Aos 65 anos, o clube continua se renovando com o foco no futuro MÚSICA
Morrissey, ex-Smiths, lança um álbum com canções pró-Israel
GESTÃO
Daniel Bialski é o novo presidente do Executivo
Ano LIX No 671
Janeiro 2018 Tevet / Shevat 5778
PALAVRA DA DIRETORIA
Debutando para a revista Hebraica, lisonjeado com o posto da Presidência e carregado de enorme motivação, quero iniciar agradecendo: ao Grande Arquiteto do Universo; à minha querida mãe por todo o carinho; ao meu pai, Helio (z’l), que me trouxe ao clube, me incentivou a frequentá-lo e, igualmente, me ensinou a ter orgulho de ser judeu e trabalhar em prol da comunidade; à minha família – Juliana, Clara, André e Bruna – que são minha inspiração, guarida e por quem busco fazer meu melhor. Sem errar, posso dizer que esta combinação me permitiu chegar até aqui, consciente e esperançoso em dar continuidade à corrente que mantém o judaísmo vivo e ativo de geração em geração – LeDor VaDor. Lembro-me que desde que fui convidado pelos presidentes Avi Gelberg e Abramo Douek, juntamente com outros de minha geração, especialmente os amigos Deyvid Arazi e Charles El Kalay, a me envolver mais intensamente nas coisas e nas causas da Hebraica, encampei esse desafio porque sei que poderíamos e podemos fazer a diferença tornando uma Hebraica melhor para todos. São dezenas os amigos que passaram a conjuntamente trabalhar em prol do nosso clube. Como um primeiro capitão deste grupo, não posso deixar de recordar o exemplo e a experiência dos já citados e também dos ex-presidentes Berel Zukerman, Naum Rotenberg, Marcos Arbaitman, Jack Terpins, Hélio Bobrow, Samsão Woiler, Arthur Rotenberg e Peter Weiss, e, no legado de Irion Jakubovicz, Jacob Kaufman, Moysés Kauffman e Leon Feffer, justamente para que possamos engrandecer o nome daquela que é nossa segunda casa. Todos deixaram marcos no clube e na comunidade judaica de São Paulo, o que sempre deve ser elevado. Conclamo a todos, sócios e conselheiros, sob a interpretação e significado da raiz da palavra “Hebraica/Hebreu” (avar, em hebraico), a deixarmos nossas diferenças de lado e, sob a égide da expressão Chazak Veematz
– fortes e corajosos – alcançar e cumprir a tarefa nada fácil de prosseguir o trabalho brilhante realizado e liderado pelo agora presidente do Conselho, Avi Gelberg, cuja amizade, irmandade e lições que o convívio me proporcionou, só tenho a agradecer. Essa caminhada, cheia de desafios que se renovam a cada dia, será percorrida com participação, interesse e abnegação da nova Diretoria Executiva *, dos voluntários que já se ofereceram e dos outros que se juntarão a nós, todos unidos para dar sua contribuição ao maior clube judeu do mundo, local que deve ser valorizado por convergir, agregar, servir de diversão, esporte, lazer e alegria dos judeus de São Paulo e do Brasil. Agiremos com extrema responsabilidade e austeridade. Sabemos de nossos obstáculos, mas temos força, vontade e coragem para vencê-los sempre fortalecendo as instituições e não as pessoas. Shalom Daniel Leon Bialski Presidente * Daniel Leon Bialski, presidente; Mônica Tabacnik Hutzler, vice-presidente Administrativo; Jacques Steinberg, vice-presidente de Patrimônio; Deyvid Arazi, vice-presidente de Esportes; Sandro Assayag, vice-presidente Cultural; Mônica Drabik Baran, vice-presidente de Juventude; secretário geral, Fernando Rosenthal; secretário Javier Smejoff Sapiro; tesoureiro geral, Marcelo Ariel Rosenhek; tesoureiro Fernando Gelman Assessores da presidência: Airton Sister, Isy Rahmani, Sami Sztokfisz, Diana Dziegiecki Berezin, Rina Elimelek de Weber, Célia Burd e Mariza de Aizenstein
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SUMÁRIO
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AGENDA NOSSO CLUBE ENTREVISTA CAPA ACONTECE
MOMENTO FINAL DO SHOW “BELIBI” DO 37O FESTIVAL CARMEL, QUANDO OS DANÇARINOS ENTREGARAM À PLATEIA BALÕES VERMELHOS EM FORMA DE CORAÇÃO
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REGISTRO ESPORTES MAGAZINE GALERIA ENSAIO
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CARTA DA REDAÇÃO
ANO LVII | NO 671 | JANEIRO 2018 | TEVET / SHEVAT 5778
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’L) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE
Novo ano, muita informação
CORRESPONDENTES ARIEL FINGUERMAN, ISRAEL FOTOGRAFIA FLÁVIO M. SANTOS FOTO CAPA DIVULGAÇÃO DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES
O ano de 2018 começa com um novo presidente da Hebraica, Daniel Leon Bialski, advogado de bem-sucedida carreira e a Diretoria Executiva que vai acompanhálo até 2020 é constituída de jovens ativistas da mesma geração que ele. A repórter Magali Roitman descobriu as saborosas histórias do rabino Leibl Zajac que, há décadas, primeiro sozinho e, mais recentemente com o filho, pergunta a cada associado: – Tefilin? Zajac apenas não mencionou ser um ardoroso torcedor do Corinthians. Magali também assina a reportagem de capa a respeito dos 65 anos da Hebraica que coincide com os setenta anos da criação do Estado de Israel. Aliás, até o advento da internet, na Hebraica funcionava uma Sala de Israel com notícias e informações. Nestes 65 anos, a Hebraica sempre atuou como um centro comunitário para onde afluíam os judeus de São Paulo nas comemorações de Iom Haatzmaut e sempre no clube os mais altos dignitários do país encontravam os judeus de São Paulo. A revista organizou uma galeria de fotos retratando o que foi o 37o. Festival Carmel. No “Magazine”, uma reportagem do correspondente a respeito do roqueiro Morrisey, que parece não gostar muito de seu prenome Steven Patrick. Ele vai se apresentar novamente em Israel e, na contramão de muitos de seus colegas da música pop, confessa sua ligação com o Estado judeu e o defende publicamente. Leiam também uma reportagem acerca de Ben Hecht, um dos mais talentosos e respeitados roteiristas da época de ouro de Hollywood e que usou sua fama para pedir ao governo norte-americano que ajudasse no salvamento dos judeus europeus que estavam sendo enviados aos campos de concentração e, depois do fim da guerra, se tornou um dos maiores propagandistas do novo Estado. Finalmente um ensaio com quatro textos que tentam esclarecer um pouco a controvertida decisão de Donald Trump de, ao comunicar a intenção de transferir a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, reconhecer implicitamente a cidade como capital de Israel. Boa leitura. Shalom Bernardo Lerer – Diretor de Redação
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EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l)
- 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK - 20122014 | AVI GELBERG - 2015 - 2017 | PRESIDENTE DANIEL BIALSKI
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NOSSO CLUBE
Uma nova geração no comando Daniel Leon Bialski e um grupo de jovens ativistas foram eleitos por aclamação na última reunião ordinária do Conselho Deliberativo de 2017 para dirigir a Hebraica a partir deste mês até o final de 2020
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gradeço ao Grande Arquiteto do Universo por esse momento especial. Recordo-me do meu pai, Hélio Bialski (z’l), engrandecendo os ensinamentos e a força no orgulho de ser judeu”, disse o novo presidente do clube Daniel L. Bialski, ao Conselho Deliberativo na noite em que ele e sua Diretoria Executiva foram eleitos por aclamação pelo Conselho Deliberativo. Ele integrou o Executivo liderado por Avi Gelberg como Secretário Geral e também presidiu a sinagoga Beth El. “Quero representar a minha geração e contribuir como voluntário a esta instituição que comecei a frequentar ainda menino, em companhia do meu saudoso pai e que vi o Avi dirigir com tanta alegria e empenho”, afirmou ao nomear os cinco vice-presidentes, secretários e tesoureiros de seu executivo (ver box). A pauta da última reunião do Conselho Deliberativo também incluiu a eleição da nova mesa diretiva que necessitou de urnas em função de múltiplas candidaturas aos cargos de primeiro secretário, vice-presidente e presidente. “Este é um exemplo de como e quanto democrática é a nossa Hebraica e que, em respeito a ela, terminada a eleição devemos nos unir e trabalhar em prol da instituição, cujas cores não são nem só amarela, nem só azul, mas azul e amarela”, declarou emocionado o novo presidente do Conselho, Avi Gelberg, encerrando a reunião. (M. B.)
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DIRETORIA EXECUTIVA
GESTÃO 2018/2020 Presidente – Daniel Leon Bialski Vice-presidente Administrativo – Mônica Tabacnik Hutzler Vice-presidente Patrimonial – Jacques Steinberg Vice-presidente de Esportes – Deyvid Arazi Vice-presidente de Atividades Sociais e Culturais – Sandro Assayag Vice-presidente de Juventude – Mônica Drabik Baran Secretário Geral – Fernando Rosenthal Tesoureiro Geral – Marcelo Ariel Rosenhek Secretário – Javier Smejoff Sapiro Tesoureiro – Fernando Gelman
INAUGURADO EM DEZEMBRO OS VESTIÁRIOS SOCIAIS (abaixo das quadras de tênis) femininos, masculinos e família.
ENTREVISTA
o homem mais rico do mundo Entre as milhares de personagens que compõem os 65 anos de história da Hebraica, que se comemoram este mês, Leibl Zajac – o senhor que todos os domingos fica junto à entrada e convida os sócios com mais de 13 anos a colocarem os telin – é um dos poucos a respeito de quem nada se falou até hoje. A entrevista a seguir revela que ele tem muito a dizer e que seu apelo surte efeito
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esde 1967, cada domingo corresponde a um relatório que registra condições climáticas, se é uma data diferenciada no calendário e quantos sócios colocaram tefilin pela primeira vez em suas vidas. Planilhas anuais oferecem um panorama do trabalho dos religiosos. Assim, de abril de 2013 a abril de 2014, 4.068 frequentadores colocaram tefilin e de abril de 2016 a abril de 2017, 4.116. Segundo Leibl, o total de mitzvot ligadas à colocação de tefilin neste cinquentenário, desde 1967, seria 250.000, incluindo judeus de três gerações. Brasileiro filho de poloneses, Jacob Leiba Zajac nasceu há 84 anos. Passou a infância no Bom Retiro e depois se mudaram para os Jardins, onde funciona a sinagoga Tzirei Agudat Chabad, do Movimento Chabad, ao qual Leibl e filhos estão ligados. “A sinagoga está registrada em nome de um grupo de ativistas e eu não coleto doações para o movimento”, se apressa em esclarecer o religioso, que geralmente atua em frente ao novo Espaço Bebê sempre acompanhado por um filho ou por jovens da Sinagoga. “Seria ótimo se colocassem um guarda-sol para nos proteger”, filosofou o religioso no dia da entrevista à revista Hebraica. Mas quem passar por lá este mês, verá que suas preces foram ouvidas.
Hebraica – Quem é o senhor e o que inspirou essa atividade dominical? Leibl Zajac – Reaproximar os judeus da religião é uma missão que me foi confiada quando ainda estudava nos Estados Unidos e meu pai, polonês, emigrado antes da Segunda Guerra e radicado em São Paulo, sofreu um infarto. Foi quando o rabi Lubavitch (z’l) me recomendou voltar ao Brasil e iniciar essa cruzada pelo retorno dos judeus que se afastaram do judaísmo. Ele me orientou a trabalhar junto às pequenas comunidades como a de Campinas, por exemplo. Na véspera da Guerra dos Seis Dias, em 1967, o rebe pediu que todos colocassem tefilin e os ativistas da sinagoga se propuseram a incentivar os judeus a fazê-lo. Nós nos dividimos em dois grupos. Os mais idosos foram para o Pletzl, aquele ponto de encontro da comunidade que ficava na esquina das ruas Ribeiro de Lima, da Graça e Correia de Melo. Eu fui para a Hebraica, que nem conhecia. Por coincidência, era o dia da inauguração da entrada da rua Hungria, durante a gestão do presidente Jacob Kaufmann (z’l). Estava muito quente e eu e meus colegas nos postamos junto a umas mesas e começamos o trabalho. Naquele dia chegamos a colocar quinhentos tefilin. Isso foi há 51 anos e lembro como se fosse hoje. Quem assinou a autorização para continuar o trabalho foi o presidente Jacob Kaufmann e o diretor Maile Heillving, que, infelizmente, pouco depois sofreu um infarto e não cheguei a conhecer pessoalmente. Sempre serei grato a ele por ter convencido Kaufmann a assinar a autorização para eu oferecer aos sócios a oportunidade de
O que são tefilin? LEIBL AJUDA OS SÓCIOS A REALIZAREM A MITZVÁ DA COLOCAÇÃO DOS TEFILIN 14
colocar o tefilin. Esperamos os sócios aqui, faça chuva, frio, sol, calor, e nunca desistimos. Depois do episódio dos tefilin, a Hebraica começou a organizar sedarim de Pessach. Foi um processo gradual. No primeiro ano proibiram comer pão durante a festa, depois organizaram os sedarim. Em seguida, foi inaugurada a pequena sinagoga e a tradição de colocar mezuzot nos umbrais pelo clube. Como era uma novidade, naquele tempo cada diretor doava pelo menos uma mezuzá. Creio que até hoje, foram colocadas cerca de quinhentas mezuzot. E o que acontecia nas mudanças de gestão nesse período? Leibl Zajac – A transferência entre diretorias é sempre tranquila. Eu dou uma bênção para o novo presidente e segue tudo normalmente. Não me meto com política e sempre me relacionei bem com todos os presidentes. Quando há uma alteração nos acessos do clube, mudamos de local, como aconteceu depois da inauguração da nova entrada Alceu de Assis. Por muitos anos, nossa mesa ficou junto à entrada da rua Angelina Maffei Vita. Tenho dois filhos e o mais novo me acompanha nesse trabalho. O mais velho vive hoje nos Estados Unidos, ensinando crianças, mas quando morava no Brasil também me acompanhava ao clube.
O rabi Lubavitch (z’l) me recomendou voltar ao Brasil e iniciar essa cruzada pelo retorno dos judeus que se afastaram do judaísmo. Ele me orientou a trabalhar junto às pequenas comunidades como a de Campinas, por exemplo
E como é sua relação com os sócios? Leibl Zajac – Normalmente o judeu começa a colocar o tefilin dois meses antes do bar-mitzvá e deve repetir esse gesto ao longo da vida, mas há pessoas que ou não tiveram estudo ou não foram orientados para isso e estão afastados do judaísmo. Vir aqui na Hebraica não tem
De acordo com a wikipedia, tefilin (em hebraico תפילין, com raiz na palavra tefilá, significando “prece”) é o nome dado a duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal kasher, dentro das quais está contido um pergaminho com os quatro trechos da Torá em que se baseia o uso dos filactérios (Shemá Israel, Vehaiá Im Shamoa, Kadesh Li e Vehayá Ki Yeviachá). Também é conhecido em português como filactério, vindo do termo grego phylaktérion, que significa basicamente “posto avançado”, “fortificação” ou “proteção”, o que explica a utilização destes objetos como proteção ou amuleto. 15
ENTREVISTA
o sentido de pressionar. Eu apenas os convido a colocar o tefilin. Segundo nossa religião, ao colocar o tefilin, coração e mente se ligam a D’us. Eu ofereço. Quem não quer colocar, não precisa. Respeito o livre-arbítrio e diante da recusa, desejo saúde a todos. Nessa trajetória de décadas conheci avôs, pais e netos. Todos me cumprimentam e muitos aceitam o convite para pôr o tefilin. Lembro-me de quando havia aulas de bar-mitzvá na pequena Sinagoga e então vinham avô, pai e filho para colocarem tefilin juntos. Nos primeiros anos, nossa média era cinquenta tefilin por domingo, depois subimos para 45 e hoje, em dias sem chuva, o mínimo é oitenta a 120 tefilin colocados. O senhor acha que aumentou o número de judeus que seguem a religião como o rebe pregava? Leibl Zajac – Nós temos dois extremos. Temos as pessoas que estão retomando sua ligação com a religião e que estão trazendo os pais para esse convívio em um número surpreendente. E temos os que estão se assimilando. A proporção de pessoas se assimilando infelizmente é ainda maior. O senhor considera colocar tefilin mais importante do que, por exemplo, as bênçãos de Sucot ? Leibl Zajac – Qualquer mitzvá que alguém faça o leva a cumprir mais uma e assim por diante e mitzvot feitas por homens e mulheres têm o mesmo valor. E como se sente após um domingo passado na Hebraica? Leibl Zajac – Eu me sinto o homem mais rico do mundo, pois sou o que conseguiu 250.000 judeus colocando o tefilin. Talvez só aqueles que atuam junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, ganham de mim nesse quesito. 16
Chova ou faça sol, Leibl vai à Hebraica para dar conta da sua missão
CAPA
Por Magali Boguchwal
PARABÉNS A VOCÊ, nessa data querida... Desde 1o de janeiro de 1953, a Hebraica evoluiu do sonho de dez pioneiros em criar um clube exclusivo com trezentos sócios para um centro comunitário com dezesste mil sócios de 0 a 100 anos que praticam esportes, se educam, se divertem e até se lançam no mundo dos negócios
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ois documentos chamam a atenção de quem passa perto da escada que leva ao primeiro andar da Sede Social da Hebraica. Um deles é a carta de fundação da Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo com as assinaturas e intenções dos dez idealizadores do clube e o segundo é a ata de colocação da pedra fundamental do edifício hoje chamado Ginásio dos Macabeus, datado de 20 de março de 1955. Eles fazem parte de um memorial instalado junto à entrada da rua Hungria, reunindo fatos e fotos relativos à história do clube até 2009. Há mais três formas de conhecer a história do clube. Uma está registrada no livro 50 Anos de História, elaborado pela Editora Narrativa 1, com pesquisa e redação de Roney Cytrynowicz, publicado por ocasião do Jubileu da He-
Os dois documentos fundamentais para a história da Hebraica despertam a atenção dos sócios
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braica, em 2003. A segunda é mergulhar nos anuários da revista Hebraica, que fazem parte do acervo da hemeroteca do clube. A terceira é frequentar o clube, como faz Noêmia Waidergorn, sócia número três da Hebraica. “Quando passo pela recepção e digo meu número, a recepcionista estranha, pois em geral os sócios têm números acima de 1.000 ou 10.000”, comenta ela. “Tenho muito orgulho de manter o título do meu pai Isaac Gelman (z’l) e lembro bem do convite que ele fez a mim e ao meu noivo, Joinas, para acompanhá-lo à chácara ‘Do Mundo Nada Se Leva’, de Simon Fleiss, local escolhido para os amigos que queriam fundar um novo clube judaico. Meu pais os alertava a respeito dos questionamentos sobre a razão de um novo clube, se já existiam o Macabi e o Círculo Israelita. O que pretendiam era um clube maior, com instalações esportivas em um local mais central. E para os primeiros dez títulos, colocaram os números num chapéu e sortearam. Meu pai ficou com o número três”, recorda. Ela era filha de outro pioneiro, Nicanor Back. “Ele sempre comentava acerca da dificuldade de vendermos os primeiros cinquenta títulos de um máximo de trezentos pretendidos. Imagine chegarmos ao que somos hoje”, compara. Noêmia lembra da inauguração da piscina e das quadras de tênis, que a mãe, Celina e uma amiga estrearam com um jogo amistoso. “Lembro que se tomava chá com doces na Gaiola de Ouro, o mesmo lugar onde se jogava cartas, onde havia um terraço em frente à piscina. O lugar era bem animado.” Embora tivesse um pai entusiasta do novo clube, Noêmia se manteve fiel ao Clube Athlético Paulistano, do qual a família era sócia havia muitos anos. “Eu morava perto e nós todos praticávamos esportes. Minha mãe jogava tênis e eu fazia ginástica. Só escolhi frequentar a Hebraica quando meus filhos entraram na adolescência e decidi que deviam ter uma convivência na comunidade. Praticaram basquete e judô”, conta e em seguida lista os cargos voluntários que exerceu na Hebraica. “Fui diretora da Universidade de Cultura Ídiche. Se pudesse dizer algo ao meu pai, comen-
taria o quão erradas estavam as pessoas que diziam que a Hebraica era dispensável. Olha ela hoje. Aos 84 anos, sou usuária da Biblioteca, do Recreativo e da piscina. Meus netos são sócios e minha bisnetinha de um ano também será.” Para se ter noção da velocidade do crescimento da Hebraica, Carlos Schehtman comprou seu título em 1955 e é número 846. “Ainda tenho um cartão comprovando a aquisição. Não era barato nem fácil de pagar, mas em uma campanha de vendas, acabei aderindo, isso ainda antes de o meu filho Beno nascer”, conta o sócio que integrou, por mais de vinte anos, a Comissão de Sindicância. “Já era conselheiro e entrei para a Comissão antes da primeira gestão de Marcos Arbaitman, em 1982”, recorda. Na mesma época Abraão Goldberg começou sua atividade como diretor voluntário do clube. “Sempre estive ligado à área de patrimônio. Até a gestão de Abramo Douek, eu era sempre chamado em questões administrativas porque sabiam que eu encontraria uma solução. Tenho muito orgulho dos mais de trinta anos de trabalho para o clube e ainda posso ajudar, se necessário”, comenta o ex-diretor.
Aniversários Estes 65 anos da Hebraica coincidem com os setenta anos do Estado de Israel e, neste período, foi no clube que dignitários de Israel – David Ben-Gurion, Shimon Peres, entre outros – se encontraram com a comunidade judaica de São Paulo. Foi à Hebraica também, antes da internet, que a comunidade acorria para saber novidades a respeito do país, principalmente em épocas de crise. Além disso, o clube homenageia das mais diversas formas as principais figuras da história de Israel. Contar o tempo é algo comum no clube. A Escola Maternal e Infantil tem cinquenta anos e começou quase à mesma época em que o professor Hirosi Minakawa iniciou a prática de judô no clube. A Biblioteca tem sessenta anos, a Escola de Esportes mais de quarenta, o Centro Juvenil Hebraikeinu celebrou 27 anos em 2017, o After School completa dez este ano, e assim por diante. São atividades e programas que, entre o que é oferecido ao longo da história do clube
Contar o tempo é algo comum no clube. A Escola Maternal e Infantil tem cinquenta anos e começou quase à mesma época em que o professor Hirosi Minakawa iniciou a prática de judô no clube. A Biblioteca tem sessenta anos, a Escola de Esportes mais de quarenta, o Centro Juvenil Hebraikeinu celebrou 27 anos em 2017
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CAPA
Eis aqui, a palavra do sócio no 1
“N
Vista da famosa gaiola, onde os adultos jogavam cartas e tomavam chá na década de 1960
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(e a Hebraica já teve instalações de boliche, fliperama, pista de patinação, skate, uma boate onde nasceram inúmeros romances), que surgiram a partir das demandas das famílias e da moda de então e que evoluíram sempre com um alto padrão de qualidade. Para a coordenadora do After School, Márcia Sotnik Aisen, é essa qualidade o que atrai os pais de crianças entre 6 e 14 anos que inscrevem seus filhos. “Depois de dez anos, algumas das crianças que frequentaram o After trabalharam conosco como monitoras, o que me deixa muito orgulhosa. Também gosto de ver as crianças participarem das oficinas e atividades artísticas que propomos, além de se interessarem pelos jogos de mesa depois de terminarem as tarefas na sala de estudos. Outro dado interessante é que todos os nossos usuários fazem pelo menos uma atividade no clube e isso se deve também à influência dos amiguinhos. Além disso, fomos pioneiros na parceria com o curso de inglês Alummni, que vai muito bem”, comenta ela. Serviços como o After School, o Centro de Música e o Adventure Travel (derivado do Hebraica Adventure) são ainda raros em outros clubes. Da mesma forma, são inovadores o Merkaz e a Incubadora de Ideias, projeto voltado para o público entre 8 e 15 anos. “Foi com apoio da Incubadora de Ideias que o jovem Reinaldo Vaisen Adorno, de 15
anos, aluno da Escola Alef Peretz, produziu e encenou a peça Cartas de Maiêutica, escrita por ele. “Já acompanhamos o desenvolvimento de aplicativos para carona e outros tipos de serviços, mas a peça foi nossa primeira experiência com empreendedorismo cultural”, comentou Sulima Pogrebinschi,que há um ano implantou a Incubadora no clube. Manoel Epstein, sócio número 1, cujo depoimento publicado em uma edição de 1967 da revista Hebraica está reproduzido separadamente ao lado – e cuja filha Bete concedeu uma entrevista para esta edição da revista – e Isaac Gelman (sócio no. 3) não reconheceriam na Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo, o clube que idealizaram há 65 anos, mas o objetivo que os levou a ela é o mesmo de dezenas de jovens famílias que passeiam pelas alamedas, colorem as piscinas e eventualmente olham para o edifício original, hoje chamado de Ginásio dos Macabeus e talvez imaginem o quanto têm em comum com os primeiros mil sócios que almejavam um lugar onde os filhos pudessem crescer em contato com a comunidade. “Dos clubes que conheço, a Hebraica é a que mais faz alterações na estrutura física e nas programação. Há sempre uma novidade, algo começando. Sim, quero que meus bisnetos Deem continuidade ao que o tataravô começou”, deseja Noêmia, a sócia número 3.
aqueles anos que precederam a criação da Hebraica, a coletividade passava por um estado de letargia, desanimada, sem coragem para criar coisas novas. Antes da guerra estávamos numa situação difícil e bastante complicada. Impossibilitada de criar organismos novos, a coletividade ficou atrasada em relação à vida social de São Paulo. E o Círculo Israelita, que era naquele tempo o clube da elite, não evoluiu justamente por causa disso, nem passou a atender as necessidades na nova geração. “A coletividade, neste meio tempo, melhorara sensivelmente a sua situação econômica, de modo que o que se mais sentia era a falta de um ambiente adequado para a nova geração. Corríamos, inclusive, o risco de perder jovens, que se afastavam do seio da coletividade à procura de novos ambientes onde pudessem satisfazer suas necessidades sócio-esportivas e culturais. “Na mente de muita gente, amadurecia a ideia de se criar uma nova associação para reagrupar o elemento jovem da coletividade. Naquele tempo, faltava aos nossos a coragem de enfrentar os fatos e partir para a ação. “No dia 1o. de janeiro, depois de Réveillon do Círculo, do qual saí bastante desgostoso, reunimo-nos na casa do senhor Rubens Frug – nós, um grupo de amigos – e eu lhes contei que estava bastante chocado, etc. Ali estavam presentes os senhores Isaac Fisher, Rubens Frug, Marcos Frug, Júlio… no momento não posso me lembrar de todos os nomes. Foi naquele dia que decidimos partir, realmente, para a fundação de uma Hebraica. “Entre decidir e realmente fazer a coisa há uma diferença bastante grande. Naquele tempo eu era diretor da Cooperativa de Crédito Popular do Bom Retiro. A ideia, a partir daquele momento, não me saiu mais da cabeça. “A partir daí, foram feitas várias reuniões, a primeira delas, eu mesmo convoquei, foi feita na Cooperativa, com a presença de vários nomes importantes da nossa coletivi-
dade. O único que se manifestou contra a ideia foi Rafael Markmann, então presidente da Federação. Os outros sentiam, realmente, a necessidade de dar ambiente aos filhos, assim eles não estariam dispersos por todos os clubes não judeus, já que não tinham clubes judeus, Isso, para nó, era um problema muito sério, “Na chácara ‘Do Mundo Nada se Leva’, que pertencia ao senhor Simon Fleiss, decidimos reunir e procurar os primeiros sócias. A trinta contos o título patrimonial. “Em outra reunião, procuramos decidir que tipo de associação seria a Hebraica. Havia uns que defendiam a tese de se fazer um clube no centro, para homens de negócios. Outros queriam apenas um clube pequeno. Outros, um clube maior, afastado de São Paulo, etc. “Na reunião que, em seguida, foi feita na minha casa para a constituição da primeira diretoria, procuramos chamar elementos de todos os setores da coletividade. “A ideia, então, começou a empolgar a todos que se congregaram em torno dela. A primeira diretoria tinha por prazo indeterminado, até a inauguração da sede.. O primeiro
Placa com o nome dos dez fundadores da Hebraica
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CAPA passo foi angariar associados. “Foi, então, resolvido fazer uma assembleia de constituição, marcada numa associação sionista que tinha sede na rua Barão de Itapetininga, onde foi feito um estatuto inicial. A assembleia teve um sucesso formidável, reunindo elementos que há muito tempo estavam afastados da vida judaica de São Paulo. “Passamos, então, a procurar terrenos. Inicialmente, quase compramos um terreno na avenida Paulista, da Antártica. Fomos vendo uma série de terrenos até que encontramos este atual terreno, que inicialmente pertencia à Light. Era um local meio afastado, meio brejo, etc. Antes que pudéssemos comprá-los, um grupo adquiriu esses terrenos para negociá-los posteriormente. “Mesmo assim, adquirimos desse grupo os terrenos. Num total de 25.000 metros quadrados. Tendo verificados. Tendo verificado que não dispunha de fundos suficientes para a construção, a diretoria resolveu ficar com onze mil metros e lotear o restante para vender aos associados. Tal medida teve um grande sucesso, havendo uma maior procura do que a oferta. Com o lucro dos lotes, pudemos iniciar as construções. Para a compra dos 28 lores apareceram cem candidatos. “Enquanto estudávamos as plantas, foi nos cedida uma sala no prédio dos Três Leões, onde funcionou provisoriamente a secretaria da Hebraica. “Com o lançamento da pedra fundamental, aumentou a procura dos títulos, inclusive o preço subiu, havendo um afluxo de sócios cada vez maior. A diretoria, percebendo que os onze mil metros seriam poucos para a Hebraica, resolveu recomprar dos sócios os terrenos vendidos. No que os compradores colaboraram, revendendo para a Hebraica os terrenos a preço de custo. Foram refeitos o planejamento, as plantas, para a ocupação das novas áreas. “Então sentimos que a Hebraica não poderia ser um clube fechado, mas que teríamos de abrir nossos portões à coletividade. Imediatamente, sentimos o apoio por parte dos jovens que estava se afastando da coletividade. Outros elementos mais velhos também se aproximavam, dando-nos apoio. Historiando, é mais ou menos isso que temos para contar, é claro que temos alguns acontecimentos interessante: a inauguração, o primeiro Réveillon… Enfim, sentíamos que foi para a época um acontecimento realmente extraordinário, estávamos novamente num local onde se reunia toda a coletividade.” A Hebraica, janeiro 1967, ano VI, no 1 22
O PAI, A FILHA, OS NETOS Manoel Epstein (z’l) foi o sócio número 1 do clube e sua filha, Bete Arbaitman, relembra como era conviver com o pai entre os afazeres profissionais e as primeiras providências desde que a ideia de se fundar um clube judaico em São Paulo passou a ser a coisa mais importante para ele. “A preocupação de meu pai era que os filhos tivessem amigos na comunidade. Por isso ele pensava em um clube grande, com uma parte esportiva e outra social. Para mim, ainda pequena, em casa, ouvia falar muito da Hebraica, desde o primeiro minuto, uma alegria e um prazer. Porém, sentíamos a falta de papai, pois eram muitas reuniões e muito, muito trabalho, que consumiam bastante tempo para tratar da compra do terreno, regularizar a papelada e a Prefeitura, conseguir dinheiro e outras necessidades. “Eu frequentei a Hebraica desde a inauguração. Lembro da abertura da piscina, com todo mundo pulando e o show dos Aqualoucos. Lembro dos bailinhos, das domingueiras... Hoje, vendo a Hebraica, meu pai ficaria absolutamente feliz e orgulhoso. Para mim é uma honra ele ter dado, em vida, o seu título de sócio no. 1 ao Marcos *. Foi um presente maravilhoso. Temos quatro netos, ainda muito pequenos, que acabamos de matricular na Escola Maternal. No próximo mês, quando começarem as aulas, os quatro estarão lá. É a terceira geração da família na Hebraica”. * Marcos Arbaitman, presidente da Hebraica em três gestões
ACONTECE
QUANDO VERÃO RIMA COM Última oportunidade para inscrever crianças e jovens nas colônias de férias do Centro Juvenil Hebraikeinu, Escola de Esportes e Ateliê Hebraica, além do Soccer Camp e da machané Kaitz (“verão”, em hebraico)
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DIVERSÃO P
ais e avós correram para garantir as vagas para filhos e netos na colônia da Escola de Esportes, que vai de 15 a 26 deste mês, e a única que atende crianças a partir dos 2 anos de idade em parceria com o Espaço Bebê. Até os 3 anos, as atividades propostas pelos monitores serão internas; dos 4 aos 8 também participam de passeios externos. Quanto à machané Kaitz (acampamento de verão), mobiliza crianças e jovens dos 7 aos 17 anos e será realizada de 13 a 20 deste mês, no Sítio Ranieri, em São Lourenço da Serra. Para mais informações da colônia de férias e a machané, ligue para o Centro Juvenil Hebraikeinu, fone 3818-8867. Já para a reserva de vagas na colônia de férias da Escola de Esportes, marcada para os dias 8 a 19, e para o Soccer Camp, evento voltado para os fanáticos pelo futebol e feita pelos telefones 3818-8911/12. Integrantes da equipe pedagógica organizam uma programação para cada faixa etária dos 3 aos 14 anos, na qual se destacam gincanas e atividades esportivas com oficinas artísticas e excursões ao Parque da Mônica, Sítio do Carroção e outras atrações infantis. Nos quatro dias passados na sede do Ucchl (Universidade Corporativa Comendadeira Helena Lungren), os participantes do Soccer Camp praticarão todas as modalidades de esportes com bola em um ambiente de saudável competição. (M. B.)
ACONTECE
Novos cursos de Cabalá É cada vez maior o interesse em torno dos ensinamentos da Cabalá. Coach espiritual e professor da matéria, Marcelo Steinberg (foto) vê aumentar o número de pessoas que seguem a tradição mística mantida em segredo por séculos
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studar os ensinamentos da Cabalá (receber, em hebraico) é ter ferramentas para uma vida melhor. O curso de Steinberg este ano será uma continuidade dos níveis dados em 2017. Assim, haverá dois grupos: Cabalá nível 3 e nível 5. Conhecer a Cabalá (Steinberg usa a grafia em inglês Kabbalah) é um grande diferencial, pois os alunos passam a entender conceitos menos lógicos, porém fundamentais, permitindo usar a lógica espiritual a favor da pessoa no mundo físico e “combater o dia-a-dia à altura”, como diz o coach. No nível 3, são oito aulas com os temas: “A Origem dos Medos e como Combatê-los”, “Gratidão. Uma Verdadeira Arma”, “Meditação/Os 72 nomes de Deus”, “Doença x Cura x Saúde”, “Introdução à Reencarnação – Entendendo o Quebra-Cabeça”, “Relacionamentos. Alma Gêmea x Alma Certa”, “Ana Bekoach (Oração Cabalística)” e “Introdução à Árvore da Vida”. No nível 5, a prática levará à transformação da realidade, uma jornada de atenção, perdão e o verdadeiro amor pela vida com as aulas: “Para Tudo, Deve Existir um Propósito”, “A Força do Pensamento”, “A Força das Palavras”, “Restrição Completa x Imparcial como Utilizar”, “Arrepender para Quê?”, “Vinte Atributos do Perdão”, “A Importância da Ação Usando a Consciência Espiritual” e “Amar – o Objetivo Final/Adon Olam”. Os encontros serão sempre às terças-feiras, a partir de 20 de fevereiro. Duas turmas no nível 3, às 10h30 e às 19 horas; o nível 5, às 20h30. Para informações, Steinberg atende pelo telefone 945-146-380. Cursos e seminários para iniciantes estão em preparação ainda para este mês e, no segundo semestre, a previsão é de novos grupos do nível 1. 26
Cinema tem programação de férias Para quem prefere ficar na cidade nas férias, o cinema da Hebraica será uma boa opção para várias faixas etárias. Começa domingo, dia 7, às 14 horas, com Zootopia – Essa Cidade é o Bicho, rodado nos Estúdio de Animação de Walt Disney. Os Smurfs e a Vila Perdida é um filme para toda a família e vai para a tela dia 14, seguido de Meu Malvado Favorito 3, dia 21. Para os adultos, a programação começa quarta-feira, dia 10, com a primeira pré-estreia do ano: Visages, Villages, no qual a veterana cineasta francesa Agnès Varda relata o encontro com o artista plástico e muralista JR. Nos horários já tradicionais: 14h30 e 20h30. Sábado, dia 13, às 20h30, e domingo, 14, às 19 horas, será a vez de conhecer Logan Lucky – Roubo em Família, do diretor Steven Soderbergh. Mais uma pré-estreia, o filme suíço Mulheres Divinas será visto dia 17, quarta-feira, às 14h30 e 20h30. O filme é candidato ao Oscar como filme estrangeiro. Mostra como Nora, a protagonista, inicia a campanha pelo direito do voto feminino. Uma Razão para Viver, baseado em fatos reais, merece ser visto. Na tela dia 20, às 20h30, e dia 21, às 19 horas. Na quarta-feira seguinte, dia 24, será a vez de assistir Lucky, filme que virou homenagem ao ator e protagonista Harry Dean Stanton. Para terminar este primeiro mês com sucesso, dia 31 haverá mais uma pré estreia, o filme Eu, Tonya, cinebiografia da ex-patinadora no gelo Tonya Harding.
Consulado hindu traz a arte de Deboo
Premiados no 12o Concurso Literário Ben-Gurion Tradicional no calendário cultural do clube, o Concurso Literário Ben-Gurion premiou os talentosos sócios cujo hobby é escrever: contos, crônicas, poesias e até depoimentos Em dezembro, a cerimônia final do Concurso premiou as várias categorias: Adulto, poesia: “Fim?”, de Deborah J. Lamensdorf (primeiro lugar), “Sempre”, de José Vítor. C. Facciolla (segundo). Adulto, conto: “O Prazer é Todo Seu”, de Júlia McGill (primeiro lugar), “A Pena da Coruja”, de Débora Hemsi Cuperschmidt (segundo lugar), “A Decisão é Sua”, de José Vítor C. Facciolla (terceiro lugar). Arnaldo Ryngelblun, Sandra Schamas e Vivian Schlesinger formaram a comissão julgadora, que leu todos os trabalhos enviados.
“Um estilo contemporâneo em vocabulário e tradicional em limites, desenvolvido do enérgico entretenimento ao introspectivo minimalista, da narrativa ao abstrato”, assim Astad Deboo descreve sua presença na dança
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stad Deboo foi o pioneiro de um estilo inovador na década de 1970, com base em kathak, forma clássica do norte da Índia. Hoje, a dança contemporânea hindu tem a nota singular dada pelo famoso bailarino, que estará no Teatro Anne Frank dia 11, às 20 horas, convidado pelo Consulado da Índia em São Paulo. Em 2002, foi criada a Astad Deboo Dance Foundation, para dar treino criativo a artistas, incluindo os desabilitados. O bailarino é conhecido pelo seu trabalho com portadores de deficiência auditiva, aos quais desafia a chegarem ao seu estilo minimalista e meditativo único, os reconhece como artistas, constrói sua autoconfiança e espírito de grupo por meio de treinos rigorosos. Há muitos anos, ele é o coreógrafo, artista residente e curador na Gallaudet University’s Model Secondary School for the Deaf, onde os alunos surdos abriram o 25o Deaf Olympics Cultural Festival. Em sua carreira, após passar pela experiência de ser aprendiz de Pina Bausch, um dos principais nomes da dança, Deboo teve grandes momentos, como coreografar a primeira bailarina Maia Plissetskaia na estreia no Espace Cardin, a pedido do costureiro Pierre Cardin. Deboo coreografou vários filmes e dirigiu apresentações para as famílias reais da Tailândia, Japão e Suécia, e vários festivais internacionais. No Brasil, Deboo esteve várias vezes e, em 1976, dançou no Festival Internacional de Teatro de São Paulo e festivais em Ouro Preto, Belo Horizonte, Salvador, Petrópolis, Recife e Curitiba.
NOVIDADES PARA OS FÃS DO CINEMA
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tendendo a pedidos, a saída do ônibus para Higienópolis será às 17 horas, isto é, quinze minutos depois do usual para que as pessoas assistam ao filme sem medo de perder a condução. Outra novidade é a programação, com a inclusão, a partir do próximo mês, de filmes israelenses e filmes diferenciados de acordo com as faixas etárias de crianças e jovens. Sorteios a cada sessão, debates e pipocas continuam na programação para alegria dos espectadores. (T. P. T.) 27
REGISTRO
Sessenta horas dedicadas à dança passaram voando, ou melhor, bailando. Do Kabalat Shabat, na Esplanada, reunindo judeus israelenses, mexicanos, uruguaios e argentinos e brasileiros ao show final do Festival Carmel Belibi, no Centro Cívico, domingo à noite, a integração se traduziu em risadas, mãos dadas e muita gente com os olhos marejados de emoção
FLÁVIO MELLO DOS SANTOS / CAMILA TERSSEROTE / FERNANDO MATHEUS
EM TRÊS IDIOMAS
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Hebraica viveu cinco dias de muito movimento durante o 37o Festival Carmel Belibi com a presença de três lehakot de Israel, quatro do México, três do Uruguai e uma da Argentina, além dos grupos das comunidades judaicas de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba hospedados na Hebraica e participando dos shows, harkadot e workshops em diversos locais do clube. O evento atraiu muitos sócios que prestigiaram o shuk (feira) com artigos diversos e aplaudiu as coreografias nos palcos do Centro Cívico, Teatro Arthur Rubinstein e Praça Jerusalém. “Conhecíamos um pouco a respeito do Festival e nossa primeira boa impressão foi no incrível Kabalat Shabat. Desde aquele momento, nossos 46 bailarinos estão cheios energia e muito motivados”, comentou o coreógrafo Federico Borenstein, do Centro Desportivo do México. “Trouxemos quatro grupos que ensaiaram como se fossem um só para vir ao Brasil, então tivemos pouco tempo para ensinar as danças para todos, mas depois do primeiro show, depois do jantar de Shabat, vimos que o esforço valeu muito a pena e que deveríamos valorizar cada hora do Festival, e foi o que fizemos”, completou. Já Dalia Girsbergies, da lehakat Atid, do Instituto Yavne do Uruguai, estreou internacionalmente como coreógrafa neste 37o Carmel. “Já participei como dançarina e trazer minhas alunas para o Carmel foi um sonho realizado. As garotas estavam logicamente ansiosas pela apresentações, como no show ‘Jerusalém’, em que reafirmamos nosso compromisso como judias em relação a Israel”, avaliou a jovem coreógrafa. (M. B.) Grande público no show dos movimentos juvenis, realizado na Praça Jerusalém, sob sol escaldante da tarde
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3 1. Workshop com o professor israelense Saji Azran; 2. Emoção no Kabalat Shabat na Esplanada com grupos de Israel, Argentina, Uruguai e Brasil 3. Grupos Eretz e Zehut juntos no palco, durante o show de abertura do Festival Carmel; 4. Coreografia reuniu os pais José Ricardo Langer e Jacques Benadiba com as filhas Alice e Manu; 5. Grupo Misgav de Israel dançou com Ofakim e Mekorot no show “Libeinu”
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REGISTRO
FLÁVIO MELLO DOS SANTOS / CAMILA TERSSEROTE / FERNANDO MATHEUS
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3 1. Alunas da Escola Alef Peretz no palco do Teatro Arthur Rubinstein 2. Lehaká da Argentina agradou o público no Centro Cívico 3 e 4. Grupos israelenses de Natanya e Holon estrearam no show “Ierushalaim” 5. Workshop de jazz na Praça Carmel
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1. Pais e Filhos que dançam na Hebraica no show “Simchá”, na manhã de domingo; 2. Denise e Avi Gelberg (D), Gaby Milevsky, Elisa Nigri Grinere Nathália Benadiba no final do 37o Festival Carmel; 3. Coreografia da Escola Alef Peretz encantou o público no Centro Cívico; 4. Déborah Hemsi Cuperschmidt e Leandro Spett lançaram o livro infantil Menino com a Estrela durante o 37o Festival Carmel; 5. Grupo Sempre Carmel remontou uma coreografia de 2005 6. Lehakat Carmel apresentou a coreografia “Esh” (“fogo”) no show “Belibi”, encerrando o evento
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COLUNA UM
Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br
História judaica no Carnaval
Vozes vivas do Holocausto O Teatro Anne Frank lotou no lançamento de “Vozes do Holocausto Volume 1”, que conta histórias de vida de refugiados do nazifascismo e de sobreviventes da Shoá, muitos dos quais compareceram com filhos, netos e bisnetos. A coletânea foi organizada pelas historiadoras Maria Luíza Tucci Carneiro e Rachel Mizrahi, compilando entrevistas realizadas por voluntários e bolsistas, que registraram as memórias das pessoas que viveram este drama humanitário. Daniel Bialski, em nome da Hebraica, Bruno Laskowsky e Luiz Kignel, pela Fisesp, foram unânimes em seus pronunciamentos a respeito da importância do trabalho. Uma das sobreviventes, 92 anos, realizou um sonho de dezenas de anos ao executar peças de Chopin ao piano, aplaudida pelo público. Dias após o evento, uma mensagem pela internet, assinada por Maria Luíza Tucci Carneiro alertava para que não se interrompa essa missão de lembrar as atrocidades do nazismo. “Encerraremos as nossas atividades neste mês de dezembro por falta de verbas para dar continuidade ao projeto ‘Vozes do Holocausto’. Apesar do Holocausto e a trajetória de vida dos sobreviventes radicados no Brasil ser essencial à memória do mundo, para que novos genocídios não se repitam, parece que não conseguimos nos fazer ouvir. Até o mês de outubro o projeto ‘Vozes’ era mantido por um grupo de empresários interessados na preservação da memória do Holocausto, sendo as doações captadas pela Fisesp e B’nai B’rith, que integram o programa ‘Adote um Bolsista’. Até o final de dezembro, essas instituições comprometeram-se em manter a equipe e suas bolsas. Em seguida, estamos…. parando! Quer ajudar?” 32
Caminhos Cruzados – a Vitoriosa Saga dos Judeus do Recife – da Espanha à Fundação de Nova York, de Paulo Carneiro, foi lançado pela Editora Hai-Kai. O livro inspira o enredo da escola de samba Portela no carnaval carioca deste ano (“De Repente de Lá pra Cá, Dirrepente de Cá para Lá”). Descendente remoto de judeus portugueses, o autor resgata a trajetória deles desde a Espanha até Nova York. Hoje, essa comunidade é a segunda maior do mundo, depois de Israel. Seus membros criaram a Bolsa de Wall Street, a Universidade Colúmbia e o Hospital Monte Sinai. Descendente da Diáspora espanhola, a poetisa Emma Lazarus escreveu o soneto “O Novo Colosso”, grafado no pedestal da Estátua da Liberdade.
Seleção para bolsas no Weizmann Está aberto até 15 de fevereiro o processo seletivo para bolsas de pós-doutorado para brasileiros no Instituto Weizmann de Ciências, em Israel. Bioquímica, biologia, química, matemática, ciência da computação e física são as áreas da vez e os interessados devem ter cidadania brasileira ou estrangeiro residente no país, e apresentar tese de doutorado aprovada ou submetida à aprovação. Estudantes em final de doutorado também podem se candidatar ao programa, que tem bolsa integral, financiada pelo fundo The Morá Miriam Rozen Gerber Fellowship. Informações, http:// amigosdoweizmann.org.br/stage/ bolsas-para-cientistas-brasileiros/
Fisesp tem novo presidente
O
advogado Luiz Kignel é o novo presidente da Fisesp, com mandato até final de 2019. Gabriel Zitune é o vice, Gilson Finkelstein, o tesoureiro e Rafael Nasser, secretário geral. Sua meta é continuar os projetos da gestão anterior, priorizando educação, com incentivo ao Fundo de Bolsas; política, em parceria com a Conib e segurança comunitária, que passa a ter um diretor específico.
JOVENS JUDEUS RECEBIDOS NO CENTRO BRASIL-TURQUIA
Às vésperas do casamento, Rafael Kann convidou a família para o ofrifn (chamada à Torá), na Sinagoga da Hebraica. Fundadora do Badebec e Bibi, agora à frente do Lia Restaurante, Lia Tulmann terminou o ano envolvida com suas ceias especiais. Gabriel chegou na Suiça. Primogênito de Nicole e Dani, para alegria dos avós Arlete e Abramino Schinazi, Ana e Jorge Barmaimon. E dos bisavós Fifi e Beny Schinazi. Na UMA, Raquel Davidowicz mostrou as peças vintage reestilizadas de Geová Rodrigues, radicado em Nova York.
Integrantes do Novas Gerações do Congresso Judaico Latino-Americano, em parceria com a Conib, foram recebidos no Centro Brasil-Turquia. Além do jantar, os jovens participaram de uma atividade em que foi ensinada uma técnica milenar de pintura, que transforma tintas naturais em desenhos. Depois, receberam um desses desenhos com as bandeiras turca e de Israel, representando a união das comunidades.
VOLU UNT TÁRIOS LE EVAM ALEG GRIA A A IN NTERNA ADOS Pacientes dos hospitais Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de C. Marques de Carvalho, do Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch – M’Boi Mirim e beneficiários do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis (Pecp) comemoraram as festas de fim de ano. Equipes do Departamento de Voluntários do Hospital Albert Einstein entregaram cestas de alimentos, presentes e brinquedos. A atuação voluntária mobiliza mais de quinhentas pessoas em apoio a pacientes e acompanhantes por meio de atividades lúdicas e de lazer e campanhas para arrecadar e distribuir as doações.
Após 22 anos como curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb recebeu a estatueta na premiação de 2017. Na categoria comunicação, como diretor da Educ, editora da PUC/SP. Pela edição da obra Todos os Monstros da Terra: Bestiários do Cinema e da Literatura, de Adriano Messias. Ayrton Gontow comemorou os cinco anos do aplicativo e site de relacionamento Coroa Metade (www. coroametade.com.br). Cumprindo seu papel de atender ao público a partir de 40 anos de idade. Mais um livro de Alexandru Salomon nas livrarias. A Maratona da Vida foi lançado no Espaço Iate, com apoio da Letraviva. “Parceria Público Privada” foi o tema desenvolvido por Eduardo Isaías Gurevich durante o seminário “As Relações Brasil-Itália”, promovido pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura. 33
(FOTO ROBERTO SETTON)
COLUNA UM
Luiz Cuschnir está no Canal Relacionando, dedicado ao relacionamento homem/mulher e do ser homem e ser mulher na atualidade. “O Jeito de Falar”, na relação humana é o tema mais recente. A conferir no link www.youtube.com/channel/ UCIG28J10QyahdQTamnDgFNA Para servir o bife ancho no seu NB Steak, o gaúcho Ari Coser, mandou fazer uma churrasqueira especial, de ferro e material refratário, que pesa oitocentos quilos.
“DILEMAS ÉTICOS” PROSSEGUE O filósofo Leandro Karnal e o jornalista Lourival Sant’Anna foram os convidados do último “Dilemas Éticos” de 2017, projeto da CIP e Livraria Cultura. O rabino Michel Schlesinger, mediou o debate acerca da corrupção na política. O Facebook transmitiu ao vivo este encontro que alcançou cerca de vinte mil pessoas, no Brasil e no exterior. “Nem tudo é corrupção, e outras coisas que não são consideradas corrupção devem ser pensadas sempre como me relaciono com a regra, com a lei, com a norma, e como consigo não incluir meu eu no julgamento moral....’’, disse Karnal. Sant’anna discorrreu a respeito de sua experiência e visão dos acontecimentos, assim como a repercussão atual.
Campanha “Chanuká do seu Jeito” Em 2017, a Federação Israelita do Estado de São Paulo reuniu oito grupos de jovens da comunidade para participarem de um “amigo secreto do bem”. Em vez de trocarem presentes entre si, sortearam oito entidades beneficentes para receberem um presente de Chanuká, criando o “Amigo Secreto do Bem”. Cada grupo visitou a entidade sorteada, entregou seu presente ou realizou uma ação específica como doar material escolar e distribuir marmitas fornecidas pela entidade a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A cada dia da semana de Chanuká, foi postado um vídeo das experiências nas redes sociais simulando o acendimento de uma vela. O grupo Jovens sem Fronteiras, por exemplo, deu plantas e cartões às crianças de Paraisópolis e do Grajaú. “Estamos dando continuidade à campanha #5778doseujeito, com os jovens celebrando as festas judaicas através de iniciativas propostas por eles. A adesão e o entusiasmo foi contagiante”, destacou o diretor de comunicação da Fisesp, David Diesendruck. 34
No Sesc/24 de Maio, Milton Hatoum autografou A Noite da Espera, primeiro volume de sua nova trilogia, edição da Cia. das Letras. Com trechos do livro lidos pela atriz Tuna Dwek. Na FEA/USP, Célia Parnes, então presidente da Unibes, e o diretor executivo da Unibes Cultural Bruno Assami palestraram no seminário “Transformando Pessoas e Transformando a Cidade: Trajetória Inovadora da Unibes”. Guilherme Ary Plonsky e Graziella Maria Comini foram os responsáveis pela realização do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP. A princesinha Helena veio para alegrar os papais Liv e Jonas, os avós Lana (Goldstein) e Elia Ascer, Ana (Copat) e Mauricio Mindrisz. Mais a feliz bisavó Rivka (Beki) Goldstein. Além dos pés, quem vai a Clínica Pé & Cia. tem gostado de uma novidade: extensão de cílios, tratamento feito fio a fio, criando um olhar atraente. Sidney Klajner, Cláudio Lottenberg e Mayana Zatz participaram de painéis durante o “Fórum Jovem Pan Mitos & Fatos na Saúde”. Encerrado por David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo.
Preparativos para os setenta anos de Israel Este ano, o Estado de Israel comemora setenta anos de independência. Para lembrar a data com merecida pompa foi formado o Comitê de Comemorações dos 70 Anos de Israel. Duas reuniões foram realizadas na sede da Fisesp, para definir eventos e responsáveis pelas várias frentes de trabalho. Dos encontros participaram consultores da Mckinsey & Co., coordenando os representantes das escolas, clubes, sinagogas, etc.
B’NAI B’RITH RECEBE PAULO SALDIVA Conhecido pelos comentários na Rádio Estadão e no “Jornal da Cultura”, Paulo Saldiva tratou de “Qualidade do Ar, Qualidade de Vida. Quais os Caminhos para a Melhora?”, na sede da B’nai B’rith. Saldiva é diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP, membro do Comitê Científico da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard e do Comitê de Qualidade do Ar na Organização Mundial de Saúde.
Museu homenageia apoiadores
O espaço do andar térreo do Museu Judaico de São Paulo recebeu apoiadores e patrocinadores para um concerto em meio às obras. O presidente do Museu, Sérgio Simon, foi o anfitrião do encontro com os Solistas Interarte (Pablo de León no violino, Horácio Schaefer na viola e Roberto Ring no violoncelo), mais o pianista Cristian Budu, que interpretaram Dvorak, Brahms e uma composição criada no campo de concentração de Terezín por Hans Krása. Aliando a performance dos músicos e a acústica do local, os convidados tiveram a primeira impressão do que será o Museu quando aberto.
Amiga do Chaverim, Alexandra Rascovski preparou o evento “Meditação é Saúde”, desmistificando a meditação, na Clínica Rascovski, com renda revertida para o grupo que atende pessoas especiais. Professor Emérito da FEA/USP, Jaques Marcovitch falou de “O Brasil no Futuro do Mundo”, em evento preparado pela Ohel Yaacov. Ari Fried (Capital Triventures), Victor Novack (Centro de Pesquisa Clínica do Soroka University Medical Center de Israel) e Erick Cavalcante (Vox Capital) em evento duplo: I Encontro Internacional de Empreendedorismo e Inovação em Saúde e 7o Circuito Einstein de Start-ups. Jornalistas Celso Ming, Cleide Silva e José Paulo Kupfer, do jornal O Estado de S. Paulo, estão na lista dos dez profissionais mais admirados na imprensa de economia, negócios e finanças. Ricardo Grinbaum figura entre os Top 50. Premiados no +Admirados da Imprensa, realização de Jornalistas & Cia. e Maxpress. Denise e o filho Daniel Gelberg atendem um monte de gente no Espaço D Gastronomia. A empresa existe desde 2006 fazendo bolos, tortas, doces e muito mais. Agora, as delícias fazem parte do cardápio do almoço no endereço da nova casa na rua Leopoldo Couto de Magalhães. Após o sucesso no recéminaugurado Instituto Moreira Salles, a videoinstalação The Clock, de Christina Marclay, foi para Tel Aviv e segue, depois, para o Tate Modern, em Londres. 35
COLUNA UM
Reconhecimento a quem merece
Noite de arte e benemerência
Radicada há anos em Alicante Benidorm, Espanha, e hoje presidente da comunidade judaica local, Helena Lobel foi homenageada pela Organização Sionista Mundial por sua dedicação na preservação da herança judaica. Eli Cohen, diretor geral da OSM, entregou a honraria, ao lado do marido de Helena, Leslie Winestone.
Maior pianista brasileiro da atualidade, Nelson Freire atendeu o pedido de Anna Schwartzmann e dedicou um concerto às obras do Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (Ciam). O público lotou o Theatro Municipal, e Freire voltou mais três vezes ao piano.
BRA ASIL L E IS SRAEL L: TER RRA AS DE IM MIGR RANTES
A 28a. Edição do Concurso Wizo de Pintura e Desenho teve como tema “Brasil-Israel: Terras de Imigrantes”. Mais de oitocentos trabalhos de alunos da rede pública estadual de São Paulo chegaram à sede da Organização e passaram pelos Júris Oficial e Aberto. A cerimônia de entrega dos prêmios foi na Assembleia Legislativa com a presença do secretário de Educação José Renato Nalini, cônsul de Israel Dori Goren, presidentes de Honra da Wizo Brasil e de São Paulo, Ana Marlene Starec e Sulamita Tabacof, o então presidente da Fisesp Bruno Laskowsky, a presidente da Wizo São Paulo Nava Politi, do vereador Gilberto Natalini e Teruco Araki Kamitsuji, presidente do Conscre. Na plateia, alunos premiados muitos de cidades de mais de seiscentos quilômetros da capital, familiares, colegas, professores, e o prefeito de Flórida Paulista, Wilson Fróio Jr.
AGENDA 29 de março a 8 de abril – Pessach com Berô, no Sofitel Jequitimar, Guarujá. Tudo incluído. Reservas, 950-230-544 17 de abril a 6 de maio – Viagem a Polônia (opcional) e Israel com Na’amat Pioneiras. Conhecendo a Varsóvia e Cracóvia judaicas, incluindo os campos de Auschwitz e Birkenau. Em Israel, roteiro de norte ao sul. Informações, fones 3667-5247 (Na’amat), 3061-1708 (Betina) ou 996-869-891 (whatsApp de Helena) 36
Publicado originalmente em 1990, a Cia. das Letras relançou Do Éden ao Divã – Humor Judaico, de Moacyr Scliar (z’l), Patrícia Finzi e Eliahu Toker (z’l), na Livraria Cultura Bourbon Country. Abrão Slavutzky, Leniza Kautz Menda e Cintia Moscovitch participaram de mesaredonda mediada por Cláudia Laitano. Jairo Trombka e Alexandre Shapiro encenaram histórias da antologia.
ESPORTES A equipe sub-13 de polo aquático terminou 2017 como vice-campeã paulista, título conquistado em casa. Já os nadadores das categorias infantil, júnior e sênior ficaram entre os dez melhores do país nos campeonatos brasileiro e paulista de verão
Bons resultados na
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s eventos de polo aquático são sempre ruidosos. Quando a Federação Aquática Paulista realiza um torneio no clube, as arquibancadas lotam e muitos sócios, mesmo que não tenham tanto interesse pela modalidade, assistem aos jogos da Esplanada. Foi assim durante o Campeonato Paulista de Polo Aquático Sub-13, cujos favoritos eram dois times de Bauru, a Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (Abda) e Associação Desportiva da Polícia Militar (Adpm). A Hebraica foi sede das finais e a equipe da Hebraica venceu os garotos da Adpm e dificultaram a vitória da Abda pelo placar apertado de 7 x 5, terminando o torneio como terceiro entre os times com defesa menos vazada. Passado a rivalidade na água, os garotos se integraram durante pizzada repetida no encerramento das atividades do ano da modalidade. “Agora é trabalhar para a viagem à Espanha e à Croácia em janeiro. Os garotos se esforçaram para arrecadar fundos. Venderam bolos, camisetas e rifas. Vão adorar
Só para sócios
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ÁGUA
nona edição da Liga Interna de Futebol Society movimentou as arquibancadas em frente às quadras externas nas manhãs e tarde do mês passado. Com quatorze equipes inscritas, a Liga começou em outubro e se estendeu até o segundo domingo de dezembro, quando jogaram F.C. Calabresi contra Brothers numa final disputada ponto a ponto e que terminou empatado em 2 x 2. Os jogadores do Calabresi venceram nos pênaltis por 3 x 1. “Quase todos os atletas cursaram a Escola de Esportes, integraram o competitivo na Hebraica e formaram um time para disputar a Liga”, comemorou Alê Chinelato, por muitos anos professor de futebol na Escola de Esportes e hoje coordenador da modalidade. No time vencedor, estavam Alan Singer, André Goldberg, Felipe A. Nudelman Tabacnik, Gabriel Ezra, Gabriel Gil, Gabriel Raca, Marcelo Arazi, Marcelo Rubin, Rafael Derdyk, Rafael Markovits, Ricardo G. Bulka, Rodrigo Benclowidz, Rodrigo Wertheim, Tom Kuzniec, Vitor Coifman e Gabriel P. Wertheim.
a experiência”, comenta o coordenador da modalidade, Adriano Santos.
Natação O Campeonato Brasileiro Junior e Sênior disputado mês passado no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, encerrou a agenda das equipes de natação em 2017. Cinco nadadores, três da categoria júnior e uma na sênior representaram o clube e obtiveram bons resultados no placar geral. Na categoria júnior, a Hebraica ficou em décimo segundo lugar entre 72 entidades participantes, e em 25� entre 52 na sênior. Os cinco atletas melhoraram seus tempos nas provas e se colocaram entre os dez primeiros, para alegria do coordenador e técnico Murilo Santos. Para seis atletas do infantil, o último compromisso competitivo do ano foi o Campeonato Paulista Infantil de Natação, em Santos. A equipe melhorou os tempos de prova e trouxe duas medalhas de bronze, nos 100 e 200 metros peito, conquistadas por Bia Araújo. Mérito do técnico Guilherme Giorgi e equipe. (M. B.)
Campeões invictos
Sub-13 é vice-campeão paulista de polo aquático
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equipe sub-13 de futsal venceu o Campeonato Paulista Interclubes, em campanha de vinte jogos, com dezessete vitórias e três empates. “Foi uma final emocionante contra o Clube Esportivo da Penha e, além da taça, o melhor jogador da categoria foi para Rafael H. Goldman, também da Hebraica”, comentou o coordenador de futsal, Celso Passos. Segundo ele, esse time atua em quadras desde o sub-9 e já disputou seis finais seguidas, muitas com vitória. “Também estou contente em ver que os garotos do sub-9, que estrearam no torneio terminaram o campeonato em terceiro lugar na série ouro. É um resultado muito promissor”, destaca o coordenador. Na categoria sub-15, o time da Hebraica venceu a série prata, correspondendo ao quinto lugar geral e o sub-11 foi vice na série prata, ou seja, ficou em sexto lugar entre os dezessete times participantes do campeonato. (M. B.) 39
MAGAZINE
Por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
MORRISSEY,
ex-líder do The Smiths, declara amor a Israel em novo álbum Ícone pop dos anos 80, Morrissey não para de surpreender. O que o teria levado a fazer declarações de amor a Israel?
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Capa do álbum de Morrissey
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ós, judeus, estamos acostumados a lidar com quem nos odeia. Mas somos pegos de surpresa ao nos depararmos com aqueles que nos admiram e reconhecem nossa incrível contribuição à cultura humana. Este é o caso do cantor pop inglês Morrissey, ex-líder do The Smiths, que acaba de nos homenagear em seu mais recente álbum, Low in High School. Morrissey, 59 anos, um dos mais importantes nomes na história da música pop, incluiu no novo álbum a faixa “Israel”, de seis minutos, e que fecha o álbum. Ali, ele declara admiração pela nação judaica (“você encontrou um jeito de viver bem”), dá uma explicação para o antissemitismo (“eles têm inveja de você”) e uma dica do que o país deve fazer (“ame a si mesmo”). Nos anos 1980, enquanto Morrissey liderou a banda The Smiths,
não fez nenhum show em Israel. Mas na fase solo, já se apresentou algumas vezes por aqui. Em 2012, recebeu a chave de Tel Aviv das mãos do prefeito, quando emocionou a plateia ao se enrolar na bandeira azul e branca. No verão passado, apresentou-se no teatro romano de Cesareia. O cantor declarou que em nenhum outro lugar do mundo recebeu uma homenagem tão honrosa como em Tel Aviv – nem em sua cidade, Manchester, na Inglaterra. “Eu amo Tel Aviv”, declarou Morrissey. “O resto do mundo não gosta muito de Israel, mas as pessoas ali são muito generosas e amigáveis. Não se deve julgar um povo a partir de seu governo. É muito raro que um governo reflita a vontade do povo.” No novo álbum, “Israel” não é a única música ligada ao povo judeu. Ele também gravou The Girl from Tel Aviv Who Wouldn’t Kneel (“A Garota de Tel Aviv que não se Ajoelhou”). A garota mencionada é Etty Hillesum, judia holandesa da época do nazismo, assassinada em Auschwitz aos 29 anos de idade. Etty ficou famosa pelo diário que escreveu no qual conta sua trajetória espiritual de encontro com Deus mesmo em meio à perseguição. Ali, ela confessa que “não poderia se ajoelhar”, daí o título no álbum. Nesta can-
A MÚSICA
Á esquerda, Morrissey em show em Israel
Trechos da canção “Israel”, do novo álbum de Morrissey: Você encontrou um jeito de viver bem, somos todos feitos de ossos, carne e capas de proteção Israel Israel Em outros cantos, eles reclamam e choramingam, apenas porque você não é como eles Israel Israel O céu é escuro para muitos, eles querem que seja para você também Israel Israel E eles que reinam, abusam de você, eles têm também inveja de você. Ame a si mesmo, como deveria Israel Israel 41
MAGAZINE ção, Morrissey elogia a escritora como alguém que “não se ajoelhou para marido, ditador, tirano ou rei”. Mas parece criticar a reverência da escritora a Deus, cantando que “não os salvou, no final das contas”. Morrissey, apontado numa pesquisa da BBC como o segundo maior ícone cultural da Inglaterra (só perdeu para o apresentador de documentários David Attenborough), sabe que mexe num vespeiro ao elogiar Israel em público. Bate de frente com o compatriota Roger Waters, do antigo Pink Floyd, a mais famosa voz no boicote cultural contra o Estado judeu. Mas Morrissey, pelo menos em seu carinho por Israel, tem ao lado o também cantor Boy George, assim como ele cria do rock britânico dos anos 1980. Pressionado pelo movimento de boicote contra o Estado judeu, Boy George recusou qualquer comparação do Estado judeu com o regime do apartheid. “É uma equação completamente diferente. Israel está no meu coração”, tuitou em novembro passado. Outro roqueiro que demonstrou seu amor a Israel foi o australiano Nick Cave, durante uma apresentação em Tel Aviv no final do ano passado. Ele declarou que o movimento de boicote não só não o impediu de se apresentar no país, como o estimulou a fazer o contrário. “Amo Israel e seu povo. Foi questão de princípio me posicionar contra quem quer silenciar músicos. Posso dizer que, de certo modo, os que querem boicotar Israel me fizeram no final das contas me apresentar aqui.” Demonstrar amor por Israel é mais uma das vezes em que Morrissey nada contra a corrente do senso comum. É defensor radical do vegetarianismo e crítico feroz da família real inglesa. Apoiou a saída da Inglaterra da União Europeia e diz que já foi questionado pelo FBI a respeito de suas posições políticas. No final do ano passado, ele defendeu publicamente o ator Kevin Spacey das denúncias de assédio sexual, alegando que a prática é muito comum no meio artístico. O cantor é filho de uma família irlandesa católica, da classe operária. Antes do seu nascimento, os pais decidiram viver na Inglaterra, onde ele diz ter sofrido preconceito quando criança por ser imigrante. Talvez esta seja uma das chaves para entender a identificação com o povo judeu. Morrissey é um dos grandes representantes da cultura pop dos anos 1980. A banda The Smiths durou apenas cinco anos, mas marcou época com hits como Heaven Knows I’m Miserable Now e The Boy with the Thorn in His Side. Desde lá, Morrissey partiu para uma carreira solo tão marcante que a revista Rolling Stone o considerou entre os “cem maiores cantores da história da pop music”. 42
Ringo Starr é uma das próximas atrações roqueiras em Israel
MAIS ROCK EM ISRAEL Por falar em rock’n roll, está esquentando a lista de shows para o próximo verão na Terra Santa. O ex-baterista dos Beatles, Ringo Starr, fará uma apresentação única em Tel Aviv, em data ainda a confirmar, em maio ou junho. O músico de 77 anos lançou dezenove álbuns com a própria banda, desde a separação do mitológico quarteto. Também Ozzy Osbourne tocará aqui, em 8 de julho, em Rishon Le-Tzion. A última visita do bruxo do rock em Israel foi em 2010. Aos 70 anos, ele anunciou que esta será seu tour de despedida. O ingresso sairá pelo equivalente a R$ 300,00. Já para quem gosta de um rock mais meloso, a banda norueguesa A-Ha tem show marcado em Tel Aviv para 21 de junho. A banda, formada nos anos 1980, vendeu mais de cem milhões de álbuns. Ingressos a R$ 400,00.
12 NOTÍCIAS
Ariel Finguerman ariel_finguerman@yahoo.com
TRÊS VEZES IRÃ – Cinco dos treze integrantes do Mossad que receberam a maior condecoração da organização são mulheres. A premiação foi na Casa do Presidente, numa cerimônia anual tradicional da organização secreta sempre em Chanuká. As agentes condecoradas trabalham na área tecnológica e também em campo, em países inimigos. Durante a cerimônia, o premiê Bibi Netaniahu esclareceu o foco atual do Mossad: Irã, Irã e Irã. “A principal tarefa da organização é impedir que os iranianos tenham armas nucleares, a segunda é evitar que se estabeleçam na Síria e a terceira é acabar com a chance de fabricarem mísseis no Líbano.”
GERAÇÃO MILLENNIAL – Foi-se a época em que sonhávamos com um bom emprego em que trabalharíamos a vida toda. Segundo nova pesquisa, a moçada israelense quer mesmo trocar de emprego rapidamente. Entrevistas com 692 pessoas, apontaram que mais da metade dos empregados do país trocam de trabalho a cada três anos. O principal motivo é a oferta de salário melhor. “O israelense entende que o emprego não é a família. Há um distanciamento do modelo tradicional de ligação sentimental com o local de trabalho em direção a algo mais materialista”, disse um dos pesquisadores.
PRÊMIO DUVIDOSO – Tel Aviv quebrou um recorde, tornando-se a cidade em que mais se oferece apartamentos pelo Airbnb em todo o planeta. Das oito mil residências disponíveis para aluguel de curto prazo na cidade, cinco mil são alugadas por meio deste site. E mais: metade de todos os turistas que se hospedam em Tel Aviv fazem-no pelo Airbnb. Mas isto não um feito a se comemorar. Calcula-se que apenas um terço dos proprietários que oferecem seus apartamentos desta maneira tenham o perfil esperado do “bom camarada que quer fazer algum dinheiro extra com o aluguel. A maioria dos locadores são businessmen focados em receber pagamento sem pagar impostos e nenhuma fiscalização.
MUITOS ANOS DE VIDA – Quando se fala em longevidade em Israel, primeiro a notícia boa ou a ruim? A boa notícia: o homem israelense é o nono que mais vive no mundo, alcançando em média 81 anos (a mulher sabra vive até os 84 anos, a décima terceira melhor colocação do mundo). Agora a preocupação: vive-se mais tempo nas grandes cidades do centro do país (Ramat Gan lidera com 84,4 anos) e bem menos na periferia (em Beer Sheva apenas até os 81 anos). Também entre judeus e árabes israelenses a diferença é marcante: a mortalidade infantil entre os árabes é três vezes maior.
BYE BYE, UBER – Agora é oficial: um tribunal de Tel Aviv proibiu a circulação no país de motoristas acionados por meio do Uber. Foi o final de um longo processo que colocou em campos opostos o sindicato dos taxistas e o aplicativo com sede na Califórnia. A justificativa do juiz foi o não pagamento de impostos pelos motoristas Uber, e nenhuma supervisão das suas fichas criminais. O sindicato de taxistas comemorou a decisão ainda na Corte. Mas ouviu palavras duras do juiz: “Vai ser difícil para vocês vencerem o progresso. Passamos da fase da carroça puxada pelo cavalo. A inovação acabará chegando, somos um país avançado”.
BRIGA DE VIZINHO – Uma nova pesquisa entre árabes e judeus, todos cidadãos de Israel, aponta a profunda divisão entre as duas populações. Entre os judeus, 40% acham que deveriam ter mais direitos que os árabes e mais da metade (51%) dizem que as duas comunidades deveriam viver separadas. Já entre os árabes, apenas 10% se autodefinem como “israelenses” e 79% sentemse discriminados em empregos e instituições de ensino. A única coisa em que os dois lados realmente concordam é com a má impressão a respeito do vizinho: enquanto 51% dos judeus consideram os árabes violentos, metade dos árabes entrevistados acha o mesmo dos judeus.
MEDALHA DE PUTIN – Em agosto passado, um turista que passeava pelos Montes Urais encontrou a carcaça de um avião da Segunda Guerra. As autoridades vasculharam o local e encontraram no interior da aeronave o que restava de quatro corpos, abandonados ali há 75 anos. Num deles, estava pendurada a Condecoração Lênin, a mais alta premiação por bravura durante a guerra. Exames de DNA revelaram que se tratava do general e engenheiro Mordechai Shenkman, responsável pelo projeto e desenvolvimento do mais poderoso bombardeiro soviético da época. O próprio Stálin inaugurou uma estátua em sua homenagem, ao morrer na queda acidental do avião. O governo de Putin localizou a família em Israel e enviou uma condecoração. 44
PAZ NOS PALCOS – Fiquem de olho: a peça teatral Oslo, contando os bastidores dos acordos de paz dos anos 90 entre Israel e palestinos, tornouse grande atração nos palcos de Nova York e Londres. Foi o ganhador do Prêmio Tony, o principal da Broadway, como melhor peça e melhor ator de 2017. Agora brilha nos palcos londrinos, encenada no Royal National Theatre, e em breve também estará nos cinemas. A história, ficcional, mas baseada em fatos reais, acompanha o trabalho de um casal de diplomatas noruegueses e os esforços para fazer os dois inimigos históricos sentar para conversar. ADEUS A ZUBIN MEHTA – Agora é oficial – e definitivo: daqui a dois anos, quando completar meio século dirigindo a Orquestra Filarmônica de Israel, o genial maestro indiano vai pendurar as chuteiras. O anúncio do desligamento foi feito durante a apresentação de final de ano da orquestra no Carnegie Hall de Nova York, onde Mehta recebeu a companhia musical dos amigos Itzhak Perlman e Pinchas Zukerman. O indiano aproveitou para relembrar sua chegada ao então jovem país, onde pôde assistir a uma das sessões do julgamento de Eichmann e conhecer BenGurion. Mas saudades mesmo ele diz ter de Ariel Sharon. “Ele dizia que eu nunca realmente conheci Israel, apenas toquei minha música aqui. Ele tinha razão”. 45
12 NOTÍCIAS ÊTA NÓIS – Por esta o Banco Central de Israel não esperava: as novas cédulas de vinte e cem shekalim, que começaram a circular no final do ano e nas quais figuram duas poetisas nacionais, Rachel e Leah Goldberg, estão sendo vandalizadas no bairro Mea Shearim. É porque uma ala ainda mais conservadora dos ultraortodoxos não aceita manusear objeto com imagens de mulheres. As notas estão sendo riscadas com caneta preta. Nos bancos do bairro, clientes se recusam a usar os caixas 24 Horas, que distribuem as novas cédulas, e esperam na fila para receber a nota antiga com a efígie de um ex-presidente do país. Também em Chanuká, quando se costuma distribuir dinheiro às crianças, as poetisas foram boicotadas.
KOL HA KAVOD – Já descrevi nesta coluna a beleza que é a desburocratização da vida israelense. Se precisar renovar o passaporte, em uma hora sai com o novo documento do ministério do Interior. Para acertar um documento de carro, basta ir sozinho ao ministério do Transporte. O mesmo com o Inss, em meia hora se resolve tudo. Aqui não existe a figura do despachante, nem do jeitinho, muito menos da propina. Agora, sob ordens diretas de Bibi Netaniahu, o governo apresentou à população o site inteiramente renovado de comunicação do Estado de Israel com o cidadão: www.gov.il. Ali se encontra informação desde os planos de construção de todas as cidades do país – para saber se um dia vão abrir uma estrada ao lado de sua varanda –, passando por locais do país com maior incidência de pernilongos e até quanto a escola pública de seu bairro planeja investir no próximo ano. O site também passou a informar chegadas e decolagens no aeroporto Ben-Gurion e índice de criminalidade em seu bairro, coisa que estava censurada até agora. Aqui neste país paga-se bastante imposto, mas se vê a aplicação dos recursos até nos sites estatais.
NÍVEL MENTAL – Sherine Abdel Wahab é uma cantora famosa no Egito. Há um ano, durante um show nos Emirados Árabes, gritaram da plateia para ela cantar o sucesso Mashrebtesh Men Nilha (“Você Tomou Água do Nilo”?). Pega de surpresa, talvez sem ter ensaiado a canção, ela arrumou uma desculpa engraçadinha para não cantá-la, respondendo: “É melhor não, poderia pegar esquistossomose”. E ainda emendou: “Melhor tomar uma garrafa de Evian”. E o show prosseguiu. Agora, doze meses mais tarde, emergiu um vídeo do show, para o azar da cantora. Resultado: o sindicato dos músicos egípcios resolveu banir a cantora de 37 anos, não dando mais os documentos necessários para se apresentar em shows, sob a justificativa de que “zombou de forma injustificada do nosso querido Egito”. A moça também está proibida de se apresentar na TV pública. Sob investigação oficial, veio a público se desculpar, dizendo: “Peço perdão de todo meu coração por qualquer dor que tenha causado a vocês”. O caso mostra a que ponto chegou o nível mental e cultural dos países que nos rodeiam. Mas enquanto nossos vizinhos viverem nas trevas, se auto-enfraquecendo desta maneira, Israel não precisará se preocupar demasiado com sua segurança. 46
MAGAZINE
Por Edward White *
escreveu para salvar judeus e criar um Estado na Palestina Sem nunca ter sido politicamente ativo, ou mesmo um judeu vagamente observante, o premiado roteirista Ben Hecht foi transformado pelos eventos dos anos 1930 e passou a adotar outra atitude diante dos problemas enfrentados pelas comunidades judaicas da Europa durante o nazismo
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m um dia de dezembro de 1939, o crítico de cinema do The New York Times, Frank Nugent, assistiu à estreia de E o Vento Levou... e esperou o final da carnificina, uma das principais cenas do filme. A campanha publicitária do filme foi longa, exagerada e Nugent tinha certeza de seu fracasso. Não foi, como sabemos, ele ficou indignado e terminou o artigo assim: “É impossível superar o choque de não ficarmos desapontados”. Na verdade, E o Vento Levou... chegou perigosamente perto de ser o tipo de desastre que Nugent havia previsto. Três semanas após o início da filmagem, os produtores mandaram parar tudo e contrataram Ben Hecht para reescrever o roteiro. Hecht era conhecido como o “Shakespeare de Hollywood” pela capacidade de escrever obras que agradavam o grande público no mesmo tempo que a maioria dos escritores leva para apontar os lápis. Mas essa tarefa foi difícil até para ele que nunca havia lido o romance de Margaret Mitchell e tinha apenas sete dias para desmanchar o que existia e reescrever um sucesso épico. O fato de ter conseguido alimentando-se com nada além de bananas e amendoim salgado, segundo contou, pode parecer a prova de seu talento notável. Hecht lembrava disso como prova do absurdo de Hollywood. Apesar de escrever dezenas de filmes que tiveram êxito e receber seis indicações ao Oscar, ele considerava Hollywood um “reino de marzipã”, povoado de idiotas, responsável por uma “erupção de lixo que aleijou a mente norte-americana e atrasou os norte-americanos de 48
seus cidadãos por não terem parado o Holocausto. Era 1939, o auge da chamada era dourada de Hollywood, pois além de E o Vento Levou..., naquele ano também foram lançados O Mágico de Oz, A Mulher Faz o Homem, Carícia Fatal, No Tempo das Diligências e O Morro dos Ventos Uivantes, os dois últimos com roteiros escritos por Hecht. Mas, da mesma forma que Hollywood se auto-elogiava pelos seus sucessos, confiando na bolha de irrealidade em que vivia, o olhar inquieto de Hecht mudou-se para a Europa e os relatos cada vez mais frequentes e horríveis de perseguição aos judeus. A situação desesperada despertou nele um sentimento de pertencimento e de obrigação para com os outros judeus como nunca sentira antes. Então, Hecht fez o que sempre fazia quando se sentia provocado: escreveu.
De Chicago para Nova York
O texto de Hecht incendiou mentes e corações americanos adormecidos no isolacionismo
se tornarem um povo culto”. Essa reflexão de Hecht consta da autobiografia, A Child of the Century (“Um Filho do Século”), de 1953, considerada pela revista Time, em 2011, uma das cem melhores obras de não ficção desde a fundação da revista, em 1923. Escrito no mesmo estilo agressivamente opinativo de H. L. Mencken, o herói de Hecht, o livro trata da vida eclética de Hecht como crítico literário, romancista e dramaturgo, sempre prolífico e provocador. Pelo segundo romance, Fantazius Mallare (1922), foi acusado de obscenidade; pelo terceiro, A Jew in Love (“Um Judeu Apaixonado”), de 1931, foi rotulado como um judeu que odiava a si mesmo. Hecht não ligava para essas controvérsias pois haveria conflitos maiores. À medida que a carreira dele em Manhattan e Hollywood alcançava cada vez mais sucesso de crítica e público, de repente se desviou para um caminho totalmente inesperado: o sionismo revisionista. Durante a Segunda Guerra, Hecht prejudicou a carreira em Hollywood ao punir os Estados Unidos e
Hecht atingiu a maioridade junto com advogados de porta de cadeia, jornalistas progressistas que denunciavam corrupção e polemistas de Chicago. Ele chegou à cidade em 1910, com 16 anos, vindo de Racine, uma cidadezinha de Wisconsin, e descobriu que Upton Sinclair e Theodore Dreiser tinham razão ao descrever Chicago como suja, perigosa e vibrando de ambição. Como repórter, “frequentava ruas, prostíbulos, delegacias de polícia, tribunais, palcos de teatro, cadeias, bares, favelas, estradas, hospícios, incêndios, assassinatos, tumultos, salões de banquetes e livrarias” e viu “pessoas levando tiros, atropeladas, enforcadas, queimadas vivas, derrubadas pela idade”. Essas coisas serviram como matéria-prima para peças e roteiros, como o do filme de gângster Underworld (“Amor e Sangue”), que lhe deu um Oscar na primeira cerimônia da Academy Awards, em 1929. O êxito de Underworld o surpreendeu e ficou tão horrorizado com a edição final do filme que pediu para retirarem o seu nome dos créditos. Com pouco mais de vinte anos e depois de aprender o necessário em Chicago, Hecht mudou-se para Nova York em busca de grandeza literária. Em 1926, o roteirista amigo de Los Angeles, Herman J. Mankiewicz, enviou-lhe uma carta: “Milhões (de dólares) estão prontos para ser capturados e você só tem de competir com idiotas. Não se esquive disso”. Hecht precisava de dinheiro e mudou-se. Apesar do sol maravilhoso e das festas divertidas, ele odiava Hollywood, porque achava a maioria da produção cinematográfica execrável, mas principalmente por sua falsidade, hipocrisia e covardia moral. Ele tinha especial desprezo pelo “grande chefe de cabeça oca”, os ogros filisteus responsáveis pelos estúdios que enchiam os filmes de pregações moralistas, mas que na vida privada tratavam a todos como lixo. “Homens alvo de acusações de estupros e bastardia e que fazem da sedução profissão mas se apresentam à sociedade de Hollywood como figuras honestas.” Aliás, como se viu recentemente, certas coisas nunca mudam. Durante os loucos anos vinte, a insípida idiotice de Hollywood era consistente com a época. Mas quando os dias mais sombrios
da década de trinta chegaram, Hecht começou a se desesperar com a incapacidade de os estúdios se envolverem, dentro ou fora da tela, com eventos que mudavam o mundo. O que mais o afetava era a dúvida reinante nos estúdios de enfrentar o nazismo, especialmente porque tantos judeus de descendência da Europa Oriental e Central prosperavam na indústria cinematográfica. Segundo o historiador de cinema Thomas Doherty, o primeiro filme de Hollywood a se envolver diretamente com eventos no Terceiro Reich foi Confissões de um Espião Nazista, de 1939, após a invasão da então Tchecoslováquia. “Naquele ano, eu me tornei judeu e olhei para o mundo com olhos judeus”, disse Hecht, alarmado com a situação no exterior e a indiferença dos colegas em casa. Sem nunca ter sido politicamente ativo, ou mesmo um judeu vagamente observante, Hecht começou a escrever artigos a respeito da situação dos judeus europeus, e ligou-se ao Comitê de Luta pela Liberdade, um grupo de pressão a favor do envolvimento norte-americano na guerra. Ao usar direitos garantidos pela Primeira Emenda em favor dessas causas, Hecht percebeu que nunca tinha sido um cidadão de fato ativo e, assim, “em 1939, tornei-me também norte-americano”, disse. Em abril de 1941, Hecht publicou o artigo “My Tribe Is Called Israel (‘Minha Tribo se Chama Israel’)”, na coluna que mantinha no P.M., um jornal liberal de Nova York, defendendo seus esforços para “aumentar a consciência judaica do mundo” e castigar “judeus americanizados” por não conseguirem se juntar a ele temerosos de parecerem valorizar a vida dos judeus mais do que a dos norte-americanos. Este ataque lúcido e estridente que se aproximava do insulto – típico de Hecht – chamou a atenção do chamado Bergson Group, uma pequena rede nos Estados Unidos que procurava avançar a agenda do Irgun, organização paramilitar que lutava para estabelecer um Estado judeu livre em toda a terra histórica de Israel. O grupo era liderado por Peter Bergson (nascido Hillel 49
MAGAZINE Kook), judeu nascido na então Palestina de 25 anos que viu em Hecht um aliado potencial. Bergson convidou-o para uma reunião no Twenty One Club, o local favorito de Hecht em Manhattan. Uma “força da natureza” com “bigodinho loiro, sotaque inglês e voz que parecia guinchar quando se emocionava” – foi a impressão de Hecht a respeito de Bergson depois desse primeiro encontro. Eles formavam um estranho par, mas uma combinação perfeita, ambos sinceros e focados. Embora Hecht insistisse em que sua mente era “não-palestina”, concordava em fazer o possível para colocar a perseguição judaica no centro das atenções. Foi o início de um relacionamento excepcionalmente frutífero. Bergson injetou um sentido radical no trabalho de Hecht, cuja propaganda revigorante e de alto nível catapultou as causas de Bergson como tema dos grandes debates norte-americanos.
Em campanha pela liberdade Depois do encontro com Bergson, Hecht começou a fazer campanha com mais disposição. Em outubro de 1941, em nome do Comitê de Luta pela Liberdade, ele e Charles MacArthur criaram o desfile Fun to Be Free, encenado diante de dezessete mil pessoas no Madison Square Garden, pedindo um ataque preventivo contra a Alemanha nazista. Quando dois meses depois o ataque a Pearl Harbor sacudiu a nação, Hecht imaginou que seria mais fácil atrair a atenção do povo para a causa dos judeus acuados da Europa. Mas foi imaginação. Em fevereiro de 1943, Bergson levou Hecht para um encontro com o ativista Chaim Greenberg, que lhe revelou a verdadeira extensão do Holocausto e com esse material escreveu um artigo para a revista The American Mercury intitulado “The Extermination of the Jews (“O Extermínio dos Judeus”) que, republicado pelo Reader’s Digest, teve grande repercussão. Esperançoso com a súbita publicidade, Hecht organizou uma reunião com os trinta escritores judeus mais proeminentes de Nova York aos quais, em um discurso apaixonado, pediu que usassem seu talento para atacar a Alemanha. A maior parte dos presentes voltou-se contra ele, que foi acusado de idiotice e imprudência. Os escritores disseram que numa época em que muitos soldados norte-americanos perdiam a vida, chamar a atenção para o sofrimento dos judeus na Europa provocaria raiva contra os judeus nos Estados Unidos. A tal ponto que Edna Ferber perguntou a Hecht quem lhe dava ordens, Hitler ou Goebbels? Isso parece ter animado Hecht a seguir adiante e junto com o compositor Kurt Weill e o produtor Billy Rose organizou o espetáculo We Will Never Die (“Nunca Morreremos”), apresentado no Madison Square Garden contando o Holocausto para o público norte-americano. Participaram uma orquestra completa, coro, artistas como Frank Sinatra, Jerry Lewis, Dean Martin, Leonard Bernstein, Stella Adler e um Marlon Brando ainda adolescente. Hecht conseguiu per50
suadir dezenas de rabinos ortodoxos a “cometer sacrilégio” e subir ao palco. O espetáculo foi montado em menos de um mês. Um sucesso. A procura por ingressos foi tal que organizou-se um espetáculo extra retransmitido por alto-falantes para cerca de vinte mil pessoas reunidas nas imediações do estádio. O governador Dewey declarou 9 de março de 1943 o dia em que todos os nova-iorquinos deveriam “oferecer uma oração ao Deus Todo-Poderoso pelos judeus que foram brutalmente massacrados”. O show percorreu o país, conseguindo apoiadores influentes ao longo do caminho, incluindo membros do Congresso. Quando meses depois o presidente Roosevelt anunciou a formação do Conselho para Refugiados de Guerra, o espetáculo organizado por Hecht parecia um ponto de virada, o momento a partir do qual se tornou impossível ignorar os judeus abandonados da Europa. Estima-se que cerca de duzentas mil pessoas teriam sido salvas como resultado do trabalho do conselho. No entanto, Hecht estava insatisfeito. Ele achava as ações do presidente Franklin Roosevelt muito poucas, tardias e ficou consternado com tanto esforço para despertar as preocupações das pessoas com o genocídio. A guerra chegava ao final, e Hecht acreditava que Bergson tinha razão: o único meio de garantir a segurança e a dignidade dos judeus do mundo era estabelecer uma pátria na Palestina. Em 1944, a organização terrorista Irgun voltou a atacar militarmente os governantes britânicos do Mandato da Palestina, e Hecht concordou em defender e promover sua causa nos Estados Unidos. Antes de se associar a Bergson, Hecht “não tinha interesse em que a Palestina se tornasse uma pátria para os judeus”. Mas, “agora, de repente, tinha interesse em pouco mais do que isso”. O grupo Irgun provocava controvérsias até mesmo entre os sionistas mais aguerridos, que o consideravam radical, violento e selvagem que mais prejudicava do que fortalecia as chances de construir um Estado
judeu. Hecht admitiu que simpatizava com o Irgun porque exibiam sua condição judaica de forma ousada, desafiadora e contrária a todos os antigos estereótipos. O que o governo britânico julgava indescritíveis atos de terrorismo, Hecht considerava o despertar de uma identidade judaica que ficara inativa durante milênios. “Aqui estavam os judeus que não acreditavam no projeto de sempre se submeter à injustiça e pacientemente removê-la da mesma forma que se removem carrapichos de um cachorro”, dizia. Pelo esquema do Irgun, os judeus não se desculpariam mais por sua existência. Hecht tinha visto isso, de maneira maior ou menor, toda a vida. Era verdade mesmo em Hollywood, onde muitos dos grandes atores da época – Edward G. Robinson, Melvyn Douglas, Lauren Bacall – mudaram os nomes para não parecerem “muito” judeus. No futuro imaginado pelo Irgun esta timidez seria impensável. Para apoiar o Irgun, Hecht escreveu a peça A Flag Is Born (“Nasce uma Bandeira”), produzida pela Liga Americana para uma Palestina Livre, de Peter Bergson, e estrelada por Marlon Brando como sobrevivente do Holocausto e anunciada como “1776 na Palestina”. O êxito da peça na Broadway e em turnês por todo o país, arrecadou a maior parte do milhão de dólares com os quais Bergson comprou um navio para o Irgun transportar ilegalmente centenas de sobreviventes do Holocausto para a Palestina. O navio foi batizado com o nome SS Ben Hecht. Mas a missão falhou porque a Marinha Britânica capturou o navio e enviou os refugiados para um campo de prisioneiros em Chipre. Ben Hecht, agora, era sinônimo da luta por uma pátria judaica e, sem dúvida, o mais famoso apoiador do Irgun nos Estados Unidos. Ele não poderia ter ficado mais orgulhoso, porém – Hecht sendo Hecht – sempre lembrava da advertência de Mencken anos antes: “O líder de todas as causas é um canalha”. Depois de A Flag Is Born, o apoio de Hecht ao Irgun se tornou cada vez maior. Em anúncio de jornal de página inteira, em maio de 1947, provocando o governo britânico a
quem acusava de ser o verdadeiro terrorista da Palestina e mandava uma mensagem para os combatentes do Irgun: “Toda vez que você explode um arsenal britânico, ou destrói uma prisão britânica, ou manda um trem ferroviário britânico pelos ares, ou rouba um banco britânico, ou parta com suas armas e bombas contra os traidores e invasores britânicos da sua pátria, os judeus da América fazem uma pequena festa em seus corações”. Em 1948, os filmes com a assinatura de Hecht foram oficialmente boicotados no Reino Unido, prejudicando seriamente sua carreira em Hollywood, embora usasse a injúria como um distintivo de honra, chamando o boicote de “o melhor comunicado de imprensa que já havia recebido”. Ele também entendeu como um gesto fútil dos britânicos, porque ocorreu meses depois da Declaração do Estabelecimento do Estado de Israel. Hecht deveria ter ficado feliz com a Declaração, mas a nova nação israelense liderada por David Ben-Gurion repudiou o Irgun, seus métodos e seu credo. Ben-Gurion disse que o “Irgun é o inimigo do povo judeu”. Hecht ficou indignado. Seu tempo de propagandista havia acabado. O boicote da Grã-Bretanha aos seus filmes terminou em 1951, e isso facilitou a Hecht voltar a trabalhar em Hollywood. Ele escreveu para Rock Hudson a versão de 1957 de Adeus às Armas, e para Brando O Grande Motim, embora pouco valorizasse esses filmes. Na velhice, reinventou-se por algum tempo como apresentador de talk-show de TV, entrevistando pessoas como Eartha Kitt, Salvador Dalí e Sugar Ray Robinson. O show foi supostamente cancelado porque Hecht insistia em tratar de sexo, drogas, religião e outros temas proibidos na televisão dos anos 1950. Ele fez a Jack Kerouac perguntas desse tipo durante uma entrevista e, em resposta, recebeu risadinhas melífluas. “Eu poderia escrever um livro sobre como você viveu”, disse Kerouac, talvez desconhecendo que Hecht já havia feito isso também.
Este ataque lúcido e estridente que se aproximava do insulto – típico de Hecht – chamou a atenção do chamado Bergson Group, uma pequena rede nos Estados Unidos que procurava avançar a agenda do Irgun, organização paramilitar que lutava para estabelecer um Estado judeu livre em toda a terra histórica de Israel
* Edward White escreveu The Tastemaker: Carl Van Vechten and the Birth of Modern America (“O Mestre-de-Obras: Carl Van Vechten e o Nascimento da América Moderna”)
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MAGAZINE
Por Bernardo Lerer
Laços de Sangue – A História Secreta do PCC Márcio Sérgio Christino e Cláudio Tognolli | Matrix 246 pp. | R$ 38,90
Cartas Brasileiras Sérgio Rodrigues | Companhia das Letras 224 pp. | R$ 99,90
Organizou correspondências históricas, políticas, célebres, hilárias e inesquecíveis que marcaram o país, entre elas as de Olga Benário, Chico Buarque, Lampião, Olavo Bilac, Clarice Lispector, Santos Dumont, Pedro Vaz de Caminha, Maysa, Getúlio Vargas, Santos Dumont e muitas outra, num total de oitenta correspondências ilustradas pelos respectivos fac símiles e dezenas de fotos. Junto com as cartas, fotos e cópias elas, um pequeno texto as contextualiza de modo a situá-las principalmente em relação à história do Brasil.
O procurador Márcio Christino combateu durante anos o crime organizado em São Paulo e, portanto, podia contar a verdadeira história desta facção criminosa nascida da cabeça de oito detentos na Casa de Custódia de Taubaté e se tornar o Primeiro Comando da Capital – PCC – responsável por assaltos, rebeliões, sequestros, assassinatos, narcotráfico e uma estrutura que se espalhou pelo Brasil e países vizinhos. Sua leitura vai mostrar as coisas do mundo do crime e revelar que a facção é uma verdadeira sociedade criminosa.
O Que os Donos do Poder não Querem que Você Saiba Eduardo Moreira | Alaúde | 136 pp. | R$ 24,00
O autor foi eleito como um dos três melhores – e mais respeitados – economistas do Brasil e mostra como funciona o complexo sistema financeiro, econômico e político do capitalismo, desvendando as estruturas que regem o poder e denuncia as maneiras pelas quais alguns poucos privilegiados influenciam opiniões para manter a ordem vigente. O livro mostra as coisas como elas, de fato, são, e oferece ferramentas para se fazer as perguntas certas com autonomia.
A Elite do Atraso – Da Escravidão à Lava Jato Jessé Souza | LeYa | 239 pp. | R$ 44,90
Atualmente professor de sociologia da Universidade Federal do ABC e ex-presidente do Ipea, Jessé já tinha escrito A Tolice da Inteligência Brasileira e A Radiografia do Golpe, a respeito do impedimento de Dilma Roussef. Aqui tenta revelar o papel das elites brasileiras e mostrar que a corrupção real é a manutenção, desde os tempos da escravidão, de uma sociedade desigual que impossibilita o resgate do Brasil esquecido e humilhado graças, segundo ele, a um pacto construído e sedimentado pelos donos do poder para perpetuar uma sociedade excludente e perversa.
Aqui de Dentro Sam Shepard | Estação Liberdade | 203 pp. | R$ 39,00
Certamente sua obra mais conhecida é Os Eleitos – Onde o Futuro Começa, a respeito do primeiro voo supersônico do mundo, e que virou filme com o mesmo nome e estrelado pelo autor. Aqui são histórias que se juntam e se entrecortam desde o momento em que deixa o trailer onde vive e sai por estradas entre montanhas e desertos enquanto ouve jazz e rock, ao mesmo tempo em que se entrega a reflexões acerca da natureza da experiência de forma contemplativa, surreal, pungente e inesquecível.
O Rio da Consciência Oliver Sacks | Companhia das Letras |
A Primeira Guerra Mundial – Os 1.590 dias que Transformaram o Mundo A Glória e seu Cortejo de Horrores
Martin Gilbert | LeYa | Casa da Palavra | 830 pp. |
Fernanda Torres | Companhia das Letras
R$ 59,90
211 pp. | R$ 44,90
Deu no New York Times que “este livro todos deveriam ler para entender o que foram esta guerra e o século 20”. Seu autor foi um dos principais historiadores de sua geração, autor de obras importantes a respeito da Segunda Guerra e do Holocausto. Ele conta o dia-a-dia das batalhas, seus horrores e como estes eventos alteraram o mapa e o destino da Europa, assim como marcou a ferro e fogo sua alma e seu corpo. É a história de homens comuns naquela guerra , a dimensão do conflito, as histórias de heroísmo e de covardia.
Mistura de comédia de erros com a velha e nem sempre boa vida como ela é, o livro traça na voz do narrador e principal personagem, o ator fictício Mário Cardoso, o painel corrosivo de uma geração que viu sua ideia de arte sucumbir ao mercado, à superficialidade do mundo conectado e ao fim de suas ilusões. Para isso, a autora, já consagrada como intérprete e escritora se vale de doses generosas de um humor afiado e meio amargo. 52
170 pp. | R$ 49,90
É muita sorte e bastante raro quando um grande especialista é também um fantástico escritor, e este é o caso de Sacks, professor de neurologia clínica na Universidade Colúmbia. E, aqui, ele trata de evolução, criatividade, tempo, consciência e experiência, tramando os acontecimentos numa linguagem com algo de magia iluminando as complexidades do cérebro e os mistérios do humano. E, no caso dele, facilitado por um temperamento interessado nas experiências de outras pessoas e na habilidade de ver como até perdas devastadoras podem ser remediadas pelos notáveis poderes compensatórios da mente.
O Livro da Imitação e do Esquecimento Luís S. Krausz | Benvirá 325 pp. | R$ 39,90
O autor, professor de literatura hebraica e judaica na USP, mistura memórias e tempo presente a partir de um personagem de ficção fascinante, um certo professor Manfred Braunfeld, alemão, professor na USP, envolvido em uma pesquisa a respeito da vida dos escravos na Palestina dominada pelos romanos. Por isso, viaja várias vezes a Jerusalém, fica longe das intrigas do meio universitário e leva uma vida quase ascética cujo sentido está no mundo abstrato do discurso, numa realidade criada para desmentir o desencanto da visão de mundo dos seus contemporâneos.
Novas Formas de Amar Regina Navarro Lins | Planeta | 270 pp. R$ 44,90
A autora escreve para jornais, revistas é consultora do programa de tv “Amor e Sexo”, da Globo, faz terapia de casais e, portanto, tem tudo para contar que nada vai ser como antes: as grandes transformações nos relacionamentos amorosos e tratar de temas a respeito dos quais todos querem saber mas têm medo – ou vergonha – de perguntar. Ela conta que o amor romântico vem sendo substituído pelo desejo, e o desejo é capaz de produzir muitas formas de amar e fazer sexo e em que a monogamia e o sentimento de posse deu lugar à liberdade de experimentar o novo, o diferente, o poliamor, as relações livres, etc.
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CURTA CULTURA
Por Bernardo Lerer
O HOLOCAUSTO POR QUEM O VIVEU Histórias de Vida – Refugiados do Nazifascismo e Sobreviventes da Shoah – Brasil 1933-2017 é o título de um monumental trabalho organizado pelas historiadoras Maria Luíza Tucci Carneiro e Rachel Mizrahi, pesquisadoras do projeto Vozes do Holocausto, que dá nome à coleção. Estão previstos vários volumes, editados pela Maayanot, para “divulgar a trajetória de vida dos refugiados e sobreviventes do Holocausto que, a partir de 1933, escolheram o Brasil como refúgio possível. O livro foi lançado na Hebraica e participaram quase trezentas pessoas. Das narrativas dos personagens emergem lembranças delineadas por traumas, dor, temor pela reincidência genocida e, claro, a alegria de viver”. São ensaios biográficos a partir de entrevistas registradas desde 2006 pela equipe Arqshoah do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer) da USP. Paralelamente aos textos há uma bem fundada pesquisa realizada em arquivos nacionais e estrangeiros e nos acervos pessoais dos entrevistados de modo a contextualizar os eventos descritos nos testemunhos, narrativas singulares de um genocídio. Em 2017 foram cerca de noventa testemunhos que,
nos próximos anos, farão parte do mais importante acervo digital disponível para consulta on line na base de dados www.arqshoah.com.br. Até agora, não existia um acervo ou coleção dedicada a perpetuar estas histórias muitas vezes esquecidas em gavetas ou adormecidas na memória daqueles que ainda se lembram dos traumas vividos. Mais uma vez, lembrar para não esquecer e se contrapor aos negacionistas, ao antissemitismo, à xenofobia e aos nacionalismos exacerbados que voltaram a desequilibrar o cotidiano de comunidades étnicas na Europa e Estados Unidos. E, no final do seu prefácio, o brilhante e respeitado rabino David Weitman situa a época em que o escreveu como tendo sido em Rosh Chodesh Marcheshvan 5788 - 20 outubro de ‘017. Para quem não sabe Cheshvan é o segundo mês do calendário mosaico e, no caso, ganha o prefixo Mar, amargo, em hebraico, porque neste mês não tem nenhuma festividade. E o ‘017? Não se trata de nenhum erro ao escrever: entre os ortodoxos não é comum aceitar o calendário gregoriano. Mas, foi um erro, entre outros, grafar Raquel como o nome de uma das autoras, Rachel. Isso na capa e na capa interna.
A HISTÓRIA DO ESTÚDIO WARNER
B
enjamim Wonsal morava com a mulher Perla e os três filhos em algum lugar na fronteira da Rússia com a Polônia, no início do século 20, quando percebeu que também naquela parte do mundo a situação dos judeus era pouco confortável e, por isso, decidiu imigrar. Foi para Baltimore, nos Estados Unidos. Mas, antes passou pelo Canadá, onde em Ontário, nasceu o quarto filho. Nos Estados Unidos, Benjamim, que nada entendia de calçados tinha certeza de que sapato era um gênero de primeira necessidade. Mas, antes disso, mudou o nome de Wonsal para algo mais palatável no mundo novo, e a família virou Warner. Os quatro filhos também mudaram: Moses virou Harry, Aaron tornou-se Albert, Szmul obviamente Sam e Jacob aquele que nasceu em Ontário, mudou para Jack. Eram os irmãos Warner, ou Warner Brothers, ou, melhor, Warner Bros. Adultos, logo perceberam que se o teatro ídiche era somente para os judeus, o cinema, embora então incipiente, era para todos. Queriam, enfim, deixar bem lá para trás as lembranças na conturbada Europa Oriental e mergulhar no mito americano transformando o modo como eles
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e os americanos viam a si próprios. Tudo começou quando Sam Warner comprou um projetor e um cinetoscópio (aparelho para obtenção de fotografias seriadas, para registrar o movimento) do filme, sucesso na época, O Grande Roubo do Trem (The Great Train Robbery). O filme causou grande impacto na família o que levou Harry, um dos irmãos a refletir: “Se fez tudo isso com o meu pessoal, vai fazer com todas as pessoas”. E se imaginava vendendo bilhetes para milhares de pessoas em filas, ansiosas para ver aquela maravilha projetada na parede ganhar vida. O primeiro filme da nova produtora foi My Four Years in Germany (“Meus Quatro Anos na Alemanha”), de 1918, com base em um livro sensacionalista que trata dos problemas que uma Alemanha militarizada pode significar para o mundo. Mas a grande revolução foi o fim do cinema mudo com o filme O Cantor de Jazz. Esta é outras histórias estão no livro Warner Bros: the Making of an American Movie Studio, de David Thomson (US$ 20,65 na Amazon) editado pela Yale University Press como parte da coleção “Jewish Lives”.
Biblioteca Nacional de Israel mais fácil
P
ara quem não sabe, hackathon é um evento com programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software para uma maratona de programação, e criar um software que atenda a um fim específico ou projetos livres inovadores e utilizáveis. Pois a Biblioteca Nacional de Israel, a principal do país, organizou um hackathon para o conteúdo da biblioteca se tornar mais acessível ao público em geral. Os participantes do hackaton enfrentaram dois desafios tecnológicos: encontrar maneiras criativas de facilitar o acesso ao conteúdo da biblioteca e desenvolver ferramentas para aprimorar os metadata dos itens na biblioteca. Uma das equipes vencedoras apresentou um produto educacional interativo para crianças e alunos realizarem pesquisas associativas por meio de vi-
deoclipes e arquivos de áudio. O produto acessa itens históricos das várias coleções da Biblioteca Nacional segundo o contexto em questão, permitindo “tocar a história” e continuar a pesquisa com meios existentes na própria biblioteca. Outra equipe foi a do Wikimedia Israel, cujos participantes se interessam pela Wikipedia, escrevem itens enciclopédicos e aprimoram o software do site. A ferramenta que a equipe desenvolveu possibilita identificar alguém apenas por imagens conhecidas e, mesmo sem uma boa descrição da imagem, podem ser encontradas outras imagens de figuras importantes no acervo da biblioteca. Em 2016, a Fundação Israel Wikimedia também realizou um hackaton internacional em Jerusalém, com participação de desenvolvedores da Wikimedia todo o mundo.
UMA PARIS COMO VOCÊ NUNCA VIU Quem gosta de Paris, viaja sempre para lá, quem ainda não conhece e quer saber como é, precisa ler este A Invenção de Paris – A Cada Passo uma Descoberta, de Eric Hazan (448 pp, R$ 145,00), uma edição primorosa da Editora Estação Liberdade. Não é um guia como muitos que se veem naquelas grandes bancas de revistas de aeroportos. Nem um daqueles tediosos e cansativos relatos pessoais no estilo “eu estive lá”. Eric, judeu, nasceu em Paris, é um notável pesquisador e exímio contador de histórias, daqueles que, ao passar por um determinado lugar, o situa geográfica e historicamente. O livro é dividido em três partes: Antiga e Nova Paris, em que disseca os bairros e dos bulevares, ruas, becos e extrai histórias escondidas pelo tempo e pelas sucessivas reconstruções da cidade; em “Paris Vermelha”, trata da vocação revolucionária da capital francesa, suas barricadas, revoluções, insurreições e resistência e a terceira, “Atravessando o quadro fervilhante de Paris” cuida das artes, dos flâneurs (flanadores), do começo de muita cultura e que, segundo o autor, atualmente tudo vira museu e enfraquece a cidade. O livro é elogiado por todos os críticos como Guy Scarpetta, do Le Monde Diplomatique: “Temos aqui, sem dúvida, uma soma, uma proeza de erudição histórica, mas também um livro de paixão, de exaltação, de partidos tomados, justificados – um jeito incrível de captar ou de ressuscitar este espírito de insubmissão que atravessa a cidade, sua memória revolucionária ocultada, o eco, esplendidamente reavivado, dos levantes populares que escandiram sua história”.
Um museu do Holocausto para adolescentes Quem visita Amsterdã inclui no roteiro um tour pela Casa de Anne Frank e sai de lá encantado pela perfeita conservação do ambiente onde Anne se escondeu durante meses até ser descoberta pelos nazistas e que foi ampliado e renovado. Mas em Amsterdã recomenda-se visitar o Verzetsmuseum, o Museu Holandês da Resistência, que tem uma seção dedicada inteiramente a crianças e jovens, o Museu Junior da Resistência Holandesa, localizado em um edifício bem atrás do prédio principal. Ele é interativo e usa uma linguagem facilmente compreensível pelos jovens que ouvem histórias contadas por quatro adolescentes que sobreviveram ao nazismo. Há telas que os visitantes podem tocar e escolher que soluções dariam se vivessem a mesma situação de cada um dos quatro adolescentes na forma de resistência, opressão e colaboração, cada uma capaz de revelar a verdadeira extensão da guerra. O museu mostra os quatro já mais velhos, quase nonagenários, discorrendo a respeito da guerra e das perseguições que enseja na forma de toda sorte de prejuízos, a importância da liberdade e a tragédia da ditadura. Aliás, um deles foi antigo membro de um grupo de assalto nazista, filho de um dirigente do partido num bairro da cidade e que fugiu com a família para a Alemanha assim que a guerra terminou. Um espetáculo, dizem quem já o visitou. 55
A PALAVRA
Por Philologos
O “LIVRO DE JOSUÉ” não fala de eclipse solar raro Apesar de dois artigos científicos, um deles publicado na revista Astronomy & Geophysics o outro no Jornal Hebraico Beyt Mikra, nos quais os cientistas dão outro significados ao verbos que aparecem na narrativa do Livro de Josué, temos outra explicação para a passagem. Quais as razões, além do desejo compreensível, mas pouco atraente do ponto de vista lógico, de dar à história bíblica uma explicação natural e não sobrenatural?
O
s físicos britânicos Colin J. Humphreys e W. Graeme Waddington, publicaram na edição de outubro de Astronomy & Geophysics o artigo “Solar Eclipse of 1207 BCE Helps to Date Pharaohs (“Eclipse solar de 1207 antes da Era Comum ajuda a datar os faraós”) uma tentativa de vincular a história do sol miraculosamente ter parado no livro bíblico de Josué a um antigo eclipse e, a partir dessa ligação, tirar conclusões históricas. Logo vou tratar da tese de Humphreys e Waddington, que recebeu boa cobertura de imprensa. No entanto, primeiro convém apontar para algo que não foi destacado com exceção de um post do professor James Dávila no blog PaleoJudaica, segundo o qual o argumento desses pesquisadores é praticamente idêntico ao de um detalhado artigo publicado em janeiro passado no jornal hebraico Beyt Mikra pelos israelenses: Hezi Yitzhak, físico, o estudioso da Bíblia Daniel Weintraub e o arqueólogo Uzi Avner. Estas coincidências podem acontecer no mundo erudito e talvez não precisem ser valorizadas demais, desde que o crédito vá para quem é devido. De todo modo, as observações a seguir se referirão aos dois artigos como se fossem um só. Os versículos relevantes em Josué 10: 5-14 são, na versão da Bíblia do Rei James, os seguintes: Portanto, os cinco reis dos amorreus... acamparam diante de Gibeom e fizeram guerra contra ela. E os gibeonitas enviaram esta mensagem a Josué no acampamento de Guilgal, dizendo: Não abandones os teus servos; venha até nós rapidamente e nos salve... . E Josué partiu de Guilgal, ele, e todos os guerreiros com ele... Josué, portanto, veio a eles de repente, e subiu de Guilgal a noite toda. E o Senhor lançou os amorreus em grande confusão diante de Israel e os matou com grande matança em Gibeom e os perseguiu pelo caminho que subia a Bet-Horon, e os feriu em Azeca... E aconteceu que eles fugiram diante de Israel para que o Senhor lançasse sobre eles pedras do céu até Azeca, e eles morreram... Então falou Josué ao Senhor... e ele disse aos olhos de Israel, Sol, fica de pé sobre Gibeom; e tu, Lua, no vale de Ayalon. E o sol parou e a lua ficou imóvel até que o povo se vingou de seus inimigos... Então o sol se aquietou no meio do céu e não se pôs durante um dia inteiro. E não houve um dia como esse antes ou depois disso. Em resumo, Josué vem ao resgate dos gibeonitas porque existe um pacto entre eles e os israelitas. Marchando de noite de Guilgal, no vale do Jordão, a Gibeom, o Giv’on bíblico, na região montanhosa ao norte de Jerusalém, surpreende os amorreus ao nascer do dia
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O evento pode ter sido tão extraordinário que serviu de tema para ser retratado de várias maneiras. Como essa, por exemplo
e os leva para o oeste para Azeca nas terras baixas da Judeia, matando-os no caminho com a ajuda de uma tempestade de granizo violenta. Como o dia é insuficiente para ele acabar com eles – exércitos antigos raramente lutavam à noite – Josué reza para o sol parar em seu caminho, juntamente com a lua do terceiro quarto que é visível no céu ocidental (o vale de Ayalon fica no oeste de Gibeom) quando o sol está no alto. Eles fazem isso prolongando a luz do dia até o último inimigo ser abatido. Este foi o entendimento tradicional – e, logo, auto-evidente – da história. Agora, no entanto, duas equipes de cientistas israelenses e britânicos afirmam que a história no Livro de Josué foi lida de forma errada: para eles, o texto não descreve a parada do sol e da lua nos céus, mas um eclipse solar. Quais as razões, além do desejo compreensível, mas pouco atraente do ponto de vista lógico, de dar à história bíblica uma explicação natural e não sobrenatural? Despojadas de considerações de apoio, essas razões se resumem a um novo olhar a respeito de dois verbos hebraicos, damam e amad, que ocupam o centro da narrativa bíblica. Damam ocorre duas vezes no texto, uma vez na forma imperativa de dom na frase shemesh b’Giv’on dom, “Sol, perma-
neça ainda sobre Gibeom”, e outra vez em sua forma passada vayidom em vayidom ha-shemesh, “E o sol ficou parado”. Amad também acontece duas vezes, a primeira vez em v’yare’ahamad, “e a lua ficou imóvel”, e a segunda vez em vaya’amod ha-shemesh b’hatsi ha-shamayim, “Então, o sol ficou imóvel no meio do céu”. A tradução da Bíblia do Rei James é consistente com o uso desses verbos em outros lugares na Bíblia, em que geralmente amad significa “ficar”, com os significados secundários de “parar” ou “cessar”, e damam significa “ficar em silêncio”, embora também possa significar “ficar em um lugar” ou “perecer”. Os artigos dos cientistas afirmam, no entanto, que esse não é o significado deles no Livro de Josué. Por quê? Porque na terminologia astronômica do acadiano, a antiga e há muito extinta língua semítica da Babilônia, da’amu refere-se à escuridão de um eclipse anular, no qual o sol encoberto é contornado por um estreito anel de luz, enquanto emedu significa a conjunção de dois corpos celestes, como quando o caminho da lua cruza com o do sol e bloqueia nossa visão dele. Como os cálculos matemáticos indicam que em 30 de outubro de 1207 aEC ocorreu um eclipse anular raro nos céus da Palestina central, onde se localizam Gibeom
Agora, no entanto, duas equipes de cientistas israelenses e britânicos afirmam que a história no Livro de Josué foi lida de forma errada: para eles, o texto não descreve a parada do sol e da lua nos céus, mas um eclipse solar
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A PALAVRA e o vale de Ayalon, a oração de Josué, assumindo que da’amu e emedu influenciaram os termos hebraicos damam e amad, deve ser entendido como sendo: “Sol, torne-se eclipsado sobre Gibeon e tu, Lua, no vale de Ayalon” –, a Bíblia nos diz que “o sol estava eclipsado e a lua estava em conjunto [com ele]”. Embora esse eclipse tenha durado apenas uma hora e meia do começo ao fim, a Bíblia nos diz que o sol “não se pôs por um dia inteiro” – porque, segundo Humphreys e Waddington, “para o espanto dos israelitas, o incrível espetáculo no céu pareceria longo e extenso; a reação a tais eventos tende a ser exagerada, principalmente em relação à percepção de sua duração”. Segundo os estudiosos, a explicação da história no Livro de Josué tem um grande significado histórico. Em primeiro lugar, ao corroborar (enquanto reinterpreta) o relato da Bíblia, fortalece o argumento da veracidade de outras histórias bíblicas comumente consideradas lendas ou mitos, incluindo a da conquista israelita de Canaã no tempo de Josué. Em segundo lugar, nos permite datar quando essa conquista ocorreu – ou seja, no final do século 13 aEC, exatamente onde a cronologia bíblica o coloca. E terceiro, estabelece um marco para a inscrição hieroglífica egípcia conhecida (após o faraó Merneptah) como o monólito de Merneptah; na medida em que um povo chamado Israel é mencionado ali como sendo em Canaã na época de Merneptah, que não poderia ter sido antes da era de Josué, o eclipse solar de 1207 contribui para uma datação mais precisa de eventos no antigo Egito também. Confesso meu ceticismo a respeito de tudo isso e não que seja totalmente improvável. O acadiano, língua de um poder colonial do Oriente Médio no período bíblico, influenciou outras línguas semíticas, o hebraico entre elas, e um conhecimento disso pode às vezes ajudar a entender palavras bíblicas que não são claras. Exemplo disto é a planta kikayon no Li58
Confesso meu ceticismo a respeito de tudo isso e não que seja totalmente improvável. O acadiano, língua de um poder colonial do Oriente Médio no período bíblico, influenciou outras línguas semíticas, o hebraico entre elas, e um conhecimento disso pode às vezes ajudar a entender palavras bíblicas que não são claras
vro de Jonas, que segundo o relato bíblico, seu rápido crescimento deu sombra a Jonas contra o sol tórrido enquanto esperava fora da cidade de Nínive para ver o que aconteceria com ela. Até os tempos modernos os comentaristas bíblicos desconheciam que planta era essa até os assiriólogos (termo que inclui os estudiosos do acadiano) desenterrarem tabletes cuneiformes em que a palavra kukkanitu, da qual o kikayon sem dúvida deriva, é, na verdade, a planta de óleo de mamona. É possível, assim, que os termos astronômicos babilônicos, como da’amu e emedu, também entraram no hebraico bíblico, pois os babilônios eram reconhecidos por seus vizinhos como grandes astrônomos. Todavia, uma coisa é invocar o auxílio do acadiano para explicar uma palavra ou passagem bíblica cujo significado desconhecemos, e outra é fazer isso com uma passagem, como a de Josué, autoexplicativa e que dispensa assistência externa para ser entendida. A única razão para ler um eclipse nessa passagem é querer fazer um relato bíblico cientificamente crível, mas acreditar que algo é verdadeiro porque queremos que seja verdade é científicamente difícil. Mais do que isso: a tese Humphrey-Waddington-Yitzhak-Weintraub-Avner precisa ser tomada com certa desconfiança, não só porque o relato bíblico não precisa fazer sentido, mas porque não faz sentido em relação a esse relato. Embora Josué, lembremos, reze por um milagre que prolongará as horas de luz até que seu exército tenham completado sua missão, um eclipse solar apenas diminui estas horas, e em uma época do ano – o final de outubro – quando os dias já eram curtos. Pedir a Deus por isso teria feito de Josué um general incompetente. Isso é algo que nossos estudiosos britânicos e israelenses não parecem ter pensado. Na interpretação da Bíblia não basta conhecer o acadiano e a astronomia. Você também tem de saber ler uma história simples.
GALERIA Fotos: Flávio Mello
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1. Leonor Szymonowicz foi anfitriã de encontro dos grupos Shamash, Aviv e Lehitraot (Na’amat Pioneiras); 2. Michele, Beth e Rosinha Steinberg, três gerações no trabalho voluntário Wizo, na tarde no Tivoli Mofarrej; 3. Editora Maayanot recebeu o Prêmio Jabuti com o livro Retrospectiva: Os 60 Anos das Criações de Gershon Knispel – 1950-2015; 4.Após eleição no clube, reunião de ex e atuais presidentes: Mauro Zaitz, Avi Gelberg, Daniel Bialski, Abramo Douek, Samsão Woiler e Jack Terpins; 6. Chanucá no Centro de Memória do MJSP, Seily Heumann e Miriam Schansky; 7, 8 e 9. Em noite do CIAM, Anna Schvartzmann e Gabriel Harari; Edith e Fabio Faiwichow, Ruth e David Levisky; 5 e 10. Novo Conselho na Hebraica: Avi Gelberg e suas vice-presidentes Isabel Cohn, Vanessa Rosenbaum, Elisa Nigri e Mariza de Aizenstein; 11. Luzes no Natal e Chanucá do Conselho da Fraternidade Cristão-Judaica
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1. Em Bogotá,Mario Fleck, Gilberto Meiches e Ricardo Berkiensztat no Fórum Estratégico do American Jewish Committee; 2. Família e a aniversariante Anita Schwartz; 3. Daniel Bialski acende a chanuquiá na Avenida Paulista. Chanucá na Fiesp; 4. No Einstein, Fuad Fares, da Universidade de Haifa, falou sobre câncer de colorretal; 5. Advogado Fábio Barboza abordou as mudanças da legislação trabalhista na Cambici; 6, 7 e 8. Marina Lafer, Celso Lafer, Renata Simon e o pianista Cristian Budu, Eleonora e Ivo Rosset na obra do Museu Judaico de São Paulo; 9 e 10. Rachel (Kelly) Barzilay tem sua história em Vozes do Holocausto, lançado por Tucci Carneiro; 11. Centro Cultural Indiano no Espaço Gourmet; 12. Jayme Blay, Luiz Chacon Filho (Super Bac) e Nicolas Lodola (Teva) no Encontro de CEO’s das Empresas Israelenses no Brasil
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1 a 9. Bete e Marcos Arbaitman doam Sefer Torá à Sinagoga Talmud Thorá e Escolas Gani-Lubavitch. Amigos brindaram o acontecimento: Daniel Bialski; Abramo Douek; Abram Szajman com Bete; casal Arbaitman com Shirley Bydlowski, Milton Wagner, Claudia Proushan; Bernardo Parnes; Moises e Estelita Cohen, Helena e Boris Saginur, Vera e Claudio Len; Ronaldo Frug; rabino Henrique Begun, Uri Arazi, da Ame Jardins, sofer Roberto Arbaitman Peretz
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9 A cinco produções teatrais que mobilizaram as turmas dos cursos de teatro em novembro e dezembro – A Turma do Menino Maluquinho, Tô em Cena, E Se Fosse Verdade, A Teatrálica Fábrica de Chocolates (com direção de Ozani Violin) e Zona de Perigo (com direção de Camila Cohen, tiveram os cenários desenhados por Danny Cattan
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GALERIA Fotos: Flávio Mello
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1 e 3. Desempenho da natação em 2017 foi destaque na “Noite do Atleta” 2. Dório e Helena Feldman, Fábio Fischmann e Fábio Topczewski lembraram a emoção da 21a Macabíada em Israel; 4. Equipe feminina de handebol conquistou o título de campeã paulista; 5. Judocas homenageados pelo trabalho feito durante ano de 2017; 6. Modalidades individuais cresceram em 2017.
ENSAIO
David B. Green
Jerusalém para iniciantes: por que não se a reconhece como a capital de Israel Sim, todos são truísmos, e você os ouviu mil vezes ou mais. Mas há uma razão pela qual a raiz da palavra “truísmo” seja “verdade” (verdade incontestável em si mesma, obviedade). Para os judeus, Jerusalém é onde o seu Templo – o lar de um deus único – esteve em suas várias encarnações
C
Mais recente vista aérea de Jerusalém, a polêmica, controvertida, eterna, disputada e sagrada
A CAPITAL DA
DISCÓRDIA
O que muitos duvidavam, mas com Donald Trump tudo é possível, os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como capital de Israel. Nem que seja, como de fato foi, para mudar de assunto, isto é, tirar o foco das investigações e do desgaste com o escândalo do envolvimento da Rússia nas eleições norte-americanas de 2016. Ou para atender à pressão evangélica. Ou para fazer tudo ao contrário do que o resto do mundo pensa. Trump conseguiu. Azar do resto do mundo. A maioria dos jornais mais importantes do mundo já tinha material preparado para melhor contextualizar o evento. Da mesma forma instruíram seus repórteres nas principais capitais da Europa e nos países de maioria muçulmana para a certeza da irrupção de manifestações contra os Estados Unidos e, de quebra, contra Israel, como de fato aconteceu. E o que se pergunta também é como Israel conseguiu viver todos estes quase setenta anos de independência sem que Jerusalém fosse reconhecida oficialmente como capital. O que se vai ler a seguir é uma seleção de quatro textos a respeito de Jerusalém. (B. L.) 66
ada vez que eram exilados de sua capital de culto e política nos tempos antigos, os judeus sonhavam em voltar, e o termo “Zion” (Sião), o nome de uma das colinas da cidade, tornou-se quase significado, ou sinônimo, não só da própria cidade, mas da Terra de Israel em geral, e base do nome do movimento moderno pelo estabelecimento de um Estado judeu. Então, por que os quase 160 países que têm relações diplomáticas com o Estado de Israel não reconhecem Jerusalém como capital, e por que o fato de os Estados Unidos terem feito isso exatamente agora, quase setenta anos após a fundação de Israel, é fonte de apreensão em todo o mundo? A resposta tem a ver com essa primeira obviedade – a importância de Jerusalém para o cristianismo e o islamismo, que juntos têm mais de três bilhões de seguidores no mundo. Para os cristãos, Jesus, seu messias, morreu em Jerusalém e lá ressuscitou; eles podem traçar sua genealogia até o rei David, que estabeleceu a monarquia unida em Jerusalém e cujos descendentes, segundo a Bíblia hebraica, incluirão o Messias. Para os muçulmanos, Jerusalém, melhor, “a mesquita mais distante”, identificada com a Mesquita Al-Aqsa – foi o destino do Profeta Maomé na sua Viagem Noturna, de onde ascendeu ao céu para falar com Deus. Para cada uma dessas religiões, há um lugar na
Cidade Velha de Jerusalém que é o mais sagrado, é o mais forte e profundo foco de sua paixão e compromisso: para os judeus, é o Santo dos Santos, cuja localização precisa não é mais conhecida, o que torna todo o Monte do Templo um terreno sagrado; para os cristãos, é Calvário, em que Jesus foi crucificado, e para a maioria dos seguidores está situado no que é hoje a Igreja do Santo Sepulcro; já para os muçulmanos, Al-Aqsa veio a se referir a todo o Haram al-Sharif (o nome árabe para o Monte do Templo). Os primeiros líderes sionistas, muitos dos quais eram seculares, tinham reações ambíguas em relação a Jerusalém. O próprio Theodor Herzl imaginou que a capital do seu Estado judeu ficasse no Monte Carmelo, no norte. Em seu livro de 1989, Jerusalém: Cidade dos Espelhos, Amos Elon descreve como Herzl, bem como o teórico cultural do sionismo Ahad Haam e um jovem David Ben-Gurion, entre outros, se incomodaram com a cidade e a conexão dos judeus com ela. Elon também cita a historiadora do sionismo Anita Shapira, que caracterizou os sentimentos dos pioneiros sionistas em relação à cidade como “reacionário”, para dizer o mínimo. Quando a ONU, em 29 de novembro de 1947, aprovou o plano para dividir a Palestina em dois estados, um árabe e um judeu, maliciosamente deixou Jerusalém (que na época tinha uma grande maioria judaica) fora da equação, de modo a que a cidade e arredores (incluindo Belém) se tornassem um território separado e administrado internacionalmente – um corpus separatum. Os judeus aceitaram o plano, e Ben-Gurion considerou que a perda de Jerusalém como parte do Israel soberano era o “preço que devemos pagar” por um Estado no resto da terra. Quando os árabes rejeitaram o Plano de Partilha e entraram em guerra contra Israel, o novo país já não se considerava amarra67
ENSAIO do às fronteiras estabelecidas pelo plano da ONU. A partir da Guerra de Independência, Israel melhorou sua posição estratégica em quase todas as regiões do país, e em Jerusalém, quando as linhas de cessar-fogo foram traçadas, Israel ocupou a parte ocidental da cidade; os jordanianos, o lado leste da mesma, incluindo a Cidade Velha, onde o Muro Ocidental e o Monte do Templo estão situados. Israel lutou por Jerusalém, e agora não queria desistir. Oficialmente, a ONU manteve seu plano de internacionalizá-la depois da guerra, mas Israel e Jordânia preferiram deixar a cidade dividida. A terra de ninguém atravessava o centro da cidade, e uma barreira e a passagem de um lado para o outro, era estritamente vigiada. Se a cidade estivesse sob controle internacional, todos teriam acesso a todas as áreas dela, incluindo os locais sagrados. Embora Jordânia e Israel tivessem tentado chegar a um acordo a respeito de Jerusalém, os dois lados também tomaram medidas unilaterais que tornaram improvável alcançar tal acordo. Em 5 de dezembro de 1948, Israel anexou Jerusalém Ocidental ao seu território, e uma semana depois declarou a cidade sua capital. A Jordânia também: oito dias depois, em 13 de dezembro, anexou Jerusalém Oriental e fez de Jerusalém sua segunda capital, embora ficasse nessa condição, negligenciada e abandonada, até a Guerra dos Seis Dias.
Sem acordo Durante os dezenove anos entre a fundação do Estado e a Guerra de 1967, Jerusalém manteve um status quo incômodo. Enquanto essa situação persistiu, e Israel permanecia em estado de guerra com o mundo árabe, não haveria acordo para Jerusalém. E enquanto os dois lados do conflito não pudessem decidir a respeito do futuro da cidade, as Nações Unidas não tomariam nenhum lado nem tentariam impor uma solução. Assim, a questão de Jerusalém permaneceu em aberto, e oficialmente, a cidade não 68
Por Amir Tibon
foi reconhecida como parte do território israelense ou jordaniano. Nem por isso, no entanto, os diplomatas estrangeiros deixaram de ir a Jerusalém ao encontro de autoridades israelenses, mas apenas reconhecê-la como a capital de Israel, ou criar uma embaixada lá, equivalia a prejudicar qualquer acordo político futuro. Então veio a Guerra dos Seis Dias, e Israel conquistou a Jerusalém jordaniana e expandiu os limites da cidade ao norte, leste e sul para ter sob seu controle vários bairros árabes que, historicamente, não faziam parte da Jerusalém metropolitana. Ao longo dos anos, Israel transferiu todos os seus escritórios governamentais para a cidade, muitos deles na seção leste, construiu edifícios residenciais ao longo de linhas destinadas a dificultar a reversão da ocupação da cidade, e adotou políticas tais que, de certa forma, quase garantem que mesmo um governo de esquerda não poderia ceder qualquer parte de Jerusalém a um Estado palestino. Nas últimas décadas, a posição de todos se endureceu. E, claro, a comunidade mundial não poderia apoiar as iniciativas unilaterais de Israel em Jerusalém Oriental, nem os chamados fatos consumados, na forma de milhares de apartamentos em novos bairros judeus no leste. E os palestinos parecem não estar prontos a comprometer a condição de que a capital de qualquer Estado futuro será situada em Jerusalém Oriental. Embora israelenses e palestinos negociem intermitentemente, de modo mais ou menos sério, há mais de 25 anos, as conversas a respeito de Jerusalém nunca avançaram. E desde que os lados não podem decidir sobre um plano mutuamente aceitável para compartilhar a soberania em Jerusalém, ou em qualquer outro arranjo, nem a comunidade mundial concluiu que deve impor uma solução às partes, seria altamente improvável para qualquer estado individual declarar unilateralmente o reconhecimento oficial de Jerusalém como sua capital. Qualquer estado individual, ou seja, algum que não fosse liderado por Donald J. Trump.
Oficialmente, a ONU manteve seu plano de internacionalizála depois da guerra, mas Israel e Jordânia preferiram deixar a cidade dividida. A terra de ninguém atravessava o centro da cidade, e uma barreira e a passagem de um lado para o outro, era estritamente vigiada
De Clinton a Trump,
a história sem fim da embaixada em Jerusalém Este artigo é originalmente de 5 de fevereiro de 2017 e foi republicado assim que Donald Trump anunciou a mudança da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém
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as duas semanas após Donald Trump assumir a presidência, todos os dias se discutiu se ele cumpriria a promessa de mudar a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém. Nos últimos dias, o rei Abdullah II, da Jordânia, o primeiro líder do Oriente Médio a se encontrar com Trump, alertou o novo presidente contra a mudança da embaixada. Em entrevista Trump disse que sua administração ainda estava “analisando atentamente” a ideia, quando seu secretário de imprensa, Sean Spicer, esclareceu que não se tomou nenhuma decisão a respeito. Para alguns dos defensores de Trump quanto ao direito israelense essa abordagem cautelosa surpreendeu, pois esperavam que cumprisse logo a promessa eleitoral de mudar a embaixada. Muitos ainda acreditam que Trump cumprirá a promessa, mas se, quando e como isso ocorrerá ninguém pode dizer com certeza. O apresentador de tv Joe Scarborough, que tem fácil acesso a Trump e se encontrou com ele no último fim de semana na Casa Branca, informou que o presidente não planejava mudar a embaixada rapidamente. Dois ex-embaixadores dos Estados Unidos em Israel disseram ao Haaretz nesta semana que tudo lhes parece muito familiar. Trump é mais um presidente norte-americano a prometer em campanha eleitoral mudar a embaixada em Israel, mesmo que se torne o primeiro a cumpri-la. Mas por enquanto, ele enfrenta as mesmas dificuldades e dilemas de presidentes anteriores assim que entraram na Casa Branca. “Escrevi meu primeiro memorando sobre mudar a embaixada para Jerusalém em 1982”, lembra Martin Indyk, embaixador dos Estados Unidos em Israel nos anos 1990, e que trabalhou para a American Israel Public Affairs Committee (Aipac), no início dos anos 1980. “Naquela época, o governo de Menachem Begin em Israel forçava essa ideia, e vários proeminentes senadores democratas pró-Israel lideraram os debates sobre a questão no Capitólio”. Segundo Dan Kurtzer, embaixador dos Estados Unidos em Israel no governo George W. Bush, entre 2001 e 2005, a promessa de Trump “parece diferente” das anteriores, em parte porque escolheu o advogado de direita e defensor do movimento dos as-
sentamentos David Friedman para embaixador em Israel. “É”, diz Kurtzer, “é verdade que o que eles disseram até agora soa familiar”. A embaixada dos Estados Unidos está instalada em Tel Aviv desde a fundação de Israel em 1948, principalmente porque os Estados Unidos reconheceram Israel no contexto da Resolução 181 da ONU, que não incluía a cidade sagrada nos limites do Estado judeu. A questão ficou mais complicada após 1967, quando Israel conquistou Jerusalém Oriental e a Cidade Velha. Até hoje, nenhum país do mundo tem embaixada em Jerusalém. Desde os anos 1960, a embaixada norte americana está localizada na rua Hayarkon, em Tel Aviv; em uma construção pouco adequada para isso, de acordo com Kurtzer. “Esse edifício é um absurdo. Quando os Estados Unidos chegaram no local era um estacionamento público embaixo de um prédio com um posto de gasolina ao lado”, diz. “Então a embaixada norte-americana em uma das áreas mais sensíveis do mundo estava situada logo acima de um posto de gasolina. O posto foi removido, mas o prédio ainda possui alguns problemas em questões de segurança. Não é a embaixada mais bem localizada do mundo.” As discussões a respeito de mudar a embaixada para outros locais em Tel Aviv iam e vinham, até Washington admitiu localizá-la em um complexo hoteleiro ao norte da cidade, mas, no início dos anos 1980 os partidários de Israel nos Estados Unidos começaram a falar em mudá-la para um local permanente em Jerusalém. Em 1980, o Knesset aprovou a Lei de Jerusalém, pela qual “Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel”. Desde então, pressionar os países, principalmente os Estados Unidos, a reconhecer essa política tornou-se objetivo-chave de governos de Israel. 69
ENSAIO Na Casa Branca é diferente Indyk lembra que, no final dos anos 1980, início dos 1990, reconhecer Jerusalém como capital de Israel e mudar a embaixada tornaram-se alguns dos temas mais comuns no debate político – e nas promessas de campanha. Em fevereiro de 1992, no auge das primárias democratas, Bill Clinton declarou apoiar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, o que alteraria a política dos Estados Unidos. Já durante a campanha presidencial, Clinton atacou o presidente George H.W. Bush por ter “repetidamente desafiado a soberania de Israel a respeito de uma Jerusalém unida”, e prometeu que ele e o companheiro de chapa, Al Gore, “apoiariam Jerusalém como capital do Estado de Israel”. Já na Casa Branca, os grupos judeus pró-israelenses começaram a pressionar Clinton a que mudasse a embaixada e reconhecesse Jerusalém. Mas, na Casa Branca, cumprir essa promessa seria mais complicado do que propagá-la na campanha. Depois de nomeado conselheiro do Oriente Médio do novo presidente, Indyk lembra: “Nós examinamos isso e concluímos – bem, houve apenas negociações diretas entre as duas partes em Madri; nós realmente queremos fazer isso? Nas primeiras semanas essa foi nossa linha de pensamento, e então o processo de Oslo começou e tornou a situação ainda mais complicada”. Indyk diz que “a primeira semana é a mais fácil para uma administração tomar esse tipo de atitude. Os motivos que tornam difícil essa decisão– como possíveis reações dos aliados dos Estados Unidos no mundo árabe e muçulmano, ou o efeito sobre a situação na área – não vão desaparecer. Então, em certo sentido, se você realmente deseja agir, é melhor não adiar a decisão. Os motivos para não mudar a embaixada vão permanecer, a menos que se faça um progresso político em direção a um acordo”. Esse foi o caso para a administração Clinton. Em 1995, a administração se opôs à Lei da Embaixada de Jerusalém, aprovada por 70
ampla margem de votos nas duas casas do Congresso, mas Clinton não a sancionou. Segundo o projeto de lei, a embaixada norte-americana deveria se mudar para Jerusalém em cinco anos. Os últimos três presidentes dos Estados Unidos garantiram a assinatura de uma renúncia a cada seis meses, eliminando aplicar essa legislação. Até o final da gestão, Clinton não demonstrou nenhuma intenção de cumpri-la. Indyk, nomeado embaixador em Israel em 1995, conta que a primeira discussão de fato a respeito da mudança da embaixada ocorreu em 2000, durante os preparativos da Cúpula de Camp David. A partir de seu gabinete de Tel Aviv, o embaixador instruiu um grupo de funcionários da embaixada a preparar uma documentação para mudar a embaixada “o mais rápido possível” no caso de um acordo de paz entre Ehud Barak e Yasser Arafat. “Acredito que esse processo ainda esteja lá em uma das gavetas”, diz Indyk. “Tínhamos um plano porque, se fosse assinado um acordo de paz, esse seria um dos resultados”. Mas as conversas em Camp David goraram, e logo depois surgiu a Segunda Intifada. Pode parecer ironia, mas o fracasso das conversações de paz levou Clinton mais perto do que nunca a mudar a embaixada. Irritado com Arafat por sua conduta em Camp David e ansioso para fortalecer a vulnerabilidade da posição política de Barak, em Israel, no final de julho Clinton disse, que “até o final do ano” analisaria a mudança da embaixada. Ele explicou que sempre quis fazer a mudança, mas nunca deu ordem nesse sentido para não prejudicar o papel norte americano de intermediário no processo de paz. “Mas à luz do que aconteceu, tomei essa decisão passível de uma revisão e tomarei uma decisão até o final do ano”, afirmou Clinton. E acrescentou: “Eu acho que devo defender as palavras que eu disse. Eu sempre quis fazê-lo. Sempre pensei que era a coisa certa a fazer”. Mas a vontade do presidente não bastou, e a ideia caiu quando se alertou para as possíveis consequências
Trump é mais um presidente norteamericano a prometer em campanha eleitoral mudar a embaixada em Israel, mesmo que se torne o primeiro a cumprila. Mas por enquanto, ele enfrenta as mesmas dificuldades e dilemas de presidentes anteriores assim que entraram na Casa Branca
O tempo e a vida vai ensinar judeus e muçulmanos a coexistirem
no mundo árabe. A Segunda Intifada, concentrada em Jerusalém e no Monte do Templo, finalmente tirou essa proposta da mesa de discussão. E o projeto de mudança ficou para o presidente seguinte.
Bush também prometeu e atacou Clinton Na campanha eleitoral de 2000, George W. Bush prometeu mudar a embaixada e atacou Clinton porque não cumpriu a promessa. Ele disse que iria “começar o processo assim que empossado”. Bush prometeu isso diante das principais organizações judaicas, como o Aipac e o American Jewish Committee. Mas, como Clinton antes dele, assim que Bush entrou na Casa Branca, logo mudou de ideia. Dois ex-assessores da Casa Branca lembraram que em uma das primeiras discussões políticas de Bush a respeito do Oriente Médio, ele foi claro: a mudança da embaixada não aconteceria em breve. Dois meses depois, em março de 2001, o secretário de Estado de Bush, Colin Powell, disse no Congresso que o “processo” de mudar a embaixada estava “em andamento”, sem fornecer nenhum detalhe. Pouco depois, Powell decepcionou em um encontro com os líderes das organizações judaico-americanas ao se recusar a dar um cro-
nograma para a mudança da embaixada. Quando Kurtzer foi nomeado embaixador de Bush em Israel em 2001, perguntaram durante a audiência de sua confirmação se apoiaria a mudança da embaixada para Jerusalém. Kurtzer respondeu que iria apoiá-la 100%. Desde que recebesse ordem do presidente para fazê-lo. “Houve risadinhas pela sala”, lembra. “Todos sabiam que Bush disse isso por razões políticas, e ninguém esperava que de fato acontecesse.” Bush foi oito anos presidente dos Estados Unidos, visitou Jerusalém duas vezes e a embaixada dos Estados Unidos continuou em Tel Aviv. Kurtzer: “Trabalhei no governo Bush nos primeiros quatro anos e meio, e não lembro de uma única discussão séria a respeito disso. Talvez tenha ocorrido alguma de que não tenha sido informado, mas ninguém ligou para mim, em Tel Aviv, e falou comigo de mudança da embaixada”. Nesse período, quando Ariel Sharon era o primeiro-ministro, “essa questão nem sequer foi mencionada, pelo menos uma vez, em qualquer conversa com pessoas do governo israelense”. Apesar desses antecedentes, Kurtzer e Indyk dizem ser impossível descartar que Trump leve essa promessa adiante. “O passado nem sempre é repetitivo, mesmo que tenha parecido assim nos últimos dias observando os briefings da Casa Branca”, diz Indyk. Para Kurtzer, isso “parece mais sério agora do que no passado, por causa das pessoas que ele escolheu para cercá-lo”. No entanto, “até recentemente esta administração não tinha membros do gabinete no local, então houve menos debate interno a respeito desta questão – e ainda assim eles jogaram com segurança. Agora, com um secretário de Defesa e um secretário de Estado que darão ouvidos ao outro lado do argumento, o quadro vai ficar ainda mais complicado”. 71
ENSAIO
Por Nir Hasson
O verdadeiro preço
DE RECONHECER JERUSALÉM
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e acordo com o Plano de Partilha da Organização das Nações Unidas (ONU), Jerusalém deveria estar sob controle internacional. No entanto, a cidade é o único lugar onde a comunidade internacional rejeita não só a anexação, de junho de 1967, mas também as consequências da Guerra de Independência, em 1948 que, nesse mesmo ano, Israel e Jordânia violaram esse plano ocupando as duas metades da cidade. Assim, para o mundo, o status de Jerusalém é como uma espécie de fóssil vivo que existe desde 1947 como último remanescente do plano para dividir a terra. E até hoje, o mundo se nega a reconhecer essa ocupação de 1948, gerando dúvidas a respeito da decisão israelense de, em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias, anexar a metade oriental da cidade, e isso contribuiu para todos os países recusarem reconhecer também a Jerusalém Ocidental. No entanto, a divulgação por Donald Trump do esperado anúncio, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel, não é nada mais do que simbólico, sem significado prático. O fato é que, desde 1949, Jerusalém funciona como a capital israelense. Antes, embaixadores e líderes estrangeiros excluíam a cidade das reuniões oficiais, mas esse quadro mudou ao agendarem seus encontros na metade ocidental da cidade, exatamente aquela ocupada por Israel. Outro componente crucial da política internacional em relação a Jerusalém é a reciprocidade: reconhecer Jerusalém Ocidental como capital de Israel obriga-os a também reconhecer Jerusalém Oriental como a capital palestina. Na verdade, o objetivo principal na política palestina tem por base esse entendimento. Segundo o analista sênior da Crisis Group para Israel / Palestina, Ofer Zalzberg, “Abbas não pode vender um Estado palestino ao seu povo sem uma capital em Al Quds”, referindo-se ao nome árabe para Jerusalém. “O acordo básico no paradigma de dois estados, no que diz respeito à Organização para a Libertação da Palestina (OLP), é que eles recebam Al Quds em troca de renunciar ao direito de retorno. Para a OLP, os Estados Unidos incluírem Jerusalém Oriental como capital de Israel significa que não há esperança para negociações políticas no sentido de alcançar um Estado palestino com capital em Jerusalém. Afinal, estes dirigentes não têm nada para mostrar ao seu povo. Eles sentem que precisam encontrar uma nova base para sua política. Várias alternativas propostas até agora incluem cidadania, resistência armada, resistência de massa não violenta e recursos legais ao Tribunal de Haia”, observa. “A explosão está muito próxima – se não for hoje, será amanhã. E, se não amanhã, será no dia seguinte”, diz Ali Jida, conhecido ativista palestino na Cidade Velha de Jerusalém. “Não é apenas a posição de Trump. É um acúmulo de todo tipo de coisas – o comportamento dos soldados
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Há, é claro, muita chutzpá na demanda israelense de que o mundo reconheça Jerusalém como sua capital: quase 40% dos habitantes da cidade não têm cidadania israelense: são palestinos que só receberam status de residentes. Israel faz o possível para manter esse status, negando a eles votar para o Parlamento, orgulho da capital. Israel pede ao mundo que reconheça Jerusalém, embora não esteja disposto a pagar o verdadeiro preço pela cidade
Este logo de coexistência ganhou vários prêmios de criatividade
israelenses, as humilhações. Haverá uma explosão e com o centro em Jerusalém”, prevê. Mesmo assim, não parece que o céu vá cair sobre Jerusalém de um dia para o outro. A declaração dos Estados Unidos é um duro golpe para a visão de um futuro Estado palestino. Mas para palestinos de Jerusalém, esse Estado sempre foi um rumor fraco e inatingível. Em contraste com os detectores de metal instalados na entrada do complexo Al-Aqsa há alguns meses e logo retirados, é difícil imaginar que a declaração norte-americana leve as massas às ruas. É verdade que haverá confrontos violentos e muitas tentativas de ataques terroristas. As preces de sexta-feira na mesquita de Al-Aqsa no Monte do Templo e nas mesquitas da Cisjordânia provocarão uma onda de violência, mas é difícil ocorrer uma epidemia geral nesta fase. Vale lembrar, porém, que essas coisas têm uma espécie de “período de incubação”. A Segunda Intifada estourou dois meses após o colapso das conversas de Camp David, em julho de 2000. A erupção da violência no verão de 2014 ocorreu três meses depois de as negociações entre Israel e palestinos fracassarem. No entanto, o assunto não entra na pauta das consequências imediatas da decisão de Trump. Mesmo que não ocorra outra intifada por causa disso, e mesmo que Netaniahu e seus ministros se regozijem e zombem das profecias trágicas da esquerda, o efeito real da declaração será o desespero palestino
por um futuro Estado. Por um lado, esse desespero fortalecerá os apelos à jihad para salvar Al-Aqsa, e por outro lado maior integração na sociedade israelense, pois não há mais razão para esperar o “messias” e seu estado independente. O tabu social dos habitantes de Jerusalém Oriental que aspiram à cidadania israelense foi destruído há muito tempo. O que nos devolve ao ponto inicial: Israel está preparado para pagar o preço real por unir Jerusalém? Esse preço não pode ser uma declaração vazia ou maior presença policial na Cidade Velha. O custo é dar cidadania aos 320.000 palestinos que vivem na cidade unificada. Enquanto não tiverem cidadania e não puderem votar, as declarações perdem sentido e a alegação de palestinos e da comunidade internacional (exceto Trump) segundo a qual Israel não detém a soberania sobre Jerusalém, faz sentido. Dar-lhes a cidadania levará à unificação completa e de fato da Jerusalém eterna e, ao mesmo tempo, solucionará, afinal, o problema dos dois estados. O próximo passo será Israel enfrentar outras questões também pesadas: seja para dar cidadania às centenas de milhares de palestinos que vivem na área C da Cisjordânia; e, depois deles, aos milhões de palestinos que vivem em outros lugares da Cisjordânia e de Gaza. No final das contas, talvez o anúncio dos Estados Unidos seja uma boa notícia, porque aproxima o dia em que o governo israelense terá de fazer o que mais detesta: tomar uma decisão.
O tabu social dos habitantes de Jerusalém Oriental que aspiram à cidadania israelense foi destruído há muito tempo. O que nos devolve ao ponto inicial: Israel está preparado para pagar o preço real por unir Jerusalém?
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ENSAIO
Por David B. Green
A história real – e mítica – do Monte do Templo O que torna esse local sagrado tão importante para judeus, cristãos e muçulmanos? A seguir, leia trechos de textos das três religiões que parecem reivindicar o local como um dos mais sagrados
O cobiçado Monte do Templo
m ensaio escrito para a antologia acadêmica Onde o Céu e a Terra se Encontram: Esplanada Sagrada de Jerusalém, o filósofo palestino muçulmano Sari Nusseibeh afirma que não poderia ter sido a Viagem Noturna do Profeta Maomé a al-Haram al-Sharif – que os judeus chamam de Monte do Templo – que deu santidade ao local: “O mais provável é que a visita de Maomé deve ter sido feita por causa da santidade já existente do local”. Não é preciso ser um descrente para reconhecer que Jerusalém em geral, e a Esplanada Sagrada – para usar a terminologia neutra empregada pela equipe ecumênica de editores e escritores de Onde Céu e Terra se Encontram, de Oleg Grabar e Benjamin Z. Kedar –, em particular, têm um significado simbólico central para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. E não é nenhuma coincidência, considerando que primeiro o cristianismo e, depois, o Islã, construíram sobre as tradições de seus predecessores e afirmaram substituí-las. Em lugar algum isso é mais óbvio do que nas histórias que essas três religiões monoteístas contam a respeito do Monte. É apenas por causa do conflito interminável entre israelenses e palestinos – uma luta política que assume um caráter mais e mais religioso – que cada um dos lados se sente obrigado a insistir em que sua reivindicação ao Monte é exclusiva, enquanto insiste em negar a conexão de seus rivais com ela. Ninguém pode dizer qual o significado da colina conhecida como Sião e Moriá tinha para os cananeus que habitaram Jerusalém antes que os israelitas a conquistassem, em cerca de 1000 antes da Era Comum. Está lá, em Samuel II, 24, que o conquistador, o rei David, insistiu em pagar a eira que recebeu do rei dos jebuseus, Arauná. Lá Deus o instruiu a construir um altar e a fazer uma oferenda, terminando, assim, com a praga calamitosa que matou setenta mil pessoas de seu povo. Mais tarde, o filho de David, Salomão, construiu o Templo no lo-
cal desse mesmo altar. Esses relatos bíblicos não são registros contemporâneos dos eventos. Em vez disso, a narrativa – de Salomão que aparece no Primeiro Livro de Reis, capítulo 6, como nos livros de Josué, Juízes e Samuel – provavelmente foi escrita centenas de anos depois, em torno da virada do século 7 aEC. Pode ser que os relatos do altar de David, da sua cidade e da construção do Templo de Salomão acerca da localização da cidade jebusita foram escritos dessa maneira para deixar bem claro como o monoteísmo dos israelitas substituiu a religião pagã dos jebuseus canaanitas. Parece que mais tarde foi escrito um texto hebraico que traça a reivindicação israelita à cidade a um período bem anterior. Em Gênesis, 22, por exemplo, coloca o sacrifício de Isaac na Terra de Moriá, mas é apenas em 2 Crônicas que se faz a conexão entre “Moriá” e Jerusalém. Lá, lemos como “Salomão começou a edificar a Casa do Senhor em Jerusalém no Monte Moriá, onde [o Senhor] aparecera a David, seu pai; no lugar que David havia preparado na eira de Ornã, o jebuseu” (2 Crônicas 3:1). Esse texto, dizem os estudiosos da Bíblia, provavelmente foi escrito várias centenas de anos ainda mais tarde. Finalmente, o Talmud, de compilação ainda mais tardia, afirma que “o mundo foi criado de Sião” (Yoma 54b), e nele e em textos
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midráshicos posteriores encontramos referências a Adão, Caim e Noé tendo feito sacrifícios a Deus em Jerusalém. (Na verdade, é uma tradição cristã que coloca o “Monte Sião” no local exatamente na saída do canto sudoeste da Cidade Velha, presumivelmente devido à crença de que esta é a localização do túmulo de David, e David é o progenitor de Jesus. Localizar o Monte Sião ali também reflete “o desejo [cristão] de anular a santidade do Monte do Templo”, de acordo com a estudiosa Rachel Elior.) O cristianismo deveria ser uma fé universal baseada em crenças espirituais, e não em um ato de sacrifício. No entanto, seus textos seminais estabelecem a confiabilidade de Jesus, por assim dizer, ao ter alguns dos principais eventos de sua vida ocorridos em Jerusalém, começando com a tradição, no Evangelho de Lucas, segundo a qual os pais de Jesus o levaram ao Templo para “redimi-lo” após o nascimento (seu pidyon haben, em hebraico), e que ele voltou aos 12 anos, e acabou conversando com os professores na “casa do meu Pai”, como ele disse mais tarde aos seus pais preocupados. Mais tarde, todos os evangelhos descrevem Jesus chegando ao Templo e desprezando os comerciantes de animais e os cambistas do seu pátio. Em João 4, Jesus diz a uma mulher samaritana a quem conheceu no Monte Gerizim que “chegará o momento em que não mais importa se você adora o Pai nesta montanha ou em Jerusalém”. Os sacrifícios e o Templo onde são oferecidos se tornam desnecessários após o próprio Jesus ser sacrificado em Jerusalém por meio de sua crucificação.
Al Aqsa, a mais distante O Alcorão, a escritura primordial do Islã, não menciona Jerusalém pelo nome. É apenas nos hadiths, os textos suplementares que relatam as palavras e atos do profeta Maomé, que a conexão é feita entre al-Masjid al-Aqsa, a “Mesquita mais distante”, e Jerusalém, mencionada na sura 17 do Alcorão. De acordo com o Alcorão, Maomé fez “uma Viagem Noturna desde a Mesquita Sagrada até a Mesquita mais Distante, nos recintos que Nós abençoamos, para que Nós possamos mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais”. Segundo o estudioso muçulmano Mustafa Abu Sway, “os estudiosos hadiths, comentaristas do Alcorão e toda a tradição islâmica, levam este verso a sério e consideram que a Mesquita Sagrada esteja em Meca e a Mesquita mais Distante, em Jerusalém. Nenhum estudioso muçulmano desafiou esta posição ao longo da história intelectual islâmica” (de seu ensaio A Terra Santa, Jerusalém e a Mesquita Aqsa nas Fontes Islâmicas, em Onde o Céu e a Terra se Encontram). Estes textos posteriores também fazem a conexão entre a Mesquita Aqsa (Mais Distante) e Bayt al-Maqdis – Casa do Sagrado, ou Beit Hamikdash, o termo hebraico para o Templo. Para mais detalhes da viagem noturna de Maomé, em que seu cavalo Buraq o levou de Meca a Jerusalém (uma viagem chamada “Isra”), onde orou e depois subiu ao Céu (o “Mi’raj”) para conversar com Deus antes de voltar à terra – tudo isso em uma única noite – é
preciso recorrer aos textos hadith. O que o relato faz, no entanto, é estabelecer o elo muçulmano com Jerusalém. Na verdade, em pouco tempo Jerusalém tornou-se universalmente considerada como o terceiro lugar mais sagrado dos muçulmanos, depois de Meca e Medina. Maomé morreu em 632 da Era Comum e foi sucedido no califado primeiro por Abu Becre e depois por Omar, embora esta sucessão tenha sido contestada pelo grupo que se tornou o xiismo. Foi Omar quem conquistou Jerusalém, em 635-638, e estabeleceu o Domo da Rocha, às vezes equivocadamente chamado de Mesquita de Omar, e a Mesquita Al-Aqsa no local das ruínas do Segundo Templo herodiano. O reinado de Omar em Jerusalém era conhecido por sua relativa tolerância. O milênio e meio seguinte, é claro, caracterizou-se por sucessivas conquistas da cidade, com a sorte das diferentes religiões em alta ou baixa, dependendo de quem era soberano lá. A virada dos judeus veio apenas em 1967, com a Guerra dos Seis Dias e a unificação da cidade dividida sob o domínio israelense. Em geral, a política de Israel tem sido de tolerância e abertura religiosa. Quando as autoridades israelenses fecharam o Monte do Templo aos fiéis muçulmanos por dois dias após o assassinato de dois policiais em 14 de julho de 2017, foi a primeira vez desde 1969. Mas a questão de quem é o responsável tem sido sensível – para dizer o mínimo – desde o dia de junho de 1967, no qual um soldado das Forças de Defesa de Israel hasteou a bandeira israelense sobre a Mesquita Al-Aqsa, apenas para que, minutos depois, o ministro da Defesa Moshé Dayan mandasse retirá-la. Em situações assim surpreende que se pratique um ato magnânimo pois cada lado fica em permanente atento a qualquer mudança no status quo e qualquer sinal de que o outro esteja gradualmente invadindo sua posição. Qualquer recuo é interpretado pelos dois públicos como sinal de fraqueza. E as ações, mesmo as mínimas, podem desencadear um conflito de desfechos impensáveis. 75
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CONSELHO DELIBERATIVO
Maioria feminina A quinta reunião ordinária do Conselho Deliberativo, realizada em meados do mês passado, foi bastante movimentada contando com presença de 205 conselheiros pelo interesse despertado pelas eleições do novo Executivo, na mesma reunião, e que dirigirá o clube a partir deste mês até 2020 e da Mesa do Conselho para este ano. Semanas antes, alguns conselheiros se candidataram especialmente a preencher alguns cargos na Mesa, destacando a importância do órgão na condução da Hebraica. Avi Gelberg, que encerrou recentemente o período como presidente do Executivo, disputou no voto o cargo de presidente da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo. “Isso realça e reforça a responsabilidade do cargo e eleva meu respeito pela democracia que é marca registrada no clube. Mais do que isso, me orgulho de ver cinco jovens conselheiras dispostas a atuarem como vice-presidentes e dois interessados na função de segundo secretário”, afirmou. Um número elevado de conselheiros compareceu a essa última reunião e todos ouviram com atenção os candidatos que leram com orgulho seu histórico como ativistas comunitários e profissionais e mostraram, cada um, uma longa reflexão a respeito do papel da Hebraica na atualidade e suas ideias para torná-la ainda melhor. “Democracia é isso. Ouvir o que os candidatos têm a dizer e tomar uma posição. Estou orgulhoso por ter sido escolhido presidente da Mesa do Conselho Deliberativo e creio que as conselheiras eleitas para os cargos de vice-presidente e segunda secretaria sentiram o mesmo. Agora temos maioria feminina na composição na Mesa Diretora. Todos, na mesa e no Plenário, nos conscientizamos de que temos de trabalhar unidos pelo bem do clube. Como disse, as cores da Hebraica não são só azul ou só amarelo, mas azul e amarelo. Aproveitando o tema do 37o. Festival Carmel Belibi (“No Meu Coração”), afirmo que tenho a Hebraica no meu coração. Agora é arregaçar as mangas e trabalhar”, concluiu Avi Gelberg, o novo presidente do Conselho Deliberativo, em sua mensagem final. (M. B.)
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2018
19 DE FEVEREIRO 16 DE ABRIL 13 DE AGOSTO 12 DE NOVEMBRO 10 DE DEZEMBRO
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL
2018 Janeiro 27
SÁBADO
31
4ª FEIRA
Fevereiro 28
4ª FEIRA
JEJUM DE ESTER
5ª FEIRA 6ª FEIRA 6ª FEIRA SÁBADO
PURIM SHUSHAN PURIM EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER
1 *6 7 12 18
DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 4ª FEIRA
19
5ª FEIRA
PESSACH- 2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 70 ANOS
Março 1 2 30 31
Abril
Maio
3 13 19 20 *21
Julho
1 21
22 27
PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO
90
AVRAHAM GELBERG ELISA R. NIGRI GRINER VANESSA KOGAN ROSENBAUM ISABEL R. DE ALMEIDA KOHN MARISA DE AIZENSTEIN
5ª FEIRA LAG BAÔMER DOMINGO IOM IERUSHALAIM SÁBADO VÉSPERA DE SHAVUOT DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER 6ª FEIRA TU BE AV
Setembro ** ** ** ** **
9 10 11 18 19 23 * 24 * 25 30
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
Outubro * 1 * 2
2ª FEIRA 3ª FEIRA
Novembro 5
MES SA DO CO CONSELHO
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU) TU B’SHVAT
2ª FEIRA
Dezembro 2 9
DOMINGO DOMINGO
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN AO ANOITECER, 1A. VELA DE CHANUCÁ AO ANOITECER, 8A. VELA DE CHANUCÁ
* não há aula nas escolas judaicas ** o clube interrompe suas atividades, funcionam apenas os serviços religiosos