O clube é um segundo lar ESCOLA DE ESPORTES
Hora de prestigiar os Festivais
MAGAZINE
Israel aos 70, a felicidade de uma nação
Ano LIX No 675
Maio 2018 Iyar / Sivan 5778
PALAVRA DA DIRETORIA
Em abril passado vivemos momentos intensos no clube. Ocorreu a Feira das Universidades de Israel, celebramos com enorme emoção Iom Haatzmaut e Iom Hazikaron, comprovando que somos o maior e o melhor pedaço de Israel para além do seu território. Como o maior centro esportivo, comunitário, social e cultural e também religioso da Diáspora, sem falsa modéstia, cumprimos nosso papel de divulgar e elevar, sempre, o nome de Israel, nosso país-mãe. E não é por acaso que com nossas entidades co-irmãs estamos organizando um ano intenso de comemorações em razão dos setenta anos de Israel e os 65 anos anos de fundação da Hebraica. Essa Diretoria agiu – e agirá – com muito amor, interesse e dedicação para tornar a vida, o convívio dos sócios e o clube ainda melhor. Essa é nossa grande missão. Aproveitando os raios e luzes de Israel, desejo enorme Mazal Tov, em especial, à minha mãe, a mãe dos meus filhos e a todas as mães da Hebraica, pois cada uma tem um papel decisivo e positivo na formação da personalidade e caráter de cada um dos seus filhos. E, todos sabemos, nossas mães são conhecidas e famosas não apenas pela proteção que dispensam aos filhos como, principalmente, pelo marcante amor e dedicação incondicionais que iluminam nossos dias, mostrando-nos o caminho correto a seguir e contribuindo, decisivamente, para a continuidade das nossas mais caras tradições. Am Israel Chai Shalom Chag Shavuot Sameach Daniel Leon Bialski – Presidente
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SUMÁRIO AGENDA NOSSO CLUBE CAPA ENTREVISTA ACONTECE
COMEMORAÇÃO DE IOM HAATZMAUT NO HEBRAIKEINU 1 4
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REGISTRO ESPORTES MAGAZINE GALERIA ENSAIO OPINIÃO
34 44 48 72 82 90
CARTA DA REDAÇÃO
ANO LVII | NO 675 | MAIO 2018 | IYAR/SIVAN 5778
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE CORRESPONDENTES MIRIAM SANGER, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS FOTO CAPA DIVULGAÇÃO DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
Mães construíram o clube
ALEX SANDRO M. LOPES
Se é verdade que a Hebraica foi constituída, há mais de sessenta anos, por um punhado de pioneiros fundadores, podemos dizer que, desde então, o clube tem se mantido principalmente pela ação e interesse das mães que o frequentam e que, de certa forma, o transformaram numa espécie de segundo lar. É o que a imagem de capa desta edição, de autoria de Flávio Mello, transmite e o sentido do texto que a acompanha, nas páginas internas, de autoria da repórter Magali Boguchwal, em comemoração Dia das Mães, este mês. Essa é apenas uma das reportagens desta edição que continua contando a respeito dos setenta anos da Independência do Estado de Israel, celebrados em todo o mundo. Por isso, publicamos um “Ensaio” que trata do voto soviético na Organização das Nações Unidas e do envolvimento da extinta União Soviética no fornecimento de armas para os combatentes judeus em uma das muitas guerras contra os países árabes. Leiam também a instigante entrevista de Tania Tarandach com Jack Terpins, ex-presidente da Hebraica, da Confederação Israelita do Brasil, do Congresso Judaico Latino-Americano e futuro presidente do Congresso Mundial Macabi. Vejam as muitas imagens a respeito de eventos e comemorações na Hebraica em abril reveladoras da intensa participação dos associados nas coisas e nas causas do clube. Shalom Chag Shavuot Sameach Diretor de redação – Bernardo Lerer
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Fotos: Flávio Mello
NA NOSSA MIRA 1
1. GRUPO CHAVERIM COMEMORA IOM
HAATZMAUT
2. OLÍVIO GUEDES E SIMA WOILER NO CASUAL MIL
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3. BINHO FISCHMAN, LUCIANA E ROSITA KLAR MAIS SIMONE KABILJO, NA QUEBRA DO
PESSACH
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RAFAEL E MAYA MANDELBAUM
5. LUÍSA SENDER E LUCIANA NO CENTRO DE GINÁSTICA OLÍMPICA
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Foto: Rafael Cruz e Decoradora: Isabela Wjuniski
NOSSO CLUBE Por Magali Boguchwal
À ESQUERDA, SALÃO MARC CHAGALL; ACIMA, ESPAÇO GOURMET; AO LADO, ESPAÇO ADOLPHO BLOCH, TODOS LUGARES MARAVILHOS PARA REALIZAR O SEU EVENTO
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As melhores festas acontecem nos
SALÕES DA HEBRAICA
A locação do Salão Marc Chagall e dos Espaços Adolpho Bloch e Gourmet atende às mais diferentes opções, seja em relação ao número de convidados e características do evento, como a facilidade de realizar a cerimônia religiosa, por exemplo, e recepção no mesmo ambiente 14
Hebraica, situada num dos locais mais privilegiados da cidade, reúne dois espaços sofisticados: o elegante Salão Marc Chagall e o aconchegante Espaço Adolpho Bloch para realizar casamentos, formaturas, bar e bat-mitzva, além de eventos corporativos em que a solenidade se mistura com a alegria de uma comemoração com a família e amigos. Já para eventos mais restritos, o Espaço Gourmet oferece praticidade e originalidade com toda infraestrutura de cozinha para degustação com cardápio assinado pelo anfitrião ou pela equipe que escolher, dando asas à imaginação. É mais do que comprovada a eficiência do Salão Nobre Marc Chagall em acomodar confortavelmente festas com até dois mil participantes, e toda sorte de variações de decoração. Ambos contam com uma cozinha moderna também para o serviço kasher. Na locação, a Hebraica fornece as equipes de segurança, limpeza e bombeiros de acordo com a legisla-
ção em vigor, cabendo ao contratante cuidar da decoração, buffet e atrações para os convidados, facilitando assim a organização da festa. Além disso, nada melhor do que reunir os amigos em um espaço seguro apropriado para todas as comemorações, tão bem localizado quanto a Hebraica. Já no Espaço Adolpho Bloch as festas podem acontecer com até quinhentos convidados e se estender por horas em um ambiente reservado com acesso totalmente independente do clube, contando com total segurança e infraestrutura que deixam aos convidados e anfitriões a única tarefa de se divertirem. Uma dica oferecida pela equipe da Agenda da Hebraica, responsável pelas locações, é que os interessados reservem as datas com pelo menos um ano de antecedência para ter tempo hábil para planejar e orçar os serviços necessários para a realização das festas. 15
NOSSO CLUBE
Em busca da
A MESA DIRETORA DO CONSELHO DELIBERATIVO JÁ ESTÁ COMPLETAMENTE ENTROSADA PARA IMPLEMENTAR MUDANÇAS 16
Sob a presidência de Avi Gelberg, a Mesa Diretora do Conselho Deliberativo trabalha para implementar novas tecnologias e agregar mais valor à participação do conselheiro na condução da Hebraica
C
om exceção do presidente Avi Gelberg, os cargos principais da Mesa do Conselho estão ocupados por mulheres, algo inédito na história da Hebraica. As vice-presidentes Elisa R. Nigri Griner e Vanessa K. Rosenbaum são frequentadoras diárias em atividades esportivas e sociais, assim como as secretárias Isabel Cohn e Mariza de Aizenstein. Em comum, os cinco ativistas equilibram uma intensa agenda profissional e pessoal com a dedicação e entusiasmo pelo clube. “Eu e a Elisa apoiamos o presidente, e uma das nossas funções é acompanhar as reuniões das comissões permanentes e especiais e transmitir ao Avi. Estou entusiasmada com as novidades que introduzimos nas reuniões como, por exemplo, o aplicativo que será apresentado aos conselheiros na reunião de hoje, que é a segunda do ano”, comenta Vanessa, que na gestão anterior dirigiu a Feliz Idade e atua com o público idoso na sede do Beit Chabad Central. “Minha atividade voluntária predileta é aquela que faço no Residencial Einstein. Semanalmente visito os idosos, o que me dá muito prazer”, afirma a vice-presidente. Para Isabel Cohn, o cargo de secretária da Mesa complementa sua trajetória como conselheira da Hebraica. “Integrei as comissões jurídicas e de reforma estatutária, o que me ajudou a entender o funcionamento do clube e, na medida do possível, atender aos anseios dos sócios. Creio que, como secretária, continuarei próxima às comissões”, comenta a advogada, mãe de dois filhos e que integra a equipe master de natação. Isabel também joga tênis. “Nesse novo cargo espero usar um pouco da minha experiência pessoal e profissional para facilitar o andamento do trabalho do Conselho e ajudar a organizar as reuniões de modo a que estejam sempre de acordo com os Estatutos do clube”, comenta. Mariza de Aizenstein é uma bem-sucedida empresária na área de turismo que combina os recursos tecnológicos e a simpatia para contagiar com seu entusiasmo os companheiros de trabalho voluntário. Essa marca ela imprime nas ações de parceria da Hebraica com a Unibes na arrecadação e montagem de cestas para Pessach e Rosh Hashaná, no auxílio em algumas áreas da Diretoria e na secretaria da Mesa. Na segunda reunião do Conselho Deliberativo, Mariza e Isabel deram as boas-vindas aos conselheiros na mesa da recepção, incentivando-os a assinar a lista de presença e reforçando a importância da participação de todos no evento. “Nossa equipe é muito bacana e no momento tenta inovar as práticas do Conselho e nos próximos dois anos trabalhar na mudança dos Estatutos, um pedido antigo dos sócios”, afirma Mariza, que enfatiza a atuação dos assessores Jairo Haber, Dani Ajbeszyc, Alberto Sapocznik, Jeffrey A. Vineyard, Roberto Piernikarz e Manuel David Korn. (M. B.) 17
CAPA Por Magali Boguchwal
“M
ADRIANA WEINFELD MASSAIA COM LIORA E BENO, FREQUENTADORES DO ESPAÇO BEBÊ
Uma homenagem às nossas
IDISHE MAMES Do momento em que dão à luz, as sócias contam com os serviços de apoio oferecidos pela Hebraica, que as acompanham até se tornarem avós ou, quem sabe, bisavós
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ãe é tudo igual. Só muda de endereço”. É comum ouvir essa frase, proferida carinhosamente pelos filhos assim mesmo, com o erro gramatical. Eles se referem ao cuidado talvez exagerado que recebem desde a infância. Claro que a generalização termina quando se trata de comparar. Nesse caso, a mãe de cada um é sempre a melhor. A imagem da capa simboliza a postura da Hebraica em atender desde as mães de primeira viagem até as experientes senhoras que no momento querem se dedicar a algo diferente do que as questões infantis. Camila Cherques, a mãe dos gêmeos David e Arthur, aproveita tudo o que o clube oferece aos finais de semana. “Frequentamos o Espaço Bebê, o playground, a piscina. Os meninos amam”, explica, sempre acompanhada da mãe, Monique, também fã dos serviços da Hebraica. “Meus filhos cresceram como alunos da Escola de Esportes e agora vejo meus netos fazendo o mesmo no futuro”, diz Monique. Sandra Lia Berenholc Pitman, 53 anos, escuta falar do clube a semana inteira. “Meu filho Alê, de 10 anos, estuda no Alef, o Daniel, de 20, é coordenador no Hebraikeinu, ou seja passa o final de semana envolvido com as atividades da Juventude, e o Rony, de 17, vem jogar bola quando dá. Como posso não gostar da Hebraica?” pergunta. E responde: “Sempre aconselho a quem parou de frequentar para retomar o título, pois o clube tem sido bastante flexível e revelado interesse em que esses sócios voltem. Neste momento, utilizo a podologia e sempre que posso tomo café com as amigas em um dos concessionários. É muito gostoso”, responde Sandra. Amanda Ciocler Schlesinger, mãe de Júlia, 4, e Luíza, de 2, é uma frequentadora assídua do Espaço Bebê, Brinquedoteca outras áreas do clube. “A Hebraica é fundamental para quem tem filhos pequenos. Aqui posso deixar as meninas soltas, elas têm contato com outras crianças e com a natureza. Enquanto elas brincam, eu relaxo, converso com amigos, faço caminhadas”, afirma. “Agora estudo inscrevê-las na Escola de Esportes.”
CAMILA CZERKES COM OS FILHOS DAVID, ARTHUR, E A SOBRINHA SOPHIE, QUE ADORAM BRINCAR NO CLUBE
O saudável ciclo da vida A Hebraica exerce um papel importante em muitas fases da vida dos sócios. Na infância, este é o lugar melhor e mais seguro para brincar. Hoje, o clube oferece a Brinquedoteca, o Ateliê, After School, Escola de Esportes, playgrounds e todos os recantos que as crianças tão bem aproveitam como espaço de desenvolvimento e diversão. As mães contam com o apoio das equipes do Espaço Bebê, do Berçário e da Escola Maternal para solucionar com calma e segurança as questões relativas aos seus filhos pequenos. A partir daí, as opções para as elas e as crianças são muitas nos centros de Música e Dança, nas modalidades esportivas e também nos cuidados com o corpo, além das facilidades para escolher um bom livro e até o apoio para a abertura de um novo negócio. E quando as crianças crescem a Hebraica se mantém como um polo de atividades, contato social e desenvolvimento pessoal que atende tanto às mães, agora com mais tempo disponível, como os filhos que, em algum momento, também terão na Hebraica uma referência em termos de qualidade de vida. 19
CAPA Simone Belk Wachslicht e Michel, que frequenta o Hebraikeinu
Nicole Poroger na Praça Jerusalém, com Olívia e Letícia
Sandra e Daniel Pitman, que atua como coordenador do Hebraikeinu
Durante anos, Simone Belk Wachslicht, experimentou a rotina descrita por Amanda com os filhos Arthur, 20 anos, e Michel, 16. “Os meninos estudaram na Escola Maternal e Infantil, na Escola de Esportes e no Centro de Música, frequentaram o Hebraikeinu, praticaram judô, tênis e eu os acompanhei em cada uma dessas fases. Hoje o Michel está no Meidá e no Hebraikeinu e eu frequento as harkadot às quintas-feiras, assisti a alguns cursos, estava inscrita no Fit. Venho ao cinema. É um bom complemento ao trabalho que faço na minha loja de roupas infantis”, relata. Nicole Poroger, de 34 anos, deu seu depoimento enquanto cuidava de duas das três filhas, numa manhã ensolarada na Praça Carmel. Com ela, Olívia, 4 anos, e Letícia, 3 meses. Além de cuidar das filhas, ela administra o Best Beauty, site especializado em produtos de beleza. “As duas mais velhas são alunas da Escola Maternal e Infantil, onde também comecei a vida acadêmica. Depois da escola, Olívia frequenta as aulas de natação e ballet. Somos vizinhos do clube e é aqui que passamos o dia. Uma rotina que mantenho desde o nascimento da Olívia. Aliás, quando ela tinha 3 meses, concedi uma entrevista para a revista a respeito desse mesmo tema. Guardo 20
com carinho aquela edição. Como se vê, o apoio que tenho da Hebraica em minha missão como mãe, só aumentou nos últimos anos”, brinca. Aos 80 anos, Malvina Klinow tem poucas saudades da época em que se dedicava exclusivamente às filhas. Quando está na Hebraica, pensa apenas em si mesma. “Frequento a Feliz Idade e os serviços da sinagoga nos finais de semana. É prático e também uma forma de passar algumas horas com amigos de quem gosto muito”, afirma. Uma das filhas, Marlene, também se vale dos serviços do clube nos finais de semana. “Quando os filhos dela eram pequenos, usavam a piscina e outros locais. Tomara que meus netos e bisnetos sigam nosso exemplo”, torce Malvina. Nos relatos das mães fica evidente que elas são muito diferentes, mas o endereço onde encontram apoio, estímulo e diversão é sempre o mesmo: avenida Ruth Cardoso, antiga rua Hungria, 1.000. FOTO DA CAPA – Claudia e Isadora Cohen (primeira fila à direita), Adriana , Liora e Beno Massaia, Patrícia e Henrique Eksterman, Tatiane Zalcman com Felipe Bruno e Julia, Tamara Modells com Maya Noa e David, Beatriz e Carolina Gora, Camila Czerkes com Arthur, David e a sobrinha Sophie e Simone e Michel Wachslicht posaram para a foto da capa, assinada por Flávio Mello dos Santos
ENTREVISTA
Por Tania P. Tarandach
A carreira de
JACK TERPINS
até a presidência do Macabi Mundial Dos clubes Pinheiros e Hebraica à União Mundial Macabi. Acompanhe a trajetória do macabeu Jack Terpins, passando pelas diretorias e presidência da Hebraica, pela Confederação Judaica Latino-Americana até chegar à instância máxima do Movimento Macabeu
CHELLA SAFRA, TESOUREIRA DO CJM, DENISE E JACK TERPINS, TERRY DE GUNSBURG,MEMBRO DO CJNORTE-AMERICANO
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D
o esporte para a política comunitária, a carreira de Jack Leon Terpins colocou o Brasil no cenário mundial. Ao lado de dois ícones do Congresso Judaico Mundial – Edgar Bronfman e Ronald Lauder – coube ao brasileiro desempenhar papel de destaque à frente do Congresso Judaico Latino-Americano, que representa as comunidades judaicas da América Latina promovendo o diálogo entre os povos, combatendo a discriminação e apoiando Israel. Hoje, a entidade é presidida pelo empresário Adrián Werthein. Casado com Denise, pai de Rodrigo, Ticiana e Michel, os olhos de Jack brilham quando ele cita o nome dos dez netos: Max, Fred, Liz, Luke, Bernardo, Manoela, Bruna, Beni, Gabriel e Filipa. No novo escritório, as fotos dos netos se misturam àquelas em que está ao lado e cumprimentando líderes mundiais com os quais esteve durante esses últimos anos. De Jackão para uns, o meninão que começou no basquete traçou uma trajetória comentada também fora da comunidade, como diz o jornalista Milton Neves: “Ele nunca deixou de militar no mundo esportivo e cultural macabeu, sendo sempre um dos seus líderes brasileiros e mundiais”, o que se confirma por ter recebido o Prêmio Yakir Macabi, “concedido a grandes líderes em reconhecimento a sua trajetória, compromisso com a causa judaica e com o Estado de Israel”. Terpins é o segundo brasileiro a recebê-lo, o primeiro foi Moyses Schnaider, daí seu significado para ele: “Estou muito feliz, não apenas pelo prêmio como reconhecimento, mas por saber que pude contribuir com aquilo em que acredito, o esporte como uma forma de união e de crescimento”, disse Terpins. E concluiu: “Estou muito feliz que o Brasil, todos os macabeus, por intermédio de minha pessoa, tenham recebido essa honra”. Mais uma vez, o Brasil poderá ser representado mundialmente por um brasileiro. A Federação Latino-Americana Macabi lançou o nome de Jack Terpins para presidir a União Mundial Macabi. A eleição será ainda este mês, em Israel. E dias antes de mais uma das inúmeras viagens durante as últimas décadas, Terpins falou para a revista Hebraica.
NO TIME DE BASQUETE DA HEBRAICA NOS ANOS 1960 É O SEGUNDO A ESQUERDA. O IRMÃO SÉRGIO É O PRIMEIRO À DIREITA
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ebraica – Sua militância comunitária começou, “faz pouco”, pelo esporte. Rememore essa época. Jack Terpins – Eu jogava no Clube Pinheiros, fui para a Hebraica e, junto com meu irmão Caio, que já integrava o vôlei infantil no clube, montamos a equipe juvenil de basquete. Aí começou: fiz parte da Seleção Paulista Juvenil de Basquete, fui vice-campeão infantil no Clube Pinheiros, depois passei pelas diretorias de basquete da Hebraica, do Esportivo, fui diretor Geral de Esportes, vice-presidente de Esportes e Juventude. Do esporte cheguei a presidente da Hebraica, conselheiro da Confederação Latino-Americana Macabi, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), do Congresso Judaico Latino-Americano e um dos vice-presidentes do Congresso Judaico Mundial. Como foi a entrada na “política” comunitária? Terpins – Foi uma consequência do envolvimento com o esporte, daí à presidência da Hebraica. Comecei trabalhando com Marcos Arbaitman. Tomei gosto e comecei a me dedicar. Seu desempenho o coloca como o primeiro dirigente comunitário brasileiro a alcançar os principais postos no judaísmo internacional. Como chegou até aí e qual a dificuldade, se existiu, de um brasileiro estar nessa posição? Terpins – Não foi difícil porque escutei muito Benno Milnitzky, meu ídolo comunitário (o segundo é o rabino Henry Sobel). Seguindo os conselhos do meu mestre, aprendi a atuar na comunidade e fora dela. Meu irmão gêmeo Sérgio era vice-presidente do Corinthians e fui colaborar com meu sogro, Bernardo Goldfarb, cujo sonho era ser presidente do alvinegro. Aca23
ENTREVISTA Judaico Latino-Americano fiquei muito feliz, pois “meu apetite” havia aumentado. Guardo duas figuras importantes na minha vida e que tenho sempre em mente: Guiora Esrubilsky e Berel Aizenstein. Na carreira internacional, conheci três papas: João Paulo II, Bento XVI e, agora, Francisco. Conheci Shimon Peres, Jacques Chirac, Bill Clinton, George Bush (filho), Michele Bachelet, Juan Manuel Santos, Ângela Merkel, Viktor Orbán, Fernando Henrique Cardoso, Lula. Em uma das visitas a Londres, Lauder e eu tivemos um encontro com Mahmoud Abbas.
DIÁ ÁLOGO ENTRE PAPA FRANCISCO E JACK TERPIN NS TEVE MOMENTOS DESCONTRAID DOS
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bei conselheiro do clube. Meu irmão foi um dos fundadores da Gaviões da Fiel e eu, engenheiro, diretor de obras na Fazendinha, o antigo estádio do Corinthians, no Parque São Jorge. Com Bernardo, então vice-presidente de Patrimônio, fizemos um projeto de construção do estádio nesse local. Ficamos só na piscina de ondas, o restante não avançou. Lembro que levei o Grupo de Danças da Hebraica para se apresentar no Corinthians e entre os dançarinos estava o hoje casal Sidney Klajner (presidente do Hospital Albert Einstein), que se conheceu no clube. “Foi um sonho dançar ai (no Corinthians)”, disse então Sidney. Na época em que comecei a atuar, a política na comunidade era mais pura e simples. Um grande estímulo para mim foi a Macabíada de 1969. Eu e meu irmão Sérgio tínhamos 20 anos e participamos da IX Macabíada de Israel. Ganhamos muita experiência. Até saí na capa do Jerusalem Post com o famoso jogador de basquete da NBA Tal Brody. Quando presidi a Confederação Brasileira Macabi me lançaram, sem concorrência, para ser vice-presidente Mundial. Depois de presidir a Conib, o Benno me empurrou para uma nova aventura. E assim me transformei no mais jovem presidente da Hebraica São Paulo. Tinha 39 anos. Na época da eleição para escolher o novo presidente do Congresso
A comunidade mudou em muitos aspectos. Como você vê, atualmente, o desempenho das novas gerações de líderes do ponto de vista dos problemas que as comunidades passam em vários países, sejam materiais ou por serem judeus? Terpins – Primeiro, ser judeu. O Brasil é o país que menos sofre por isso. Europa toda, Chile, Venezuela, apesar de o Maduro ter prometido ajudar a todas as instituições, sofrem e muito. Segundo, as novas gerações assumindo. A Conib está em excelentes mãos, Fernando Lottenberg é positivamente sério, defende quando precisa, toma posições. Na Fisesp, com Luiz Kignel, a mesma coisa. Nossa comunidade é a melhor do mundo, não tem igual à de São Paulo. Temos instituições como o Einstein, a Unibes, Hebraica, Ten Yad, o Museu Judaico em construção, só aqui. Temos de continuar, ir em frente. Este ano, quando Israel chega aos setenta anos como Estado soberano e independente, o que esperar do judaísmo tanto lá como cá? Terpins – O que espero é fácil, a paz. Sou a favor de dois Estados com respeito às fronteiras, isto é o ideal no Oriente Médio. Aqui, não tivemos e não vamos ter problemas. Aqui árabes e judeus são vistos pela população como primos. E assim vai continuar.
ACONTECE
A TROCA DE FIGURINHAS, QUE ACABOU VIRANDO SINÔNIMO DE “TROCA DE INFORMAÇÕES”, JÁ É UMA FEBRE ENTRE AS CRIANÇAS E ADULTOS
A MODA PEGOU Como sempre ocorre a cada quatro anos, a garotada na Hebraica se diverte com os álbuns de figurinhas da Copa do Mundo. Os craques de futebol são o assunto em várias partes do clube 26
O
telefone celular ganhou rivais poderosos quando o assunto se trata de administração do tempo passado na Hebraica: as figurinhas. Desde o lançamento do “Álbum Copa do Mundo 2018”, as mesas nos cafés e outras superfícies lisas são usadas para tarefas como preencher as páginas do álbum com imagens recém-tiradas dos pacotes, pesquisar por número ou jogador alguma estampa faltante, trocar ou exibir com prazer uma figurinha rara. Para muitos, o álbum não é propriamente uma brincadeira, mas uma tarefa adicional que exige concentração e silêncio. Pais, avós, amigos e até estranhos se tornam bem-vindos se tiverem uma quantidade de figurinhas. Muitas vezes, o álbum serve como o veículo de novas amizades na escola ou razão para esticar a hora do lanche na Praça Carmel. Colecionar figurinhas é um passatempo centenário e alguns avós mais antenados não só relembram a infância, como aprenderam a usar o aplicativo oferecido pela Editora Panini, que imprime os álbuns e as figurinhas, para ajudar na administração do álbum. Esse aplicativo foi o dife-
rencial dessa edição, mas a forma mais rápida de preencher todos os times que estarão na Rússia, em junho, é comprar uma grande quantidade de pacotes, abri-los e contar com a sorte. A portaria da rua Alceu de Assis é ponto estratégico para os colecionadores porque é próxima da banca de jornais. Se o fluxo de trocas diminui, é sempre possível renovar o estoque. Aos sábados, o Centro Juvenil Hebraikeinu reserva um tempo para trocar e negociar figurinhas. E a garotada esbanja conhecimento a respeito de seleções, chaves e alguns chegam a prever os resultados dos primeiros jogos do Brasil. Em junho, a maior parte dos álbuns estará completa e todos preparados para a Copa do Mundo. Na Hebraica, será hora, então, de se reunir para torcer juntos, dividir a pipoca e levantar a bandeira. Vai Brasil! (M. B.) 27
ACONTECE
“A SALUTE TO ABBA”, AGENDE-SE
A
bba The History é uma banda formada para comemorar os quarenta anos do Abba, desde sua vitória no Festival Eurovision da Canção, interpretando Waterloo, em abril de 1974. Depois vieram Dancing Queen, Mamma Mia, entre muitos outros sucessos da banda que nasceu em Estocolmo, Suécia. Reserve a data de 5 de maio para o show “A Salute to Abba”, no Teatro Arthur Rubinstein.
Aos domingos, sempre ao meio-dia Este mês, a programação do Show do Meio-Dia começa com “Sopranos em Dueto”, no dia 6, no Teatro Arthur Rubinstein. Uma pausa no domingo 13 para a comemoração do Dia das Mães. Dia 20, quem for ao Teatro Anne Frank assistirá ao Grupo D’Alma, surgido no final dos anos 1970 com participação destacada na música instrumental. Em 1981, merecidamente, o D’Alma recebeu o prêmio Apca de melhor disco de música instrumental. Três décadas se passaram e o D’Alma se renovou com a entrada da violonista Renata Montanari ao lado de Cândido Serra, guitarrista e compositor, e Rui Saleme, guitarrista e violonista, os iniciadores do trio. Jazz e música brasileira no palco para delícia do público. Dia 27 traz um espetáculo diferente ao Teatro Arthur Rubinstein. Fukuda Cello Ensemble e convidados apresentam “De Bach a Brubeck”. Ou seja, do erudito ao jazz norte-americano, passagem que contenta quem gosta da boa música. 28
A banda faz um tributo ao grupo sueco com músicos e cantores talentosos, figurino e coreografia de época, arranjos originais e a oportunidade de reviver os hits da década de 1970, que fizeram sucesso em todo mundo. Um espetáculo cheio de surpresas para todas as idades. O grupo nacional promete transformar a noite na Hebraica em um revival de emoções. Convites na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889.
Cantinho de Israel na Hebraica Shuk HaCarmel em Tel Aviv, Machané Yehuda e o Shuk de Jerusalém. Qual o turista que não se encanta com a bagunça de um mercado israelense... Pois agora, os sócios da Hebraica também terão seu Shuk. Dia 6, um domingo inteirinho com delícias e mais delícias: falafel da Malka, tudo que o Emporium Brasil Israel faz, tchulent da Cecília Judkowitch e Brigaderia da Re, o contraponto bem nacional de Renata Judkowitch. Após um dia inteiro israelense a celebração de Lag Baômer, a quebra do período do Ômer, com muita festa, fogueira e alegria na Praça Jerusalém.
ACONTECE De dar água na boca Omelete de queijo de cabra com hortelã, minestra de verduras e bruschetta de pêssego, nectarina e ameixa ao brandy. Atiçou o apetite? Pois esse é o cardápio preparado por Joel Ruiz na segunda aula desta série no Espaço Gourmet, a que o chef deu o nome de “Menu Mediterrâneo”. Imperdível! E para não perder, o ideal é fazer a inscrição com antecedência na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889..
VISIT TA, DESFILE E SPA A ENTRE AS ATRAÇÕES
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m encontro diferente do outro, pois a monotonia está fora desse que é um dos grupos mais ativos na Hebraica. A Feliz Idade mostra que aproveitar o tempo é algo importante para cada um. As atividades começam no dia 3, às 14h30 na Esplanada. “Trabalhando com Flores” será uma surpresa. No dia 5 está agendada a “Visita Monitorada à Sala São Paulo”, um dos ícones da cidade, saindo às 12 horas e voltando às 16h30. Informações e inscrições na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889.. A psicóloga Fátima Almeida vai abordar o tema “Não Fale com Estranho”, dia 10, às 14h30, na Sala Plenária. Um primeiro presente para o Dia das Mães virá já na véspera, sábado, dia 12, no Espaço Adolpho Bloch, às 13h30, com a coleção outono/inverno de Paloma e Mariel Herrera na passarela. Dia 17, a partir das 14h30, na Sala Plenária, todos se divertiram e ganharão prêmios na “Tarde de Bingo”. Mais uma saída, dessa vez um pouco mais longe, ao Sítio Santo Antônio, algo diferente, bem perto de São Paulo. Dia 19, com saída programada para as 7 horas e retorno às 17 horas. Informações e inscrições, na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889. Dia 24 serão comemorados todos os aniversários do mês com grandes surpresas, a começar pelo local, o espaço Gourmet. Às 14h30, com direito a muito divertimento. Para acabar o mês, está reservada uma atividade diferente para o dia 26, o “Fórum da Saúde”. Com nutricionista, psicóloga, esteticista, cardiologista, professor de educação física e fisioterapeuta, a equipe completa do Spa Sorocaba, trazendo novidades e demonstrando como é bom viver quando se vive bem consigo mesmo.
A arte em evidência As mostras na Galeria de Arte ganharam uma extensão. A cada mês, Olívio Guedes reúne um grupo de pessoas que aprecia a arte e faz um diálogo entre o curador e o público. Momentos para dialogar, trazer os conceitos artísticos para mais perto e entender o artista em sua essência. O próximo tema, agendado para dia 19, é polêmico já no título: “O que Não É Arte”, ou seja, um momento de reflexão em um universo que pode abrir horizontes e dar margem a muitas interpretações. Não é preciso convite, é apenas chegar às 11 horas, sentar e fazer parte dessa roda de conversa. 30
ACONTECE
Circuitto em dia com as novidades
O COLORIDO DAS FLORES No sábado, 12, véspera do Dia das Mães, a Galeria de Arte receberá a exposição “Flores”, de Leslie Amaral. Homenagem à mãe da artista e a todas que estarão lá.
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ntre os que já assistiram O Insulto as reações são as mais diversas possíveis. Agora será a vez dos sócios verem essa produção e darem também suas opiniões. Dia 2, às 14h30 e 20h30. Continuando com as pré-estreias, nos dois horários (14h30 e 20h30) da quarta-feira 9 o filme será Acertando o Passo, produção inglesa dirigida por Richard Loncraine. No final de semana, dia 11, às 20h30 e 12 às 16h e 20h30 será a vez da produção francesa A Odisseia, baseada na vida de Jacques Cousteau, com paisagens belíssimas. Um grupo de judeus ortodoxos chega à estação ferroviária de uma cidade húngara carregando caixas misteriosas, que põem os moradores em sobressalto, pensando numa vingança pelos atos durante a guerra. Título: 1945. Programado para dia 16 às 14h30 e 20h30. Outro filme que vem gerando polêmicas, Sete Dias em Entebbe será visto no dia 23, às 14h30 e 20h30. O diretor brasileiro José Padilha segue as pegadas do voo da Air France, sequestrado e levado a Uganda. Jovens do curso de líderes Meidá assistirão a sessão para debater entre eles e com o público. O último fim de semana, 26 às 20h30 e 27, às 16 e 19 horas, o foco é a Europa com o belíssimo filme Árvores Vermelhas, contando a história verdadeira da família Willer, refugiados tchecos vindos para o Brasil em plena Segunda Guerra Mundial. O fechamento das cortinas será dia 30, nos horários das 14h30 e 20h30, com o filme Aviva, Meu Amor. A produção vem da cinematografia israelense.
Vacinas contra a gripe A Hebraica promoverá a vacinação dos sócios nos dias 19 e 20 de maio. Fique atento para as informações do local e horários, que serão divulgados oportunamente.
Comemoração do Dia da União Europeia Dia 9, a Hebraica receberá cônsules de 27 países para um evento comemorativo da data de criação da União Europeia. Os últimos detalhes mereceram um encontro que reuniu a cônsul Pavla Havrliková da República Tcheca, país coordenador do evento, os cônsules geral de Luxemburgo Jan Eichbaum, de Portugal, Paulo Lourenço, e Michele Pala, da Itália. A abertura será no Hall de Entrada, com a exposição “Democracia e Cultura”, enfocando a Primavera de Praga. Em seguida, no Teatro Anne Frank, o pianista Christian Leotta executará um programa especial para a noite, que terminará com um coquetel. ( T. P. T.) 32
REGISTRO dos que marcaram a história de Israel. A mesma intensidade de sentimentos evocada pelo Iom Hazikaron se manteve na transição para o Iom Haatzmaut. O ator Roberto Borenstein assumiu o papel do primeiro-ministro Ben-Gurion e repetiu, em português, as palavras que o estadista usou para declarar o nascimento do Estado de Israel, em 1948. Em seguida, o público reunido sob a gigantesca bandeira de Israel acompanhou um vídeo produzido pelo governo de Israel no qual doze mil cidadãos se uniram em um coro a convite do atual primeiro-ministro de Israel, Bibi Netaniahu. Nos minutos finais, todos ganharam bandeiras de Israel e rosas brancas para depositar junto às velas em um monumento aos soldados. Ainda em homenagem ao Estado de Israel, todos se uniram em uma harkadá gigante. Naquele momento, todos se sentiam como parte dele. (M. B.)
Lembrar os caídos durante as guerras e a independência de Israel é sempre um momento solene
Heróis de
CARNE E OSSO
Ao homenagear os soldados e civis mortos nas guerras enfrentadas por Israel e em seguida encenar o momento em que Ben-Gurion declarou a Independência do Estado Judeu, o ato cívico de Iom Hazikaron e de Iom Haatzmaut na Praça Jerusalém emocionou o público 34
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ários setores da vice-presidente de Juventude se uniram para recriar na Praça Jerusalém o misto de tristeza e alegria que se instala em Israel a cada aniversário de sua Independência. Iom Haatzmaut (Dia da Independência) sempre é precedido pelo Iom Hazikaron (Dia da Lembrança) que homenageia todos os mortos nas guerras que marcaram a história do país. Com algumas horas de diferença em relação ao que fizeram os israelenses, o clube inteiro parou durante um minuto e uma sirene ecoou solitária enquanto imagens da história de Israel preenchiam o telão. O ato cívico de Iom Hazikaron e Iom Haatzmaut que marcou o septuagésimo aniversário do Estado Judeu, produzido por Ana Iosif, cativou o público com um equilíbrio entre informação e emoção. Os cantores Sabrina Shalom e Eduardo Goulart abriram o evento e a cada etapa da homenagem aos soldados aumentava a interação entre público e jovens que partilhavam o sofrimento das famílias de cada um dos 23.645 homens e mulheres vítimas das guerras e atenta-
Presidente Daniel Bialski na foto à esquerda com o pequeno Samuel Sztokfisz. E à direita, o ator Roberto Borenstein lê o texto da Declaração da Independência de Israel
Jovens roqueiros de Israel
Dia 8, no Teatro Arthur Rubinstein, um evento duplo com a apresentação o de uma banda de rock do Exército e um bate-papo com Dan Halutz, ex-chefe do Estado Maior a respeito de questões ligadas ao septuagésimo aniversário da Independência de Israel Nada como entrar em contato com a nova produção musical do Estado de Israel e também conversar com um militar de alta patente preparado para esclarecer dúvidas acerca de questões relativas à situação política nas fronteiras do Estado de Israel. O show dos jovens soldados israelenses será dia 8, no Teatro Arthur Rubinstein, às 20h30, com entrada franca. O evento integra a programação especial em comemoração ao septuagésimo aniversário do Estado de Israel. Dan Halutz foi chefe do Estado-Maior durante a Segunda Guerra do Lìbano, em 2005. Ele nasceu em maio de 1948, mês em que Israel foi declarado independente, e aos 20 anos tornou-se piloto de combate e participou de quarenta combates aéreos na Guerra do Iom Kipur. A exemplo de inúmeros outros militares, ele cursou economia em Tel Aviv e em seguida formou-se em Administração de Empresas Avançadas em Harvard. 35
COLUNA UM
Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br
Estágios e oportunidades em Israel
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s universidades israelenses são reconhecidas mundialmente pela qualidade e modernidade do ensino. A Feira das Universidades Israelenses – Estágios e Oportunidades foi realizada pela primeira vez no Brasil, reunindo seus representantes no Espaço Adolpho Bloch da Hebraica. Grande número de jovens, muitos com os pais, conheceram as opções oferecidas. Representantes das universidades Hebraica de Jerusalém, Haifa, Tel Aviv, Technion/Instituto de Tecnologia e IDC/ Centro Interdisciplinar Herzliya apresentaram os programas aos jovens que, antes mesmo da abertura da Feira, já faziam fila na porta. Além de visitar os estandes de cada instituição, com material sobre todas as etapas do processo até chegar ao curso regular, quem foi à Feira participou de talks com ex-alunos e representantes de empresas que oferecem assessoria e serviços a estudantes com orientações sobre vistos, bolsas de estudos e exames psicométricos (válido como vestibular). André Chusyd e Débora Cantergi, André Lajst, Revital Poleg da Agencia Judaica, Ernesto Ferreira e Ricardo Lomaski contaram as experiências em Israel, tendo como mediadores Gaby Gitelman e Ricardo Setyon. Alex Szapiro, country manager da Amazon no Brasil, falou a respeito dos novos modelos de negócios no mundo da tecnologia. O presidente da Hebraica Daniel Bialski, que abriu a Feira como anfitrião, ressaltou a importância do evento e colocou o clube para edições futuras.
Turistas procuram Israel Colocado, mundialmente em 11o lugar no ranking da felicidade, Israel vê crescer a cada ano o número de turistas. Os números do Ministério de Turismo mostram que 393 mil pessoas visitaram o país em março de 2018, um número 34% maior do que em 2017 e 63% do que em 2016. 36
No Largo de São Francisco, Celso Lafer, membro da Academia Brasileira de Letras e exministro das Relações Exteriores brasileiro, recebeu o título de professor emérito da Faculdade de Direito da USP.
CAIIO BLIN NDE ER FAL LA NA HEB BRAICA
Na’amat Pioneiras São Paulo/Grupo Lehitraot, Sinagoga Mishcan Menachem e a Hebraica levaram ao Teatro Arthur Rubinstein um público interessado em ouvir Caio Blinder. O jornalista vive nos Estados Unidos, participa do programa “Manhattan Connection”, da Globo News, desde o início, em 1993, e é colunista da Tribuna Judaica, conversou durante duas horas com Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da Fisesp, e o público. “Como jornalista judeu e brasileiro, busquei pincelar um pouco da situação no Oriente Médio, onde o que mais me preocupa é a fronteira com a Síria e o poder do Hizbollah, e o recrudescimento do antissemitismo em várias partes do mundo, na velha Europa por exemplo, berço do Holocausto, e na Polônia e Hungria, que dizimaram os judeus na Segunda Guerra, algo que me assusta muito. Também não tem como não falar de Trump, que nos Estados Unidos não tem a simpatia da comunidade judaica”, afirmou o jornalista. “Nos dias de hoje, ninguém escapa das redes sociais”, disse Caio e continuou: “A comunidade judaica, principalmente nossos jovens, precisam estar atentos e cuidadosos com o que postam nas redes sociais, especialmente em tempos de eleições, quando os ânimos ficam ainda mais acirrados”. “Muitas vezes acabamos dando grande repercussão a algo que não é favorável para nossa comunidade e que acaba ganhando grande visibilidade por conta do compartilhamento nas redes sociais”, alertou o presidente executivo da Fisesp.
HOMENAGEM A LOTTENBERG NO RIO DE JANEIRO
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presidente do United Health Group Brasil e do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein Claudio Lottenberg recebeu homenagem da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Por iniciativa do vereador Jorge Felippe, presidente da Casa, Lottenberg recebeu o Conjunto de Medalhas de Mérito Pedro Ernesto e o título de cidadão honorário do município do Rio de Janeiro.
Amem honra um benemérito
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Associação dos Amigos do Menor pelo Esporte Maior/ Amem foi criada em 1998 pelo então secretário de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo Marcos Arbaitman com o apoio do então governador Mario Covas e de empresários que entenderam a proposta de acolher crianças e adolescentes em uma moradia transitória e para a ressocialização, pois as famílias ou responsáveis não tinham como atendê-los em casa. O fundador da Amil, Edson de Godoy Bueno, era um desses beneméritos e, em um gesto de reconhecimento, o auditório da Amem passou a ter o nome do empresário. A presidente da Amem, Nídia Duek, recebeu os convidados, entre eles o ainda prefeito João Dória, Bete e Marcos Arbaitman (atual conselheira e ex-presidente da entidade), a atriz Regina Duarte, rabino David Weitman, Abraham Avi Meizler, Solange Medina, Cláudia Cohn, Paulo Mathias, Uri Arazi, Júlio Serson, Carlos Tilkian, Anna Schvartzman e familiares de Godoy Bueno.
Jewish IN convidou e os jovens foram ao Colégio Renascença ouvir Jayme Brasil Garfinkel falar sobre “Porto Seguro e Minha Carreira”. Márcio Ballas estava na Livraria da Vila no lançamento de O Menino que Fazia Sorrir, de Andi Rubinstein. No Atrium do bloco A, no Hospital Israelita Albert Einstein, a Brunella inaugurou um novo conceito visual e arquitetônico. Ao completar quinze anos, a Timerman Comunicação soma à assessoria de imprensa o atendimento a mídias sociais, reposicionamento de marca e muito mais. No comando, Yeda Timerman Holender. No Recife, Aron Zylberman, Michel Freller e Steven Dubner foram palestrantes durante o FIFE 2018 Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica. Em cerimônia na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa doze professores de diversas especialidades receberam o título de professor emérito. Entre eles, o pediatra Júlio Toporovski. 37
COLUNA UM
CÁPS SULA DO TE EMP PO NO OS SETE ENTA ANOS S DE E IS SRAE EL Está em execução o Projeto Cápsula do Tempo “Olim Ladegel”, um tributo ao heroísmo dos soldados que lutaram por Israel. Comunidades judaicas pelo mundo receberão três mil bandeiras do Estado para registrarem desejos e bênçãos a Israel e seu povo, que serão depositadas em uma cápsula do tempo, e aberta somente em 2048, na comemoração dos 100 anos da Independência de Israel. Com o intuito de “ecoar coletivamente uma mensagem para o futuro do país”. A cápsula do tempo tem o apoio dos ministérios da Educação e dos Negócios Estrangeiros, mais o Keren Kayemet LeIsrael. Estão empenhados nesse projeto o KKL Brasil, mais os alunos da Escola Beit Sefer Marcos Serruya e o movimento juvenil Kadima/Bnei Akiva, ambos de Belém do Pará, o Conselho Juvenil Judaico Sionista do Estado de São Paulo e suas tnuot, e os alunos do Colégio Iavne de São Paulo.
Galeristas fazem bonito na SP-Arte
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Entre galerias de arte e design de quinze países, artistas judeus disseram presente na 14a edição da SP-Arte Festival Internacional de Arte de São Paulo. A chilena Lotty Rosenfeld foi um dos destaques internacionais. A galeria Etel com as famosas cadeiras de Jorge Zalszupin; Jaqueline Terpins e seus vasos de cristal incandescentes; Aaron Cesar e Betty Duker vieram de fora para dialogar com Giselle Beiguelman. Obra de Jack Lerner foi admirada pelos passantes; galeria Dan atraiu conhecedores de arte. Muitos conhecidos se cumprimentaram e transitaram pelo pavilhão da Bienal no Ibirapuera.
Coube a Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice FipeZAP do mercado imobiliário, falar sobre “O Futuro do Imóvel e o Imóvel do Futuro” no Summit Imobiliário Brasil 2018, realização Estadão e Secovi, no Sheraton WTC. Paralelo à SP-Arte 2018, Israel Kislansky tem sua “Vanackeriana II” instalada no Tivoli Mofarrej SP. O escultor baiano, radicado em Sampa, é referência na escultura figurativa no Brasil e exterior. No mesmo tempo, Ari Borger, mestre em boogie woogie e hammond B3, e seu trio fizeram música por lá. Coreógrafo do Batsheva, companhia de balé israelense, Ohad Naharin atendeu o pedido de José Padilha e incluiu uma de suas coreografias no filme Sete Dias em Entebbe. Em Chicago, EUA, Marcello Bronstein recebeu o Outstanding Clinical Practitioner Award, concedido pela Sociedade Americana de Endocrinologia. Um dos mais importantes autores de livros infantis do Brasil, Ilan Brenman abordou o valor da literatura e da imagem no dia-a-dia da criança como convidado para o Festival Literário – Literalmente Isso 2018, iniciativa da Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Por muito tempo, até o final da guerra, Maika Dratcu viveu escondida num porão. Essa experiência ela contou em sua palestra no Bait, com a mediação de Sarita Saruê. Isabela ganhou seu nome hebraico, Beile, na Sinagoga da Hebraica. Silmara e Henry Scherkerkewitz brindaram com alegria durante o kidush.
Na Câmara Municipal de São Paulo, Cláudio Bobrow recebeu o Prêmio Sérgio Vieira de Melo por sua dedicação a causas sociais.
ESPAÇO GOURMET RECEBE CHEF ISRAELENSE “Para mim, as matérias-primas são minha paleta como artista. Com o passar dos anos, comecei a ter mais precisão na preparação, em particular na abordagem que diz que tudo que eu preparo deve atender à refeição no momento exato para ser saboreado. Para mim, isso é comida.” Esta é a cartilha do chef israelense Avner Laskin, de passagem por São Paulo. Formado pela Academia Cordon Bleu em Paris, com o Grand Diplôme de Cuisine et Pâtisserie, especializou-se em pães na Escola Lenôtre e recebeu o cobiçado Diplôme de Pain de Tradition et de Qualité em 1998. Aos 23 anos, abriu Bix, seu primeiro restaurante, na Marina de Tel Aviv. Laskin chefia a equipe de culinária da Bulthaup Culinary Academy, onde é respeitado o processo criativo e prático de fabricação de alimentos. Reflexo de todo esse conhecimento, a noite no Gourmet da Hebraica foi saborosa e elogiada pelos convidados.
Iom Hashoá em Brasília Este ano, o Iom Hashoá, que relembra a data em que os aliados libertaram os campos de concentração e de extermínio, na Europa, em 27 de janeiro de 1945, teve uma homenagem especial por meio do Museu do Holocausto de Curitiba, e o apoio do Senado Federal, da Conib e do senador Davi Alcolumbre (Democratas). As duas torres do Congresso Nacional receberam a inscrição “Holocausto Nunca Mais”. Por iniciativa do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), a Câmara dos Deputados montou a exposição “Shoá – Holocausto: como Foi Humanamente Possível”, produzida pelo Yad Vashem, exibida na sede da ONU e adaptada pelo Museu de Curitiba. A abertura teve a presença de senadores, deputados federais, o presidente a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, juiz Guilherme Feliciano, o coordenador geral do Museu do Holocausto Carlos Reiss e o embaixador de Israel, Yossi Shelley.
Sempre criativa, Raquel Davidowicz desenvolveu uma linha de produtos de borracha proveniente do descarte industrial, transformando o que iria para o lixo em um objeto de design para sua Uma. Lançado há dois anos, Cold Hot continua a fazer carreira de sucesso. Desta vez, o livro foi lançado em Belo Horizonte. Sérgio Poroger voltou aos Estados Unidos e fez duas mil fotos tendo o cinema como foco principal. O fotógrafo pinçou uma amostra de dez, que estão no Reserva Cultural. Tema difícil, “Como Falar para seu Filho Ouvir e como Ouvir para seu Filho Falar” esteve na Roda de Reflexão do Espaço Terapêutico Arruda Feldman. Desenvolvido pela psicóloga clínica Andrea Bortman Gorenstein.
Estande de Israel foi um dos mais visitados durante a WTM Latin America 2018, no Expo Center. Com representantes vindos de Israel e a presença da El Al, (Priscila Golczewski) e Tal Aviation (Pedro Castro), com Monica Leal da TAP na foto. Elisa Monde é a curadora da exposição “Homens na Arte”, que reuniu vinte artistas no Piola Jardins. Entre eles André Guittcis. 39
COLUNA UM Weizmann e o vírus da influenza Chegar a uma vacina universal, aplicada apenas uma vez, para impedir o alastramento da influenza é o sonho de pesquisadores no mundo todo. O Instituto Weizmann de Ciências de Israel se dedica a pesquisas nesse setor envolvendo setecentos participantes e que entrou na Fase III, que antecede a aprovação da vacina pela Food and Drug Administration-FDA, nos Estados Unidos. Ruth Arnon, do Departamento de Imunologia do Weizmann e ex-presidente da Academia de Ciências de Israel, é a responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, já patenteada por ela e sua pesquisadora associada Tamar Ben Yedidia. O licenciamento do produto é da empresa BiondVax, que finalizou o desenvolvimento da vacina. Ruth Arnon foi a co-desenvolvedora do Copaxone, droga considerada revolucionária contra a esclerose múltipla, hoje correspondendo a um terço do mercado mundial. Para mais detalhes, consulte http://www.weizmann.ac.il/ WeizmannCompass/sections/briefs/one-shot-strategy.
Conib reúne educadores “Sustentabilidade da Educação Judaica em Três Dimensões: Humana, Acadêmica e Econômica” foi o tema do IV Encontro Nacional das Escolas Judaicas, idealizado e organizado pela Conib, que reuniu mais de oitenta participantes na Escola Alef Peretz. O secretário Geral da Conib, Eduardo Wurzmann, fez a abertura oficial. “Temos um enorme legado e vários desafios, além da questão econômica”, destacou para diretores, mantenedores e coordenadores de todo Brasil. Pesquisador sênior do Shalom Hartman Institute de Jerusalém desde 1978, o professor Noam Zion falou da importância do reconhecimento da identidade judaica e de se contar histórias para as futuras gerações. “É muito importante para um judeu conhecer a sua origem.” Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Ebape e ex-secretária de Educação do Rio de Janeiro (2009/2014), Cláudia Costin tratou da sustentabilidade na educação. Para ela, é fundamental o aluno perceber que é o principal responsável pelo seu desenvolvimento e que aprender a pensar é o primeiro passo para alcançar essa consciência. Ao promover e organizar o Encontro, com apoio incondicional da equipe Conecteinu, a Conib espera contribuir para soluções e caminhos para o aprimoramento e longevidade do ensino judaico no Brasil. 40
Clarice Niskier e Eliana Guttman leram trechos do livro Alma & Política/Um Regime para seu Partidarismo, na Cultura/ Conjunto Nacional. Mais um livro da série do rabino Nilton Bonder, editado pela Rocco. Dias depois, Bonder esteve em Israel, onde foi lançado A Alma Imortal em tradução para o hebraico. Never Stop Dreaming: A Vida e o Legado de Shimon Peres terá George Clooney como narrador. Produzido pela Moriah Films, divisão do Simon Wiesenthal Center, de Los Angeles, a estreia está prevista para junho, em Nova York. Andrea Bisker e Carlos Ferreirinha levaram o “Entre Amigas” para o rooftop da Unibes Cultural para falar de moda, cultura e inclusão social na hora do almoço. Estão fazendo furor as bolsas de crochê e tricô, coleção exclusiva de Leja Rojtenberg no Facebook. Direto de Israel, Mistérios de Shelly estreou no canal Mais Globosat (maisglobosatplay.com.br) e já tomou conta das rodinhas de fãs dos seriados. Para seus ouvintes, na Ohel Yaacov, Daniella Horn explicou tudo que é preciso saber sobre saúde e ciência da nutrição. “Nutrição Consciente” foi o tema da palestra. Aluno do Renascença, Michel Singer, 10 anos, é uma das estrelas mirins do elenco de A Noviça Rebelde. Ele interpreta um dos filhos do Capitão Von Trapp no famoso musical. Irmãos da Rei Salomão e Rei David convidaram e o jornalista Carlos Brickmann falou sobre “O Brasil e os Judeus”. Uma aula de história que faz falta nos livros didáticos.
(foto crédito Eliana Assumpção)
COLUNA UM AGENDA
IN NOVA AÇÃO NO O VA ALE O SIL LÍCIO O DO E EM EL ISRAE
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esde 2016, Roger Ingold amplia sua inserção no Vale do Silício e polos de inovação globais com a experiência de mais de uma década como presidente da Accenture na América Latina. Hoje presidente do LIDE Inovação e sócio da Ataria Ventures, ele dedicou uma manhã para falar em um encontro no Velloza Advogados Associados, convidado pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria. Entre suas ponderações, esteve o impacto da inteligência artificial e do machine learning no dia-a-dia e como a tecnologia viabiliza essa revolução, afetando também as pessoas e a criação de novos modelos de negócios. “Estamos mergulhados no termo Inovação no Vale do Silício, em Israel e outras partes do mundo. É imprescindível estarmos conectados como pessoas e como empresas... A boa notícia é que no Brasil a adoção da tecnologia é muito boa. Estamos num cenário perfeito para uma grande avenida de investimento e crescimento na área”, finalizou o palestrante.
Alunos brasileiros no Weizmann
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ean de Oliveira da Silva, de Araponga/PR, Maria Vitória Valoto, de Londrina/PR, Carolina Eva Padilha, de São Paulo/ SP, e Luíza Elias Coutinho, de Belo Horizonte/MG, são os jovens que passarão julho em Israel, participando do curso de verão em Rehovot, no campus do Weizmann. A ida desses jovens é possível por meio da bolsa integral dada pelo grupo de Amigos do Instituto Weizmann do Brasil. A carioca Camila Freze Baez Nascimento recebe também a bolsa para pós-doutorado. A bolsa The Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship se destina somente para alunos brasileiros e tem como requisito essencial a excelência acadêmica. Para os que aqui ficam resta aguardar a volta daqueles para contar seus ganhos acadêmicos e a convivência com jovens de todo mundo em torno do que há de mais avançado em diferentes áreas oferecido pelo Weizmann. 42
8e9/5 Das 10 às 19 horas. Dia das Mães no Buffet Menorah. Realização Na’amat Pioneiras. Informações, 3667-5247 5 / 5, às 21h – Teatro Bradesco. Bibi, Uma Vida em Musical. Realização Ciam. Informações, 3760-0063 ou ciam@ciam.org.br 14 / 5, às 20h – Theatro Municipal de São Paulo. La Traviata, com o consagrado barítono Paulo Szot e maestro Roberto Minczuk. Realização Ciam Informações: 3760-0063 ou ciam@ciam.org.br Até dia 11 / 5 – De segunda a sexta-feira, a partir das 9 horas. “Você Sabe onde Fica o Bom Retiro?” Exposição de fotos do CDM do Museu Judaico de São Paulo e ilustrações de Ivo Minkovicius. Informações, 3088-0879 10/5 – Entre Amigas no rooftop da Unibes Cultural. Almoço com Andrea Bisker e Carlos Ferreirinha, mais desfile de Martha Medeiros 17 / 6 – Salão Marc Chagall da Hebraica. 6o Lechaim Festas, setenta expositores. Beneficiando a Associação dos Amigos do Menor pelo Esporte Maior/Amem Até outubro – Exposição Diálogo com o Tempo” passou por vários países, inclusive Israel, e chegou à Unibes Cultural
ESPORTES
OS FESTIVAIS SÃO UM IMPORTANTE MOMENTO NO CALENDÁRIO DA ESCOLA DE ESPORTES, QUANDO OS PEQUENOS CRAQUES MOSTRAM AS HABILIDADES NUM AMBIENTE COMPETITIVO
Pequenos craques em ação Três eventos abriram a temporada de festivais da Escola de Esportes, mobilizando os pequenos atletas em jogos de futsal, futebol society, ginástica artística e de trampolim, além das famílias que torciam pelos pequenos nas arquibancadas 44
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quadra do Centro Cívico foi reservada na manhã do segundo sábado de abril para o Festsal, a primeira experiência competitiva dos alunos de 6 e 7 anos na modalidade futebol de salão. Uniformizados por equipes, os garotos receberam instruções dos técnicos de cada equipe e de que os jogadores se revezariam em campo para dar oportunidade a que todos pudessem jogar. Como lembranças do evento, os participantes foram premiados com medalhas e com elas posavam orgulhosamente para fotos com pais e irmãos. À tarde, as famílias se dirigiram às quadras externas, onde aconteceriam as primeiras partidas da Liga de Futebol Society, torneio misto para a faixa dos 8 aos 12 anos. Para esse evento, atletas de 8 e 9 e 10 a 12 anos formaram equipes com nomes e símbolos de times que disputam o Campeonato Brasileiro de Futebol. Pela categoria 8 e 9 anos, Santos e Curitiba fizeram a primeira partida e Náutico e Ceará abriram o torneio na categoria 10 a 12 anos. Além deles, jogaram os craques do Atlético Mineiro e Botafogo. Diferentemente de outros festivais, a Liga terá várias etapas até as finais, em maio. O Festival de Ginástica Artística e de Trampolim foi realizado domingo com grande público acompanhando das arquibancadas, enquanto as crianças passavam por um circuito de aparelhos e faziam demonstração na cama elástica. Na semana seguinte, foi realizado o Festival de Polo Aquático. Para maio, estão agendados os festivais de basquete, handebol, tênis, vôlei e nado sincronizado que encerra a temporada dia 27. (M. B.) 45
ESPORTES
Fotos: Flávio Mello / Acervos pessoais
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Competição no Pinheiros
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reze atletas da equipe de natação disputaram, no parque aquático do Esporte Clube Pinheiros, o Torneio Regional Juvenil a Sênior que abriu a agenda competitiva da modalidade. Como destaque, o nadador Samuel Leocádio obteve medalha de prata nos duzentos metros borboleta e ficou em terceiro nos duzentos metros livres e em quarto nos cem metros borboleta. Ele foi selecionado para disputar o Troféu Kim Mollo, em Mococa, São Paulo. Além dele, Isabella Colares e Gabriela Nielsen respectivamente medalhas de prata nos cinquenta metros borboleta e cinquenta metros costas. David Gelhar e Rafael Muro Lebensztajn atingiram índices para os Campeonatos Paulista e Brasileiro.
Craques no xadrez escolar Quatro enxadristas mirins representaram o clube no III Torneio Interescolar de Xadrez promovido pelo Colégio Santa Cruz, uma das atrações do festival recreativo anual da escola. Felipe e Victor Rotenberg, Ariel Davidovic, Alexandre Finkelstain disputaram com outras 46 crianças os prêmios para a categoria sub-10. Felipe e Ariel subiram ao pódio respectivamente em terceiro e terceiro lugares, enquanto Alexandre e Victor se classificaram em décimo primeiro e décimo primeiro lugares. Além deles, outros seis garotos que praticam xadrez semanalmente no clube como parte de uma parceria entre a Unibes e a Hebraica também participaram do torneio em total harmonia e integração com os alunos de outras escolas inscritas.
Dois torneios de judô Vitórias conquistadas por um grupo de judocas formado por sócios, integrantes do projeto social com o Lar das Crianças da CIP na Copa São Paulo de Judô 2018 garantiu a permanência da Hebraica por mais um ano entre as dez melhores agremiações do Brasil. A Copa São Paulo foi realizada no Ginásio Poliesportivo Municipal de São Bernardo do Campo Adid Moysés Dib com a participação de dezoito Estados. “Em dois dias de competições, nossos atletas enfrentaram uma verdadeira maratona. Éramos a menor equipe em número, a única a não contar com patrocínio, nem atletas contratados e mesmo assim dez dos nossos atletas foram convocados para o Campeonato Brasileiro (Região V) como parte da seleção paulista, o que nos dá muito orgulho”, relatou a técnica Miriam Minakawa. Na contagem final de pontos, a Hebraica ficou em quinto lugar. Já no início de abril, o clube se destacou no Campeonato Paulista fase regional, o torneio com melhor nível técnico da cidade de São Paulo nas classes sub-15, sub18 e sub-21. Entre os judocas da Hebraica, 23 se classificaram entre os três primeiros em suas categorias. Daniel Tcherniakovsky lutou em uma categoria acima do seu peso e conquistou o título de vice-campeão sub15, enquanto Renata Paty conquistou mais um título de campeã na classe 52 quilos, na categoria sênior.
TORNEIO INOVADOR Dirigentes da Cbda (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e PAB ( Polo Aquático do Brasil) se reuniram no auditório da Hebraica com os coordenadores e técnicos dos clubes esportivos participantes para o sorteio e a montagem das chaves para o Campeonato Brasileiro Interclubes e sub-13 e sub-17 (masculino e feminino), com a participação de treze times basicamente de São Paulo, Bauru e Rio de Janeiro. Os dois torneios têm a Hebraica como sede, sendo que o sub13 estava previsto para o final de abril e o sub-17 acontecerá nas piscinas semiolímpica e olímpica de 9 a 13 de maio. Neste, a equipe da Hebraica integra a chave dê que também tem o Tijuca Tênis Clube (cabeça de chave), o Esporte Clube Pinheiros e o Clube Paineiras do Morumby. 46
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1 E 2. ATLETAS DA 6 EQUIPE DE CORRIDA DA HEBRAICA PARTICIPARAM DA CAMINHADA DA PAZ 2018, REPRESENTANDO O CLUBE; 3. EQUIPE MIRIM DE NATAÇÃO EM ATIVIDADE DE INTEGRAÇÃO NO CLUBE ESPÉRIA; 4. EM JOGO DE HANDEBOL, HEBRAICA ENFRENTOU O TAUBATÉ; 5. ESTÁ COMPLETA A EQUIPE INFANTIL DE BASQUETE; 6. ALUNOS DE 4 E 5 ANOS DA ESCOLA DE ESPORTES FIZERAM UMA VISITA AO CLUBE PAINEIRAS DO MORUMBY; 7. ENCONTRO DE DAMAS DO TÊNIS; 8. O MASTER DE NATAÇÃO TAMBÉM LEMBROU A PASSAGEM DO IOM HAATZMAUT
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Uma nação de
Por Miriam Sanger, de Israel
AS CRIANÇAS FAZEM A NAÇÃO SER MAIS FELIZ E, POR ISSO, SE DÁ TODA E A MAIOR ATENÇÃO A ELAS
GENTE FELIZ I srael é o 11o país mais feliz do mundo. Esse foi o resultado da pesquisa World Happiness Report, realizada anualmente desde 2012 pela Organização das Nações Unidas em 156 países e investiga questões como liberdade, PIB, investimentos em saúde e corrupção. Também desta vez, repetindo vários anos, os escandinavos ganharam as primeiras posições: Finlândia em primeiro lugar e a Noruega em segundo. Os últimos são países, por exemplo, como Burundi, Sudão e Iêmen. O primeiro-ministro israelense Biniamin Netaniahu correu aos meios de comunicação para comemorar o resultado. “Quem diria que uma nação situada em uma vizinhança terrível, que sofre com o terrorismo e luta diariamente contra o islamismo seria vista por sua própria população como um dos melhores países do mundo para se viver?”, declarou. Ele nem precisou estender a lista, citando outros problemas enfrentados em Israel, como as guerras, a predominância de terras ári-
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Aspectos como vizinhança pouco amistosa, guerras e alto custo vida incomodam, mas não tiram a satisfação dos israelenses, considerados um dos povos mais felizes do planeta
das e deserto, o alto custo de vida, as diferenças culturais entre árabes e judeus, boicotes internacionais, os recentes escândalos de corrupção (do qual o próprio premiê é muitas vezes personagem) e até mesmo as disputas ideológicas entre seculares e ultraortodoxos. Parece meio sem sentido, mas assim é. Se, por um lado o israelense é conhecido mundialmente por sua irritabilidade, por outro é um tipo satisfeito e que se contenta com os aspectos mais simples da vida. Há muitas razões para isso que incluem características da cultura judaica, como o amor extremo pelas crianças e a valorização da família; do clima, predominantemente quente e ensolarado e até mesmo antropológico, que é a convivência como fator de qualidade de vida, o que se torna mais fácil em um país pequeno. Na tentativa de resumir tudo isso, vale perguntar: o que faz o israelense feliz? Relacionamentos humanos deixam o israelense feliz – Não só ele, pois todas as pesquisas a respeito do tema concluem que ter uma vida social saudável é um requisito para a felicidade. E a oportunidade de convívio é algo que sobra para a maior parte da população de Israel, a começar pelo tradicional jantar de Shabat – vale citar que as re-
feições familiares às sextas acontecem mesmo entre famílias não religiosas –, encontros em todas as festividades do calendário mosaico, as fortes amizades criadas nas escolas e, depois, no exército, etc. O país nasceu do esforço da coletividade, e isso se tornou uma de suas marcas registradas. Crianças fazem o israelense feliz – Israel tem a maior taxa de natalidade entre os países desenvolvidos: 3.1 crianças por casal, quase o dobro comparado com a média de outras nações, de 1.7. Aqui, ela tem prioridade e recebe toda a atenção, o que se faz notar pelo número de parques, praças e alternativas de entretenimento para elas. Pais e mães se dividem nos cuidados dos filhos, que por aqui são pequenos reis (para o bem e para o mal). E a jovem população de Israel, com mais de 53% com idades entre 15 e 54 anos, lança no ambiente um clima de energia e criatividade. Segurança permite ao israelense ser feliz – Esse aspecto é paradoxal em um país que desde a sua criação, há setenta anos, passou por mais de dez guerras e conflitos, além de duas intifadas. Mas em Israel a incidência de assassinatos é de menos de dois para cada cem mil pessoas e recente pes-
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MAGAZINE quisa da ONU mostrou que 85,4% da população afirmou sentir-se segura dentro das fronteiras nacionais. Boa saúde garante ao israelense ser feliz – Segundo o Escritório Central de Estatísticas, o Ibge local, 83,7% dos israelenses responderam que têm saúde boa ou ótima. Isso, provavelmente, resulta do sistema público que, embora imperfeito, funciona bem, hábitos alimentares que privilegiam o vegetarianismo, o amor pela vida fora dos limites do lar e até mesmo a oferta de transporte público de qualidade. Em todo lugar, os idosos se locomovem com autonomia o que também é um fator que leva à felicidade. Engajamento ajuda o israelense a ser feliz – Todos sabem que onde há dois judeus existem pelo menos três opiniões. Cada um tem a sua e, acompanhando o clima da “grande família” em Israel, de modo geral, todos querem impor a sua opinião, seja na fila do supermercado, seja nas urnas. Em um país em que o voto não é obrigatório, a presença de 72,3% dos votantes nas urnas em 2015 prova o envolvimento dos cidadãos. O israelense precisa se sentir participante e in-
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serido, e aqui ele de fato consegue. Emprego deixa o israelense ser feliz – Muito se fala disso na Diáspora e realmente é verdade: o país tem alta taxa de empregabilidade, com apenas 4,3% (dado de dezembro de 2016) de desemprego. A economia do século 21 está superativada e consegue absorver inclusive as constantes ondas migratórias. Ter emprego, claro, não significa gostar dele; apesar disso, no entanto, 58% dos israelenses dizem que apreciam o seu. Se o salário é suficientemente bom, aí já é outra história principalmente em um país cuja capital ocupa o nono lugar como a mais cara do planeta. O empobrecimento da população é tema que, de fato, precisa de muita atenção. A vida ao ar livre dá espaço para o israelense para ser feliz – O clima predominantemente ensolarado influencia diretamente no humor das pessoas em todo o mundo, assim como a beleza geográfica do país. Isso explica porque justamente Espanha, Israel, Itália, México, Turquia e Grécia são os seis países entre os 35 da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a apresentar o menor índice de suicídios.
Nesse aspecto, Israel tem outra vantagem nascida do fato de ser pequeno: a cada fim de semana o israelense pode escolher qual a paisagem preferida, entre montanhas ou praias, desertos ou bosques. Curtas distâncias permitem que o israelense seja feliz – É porque ele pode aproveitar essa circunstância geográfica para estar próximo dos seus, mesmo quando decide viver em uma cidade diferente. Como as distâncias são curtas, as mudanças de vida não repercutem necessariamente no círculo familiar e de amizades. O amor pelo próprio país motiva o israelense a ser feliz – Talvez não haja um outro local onde a fidelidade se expressa com tanta força e amor. Em todas as cidades tremulam bandeiras israelenses e o Dia da Independência é um dos feriados mais adorados e esperados da população. Israelense se gaba de tudo, da invenção do tomate-cereja aos valores bilionários movimentados por start-ups, das vitórias militares à sua amizade com os Estados Unidos, do cottage ao chocolate da vaquinha. O hino nacional, Hatikva, é tocado ao final de todos os eventos, desde a formatura das crianças no jardim-de-infância até a posse do primeiro-ministro. Isso gera um sentimento de pertencimento que faz com que mesmo israelenses que se destacam no exterior voltem a viver no país simplesmente porque o amam. Já muitos daqueles que mais o criticam do que o elogiam não saem daqui, na esperança de fazer da nação um lugar melhor para as próximas gerações. Em resumo, Israel é a realização de um sonho acalentado por mais de dois mil anos – e os cidadãos sentem-se felizes simplesmente por fazerem parte dele. As guerras colaboram para que o israelense seja feliz – Tremendo paradoxo, mas perfeitamente explicável. Muita verba pública é direcionada para o exército. Todos os filhos do país precisam dar anos da vida para defendê-lo, frequentemente ameaçado por atentados e mísseis. Quase todas as famílias foram tocadas por perdas de parentes ou amigos em conflitos. Por isso, o israelense aproveita para viver a vida da melhor forma possível, sabendo que talvez seja o último dia de calmaria. Nos noticiários locais, os âncoras se despedem do público desejando uma “noite boa e tranquila” (laila tov veshaket). O desejo pela paz faz dos israelenses amantes de um dia após o outro Por fim, claro que nem tudo são flores, e há muito a se corrigir em diversos aspectos. No entanto, isso não muda em nada a celebração do 70o aniversário da pequena e única nação judaica do planeta, que ficará marcada para sempre como um evento memorável. Os israelenses certamente o comemorarão com sua marca registrada: a felicidade de ser um filho de Israel. 51
12 NOTÍCIAS
por Miriam Sanger, de Israel
TREM DE SUPERFÍCIE NOS TERRITÓRIOS – O Ministério dos Transportes de Israel planeja iniciar a construção do primeiro trem de superfície ligando a Cisjordânia a Israel, com uma linha que conectará a cidade de Ariel, na Cisjordânia, a Petach Tikva. Essa é iniciativa é tão polêmica By Jotpe - https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0) quanto a própria existência de Ariel, assentamento com vinte mil habitantes incrustado dezesseis quilômetros além da Linha Verde. A cidade já conta com um parque industrial e mais de quinze mil estudantes frequentam sua universidade, o que faz dela um dos maiores assentamentos judaicos nos territórios ocupados, ao lado de Modiin Illit, Beitar Illit e Maalê Adumim. Ariel é sempre citada como ponto polêmico nas iniciativas de paz entre israelenses e palestinos.
NONA CAPITAL MAIS CARA DO MUNDO – Há apenas cinco anos, Tel Aviv era uma das 34 cidades mais caras do planeta. Hoje, de acordo com o relatório anual da Economist’s Intelligence Unit, ocupa a nona posição. Comprar bebidas alcoólicas é para poucos e, nesse quesito, Tel Aviv é a segunda mais cara no mundo, pois uma garrafa de vinho custa em média 28 dólares. Outro item, cigarros, choca até não fumantes: 9 dólares o maço, o dobro de há dez anos. O litro de gasolina também é caro, US$ 1,68 – mas mais barato do que há cinco anos. By Amos Meron - https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=23523721
QUALIDADE DE VIDA EM NÚMEROS – O Central Bureau of Statistics, espécie de IBGE israelense, divulgou o resultado da última pesquisa a respeito de aspectos de qualidade de vida da população nas cidades do país. Rehovot foi a campeã dentre as quatorze maiores cidades israelenses. Na mesma região, detectou-se o maior nível de satisfação com o local de trabalho e moradia, e o menor índice de mortalidade infantil. Seguem-se a Rehovot as cidades de Ramat Gan, Rishon LeTzion, Bnei Brak, Petach Tikva, Holon e Tel Aviv. A capital israelense, Jerusalém, ficou em penúltimo lugar. Outros dados interessantes levantados na pesquisa colocam Ramat Gan como a de mas alta expectativa de vida, Rishon LeTzion, a de melhor área residencial, e Bnei Brak, cujos habitantes são os mais satisfeitos com a qualidade de vida. HAMAS MARCHA, ISRAEL POLEMIZA – A “Grande Marcha dos Cem Mil” organizada pelo Hamas, que levou milhares de palestinos à fronteira de Israel com Gaza no primeiro dia de Pessach, revelou ao mundo mais uma faceta do país: o forte embate ideológico. O jornal Haaretz publicou um artigo de Gideon Levy, membro do conselho editorial da publicação, para quem “os tiros na fronteira de Gaza mostram novamente que o assassinato de palestinos é aceito mais facilmente pelos israelenses do que o de mosquitos”. Irritado, o parlamentar Gil Erdan, cujo ministério atua contra os esforços de boicote e sanções a Israel, acusou o editorialista de adotar a narrativa do Hamas e de divulgá-la tanto dentro como fora do país (o artigo foi publicado em inglês na versão internacional do Haaretz). E a parlamentar Tamar Zandberg, do partido de esquerda Meretz, exigiu a abertura de um inquérito a respeito da morte dos palestinos, cinco deles reconhecidos combatentes do Hamas. O ministro da Defesa Avigdor Liberman recusou o pedido. 52
NOVO AEROPORTO A CAMINHO – Estão em estágio avançado as obras de construção do Aeroporto Internacional Ilan Ramon, o primeiro aeroporto civil construído em Israel desde a fundação do Estado, em 1948. Deverá ser inaugurado nos próximos meses e substituirá o aeroporto J. Hozman Airport, no centro de Eilat. O governo estima que passarão por lá cerca de 4.25 milhões de passageiros locais e estrangeiros por ano. Ele está sendo construído em uma área de 34 mil metros quadrados, a dezoito quilômetros ao norte de Eilat e a algumas centenas de metros da Jordânia. Essa é uma novidade bastante esperada pelo setor de turismo do país, que no último ano bateu um recorde histórico, com 3,3 milhões de turistas estrangeiros.
CANNABIS MEDICINAL EM SPRAY – Já ouviu falar da incipiente indústria Cannabis Medicinal? Ela é voltada à pesquisa, desenvolvimento e aplicação das propriedades medicinais da planta – mais conhecida como marijuana ou maconha –, até há pouco tempo considerada simplesmente como uma droga alucinógena. Ainda na década de 1960, Israel saiu na frente nas pesquisas e hoje é um dos líderes mundiais no segmento. Nos próximos meses, com o aval do Ministério da Saúde, será lançado no país o VapePode, spray de cannabis desenvolvido pela Kanabo, start-up israelense com base em Tel Aviv. Atualmente, o tratamento com marijuana é prescrita para males diversos, como dores crônicas, autismo e epilepsia, e para pacientes que sofrem de doenças como aids, Alzheimer e esclerose múltipla.
NIR BARKAT RUMO AO KNESSET – O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, anunciou que vai desistir de disputar a reeleição ao cargo. Em vez disso, vai lutar por uma cadeira no Knesset pelo partido Likud. Os israelenses já esperavam por isso, só agora confirmado por este antigo empresário do setor high-tech. O anúncio foi comemorado pelo primeiro-ministro Biniamin Netaniahu. Barkat conquistou popularidade entre os moradores de Jerusalém, uma população mista e de difícil gerenciamento que congrega judeus religiosos, seculares, ultraortodoxos e árabes. Sua atuação mais marcante foi a econômica, pois investiu grandes esforços para reverter a estagnação na qual encontrava-se a cidade estimulando a geração de empregos e o incentivo ao turismo e aos negócios. By James Emery- https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4124060
AMEAÇA À SOBERANIA JUDAICA Segundo pesquisa apresentada recentemente pela Administração Civil de Israel ao Knesset, há paridade demográfica entre judeus e árabes vivendo soberania israelense. Hoje estariam vivendo três milhões de palestinos na Cisjordânia, dois milhões na Faixa de Gaza outro 1,5 milhão de árabes-israelenses em Israel, somando 6,5 milhões número quase igual ao da população judaica. Tanto a direita quanto a esquerda reagiram aos dados. O parlamentar Moti Yogev, do partido de direita HaBayit Hayehudi, criticou a pesquisa, porque “ela é, para dizer o mínimo, imprecisa, pois a Autoridade Palestina só apresenta números de nascimentos e não de falecimentos”. Já a esquerda explicita seu temor de que Israel esteja se tornando um estado binacional.
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12 NOTÍCIAS GOOGLE MAPS EM HEBRAICO – O Google Maps anunciou recentemente o lançamento de sua plataforma em 39 novas línguas, incluindo o hebraico. Até hoje, os nomes locais apareciam no aplicativo de acordo com a grafia original. Essa opção agora será estendida a todas as grandes localizações do mundo. Entre as outras línguas oferecidas pelo aplicativo estarão o dinamarquês, persa e turco.
NOVAMENTE, O POVO DO LIVRO – O jornal inglês The Independent divulgou que Tel Aviv está dentre as dez melhores cidades literárias do mundo. Apesar de pertencer a um país jovem, marca presença no mundo dos livros pelo grande número de autores residentes nela, alguns deles ganhadores de prêmios internacionais. Em alguns casos, suas residências foram transformadas em museus e ruas nomeadas em sua homenagem. O jornal citou Rachel Bluwstein, conhecida como “Rachel, a poeta” e Chaim Nahman Bialik, cuja casa na rua Allenby virou museu. De fato, Tel Aviv foi a cidade escolhida como residência por muitos nomes importantes da literatura mundial, como Shai Agnon, nascido na Alemanha, e Shmuel Yosef Agnon, que recebeu o prêmio de Nobel de Literatura em 1966 e viveu em Yafo.
A REINVENÇÃO DOS KIBUTZIM – As comunidades agrícolas coletivas um dia tão amadas e admiradas em todo mundo retomam posição de destaque dentro da economia nacional. Grandes responsáveis pelo sucesso da criação do Estado de Israel por razões ligadas à economia, sociedade e segurança, hoje eles se reinventam e se modernizam de diferentes formas. Muitos encontram meios e modos para estimular sua combalida economia através do cultivo de Cannabis Medicinal, emergente indústria nacional e mundial. Outros se tornam polos high tech em antigas áreas desativadas como o jardim de infância coletivo e o refeitório para instalar start-ups, principalmente na sofrida região sul de Israel, mais sensível pela proximidade da Faixa de Gaza. A SouthUp, primeira incubadora em kibutz, criada em 2015, no kibutz Revivim, opera na região de Shaar Hanegev para promover “emprego, educação e crescimento da sociedade”, diz seu estatuto. Ano passado, a SouthUp inaugurou outro espaço de trabalho compartilhado no kibutz Nir Am, perto de Sderot.
GUERRA DE EGOS – Em 21 de março, a imprensa local, e depois a internacional, foi tomada por uma notícia bombástica: Israel finalmente admitiu ter sido a executora do ataque-surpresa que, em setembro de 2007, destruiu a usina nuclear síria em Deir ezZor. A autoria foi sempre cogitada, mas nunca admitida pelos líderes do país. Sabese agora como tudo ocorreu: com a coordenação do então primeiro-ministro Ehud Olmert, jatos israelenses bombardearam a usina tão rapidamente que a Síria demorou a entender o que, de fato, acontecera. Infelizmente, em seguida ao anúncio, surgiu uma guerra de egos pelo crédito pela operação. De um lado, Olmert, de outro Ehud Barak, então ministro da Defesa, cada um querendo para si as glórias do ataque. 54
MAGAZINE
Por Bernardo Lerer
Viagem Sentimental Viktor Chklóvski | Editora 34 | 403 pp. | R$ 67,00
O Trem que Leva Esperança Alison Pick | Editora Paz e Terra | 322 pp. | R$ 49,90
O livro ganhou o Canadian Jewish Book Award e conta a história do menino Pepik, 6 anos, filho de um rico empresário judeu da antiga Tchecoeslováquia, que é colocado num trem rumo à Escócia depois que o país é invadido pelos nazistas a pretexto da anexação da região dos sudetos. Pepik faz parte dos Kindertransport. A história da família Bauer é contada pela governanta de Pepik, Marta, e por Lisa, uma historiadora que, no século 21, se dedica a contar as histórias das crianças enviadas para o Reino Unido, muitas das quais não reviram mais os pais.
O autor (1893-1984) é o criador da escola formalista da crítica literária e nos anos turbulentos de 1917 a 1922 foi instrutor de carros blindados, comissário de guerra, conspirador antibolchevique e especialista em bombas. Por isso estava mais do que à vontade para escrever esta viagem sentimental, entre a memória e a ficção e entre o testemunho lacônico e a as explosões de lirismo, daquele período. Esse título faz parte de uma coleção de cinco chamada de “Narrativas da Revolução”, dirigida pelo professor Bruno Barretto Gomide, da Universidade de São Paulo. Essencial para conhecer aqueles tempos.
Luís Inácio Lula da Silva – A Verdade Vencerá Editora Boitempo | 214 pp. | R$ 32,00
O livro foi lançado no início de março e escrito no ritmo de uma revista semanal pois contém informações de poucos dias antes é o resultado de quatro ensaios e várias sessões de entrevistas de jornalistas com o ex-presidente da República e nas quais ele conta histórias desde os tempos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC até os dois julgamentos no processo do triplex do Guarujá. Para quem gosta ou não dele, é uma viagem por um período recente da história do Brasil e ao mesmo tempo a revelação de um homem a respeito de quem, depois da leitura, se poderá fazer o julgamento que quiser.
Jacó Guinsburg (org.) | Elos | Perspectiva |
Cadernos Negros – Contos Afro-Brasileiros
153 pp. | R$ 25,00
Editora Quilomhoje | 367 pp. | R$ 40,00
Quanto mais se fala em paz mundial e de direito entre as nações, mais necessário é discutir suas possibilidades, intercorrências e obstáculos de modo a diminuir pelo menos a violência que se esconde nas sombras das discussões entre os poderosos, em todo o mundo. Guinsburg reuniu textos de Immanuel Kant, o trabalho de Jacques Derrida do ponto de vista de convivência pacífica entre os povos e juridicamente pautada e as reflexões e análises críticas de Anatol Rosenfeld e Roberto Romano.
Estes Cadernos Negros existem há quarenta anos e este é, portanto, o volume 40, sob responsabilidade do Quilombhoje Literatura que, desde 1978, pretende revelar as narrativas, descobertas, dúvidas e o patrimônio de afrodescendentes. Os autores submetem seus textos a uma comissão editorial que atribui notas ao material e somente se publicam aqueles que alcançam a nota máxima. Um dos contos é de Marilene Vieira da Costa, antiga colaboradora desta revista Hebraica, com os contos “Fia, a Mãe e a Avó” e “Ana Horizonte”.
A Paz Perpétua
O Homem Subjugado
Rio Vermelho
Parkinson – Aprendizado e Superação
Malvina E. Muszkat | Summus Editorial |
Amy Lloyd | Faro Editorial | 265 pp. | R$ 39,90
Hamilton Jadon | O Artífice Editorial | 156 pp. | R$ 30,00
176 pp. | R$ 57,10
Na Flórida, há mais de vinte anos, um homem foi preso acusado de um brutal assassinato. Ele se torna personagem central de um documentário a respeito de crimes reais que levam à revisão do seu processo e à descoberta de falhas gritantes. Enquanto isso, na Inglaterra, uma jovem fica obcecada pela história dele, larga tudo, vai ao seu encontro lutar pela libertação dele. Fica encantada com o charme e a atenção que ele lhe dedica. Em liberdade, casam, vão morar uma cabana no meio da floresta e a convivência revela detalhes do passado dele.
Poucos conhecem Hamilton Jadon. Ele tem mal de Parkinson e decidiu colocar no papel as lições tiradas da convivência com essa doença degenerativa que, dependendo de sua intensidade, devasta a pessoa até levá-la à morte. O autor, otimista inveterado, afirma que a luta contra uma doença incurável traz conquistas, reforça a autoestima e dá força. Em 2011, seis anos depois de diagnosticado, dispôs-se a escrever suas experiências, isto é, o Parkinson do ponto de vista do doente com todos os seus medos, inseguranças e constrangimentos.
Nesses tempos em que denúncias de assédio sexual e feminicídio se misturam como se fosse uma coisa só, a autora, psicanalista e mediadora de conflitos acredita que é possível criar homens com comportamentos diferentes dos comumente atribuídos a eles na sociedade e propõe um caminho com foco no diálogo para combater a agressão e a violência. Para ela, muito se fala das vítimas principalmente nos meios de comunicação, mas muito pouco, ou quase nada, a respeito dos seus possíveis algozes. 56
Imagens de Canibais e Selvagens do Novo Mundo Yobenj Aucardo Chicangana Bayona | Editora Unicamp 263 pp. | R$ 62,00
Esse especialista em história ibero-americana dos séculos 16 e 17 conta como desde os descobrimentos e a expansão europeia, o contato do homem branco com os canibais é descrito e desenhado em livros e, no século 20, no cinema e televisão. O canibalismo não foi mentira nem invenção europeia, mas era um ritual controlado por regras e entre os índios tupis, por exemplo, os guerreiros se sentiam honrados quando morriam em um banquete canibal. Banalizar o canibalismo na África e na América serviu aos europeus para comprovar que índios e negros se comportavam como os piores animais e era preciso civilizá-los.
Vila Rica em Sátiras Adriana Romeiro | Editora Unicamp 334 pp. | R$ 58,00
Entre 1721 e 1732 era governador das Minas Gerais, d. Lourenço de Almeida, corrupto e ladrão de bens públicos, principalmente dos impostos sobre o ouro. Na época, a população de Vila Rica, impedida de se manifestar publicamente, produzia publicações clandestinas em forma de sátiras. O livro mostra cinco delas, que a autora descobriu nos arquivos em Coimbra (Portugal) e em duas delas a autora percebe traços de continuidade entre o passado colonial e a atualidade: o patrimonialismo e, portanto, a atuação dos funcionários da Coroa, predecessores da burocracia estatal da atualidade a serviço do despotismo e da corrupção. 57
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Por Phyllis Chesler *
depois assassinada pelos nazistas Mas o roubo e a ocultação do legado intelectual de Sabina Spielrein pelo establishment psicanalítico podem ser um crime ainda mais preocupante. O caso de Sabina merece estudo e reflexão porque o século 20 é cheio de episódios de “memoricídio”
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m agosto de 2012, em Rostov-sobre-o-Don (Rússia), protestou-se contra o conteúdo de uma placa segundo o qual 27.000 “cidadãos” foram abatidos a tiros por nazistas durante um massacre de dois dias. “Cidadãos”? É que as autoridades russas removeram a placa original honrando principalmente judeus, e a substituíram pela placa revisionista homenageando genericamente “cidadãos”. Os judeus – médicos, advogados, poetas, cientistas, pais, filhos e avós –, assassinados por serem judeus, simplesmente desapareceram. Entre eles, a psicanalista Sabina Spielrein, membro pioneiro da Sociedade Psicanalítica de Viena, a primeira psicanalista infantil no mundo, antes mesmo de Anna Freud, e fundadora da Clínica Psicanalítica de Moscou. O assassinato de Spielrein e o anonimato forçado do seu destino são o tema do livro de Angela Sells, Sabina Spielrein: The Woman and the Myth (“Sabina Spielrein: A Mulher e o Mito”) no qual cita o rabino Shimon Samuels: “Essa remoção da herança judaica [em Rostov-sobre-o-Don] foi um memoricídio. Descartar a placa e, por extensão, os nomes, de suas raízes judaicas, parece uma tentativa deliberada de suprimir o horror histórico que ocorreu no local, para evitar o desconforto dos outros”. Ao remover a placa o go-
verno russo quis evitar “tensões étnicas” e acabou por acertar em cheio o trabalho de Spielrein, os colegas psicanalíticos e os seguidores dela até hoje. Assim como Spielrein, a obra de Sells é diversificada em instrumentos de estudo. Trata de poesia, literatura, mitologia, teoria psicanalítica, ópera, política, história, bem como dos diários, cartas e artigos de Spielrein, muitos ainda não traduzidos ou perdidos em coleções e arquivos particulares. O livro toca a natureza do antissemitismo – a maneira pela qual os judeus, mulheres e homens, eram vistos pelos cristãos, teologicamente como nos círculos psicanalíticos na Europa do século 20 e trata da literatura feminista pós-moderna e os temas a respeito dos quais Spielrein foi profética. A história de Spielrein é um caso patológico típico da trágica combinação de patriarcado, antissemitismo, stalinismo, nazismo e genocídio e de uma pensadora pioneira cujas ideias foram livremente tomadas “emprestadas” pelos chamados “Grandes Homens da Psicanálise” e cujos seguidores se dedicaram a difamar e demonizar o caráter de Spielrein e os vestígios de trinta anos de trabalho intelectual e clínico. Dessa forma, cada onda feminista deve continuar a reinventar a roda do conhecimento e poucas têm ombros largos para aguentar a carga. Em 1970, comecei a escrever Women and Madness (“Mulheres e Loucura”) que se tornaria best-seller. Um capítulo, saudado por outras feministas, era como uma exposição “pioneira” de sexo entre paciente e terapeuta. Mas eu desconhecia que Carl Gustav Jung, o analista de Spielrein, a deflorara quando ela era uma paciente hospitalizada e quando mais precisava da ajuda dele. Este “caso” – crime – foi erroneamente imortalizado no filme de David Cronenberg, Um Método Perigoso, de 2011. Keira Knightley interpreta Spielrein; Michael Fassbender, Jung; e Viggo Mortensen, Freud. O filme não esclarece que Spielrein é muito mais do que uma paciente “louca”; nem o filme, nem as peças a respeito dela, nem os tratados eruditos que reduzem a moça, então de 19 anos de idade, a uma mulher permanentemente com 19 anos
de idade, uma “sempre paciente”, uma “uber” paciente, diagnosticada contínua e retroativamente, demonizada e diminuída como “esquizofrênica”. Além da morte da irmã, Spielrein provavelmente foi vítima de abuso sexual infantil nas mãos do pai. Por isso, Sabina Spielrein foi hospitalizada, um colapso em reação ao abuso do pai que começou quando ela tinha 4 anos. Em uma carta de 1909 à mãe, Spielrein escreve: “Eu me apaixonei por um psicopata [Jung], e é preciso explicar a razão? Nunca vi o meu pai como alguém normal”. Spielrein diz ainda à mãe que ela e Jung “agiam” às vezes como cuidadores um do outro e que o comportamento de fúria, choro e exultante prostração de Jung, imitava a própria experiência de seus pais: “Lembre-se de como o querido papai desculpava-se com a senhora exatamente da mesma maneira!” A equiparação de Jung ao pai talvez desminta a sutil alusão à sua experiência do caso como forma de abuso continuado. Spielrein descreveu como “estupro” o que Jung fez com ela. Em 1910, escreveu: “Bom Deus, se ele [Jung] tivesse ideia de o quanto tenho sofrido por causa disso e o quanto ainda sofro!... Estou com vergonha de ter desperdiçado tanto tempo. Coragem. Ah, sim – coragem”. Um capítulo de Women and Madness trata de sexo entre paciente e terapeuta. Clínicos e críticos desafiaram a informação alegando que “essas mulheres estão inventando. Elas estão mentalmente doentes. Como se pode acreditar nelas?” E: “Se alguma coisa aconteceu, elas próprias quiseram que acontecesse, seduziram seus terapeutas e, agora, quando as coisas não acabaram do jeito que queriam, gritam”. É o que os clínicos diziam quando pacientes mulheres denunciavam estupro ou abuso sexual, e o que todos costumavam dizer quando mulheres alegavam violação ou assédio sexual. Trata-se, portanto, de um tema sórdido entre psicanalistas e pacientes. Spielrein lutou contra conceitos como a inveja do pênis e foi ela, em 1912, – e não Jung, nem Freud – quem primeiro propôs a existência de arquétipos míticos no incons-
Este crime foi erroneamente imortalizado no filme de David Cronenberg, Um Método Perigoso, de 2011. Keira Knightley interpreta Spielrein; Michael Fassbender, Jung; e Viggo Mortensen, Freud. O filme não esclarece que Spielrein é muito mais do que uma paciente “louca”; nem o filme, nem as peças a respeito dela, nem os tratados eruditos que reduzem a moça, então de 19 anos de idade, a uma mulher permanentemente com 19 anos de idade
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MAGAZINE ciente humano e de um desejo de morte. No seu entendimento, morte e renascimento. Sabina Spielrein também começou a traçar o relacionamento psicológico entre mães e filhas, a natureza da sexualidade feminina e a origem do discurso humano.
A “cura pelo amor” Imaginem se esse trabalho nunca tivesse desaparecido. Imaginem se o breve período de Spielrein como paciente não tivesse sido usado sempre para posteriormente denegri-la como uma “louca” que se apaixonou por seu psicanalista e “forçou-o” a curá-la por meio de um método perigoso conhecido como “cura pelo amor”. É uma cena sombria de uma provável vítima de incesto de 19 anos (portanto diagnosticada retroativamente como “personalidade limítrofe” ou “esquizofrênica”), que experimentou algum tipo de “colapso” em resposta a anos de abuso na infância, somado à recente morte da irmã mais nova. E lá estava ele, na famosa Clínica Burgholzli, o deus ariano em formação, que abusou de seu poder sobre Sabina quando ela estava mais vulnerável. É verdade que, naquela época, o próprio Jung tinha apenas 27 anos, mas a diferença de poder era real e significativa. Jung foi criminoso e extremamente antiético; talvez um sociopata egoísta, que se aproveitou do que os psicanalistas chamaram de “transferência”. Quem, além de um sociopata, proporia uma união e uma convivência abertamente polígamas que incluíssem a esposa? Sabiamente e lúcida Sabina rejeitou a proposta e esse (mal) tratamento do paciente terminou em oito meses. Spielrein foi declarada “curada”, por ninguém menos que Eugen Bleuler (1857-1939), psiquiatra e eugenista suíço famoso por contribuições na compreensão das doenças mentais e por cunhar as expressões esquizofrenia, esquizoide e autismo. Embora seu relacionamento de idas e vindas com Jung tivesse continuado por algum tempo, tanto de forma ambulatorial quanto depois como estudante de doutorado, Spielrein esqueceu completamente essa “cura amorosa”/caso/vítima e obteve doutorado em psiquiatria e o orientador de tese foi, claro, Jung. Parece que Jung tinha especial “queda” por garotas judias. Em 1910, Spielrein escreve em seu diário que “ele [Jung] adoraria uma garota judia de tez negra”, e que, por mais que ele quisesse permanecer “perto de sua religião e cultura” desejava “a libertação de suas responsabilidades paternais com uma judia não crente”. Spielrein suspeitou, e Jung admitiu a Freud, que “a judia [surgiu] em outra forma, na forma da minha paciente [Spielrein]”. Jung teve um relacionamento anterior com outra judia que Spielrein intuiu poderia ser a “substituição psicossexual” de Jung. Levando seu antissemitismo erotizado a um nível totalmente novo, Jung confronta Spielrein a respeito de por que os judeus são marginalizados: “... (o judeu) é o assassino de seus próprios profetas, mesmo de seu Messias”. E Spielrein responde: “... Você acusa a nós, 60
judeus, junto com Freud, de ver a nossa vida espiritual mais profunda como satisfação de desejos infantis. Para isso, devo responder que quase não há uma nação tão inclinada a ver o misticismo e a promessa do destino (fé?) no mundo como o povo judeu”. Freud disse a Spielrein: “Somos e permanecemos judeus. Os outros só nos explorarão e nunca nos entenderão ou nos apreciarão”. Excetuando Freud, os contemporâneos de Jung recusaram-se a culpá-lo e insistiram em transformar a transgressão de Jung em algo normal. Outros além de Jung se envolveram com pacientes. Eram lendários os casos de assédio do psicanalista austríaco Otto Gross (1877-1920), o médico e psicólogo Wilhelm Stekel (1868-1940) tinha reputação de ‘sedutor’. Outro pagava dinheiro de chantagem a uma ex-paciente, enquanto o médico amigo de Freud, Otto Rank (1884-1936), começava um caso com sua paciente, Anaïs Nin. Spielrein é menos importante por encarar uma suposta “paciente eterna”, mas por ter sido uma pioneira psicanalítica cujas ideias originais foram “tomadas emprestado” por Jung e Freud, com e sem crédito, e pela originalidade de suas reflexões a respeito de sexualidade feminina, morte e renascimento, psicologia infantil e a importância da relação mãe-filha que foram totalmente esquecidas. Spielrein se afastou rapidamente de Jung como “interesse amoroso” quando começou a se preocupar e a temer, com razão, de que ele roubasse ideias da pesquisa dela que ele estava lendo. Aliás, Spielrein: “Devo admitir que temo muito que meu amigo [Jung], que planejou mencionar minha ideia (de arquétipos em nosso inconsciente coletivo, sobre morte-renascimento) em seu artigo em julho, dizendo que eu tenho direitos de prioridade, pode simplesmente tomar emprestado todo o desenvolvimento da ideia, porque ele agora quer se referir a ele já em janeiro. ... Como poderia estimar uma pessoa que roubou minhas ideias, que não era meu amigo, mas um rival mesquinho e intrigante? Eu o amo e o odeio”. Freud teve o cuidado de dar crédito a Spiel-
rein a respeito do instinto de morte. Surpreendentemente, os editores posteriores das obras de Freud descartaram sistematicamente o próprio crédito de Freud sobre Spielrein. E, em 1912, quando membros da Sociedade Psicanalítica de Viena discutiram essa ideia, eles deveriam ser lembrados por Spielrein, lá presente e membro dela, “que esta era uma ideia dela ‘agora impressa’, afirmando intelectual propriedade do conceito que ela trouxe anteriormente à Sociedade, em 1911”. Spielrein ousou discordar de Freud e, no início, introduziu o conceito de “psicologia feminina como existente fora de uma inveja não relacionada com o pênis”. Ele disse: “Não”. E a discussão continuou.
A perda total Spielrein foi forçada a suportar grupos de homens hostis e poderosos, tanto em Viena como em Moscou, que ficaram ofendidos e mortificados por suas ideias a respeito do erotismo polimorfo feminino, a sexualidade da infância e a inveja do pênis. Como única mulher na sala, Spielrein apresentou imagens e ideias de um erotismo encarnado em um momento em que a sexualidade das mulheres foi rotulada [por Freud] de o “continente escuro” da psicologia, e os orgasmos femininos categorizados em dois grupos: clitoridiano, ou “infantil”, e vaginal, ou “maduro”. O próprio clitóris era equiparado a um “pênis amputado”, o estímulo considerado uma forma de inveja do pênis, e a menos que uma mulher obtivesse satisfação por meio da “penetração”, ela era muitas vezes diagnosticada como um caso de frigidez ou histeria. Contrariamente, certo ou errado, Spielrein aqui tenta dar voz à natureza “especial” da excitação das mulheres sem degradar sua manifestação ou filtrá-la por meio de uma série de neuroses. Sabina Spielrein não conseguiu ganhar a vida em Viena, Zurique ou Genebra porque era mulher. Em 1923, foi obrigada a retornar a Moscou, onde Stalin permitiu-lhe fundar a primeira Clínica Psicanalítica que se expandiu até o final da década de 1920, quando
Stalin a fechou: as ideias psicanalíticas eram “muito judias”. Spielrein saiu de Moscou e voltou para Rostov-sobre-o-Don, sua cidade natal, onde continuou a ver os pacientes em silêncio. Era perigoso e a Sociedade Psicanalítica de Moscou já fora dissolvida. Empobreceu em todos os sentidos: perdeu os três irmãos que Stalin executara no Gulag, depois o marido e, finalmente, os pais. Sem acesso a colegas, admiradores ou estudantes que conseguiram salvar Freud, que se recusara a sair de Viena, ou que haviam resgatado rabinos e estudiosos ortodoxos da Torá, Sabina Spielrein se viu presa em uma armadilha, sem família nem amigos poderosos no exterior. Em 1942, ela, duas filhas e outros 27.000 judeus foram assassinados pelos nazistas, em um massacre de dois dias em Rostov-sobre-o-Don. E porque a própria Spielrein escreveu a respeito do Instinto da Morte - que via como um tema de morte e renascimento – alguns estudiosos psicanalíticos tentaram até mesmo culpá-la por seu assassinato nas mãos nazistas. Segundo eles, ela queria isso, ela pediu por isso, ela se recusou a fugir... sim, seis milhões de judeus queriam ser assassinados – e Spielrein também é a Judia Sedutora que tentou e seduziu Jung. É insuportável que o trabalho de Spielrein tenha sido tomado e usado sem lhe dar crédito; que seu caráter tenha sido difamado pelos “Grandes Homens” que usavam suas ideias sem lhe dar crédito; e que não conseguiu ganhar a vida na Áustria e na Suíça por ser mulher; incapaz de continuar seu trabalho pioneiro em Moscou porque era judia; e assassinada em 1942 pelos nazistas. O livro de Sells é, enfim, um ato heróico de resistência contra o “memoricídio” uma ressurreição há muito atrasada de Spielrein e uma contribuição feminista importante, talvez definitiva, para a literatura. Falta um filme contando a história dela. * Phyllis Chesler escreveu dezessete livros, entre eles Mulheres e Loucura, A Desumanidade da Mulher para com a
Spielrein lutou contra conceitos como a inveja do pênis e foi ela, em 1912, – e não Jung, nem Freud – quem primeiro propôs a existência de arquétipos míticos no inconsciente humano e de um desejo de morte. No seu entendimento, morte e renascimento. Sabina Spielrein também começou a traçar o relacionamento psicológico entre mães e filhas, a natureza da sexualidade feminina e a origem do discurso humano
Mulher e Uma Noiva Americana em Cabul. Foi uma das pioneiras a ler a Torá no Muro das Lamentações
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CURTA CULTURA O REC CIF FE É DEST TAQUE E DE E FES STIIVA AL EM PA ARIS S
por Bernardo Lerer
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m dos destaques dos vinte anos do Festival de Cinema Brasileiro em Paris foi o filme O Rochedo e a Estrela, resultado de décadas de pesquisa da diretora Katia Mesel e conta a instalação e a história da primeira comunidade judaica das Américas, no Recife, dos tempos da colonização holandesa, na primeira metade do século 17, quando Maurício de Nassau, permitiu a liberdade de culto. A grande maioria deles descendia de judeus que fugiram à inquisição portuguesa. “Os holandeses, protestantes, comerciantes e espertos, aceitaram os judeus convertidos à força em Portugal e que, por uma questão de sobrevivência, foram para a Holanda e, de lá, viram essa oportunidade do Novo Mundo desconhecido que era o Brasil e Pernambuco” na época, explica a diretora do documentário. Katia fez dezenas de entrevistas em quatro países e reconstituições com objetos da época. Expulsos do Recife, muitos desses judeus tomaram o rumo norte e foram parar em Nova York. Katia é uma pioneira do cinema em Pernambuco e nos cinquenta anos de carreira realizou mais de cinquenta filmes. Seu próximo projeto vai tratar de Fernando de Noronha.
A HISTÓRIA DE “2001, UMA ODISSEIA NO ESPAÇO”
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á poucos dias mais do que cinquenta anos atrás, entrava em cartaz 2001, Uma Odisseia no Espaço, dirigido por Stanley Kubrick. O filme surpreendeu o mundo e foi suficientemente importante para merecer a edição de dois novos livros que desvendam a obra do seu genial criador e a música do compositor judeu György Sandor Ligeti, cujos acordes abrem a cena inicial. Em um destes livros, Stanley Kubrick: New York Jewish Intellectual, seu autor, Nathan Abrams, coloca a questão se o monólito de pedra, desenhado pelo arquiteto Mies van der Rohe seria as Tábuas da Lei ou seu contrário, o Bezerro de Ouro, em torno do qual os macacos dançam. Outro livro é Space Odyssey: Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke, and the Making of a Masterpiece, de Michael Benson, que põe de lado possíveis interpretações a respeito de determinadas cenas para se dedicar unicamente a contar como o filme foi feito. Para isso, a partir do roteiro, entrevistou as pessoas que estiveram envolvidas na sua produção e revela aspectos deste que, até hoje, é considerado tecnicamente o mais provocador filme já realizado e conta como a equipe conseguia resolver problemas que surgiam de repente e que, de fato, não faziam parte do roteiro. 62
Kubrick tratava cada filme como uma espécie de grande pesquisa e, no caso deste filme, tudo começou quando, em 1964, ouviu falar de Arthur C. Clarke pela primeira vez. O diretor ainda remoía o êxito de Dr. Strangelove. Kubrick vivia com a terceira mulher, Christiane, e os filhos, em um edifício da Lexington Avenue, Nova York, e um dos seus vizinhos era o músico Artie Shaw, por exemplo. Os dois tinham gostos em comum e Shaw recomendou a Kubrick a leitura de Childhood’s End, romance de Clarke, um astrônomo amador que também gostava de escrever a respeito de temas científicos. Concluída a leitura, ao pé da cama de uma das filhas, doente com crupe, uma grave infecção na garganta, mandou a mulher escrever para Clarke sugerindo que o cineasta gostaria de transformar a história em filme. Clarke autorizou.
Um ma id deia pa ara ao Fe estiv vall de Cin nema Jud daico o Mais uma sugestão para os organizadores do próximo Festival de Cinema Judaico, provavelmente em agosto, aqui na Hebraica: trata-se do documentário Shalom Bollywood, que conta a história das maiores atrizes em grandes produções do cinema indiano. Eram judias como Sulochana, ainda do tempo do cinema mudo, as primas Miss Rose e Pramila que foi a primeira Miss Índia depois da independência, e Nadira. “Eu sabia da existência de judeus na Índia, mas desconhecia que alguns deles se tornaram superstars”, conta o diretor e pesquisador australiano Danny Ben-Moshe. Ele descobriu isso em 2006 ao ler o obituário de Nadira, morta aquele ano. Logo pensou em fazer um documentário a respeito dela e na primeira viagem à Índia ampliou a pesquisa ao saber que muitos dos atores de Bollywood eram judeus. Danny levou onze anos para concluir o projeto, mas conseguiu filmes raros e entrevistou Rachel Reuben, neta de Rose, e Haider Ali, filho de Pramila, por acaso ambos envolvidos na indústria do cinema. Ele encontrou até uma rara entrevista de Pramila, que morreria também em 2006, pouco depois de Nadira. Até a entrada das atrizes judias em cena, eram homens que faziam papéis femininos pois era uma espécie de tabu mulheres hindus e muçulmanas atuarem. O documentário também conta a história de atores como David Abraham Cheulkar, conhecido como Tio David. A première foi durante o Mumbai International Film Festival, em outubro passado, e depois disso, exibido em vários festivais de cinema judaico pelo mundo. De quebra, o documentário conta um pouco da história dos judeus na Índia, tendo como fio condutor as comunidades de Bene Israel e os judeus de Bagdá, porque originários da capital do Iraque. Essa é mais uma incursão do diretor Ben-Moshe em temas judaicos. Antes disso, em 2014, ganhou o Walkley Prize, principal prêmio australiano para documentários com a produção Code of Silence (“Código do Silêncio”) a respeito de abusos sexuais em comunidades ortodoxas. Ele também fez um filme a respeito do campo de concentração de Buchenwald.
JACOB DO BANDOLIM Faz pouco mais de cem anos que nasceu um dos maiores virtuoses do bandolim e que incorporou o instrumento ao nome e passou a se chamar Jacob do Bandolim, que nasceu Jacob Pick Bittencourt, em 1918. A mãe dele era Rachel Pick, de Lodz (Polônia) e que fazia parte do grupo das polacas, assim chamadas por sua origem e para vulgarizá-las como prostitutas. Rachel foi muito ativa na comunidade judaica do Rio de Janeiro naqueles tempos para dar dignidade às suas companheiras. Jacob gravou 52 discos de 78 rotações e doze LP’s além da participação em registros de outros artistas. De profissão, Jacob era escrevente juramentado, mas dedicou todo seu tempo ao estudo do instrumento e à pesquisa da música popular brasileira coletando documentos e partituras de compositores como Ernesto Nazareth, Candinho do Trombone e João Pernambuco. Assim, montou um arquivo de 1.400 discos de 78 rotações, 142 LP’s, mais de 1.200 livros, revistas e catálogos, dez álbuns de fotografia, 122 rolos magnéticos e 5.458 partituras que agora faz parte do Museu da Imagem e do Som. Nos anos 1950, organizou para a TV Record dois especiais sobre choro. No segundo deles, o palco foi tomado por 133 instrumentistas sendo dezessete bandolins, catorze acordeons, uma flauta, um pífano, um saxofone alto, um trombone, quatro violinos, quatro violões tenores, dezenove cavaquinhos, um serrote, quarenta violões, cinco ritmistas e três baterias. João sofreu três infartos e o quarto o matou enquanto conversava com a mulher Adília, depois visitar o grande amigo Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, que morreria quatro anos depois, em 1973. 63
CURTA CULTURA O casa al de e jud deu us conttra a mallária Alguém aÍ dos mais jovens, até a faixa dos 50 anos que não seja médico nem estudante de medicina, ouviu falar de Victor e Ruth Nussenzweig. Ele morreu há alguns anos. Ela, recentemente, nos Estados Unidos, aos 89 anos. Os dois foram precursores no estudo da vacina contra a malária. Ela era filha de um casal de médicos que fugiram de Viena em 1939 pouco depois de a Áustria ser anexada pela Alemanha nazista. Victor era filho de judeus poloneses e os dois se conheceram na Faculdade de Medicina da USP. Victor se filiara ao Partido Comunista Brasileiro, mas foi convencido pela mulher a mudar o mundo por intermédio da ciência. Um dos primeiros trabalhos conjuntos foi o desenvolvimento de um método menos medieval para identificar a presença do parasita do mal de Chagas no sangue de possíveis pacientes: em vez de induzir o barbeiro a picar a pessoa, ofereceu-se ao inseto uma amostra de sangue, sem contato com o paciente. Eles fizeram uma tentativa de trabalhar nos Estados Unidos, mas um diplomata americano sugeriu que ele pedisse emprego a Stalin. Assim mesmo conseguiram emprego na Universidade de Nova York e dois anos depois voltaram ao Brasil, coincidindo com o golpe civil-militar de 1964, e logo foram chamados para uma conversa pelo coronel instalado na Faculdade de Medicina. Então se convenceram que não tinham mais clima para ficar por aqui. Em 1967, Ruth publicou o trabalho que mais marcaria sua carreira no qual demonstrava que era possível produzir imunidade contra o parasita da malária depois de banhar o micróbio numa dose de radiação ultravioleta e inoculá-lo em camundongos. Essa prova de princípio muito simples revelou que uma vacina contra a doença seria bastante viável e a pesquisadora mostrou qual a proteína envolvida no processo de imunização e a região exata da molécula essencial para esse processo. Esses dados seriam importantes para desenvolver a vacina RTS,S (ou Mosquirix), em fase inicial de testes em países africanos, os mais afetados pela doença. O nível de proteção é em torno de 40%, mas ainda assim deve ser o suficiente para salvar vidas. “Vai funcionar, inclusive em crianças”, disse Ruth em recente entrevista. Deixa três filhos: Michel é professor da Universidade Rockefeller e membro da Academia de Ciências americana; Sonia, antropóloga da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e André, atua nos NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA). 64
Hebraico na Arábia Saudita Recentemente circulou pelas mídias sociais da Arábia Saudita uma tradução do hino nacional de Israel, o Hatikva, segundo a qual o trecho de uma das estrofes sugeria expulsar canaanitas, babilônios e egípcios e cortar suas cabeças. Diante disso, muitas pessoas procuraram o dr. Mohammad Alghbban, professor da King Saud University, um dos poucos no país que conhece hebraico. Ele, claro, disse que era inverídica, adulterada e aproveitou para traduzir corretamente o hino, composto por Naftali Herz Imber, em 1886, e as circunstâncias em que isso aconteceu. Aliás, até há pouco tempo tratar de hebraico ou de estudos judaicos naquele país era visto como traição ao povo e à religião locais. No entanto, respira-se melhor com a ascensão ao trono do príncipe Muhammad Bin Salman, a quem, na ânsia de fortalecer os passos no sentido de aproximação com Israel, se atribui até mesmo uma suposta – depois negada - visita secreta ao Estado judeu. De todo, está reaproximação está em curso com a viagem do general da reserva Amwar Eshki a Jerusalém seguida de uma surpreendente entrevista do chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel Gadi Eisenkot ao portal de notícias saudita Elaph na qual expressava os anseios israelenses de partilhar informações e combater o inimigo comum, Irã. Mais recentemente, o governo saudita autorizou a Air India a sobrevoar o seu território na rota Índia-Tel Aviv, encurtando a viagem em algumas horas.
CURTA CULTURA AGORA INTERNACIONAL O professor da Faculdade de Economia e da politécnica da USP, Guilherme Ari Plonski vai ser o novo coordenador da University Based Institutes foi Advanced Studies (Ubias), rede que congrega 44 institutos de estudos avançados dos cinco continentes. Ele foi eleito durante o quinto encontro dos diretores da rede, realizado há um mês em São Paulo no Instituto de Estudos Avançados da USP e vai substituir o diretor do Aarhus Institute of Advanced Studies, Morten Kyndrup, da Dinamarca. Desta forma, durante os dois anos de sua gestão o Instituto da USP vai se transformar em sede informal da Ubias e, neste período, Plonski pretende reforçar a interdisciplinaridade como eixo de atuação da própria rede Ubias, e como recomendação para as universidades que sediam os respectivos institutos; e o diálogo com a sociedade de que faz parte. Este quinto encontro de diretores da rede Ubias foi o primeiro realizado nas Américas. Os quatro anteriores ocorreram na Alemanha, Israel, Taiwan e Reino Unido. A Ubias foi criada em 2010, durante o primeiro encontro, no Instituto Freiburg de Estudos Avançados, da Universidade de Freiburg, Alemanha.
A guerra na Itália
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Benito Mussolini tomou o poder em 1922, mas só dezesseis anos depois ele emitiu seu famoso “Manifesto da Raça”, pelo qual o regime se declarava abertamente antissemita. Para muitos judeus isso foi uma surpresa, embora seja cômodo, depois da guerra, dizer que foram desprezados todos os sinais de intolerância e discriminação que o regime emitia. Até porque alguns dos 44.000 judeus que viviam na Itália eram literalmente fascistas de carteirinha. Depois do “Manifesto”, entre o outono de 1938 e a primavera de 1940, os judeus deveriam escolher entre fugir (quem tivesse condições) e se esconder até o final a guerra cinco anos depois. Por isso, muito morreram nos campos de concentração ou em ações de represália de nazistas ou fascistas, ou os dois combinados. Na época, a família Ovazza era rica, conhecida e conseguiu fugir da Itália mas sob uma condição imposta pela matriarca da família: que depois da guerra voltassem a se reunir. E foi isso o que aconteceu. O único que não fugiu foi Ettore, tão fascista que fundou o jornal judaico-fascista La Nostra Bandiera (“A Nossa Bandeira”), como se tal coisa fosse possível. No entanto, em 1943 foi preso e fuzilado pela SS quando tentava cruzar a fronteira com a Suíça. Essa a outras histórias são contadas pelo jornalista Alain Elkann que escreveu Money Must Stay in the Family, publicado primeiro na Itália nos anos 1990, recentemente nos Estados Unidos e, claro, à espera de que seja editado no Brasil. Alain é descendente da família Ovazza, por parte da mãe, que fugiu da Itália em 1939 para os Estados Unidos e retornou em 1939, como, aliás, havia prometido.
MEMÓRIA
Por Bernardo Lerer
como modelo de economia solidária Paul Singer nasceu em Viena em 1932. Com a anexação da pela Alemanha nazista em 1938, colocaram Israel no meio do nome. Ele não tirou mais. Morreu dia 16 de abril, de septicemia
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eixa os filhos André, Suzana e Helena. Era bom, generoso e idealista. Tive a honra de ter sido amigo deste homem simples que gostava sempre de aprender mais e mais e tinha prazer de ensinar a quem quisesse aprender. Órfão de pai aos 2 anos, em 1940 fugiu do nazismo para o Brasil com a mãe. Nos difíceis primeiros anos a mãe educou-o com o salário de costureira. Paulo, como todos o chamavam, começou a trabalhar aos 14 anos como office-boy, fez curso de eletrotécnico, foi operário numa fábrica de elevadores e um dos líderes da “greve dos trezentos mil”, em 1953. Participou do movimento juvenil sionista socialista Dror junto com Alberto Dines, Bernardo Kucinski, Gabriel Bolaffi, Isaac Karabchevstky e outros. Ensaiou imigrar para Israel numa aliá, que afinal não se concretizou seja por razões familiares - a mãe não queria deixar o Brasil -, ou por razões políticas internas do movimento juvenil. Ele queria mesmo era construir o socialismo aqui, e não em Israel, embora elogiasse o kibutz como instituição. Singer se filiou ao então Partido Socialista Brasileiro, constituído com a redemocratização, em 1946. Depois do golpe de 1964, o então PSB criou o Resistência, um jornal para divulgar ideias e ideais democráticos contra a ditadura, do qual ele era um dos responsáveis. Eu já era jornalista e me chamou para colaborar. O jornal era impresso clandestinamente numa gráfica no Canindé. E durou até o DOPS apreendê-lo. Formou se na Faculdade Economia da USP, casou com Melanie, morta há alguns anos, a mãe de Suzana e Helena. Participava de um seminário de estudos de O Capital, de Karl Marx, liderado pelos professores Fernando Henrique Cardoso e José Arthur Giannotti. Com a edição do AI-5, em dezembro de 1968 e o aperto da ditadura, no ano seguinte os três e outros foram presos, demitidos e aposentados da USP. Criaram o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) um centro de estudos para debater, analisar e propor ideias para o futuro do Brasil que eu frequentava pelo menos uma vez por semana como repórter do Jornal do Brasil e tentava furar o bloqueio da censura publicando seus trabalhos, alguns deles do próprio Paulo Singer e de Fernando Henrique. Ele estava convencido de que o socialismo democrático era o cami68
nho natural para sociedade brasileira e decidiu fazer disso a razão de sua vida. Para Singer, ser de esquerda era lutar contra a desigualdade, a miséria, a morte desnecessária e a exploração. Ele queria construir o socialismo com ideias, palavras e atitudes. Isto é, ligar a teoria à prática. Por isso, em 1980, foi um dos pioneiros fundadores do PT. Para isso, em 2003, o governo Lula criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), questão a que se dedicava desde 1992, e ele dirigia. A Senaes foi extinta foi Michel Temer. Desta forma acreditava construir o socialismo por baixo, no interior do capitalismo, para, entre outras coisas, enfrentar a penúria dos trabalhadores e propor a autogestão de empresas falidas pelos seus empregados e a auto-organização de cooperativas. A ideia e o modelo se espalharam pelo Brasil. Singer queria criar – e criou – elementos capazes de comprovar que outra economia é possível. Não gostava de ver a economia solidária ser tratada como uma ciência “alternativa”, mas como a forma mais efetiva de praticar um socialismo num mundo contemporâneo rachado entre o triunfo do capitalismo selvagem – que hoje atende pelo nome de neoliberalismo – e o fracasso do socialismo totalitário, mal batizado de “socialismo científico” como forma de desqualificar o também mal batizado de socialismo utópico. Sua luta de mais de 25 anos dava certo, como se tivesse implantado, no Brasil, o princípio que norteou a fundação dos kibutzim, ainda na antiga Palestina, para ele um caso exemplar de economia solidária.
A PALAVRA
Por Philologos
O início da Hagadá está em O uso do aramaico no início da Hagadá reflete a importância dada à crença em anjos e demônios nas comunidades judaicas do Mediterrâneo e Oriente Médio nos primeiros anos da Era Comum
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por causa dos demônios H
a lachma anya di-akhalu avahatana b’ar’a d’mitsrayim, “Este é o pão da pobreza [ou da “aflição” em muitas traduções] que os nossos antepassados comeram na terra do Egito”, começa a Hagadá de Páscoa. Ditas enquanto se eleva a matzá à mesa do Seder para que todos a vejam, essas palavras não estão em hebraico, como o resto da Hagadá, mas em aramaico – a língua semítica falada pelos judeus e não-judeus por todo o Oriente Médio até ser, gradualmente, trocado pelo árabe após a conquista muçulmana da região no século 7. (Ainda existem pequenos bolsões de pessoas que falam aramaico atualmente na Síria e Iraque, onde a luta recente ameaçou aniquilá-las.). O antigo aramaico judaico e o hebraico são línguas próximas. Para dar um exemplo, a sentença de abertura da narrativa da Hagadá em hebraico seria zé lehem ha-oni she-akhlu avoteynu b’erets mitsrayim. E aqui está o enigma. Embora o aramaico tenha sido usado de modo generalizado na literatura religiosa judaica, e boa parte do Talmud está escrito em aramaico, a Hagadá, que data do período talmúdico, está totalmente em hebraico. A não ser as várias linhas de ha lachma anya, só se encontra o aramaico em canções da contagem de Chad Gadya e (marginalmente) Ehad Mi Yode’a, cantada ao final do Seder. Por que os editores da Hagadá, que a redigiram nos primeiros séculos da Era Comum, escolheram iniciar o texto com uma breve tradução em aramaico quando poderia muito bem ter sido escrita em hebraico? De fato, parte dessa introdução, na qual convidamos aqueles que não têm onde comer a refeição do Seder a se juntar a nós, está em hebraico. Aqui está a tradução da passagem inteira, com seus trechos em hebraico destacados: Este é o pão da pobreza que os nossos ancestrais comeram na terra do Egito. Que qualquer um que tiver fome venha e coma; que qualquer um necessitado venha e celebre o Pessach. Este ano [estamos] aqui; no ano que vem [possamos estar] na terra de Israel. Este ano [nós somos] escravos; ano que vem [que possamos ser] livres. Qual é, então, a razão para o aramaico de ha lachma anya? A única razão dada pela tradição judaica que eu saiba aparece pela primeira vez no Machzor Vitry, no século 13, livro de orações para todo o ano com comentário atribuído ao rabino francês Simchah ben Shmuel de Vitry, aluno de Rashi. Ao tratar das linhas de abertura da Hagadá, ele diz: Foi ordenado o aramaico porque se alguém disser em hebraico “Que qualquer um
que tiver fome venha e coma”, seria como convidar também os maus espíritos... Mas os maus espíritos não conhecem o aramaico. Em outras palavras, não damos boas-vindas a estranhos ao nosso Seder em hebraico porque as legiões demoníacas do mundo, que entendem apenas hebraico, podem então decidir invadir a festa. Que ideia charmosa, mas estranha. De onde vem? Não é preciso olhar muito longe da fonte. No tratado talmúdico de Shabat encontramos uma passagem (há outra paralela no tratado de Sotah): Rabbah bar bar Hanah relata: quando nós [seus alunos] costumávamos acompanhar o rabino Elazar para visitar os doentes, ele às vezes dizia a eles Ha-makom yifkadkha l’shalom [hebraico para “Que Deus lhe dê saúde”] e à vezes Rachmana yidk’rinakh li-shlam [aramaico com o mesmo sentido]. Como ele poderia fazer isso quando o rabino Yehuda disse: “Não se deve nunca rezar por suas necessidades em aramaico”? E, de acordo com rabino Yochanan: “Quem reza por suas necessidades em aramaico não é atendido pelos anjos, uma vez que eles não falam a língua”. Shabat continua a tratar a perplexidade de Rabbah bar Hanah ao explicar que a sh’khinah ou imanência de Deus habita cada leito de enfermo. Portanto, em caso de doença, os anjos não são necessários, como são em outras situações, para transmitir nossas orações aos ouvidos divinos. A noção de que os anjos são intermediários nas orações era generalizada no judaísmo pós-bíblico, e provavelmente negar a eles o conhecimento do aramaico no período em que a maioria do mundo judaico falava essa língua refletia a determinação rabínica de manter o livro de orações em hebraico e evitar que as orações em aramaico entrassem nele. (No final, algumas entraram, mas não muitas.) E embora a passagem em Shabat não mencione demônios, a lógica de negar-lhes também o conhecimento do aramaico é clara. Afinal, se os anjos não sabem o aramaico apesar de sua importância no discurso religioso judaico, por que os poderes das trevas teriam educação melhor?
O que não significa que o comentário do Machzor Vitry a respeito de ha lachma anya esteja correto. Não se pode encontrar uma razão menos fantasiosa para a Hagadá começar em aramaico? Só posso responder que se alguém tiver qualquer outra resposta, eu não me deparei com ela – e que o Machzor Vitry não estava sendo tão fantasioso. Não se deve subestimar o papel desempenhado pela crença em anjos e demônios na vida judaica pré-moderna, como atesta a riqueza de símbolos mágicos, feitiços e amuletos invocando-os para virem a nós em comunidades judaicas do mundo todo. Nenhuma dessas comunidades era mais obcecada com eles do que a dos judeus do Mediterrâneo e do Oriente Médio no início da Era Comum. Em seu recém-publicado livro em hebraico Lilith’s Hair and Ashmodai’s Horns (“Os Cabelos de Lilith e os Chifres de Ashmodai”), a erudita israelense Naama Vilozni documentou como, na Babilônia pré-islâmica, era difícil encontrar um lar judeu construído sem a “armadilha do demônio” em suas fundações: uma tigela invertida com inscrições de encantamentos para assegurar que qualquer espírito malévolo pego embaixo dela, ao tentar invadir a casa, estaria incapacitado de escapar. E foi na Babilônia pré-islâmica que as palavras do ha lachma anya se originaram. A pesquisadora observa que uma alta percentagem dessas encantações estava em judeu-aramaico, e muitos judeus que creditavam aos demônios a habilidade de causar feridas, doenças e infortúnios de toda a sorte obviamente pensavam que esses demônios poderiam falar a língua do país. Mesmo assim, a autoridade do Talmud não se contradiz facilmente – e repare novamente em ha lachma anya. Quando mudou do aramaico para o hebraico? Só quando se fala do Seder do próximo ano, o que não representa perigo imediato. Isso não sugere que o propósito do aramaico seja realmente manter os demônios longe do Seder deste ano? Nesse caso, não se questiona o sucesso. O aramaico funciona. Afinal, quando foi a última vez que você viu um demônio à mesa do Seder?
A erudita israelense Naama Vilozni documentou como, na Babilônia préislâmica, era difícil encontrar um lar judeu construído sem a “armadilha do demônio” em suas fundações: uma tigela invertida com inscrições de encantamentos para assegurar que qualquer espírito malévolo pego embaixo dela, ao tentar invadir a casa, estaria incapacitado de escapar
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7 1 E 2. TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN TOMADO POR FÃS DA ERA DO REI DO ROCK APLAUDIRAM HELDER MOREIRA EM “HELVIS, O MUSICAL”; 3. BRUNO LASKOWSKY E RICARDO BERKIENSZTAT COM O JORNALISTA CAIO BLINDER; 4. NO SHOW DO MEIO-DIA, INSTITUTO FUKUDA E OS SALTIMBANCOS; 5. PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA JÚLIO TOPOROVSKI; 6. BRENO LERNER NA SEDE DE NA’AMAT PIONEIRAS; 7. SUCESSO TOTAL A “FEIRA DAS UNIVERSIDADES ISRAELENSES – ESTÁGIOS E OPORTUNIDADES”, NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH; 8. MÁRCIO RAIGORODSKY EM PAPO COM O RABINO NILTON BONDER, NA LIVRARIA CULTURA/ CONJUNTO NACIONAL
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7 Fotos: 1,2,3,4 e 7 – Flávio Mello
Fotos 3,4, e 5 – Flávio Mello
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1 E 2. IVO MINKOVICIUS EXPÕE; O ARTISTA COM ROBERTA SUNDFELD, SÉRGIO NAPCHAN E GABRIEL ZEITUNE NO CENTRO DE MEMÓRIA DO MUSEU JUDAICO DE SÃO PAULO; 3, 4 E 5. CHEF ISRAELENSE AVNER LASKIN E SUA FACA, UM SHOW À PARTE PARA QUEM FOI AO ESPAÇO GOURMET; 6. A MITZVÁ DE COLOCAÇÃO DE TEFILIN CONTINUA E A SUBSTITUIÇÃO ERA NECESSÁRIA POR CONTA DOS GRAVES FATOS OCORRIDOS 7. JÚLIO SERSON, CARLOS TILKIAN, JOÃO DORIA JR., MARCOS ARBAITMAN E HÉLIO DUARTE NA HOMENAGEM DA AMEM A EDSON DE GODOY BUENO, FUNDADOR DA AMIL; 8. LIANE E HÉLIO ZAIDLER, FELIZES, COM MICHEL, FORMANDO DA FEA/USP
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1, 2 E 3. “IV ENCONTRO NACIONAL DAS ESCOLAS JUDAICAS”, NA ESCOLA ALEF PERETZ; MARCELO KAUFFMANN E FERNANDO LOTTENBERG; PROFESSOR ISRAELENSE, NOAM ZION FALOU PARA OS PARTICIPANTES; 4 E 5. NESSIM HAMAOUI ORGANIZOU O ALMOÇO QUE REUNIU OS JUDEUS DO EGITO NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH; AMIGOS JUNTOS PARA LEMBRAR BONS MOMENTOS; 6 E 7. PAULO BRONSTEIN, ANITA RAPOPORT E GLORINHA COHEN À FRENTE DO BINGO DA FELIZ IDADE; CARTELAS CHEIAS, MUITOS PRÊMIOS FIZERAM A ALEGRIA DA TARDE; 8. CAMPANHA DO KKL DE BOAS AÇÕES INCENTIVA O PLANTIO SUSTENTÁVEL; 9. IOM HAATZMAUT NA EMBAIXADA DE ISRAEL EM BRASÍLIA: JACK TERPINS, EMBAIXADOR YOSSI SHELLEY E RICARDO BERKIENSZTAT
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1 E 3. ISRAEL E RENATA KOPEL; RABINO MOTL MALOVANY RECEBE O VICEPRESIDENTE DA CONIB GILBERTO MEICHES; 2. SECRETÁRIA DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA ELOÍSA ARRUDA LEVA A ANA SCHVARTZMANN O ÚLTIMO SALÁRIO DO ENTÃO PREFEITO JOÃO DORIA, DOADO PARA O CIAM; 4. SOBREVIVENTE GEORGE LEGMANN FALA EM IOM HASHOÁ NO MEMORIAL DA IMIGRAÇÃO JUDAICA; 5 E 6. ANDRÉ ROGER, REPRESENTANDO CURAÇAO NA AMÉRICA LATINA, HOMENAGEADO POR SANDRO ASSAYAG PELA PARCERIA COM A HEBRAICA; DIRETORES E REPRESENTANTES DA MEREDITH SPRING MÍDIA; 7 E 8. MAIS UM SUCESSO ENTRE AMIGAS NO ESPAÇO GOURMET; ANDREA BIRSZTEIN RECEBEU A PALESTRANTE MARINA REJMAN
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9 Fotos 4,5,6 e 7 – Flávio Mello
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Fotos: 5,6,7 e 8 – Flávio Mello
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1. DUAS GERAÇÕES DA FAMÍLIA VIVOLO PRESTIGIARAM O SEGUNDO SEDER DE PESSACH PROMOVIDO PELA CULTURA JUDAICA NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH; 2. LUÍZA CURIEL ESTAVA EMOCIONADA NO SEU PRIMEIRO SEGUNDO SEDER DE PESSACH COM O NETO ARTHUR; 3. SATISFEITOS, AVI GELBERG, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO, E DANIEL LEON BIALSKI COMEMORARAM O SUCESSO DO JANTAR DE PESSACH; 4. DIOGO C. DE BRAGA, JUDITH CURIEL E O FILHO SÃO ASSÍDUOS NA HEBRAICA; 5. DAVID, CLÁUDIA E ISADORA COHEN CURTIRAM CADA MOMENTO DO SEDER NA HEBRAICA
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2 CERIMÔNIA DE DENOMINAÇÃO DA AVENIDA DRA. RUTH CARDOSO NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH, NA HEBRAICA. 1. PLACA COM A NOVA DENOMINAÇÃO DA ANTIGA RUA HUNGRIA NA ESQUINA COM A ALAMEDA GABRIEL MONTEIRO DA SILVA; 2.FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, CELSO LAFER, SIDNEY KLAJNER E ENTÃO VICE-PREFEITO BRUNO COVAS; 3. FAMILIARES, AMIGOS E CONVIDADOS DA FAMÍLIA CARDOSO; DANIEL BIALSKI, PAULO HENRIQUE CARDOSO, ENTÃO PREFEITO JOÃO DORIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E BRUNO COVAS; 4. DIRETORIA DA HEBRAICA COM O EX-PRESIDENTE
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1. A EMPREENDEDORA MIRIM MANOELA MEIROTI PEIXOTO DIVIDIU O PALCO COM A AVÓ EM UMA PALESTRA MOTIVACIONAL DURANTE O WOMEN’S HEALTH TECH WEEKEND PROMOVIDO PELO MERKAZ; 2. MENINOS E MENINAS DO HEBRAIKEINU I APROVEITARAM A PRESENÇA DOS MONITORES DE ROBÓTICA PARA AMPLIAR CONHECIMENTOS NA ÁREA; 3. OS JURADOS DO WOMENS’S HEALTH TECH WEEKEND ELEGERAM O APLICATIVO MIRABOTCH, ELABORADO NA MADRUGADA ANTERIOR, COMO MELHOR PROJETO DESENVOLVIDO DURANTE O EVENTO; 4 E 5. SEIS EMPREENDIMENTOS VOLTADOS PARA O ATENDIMENTO E APOIO ON LINE DO PÚBLICO FEMININO DISPUTARAM OS PRÊMIOS OFERECIDOS DURANTE O 2O WOMEN’S HEALTH TECH WEEKEND
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Fotos: Acervo do Hebraikeinu
O CENTRO JUVENIL HEBRAIKEINU PROMOVEU UMA PIZZADA NA PRAÇA CARMEL PARA CELEBRAR A ÚLTIMA NOITE DE PESSACH EM COMPANHIA DOS CHANICHIM, FAMILIARES E CONVIDADOS, COMO POR EXEMPLO OS INTEGRANTES DO GRUPO CHAVERIM
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1. GRUPO CARMEL SE APRESENTOU NO ENCERRAMENTO DA CORRIDA DE “CAMINHOS DA PAZ”, JUNTAMENTE COM OS GRUPOS DE DANÇAS DO CLUBE SÍRIO E ESPORTE CLUBE PINHEIROS 2, 3 E 4. ACANTONAMENTO DO GRUPO PARPARIM INCLUIU ATIVIDADES NA PISCINA, JANTAR NA PRAÇA CARMEL E ENSAIOS PARA O SHOW DAS LEHAKOT EM JUNHO
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Fotos: Acervo Depto de Danças
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Stalin e Israel Pouca gente sabe, mas a então União Soviética teve um papel fundamental, com seu voto favorável, na criação do Estado de Israel, em 1948. Apesar de ser um notório antissemita, Stalin também ajudou a armar o recémcriado Israel na defesa contra a hostilidade dos vizinhos árabes
Selo do correio de Israel comemorativo dos 70 anos de Stalin, quando já se sabia de muitos dos seus crimes contra judeus
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Por Martin Kramer *
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os anos entre o final da Segunda Guerra e a independência de Israel, em maio de 1948, os judeus comunistas, no Brasil e no resto do mundo, apoiavam as políticas de Stalin. Afinal, a então União Soviética foi um dos primeiros a votar favoravelmente à partilha da Palestina, em novembro de 1947 e o segundo a votar pelo estabelecimento do Estado de Israel, em maio de 1948. A União Soviética também autorizou a Tchecoeslováquia a armar o exército de Israel na luta contra os árabes naquilo que se chamou Guerra da Independência, a primeira de uma série que parece nunca acabar. Stalin não agiu assim por simpatia aos judeus até porque, pouco depois da guerra, determinou o fechamento e a repressão aos integrantes do Comitê Judaico Antifascista criado pouco depois da ascensão do nazismo. Ele via na nascente nação a possibilidade de um Estado socialista capaz de se contrapor ao predomínio da Grã-Bretanha. No entanto, Stalin sempre foi antissemita e enquanto se movimentava em favor de um lar nacional judaico, na Palestina, e incentivava a experiência de Birobidzhan, a Região Autônoma Judaica, no Extremo Oriente, em janeiro daquele mesmo ano, 1948, enviou um agente do serviço secreto a Minsk (atual capital de Belarus) para assassinar o poeta judeu Solomon Mikhoels. Mas o que o alarmou mesmo foi a recepção dispensada a Golda Meir, designada primeira embaixadora de Israel na União Soviética: milhares de judeus se reuniram na sinagoga central de Moscou aos gritos de “Am Israel chai” (“o povo de Israel vive”). Isso bastou para que acusasse os judeus de “nacionalismo burguês judaico” capaz de subverter a autoridade do Estado soviético. Stalin determinou a morte de poetas judeus e seu serviço secreto insinuou que médicos judeus conspiravam para envenenar o ditador. Foram assassinados. De todo modo ele contribuiu para a criação do Estado Judeu. (Bernardo Lerer)
A EVOLUÇÃO DO APOIO SOVIÉTICO
A
cautela de David Ben-Gurion em relação aos soviéticos revelou-se equivocada, pois a União Soviética provou ser a superpotência mais firme no apoio ao Estado judeu em formação e, depois, a Israel. Houve pelo menos cinco grandes marcos na evolução desse apoio. 1-) Quando o Unscop (Comitê Especial para a Palestina das Nações Unidas, na sigla em inglês) apresentou a recomendação de partilha em setembro de 1947, a União Soviética rapidamente votou “sim”, assim como seus satélites Bielorrússia, Ucrânia, Polônia e Tchecoeslováquia. A Iugoslávia se absteve. Em 26 de novembro de 1947, no debate anterior à votação histórica, o então representante da URSS no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Andrei Gromyko, defendeu o caso sionista, considerando “inaceitável” a objeção árabe de que a partilha seria uma “injustiça histórica”: “Afinal, o povo judeu está intimamente ligado à Palestina por um período considerável na história. Além disso... não devemos ignorar a posição na qual o povo judeu se encontrou como resultado da recente guerra mundial... A solução do problema da Palestina na forma de dois Estados separados será
de profundo significado histórico, porque esta decisão vai ao encontro das demandas legítimas do povo judeu, centenas de milhares dos quais, como sabem, ainda estão sem país, sem lares, tendo encontrado abrigo temporário só em campos especiais em alguns países da Europa Ocidental.” 2-) Em março de 1948, os Estados Unidos recuaram em relação à ideia da partilha, mas a União Soviética se manteve firme a favor da divisão e atacou a proposta alternativa norte-americana de administração sob as Nações Unidas. Em 20 de abril, quando o período do Mandato Britânico se escoava, Gromyko denunciou a proposta de administração como uma ideia que colocaria a Palestina “em um estado de escravidão colonial virtual”. Só a partilha em Estados independentes poderia “satisfazer as aspirações legítimas do povo judeu, que sofreu tanto sob o regime de Hitler”. Se a administração fosse votada, a União Soviética votaria “não”, advertiu Gromyko. 3-) Também no início de 1948, a União Soviética sinalizou para a Tchecoeslováquia negociar armas com Israel que, afinal, necessitava de moeda estrangeira. Mas o negócio dependia da concordância soviética e
NO PRIMEIR RO ANIIVERSÁRIO DA IN NDEPENDÊNCIA A, E M 1949, U M A MA ANIFESTAÇÃO EM TEL AVIV OSTENTA FOTOS DE STA TALIN E LENIN
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ENSAIO da autorização pessoal de Stalin. As armas chegaram no momento de permitir que a Haganá tomasse a ofensiva nos eventos que levaram à independência, o chamado “Plano Dalet”. “Elas (as armas) salvaram o país, não tenho dúvida”, teria dito Ben-Gurion duas décadas depois. “O negócio com armas tchecas foi muito importante, nos salvou e sem o qual eu duvido muito se teríamos sobrevivido ao primeiro mês”. Também Golda Meir, na sua autobiografia, escreveu que sem estas armas “não sei se, realmente, teríamos aguentado até a mudança da maré, como aconteceu em junho de 1948”. 4-) Em junho de 1948, à medida que Israel vencia, os soviéticos apoiavam as objeções israelenses mais importantes ao plano para assentamento pelo mediador das Nações Unidas, o conde sueco Folke Bernadotte. Ao responder à proposta de Bernadotte de transferir o Negev inteiro para a então Transjordânia, o ministro das Relações Exteriores da União Soviética, Vyacheslav M. Molotov, advertiu Stalin que isso colocaria 4/5 do território israelense nas mãos da Transjordânia – ou seja, sob “controle britânico” – e deveria ser rejeitado. (“O camarada Stalin concorda”, rabiscou Molotov em um documento). Aliás, por isso Bernadotte foi vítima de um atentado no Hotel King David, em Jerusalém. 5-) Os soviéticos também apoiaram Israel quanto aos refugiados árabes palestinos. Em vez da proposta de Bernadotte, segundo a qual esses árabes teriam o direito de retornar ao território do Estado judeu, os soviéticos preferiram que “aos judeus fosse dada a oportunidade de chegar a um acordo com os árabes sobre esse assunto durante as negociações de paz”. Perto do fim da Guerra da Independência, em dezembro de 1948, a União Soviética e satélites votaram contra a resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas, mais tarde citada por garantir o “direito do retorno” para os refugiados árabes palestinos. Dificilmente Israel poderia pedir mais. Em outubro de 1948, o ministro das Relações Exteriores do governo provisório de Israel, Moshé Sharett, relatou ao gabinete israelense que “o Bloco Oriental tem nos dado firme apoio... No Conselho de Segurança, os russos atuam não só como nossos aliados, mas como nossos emissários”. Abba Eban, então oficial de ligação de Israel no Unscop, anotou que naqueles “dois ou três anos”, os soviéticos “foram mais constantes e decisivos no apoio a Israel do que os Estados Unidos. Sem oscilações, nem vacilações”. Além disso, os soviéticos “atacaram o os árabes veementemente”. Segundo Eban, em razão do estilo político soviético, completamente contrário ao norte-americano: “Naquela época, e depois, a União Soviética ou era a favor ou contra. Se os soviéticos estivessem a favor, eram 100% do seu lado. Os Estados Unidos sempre foram mais plurais nos objetivos tentando combiná-los em uma política única. Então os Estados Unidos nunca estavam 100% a favor, e nunca 100% contra. Ninguém podia confiar completamente neles e ninguém poderia perder completamente a esperança neles.” 84
Por que Stalin apoiou Israel Por que Stalin apoiou Israel? Há setenta anos essa pergunta deixa os historiadores perplexos. Desde o fim da União Soviética se pesquisam documentos soviéticos a respeito do início das relações israelo-soviéticas com recomendações políticas de Stalin e instruções do Ministério das Relações Exteriores a seus diplomatas. Mas nenhum documento revelou o próprio pensamento de Stalin. Como a mudança repentina desafia a crença, a pergunta é se Stalin dedicou muito tempo nisso. De acordo com documentos soviéticos, pouco provável, pois em julho de 1947, o primeiro secretário da embaixada soviética em Washington insistiu: “Só depois de análise cuidadosa e abrangente da situação, Gromyko foi autorizado a fazer sua declaração”. Durante esse período de análise de alto nível, quase todos os conselheiros de política internacional de Stalin foram contrários à partilha, assim como os conselheiros do presidente norte-americano Truman, porque apoiar um Estado judeu provocaria “uma reação desfavorável” no mundo árabe. Somente Stalin poderia alterar esse consenso. Segundo o historiador especializado em Guerra Fria, Vladislav Zubok, tamanha guinada na política oficial “seria impensável sem uma decisão pessoal de Stalin... foi uma jogada, uma tentativa, que somente Stalin poderia bancar”. De fato, teria sido perigoso para qualquer subalterno propor o apoio ao projeto sionista de um Estado judeu. Molotov, então ministro das Relações Exteriores e membro do Politburo, recordou-se mais tarde que, “quando surgiu a ideia de um Estado judeu, todos foram contra, menos eu e Stalin”. Então: por que Stalin decidiu assim? Ninguém aposte em uma recaída em favor dos judeus. Na Conferência de Ialta, em fevereiro de 1945, Stalin descreveu os judeus para o presidente norte-americano, Franklin D. Roosevelt, como “atravessadores, agiotas e parasitas”. Não há evidência de que essa visão tenha mudado, a não ser para pior. O historiador israelense Benny Morris che-
gou ao ponto de especular que os soviéticos, além de considerações a respeito da realpolitik, poderiam ter se “comovido pelos horrores do Holocausto e pelo senso de camaradagem com companheiros de sofrimento nas mãos dos nazistas”. O historiador britânico Bernard Lewis não tinha certeza disso: “É difícil acreditar que Stalin, que matou incontáveis milhões de pessoas em seus próprios campos de concentração, tenha sido compassivo pela situação dos sobreviventes de Hitler”. Um ponto de vista norte-americano comum naquela época indicava que Stalin simplesmente queria criar confusão. A partilha inevitavelmente terminaria em guerra e quaisquer que fossem as consequências, os soviéticos poderiam explorar de alguma forma. Um assessor da delegação norte-americana nas Nações Unidas perguntava “se os russos querem a partilha ou buscam o caos na Palestina”. Para George Kennan, o mais proeminente especialista em União Soviética no Departamento de Estado dos Estados Unidos, a partilha “favorecia os objetivos soviéticos de semear a dissensão e a discórdia em países não-comunistas”. Continua pouco claro como exatamente tal discórdia serviria aos interesses soviéticos. Até Gromyko discursar, em maio de 1947, e mais tarde, nos Estados Unidos, supunha-se que os soviéticos fariam oposição à partilha para conseguir o favor dos árabes, enquanto a América pagaria um preço alto junto à opinião pública árabe por apoiá-la. Não espanta, portanto, que os norte-americanos ficaram atordoados pelo movimento soviético, que lhes parecia ser um contrassenso. O chefe do setor das Nações Unidas no Departamento de Estado, Dean Rusk, admitiu estar “desconcertado” pela “novidade do que parecia ser uma política (soviética) pró-sionista”. Robert Lovett, subsecretário de Estado, se declarou “perplexo”. A imaginação de Kennan também não foi tão longe: “Não há como dizer exatamente como a União Soviética tentará virar a partilha em vantagem própria. Deve-se presumir, no entanto, que Moscou vai se empenhar em encontrar meios de explorar essa oportunidade”. Observadores mais astutos da política soviética, tanto então como agora, atribuíram um
EM JULHO DE 1945, EM POTSDAM, TR RUMAN CONTOU A STALIN N QUE OS EU UA TINHAM UMA BO OMBA ATÔMICA, QU UE ARRASARIA HIROSHIMA UM MÊS DEPOIS
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BE EN-GURION NÃ ÃO GOSTAVA DE E TRUMAN, MA AS D E ULH HE UMA ME ENORÁ. AO CE E N T R O, O EM MBAIXADOR NO OS EUA, AB BBA EBAN
motivo mais plausível para Stalin. Em 1947, a Guerra Fria já havia se infiltrado no Mediterrâneo e no Oriente Médio via Grécia, Turquia e Irã. Stalin pode ter concluído que a causa do Estado judeu seria um bom instrumento para desalojar a Grã-Bretanha do centro da região. Os britânicos ainda controlavam os clientes árabes na Transjordânia e no Iraque, e mantinham o Egito na sua esfera de influência enquanto um Estado judeu desalojaria definitivamente os britânicos da Palestina. É verdade que o apoio custaria a destruição dos pequenos partidos comunistas árabes. Mas seria barato em troca da garantia da retirada ignominiosa da Grã-Bretanha de uma de suas maiores bases no Oriente Médio. Em junho de 1946, o diplomata sionista Eliahu Sasson, especialista política árabe, percebeu os soviéticos atuando em todo o Oriente Médio para combater os britânicos. E profetizou: “Não há razão para esperar que a política russa nos seja hostil, mas há bons fundamentos para pensar que nos será amigável. Não por simpatia a nós nem por ódio aos árabes mas para acertar as contas com a Inglaterra”.
Lições atuais Essa lógica antibritânica também se lia em alguns documentos políticos soviéticos, e em retrospecto faz muito sentido. Mas 86
como nada consta que tenha sido dito por Stalin, a charada não se esclareceu nem quando, em 1972, Molotov fez um relato confuso de seu raciocínio: “Uma coisa é ser antissionista e antiburguês, e outra bem diferente ser contra o povo judeu... Os judeus tinham lutado por muito tempo por seu Estado sob a bandeira sionista. Nós, é claro, éramos contra o sionismo. Mas recusar a um povo o direito de ter um Estado seria oprimi-lo.” Eis o paradoxo: o Estado de Israel veio a existir com o apoio fundamental de um regime que continuava a se ver como “contra o sionismo”, “é claro”. Em 1961, o Ministério das Relações Exteriores da União Soviética publicou uma coletânea de documentos básicos a respeito das relações soviético-árabes. Apesar de o próprio Gromyko ter presidido o conselho editorial da publicação, nenhum dos seus discursos nas Nações Unidas apoiando Israel foi incluído no livro. Nem seu livro de memórias, em russo, de 1988, menciona o apoio soviético a Israel em 1947 e 1948, ou seu papel na proclamação do estado. Os soviéticos pareciam querer todo o episódio e, assim, encorajar os clientes árabes a fazer o mesmo. “Israel terminou mal”, disse Molotov em seus últimos anos de vida, quando lhe perguntaram acerca do apoio soviético à fundação do Estado. “Mas, Senhor Todo-Poderoso! Isso é que é imperialismo norte-americano”. Felizmente, alguns historiadores se esforçaram nas últimas duas décadas para garimpar documentos, principalmente Yaakov Ro’i, Arnold Krammer, and Uri Bialer, cujos relatos apareceram antes da queda da União Soviética, em 1989. E Gabriel Gorodetsky, Benjamin Pinkus e Laurent Rucker que depois da queda do regime tiveram acesso a arquivos antes insondáveis. No entanto, o interesse é pequeno tanto de parte de diplomatas israelenses como de sionistas norte-americanos que preferem contar sempre a mesma história segundo a qual do momento em que o presidente Truman se tornou o primeiro líder mun-
dial a reconhecer o novo Estado judeu, Israel não teve melhor amigo que os Estados Unidos da América. Todos gostam desse caso amoroso de setenta anos entre o pequeno e combativo Israel e a maior superpotência e democracia do mundo. Mas, como vimos, não importa o quão exata esta declaração tenha se tornado nos últimos anos, é inverídica quando se trata dos primeiros anos do Estado, quando, como atestou Abba Eban, o experiente primeiro embaixador de Israel nas Nações Unidas, os soviéticos foram “mais constantes em sua decisão de apoiar Israel do que mesmo os Estados Unidos”. Infelizmente, essa deturpação histórica tem um preço. Primeiro, tende a obscurecer o significado real da legitimidade internacional conferida a Israel pela votação da partilha. De fato, foram precisos esforços heroicos dos defensores da partilha, incluindo os Estados Unidos, para juntar os dois terços de votos favoráveis na Assembleia Geral. Mas o resultado a favor da partilha deveu-se ao fato fundamental de que as superpotências vitoriosas na Segunda Guerra, Estados Unidos e União Soviética, apoiaram a partilha e a criação do Estado judeu. Essa convergência atraiu os outros países. Abba Eban considerava a partilha, “o primeiro acordo americano-soviético na era do pós-guerra”. O fato de ter sido o acordo sobre a criação do Estado judeu revela como eram profundas as fundações da legitimidade internacional de Israel. Muitos partidários dos árabes ainda buscam demonstrar que a legitimidade, ou a votação na Assembleia Geral, foi obtida por meio de ameaças ou trocas, e é verdade que, em novembro de 1947, os defensores da partilha removeram todos os obstáculos. Mas com o alinhamento das duas superpotências seria necessária uma forte hostilidade contra o sionismo para incentivar o voto “não”. E isso só ocorreu, com poucas exceções, em países de maioria muçulmana. Em segundo lugar, a falsa ideia de que os Estados Unidos eram o “melhor amigo” de
Israel em 1948 não faz justiça ao papel dos primeiros israelenses. Teria sido muito mais fácil derrotar os árabes palestinos, e mesmo as forças árabes conjuntas, com o apoio da maior potência mundial. Mas Israel não tinha esse apoio. Em um encontro com o secretário de estado norte-americano George Marshall, o ministro Moshé Sharett disse o que sentia, de acordo com as anotações do primeiro secretário do gabinete, Zeev Sharaf): “Os Estados Unidos não ajudaram a estabelecer o Estado. Ajudaram apenas quando tomaram parte na votação das Nações Unidas, e isso será sempre lembrado. Mas nós, o povo judeu, disse Sharett, continuamos nós mesmos a luta na Palestina sem nenhuma ajuda. Pedimos armas, mas não nos deram; pedimos orientação militar, mas foi recusada; finalmente, pedimos chapas de aço para blindar os ônibus, mas até isso nos recusaram. O que conseguimos assegurar foi por nós mesmos. Sharett era diplomático demais para lembrar Marshall do que os soviéticos, pelo contrário, fizeram por Israel.”
Truman x Ben-Gurion Em maio de 1949, Truman enviou uma carta ameaçadora a Ben-Gurion, criticando a posição de Israel no pós-guerra na questão de fronteiras e refugiados. Truman mencionou que o governo (e o povo) norte-americano tinha “dado apoio generoso para a criação de Israel”. Em seu diário, um furioso Ben-Gurion ridicularizou essa afirmativa e até mesmo o apoio dos Estados Unidos à partilha: “O estado de Israel não foi fundado em consequência da resolução das Nações Unidas. Nem a América nem nenhum outro país mantiveram a resolução, nem impediram os países árabes (e o governo do Mandato Britânico) de nos declarar guerra total em violação às resoluções das Nações Unidas. A América não levantou um dedo para nos salvar e, além disso, nos impôs embargo a armas e, se tivéssemos sido destruídos, eles não nos ressuscitariam.” Assim, os fundadores de Israel ironizavam a ideia de que o governo dos Estados Uni-
Stalin pode ter concluído que a causa do Estado judeu seria um bom instrumento para desalojar a GrãBretanha do centro da região. Os britânicos ainda controlavam os clientes árabes na Transjordânia e no Iraque, e mantinham o Egito na sua esfera de influência enquanto um Estado judeu desalojaria definitivamente os britânicos da Palestina
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ENSAIO dos tivesse apoiado totalmente a criação do novo Estado. Os pioneiros fundadores acreditavam que a existência de Israel deveu-se única e completamente à sua própria coragem e firmeza de caráter – e às armas enviadas por ordem de Stalin compradas com os milhões de dólares enviados pelos judeus norte-americanos. Em terceiro lugar, contar a história da partilha como “Salvos pela América” subtrai da história lições mais importantes. A genialidade da diplomacia sionista, tanto em 1947 como em 1917, residia em detectar de modo preciso a ascensão e queda das potências, e explorar suas rivalidades competitivas. Os sionistas eram experientes demais para confiar na amizade de qualquer potência. De fato, pode-se dizer que o sionismo insistia em que os judeus não tinham “melhores amigos” para valer. Guerras mundiais, revoluções, impérios em colapso – os líderes sionistas notavam que tudo mudava depressa nas relações internacionais, e sondavam os humores das capitais mundiais aos primeiros sinais de mudança de política e poder. Ao praticar a diplomacia diversificada, os sionistas nunca diziam “nunca”, e nem aceitavam “não” como resposta. Hoje, nenhum sionista pensaria em celebrar a votação da partilha elogiando a visão do camarada Stalin. Mas perderia a oportunidade (e seria má história) celebrá-la apenas saudando Truman, o rei Ciro em potencial. Naquele dia, o mundo saudou a fundação de um Estado judeu na Palestina. Isso aconteceu porque estadistas e diplomatas sionistas, persistentes e astutos, persuadiram os líderes das duas superpotências cada vez mais antagônicas que um Estado judeu serviria a seus interesses individuais. O historiador britânico Paul Johnson escreveu em 1988, que “nos termos das políticas soviéticas e norte-americanas, Israel veio a existir ao deslizar por uma janela brevemente aberta, e rapidamente fechada”. Foram os estadistas sionistas e os exércitos sionistas que abriram a janela por tempo suficiente para Israel entrar. A saga da votação da partilha, longe de ser uma história singular norte-americana, sugere que Israel deve continuar sempre ágil em manobrar entre as potências, e não confiar exclusivamente em uma delas. Isso foi crucial para o nascimento de Israel, e pode ser crucial de novo. Finalmente, há outro motivo para reflexão neste momento em que Israel comemora setenta anos. Nos primeiros anos do século 20, as revoluções sionista e russa estavam lado a lado. Surgiram de insatisfações comuns, e muitas vezes, no mesmo espaço geográfico. Não surpreende que ambas as revoluções competiram pela lealdade e disposição dos judeus. A União Soviética durou quase 69 anos, de 1922 a 1991. O Estado de Israel está durando mais, e continua a florescer. Israel ganhou a guerra para os judeus, como certamente os Estados Unidos ganharam a Guerra Fria. O legado soviético também é condenável em relação a Israel. A União Soviética mais tarde armou e incitou os árabes a travar guerras contra Israel que derramaram sangue e causaram sofrimento. Mas Israel deve contabilizar dois créditos daquele calamitoso regime do século 20. Em primeiro lugar, os fundadores de Israel atestaram que a União Soviética deu apoio vital a Israel quando do seu nascimento. Em segundo lugar, salvou milhões de judeus do que seria de outra forma a destruição certa pelos nazistas – judeus que, com seus descendentes, aumentariam a população de Israel em razão do colapso soviético. Isso não diminui os crimes perpetrados por Stalin, cuja barbaridade às vezes rivalizava com a de Hitler. É um lembrete que, enquanto Israel deva sempre preferir a companhia dos justos, os outros não devem ser negligenciados. * Martin Kramer ensina história do Oriente Médio no Shalem College, em Jerusalém, e é pesquisador visitante no Instituto Washington para Política do Oriente Próximo. Seu livro mais recente é The War on Error (2016)
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Nos primeiros anos do século 20, as revoluções sionista e russa estavam lado a lado. Surgiram de insatisfações comuns, e muitas vezes, no mesmo espaço geográfico. Não surpreende que ambas as revoluções competiram pela lealdade e disposição dos judeus. A União Soviética durou quase 69 anos, de 1922 a 1991. O Estado de Israel está durando mais, e continua a florescer
OPINIÃO
Por Abraham H. Foxman *
Nunca mais – provavelmente A maioria dos sobreviventes do Holocausto sabe: “nunca mais” é um desejo guardado com devoção, mas não uma inevitabilidade histórica. A maioria de nós convive com o medo de que possa acontecer de novo, se não aqui, nos Estados Unidos, então em outro lugar do mundo
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Sobrevivente do nazismo em manifestação nos Estados Unidos, e a mensagem a Trump
E
sta semana fiquei chocado ao ler o seguinte no The New York Times: “Hoje, setenta anos depois, tem-se o sentimento pela primeira vez de que a história poderia se repetir. Isso não está fora de questão”. Fiquei ainda mais chocado ao ler que isso foi dito por alguém que era sobrevivente do Holocausto. Eu me aflijo pela vida judaica, a comunidade judaica e o futuro dos judeus na Europa. O populismo, o sentimento contra a imigração e o antissemitismo são ameaçadores e, combinados com o Islã radical com o apoio da extrema esquerda que agora varre o continente, parece que nenhum país está imune a essas forças extremamente preconceituosas. Alemanha, França, Reino Unido, Suécia, Polônia, Hungria, Islândia, Dinamarca, Rússia, Grécia e Itália parecem estar em risco. Também estou preocupado com o antissemitismo na América. Agora mesmo, parece ser uma ameaça séria, mas não grave porque os judeus estão muito mais seguros nos Estados Unidos do que na Europa. A América não está imune ao antissemitismo, mas não é algo virulento, muito menos fatal. A comunidade judaica norte-americana continua a florescer, publica e orgulhosamente. Mas há uma mudança no ambiente resultante da eleição e da presidência de Donald Trump. O “trumpismo” destruiu o contrato social que protegia os judeus e outras comunidades de minorias. As normas comuns que Trump deprecia como politicamente corretas não são uma panaceia, mas dão segurança. A campanha de Trump destruiu os tabus a respeito de ofender e estereotipar as minorias e demoliu aquela ideia de decência comum, de não insultar pessoas com deficiências físicas – e muçulmanos, mexicanos e qualquer um que ele ridicularizou por não fazer parte de sua base. Até agora, as minorias têm sido protegidas contra esse tipo de preconceito menos pela legislação e mais pelas normas sociais. Nos Estados Unidos, você até pode ser racista e a Constituição protegerá o seu direito de ser racista. Mas, até agora, se você fosse publicamente racista, haveria consequências, e você pagaria por elas. Mudou pois
parece que esse não é mais o caso. Os duzentos neonazistas que há meses marcharam em Charlottesville gritando “Os judeus não vão tomar o nosso lugar” não são um fenômeno novo. Eles sempre estiveram presentes, e as organizações judaicas, desde a nacional ADL (Liga Antidifamação) e os Jewish Community Relations Council (Conselho de Relações Comunitárias Judaicas Jcrc) locais, sempre souberam que existiam e quem eram eles. Mas o trumpismo os encorajou. Permitiu-se aos neonazistas emergirem do esgoto e agora eles têm a legitimidade e a chutzpá (ousadia) para encarar as câmeras e berrar slogans antissemitas. E o pior é que o presidente dos Estados Unidos defende alguns deles como bons nazistas. “Havia pessoas muito boas em ambos os lados em Charlottesville”, disse Trump. Senhor presidente, não há nem nunca houve bons nazistas. Nenhum deles era uma pessoa muito boa. Você precisa dizer isso a todo o povo norte-americano. Muitos milhares de soldados norte-americanos foram mortos por nazistas e parece que ficou por isso mesmo. Quanto mais nos distanciarmos da Shoá, mais as memórias vão se dissipar, mais sobreviventes vão envelhecer e morrer, e mais distorções vão existir. Uma vez perguntei ao meu falecido pai porque, durante a Shoá, quando uma tigela de sopa ou um pedaço de pão poderia ser a diferença entre a vida e a morte, os judeus barganhavam a sopa por tinta, o pão por papel. Ele me disse que eles temiam que o mundo não fosse saber que tinham vivido, ou como tinham morrido. Hoje, temos de lutar não só contra a negação do Holocausto e a distorção do Holocausto, mas também contra a banalização do Holocausto. Elie Wiesel se preocupava mais com a sua banalização do que com sua negação porque a negação era gritante e a banalização, sutil. Apesar disso, setenta anos depois, existem muitos livros e muitos filmes a respeito do Holocausto e muitas pessoas boas ainda lutam para entender esse mal grotesco. Da mesma forma que muitos judeus, como sobrevivente experimento emoções conflitantes. Sobrevivemos para testemu-
nhar o renascimento de Israel como Estado judeu soberano – independência e renovação judaica. E temos Yerushalayim, a eterna capital judia. Porém, esse grande sentido de orgulho judeu é acompanhado pela séria ansiedade a respeito do futuro da Diáspora judia. Sim, há a assimilação, mas também estamos testemunhando a criatividade, a energia, a engenhosidade e o crescimento espiritual e físico judeus. Mas me preocupo se a ansiedade – o medo de nossa segurança na esfera pública quando identificados publicamente como judeus– possa resultar em judeus decidindo não enviar os filhos para escolas judias não por razões filosóficas, mas por medo; ou não ir à sinagoga não por falta de fé, mas por temor. Quase todas as instituições judaicas na Europa são fortalezas armadas, e imagino se as instituições judaico-americanas logo passarão por isso também. Os universitários judeus não costumam revelar sua condição de judeus em público, não porque não queiram se identificar como judeus, mas porque se sentem intimidados pela reação que temem encontrar. Eles não se identificam publicamente porque temem que seria desconfortável demais, talvez até mesmo assustador demais. O que é triste. Apesar de tudo isso, e especialmente agora, neste tempo de memória da Shoá, continuo otimista quanto à vida judaica. Sobrevivemos enquanto muitas outras civilizações desapareceram. Todas as outras – grega, romana, inca – encontraram a tragédia e disseram: “Não mais, não quero me identificar com isso nunca mais”. Mas nós, não. Porque a cada tragédia, a incluída a horrível selvageria genocida do Holocausto, nos levantamos, sacudimos a poeira e decidimos que queremos continuar a ser judeus. Fomos da Shoá ao Estado judeu. Continuamos a afirmar nossa condição de judeus. Israel continua a ser nosso escudo, nosso refúgio, nossa força. E embora eu nunca diga que isso nunca poderá acontecer de novo, eu ainda sou otimista. Afinal, tenho esperança no futuro judeu.
Os universitários judeus não costumam revelar sua condição de judeus em público, não porque não queiram se identificar como judeus, mas porque se sentem intimidados pela reação que temem encontrar
* Durante 28 anos, este sobrevivente do Holocausto foi diretor nacional da Liga Antidifamação (ADL)
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BALANÇO diretoria Gestão 2018 / 2020
PRESIDENTE Diretor Superintendente Assessores
DANIEL LEON BIALSKI Gaby Milevsky Airton Sister Celia Burd Diana Dziegiecki Beresin Isy Rahmani Mariza de Aizenstein Rina Elimelek de Weber Sami Sztokfisz Diretora de Planejamento Estratégico Stefanie Stern Diretor de Marketing Eduardo Len Diretor de Meio Ambiente e Rel Instituc. Sergio Rosenberg Diretor de Lei de Incentivo Saul Anusiewicz Diretor Voluntário a Gerência de Sede Abraham Goldberg Diretor de Relações Públicas Ramy Moscovici VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO Diretora de Recursos Humanos Diretora de Tecnologia da Informação Diretor de Concessões Consultor Estratégico Compras Diretora Departamento Médico
MONICA TABACNIK HUTZLER Carla Rosenthal Gil Vivian Didio Nissim Levi Heitor Weltman Hutzler Ilana Holender Rosenhek
VICE-PRESIDENTE DE ESPORTES Diretor Geral de Esportes Assessor Basquete Ciclismo Fit Center Futebol (Campo/Society)) Futebol (Campo/Society)) Futebol Feminino Ginástica Artística Handebol Handebol Lutas Natação Polo Aquático Sinuca Squash Tênis Tênis Tênis Tênis de Mesa Triathlon Voleibol Xadrez
DEYVID ARAZI Fabio Wasserstein Roberto Douer Afonso Celso Vivolo Beno Mauro Shehtman Manoel K. Psanquevich Marcello Broncher Brand Daniel Goldmann David Jacques Elwing Helena Zukerman José Eduardo Gobbi Marcelo Falkowicz Eduardo Goldstein Gilberto Kon Carlos Eduardo Finkelstein Breno Raigorodsky Leonardo Milner Pedro Kaufmann (Peter) Lia Kauffman Herszkowicz Sérgio Mester Roberto Weiser Liane Schwarz Buchman Michelle Clerman Henrique Salama
VICE- PRESIDENTE PATRIMONIAL Diretor de Manutenção Diretor de Obras Diretor de Paisagismo Assessor de Paisagismo
JACQUES STEINBERG Rui Gelernter da Costa Lopes Sergio Mester Maier Gilbert Naum Cshapiro
VICE-PRESIDENTE DE ATIVIDADES SOCIAIS E CULTURAIS
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Diretora Social e Cultural Assessora Cultural Assessora de Inovação
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Glorinha Cohen Anita Rapoport Lilian Blech Olivio Guedes Joel Rechtman Eliane Esther Simhon Forti (Lily)
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MONICA DRABIK BARAN Carla Caldeira Israel Levin Caco Ciocler Gabriela Malziner
Assessores
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Assessores Hebraikeinu e Meída
Deborah Moss Ejzenbaum Luciana Klar Fischman
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO CNPJ 61.139.911/0001-99
BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 2017
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO EXERCÍCIO 2017 CNPJ 61.139.911/0001-99
Carla Regina L. Caldeira Israel de Vasconcelos Levin Diretora de Música Diretora Brinquedoteca e Espaço Bebê Diretor de Danças Diretora da Escola Maternal Diretor de Cultura Judaica Assessor da Cultura Judaica Assessor da Sinagoga
Claudia Hemsi Leventhal Renata Hamer Len Alan Cimerman Graziela Zlotnik Chehaibar José Luiz Goldfarb Gerson Herszkowicz Mauricio Marcos Mindrisz
SECRETÁRIO GERAL SECRETÁRIO Diretora Colaboradora Diretor Jurídico Diretor de Segurança Sindicância e Disciplina
FERNANDO ROSENTHAL JAVIER SMEJOFF Anita Rapoport Samy Garson Claudio Frischer (Shachor) Alex Prist Carlos Shehtman Gabriel Huberman Tyles Ilan Drukier Waintrob Ligia Shehtman Tobias Erlich
TESOUREIRO GERAL TESOUREIRO Diretor Tesoureiro
MARCELO ARIEL ROSENHEK FERNANDO GELMAN Ivan Kraiser
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CONSELHO DELIBERATIVO CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL
2018 Maio
Casa cheia nos setenta anos de Israel No mês de abril, tivemos a segunda reunião do Conselho Deliberativo da nossa querida Hebraica. Além de aprovação de contas de 2017, trabalhamos a continuidade da mudança do nosso Estatuto entendendo um pouco mais como é importante implantação de governança mais adequada aos tempos modernos. Neste ponto tivemos um relato completo e muito interessante da Diretoria Executiva sobre as diversas áreas e atividades, demonstração financeira que nos deixa satisfeitos vendo que a Hebraica está em dia com as contas, controlando bem as despesas sem afetar as atividades. Meus parabéns para presidente Daniel e sua Diretoria e para o nosso diretor superintendente Gaby Milevsky, mas o principal parabéns que quero dar para os mesmos é do evento de Iom Hazikaron e Iom Haatzmaut, evento que realmente trouxe um pouco de Israel para todos nós. A emoção, a sensibilidade e o conteúdo mostraram que nossa Hebraica é o legítimo lugar para nossa comunidade, para nossos jovens, casa cheia, sim, mas de novo nossa comunidade poderia se organizar melhor para fazer eventos em conjunto e não paralelos e concorrentes. Os setenta anos de Estado de Israel nos trazem muito orgulho de ser judeu vamos praticar mais isso! Shalom Avi Gelberg Presidente da Mesa do Conselho
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5ª FEIRA LAG BAÔMER DOMINGO IOM IERUSHALAIM SÁBADO VÉSPERA DE SHAVUOT DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR
Julho 1 21
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 6ª FEIRA TU BE AV
22 27
Setembro ** ** ** ** **
9 10 11 18 19 23 * 24 * 25 30
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT
Outubro * 1 * 2
2ª FEIRA 3ª FEIRA
SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ
Novembro 5
2ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
Dezembro 2 9
DOMINGO DOMINGO
AO ANOITECER, 1A. VELA DE CHANUCÁ AO ANOITECER, 8A. VELA DE CHANUCÁ
2019
Janeiro 21 27
2a. FEIRA DOMINGO
TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL DO HOLOCAUSTO (ONU)
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO
EREV PESSACH -1º SEDER PESSACH -2º SEDER PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR
Março
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2018
13 DE AGOSTO 12 DE NOVEMBRO 10 DE DEZEMBRO
20 21 22
Abril
MES MESA ME SA DO CO SA CONSELHO CONSELHO PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 2O SECRETÁRIO
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AVRAHAM GELBERG ELISA R. NIGRI GRINER VANESSA KOGAN ROSENBAUM ISABEL R. DE ALMEIDA COHN MARIZA DE AIZENSTEIN
ASSESSORES:
JAIRO HABER DANI AJBESZYC ALBERTO SAPOCZNIK JEFFREY A. VINEYARD ROBERTO PIERNIKARZ MANUEL DAVID KORN
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* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos