram fazer qualquer acessório do Templo, incluindo menorot de sete braços (Talmud Babilônico, Rosh Hashaná 24a) de modo a não incentivar as mesmas práticas do Templo enquanto a grande casa de culto estava em ruínas. Para os estudiosos, a criação de um candelabro de nove braços pode ter sido uma maneira de contornar a proibição enquanto ainda se lembravam da menorá perdida no Templo. A primeira referência à celebração de oito dias de Chanuká, aparentemente, também vem do Talmud. No Tratado Avodá Zara (8a), os sábios imaginam que Adão, presumivelmente depois de seu primeiro outono, tenha ficado surpreso ao descobrir que os dias eram cada vez mais curtos. Ele atribuiu isso aos seus pecados e temia que logo a escuridão o envolvesse e à primeira família da Terra: “E assim ele jejuou por oito dias”. Depois do equinócio de inverno, quando os dias ficaram mais longos, ele acreditou que Deus respondera às suas preces “para que ele festejasse por oito dias”. Especialistas dizem que os sábios usaram a história para dar à Saturnália pagã, observada em torno do que se tornou Chanuká, 50
... PARA A RESENTAÇÃO REPR OF FIC CIA AL DO MBOLO DO SÍM ES STADO DE ISR RAEL,, COMO SE E VÊ À ENTRADA DO O KNESSET
um esforço teológico. Além disso, veio o conto muito amado da jarra de óleo consagrado e do milagre de oito dias, também do Talmud (Shabat 21b) para dar nossa celebração de heroísmo. Hoje, Jerusalém tem outro candelabro de sete braços, mas não está no Templo, destruído há dois mil anos, nem em qualquer lugar perto do local original no Monte do Templo. Localizado do lado de fora do Knesset, o candelabro tem pouco mais de quatro metros de altura e foi presenteado a Israel pelo povo da Grã-Bretanha em 1956. Nele está esculpido um versículo bíblico do profeta Zacarias: “Vejo um candelabro todo de ouro... com sete lâmpadas... ao seu lado estão duas oliveiras...’ Ele disse: “Você não sabe o que é isso?’”. E ele explicou: “Não por força, nem pelo poder, mas por Meu espírito, disse o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:1-6). É uma referência às limitações do poder humano em nossa existência, versus a esperança de que o espírito de Deus venha a prevalecer.
MAGAZINE
Por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
Finanças pessoais
NO ENSINO DE ISRAEL
de informação financeira”, diz o coordenador de educação financeira do Banco Central de Israel, Eylon Binyamin, em entrevista à revista Hebraica. Binyamin é um dos responsáveis no BC pela elaboração do projeto levado ao Ministério da Educação. O programa piloto aprovado será de duas aulas de noventa minutos cada. Entre os temas, a relação entre sonhos de consumo e o significado financeiro disto. Pelo programa, os alunos receberão um “presente” imaginário de trezentos shekalim (quantia semelhante em reais). Em seguida, serão apresentadas várias situações do cotidiano dos jovens, como uma sessão de cinema. A pergunta: vale a pena o entretenimento ou seria melhor poupar o dinheiro? Os alunos farão um plano de finanças de cinco meses, onde terão de balancear receitas recebidas de mesadas dos pais e ganhos como babysitter, em relação a despesas como compra de um novo smartphone, multa por não recolher o cocô do animal de estimação ou comprado o presente de aniversário para o amigo. O programa estimulará os estudantes a refletir a respeito das mesmas questões que também assombram os adultos: por que a
conta chegou negativa no final do mês? Os produtos comprados durante o período fizeram sentido? Qual será o impacto dos juros das compras no orçamento? A escolha da faixa de 14 anos foi por uma razão bem prática porque pela lei israelense esta é a idade mínima para abrir conta bancária no país. Todos os anos, setenta mil jovens entre 14 e 18 anos abrem conta bancária. “É importante os estudantes receberem conhecimento básico em finanças, aprendam como negociar e vasculhar o mercado para serem consumidores conscientes”, explica Binyamin. Os estudantes também serão orientados acerca de como preencher um cheque e identificar uma cédula falsa. Também entenderão os conceitos básicos dos investimentos disponíveis no mercado israelense. No final do programa, serão submetidos a um exame com questões do cotidiano financeiro da juventude atual (veja box). O entusiasmo das escolas pela nova cadeira surpreendeu os técnicos do Banco Central. “Esperávamos que quatrocentas classes se registrassem para o programa piloto, mas recebemos pedidos de quase o dobro. Isto é, neste final de ano, cerca de 20% dos jovens de 14 anos de idade
Dinheiro na mão é vendaval Sede do Banco Central de Israel, onde Eylon Binyamin é coordenador de educação financeira
Muitos de nós, adultos, somos verdadeiros ignorantes para calcular juros numa compra ou na escolha do melhor investimento no banco. A culpa normalmente é colocada na escola, que ignora a disciplina das finanças pessoais. O Banco Central de Israel quer acabar de vez com esta desculpa 52
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este final de ano, foi dada a largada para um ousado projeto nas escolas públicas israelenses, com o objetivo de introduzir finanças pessoais no currículo dos jovens de 14 anos de idade. Cerca de 750 classes se apresentaram como voluntárias para testar o novo material. Pela primeira vez na história do país, estudantes discutirão temas como estratégias para economizar o dinheiro ganho como babysitter ou calcular os juros embutidos na compra de um smartphone. “Cerca de 40% dos adultos israelenses estão com as contas bancárias no vermelho, e uma das principais razões é a falta
O currículo de finanças pessoais elaborado para as escolas públicas israelenses quer apresentar aos jovens soluções para alguns dilemas bem práticos da vida atual. Eis algumas das questões que serão discutidas em sala de aula: Danit tomou empréstimo de mil shekalim a juros de 6% ao ano para comprar um smartphone. Quanto terá de devolver após dois anos? Liat, de 18 anos, quer comprar uma blusa da moda. Em vez de pagar em dinheiro, que outros modos ela tem à disposição para fazer a transação? O orçamento mensal de Oren inclui cem shekalim de mesada, cinquenta shekalim recebidos de presente do avô e 450 shekalim ganhos trabalhando três dias da semana como babysitter. Como classificará tudo isto em seu orçamento mensal? A família Cohen decidiu economizar nas despesas de casa. Mas de quais pagamentos não conseguirão abrir mão de nenhum jeito durante o mês? 53
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do país estarão participando do experimento”, diz Binyamin. O curso será ministrado por funcionários ativos dos bancos israelenses, a maioria gerentes de bancos comerciais, que se ofereceram para participar do programa-piloto. Mas isto já provoca polêmica. Como impedir que estes profissionais, em vez de lecionar finanças pessoais, façam propaganda das instituições bancárias onde trabalham, atraindo os jovens a abrir uma conta bancária logo após o curso, na mesma agência onde trabalham? Para evitar este tipo de malandragem, os professores voluntários foram instruídos a não entrar em sala de aula com nada que possa identificar o banco onde trabalham, tanto na roupa quanto na pasta de trabalho. Também terão de seguir rigidamente o material da apostila do curso. “Haverá também um representante da escola acompanhando o curso e enviaremos pessoal do próprio Banco Central para evitar qualquer tipo de marketing inapropriado”, diz Binyamin. O Banco Central também vai aproveitar para educar os pais dos estudantes, a maior parte deles também ignorantes em matéria de finanças pessoais. Será desenvolvido um site com todo o material utilizado na sala de aula para os adultos também poderem ter acesso às ferramentas básicas ensinadas no programa, como cálculo de juros, coisa que muita gente grande ainda desconhece. “Um cidadão que pouco sabe a respeito de investimentos bancários ou cálculo de juros prejudica toda a economia. O Estado de Israel é o primeiro interessado na estratégia de fazer avançar a educação financeira no país”, diz Binyamin. 54
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12 NOTÍCIAS
Ariel Finguerman ariel_finguerman@yahoo.com
BOA NOTÍCIA – Mais um sinal da estabilidade econômica em Israel: o governo ordenou um novo aumento real do salário mínimo no país. A partir de janeiro, quem varrer a rua durante cinco dias da semana, por oito horas, receberá 5.300 Shekalim (valor semelhante em reais). Este é o quarto aumento real do mínimo nos últimos três anos, numa economia praticamente sem inflação. É mais uma iniciativa do superministro das Finanças, Moshé Kahalon, figura em ascensão na política israelense. Cerca de 25% dos assalariados israelenses recebem salário mínimo.
AMIGO ALEMÃO – O governo alemão anunciou a venda, a preço camarada, de mais três submarinos da classe Dolphin, considerados entre os de melhor tecnologia do mundo. Com isto, a frota israelense terá nove submarinos e capacidade para carregar mísseis nucleares. Não há no mundo mais forte mensagem contra inimigos como o Irã. Estas embarcações podem ficar submersas por semanas, são praticamente indetectáveis por radares e tem capacidade para circular pelos oceanos afora. Cinco submarinos já estão em operação, um em construção e agora mais três. O preço: dois bilhões de euros e o governo alemão entrará com quinhentos milhões, como presente de amigo.
BBC PAZ E AMOR – Esta é para quem ainda reclama da cobertura tendenciosa da BBC: a TV inglesa vai marcar os setenta anos do Estado de Israel, ano que vem, com um reality show filmado em um kibutz. Eles procuraram a Associação dos Kibutzim com um pedido para indicar a melhor locação para um programa em que dez jovens judeus britânicos terão a intimidade capturada enquanto trabalham como voluntários em uma fazenda coletiva israelense. A ideia é apresentar os grandes temas da vida na sociedade de Israel e como cada um dos participantes irá tratá-los. O programa também acompanhará os participantes em viagens pela Terra Santa.
RECADO DA MOÇADA – Uma pesquisa entre oito mil universitários israelenses revelou uma situação arrepiante para as universidades tradicionais do país. No quesito satisfação dos alunos, o Technion de Haifa ficou apenas na 15a colocação, mas fez mais bonito que a Universidade de Haifa (20a), a Bar-Ilan (21a), Tel Aviv (28a) e a Hebraica de Jerusalém (31a). Liderando a lista de melhor academia do país, pelo menos na avaliação da moçada, está a IDC de Herzliya, privada. A única instituição pública entre as cinco melhores destacadas pelos alunos é a Rupin, desconhecida fora do país.
BRUCHIM HABAIM – O site de compras chinês Alibaba, considerada a maior loja do mundo, aterrisou em Israel. Os chineses anunciaram que o Estado judeu fará parte de um seleto grupo de países onde nos próximos anos investirão quinze bilhões de dólares em desenvolvimento tecnológico. A Alibaba emprega 25.000 engenheiros e, por enquanto, procura cem destes profissionais em Israel. A empresa ainda não decidiu se abrirá escritório próprio em solo israelense ou se comprará start-up já existente. Entre os outros países escolhidos estão EUA, Rússia e Singapura. A Alibaba é avaliada em mais de U$ 230 bilhões e suas vendas on line são maiores que todas as lojas virtuais dos EUA juntas.
LITERATURA DE VALOR – Novas cédulas do shekel israelense começarão a circular este mês, com a estampa homenageando duas poetisas locais, já falecidas: Leah Goldberg (100 Sh) e Rachel (20 Sh). Desta forma, o Banco Central completa a série que já trazia as figuras dos poetas Natan Alterman (200 Sh) e Shaul Tchernichovsky (50 Sh). Acabou o tempo em que as cédulas israelenses mostravam políticos e rabinos. Mas o governo pediu atenção redobrada ao público: falsários aproveitam esta fase em que o público desconhece as novas notas para jogar no mercado dinheiro falsificado, mesmo que feitas de forma grosseira.
PACTO DE SANGUE – O Pentágono anunciou que irá comprar de Israel a tecnologia para proteger seus tanques de guerra contra ataques de mísseis. O sistema foi desenvolvido pela Rafael, a gigante estatal de armamentos. O contrato será de trezentos milhões de dólares e terá a parceria da General Dynamics, a quinta maior empresa do mundo no setor, com sede no Estado da Virgínia e responsável por equipar os jatos da força aérea dos EUA. Os norte-americanos evitam comprar tecnologia militar de estrangeiros, mas os engenheiros locais não conseguiram desenvolver tecnologia de proteção a tanques, já existente na Rússia.
VERGONHA MUNDIAL – Com a acusação de assédio sexual contra Harvey Weinstein, centenas de personalidades ao redor do mundo vieram a público revelar que também sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho. Em Israel, sob o hashtag Gam Ani (“Eu Também”), mulheres famosas contaram pavorosos casos que viveram. A atriz Yael Abecassis, que estrelou alguns dos principais filmes do país nos últimos vinte anos, disse que sofreu assédio “como menina, aluna, soldada e atriz”. A poderosa política Limor Livnat, ex-ministra da Educação, revelou que sofreu assédio no Tzahal e no Knesset: “Não reclamei, eram outros tempos em que te viam como um brinquedinho”. 56
ÊTA, NÓIS – A região de Tel Aviv amanheceu com cartazes anônimos parabenizando os ganhadores do sorteio promovido pelo aplicativo Telegrass: um quilo de maconha para o primeiro colocado e meio quilo para o vice. O aplicativo, ilegal, mas inacessível pela polícia, foi desenvolvido nos EUA por um ex-israelense. Ali se reúnem interessados em comprar a erva de cerca de 1600 vendedores cadastrados secretamente. O aplicativo é exclusivo para o público israelense e tem cem mil inscritos. As autoridades não têm como interceptar as conversas. Calcula-se que sejam negociados ali diariamente quinhentos mil shekalim (valor semelhante em reais). Mas a polícia avisou: se prender o ganhador do sorteio com tanta erva, a pena será de vinte anos de prisão.
VAMOS CELEBRAR – O manuscrito original da canção Hava Nagila é o destaque da exposição na Biblioteca Nacional de Jerusalém, que comemora os cem anos da Declaração Balfour. A famosa música foi composta como uma reação festiva à promessa dos ingleses em apoiar a criação de um lar nacional aos judeus na antiga Palestina. A melodia, diz a exibição, foi inspirada em uma canção hassídica tradicional entre os judeus ucranianos. Já a letra, que significa “vamos celebrar e nos regozijar”, foi retirada do Salmo 118. O então estudante de música, Moshé Nathanson, é o autor desta que é considerada uma das primeiras canções hebraicas da era moderna. 57
12 NOTÍCIAS ORGULHO BÍBLICO No mês passado foi inaugurado o Museu da Bíblia (The Museum of the Bible), em Washington. Com oito andares e um custo de quinhentos milhões de dólares, é considerado o museu mais high-tech do mundo. A entrada será gratuita. Criado por um bilionário evangélico, a exibição teve participação íntima da Autoridade de Antiguidades de Israel, o poderoso departamento de arqueologia do Estado judeu. A exibição inclui exemplares históricos de Sifrei Torá, uma reprodução da vida na Israel antiga e muitas menções à influência da Bíblia na formação de gente como George Washington e Abraham Lincoln. O objetivo político do museu é claro: está localizado a dois blocos do Congresso norte-americano e, para a inauguração, estava prevista a presença do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ele mesmo um evangélico. Pesquisa entre os deputados e senadores norte-americanos mostram que nove entre dez deles se declaram cristãos. Bela iniciativa do governo de Israel em participar deste empreendimento. Não há maior contribuição judaica para a cultura humana do que a Bíblia. Mesmo o Novo Testamento foi uma obra quase toda escrita por judeus. A Bíblia é uma fonte de orgulho inesgotável por nossa contribuição à cultura mundial. E continua sendo nossa principal resposta para os que se levantam contra nossa presença na Terra Santa.
SÓ PARA QUEM PODE – Sabe-se que que o maior nó da economia israelense é a pouca oferta de apartamentos e casas para a população, o que faz os preços explodirem. Como resultado, quase todo mundo está pendurado em hipotecas a perder de vista nos bancos. Quase todo mundo, porque como sempre, os muito ricos vivem num planeta diferente. Em Tel Aviv, os novos empreendimentos imobiliários são, basicamente, para atender a esta ínfima parcela despreocupada com boletos bancários. No topo das ofertas multimilionárias, está a cobertura do edifício Arlozorov 17, para quem conhece, entre a alameda Dizengoff e a praia. É o mais caro imóvel à venda hoje em Israel: duzentos milhões de shekalim (valor semelhante em reais). No cardápio, 870 metros quadrados, com ampla vista para o mar e boa parte do país, sala de cinema, piscina e academia de ginástica privativas. Caro? Por 130 milhões de shekalim, o segundo colocado oferece em 1.300 metros quadrados uma cobertura na área nobre Sarona, que inclui piscina privativa de 25 metros, que passa pela sala de estar. Mas se seu estilo é mais descolado, a recomendação é a cobertura do White City Residence, encravado no bairro boêmio Neve Tzedek. E, por 65 milhões de shekalim, você leva a última cobertura disponível neste edifício, com decoração assinada por Giorgio Armani. Corram. Estas ofertas têm tempo limitado. 58
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Por Bernardo Lerer
Vozes de Paz em Tempos de Guerra Sarita Mucinic Sarue | Humanitas | 202 pp. | R$ 31,96
Diário de Blumka Iwona Chmielewska | Pulo do Gato | 90 pp. | R$ 45,00
Palavra de Médico – Ciência, Saúde e Estilo de Vida Dráuzio Varella Companhia das Letras 294 pp. | R$ 39,90
Parece um daqueles livros que responde a muito que você queria saber e tinha vergonha de perguntar. Pois o conhecido doutor, que está em todas e autor de vários best-sellers responde a todas essas questões dedicando módicas páginas a dúvidas e derruba mitos como a respeito de torresmo a pururuca, suplementação de cálcio, pílulas mágicas, mitos e fatos acerca da obesidade; descortina novos horizontes da medicina, trata de comportamento e saúde pública, dos males da vida e do tempo, do paciente e da prática médica, de história da medicina e fecha o livro falando do milagre da concepção.
É um livro curto, mas como dizia um dos personagens retratados nele, o dr. Janusz Korczak, “às vezes não se aprende nada novo de um livro longo, mas muito de um curto”. Curto e um dos mais perfeitos retratos do que foi “a casa”, isto é, o orfanato que serviu de abrigo para as cerca de duzentas crianças sob os cuidados de Korczak, onde tudo girava em torno do amor, da compreensão, da solidariedade e do respeito à infância. A autora escreveu em 1960 e, nele, texto e imagem, realidade e ficção se juntam para dar rosto e individualidade a cada criança cujo trágico destino é lembrado por meio de uma inscrição de metal em um bloco de granito. Blumka parou de escrever e desenhar seu diário quando a guerra começou e tudo terminou.
Manuscritos do Mar Morto Humanitas / 219 pp. / R$ 35,00
Há exatos setenta anos, um pastor beduíno que procurava uma ovelha desgarrada encontrou uma série de manuscritos acondicionados em vasos, numa caverna abandonada. Eram textos conservados há mais de dois mil anos, se tornaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto e cuja leitura e interpretação revolucionaram os estudos a respeito da sociedade israelita nos séculos 3 antes da Era Comum e 1 aEC no que se refere à religião judaica e ao nascimento do cristianismo. O livro reúne textos de estudiosos brasileiros e estrangeiros a respeito do assunto.
Oliver Twist Charles Dickens | Amarilys |476 pp. | R$ 83,30
Na manhã de 6 de julho de 1840, Charles Dickens era uma das trinta pessoas que assistiram horrorizadas à execução do jovem François Courvoisier, condenado pelo assassinato do patrão aristocrata e que se inspirara na leitura do romance Jack Sheppard, cujo autor, Harrison Ainsworth, era amigo de Dickens. Charles tinha 28 anos, mas desde os 25 escrevia Oliver Twist, publicado em fascículos na revista Bentley’s Miscelanny exatamente a respeito do mundo do crime e da ilegalidade que povoava a Londres do século 19, ocupada dia e noite por pequenos e grandes delinquentes, vagabundos e pivetes, personagens que inspiravam medo e fascínio. Uma obra-prima em versão integral. 60
Poucos conhecem a vida, a obra e o papel de Janusz Korczak, nascido Henryk Goldszmit, para quem “as diferenças religiosas e culturais entre os povos” seriam resolvidas pela educação e as diretrizes que propunha foram tão importantes que se tornaram base para a “Declaração dos Direitos da Criança” proclamada pela ONU em 1959. Agora, Sarita lança esse livro no qual traça um perfil do educador polonês que marchou com as duzentas crianças sob seus cuidados em direção ao campo de Treblinka. Em suas pesquisas, ela descobriu que Korczak esteve na então Palestina para conhecer os kibutzim e os moshavim.
Cartas de Elise Luís Ernesto Lacombe Heilborn | Tinta Negra 251 pp. | R$ 44,57
O livro parece ficção, mas é tudo real: Ernst Heilborn nasceu na Alemanha e chegou ao Brasil em 1934, fugindo à ascensão do nazismo. Aqui, casou-se com Lisette que viveu 96 anos, até 2006. Descobriu-se, então, no apartamento dela caixas contendo postais, fotografias, recortes de jornal e principalmente as cartas de Elise, a mãe de Ernest, ao filho contando tudo o que se passava naqueles tempos na Europa. Esse material ficou com uma das netas de Ernst, Cristina, que mora na Alemanha. Ela pediu ao irmão, o jornalista Luis Ernesto Lacombe, para escrever a história da família e cujo resultado é essa “Uma História Brasileira sobre o Nazismo” em que algumas cartas se transformam em diálogos e outras são reproduzidas na íntegra.
Turing Jean Lassègue | Estação | 232 pp. | R$ 42,00
Esta é a história de um legado que deu os fundamentos para a moderna era da computação. É a história de Alan Turing, contada no filme O Jogo da Imitação, um retrato do jovem que nos anos 1930 vislumbrou a teoria dos “números computáveis”, isto é, a teoria dos atuais computadores. A Segunda Guerra absorveu o seu talento na criação de um decodificador da máquina alemã Enigma e com isso conseguiu salvar centenas de milhares de vidas. Pouco conhecidas e, ao contrário, muito importantes, foram as descobertas, décadas a frente de seu tempo em biomatemática e física.
Sonata em Auschwitz Luize Valente Editora Record 378 pp. | R$ 44,90
O nascimento de um bebê nas barracas de Auschwitz-Birkenau, em setembro de 1944, coincide com os primeiros acordes da sonata composta por um jovem oficial alemão, no mesmo local, e de onde fugiria logo depois, diante do avanço do exército soviético. A relação do bebê com o oficial chega a Amália que, décadas depois, levanta o véu do passado nazista da família a partir de uma partitura revelada a ela pela bisavó alemã. A autora inspirou-se na conversa que teve com uma sobrevivente do Holocausto que teve um bebê no campo e não sabe se a criança sobreviveu.
Demografia na Unicamp Elza Berquó (org.) Editora Unicamp 596 pp. | R$68,00
Poucas pessoas se dão conta da importância da demografia e da necessidade de seu estudo pelas implicações políticas, econômicas, sociais e culturais. Um dos mais importantes centros de estudos demográficos é o Nepo– Núcleo de Estudos Populacionais – da Unicamp, dirigido pela demógrafa Elza Berquó. Os estudos do Nepo serviram inicialmente para instruir a atuação de órgãos públicos e da sociedade civil e depois ampliou as fronteiras da demografia para compreender questões como saúde reprodutiva e sexualidade, redistribuição espacial da população, , saúde e população, demografia e etnias, etc. 61
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Por Bernardo Lerer
DESCONSTRUINDO “OS PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO” Pode-se dizer que foi um sucesso a campanha de arrecadação de fundos pela internet para financiar a tradução e edição, em português, de A Força da Mentira – A Grande Farsa dos Protocolos dos Sábios de Sião, de Hadassa Ben-Itto, que integrou a Suprema Corte de Israel até meados dos anos 1990 quando decidiu se entregar à tarefa de pesquisar a origem, a divulgação e a disseminação desse livro apócrifo que estimula o ódio racial e, principalmente, o antissemitismo. Hadassa disse a Miriam Sanger que vai traduzi-lo do hebraico, que “lutar contra uma mentira significa contar uma verdade”. Em 1934, coincidentemente com a ascensão do nazismo, o livro foi condenado na África do Sul e na Suíça, as sentenças foram esquecidas e o livro ganhou notoriedade mundial traduzido para quase todas as línguas e só no Brasil teve mais de duzentas edições. A primeira edição do livro de Hadassa data de 1998 e em inglês, e depois disso foi traduzido para o russo, espanhol, holandês, farsi, árabe, búlgaro, romeno e alemão.
Mãos de cravo Zuzana Růžičková tinha 90 anos e morreu em setembro último. Era judia e foi uma das maiores cravistas de todos os tempos. Nasceu na então Tchecoeslováquia e sobreviveu à internação em Theresienstadt, à remoção para Auschwitz junto com a mãe e, depois, às investidas de Stalin e ao expurgo que se seguiu à Primavera de Praga, em 1968. Ao ser deportada para o campo de trânsito nos arredores de Praga, em junho de 1944, onde o pai morreu de tifo, o bem mais precioso que carregava era a partitura completa da Sarabanda em Mi Bemol Menor das Suítes Inglesas de Johann Sebastian Bach, para cravo. Quando a guerra terminou, Zuzana, que foi tema do documentário Zuzana: Music is Life, tinha 18 anos e estava com as mãos danificadas em razão do trabalho pesado a que foi submetida, em Hamburgo, para onde foi levada, com a mãe, para ajudar no esforço de guerra alemã, depois do desembarque aliado na Normandia. Um pouco antes de a guerra terminar foi mais uma vez transferida para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde contraiu peste bubônica. Vivas, as duas voltaram para Praga. Zuzana estudava piano, mas tentou o cravo a partir de um folheto que apanhou na rua convidando interessados em estudar o instrumento na Academia de Música de Praga. Lá ela conheceu o compositor Viktor Kalabis, não judeu, com quem se casou e ambos sentiram a mão pesada do antissemitismo, pois era um perigo, para ele, casar com uma judia. Outro episódio: ela foi proibida de executar a première do Concerto para Cravo de Bohuslav Martinu em uma apresentação com a Filarmônica Tcheca, regida por Karel Ancerl. Dias antes do espetáculo, um comissário do Partido Comunista comunicou-a da proibição, sob a alegação de que ”um judeu (Karel) na Filarmônica é mais do que suficiente”. Zuzana gravou a integral das obras de Bach para cravo. 62
Saudades de Itzhak Rabin A falta que faz as ideias de Itzhak Rabin na atual conjuntura política de Israel levou milhares de israelenses às ruas e aos mais variados textos nos blogs e jornais mesmo que o aniversário da morte dele é uma data quebrada: 22 anos. Um destes blogs, por exemplo, assinado por Nasreen Hadad Hai-Yahya, pesquisadora do Instituto para a Democracia em Israel e assistente do Departamento de Geografia da Universidade de Tel Aviv, lembrou que Rabin, assassinado por um fanático direitista foi aquele que, na primeira Intifada pediu aos soldados de Tzahal para “quebrar braços e pernas (dos palestinos)”, foi o mesmo que, depois lutou pela igualdade de direitos de judeus e árabes israelenses. Num evento em 1992, em Nazaré, ele disse que “temos estado no poder por 29 anos e somos culpados pela discriminação. Em razão disso, peço perdão e vou lutar para erradicar a discriminação”. Mais conhecido por suas ações políticas, Rabin destinou centenas de milhões de shekalim para melhorar o sistema educacional nas vilas e povoados árabes, foi o primeiro a indicar um árabe-israelense para presidir uma empresa estatal de modo a tornar realidade o fato de a população árabe fazer parte do processo de tomada de decisões. Ele aumentou o orçamento da educação em 70%, instituiu o National Health Insurance Law, ampliou o investimento e a criação de escolas públicas na periferia das grandes cidades. A sorte é que tudo isso se manteve apesar das mudanças de governo.
O “DESERTO”, DE LUÍS KRAUSZ
A Viena dos judeus
O professor Luís S. Krausz foi um dos convidados especiais da Semana Brasileira de Literatura, em Viena, no início de novembro, e depois fez palestra em Berlim. Nos dois eventos, seu livro Deserto foi tema e fio condutor. O livro foi editado no Brasil em 2013, pela Benvirá, e teve grande sucesso, pois a história gira em torno de fatos que afetam a média das famílias judaicas do Brasil. Na década de 1970 um grupo de adolescentes brasileiros vai a Israel ajudar na colheita de frutas cítricas e aprender da história do país. Era o famoso Tapuz, programa infelizmente encerrado. Eles têm alguns dias de folga mas são proibidos de viajar para a Europa porque um judeu ingênuo poderia se desviar do caminho do sionismo. Mas um deles se desliga do grupo, vai para Londres, e a partir daí, o autor conta a história de famílias de judeus russos e do Império Austro-Húngaro dispersas no entre-guerras. O jovem parece reatar os laços entre parentes de Israel, Inglaterra e Brasil, mas sabe que o tempo e o esquecimento romperam estas ligações para sempre. O autor se refere ao Holocausto num contraponto às exaltações que faz à Europa Central e ao fascínio pela cultura austríacoalemã, a mesma de onde brotaram a barbárie e a selvageria.
Diz-se que a belíssima Viena é uma cidade de edifícios fantasma, em alusão ao fato de que cerca de 180.000 judeus lá viviam antes da Segunda Guerra desfrutando dos campos de futebol do Hakoach, dos três mil assentos da sinagoga Leopoldstadt, das dependências das cerca de oitenta sinagogas das quais apenas uma, a Stadttempel, sobreviveu e atende aos estimados sete mil judeus que compõem a atual comunidade. Ela foi recentemente restaurada pelo arquiteto Thomas Feiger, 70 anos, que vem dedicando a carreira a tentar reconstruir o que for possível da antiga majestosa comunidade judaica da capital austríaca. Ele é o responsável por dezoito projetos cuja materialização deverá sugerir o que foi a Viena dos judeus, desde o final do século 19 até o Anschluss da Áustria, em 1938, e que têm papel fundamental na vida comunitária. É o caso do novo Hakoach Sports Center, parte de um moderno centro de convivência, um dos maiores do gênero, na Europa, com uma edificação ao estilo do início do século 20 e a única escola secundária judaica da cidade. Recentemente, Feiger inaugurou o novo edifício do Simon Wiesenthal Institute for Holocaust Studies com auditório, biblioteca, os grandes arquivos e locais para acolher pesquisadores do Holocausto. Ironicamente, o edifício está a pouco mais de cinquenta metros do local onde funcionou o antigo Hotel Metropole que serviu de quartel-general da Gestapo, em Viena. No edifício ao lado funcionava o que seria a Federação Israelita local e que Adolf Eichmann transformou, em agosto de 1938, na Agência Central para Imigração Judaica. Tanto quanto reconstruir antigos locais caros à história judaica da cidade, os trabalhos de Feiger acabaram descobrindo vestígios do campo Vindobona, do tempo dos romanos, e o muro original que cercava a cidade, no século 13.
História que emerge dos túmulos Nestes tempos de máquinas digitais quase autônomas, pois fazem de tudo sozinhas, para o fotógrafo e jornalista David Kaufman até as máquinas analógicas, aquelas que usam filmes, – lembram-se? – são consideradas modernas. Por isso ele gosta mesmo é de fotografar com máquinas bem antigas, de fole e que até há algum tempo eram usadas pelos profissionais de rua conhecidos como lambe-lambe. Tanto quanto a qualidade do equipamento, o que o seduz é o fato de o fole evitar a possibilidade de distorcer as imagens daquilo em que se especializou, a fotografia de arquitetura. Assim, Kaufman, de fato olha o mundo e as formas que o homem lhe dá através de lentes que fizeram história. Ele descobriu em edifícios decrépitos, neste caso, principalmente sinagogas ao redor do mundo, construções que desafiam aquilo que chama de “homogeneidade rasteira” das novas paisagens urbanas. Ele estava interessado em fábricas abandonadas, fachadas de lojas, e equipamentos que caracterizavam os anos 1950, no Canadá, onde vive, e nos Estados Unidos, até quando viajou para a Polônia, em 1992, para fotografar crianças judias que viviam quase clandestinamente. Ai se deparou com trezentos túmulos de um cemitério judeu que emergiram durante a construção de uma caldeira a vapor de uma escola. Desde então, Kaufman dedicou-se a percorrer cemitérios judeus de Varsóvia e de Lodz e fotografar as pedras tumulares como mais uma forma de reescrever a história das comunidades judaicas dessas cidades devastadas pela barbárie nazista. Ele diz que são “paisagens póstumas que documentam uma perda monumental”.
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A PALAVRA
Por Philologos
Por que as grandes garrafas de vinho têm nomes de
O venerável Oxford English Dictionary, ao definir um jeroboam como “uma tigela ou cálice grande” ou “garrafa de vinho muito grande”, mostra quando a palavra apareceu pela primeira vez numa obra de Walter Scott, de 1806
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ossa era não é de leitura da Bíblia. Pergunte-se o que nomes como Jeroboam (Jereboão), Rehoboam, Nebuchadnezzar (Nabucodonosor) e Shalmaneser (Salmanazar) têm em comum e é mais provável que se sugira pertencer a bandas de rock do que a reis bíblicos. E, mesmo que nossa era seja de beber vinho, quantos dos que conhecem a resposta correta saberiam da existência de mais uma resposta: esses mesmos nomes também representam diferentes tamanhos de garrafas de vinho? Eu não sabia disso até encontrar, recentemente, um artigo a respeito do assunto que aguçou a minha curiosidade. Como a maioria dos bebedores de vinho, compro naquelas garrafas padrão de três quartos de litro, simplesmente chamadas de “garrafas de vinho”. Nunca comprei uma garrafa de dois litros, conhecida no comércio do produto como “magnum”, ou uma garrafa de três litros ou jeroboam, muito menos uma rehoboam (4,5 litros), methuselah (seis litros), salmanazar (nove litros), balthazar (doze litros), nebuchadnezzar (quinze litros), melchior (dezoito litros), solomon (21 litros) ou melchizedek (trinta litros). Qualquer garrafa dessas seria um presente im64
pressionante. Uma vinícola francesa anuncia que entrega uma melchizedek de champanhe onde o cliente quiser por módicos 4.386 euros, sem contar o frete. O fato é que além da magnum e da jeroboam, poucos desses nomes, segundo o colunista britânico Michael Quinion, foram usados. A maioria deles, diz Quinion, “parece ter sido criações fantásticas, sonhadas por uma pessoa ou pessoas desconhecidas com base nas associações bíblicas de jeroboam”. Sabemos “muito pouco sobre o ‘como’ e o ‘porque’ [do nome de garrafas de tamanho diferente], e nada sobre ‘quem’ ”. O comentarista do vinho Rupert Millar concorda com Quinion e escreve no site thedrinksbusiness.com, que Jeroboam era o rei bíblico original que emprestou o nome a uma garrafa de vinho e que os outros nomes bíblicos imitaram isso, provavelmente com bom humor. No entanto, diz Millar, ninguém sabe por que o monarca israelita Jeroboam, mencionado no Livro dos Reis, foi associado em primeiro lugar com vinho ou duas garrafas. Para Millar, “salvo uma descoberta dramática, teremos de considerar os motivos perdidos na história”. E, na mesma linha, outro investigador, o jornalista suíço Philippe Margot, conclui que “ninguém realmente conhece a origem dos nomes bíblicos dessas grandes garrafas de vinho e champanhe”. No entanto, nenhum desses escritores leva a sério a teoria das origens da palavra proposta pelo venerável Oxford English Dictionary, cujo volume nas letras I-K data de 1899-1901. Ao definir um jerobo-
am como “uma tigela ou cálice grande” ou “garrafa de vinho muito grande” e mostra quando a palavra apareceu pela primeira vez numa obra de Sir Walter Scott, de 1806, que fala de fazer “um jeroboam de brandy em uma manhã gelada”, o dicionário afirma que o termo deriva do homônimo bíblico, porque ele é descrito pelo livro dos reis como “um homem poderoso de valor que fez Israel pecar”. (Na Bíblia, Jeroboão – o Yerov’am em hebraico – lidera uma revolta contra o filho de Salomão, Roboão, põe fim ao reino unificado de Davi introduzindo a adoração de ídolos e no reino do norte de Israel, que fundou.) É fácil entender porque, apesar da autoridade do Oxford English Dictionary, Quinion, Millar e Margot rejeitam essa explicação. Afinal, se o tamanho físico, a força ou a coragem tivessem algo a ver com isso teria sido mais natural chamar um jeroboam de Sansão, Golias, Aquiles, Atlas ou Hércules? “Jeroboam” nunca foi símbolo, em inglês, para um homem de grande força física ou corpulento, assim como os nomes desses outros personagens bíblicos e clássicos, e a Bíblia não explica nada do que consistiria o seu “valor”. Embora o Jeroboão do Livro dos Reis deva ter algo a ver com o jeroboam das garrafas de vinho, não há confirmação. O que é então? Folheando o Oxford English Dictionary de 4.136 páginas deparei com a palavra “jorum” – grande taça ou vaso de beber, também o seu conteúdo, especialmente uma tigela de ponche –, cujo primeiro registro data de 1730. E, apesar de origem ter sido considerada “incerta”, segundo o dicionário há “conjecturas de que seja o mesmo nome de Joram, que ‘trouxe consigo vasilhas de prata, vasilhas de ouro e vasilhas de bronze’ (2 Samuel 8:10). Cf. “Jeroboam”. Esta “conjectura” certamente fez mais sentido do que a explicação mais segura do Oxford English Dictionary a respeito de “jeroboam”. Ao contrário de Jeroboam, a figura de Joram, o Yoram da Bíblia hebraica, cujo pai To’i enviou vasos caros com ele como presente ao aliado David, tem conexão com as tigelas de beber.
Reconstruindo os eventos 1. Havia uma palavra inglesa “jorum”, mais antiga do que “jeroboam”, que indicava uma grande tigela para beber. 2. Esta palavra foi, justa ou indevidamente, mas não irracionalmente, tomada pelo nome do personagem bíblico de Joram. 3. Em algum momento no século 18, alguém com espírito biblicamente experiente, pegou o nome Jeroboam, semelhante a Joram, e o aplicou também a uma tigela, ou talvez a algo ainda maior. 4. Com o tempo, “jeroboam” começou a significar uma tigela muito grande, uma garrafa muito grande e, por que não?, uma garrafa de três litros. 5. Como uma garrafa de três litros era chamada de jeroboam, o caminho estava aberto para dar nomes bíblicos que, quanto mais misteriosos e mais divertidos, melhor, a garrafas de outros tamanhos; daí os rehoboams, methuselahs e melchizedeks. É muito provável que isso tenha acontecido. Mas a palavra
“jorum” realmente vem de Joram do Livro de Samuel? Não tenho tanta certeza. E, quem tivesse certeza teria escrito “joram”, e não “jorum”. E “jorum” sempre é, como no poema em dialeto escocês de 1766 de Robert Burns “O May, Thy Morn”, que faz o brinde “And here’s to them that like oursel [ourselves]/Can push about the jorum! (E viva aqueles que, como nós/ podem empurrar o jorum (goela abaixo)!”. “Push about the jorum” (“empurrar o jorum”) era a expressão escocesa para participar de uma noite para beber socialmente em que uma grande panela de bebida destilada era passada de mão em mão em volta da mesa. Walter Watson, outro poeta escocês do século 19, escreveu um verso humorístico chamado “Push About the Jorum”, que saúda uma boa farra. Quando a dura semana de trabalho acaba, há tempo para o lazer de fim de semana. Há também uma reel popular camponesa, uma espécie de quadrilha escocesa, chamada “Push About the Jorum”, e a palavra também era conhecida na Irlanda, onde se referia a uma medida de whisky – tudo sugere uma palavra gaélica em vez de uma de origem bíblica. No entanto, não conheço nenhuma origem gaélica para “jorum”, nem qualquer reivindicação substantiva feita pelo folclorista norte-americano Gershon Legman em sua edição de The Merry Muses of Caledonia, de Burns, de que um jorum era originalmente um penico usado para bebidas alcoólicas apreciadas socialmente. Talvez Legman tenha confundido com um jeroboam, pois, curiosamente, outra definição da última palavra, no monumental English Dialect Dictionary de Joseph Wright, é de um “utensílio de quarto”. Mas isso dificilmente poderia ter sido o significado original de “jeroboam” e deve ter chegado a isso porque as tigelas de beber foram usadas como penicos, e não porque os penicos fossem usados como tigelas para beber. O mistério, em qualquer caso, passou de “jeroboam” e seus derivados. Isso agora tem a ver com “jorum”, e é um passo à frente. 65
GALERIA Fotos: Flávio Mello e Eliana Assumpção
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Fotos: Flávio Mello
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2 1 E 2. A LINHA DE FRENTE DE NA’AMAT NA FEIRA DA COMUNIDADE; PÚBLICO COMPARECEU ÀS COMPRAS E PARA SABOREAR AS DELÍCIAS DA COMIDA JUDAICA
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1. TERESINHA NIGRI, ARIELA BASICHES, DANIELA HORN E LILIAN NIGRI APROVARAM O ESPAÇO INAUGURADO PELA ESTILISTA NATALIE BASICHES, NO ITAIM; 2. NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH, GABRIEL ZITUNE E ROBERTO ZAC AGITANDO A CAMPANHA DE BOLSAS PARA AS ESCOLAS; 3. LORIN SKLAMBERG, RESPONSÁVEL PELOS ARQUIVOS DE SOM DO YIVO, INSTITUTO DE PESQUISA JUDAICA DE NOVA YORK, FOI AO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA, NO ROTEIRO DO KLEZTIVAL; 4, 5, 6, 7 E 8. ENCONTRO DA CONIB REUNIU PREFEITO JOÃO DORIA, CLÁUDIO LOTTENBERG E IDA SZTAMFATER; DAVID HARRIS E FERNANDO LOTTENBERG; MARCOS LEDERMAN, LUIZ GROSS, MÁRIO FLECK E SÉRGIO SIMON; CAIO BLINDER, MIRIAM E ITCHE VASSERMAN, ELIANDRA MENDES E BRUNO LASKOWSKY; JULIANA E FERNANDO ROSENTHAL, AVI GELBERG, DÉBORA E FERNANDO GELMAN
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3, 4, 5, 6, 7 E 8. TAMARA PERLMAN, CARMEN SCHIVARTCHE E LINA WURZMAN À FRENTE DA PARTE, NO SALÃO MARC CHAGALL; JACOB GOLDENBERG TROUXE OBRAS DE SEU ESCRITÓRIO DE ARTE; JULIANA ARNHOLD E ALÊ LEGMANN; JORNALISTA MOISÉS RABINOVICI E CYRA MOREIRA, SUA ARTISTA PREFERIDA; OBRAS DE ANETE RING NO ESTANDE DE MYRINE VLAVIANOS, DO CENTRO CULTURAL VERAS, DE FLORIANÓPOLIS; TELMA SOBOLH VIU E APROVOU
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GALERIA Fotos: Flávio Mello
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Fotos: Flávio Mello
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1 E 2. PRAÇA CARMEL FICOU LOTADA. REGIS KARLIK E AMIGOS APLAUDIDOS NO SHOW DO MEIO-DIA
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6 1 E 2. NA FELIZ IDADE, A BIÓLOGA LUCY NAKAHATA FALOU SOBRE ALIMENTAÇÃO E A EQUIPE DE FISIOTERAPEUTAS DA BEM CUIDAR SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS; 3, 4, 5 E 6. NA GALERIA DE ARTE, A ARTISTA MAIANA NUSSBACHER COM SÔNIA GOLDMAN, MÔNICA HUTZLER E ROSELI CUKIER; MAIANA E ANDRÉ NUSSBACHER AO LADO DO CURADOR OLÍVIO GUEDES; O OLHAR MINUCIOSO PARA O TRABALHO ARTÍSTICO; SIMA E SAMSÃO WOILER APRECIARAM A MOSTRA; 7. CLARICE JOZSEF RECEBEU PRESIDENTES E REPRESENTANTES DO RIO DE JANEIRO, PORTO ALEGRE, SANTOS E SÃO PAULO NA CONVENÇÃO NACIONAL DE NA’AMAT PIONEIRAS
3. A CONVITE DE OCTÁVIO ARONIS, JORNALISTA MARIA CRISTINA FRIAS, DA FOLHA DE S. PAULO, VISITOU A OBRA DO MUSEU JUDAICO DE SÃO PAULO, RECEBIDA POR ROBERTA SUNDFELD E MOSHE SENDACZ; 4. MÚSICOS DERAM CANJA DO KLEZTIVAL NA SINAGOGA DE PINHEIROS; 5 E 6. CONSULADO DO MÉXICO TROUXE CELEBRAÇÃO TÍPICA DO DIA DOS MORTOS PARA O MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA: ALEXANDRE HERCHCOVITCH MOSTROU SUA ARTE; HOMENAGEM AO ARTISTA PLÁSTICO JUDEU FELIPE EHRENBERG, FALECIDO EM 2017
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Fotos: Flávio Mello
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1. PEDRO MATOSO (C) GANHOU MEDALHAS DE OURO E DE PRATA PARA A EQUIPE DA HEBRAICA NO CAMPEONATO PAULISTA JUNIOR E SÊNIOR DE VERÃO; 2. A MEDALHA DE BRONZE DE CARLOS EDUARDO MINGARELLI GARANTIU MAIS UM PÓDIO PARA A HEBRAICA NO PAULISTA JÚNIOR E SÊNIOR DE VERÃO; 3. GABRIELA PARCZEW, ROBERTA FIGUEIREDO, DANIELA GRAICAR, LIA HERSZKOWICZ, JULIANA PARRI E WALDIMEIRE FLOR FESTEJARAM O BICAMPEONATO NO TORNEIO PAULISTA INTERCLUBES DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE TÊNIS (FPT); 4 E 5. EQUIPE CADETE DE HANDEBOL VENCEU A SÉRIE PRATA DO SUPERPAULISTÃO 2017, DEPOIS DE UMA VITÓRIA PELO PLACAR DE 40 X 28 SOBRE O ESPORTE CORINTHIANS PAULISTA
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1, 2, 3, 4 E 5. “MASTER CHEF ACESC” REUNIU COMPETIDORES DE VÁRIOS CLUBES NA HEBRAICA, AVALIADOS PELOS JURADOS GISLAINE AMAD E CHEF TIAGO COELHO; AS PANELAS FORAM AS VEDETES NO ESPAÇO GOURMET; ALEXANDRE PRESCH E BETTY LINDENBOJM FIZERAM JUZ À FAMA DE BONS COZINHEIROS; 6 E 7. ANA IOSIF E GABY MILEVSKY, NATALI CABULI, TÂNIA E HENRIQUE HAYFAZ REUNIRAM SEUS CONVIDADOS NO VILLA VÉRICO PARA O CASAMENTO DE THAÍS E ALBERT
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GALERIA
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1. GUALBERTO JUNIOR, SYLVIAN MIFANO E NICOLAS SCHOR GARANTIRAM PARA A HEBRAICA O SEGUNDO LUGAR NO TORNEIO TÊNIS DE MESA ACESC DE EQUIPES 2017 2 , 3 E 4. MAIS UMA VEZ, O CLUBE SEDIOU E FOI DESTAQUE NA VIII COPA FUTURO DE TÊNIS
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OS NADADORES DA EQUIPE DA HEBRAICA TOTALIZARAM DEZENOVE MEDALHAS NO CAMPEONATO PAULISTA MASTER DE NATAÇÃO REALIZADO NO PARQUE AQUÁTICO DO ESPORTE CLUBE PINHEIROS, SENDO SETE DE OURO, OITO DE PRATA E QUATRO DE BRONZE
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5 5 E 6. EQUIPE DA HEBRAICA CONQUISTOU O PRIMEIRO LUGAR NO XII TORNEIO ACESC DE SQUASH MASCULINO/FEMININO
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OPINIÃO
O novo sionismo
NACIONAL
A
ministra da Justiça, Ayelet Shaked, se fortalece como líder de um novo sionismo e isso não é apenas o resultado da revolução constitucional que ela conduz, ao tentar mudar a composição da Suprema Corte ou projetos de lei que vem apresentando, a Lei do Estado Nacional entre eles. No fundo, são expressões práticas de uma visão de mundo coerente e consolidada, cujo foco é transformar a base ideológica sobre a qual se fundou o Estado de Israel. O sionismo de Shaked não é apenas mais uma variação judaica da ideia nacionalista liberal europeia da segunda metade do século 20, originária da escola de Theodor Herzl, Chaim Weizmann, Ze’ev Jabotinsky e outros. O novo sionismo de Shaked é uma síntese revolucionária de valores, ideias e crenças do movimento trabalhista e de componentes judeus etnocêntrico-racistas que, juntos, conduzem a uma importante revisão das definições fundamentais do Estado Judeu. Essencialmente, Shaked quer substituir a ideia sionista – que, apesar das disputas entre os vários componentes, concentrou-se em uma soberania judaica como necessidade existencial para pessoas perseguidas – por uma percepção básica que define o Estado de Israel como um estado uniétnico que irá cumprir a visão judaica antiliberal do colonialismo. O discurso que fez, há algum tempo, em uma conferência na Associação de Advogados de Israel, em Tel Aviv, é mais uma etapa no aprofundamento desta ideologia. Shaked já havia publicado os princípios de sua visão de mundo em um artigo na revista Hashiloach, e que compõem o eixo em torno do qual gira o projeto de lei de Estado Nação que ela prepara. Lá está escrito que “o Estado Judeu é, portanto, o estado do povo judeu. É direito natural do povo judeu viver como qualquer outra nação”, diz a ministra. E mais: “Um Estado judeu é um Estado cuja história se combina e entrelaça com a história do povo judeu, cuja língua é o hebraico e cujos feriados principais refletem seu ressurgimento nacional. Um Estado judeu é um Estado para o qual a colonização dos judeus nos campos, me76
Daniel Blatman *
A visão global da ministra da Justiça de Israel, Ayelet Shaked, lembra a xenofobia racista dos estados do sul dos Estados Unidos na década de 1930. O objetivo, parece, é mudar a base ideológica sobre a qual se assenta o Estado de Israel trópoles e cidades é preocupação prioritária. Um Estado judeu alimenta a cultura judaica, a educação judaica e o amor do povo judeu. Um Estado judeu é a realização de aspirações de gerações pela redenção judaica. Um Estado judeu é um Estado cujos valores são extraídos de sua tradição religiosa, o fundamento moral é a Bíblia, o mais básico de seus livros, e os profetas de Israel. Um Estado judeu é um Estado em que a lei judaica desempenha papel importante. Um Estado judeu é um Estado para o qual os valores da Torá de Israel, os valores da tradição judaica e os valores da lei judaica estão entre seus valores básicos”. Shaked se esforça em apresentar uma visão de mundo como se baseasse em princípios neoconservadores clássicos valendo-se, por exemplo, de citações de Milton Friedman, mas sua visão de mundo é extraída de áreas muito mais obscuras. Mais do que do conservadorismo norte-americano do final do século 20, a visão de mundo dela é uma reminiscência da xenofobia racista dos estados do Sul dos Estados Unidos durante a década de 1930 e depois, e da direita racista hostil à imigração que hoje floresce nos países criados pelo colonialismo europeu. Ela declara sem rodeios que “o sionismo não precisa continuar, e não continuará, a abaixar a cabeça para um sistema de direitos indivi-
duais interpretado de maneira universal”. Durante a década de 1930 – anos da Grande Depressão e do surgimento de regimes totalitários na Europa –, a ideia universal de direitos individuais enfrentou grave crise nos Estados Unidos. O risco de guerra e as tensões interraciais representavam dificuldades para ativistas dos direitos humanos, especialmente para redefinir a essência do “americanismo” e o status das minorias do país conforme a definição de raça, cor de pele, religião e origem étnica. O ataque aos direitos dessas minorias também se intensificou em razão da crescente popularidade do fascismo europeu, que defendia a definição de um estado como uma comunidade seletiva e coletiva que afastava qualquer pessoa que não pertencesse ao coletivo. Isto foi especialmente verdadeiro no sul norte-americano e se expressou nas leis de segregação racial da região. A visão que Shaked tem do Estado judeu é paralela a que os sulistas da década de 1930 chamavam de “preservar o modo de vida norte-americano”. Para preservar essa visão, era permitido aprovar leis que sustentassem e protegessem esse modo de vida de ter que se curvar aos direitos individuais e também defender essa visão com violência. Centenas de casos de linchamento e violência contra negros provam claramente como isso estava profundamente enraizada. Aos poucos, Israel se aproxima de fenômenos semelhantes de violência que não seja do Estado, por exemplo, contra aqueles que pedem asilo ou contra palestinos. Mas o que finalmente definiu o sul norte-americano foi o seu singular sistema jurídico de segregação racial. E é para onde Shaked caminha. No entanto, é preciso lembrar que o principal objetivo dos brancos no sul dos Estados Unidos nunca foi a separação geográfica. Eles certamente aceitaram a realidade, talvez até a necessidade, de negros e brancos viverem lado a lado, interagindo e mantendo relacionamentos em razão de interesses econômicos ou de mão-de-obra. Tudo sujeito aos ditames da hierarquia racial, ou como um pesquisador chamou de a “era do capitalismo racista”. É a isso que nos leva a visão sionista de Shaked. Em vez da supremacia branca, será a supremacia judaica, juntamente com uma visão etnocêntrico-racista que levará a alguns aspectos práticos econômicos vitais. Afinal, o Estado Judeu de Shaked não quer se separar dos palestinos, nem torná-los cidadãos. Assim como no sul dos Estados Unidos a segregação e a discriminação política contra os negros criaram uma ordem social e política brutal e racista, o novo estado nacional-
-sionista de Shaked parece não se submeter às definições universais dos direitos individuais, e continuará a oprimir brutalmente as minorias, cuja única proteção contra a tirania ideológica que Shaked está desenvolvendo repousa naquelas definições universais. Desta forma, também devemos ter medo dos refugiados e desejar expulsá-los do país a qualquer preço. A atitude racista em relação a eles é um fenômeno familiar a sociedades com passado e tradição colonial, dos quais Israel faz parte. Por detrás das análises segundo as quais os refugiados são uma ameaça, há a necessidade de preservar a superioridade étnica da maioria colonial, cuja posse no território em que vive ainda não atendeu às provas de legitimidade histórica e de longo prazo. Por isso é tão fundamental controlar rigorosamente as fronteiras – as territoriais, mas principalmente as étnicas e raciais. Os migrantes e os refugiados estão violando essas fronteiras; eles diferem em cor, religião e estilo de vida e, portanto, não só ameaçam a hegemonia étnica, mas também podem diluir a qualidade humana da sociedade majoritária e transformá-la em uma entidade étnica e cultural diferente da original. Este é um novo conceito do Estado de Israel. O conceito de Shaked da superioridade étnica judaica repousa sobre uma ideologia fechada e sobre a política do medo. A arena política de Israel agora é controlada por partidos que nutrem a política de medo, e Shaked desempenha um papel importante nisso. A principal mensagem desta política é manter a identidade judaica do Estado contra o mundo ameaçador suscetível de dominá-la e eliminá-la. Componentes árabes, islâmicos e africanos que cercam o Estado Judeu de todos os lados podem apagar a identidade judaica se esta não se fortificar para evitar tais inundações terríveis. Assim como a extrema direita na Austrália ou nos Estados Unidos procura erguer um muro legislativo, apoiado por uma forte força armada marinha, ou muros reais ao longo das fronteiras que protegem a pátria (a colonialista, lembre-se) de todos os lados de infiltrados do México ou do Afeganistão, Shaked e colegas criam leis apoiadas por cercas, postos de controle e um exército que bloqueia as fronteiras de Israel das ameaçadoras hordas de massas negras. Esta combinação de superioridade etno-racial, legislação feita de encomenda e castração do sistema judicial para não proteger o que Shaked tanto despreza, isto é, definições universais de direitos universais, cria o novo sionismo nacional, o sucessor do sionismo histórico. * Professor e historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém
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ENSAIO
Por Michael Stanislawski *
Por que os judeus russos apoiaram a Quando os bolcheviques tomaram Petrogrado, em 25 de outubro de 1917 pelo calendário juliano, a grande maioria dos judeus russos foi contrária. Cinco anos depois, quando a URSS foi criada ao final de uma sangrenta guerra civil, a situação se reverteu – não como o clichê hebraico, pelo amor a Mordechai, mas por ódio a Haman
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É
difícil pintar um quadro exato das visões políticas dos judeus russos na época da Revolução porque há muito pouca informação precisa a respeito do assunto: de 1905 a 1917 os judeus votaram nas eleições para os quatro parlamentos (as Dumas) criados em resposta à Revolução de 1905. Nenhuma dessas eleições se baseava no sufrágio universal, primeiro porque as mulheres eram proibidas de votar e, portanto, não existem dados seguros a respeito dos pontos de vista da metade da população judaica. Segundo porque, com o passar dos anos, o direito ao voto ficou cada vez mais restrito, e, portanto, o número de judeus eleitores e eleitos para a Duma em vez de subir, caiu, nos doze anos da existência dos parlamentos. Em 1917, os judeus votaram novamente duas vezes, dessa vez com o voto feminino, mas ainda faltam dados a respeito de um pedaço significativo da população judaica. A partir das informações disponíveis da votação, é possível intuir que os bolcheviques tiveram pouco apoio da população judaica, possivelmente o menor entre os muitos partidos que procuravam apoio “no reduto judeu”. Isso, embora muitos dos líderes mais importantes dos bolcheviques fossem judeus – ainda que considerassem o judaísmo como um acidente de nascimento, sem qualquer significado para eles, seja religiosamente (porque eram ateus) seja nacionalmente (pois se consideravam internacionalistas). Exemplo disso foi quando perguntaram a Leon Trotsky qual a sua nacionalidade, e ele respondeu “socialista”. Mais judeus, embora não muitos, apoiavam os mencheviques, a porção menos radical do Partido Social Democrata russo, liderada por um judeu, Julius Martov, que se opunha à posição de Lênin a favor da revolução violenta, mas partilhava da posição antinacionalista dos bolcheviques. Muito mais judeus, embora ainda em uma porcentagem relativamente pequena da população, apoiavam o Bund – o partido socialista judeu cuja postura em relação ao socialismo era quase idêntica à dos mencheviques, mas que adotava lentamente uma forma idiossincrática de nacionalismo judeu baseada na autonomia cultural nacional para os judeus do Império Russo e no ídiche como língua nacional. Então, de modo geral, os judeus rejeitavam o socialismo sob qualquer forma, judaica ou não, como solução para os problemas dos judeus na Rússia.
Embora ainda em minoria, muito mais judeus estavam ligados ao partido liberal conhecido como Kadets (sigla, em russo, para os Democratas Constitucionais), que pregava o constitucionalismo liberal, o sufrágio universal e a igualdade de direitos para as minorias do Império. Nos primeiros anos, o partido incluiu proeminentes intelectuais e advogados judeus entre seus líderes, atraindo o entusiasmo da população judia como um todo. Mas, nos anos anteriores à Revolução, os Kadets tornaram-se cada vez mais conservadores, geralmente se aliando aos Octobristas, o partido de direita ligado à monarquia e, por isso, perdeu muito dentre os judeus. Um pequeno partido liberal judeu – o Folkspartei – se alinhava ao liberalismo dos Kadets, em cujo ideário incluiu a mesma autonomia cultural nacional do Bund. Seus apoiadores pertenciam a um fragmento muito pequeno da comunidade judaica – basicamente acadêmicos e outros intelectuais.
Muito mais complicado de avaliar é o grau de apoio, naquela época, ao sionismo na comunidade judaica russa. Quando Theodor Herzl fundou o movimento sionista em Basileia, Suíça, em 1897, a maioria dos seguidores era do Império Russo, e nas duas décadas seguintes o movimento como um todo ganhou grande apoio na Rússia. Mas o que significava exatamente pertencer a um partido sionista está pouco claro: muitos judeus compraram o shekel simbólico, o que lhes garantia um cartão de membro do partido, mas isso era quase nada em termos de suas reais visões de mundo. E quase desde o início, o sionismo russo se dividiu em várias facções opostas entre si: os “sionistas políticos”, que apoiavam Herzl e seu objetivo de criar uma pátria judaica na Palestina; os sionistas “culturais” ou “espirituais”, liderados por Ahad Ha’am, que se opunham à imigração judaica em massa para a Palestina e à criação imediata de um
PETROGRAD DO, FEVE EREIRO DE 1897. JULIU US MARTO OV, TADO, À DIREITA, SENT AO O LADO DE LEN NIN, É O ÚNIC CO JUDEU ME EMBRO DA UNIIÃO DE LUTA PE ELA EM MANCIPAÇÃO DA CL LASSE OPERÁR RIA, CUJA DIR REÇ ÇÃO POSOU PARA ES STA FO OTO.
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ENSAIO Um judeu participa de uma das várias manifestações em 25 de outubro de 1917 (pelo calendário Juliano) que marcaram a queda do governo provisório e a ascensão dos bolcheviques ao poder
A REVOLUÇÃO EM IMAGENS “A História de um Povo durante a Revolução” é o título de uma exposição aberta o mês passado no Museu Judaico e da Tolerância em Moscou (Moscow Jewish Museum and Tolerance Center) de modo a deixar bem claro a participação e o envolvimento dos judeus nos episódios anteriores, durante e depois da Revolução de outubro, pelo calendário juliano, ou em novembro, se gregoriano. Ao longo dos anos, a suposta omissão dos judeus naqueles eventos foi explorada pelos antissemitas e durante a Segunda Guerra serviu de pretexto para o assassinato de milhares de judeus no Leste Europeu acusados de inimigos do comunismo e da Rússia e, até hoje, é explorado por devotos cristãos, os mesmos que, nos princípios do regime comunista foram perseguidos pelas lideranças revolucionárias. Agora, ao ensejo das comemorações dos cem anos da Revolução, o museu, aberto em 2012, inaugura uma exposição de fotos, filmes, objetos, e tudo que mostra a participação e o envolvimento dos judeus na Revolução, rompendo um silêncio tanto dos judeus como das autoridades russas o que serviu de matéria-prima e instrumento para ataques e campanhas ultranacionalistas, neonazistas e antissemitas de modo geral. Da exposição consta, entre outras coisas, a foto de um gigantesco cartaz levado por ativistas do agrupamento socialista Poalei Zion, em um desfile no que é hoje São Petersburgo. 80
estado, em favor de uma revolução cultural entre os judeus baseada em uma nova cultura hebraica radicalmente secular, e vários partidos socialistas sionistas que tentaram conciliar as visões conflitantes da social-democracia e do marxismo com o sionismo. E, finalmente, havia o minúsculo Mizrachi, o partido sionista ortodoxo fundado em Vilna, em 1902, que tentava a todo custo harmonizar a fidelidade ao judaísmo ortodoxo com o sionismo – missão quase impossível à época, pois a maioria dos rabinos russos denunciava o sionismo como um movimento herético liderado por pecadores e degenerados que levaria o povo judeu à destruição. E houve um movimento ainda menor, que mais tarde viria a ser chamado de “ultra-ortodoxo” do judaísmo, que defendia trabalhar dentro do sistema político – qualquer sistema político! – de modo a garantir os direitos religiosos da população judia ortodoxa. Assim, em 1916, foi fundado na Alemanha o movimento ultra-ortodoxo internacional Agudat Yisrael, liderado por rabinos hassídicos e não hassídicos do Império Russo.
Pogroms, como sempre De todos esses agrupamentos, o único que
apoiou unilateralmente a monarquia czarista foi o ultra-ortodoxo, que durante a última década do czarismo aliou-se à autocracia para combater o socialismo e o sionismo entre os judeus. No outro extremo do espectro político, apenas os bolcheviques se comprometeram com a revolução violenta para derrubar os czaristas. A grande maioria dos judeus ficava em algum lugar entre esses dois pontos, sem admirar o czar Nicolau II e a controvertida mulher, Alexandra, nem desejar sua execução. Como diz o provérbio ídiche “Nunca reze por um novo rei” – os judeus aprenderam com a história que o maior perigo para eles era o caos político e a instabilidade. E nos anos que antecederam a Revolução Bolchevique a insegurança e o caos foram muito grandes: ondas de pogroms eclodiram em 1881/1882, 1903 e 1905; e a Primeira Guerra Mundial, lutada no território em que viviam a maioria dos judeus do mundo, causou enormes sofrimentos e deslocamentos, incluindo a fuga maciça de refugiados da fronteira para o Império Austro-Húngaro e de volta ao interior da própria Rússia. A fuga da população foi tal que, em 1916, o governo czarista acabou abolindo a Zona de Assentamento porque centenas de milhares de judeus passaram a viver em lugares oficialmente proibidos para eles. Apesar disso, estima-se que seiscentos mil judeus lutaram no Exército Russo na Primeira Guerra e seria imprudente admitir que, em algum nível, não foram leais ao regime pelo qual lutaram e morreram. Na verdade, todos esses movimentos políticos, salvo os bolcheviques, apoiaram o esforço da guerra – até mesmo os sionistas que, teoricamente, deveriam ser contrários ao Estado Russo como expressão dos objetivos de emancipação e integração judaica. E quando a Revolução de Fevereiro estourou, no início de 1917, e Nicolau II abdicou inesperadamente ao trono e a Rússia foi declarada república, administrada por um governo provisório, os judeus – assim como o resto da população – ficaram chocados, como ninguém, nem mesmo Lênin, havia previsto isso.
Estima-se que seiscentos mil judeus lutaram no Exército Russo na Primeira Guerra e seria imprudente admitir que, em algum nível, não foram leais ao regime pelo qual lutaram e morreram
Mas quase imediatamente, o novo governo começou a administrar o vasto antigo império de forma simpática à população judaica. Mais importante, um dos primeiros atos do governo provisório foi acabar com todas as restrições legais com base em religião, raça ou nacionalidade: de um só golpe, os cerca de 5,5 milhões de judeus russos foram emancipados, tornando-se cidadãos livres e iguais no reino. Desta forma, desapareceram todas as restrições à liberdade de expressão, imprensa, reunião e religião, e os judeus e todos os outros no novo estado, e com todos esses novos direitos lançaram muitas novas publicações, realizaram criações artísticas, jornais, lançaram plataformas políticas desde a esquerda até a direita. O novo governo estava instável e dividido, mas seus líderes representavam exatamente os elementos do mundo pré-revolucionário – a esquerda moderada e o centro – que os judeus achavam de seu gosto. E não há nenhuma evidência sugerindo que mudaram de ideia – e, no outono de 1917, até apoiaram o esforço da guerra –, quando o governo provisório começou a desmoronar sendo substituído aos poucos pelo soviet de Petrogrado, formado por trabalhadores, soldados e revolucionários profissionais entre os quais muitos judeus que rejeitavam a própria condição judaica. E em outubro de 1917, quando a tomada do poder pelos bolcheviques evoluiu para a Revolução Russa, quase todos os judeus russos não apoiavam o novo regime. Em seguida foram convocadas eleições, primeiro para um congresso de judeus russos e, depois, para uma Assembleia Constituinte prometida pelos bolcheviques. Nos dois eventos os judeus estavam presos ao padrão das eleições anteriores apoiando alianças de partidos judeus que representavam o amplo centro do espectro político e os bolcheviques ainda conquistaram apenas pequena porcentagem do voto judeu.
A liberdade criativa O que aconteceu? Simplesmente à medida em que a guerra civil eclodia, as forças antibolcheviques logo se tornaram cada vez 81
ENSAIO mais dominadas pela ala direita e por partidários abertamente antissemitas. No início ocorreram pogroms envolvendo tropas do Exército Vermelho que foram rápida e firmemente condenados pelos líderes bolcheviques, especialmente por Trotsky, que, afinal, era o chefe do Exército Vermelho. Em contrapartida, os soldados do Exército Branco realizaram maciços pogroms contra os judeus. E o choque foi além de vermelhos contra os brancos, e entre o Exército Vermelho e as várias forças ucranianas e polonesas que também promoveram muitos pogroms contra a população judaica. De fato, era difícil dizer qual lado era pior: no notável conto Gedali, Isaac Babel mostra um velho e nobre comerciante na cidade destruída de Jitomir, contando ao narrador que não podia diferenciar entre os vários exércitos ocupando e destruindo sua cidade: “O polonês atira, porque ele é a contra revolução. E você atira porque você é a revolução. Mas a revolução é felicidade. E a felicidade não gosta de órfãos em casa. Um homem bom pratica boas ações. A revolução é a boa ação feita por homens bons. Mas homens bons não matam. Portanto, a revolução é feita por homens maus. Mas os poloneses também são homens maus. Quem vai contar a Gedali qual é a revolução e qual é a contrarrevolução?” Isaac Babel optou por se sintonizar com as novas autoridades soviéticas da mesma forma que dezenas de outros escritores, pintores, escultores, romancistas e cineastas viram na Revolução oportunidades de libertação criativa. E as vastas massas de judeus que antes apoiavam os sionistas, o Bund, a Agudá ou dos Kadets, não hesitaram em tomar uma decisão simples e definitiva: o Exército Branco e seus aliados atacavam, matavam e destruíam vidas judaicas e casas; o Exército Vermelho atacava os pogromshchik, fez do antissemitismo um crime contra o estado, proibiu os pogroms e processou o antissemitismo em suas fileiras. Também é verdade que o“Comunismo de Guerra”, o sistema econômico instituído pelo novo regime, destruiu a própria base da vida judaica na Europa Oriental durante séculos – a economia de mercado – bem como as profissões liberais a que os judeus tiveram acesso nas últimas décadas. A pequena loja de Gedali, “como se tivesse saído de uma página de Dickens”, não foi reconstruída. Mas como muito antes o Deuteronômio havia aconselhado os israelitas: “Eu estabeleci diante de você vida e morte, bênçãos e maldições. Agora escolha a vida, para que você e seus filhos vivam”. E escolher a vida significava se juntar aos bolcheviques. Certamente havia muitos judeus que, no fundo, ainda continuavam fiéis aos seus antigos partidos políticos, ao antigo modo de vida, ao sionismo, ao bundismo, liberalismo e à ortodoxia religiosa. Nas próximas duas décadas muitos dariam o melhor de si, clandestinamente, por essas causas. Mas, à medida que a nova União Soviética surgia das cinzas da Revolução, da Guerra Civil, da Guerra Soviético-Ucraniana, da Guerra Soviético-Polonesa e outras, os judeus mais se deram as mãos com o novo Estado comunista que se comprometeu contra as forças da reação e o antissemitismo. No entanto, não se previu o destino deles sob o socialismo soviético e a descida final na loucura do terror estalinista. * Professor da cadeira Nathan J. Miller de História Judaica na Universidade de Colúmbia
82
PARA
SABER
mais
Alexander Engels, que não tem nenhuma relação com Friedrich Engels, um dos teóricos do marxismo, acaba de editar o livro The Line (“A Linha”, em tradução livre), que tenta reabilitar a figura do líder do governo provisório Alexander Kerensky, que acabou com a figura da Zona de Assentamento, criada ainda no século 18, uma grande área no Leste Europeu destinado aos judeus, formado por regiões da atual Ucrânia, a Letônia e áreas da Rússia Ocidental. No decreto que dá fim ao assentamento judeu não se menciona a palavra “judeu”, embora todos os seus habitantes o fossem, porque usar essa expressão era considerado um tabu. Assim, com o fim da monarquia, Kerensky usa a palavra “não cristãos” para dar aos judeus as mesmas condições de igualdade que outras etnias e religiões no quadro do processo democrático que se vislumbrava. Com isso, os judeus poderiam viver onde quisessem, Moscou e São Petersburgo, por exemplo, e principalmente, e os seus filhos estudarem nas escolas públicas da Rússia sem se submeter a cotas. Kerensky assinou o documento na madrugada de 20 de março de 1917 baseado “na convicção de que em um país livre, todos os cidadãos devem ser iguais perante a lei”.
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CONSELHO DELIBERATIVO
Ponto final
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL
Chega ao final o período de trabalho da Mesa do Conselho composta por mim na presidência, por Fábio Ajbeszyc e Silvia L. S. Tabacow Hidal como vice-presidentes, Airton Sister e Vanessa Kogan Rosenbaum como secretários e Abramino A. Schinazi, Célia Burd, Engen Atias, Jairo Haber, Javier Smejoff Sapiro e Jeffrey Vineyard como assessores. Fico feliz que um dos momentos finais dessa parceria tenha sido a eleição para a renovação do Conselho no Centro Cívico da Hebraica. Foi emocionante ver o interesse dos associados em sentar em frente à tela e escolher nomes para compor metade do novo Conselho. Mais significativo foi ver que, a despeito do das dificuldades vividas em seus cargos na Mesa Diretora, muitos dos seus integrantes se candidataram a mais um período no Conselho e ouvir seus nomes entre os eleitos. Este segundo período na Presidência do Conselho ficará marcado na minha memória em função do empenho que vi por parte de conselheiros e membros de comissões em estudar a fundo as questões do clube, em busca de novas propostas para oferecer ao Executivo e a infindável lealdade destes ao clube. Foram 24 meses em que os conselheiros mais antigos partilharam seu conhecimento com os novatos e reforçando seu ímpeto que contagia até aqueles mais cansados da batalha. Nossa atuação no Conselho ajudou a Diretoria Executiva a concluir projetos e aperfeiçoar a administração, sempre respeitando os Estatutos Sociais da Hebraica e o Regimento Interno do Conselho, inclusive no que tange aos prazos legais e à cláusula que estipula o afastamento de conselheiros com faltas às reuniões ordinárias. A reforma estatutária esboçada pela comissão especial, cujo coordenador foi o conselheiro Flávio Lobel, está praticamente concluída e receberá o acréscimo de alguns tópicos referentes às questões de compliance e governança corporativa. Deve ser votada e aprovada ainda em 2018, com efeitos positivos sobre a eleição de 2019. Um item que consideramos como um legado desta gestão da Mesa Diretora é o fato de a Comissão de Administração e Finanças ter adquirido posição relevante, orientando o Conselho e por vezes, a Diretoria Executiva em sua área de atuação. Essa parceria entre o Conselho e a Diretoria foi benéfica para todos. Destaco o excelente trabalho da comissões permanentes de Obras e Jurídica, assim como das comissões especiais de Educação e Juventude e do Conselho Fiscal, cujas análises foram extremamente importantes. Em 11 de dezembro, sentaremos à Mesa Diretora na última reunião do Conselho e esta posição nos permite observar cada rosto e intenção. Com certeza, os conselheiros que nos apoiaram nos últimos quatro anos, ou seja em duas gestões, seguirão fazendo escolhas em favor do clube e de seu desenvolvimento, seja na eleição da nova Diretoria Executiva ou na Mesa do Conselho. Essa certeza nos dá a sensação do dever cumprido e trabalho concluído. Só nos resta desejar boa sorte aos que assumem a condução dos destinos do clube.
Shalom Mauro Zaitz Presidente da Mesa
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2017
11 de dezembro
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MAURO ZAITZ FÁBIO AJBESZYC SÍLVIA L. S. TABACOW HIDAL AIRTON SISTER VANESSA KOGAN ROSENBAUM
ASSESSORES
12 19
3ª FEIRA 3ª FEIRA
ABRAMINO A. SCHINAZI CÉLIA BURD EUGEN ATIAS JAIRO HABER JAVIER SMEJOFF SAPIRO JEFFREY A. VINEYARD
AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2018 Janeiro 27
SÁBADO
31
4ª FEIRA
Fevereiro 28
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU) TU B’SHVAT
4ª FEIRA
JEJUM DE ESTER
5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO
PURIM SHUSHAN PURIM EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER
1 *6 7 12 18
DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 4ª FEIRA
19
5ª FEIRA
PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 70 ANOS
Março 1 2 30 31
Abril
Maio
3 13 19 20 *21
Julho
1 21
22 27
5ª FEIRA LAG BAÔMER DOMINGO IOM IERUSHALAIM SÁBADO VÉSPERA DE SHAVUOT DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 6ª FEIRA TU BE AV
Setembro ** ** ** ** **
9 10 11 18 19 23 * 24 * 25 30
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
Outubro
MES SA DO CO CONSELHO PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO
2017 Dezembro
* 1 * 2
2ª FEIRA 3ª FEIRA
Novembro 5
2ª FEIRA
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos